A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser...

52

Transcript of A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser...

Page 1: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

MANUALBOAS PRÁTICASPARA CULTURAS EMERGENTES

A CULTURA DO PISTÁCIO

Pensar Global,pela Competitividade,Ambiente e Clima

Page 2: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Cofinanciado por:

Page 3: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

A CULTURA DO PISTÁCIO

Page 4: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Ficha técnica

Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

A Cultura do Pistácio

Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Lisboa | 2017

Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

Impressão: GMT Gráficos

Tiragem: 250 ex.

Depósito Legal: 436272/18

ISBN: 978-989-8319-27-2

Distribuição Gratuita

Page 5: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Índice

Introdução

1 - Origem

2 - Taxonomia e Morfologia

3 - Requisitos Edafoclimáticos3.1 - Clima

3.1.1 - Temperatura3.1.2 - Precipitação3.1.3 - Humidade Relativa3.1.4 - Vento

3.2 - Solos

4 - Ciclo Biológico4.1 - Floração4.2 - Frutificação

5 - Material Vegetal5.1 - Porta-enxertos5.2 - Variedades

5.2.1 - Variedades Femininas5.2.2 - Variedades Masculinas

6 - Tecnologias de Produção6.1 - Pomares de pistácio em sistema de sequeiro6.2 - Pomares de pistácio em sistema de regadio

7 - Particularidades do Cultivo7.1 - Escolha da parcela7.2 - Preparação do terreno7.3 - Plantação7.4 - Desenho de plantação7.5 - Fertilização7.6 - Rega7.7 - Poda

8 - Pragas e Doenças

9 - Colheita

10 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

Bibliografia

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

5

7

9

11

15161617171718

192021

2324252627

293030

3334343435363738

41

43

45

47

Page 6: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

6

Page 7: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Introdução

Page 8: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

Introdução

No âmbito da candidatura �Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente e Clima�,inserida na operação 2.1.4 � Ações de infor-mação, com o objetivo de reunir, divulgare disseminar informação técnica, organiza-cional e de mercados, valorizando o ambi-ente e o clima, foi definido como meta aelaboração de um conjunto de elementosnos quais se inclui o presente �Manual deBoas Práticas para Culturas Emergentes�.

Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar os agen-tes do setor agrícola, em particular os asso-ciados da AJAP, de um conhecimento maisaprofundado sobre 15 culturas emergentesaliadas às boas práticas agrícolas.

A cultura do pistácio insere-se no referidoconjunto de culturas consideradas emer-gentes, o qual foi aferido através da realiza-ção de inquéritos a nível nacional, por partedos técnicos da AJAP, junto de organismose instituições de referência do setor, tendoem conta a atual conjuntura, ou seja, consi-derando as culturas que se destacam pelacomponente de inovação aliada à renta-bilidade da exploração agrícola, aumentan-do assim a competitividade do setor.

Para a elaboração deste manual, foram con-sultadas diferentes fontes bibliográficas,bem como produtores e especialistas quecontribuíram de forma determinante paraa valorização da cultura do pistácio.

8

Page 9: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

1 - Origem

Page 10: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

1 - Origem

A origem do pistácio ainda não foi esta-belecida, embora se saiba que se encontraem estado silvestre numa área muitodispersa entre a Ásia Menor, o SudoesteAsiático e o Turquemenistão.

O início da difusão da cultura do pistáciodeu-se durante a ocupação árabe na Europa,principalmente na região mediterrânica,onde ainda hoje é cultivado. Para além daregião mediterrânica, atualmente o cultivode pistácio está principalmente difundidona região do Médio Oriente e da Califórnia.Segundo dados da FAO referentes ao anode 2014, os cinco maiores produtores depistácio são, por ordem decrescente, o Irão,Estados Unidos da América, Turquia, Chinae Síria.

O Irão, apesar de ser o maior produtorde pistácio no mundo produzindo cercade 50% da produção mundial, apresentareduzida produtividade, quando compa-

rado com países como a China e os Esta-dos Unidos da América, que obtêmmaiores produtividades de pistácio porhectare, produzindo em média cerca de3 e 2,6 toneladas por hectare, respeti-vamente.

Na Europa a cultura é sobretudo explo-rada na costa do mediterrâneo, nome-adamente na Grécia, Itália e Espanha,sendo que neste último, embora se tenhaverificado um interesse crescente, regis-tam-se produtividades um pouco aquémdo que se verifica noutras regiões pro-dutoras. Comparativamente com a Gré-cia, Itália apresenta um rendimento dacultura cerca de 40% inferior, o que podeser consequência de condições climáticasadversas, mas mais provavelmente dossistemas de cultura adotados pelas dife-rentes regiões. As diferenças relativa-mente a Espanha são ainda mais mar-cantes.

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

10

País

Irão

USA

Turquia

China

Síria

Grécia

Itália

Espanha

Fonte: FAOSTAT, 2014

Produção

(ton)

415 531

233 146

80 000

76 943

28 786

5 700

3 555

2 468

Área

(ha)

316 780

89 436

282 334

26 280

59 893

4 090

3 546

6 092

Produtividade

(ton/ha)

1,31

2,61

0,28

2,93

0,48

1,39

1,00

0,41

Page 11: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

2 - Taxonomia e Morfologia

Page 12: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

12

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

2 - Taxonomia e Morfologia

O pistácio é um fruto pertencente à famíliadas Anacardiaceae e ao género Pistacia, queé constituído por 11 espécies, de entre asquais apenas a P. vera apresenta interessecomercial para a produção de pistácios.Contudo, algumas das restantes espécies,como a P. atlantica Desf. (Butmela), P.

terebinthus L., P. chinensis von Bunge., P.

khinjuk Stocks e P. palaestina Boiss, podemser utilizadas como porta-enxertos daespécie P. vera, para além de que os seusfrutos podem ser utilizados como fonte deóleo vegetal.

O pistácio é uma planta caduca, de cres-cimento lento e com um ciclo de vida longo.Para além disso apresenta um tamanhomédio, alcançando entre 7 a 10 m de altura,tendo porte aberto, pouco ramificado ecom uma dominância apical muito pro-nunciada.

O sistema radicular da planta do pistáciopode atingir grandes profundidades naprocura de água e nutrientes, no entanto,em solos que permitam um sistema radi-cular mais superficial, devido à maior dis-ponibilidade de água e nutrientes, asplantas são mais vigorosas e apresentamprodutividades elevadas constantes.

As folhas são compostas com 3 ou 5folíolos, lanceoladas ou ovais e subcoriá-

ceas. Durante a primavera, as folhas,apresentam uma coloração verde quecom a chegada do outono, torna-se ver-melho-alaranjada. Esta característicapromove a utilização de árvores do géne-ro Pistacia como plantas ornamentais.

As flores, agrupadas em inflorescênciascom 150 a 500 flores, são dioicas, peque-nas e apresentam uma coloração variávelentre o verde e castanho. A quantidadede flores por inflorescência varia princi-palmente consoante o tamanho dasflores, o que está diretamente relaciona-do com o sexo das flores, uma vez queas inflorescências masculinas contêmentre 450 a 500 flores, enquanto que asinflorescências femininas, dado as floresserem maiores, apenas contêm entre 150a 250 flores.

Os frutos são botanicamente deno-minados de drupas, com uma morfologiaoval com cerca de 0,2 a 2,5 cm de compri-mento. A semente, que é a parte comes-tível, é composta por dois cotilédonesvolumosos ricos em óleo, com coloraçãoverde ou verde-amarelada, com umamembrana avermelhada. Os frutos têmum peso aproximado de 1,4 g, sendoconstituídos pelo embrião que corres-ponde à parte comestível, pelo endocar-po que corresponde à casca comercialdo pistácio, e pelo mesocarpo e exocarpo(ou epicarpo), estes últimos unidosformando uma camada fina de coloração

Page 13: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

13

vermelha amarelada. Esta camada oucasca deve ser retirada imediatamenteapós a colheita dos frutos, de modo aevitar que apareçam manchas na casca(endocarpo) o que iria desvalorizar oproduto final.

Fonte: Ferguson & Kallsen, 2016

Drupa: Embrião Exocarpo

Mesocarpo

Endocarpo

Page 14: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

14

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

Page 15: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

3 - Requisitos Edafoclimáticos

Page 16: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

16

3 - Requisitos Edafoclimáticos

Uma vez que a cultura em Portugal tem ain-da muito pouca expressão, não existe umhistórico que permita aferir sobre o seu po-tencial de adaptação às diferentes regiõesdo país. As indicações sobre os requisitosedafoclimáticos são aferidos, a partir docomportamento da cultura noutras regiõesprodutoras, onde ocupa atualmente exten-sas áreas.

3.1 - Clima

O pistácio é uma cultura que necessita declimas com invernos frios e verões quentese secos. A presença de invernos frios é espe-cialmente importante para garantir que asnecessidades de frio para a quebra de dor-mência são satisfeitas. Por outro lado, apresença de verões quentes e secos promo-vem a ântese e fecundação das flores, e aobtenção de frutos de maior qualidade.

Os fatores climáticos que mais influenciama cultura do pistácio são a temperatura, aprecipitação, a humidade relativa e o vento.

3.1.1 - Temperatura

A temperatura é um fator climático impor-tante na cultura do pistácio, uma vez quesó ocorre a quebra de dormência nas plantasquando o número de horas de frio exigidopela variedade é atingido. As necessidades

de frio da cultura variam consoante a varie-dade e encontram-se, segundo algunsautores, entre 300 e 1.200 horas de tempe-raturas inferiores a 7°C.

O número de horas de frio não é o únicofator relativo à temperatura, a ter em consi-deração na escolha da região onde se pre-tende realizar o cultivo de pistácio. A culturanecessita também de satisfazer um númeromínimo de unidades de calor para que ocor-ra a floração e a maturação dos frutos. Onúmero de unidades de calor com tem-peraturas superiores a 18°C deve atingir as900 horas para que a cultura floresça e osfrutos atinjam a maturação.

Apesar de ser necessário satisfazer as neces-sidades de frio e de calor da cultura, a pre-sença de geadas tardias na primavera ou aexistência de ondas de calor excessivodurante o verão são prejudiciais à culturado pistácio, podendo comprometer aprodutividade do pomar e a qualidade dosfrutos. Apesar da já referida rusticidade dacultura, a resistência à ocorrência de eleva-das temperaturas que se verifica em algu-mas regiões produtoras, está intimamenterelacionada com a disponibilidade de águano solo, podendo ocorrer queimaduras nasfolhas e nos ramos mais jovens no caso defalta de água no solo.

Page 17: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

17

3.1.2 � Precipitação

O pistácio é uma cultura originária de zonasonde a precipitação anual pode variar entre150 e 600 mm e, como tal, apresenta umagrande tolerância a situações de seca. Con-tudo, a produção em zonas em que as condi-ções são pouco favoráveis, pode limitar odesenvolvimento do máximo potencial deprodução e qualidade dos frutos, conside-rando-se necessário um mínimo de 350 mmde precipitação para que a cultura sejaminimamente rentável, bem repartidos, emparticular pelos meses de abril, maio esetembro.

A ocorrência de precipitação no momentocorreto do ciclo fenológico é benéfica paraa cultura e, o contrário pode ter um efeitoprejudicial. Assim, a presença de chuvasprimaveris durante a época de floração dacultura, prejudica seriamente a polinização,o que pode constituir um fator limitante sea probabilidade de ocorrência deste fenó-meno for elevada, podendo comprometera produtividade do pomar.

3.1.3 - Humidade Relativa

A humidade relativa é outro fator climá-tico importante a ter em consideraçãona escolha da região a implementar acultura do pistácio, tendo em conta quenas regiões de onde a cultura é originária,a humidade relativa é normalmente infe-rior a 50%.

Durante a primavera, em especial naaltura da floração, o excesso de humi-dade relativa, assim como a ocorrênciade chuvas, pode limitar a polinização dasflores femininas, reduzindo posterior-mente a produtividade do pomar.

Durante o verão a presença de valoreselevados de humidade relativa é um fatorextremamente prejudicial, sobretudo amédio longo prazo, uma vez que a cultu-ra do pistácio é muito sensível a doençascausadas por fungos, que levam a eleva-das perdas de produtividade.

Dessa forma, pode considerar-se que acultura do pistácio necessita que se veri-fiquem reduzidos valores de humidaderelativa ao longo do ciclo cultural, emparticular na primavera-verão e na alturada colheita.

3.1.4 - Vento

O vento é também um fator climático ater em consideração aquando da escolhada região para a implementação da cultu-ra, uma vez que a polinização é anemó-fila, isto é, o transporte do pólen das flo-res masculinas para as femininas ocorredevido à ação do vento. Assim, se porum lado, ventos intensos e secos têmum elevado efeito prejudicial na poliniza-ção, comprometendo as produtividadesobtidas, por outro, as plantas beneficiamda ocorrência de ventos suaves, uma vez

Page 18: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

18

que favorecem a fecundação e ovingamento dos frutos. Consequen-temente, zonas onde não há ocorrênciade vento durante a fase de floração epolinização devem ser evitadas, dadoque podem comprometer a produti-vidade da exploração.

3.2 - Solos

A cultura do pistácio consegue sobreviverem solos pobres, pedregosos, calcários,com pH desde muito alcalino a ligei-ramente ácido, até solos com elevadasalinidade. No entanto, a cultura preferesolos francos ou franco arenosos, commais de 50 cm de profundidade, bemdrenados, ricos em nutrientes, com pHentre 6 e 8, e com um teor de matériaorgânica superior a 1,5%. De facto, oprincipal constrangimento que afeta acultura é a ocorrência de encharcamento,sendo que por essa via, são de evitarsolos com teor de argila muito elevado.

Page 19: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

4 - Ciclo Biológico

Page 20: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

20

4 - Ciclo Biológico

O início do ciclo biológico reprodutivodepende da origem sexuada ou assexuadadas plantas utilizadas na plantação, sendomais prolongado em plantas de origemseminal. Considera-se, por isso, que o iníciodo ciclo reprodutivo ocorre por volta do 5ºano de vida das plantas, podendo ser ante-cipado ao 3º ou 4º ano em plantas enxerta-das. A produtividade da cultura aumentaaté atingir o pico de produtividade entre o10º e 12º ano de vida. No entanto, a partir do8º ou 9º ano de vida das plantas ou apósobterem a sua primeira grande produção,dá-se início a ciclos de produções alternadosou bienais, ocorrendo grandes produçõesde frutos de dois em dois anos, devido àelevada queda de gomos florais que resultanuma diminuição acentuada da produtivi-dade a cada 2 anos.

O ciclo anual da cultura do pistácio inicia-seem março com a quebra de dormência atra-vés do início do inchamento dos gomos.Segue-se o crescimento vegetativo e repro-dutivo que ocorre em simultâneo entre abrile maio, e por fim ocorre a fase de frutificaçãoaté final de agosto ou setembro, consoanteas variedades. Em novembro a planta iniciaa quedas das folhas e entra em fase dedormência novamente.

O crescimento vegetativo provém quer degomos preformados, que são gomosterminais invernais que geram 8 a 9 folhas,

quer de gomos neoformados, que corres-pondem aos gomos formados no mesmoano em que rebentam, sem passarem peloperíodo de dormência. A rebentação degomos neoformados deve ser minimizada,uma vez que terá um efeito prejudicial, querem plantas jovens, quer em plantas adultas.Em plantas jovens conduz a um rápidocrescimento vegetativo, as quais atingema constituição de uma planta adulta antesde atingirem a maturação fisiológica. Nocaso de plantas adultas, este tipo de cres-cimento tem uma contribuição reduzida naprodutividade no ano seguinte.

4.1 - Floração

Como referido anteriormente, a pistaceiraé uma planta dioica, ou seja, os sexos en-contram-se separados em indivíduosdiferentes, existindo variedades femininase masculinas. De facto, é necessário interca-lar variedades masculinas na plantação, paraque ocorra a polinização cruzada. Deve ter--se em atenção a necessidade de intercalarárvores polinizadoras cuja emissão de pólencoincida com a floração feminina da varie-dade em cultivo, ou seja, é necessário asse-gurar a coincidência de floração entre asvariedades femininas e masculinas naplantação.

A polinização cruzada, que ocorre por viaanemófila, inicia-se nas flores basais e,apesar da floração ocorrer durante 15 dias,as flores apenas estão recetivas durante 2

Page 21: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

21

a 5 dias. As flores que durante este períodonão forem polinizadas, caem cerca de 3 a 4semanas após a floração.

Para além da queda das flores não polini-zadas, outro fator que contribui para adiminuição da produtividade desta culturaé o aborto de cerca de 5 a 30% dos embriõesformados, que leva à criação de frutos ocos.Esta é uma característica própria da culturado pistácio que está dependente davariedade escolhida.

4.2 - Frutificação

O desenvolvimento do fruto de pistácioocorre em três fases diferentes, sendo quea primeira metade do desenvolvimentocaracteriza-se pelo crescimento da parteexterior do fruto e só na última fase ocorreo desenvolvimento do embrião, que corres-ponde à parte comestível do pistácio.

A primeira fase de desenvolvimento do frutocaracteriza-se pelo rápido crescimento doexocarpo, mesocarpo e endocarpo. É duran-te esta fase que o fruto atinge o tamanhoe volume final.

Na segunda fase assinala-se o desenvol-vimento e lenhificação do endocarpo dofruto, e o crescimento inicial do embrião,ainda que este seja ínfimo.

Na terceira e última fase, é quando se verificao desenvolvimento do embrião, que atingeo tamanho quase final em cerca de um mêse meio. Durante esta fase, cerca de um mêsantes da maturação completa do fruto,inicia-se o processo de abertura do endocar-po. A maturação do fruto está completaquando a separação do endocarpo domesocarpo se dá facilmente.

Fonte: Ferguson & Kallsen, 2016

Desenvolvimento do embrião de pistácio

Page 22: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

22

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Um dos fatores importantes para a aber-tura dos frutos e consequente valoriza-ção do produto, ou seja, para a obtençãodo máximo de frutos abertos na alturada colheita, é o eficiente controlo dostress hídrico. (João Oliveira, 2017)

Page 23: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

5 - Material Vegetal

Page 24: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

24

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

13

5 - Material Vegetal

A escolha do material vegetal a utilizar temde ter em consideração o clima da região,nomeadamente o número de horas de frioe o tipo e qualidade do solo da exploração.Para além destes fatores é necessário terem consideração a relação e a compatibili-dade dos porta-enxertos com as variedadesfemininas e masculinas, e conciliar as épocasde floração entre as variedades masculinase femininas.

5.1 - Porta-enxertos

Os porta-enxertos habitualmente utilizadosna cultura do pistácio são provenientes deoutras espécies do género Pistacia, nomea-damente as espécies P. terebinthus (Corni-cabra) e P. atlantica, ou de híbridos seleciona-dos, como é o caso do UCB I.

O porta-enxerto mais adequado é aqueleque tenha uma boa adaptação às condiçõesclimáticas e edáficas da exploração, quegaranta uma boa produtividade e resistênciaa pragas e doenças, e uma boa afinidadecom as variedades dos enxertos, permitindoque tenham um vigor adequado. É aconse-lhável o recurso a porta-enxertos com 3anos, a idade mais indicada para a realizaçãoda enxertia.

Algumas das espécies utilizadas como porta--enxertos são apresentadas seguidamente.

Pistacia terebinthus L. (Cornicabra)

Esta espécie cresce naturalmente em váriasáreas da região mediterrânica, especial-mente na península ibérica, estando adap-tada tanto a solos alcalinos como ácidos. Éuma espécie muito tolerante ao frio e à secae é resistente a doenças como a Armillaria

e a Phytophthora. Caracteriza-se por ter umvigor moderado e uma boa afinidade coma maioria das variedades comerciais depistácio. As principais desvantagens destaespécie são a sensibilidade ao Verticillium ea tendência de retomar o crescimento vege-tativo durante o outono, o que pode levara danos por geadas precoces.

Pistacia atlantica

Esta espécie originária do Norte de África eCanárias, caracteriza-se por ser muito vigoro-sa, apresentando, para além de um bomcrescimento vegetativo, produtividades ele-vadas. Esta espécie de porta-enxerto é com-patível com a maioria das variedades produ-tivas utilizadas. No entanto, apesar de sertolerante a nemátodos, é sensível à Armilla-

ria e ao Verticillium. A P. atlantica apesar deser uma espécie tolerante ao frio apresentauma tolerância menor que a espécie P.

terebinthus.

Pistacia integerrima S.

Esta é uma espécie pouco tolerante ao frio,de elevado vigor e resistente a muitas doen-

Page 25: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

25

ças, como por exemplo o Verticillium, umavez que apresenta uma grande capacidadede regeneração das raízes sendo, no entan-to, sensível à Armillaria. A P. integerrima éuma espécie resistente ao frio e promotorade produtividades elevadas dos enxertos.

É originária da Índia, mas é sobretudoutilizada como porta-enxerto na Califórnia,onde é denominada de Pioneer Gold I.

UCB I

Esta variedade de porta-enxerto é umhíbrido proveniente do cruzamento entrea P. atlantica x P. integerrima, selecionadapela Universidade da Califórnia. Esta varieda-de apresenta um elevado vigor e permiteobter uma grande precocidade na produ-ção. Esta variedade de porta-enxerto apre-senta uma menor tolerância ao frio que aP. terebinthus. No entanto, apresenta umaresistência elevada à Armillaria e resistênciamoderada ao Verticillium.

Pioneer Gold II

Esta variedade de porta-enxerto é, também,um hibrido proveniente do cruzamento en-tre a P. atlantica x P. integerrima, que permitiuconciliar a tolerância ao frio da P. atlantica

com a resistência ao Verticillium da P. integer-

rima. As características morfológicas destehíbrido são semelhantes à da espécie P.

integerrima.

5.2 - Variedades

Na escolha das variedades a utilizar na ex-ploração é necessário considerar, para alémdas condições edafoclimáticas da região,nomeadamente o número de horas de friopara a quebra de dormência, o período defloração das variedades femininas e mascu-linas a inserir na exploração, para que ocorrasimultaneamente entre as duas variedades,uma vez que as flores femininas só estãorecetivas à polinização durante 2 a 3 dias.

Fonte: https://www.viverosgrajera.pt/pt/plantas-pistachios/f-32

Larnaka

Sirora

Kerman

20 25 31 5 10 15 20 25 30 5 10 15

Floração de variedades de pistácio

mar abr mai

Principais Variedades Femininas

C-Especial

Peters

Principais Variedades Masculinas

Cultivares

Semanas

Page 26: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

26

5.2.1 - Variedades Femininas

A escolha da variedade feminina deve terem consideração o número de horas de friopara a quebra de dormência, o período defloração, a produtividade da variedade, aqualidade da semente, as percentagens defrutos abertos e de frutos vazios, a épocade colheita e a precocidade de entrada emprodução. De entre as variedades femininasexistentes destacam-se a Kerman, Sirora ea Larnaka, embora se possam referir tam-bém a Mateur e a Sfax.

A variedade Kerman é a variedade de pistá-cio mais cultivada no mundo, devido aotamanho e qualidade dos frutos. É umavariedade de vigor e produtividade média,com elevada tendência para a produçãoalternada, com uma percentagem de frutosabertos entre 40 e 80%, e uma percentagemde frutos vazios de 15 a 25%, consoante ascondições de cultivo existentes. Esta varieda-de necessita em média de 1.100 horas defrio, sendo uma das variedades com maiornecessidade em horas de frio para a quebrade dormência. Alguns autores considerama variedade Kerman como a mais indicadapara as condições da região ibérica, assimcomo a variedade masculina Peters comopolinizadora.

A variedade Sirora apresenta floraçãointermédia ocorrendo em final de março einício de abril, podendo ser polinizada, talcomo a variedade Kerman pela variedade

Peters. Apresenta um fruto de tamanhomédio inferior à Kerman, com grande per-centagem de frutos abertos, alto rendi-mento, sendo considerada uma alternativaà variedade Kerman. Em termos das neces-sidades em horas de frio apresenta vanta-gem por ser menos exigente, com umamédia de cerca de 900 horas de tempera-turas inferiores a 7°C.

A Larnaka é uma variedade originária doChipre, caracterizando-se por ser uma plantade vigor médio, ter frutos de tamanhomédio e alongados que apresentam umabaixa probabilidade de aborto e uma eleva-da percentagem de abertura. É uma varie-dade cujas necessidades de horas de friopara a quebra de dormência são inferioresàs das variedades referidas anteriormente(cerca de 700 horas).

A variedade Mateur caracteriza-se por terporte ramificado e globoso, elevado vigor,com frutos alongados com deiscência entre60 a 90% e com percentagem de frutos va-zios entre 5 a 15%, consoante as condiçõesde cultivo existentes. É uma variedade adap-tada a invernos suaves, necessitando apenasde 400 horas de frio para a quebra de dor-mência.

A variedade Sfax caracteriza-se por ser umavariedade de porte baixo, com vigor eprodutividade média. Esta variedade, apesarde produzir frutos menores que a Kerman,apresenta uma menor percentagem de

Page 27: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

27

frutos abortados e uma maior percentagemde frutos abertos. A Sfax apresenta, tam-bém, uma menor necessidade de horas defrio sendo mais adequada que a variedadeKerman em regiões de invernos amenos.

Na tabela abaixo encontram-se algumasdas características tanto das plantas comodos frutos de variedades femininas cultiva-das mundialmente.

Variedades

Kastel

Boundoky

Sfax

Batoury

Lathwardy

Joley

Ouleimy

Bronte

Iraq

Kerman

Mateur

Larnaka

Aegina

Ashoury

Napoletana

Avidon

Avdat

Fonte: Reyes Marisol M., Lavín, Arturo A.,2014

Algumas das variedades mais utilizadas mundialmente

Vigor

Médio

Alto

Médio

Médio

Médio

Médio

Alto

Médio

Baixo

Médio

Alto

Médio

Médio

Alto

Médio

Baixo

Alto

Floração

Tardia

Intermédia

Intermédia

Precoce

Intermédia

Intermédia

Intermédia

Intermédia

Precoce

Tardia

Precoce

Precoce

Precoce

Precoce

Intermédia

Intermédia

Precoce

Produtividade

Média

Baixa

Média

Média

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Média

Média

Alta

Alta

Alta

Média

Baixa

Baixa

Média

Alternância

Média

Média

Média

Baixa

Baixa

Alta

Média

Média

Média

Alta

Média

Baixa

Alta

Média

Média

Alta

Média

Tamanho

Grande

Pequeno

Pequeno

Grande

Pequeno

Mediano

Mediano

Pequeno

Mediano

Grande

Mediano

Mediano

Mediano

Mediano

Mediano

Pequeno

Mediano

Forma

Redondo

Oval

Alongado

Alongado

Alongado

Alongado

Alongado

Alongado

Alongado

Redondo

Alongado

Alongado

Alongado

Alongado

Alongado

Oval

Alongado

Vazios

Médio

Alto

Médio

Alto

Médio

Baixo

Médio

Alto

Médio

Alto

Médio

Baixo

Médio

Alto

Alto

Médio

Médio

Deiscência

Alta

Baixa

Média

Baixa

Baixa

Alta

Baixa

Baixa

Alta

Baixa

Média

Alta

Média

Alta

Baixa

Alta

Alta

Árvore Frutos

5.2.2 - Variedades Masculinas

A seleção das variedades masculinas deveincidir primeiramente na sincronização coma data de floração das variedades femininasselecionadas e, em segundo lugar, na capaci-dade de produção de pólen, que deve serabundante.

A variedade masculina mais utilizada a nívelmundial é a Peters, devido à sua compatibili-

dade com a variedade Kerman. No entanto,existem outras variedades que começam aganhar alguma importância como a C--especial, a Randy, ou as seleções da USDA2-16 e 2-18.

A variedade Peters é a principal variedadepolinizadora utilizada mundialmente, devidosobretudo à sua compatibilidade com aépoca de floração da variedade femininaKerman. No entanto, a variedade por vezes

Page 28: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

28

não poliniza as flores da variedade femininaKerman, principalmente as que surjam tar-diamente, apesar das flores desta variedademasculina poderem produzir pólen durantecerca de duas semanas, o que é consideradoum período de polinização longo.

A variedade C-especial é uma variedademasculina originária da Grécia, muito apre-ciada por apresentar floração precoce epela sua grande capacidade de produzirpólen. É uma árvore vigorosa com uma dasmais elevadas produções de pólen entre asvariedades masculinas, cuja floração duracerca de 23 dias. Pode ser utilizada comopolinizadora para as variedades Larnaka eMateur, entre outras.

A variedade Randy atinge o pico de floraçãoaproximadamente 10 dias antes da varieda-de Peters e é principalmente utilizada napolinização das variedades femininas Goldene Lost Hills, cuja floração ocorre em simultâ-neo com esta variedade polinizadora. Otempo de floração é semelhante à da culti-var Peters, no entanto a durabilidade inicialdo pólen das flores da variedade Randy ésuperior à da variedade Peters.

As seleções 2-16 e 2-18 realizadas pela USDA,são variedades masculinas tardias, face àvariedade Peters e podem ser utilizadaspara completar o período de receção depólen das flores da variedade femininaKerman.

Fonte: http://fruitsandnuts.ucdavis.edu/files/74209.pdf

Page 29: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

6 - Tecnologias de Produção

Page 30: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

30

6 - Tecnologias de Produção

A cultura do pistácio pode ser instalada emsistema de regadio, mas também se adaptaao sistema de sequeiro, desde que ascondições edafoclimáticas da região ondese pretenda instalar a cultura o permitam.No entanto, tal como acontece com outrasculturas, a produção em pomares instaladoscom recurso ao regadio é superior quandocomparada com situações de sequeiro, porvia do estado nutricional das plantas sermelhorado.

Assim, é previsível no sistema em regadiouma antecipação de entrada em produçãoe uma produtividade mais elevada do queem sistema de sequeiro. As maiores diferen-ças de produtividade entre os dois sistemassão mais evidentes nos primeiros anos,estabilizando tendencialmente a partir do14º ao 18º ano.

Para além das questões relacionadas coma produção e produtividade, dependendodo sistema escolhido, algumas das opera-ções de instalação e manutenção dos poma-res poderão variar como é o caso da densida-de e época de plantação, enquanto outrasterão mais aspetos em comum do que dife-renciadores, sendo dessa forma adiantedescritos.

6.1 - Pomares de pistácioem sistema de sequeiro

O compasso de plantação deve seradaptado às condições edafoclimáticas daregião e à parcela onde se vai estabelecera cultura, sendo igualmente influenciadopelo vigor do porta-enxerto e da variedadeutilizada e, ainda, pelas máquinas que serãoutilizadas na exploração. No caso do sistemautilizado ser o de sequeiro, o compasso deplantação poderá ter de ser superior aoutilizado em regadio, caso seja previsívelsituações de stress hídrico a que as plantaspoderão estar sujeitas, sendo aconselhávelutilizar um compasso mais alargado de 8 x6 m.

Neste sistema, a plantação deve seridealmente realizada entre meados denovembro e final de dezembro, ou seja, du-rante o repouso vegetativo, sendo aconse-lhável a realização de uma rega por alaga-mento no momento da plantação, de modoa que o solo contacte com as raízes.

6.2 - Pomares de pistácioem sistema de regadio

No caso do sistema utilizado ser de regadio,deverá, à semelhança do sistema desequeiro, ter-se em atenção as condiçõesdo local onde a cultura vai ser instalada,nomeadamente a disponibilidade de água,

Page 31: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

31

assim como o vigor do porta-enxerto e davariedade utilizada e, ainda as máquinasque serão utilizadas na exploração. Consi-dera-se o compasso de 7 x 6 m indicadopara a cultura em regadio, embora existamreferências em pomares nos Estados Unidosda América a distâncias na linha inferioresà indicada.

No sistema em regadio a plantação podeser realizada num período mais alargado,de outubro a maio, caso as plantas sejamadquiridas em vaso, enquanto que casosejam de raiz nua, o período aconselhadoé de fevereiro a março.

Page 32: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

32

Page 33: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

7 - Particularidades do Cultivo

Page 34: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

34

7 - Particularidades do Cultivo

7.1 - Escolha da parcela

Os aspetos a ter em consideração na esco-lha da parcela onde se pretende instalar acultura do pistácio, são os fatores climáticosda região, as características de solo, aten-dendo ao melhor tipo de solo que se adaptaà cultura, e alguns aspetos relacionados di-retamente com a parcela como a orientação,a topografia e a capacidade de drenagem.

A orientação é um parâmetro importantepara reduzir o risco de danos pelas geadas,principalmente durante a primavera, sendopreferível parcelas orientadas a Sul. Devedar-se preferência a encostas ou localiza-ções altas, em vez de vales.

A topografia do terreno é especialmenteimportante, pelo facto de se tratar de umacultura muito mecanizada, devendo dar-seprioridade a terrenos planos sem grandesvariações de declive, de modo a facilitar asoperações culturais, nomeadamente acolheita.

7.2 - Preparação do terreno

Durante a preparação do terreno para aplantação da cultura do pistácio deverealizar-se uma despedrega e ripagemprofunda e, se nos primeiros dois metrosde profundidade existir uma camada de

solo compacta e impermeável deve proce-der-se à sua destruição, uma vez que osistema radicular da cultura do pistácio éprofundo e muito sensível a condições deencharcamento do solo.

Previamente à instalação da cultura, devemser realizadas análises de solo, visando oestabelecimento de um plano de fertiliza-ção, de modo a criar as condições ideaispara o desenvolvimento da cultura.

Se as condições de drenagem do solo nãoforem adequadas para a cultura do pistáciodeve proceder-se à instalação de um siste-ma de drenagem, de modo a diminuir osdanos na cultura por encharcamento dosolo.

7.3 - Plantação

A plantação dos porta-enxertos é realizadacom recurso a rebentos com idade entre 1a 3 anos dependendo da variedade doporta-enxerto, que devem ser obtidos emviveiros certificados. A plantação de reben-tos já enxertados com a variedade produto-ra ou polinizadora também é possível, sen-do que a obtenção destas plantas tem umcusto mais elevado. No entanto, a realizaçãoda enxertia no campo é uma prática queenvolve conhecimento e execução porpessoal técnico qualificado sob pena dasplantas não conseguirem vingar, caso sejamal-executada.

Page 35: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

35

A enxertia das variedades da espécie P. vera

deve ser realizada durante o mês de julhoou agosto, quando os rebentos tiverem aespessura indicada, ou seja, cerca de 1 cmde diâmetro, e com dois a três ramos. Asplantas devem continuar a ser tutoradasaté que atinjam 1,5 m, no caso das varie-dades femininas, e 2 m no caso das varieda-des masculinas. Para além de tutores paraconduzir as plantas durante a fase inicial decrescimento, é também necessário prote-ger da ação do vento os rebentos apósterem sido enxertados, para que não ocor-ram danos que possam comprometer aviabilidade do enxerto.

Em condições de clima favoráveis e napresença de porta-enxertos vigorosos, aenxertia realizada em julho conduz a umcrescimento do enxerto de cerca de 1,8 mdurante a primeira época de crescimento.

7.4 - Desenho de plantação

O compasso da plantação deve ser adap-tado às condições edafoclimáticas da regiãoe à parcela onde se vai estabelecer a cultura,sendo igualmente influenciado pelo vigordo porta-enxerto e da variedade utilizadae das máquinas a utilizar na exploração,tendo já sido referido os compassos indica-dos quer para o caso da cultura ser instaladaem sistema de sequeiro, quer em sistemade regadio.

Uma vez que é uma cultura dioica compolinização anemófila é necessária aplantação de plantas masculinas e femi-ninas, de modo a otimizar a polinização dasvariedades femininas sem comprometer aprodutividade do pomar. A proporção deplantas femininas por planta masculina deveser aproximadamente de 8 para 1, emboraexistam referências a plantações nos Esta-dos Unidos com uma relação de plantasfemininas/masculinas de 14 para 1. Trata-sede um aspeto importante, uma vez que umaredução do número de plantas masculinastraduz-se num aumento da produção porhectare.

O desenho da plantação deve ter emconsideração a direção do vento, de modoa otimizar a polinização das flores femininas.Como tal, se não existe uma direção clarado vento, a plantação das plantas masculi-nas e femininas, deve seguir a presente noesquema a). Por outro lado, se existir umadireção dominante do vento, o desenho deplantação deve seguir o esquema b), deven-do a parcela de plantas masculinas estarorientada consoante a orientação do vento.

Fonte: Sánchez, n/a

a) b)

Variedade feminina

Variedade masculina

Page 36: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

36

7.5 - Fertilização

O solo contém os elementos mineraisnecessários ao desenvolvimento das cultu-ras, podendo ser necessário, quando insu-ficientes, fornecê-los através da fertilização,que tem por objetivo a otimização da produ-tividade da cultura.

A pistaceira, tratando-se de uma cultura decrescimento lento, não requer a aplicaçãode grandes quantidades de nutrientes. Noentanto, sendo uma cultura permanentecom uma longa vida produtiva, é fundamen-tal que sejam fornecidas as melhores condi-ções de desenvolvimento, podendo sernecessário realizar uma adubação de fundoantes da plantação, o que deve ser definidode acordo com análises de solo realizadaspreviamente à plantação.

Por outro lado, dependendo do sistema decultivo adotado, de sequeiro ou regadio,assim as necessidades de fertilização variam,sendo superiores em sistema de regadio.Igualmente a quantidade de nutrientes afornecer através da fertilização varia conso-ante a idade das plantas, sendo menoresem plantas mais jovens.

Na tabela seguinte encontram-se valoresindicativos para aplicações em plantaçõesadultas de pistaceiras, consoante o sistemade cultivo é de sequeiro ou de regadio.

Poderá ser necessário repartir asaplicações, especialmente no caso doregadio, de modo a minimizar as perdaspor lixiviação, nomeadamente no casodo azoto e potássio. Caso a plantaçãoseja com recurso a sistema de rega, afertilização poderá ser realizada atravésde fertirrega, o que permite repartir asaplicações ao longo do ciclo vegetativohavendo dessa forma menor risco deocorrência de perdas por lixiviação.

A aplicação dos restantes nutrientes(micronutrientes e macronutrientessecundários), deverá ser realizada combase em resultados de análises foliarese a sua aplicação deverá ser efetuadapor via foliar.

Na tabela seguinte encontram-se osvalores padrão da análise foliar a plantassaudáveis que não apresentam carênciasnutritivas.

Fertilização de plantações adultas de pistácio(valores indicativos)

Fonte: Adaptado de Regato M., 2017

Azoto

Fósforo

Potássio

Nutriente

40 - 50

25

15 -30

Sequeiro (kg/ha)

60 - 90

50 - 80

180

Regadio (kg/ha)

Page 37: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

37

Fonte: Beede et al. 2005; Herrera,1997

Azoto (N)

Fósforo (P2O5)

Potássio (K2O)

Cálcio (CaO)

Magnésio (MgO)

Elemento nutritivo

2,2-2,5

0,14-0,17

1,8-2,0

1,3-4,0

0,6-1,2

Macronutrientes (%)

Sódio (Na)

Zinco (Zn)

Manganês (Mn)

Cobre (Cu)

Boro (B)

Elemento nutritivo Micronutrientes (ppm)

20-70

10-15

30-80

6-10

150-250

7.6 - Rega

A cultura do pistácio é reconhecida pela suatolerância e resistência a condições de seca,podendo produzir, mesmo em quantidadesmoderadas, frutos nestas condições. Noentanto, o recurso à rega permite no casodo pistácio, à semelhança do que acontececom outras culturas, um aumento da produ-tividade por árvore assim como o aumentodo número de árvores por hectare por viado aumento da densidade do número deplantas, o que resulta no efeito cumulativodo aumento da produtividade por hectare.

Por outro lado, o recurso ao regadio permiteo aumento do valor comercial da produçãopela diminuição de frutos fechados e vazios.Existe ainda um efeito na duração do perío-do improdutivo da planta (correspondenteao período juvenil da planta), resultandonuma redução em cerca de 1 a 2 anos quan-do se utiliza o sistema de regadio.

O stress hídrico em períodos críticos dacultura pode afetar adversamente proces-sos importantes do desenvolvimento da

cultura, sendo por ordem decrescente deafetação, o número de frutos abortados, acapacidade de abertura do endocarpo, aquantidade de frutos por árvore, a facilidadede colheita e o peso e tamanho dos frutos.O período mais sensível ao stress hídricocorresponde à fase de desenvolvimento doembrião até ao momento da colheita, sendoesta a fase em que a rega é mais eficientepelo impacto que tem na produção.

Por outro lado, os principais períodos emque as condições de seca não afetam acultura são durante a segunda fase de de-senvolvimento do fruto, após o desenvol-vimento completo do exocarpo, mesocarpoe endocarpo, mas antes de se iniciar a fasede rápido crescimento do embrião, edurante o período de pós-colheita.

As necessidades hídricas da cultura variamconsoante a evapotranspiração das plantas,sendo que a quantidade de água a dispo-nibilizar através da rega deve ter em contanão apenas este aspeto, mas também acapacidade de armazenamento do solo,entre outros. Não existe atualmente infor-

Page 38: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

mação disponível em Portugal sobre a quan-tidade de rega necessária para o cresci-mento e produtividade ótimos da cultura,uma vez que se trata de uma cultura muitorecente e com muito pouca expressão.

No entanto, em regiões espanholas quenão ultrapassam 250 mm de precipitaçãoanual obtém-se produtividades de 1,5toneladas por hectare através de uma regaanual de cerca de 4.500 m3 por hectare. Poroutro lado, noutros países produtores depistácio as necessidades hídricas variamentre os 7.000 m3 e 11.200 m3 distribuídosentre o início da primavera e final do verão,sendo que estas necessidades atingem omáximo entre os meses de junho a julho,no hemisfério norte. As densidades deplantação assim como a idade da plantaçãodeterminam variações nas dotações de águaa fornecer pois, se no caso de maioresdensidades obrigam a maiores dotações,plantações mais jovens necessitam demenores dotações.

Os sistemas de rega mais adequados àcultura do pistácio são os sistemas gota-a--gota ou microaspersão, uma vez que apre-sentam uma maior eficiência de irrigação.No caso do sistema gota-a-gota, que utilizatubos à superfície, apresenta a vantagemde permitir o ajuste do número de goteja-dores, à medida que as plantas se desen-volvem, quando comparado com a utiliza-ção de tubos enterrados. Considera-se quea opção de colocar duas linhas de rega gota-

-a-gota, apesar de implicar um custo deinvestimento superior, pode ser adequadano sentido de que permite afastar os tubosde rega da linha de plantação, aumentandoo número de gotejadores, afastando-os aomesmo tempo do pé da planta.

7.7 - Poda

A técnica de poda tem como objetivo amodificação dos hábitos de crescimentonatural da planta, através do corte ma-nual ou mecânico de qualquer parte daplanta, de modo a obter e manter umaestrutura que permita atingir rapida-mente o máximo potencial de produçãoe o máximo de longevidade do pomar,para além de facilitar a execução dasdiversas práticas culturais dentro daplantação.

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

38

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

A cultura do pistácio adapta-se bem aosequeiro, podendo ser encarada comouma alternativa a culturas tradicionaisde sequeiro e em solos mais marginais,sujeita, no entanto, a grandes alternân-cias devido a diferentes ocorrênciasclimáticas. Uma rega deficitária poderágarantir estabilidade produtiva enquantoque regas abundantes garantem produ-tividades elevadas e entradas em produ-ção mais precocemente.(João Oliveira, 2017)

Page 39: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

39

Tendo em conta o ciclo de vida da culturado pistácio podemos considerar a neces-sidade de realização de diferentes tipos depoda, como a poda de formação realizadanos primeiros 4 a 6 anos e a poda de produ-ção realizada nos restantes anos.

� Poda de formação - deve ser realizadadurante os primeiros 4 a 6 anos deidade das plantas, com o objetivo deformar a estrutura do esqueleto daplanta. A poda de formação pode variarconsoante se trate do sistema desequeiro ou de regadio e caso se tra-tem de variedades masculinas ou femi-ninas, sendo que no essencial as dife-renças dizem respeito à altura a que oramo principal é podado.

Nas variedades femininas o corte do ramoprincipal deve ser realizado a uma alturaentre 1,20 e 1,40 m enquanto que nas varie-dades masculinas, o corte deve ser realizadoa uma altura superior, devendo o troncoter aproximadamente 1,70 m.

A copa deve ser formada com três perna-das principais, formando entre si sempreque possível, ângulos de 120º, quer emvariedades femininas quer masculinas, comose pode observar na figura seguinte.

Fonte: http://ecopistacho.com.es/index.php/el-cultivo-del- -pistachero/la-poda/poda-invernal-i-parte

Vista de cima da planta de pistácio

Fonte: http://ecopistacho.com.es/index.php/el-cultivo-del- -pistachero/la-poda/poda-invernal-i-parte

Variedade feminina Variedade masculina

Poda de formação

Page 40: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

40

� Poda de produção - deve ser realizadadepois da árvore estar formada, prefe-rencialmente durante o repouso vege-tativo, ou seja, durante o inverno. Oobjetivo desta poda é proporcionar amáxima produtividade, promovendoa renovação dos ramos frutíferos e aeliminação dos ramos mortos oudanificados, tentando dessa formacontrariar a alternância de produções.Poderá ser necessário cortar pontu-almente ramos do centro para promo-ver a entrada de luz e o arejamento. Éaconselhável realizar esta operaçãoanualmente para que se evite o recursoa podas muito fortes que desequi-librem a árvore.

Page 41: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

8 - Pragas e Doenças

Page 42: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

42

8 - Pragas e Doenças

A cultura do pistácio é uma cultura emer-gente em Portugal, como tal existe aindauma notória falta de conhecimento relativa-mente a pragas e doenças que afetem acultura no nosso país. No entanto, decor-rente da particularidade do fruto abrir aindana árvore, o pistácio é de entre todos osfrutos secos, o que apresenta o maior po-tencial de sofrer o ataque de insetos efungos.

Sabe-se através das explorações presentesnoutras zonas do mundo, nomeadamentena Califórnia, em Espanha e em Itália, queesta é uma cultura especialmente suscetívela doenças como a Verticillium, Armillaria ea Antracnose, sendo esta suscetibilidadeuma das principais razões para a neces-sidade da realização de porta-enxertosaquando da plantação e da seleção denovas variedades menos suscetíveis a estasdoenças.

É fundamental fazer um controlo regulardas plantações com vista à deteção deataques, quer de pragas quer de doenças,sendo que tanto o diagnóstico como ostratamentos deverão ser elaborados portécnicos especializados na cultura, dadoque consoante as características climáticase edáficas das explorações, as recomen-dações de tratamento poderão variar.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Estando garantidas as condições dehumidade relativa baixa nos meses deverão, altura em que há maior susce-tibilidade de infeção dos frutos, podeconsiderar-se a cultura pouco exigenteem termos fitossanitários. Este aspetopode traduzir-se, em baixos custos ope-racionais.(João Oliveira, 2017)

Page 43: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

9 - Colheita

Page 44: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

9 - Colheita

A colheita deve iniciar-se quando a maiorparte dos frutos estão abertos, devendoser realizada no menor tempo possível, demodo que não ocorram danos pela proli-feração de fungos nos frutos, considerando--se em média um período entre 7 a 10 dias.Se a colheita for realizada antes ou depoisdeste ponto crítico podem ocorrer perdasde qualidade, uma vez que o pistácio podenão estar completamente desenvolvido oupelo aparecimento de manchas no endocar-po do fruto, que aumenta consoante otempo que o fruto permanece na árvore.

Como referido anteriormente, no caso deplantações em sistema de regadio, éfundamental uma gestão adequada da regano período que antecede a colheita, demodo a promover a abertura dos frutos.

Durante os primeiros anos produtivos,enquanto a produção é baixa, a colheitapode ser realizada manualmente. Noentanto, assim que a cultura atinge o picode produção, poderá ser convenienterealizar a colheita mecanicamente.

A colheita mecânica pode ser realizadaatravés de vibradores como os que sãoutilizados no olival, sendo que a poda deformação e a altura da cruz deve seradequada ao mecanismo de colheitautilizado. A técnica de agitação por varas é

desaconselhada por causar danos decicatrização lenta nos pistácios.

O transporte para unidades de transfor-mação deve ser efectuado o mais rápidopossível, de modo a minimizar o desenvol-vimento de fungos, realizando-se umaadequada secagem dos frutos e armaze-namento, uma vez que se trata de um frutoparticularmente suscetível ao desenvol-vimento de aflatoxinas.

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

44

Page 45: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

10 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

Page 46: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

46

10 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

As questões relacionadas com a preservaçãoambiental, manutenção da biodiversidade,sustentabilidade no uso dos recursosnaturais e responsabilidade social, impul-sionadas por uma cada vez maior conscien-cialização/exigência por parte dos consumi-dores, têm sido os grandes motores docrescimento da agricultura biológica e daprodução integrada.

Em Portugal, a produção do pistácio temainda uma fraca expressão, não existindoinformação sobre a área dedicada à culturado pistácio. No entanto, segundo o siteAgronegócios, existe um claro interesse emdesenvolver a cultura do pistácio dentro dafileira dos frutos secos, com a promoçãode cerca de 3.000 hectares de pistácio emregadio até 2018.

Em relação à adaptabilidade desta culturaao Modo de Produção Biológico, tendo emconta a rusticidade da planta e o facto deem algumas regiões produtoras, como oIrão e Turquia, o sistema de produçãoimplementado ser eminentemente extensi-vo com reduzida aplicação de fatores deprodução, pode ser um indicador de que setrata de uma cultura que pode ser conduzidasegundo este modo de produção.

No que se refere à Produção Integrada, umdos constrangimentos decorre da já referidafraca expressão que a cultura ainda tem nonosso país, pelo que não existem produtosfitofarmacêuticos homologados para acultura do pistácio.

No entanto, sendo notório o crescenteinteresse por parte dos consumidores, emque ao aumento do consumo de pistáciose associa um estilo de vida saudável, aopção por sistemas de agricultura maissustentáveis, como o Modo de ProduçãoBiológico e Produção Integrada podem seropções cada vez mais interessantes.

Por outro lado, a obtenção de certificaçãoem Modo de Produção Biológico ouProdução Integrada, permite acrescentarvalor, uma vez que os mercados do Norteda Europa são muito sensíveis, impondopor vezes a certificação como condição deentrada dos produtos.

Page 47: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Bibliografia

Page 48: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

48

Page 49: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

49

Bibliografia

Beede, Robert H. et al. (2005). Diagnosing and Correcting Nutrient Deficiencies. In:Ferguson, Louise. Pistachio Production Manual, 4 ed., pp. 147-157.

Beede, Robert H. et al. (2005). Planting and Training Young Trees. In: Ferguson, Louise.Pistachio Production Manual, 4 ed., pp. 80-84.

Beede, Robert H.; Ferguson, Louise. (2005). Pruning Mature Bearing Trees. In: Ferguson,Louise. Pistachio Production Manual, 4 ed., pp. 97- 102.

Buraglia V. (2006). The Pistachio�s Tree Cultivation. AlterAgro, 47 pp.

California Pistachio Research Board. (2009). Good Agriculture Practices Manual � Guidelines

for California Pistachio Growers, 27 pp.

Ferguson L. et al. (2005). Pistachio Rootstocks. In: Ferguson, Louise. Pistachio ProductionManual, 4 ed, pp. 67-73.

Ferguson L. et al. (2005). Harvesting, Transporting, Processing and Grading. In: Ferguson,Louise. Pistachio Production Manual, 4 ed, pp. 164-169.

Ferguson L. et al. (2005). The Pistachio Tree; Botany and Physiology and Factors That

Affect Yield. In: Ferguson, Louise. Pistachio Production Manual, 4 ed, pp. 31-39.

Fergunson L., Kallsen C. (2016). The Pistachio Tree: Physiology and Botany. In: Ferguson,L. & Haviland. Pistachio Production Manual. University of California � Agriculture andNatural Resources, pp. 19-26.

Goldhamme, David A. (2005). Tree Water Requirements & Regulated Deficit Irrigation.In: Ferguson, Louise. Pistachio Production Manual, 4 ed., pp. 103-116.

Guerrero J. et al. (2005). El Pistachero: Elección de variedad y portainjerto en Castilla La

Mancha. Fruticultura Profesional, nº 150, maio � junho, pp. 5-24.

Page 50: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Pistácio

50

Herrera, E. (1997). Growing Pistachios in New Mexico. New Mexico State University -- Cooperative Extension Service, nº 532, 13 pp.

Parfitt D. et al. (2005). Pistachio Cultivars. In: Ferguson, Louise. Pistachio ProductionManual, 4 ed., pp. 62-66.

Regato M., (2017). Manual Técnico. Pistaceira: Estado da Produção. Ed. CNCFS, 173 pp.

Reyes M., Lavín A. (2014). Pistacho (Pistacia vera L.). Frutales de Nuez � Cinco alternativas

no tradicionales para el secano interior del Maule. Instituto de Investigaciones AgropecuariasCentro Regional de Investigación Raihuén, Boletín INIA nº 301, pp. 43-80.

Robinson B. (1998). Pistachios. In: Hyde, K. W. The New Rural Industries � A Handbookfor Farmers and Investors, pp. 436-443.

Sánchez S. (n/a). El Cultivo del Pistacho. Dispitacíon de Jaén, 12 pp.

Villaseñor J. et al. (2010). Requerimientos edafoclimáticos y material vegetal para el cultivo

del pistacheiro. Agricultura, julho-agosto, pp. 558-562.

Villaseñor J. et al. (2003). El Pistachero en Castilla-La Mancha. Primeros Resultados (1).Fruticultura Profesional, nº 135, julho-agosto, pp. 23-38.

Villaseñor J. et al. (2008). El Pistachero en Castilla-La Mancha - Primeros Resultados (2).El Cultivo en secano. Fruticultura Profesional, nº 173, março-abril, pp. 36-45.

Villaseñor J. et al. (2004). La Operación De Injerto En Pistachero (Pistacia Vera L.). -

Condicionantes En Castilla La Mancha. Fruticultura Profesional, nº 140, janeiro-fevereiro,pp. 41-53.

http://www.agronegocios.eu/noticias/pistacio-uma-cultura-que-ganha-terreno-em--portugal/

http://fruitsandnuts.ucdavis.edu/files/74209.pdf

Page 51: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas
Page 52: A CULTURA DO PISTÁCIO - Culturas Emergentes · cultura cerca de 40% inferior, o que pode ser consequência de condições climáticas adversas, mas mais provavelmente dos sistemas

Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Rua D. Pedro V, 108, 2º | 1269-128 Lisboa

Tel. 213 24 49 70 | [email protected]

www.ajap.pt