A norma TIA/EIA-485-A - UFRJ

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Igor Macedo Quintanilha e Roberto de Moura Estevão Filho A norma TIA/EIA-485-A UFRJ, Brasil Dezembro - 2013

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Igor Macedo Quintanilha e Roberto de Moura Estevão Filho

A norma TIA/EIA-485-A

UFRJ, Brasil

Dezembro - 2013

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Igor Macedo Quintanilha e Roberto de Moura Estevão Filho

A norma TIA/EIA-485-A

Pesquisa realizada sobre sistemas de comuni-cação digital para a matéria de graduação Ins-trumentação e Técnicas de Medidas - EEL710,ministrada pelo D.Sc. Alexandre Pino.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

Departamento de Engenharia Eletrônica e de Computação

Instrumentação e Técnicas de Medidas

UFRJ, Brasil

Dezembro - 2013

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Lista de ilustrações

Figura 1 – Intervalo de tempo de um bit com transição . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Figura 2 – Níveis de tensão associada aos níveis lógicos . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Figura 3 – Gráfico de caracterização da impedância de entrada do receptor . . . . . . . 14Figura 4 – Esquema de ligação do ST485C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Figura 5 – Topologia Estrela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Figura 6 – Topologia Anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Figura 7 – Topologia Barra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Figura 8 – Definição do Stub . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Figura 9 – Topologia Daisy-chain . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Figura 10 – Configuração half-duplex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Figura 11 – Configuração full-duplex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18Figura 12 – Rede não-terminada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19Figura 13 – Rede paralela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Figura 14 – Rede AC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Figura 15 – Rede Multiponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Figura 16 – Terminação Failsafe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

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Lista de tabelas

Tabela 1 – Unidades de Carga para cada tipo de componente . . . . . . . . . . . . . . 11Tabela 2 – Comparativo entre as Terminações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

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Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1 TIA/EIA-485 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111.1 O conceito de unidade de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111.2 Porque utilizar transmissão de dados diferencial? . . . . . . . . . . . . . . . 111.3 Características dos circuitos de driver e receptor . . . . . . . . . . . . . . . 121.4 Topologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141.4.1 Topologia em Estrela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151.4.2 Topologia em anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151.4.3 Topologia Barra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151.4.4 Topologia Daisy-Chain . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161.5 Transmissão duplex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161.5.1 Half-duplex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171.5.2 Full-duplex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2 Terminações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.1 Sem terminação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.2 Paralela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.3 AC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.4 Multiponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202.5 Terminação Failsafe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

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Introdução

Este trabalho é sobre a norma TIA/EIA-485, também chamada RS-485. Esta normase refere a características elétricas de drivers, que são responsáveis por enviar os sinais, e osreceptores para uso em uma rede digital balanceada. Com esta norma é possível realizar redescom longo alcance (até 1200m) e velocidade de 100Kbit/s a 35Mbit/s, dependendo da distância.De forma geral, a velocidade multiplicada pela distância não deve superar 108. As redes podemser formada com apenas dois fios, que são conectados a todos os drivers e receptores, istopermite uma rede barata e de fácil instalação. Ao contrário do que muitos imaginam, a normanão especifica qualquer tipo de protocolo de comunicação e trata apenas da camada física darede.

Esta norma, devido ao baixo custo, bom desempenho em relação a ruído e boa veloci-dade, apesar de ser uma das mais antigas interfaces de comunicação serial, ainda é usada hoje emdia em uma grande gama de aplicações, principalmente em automação industrial, controladoreslógico programáveis (CLPs), instrumentos médicos, instrumentos de medida, entre outras.

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1 TIA/EIA-485

A norma TIA/EIA-485, popularmente conhecida como RS-485 1 , descreve uma in-terface de comunicação com transmissão diferencial de dados, tornando-a assim, ideal paratransmissões am altas velocidades, longas distâncias, ambientes ruidosos e com grandes inter-ferências eletromagnéticas. Essa interface de comunicação é capaz de interligar 32 unidadesde cargas 2 , porém esse número pode aumentar, devido a dispositivos que consomem fraçõesda unidade de carga. Vale ressaltar que essa norma especifica somente a interface física decomunicação, sendo o protocolo, determinado pelo usuário ou fabricante do dispositivo.

1.1 O conceito de unidade de carga

A norma RS-485 especifica que o receptor deve possuir uma impedância de entradamaior ou igual a 12kΩ. Essa impedância é definida como sendo uma unidade de carga (UL). Anorma estabelece também o número máximo de ULs que podem ser conectados: 32. É possívelconectar mais dispositivos, caso a impedância de entrada dos receptores seja maior, o que fazcom que menos corrente seja necessária da saída do driver por equipamento conectado. Nestecaso, diz-se que o dispositivo usa apenas uma fração de UL. Como exemplo, o AMD1487E (2)que pode ser conectado a outros 127 componentes. A Tabela 1 relaciona alguns modelos decomponentes, suas impedâncias de entrada e a respectiva unidade de carga.

Tabela 1 – Unidades de Carga para cada tipo de componente

Modelo Impedância de Entrada do Receptor UL máx. ULsADM485E (Analog) 12kΩ 1 32

ADM487E/ADM1487E (Analog) 48kΩ 0.25 128SN65HVD08 (TI) 96kΩ 0.125 256

Fonte: Analog Devices

Fonte: Texas Instruments - TI

1.2 Porque utilizar transmissão de dados diferencial?

A transmissão de dados diferencial é o que permite que se use o padrão RS-485 paratransmitir dados a longas distâncias. Ela se dá por meio de um par diferencial, que possuemtensões complementares: de mesmo módulo, mas sinais invertidos. Desta forma, caso o cabo1 Também conhecida como TIA-485-A, ANSI/TIA/EIA-485 ou EIA-485. O título correto do padrão é TIA/EIA-

485-A(1)2 Entenda-se uma unidade de carga como um transceptor (receptor e transmissor em um só dispositivo) ou um

resistor terminal

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12 Capítulo 1. TIA/EIA-485

A, chamado de inversor, tenha tensão maior que o cabo B, isto é VA − VB > 0, é transmitidoo nível lógico baixo; caso contrário, isto é VB − VA > 0, é transmitido nível lógico alto. Atransmissão diferencial faz com que ruídos de modo comum sejam rejeitados. Além disso, ascorrentes nos cabos, por serem de mesmo módulo e sentidos opostos, cancelam os camposeletromagnéticos emitidos, o que reduz interferência eletromagnética no sistema. Pode-se notartambém, que transmissão diferencial permite que se utilize sistemas de menor potência, já queesta técnica oferece maior imunidade a ruído do que a técnica com apenas uma linha. Para umafonte de tensão VS , em um sistema de transmissão de dados de apenas uma linha, temos que onível lógico alto VH ≈ VS , e nível lógico baixo VL ≈ 0V , portanto, a diferença entre os níveislógicos é VH − VL ≈ VS . Para um sistema de transmissão de dados diferencial, temos VH ≈ VS

e VL ≈ −VS , assim, a diferença entre os níveis é de VH − VL ≈ 2VS , o dobro do sistema de umalinha.

1.3 Características dos circuitos de driver e receptor

O circuito de driver deve atender a especificações de alimentação, tensão de saída, ecorrente em curto circuito. O circuito deve funcionar com alimentação de 5V e deve garantirtensão de saída diferencial de: 1.5 a 6V em circuito aberto, 1.5 a 5V com carga mínima (2 UL) ecarga máxima (32 UL). Além disso, o circuito não deve ser danificado se as saídas diferenciaisforem curto-circuitadas, e a corrente de curto-circuito não deve passar de 250mA. O circuito dedriver também deve ter tempos de transição tt, subida e descida, como mostrados na Figura 1 deno máximo 0.3 vezes o intervalo de tempo t de cada bit. Isto é, para uma taxa de operação de1Mb/s, temos que o intervalo é t = 1

1x106= 1ms. Desta forma, ttmax = t

3≈ 33ns.

Figura 1 – Intervalo de tempo de um bit com transição

O circuito do receptor deve interpretar tensões diferenciais superiores a 200mV paranível lógico alto, e inferiores a -200mV para nível lógico baixo, como mostrado na Figura 2.Desta forma, como a tensão mínima fornecida pelo driver é de 1.5V, há uma tolerância de 1.3Vde erro. Além disso, as especificações de carga do circuito de entrada do receptor, mostrados

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1.3. Características dos circuitos de driver e receptor 13

na Figura 3, devem obedecer as seguintes regras: Para tensão de 12V, não devem consumirmais de 1mA; para tensão de -7V, não devem consumir mais de 0.8mA, em módulo; paratensões entre 5V e 12V, devem consumir entre 0mA e 1mA; para tensões entre -3V e 7V, devemconsumir entre -0.8mA e 0mA. Isto se traduz em uma impedância diferencial Rin mínima deRin = max( 12V

1mA, −7V−0.8mA

) = 12KΩ.

Figura 2 – Níveis de tensão associada aos níveis lógicos

Região cinza escuro correponde a nível lógico baixo, enquanto a região cinza claro correspondea nível lógico alto. Região branca corresponde à região de transição entre níveis lógicos.

Há grande variedade de circuitos integrados que implementam os drivers, receptorese transceptores (que contém driver e receptor), entre eles: ST485C(3) (STMicroeletronics),ADM2485(4) (Analog Devices) e SN65HVD08(5) (Texas Instruments). A Figura 4, mostra osesquemas de ligação do CI da ST485C. As portas A e B são as linhas não-inversora e inversora,respectivamente; a porta RE pode desabilitar a saída do receptor; DE habilita a saída do driver;Vcc e GND são os terminais de alimentação; RO e DI são, respectivamente, a saída do receptor ea entrada do driver.

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14 Capítulo 1. TIA/EIA-485

Figura 3 – Gráfico de caracterização da impedância de entrada do receptor

A linha tracejada representa a impedância mínima de 12KΩ

Figura 4 – Esquema de ligação do ST485C

1.4 Topologias

O RS-485 opera em um sistema baleanceado multiponto digital, significando que váriosequipamentos podem ser ligados em um mesmo barramento. No entanto, somente um driver3

pode estar ativo no canal de dados (conhecida como operação half-duplex), senão falhas podemocorrer. As diversas topologias que poderiam ser implementadas para este canal de comunicaçãoserá detalhado abaixo.

3 O mesmo que transmissor

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1.4. Topologias 15

1.4.1 Topologia em Estrela

Nesta topologia, cada nó está ligado a um nó central (Figura 5), onde todo o fluxo dedados deve transitar. O nó central é detentor do gerenciamento e controle da rede interligando osdemais nós (escravos). Esta topologia possui uma confiabilidade nas ligações alta, pois qualquerdefeito ou erro em uma transmissão central-escravos não irá afetar todo o serviço, porém se onó-central apresentar falhas, todo o sistema irá falhar. Com isso, sugere-se o uso de redundâncias,aumentando o custo e a dificuldade de implementação.

Figura 5 – Topologia Estrela

1.4.2 Topologia em anel

Uma estrutura em anel pode ser implementada como na Figura 6. Esta estrutura utilizacomunicação ponto-a-ponto com seus vizinhos. Um dado para ser encaminhado para um nódeve passar por outros nós, aumentando o risco de falhas. No entanto, como a informação éretransmitida em cada nó, a distância que esta rede pode atingir é bem maior que na topologiaEstrela.

Figura 6 – Topologia Anel

1.4.3 Topologia Barra

Esta topologia liga todos os nós a um barramento em comum (Figura 7), compartilhandoo meio no tempo ou na frequência. Recomendado pela norma RS-485 por ser multiponto é amais utilizada nas indústrias, por ter uma confiabilidade maior que as demais se usada paradado um controle. Um problema desse tipo de rede é devido aos seus terminais, onde deve seradicionado uma resistência de mesmo valor da linha de transmissão para que não ocorra reflexãoe interfira com os dados transmitidos. A distância máxima entre dois nós das redes, dependerádo meio de transmissão usado e da taxa de transmissão utilizada, no entanto o uso de repetidorespode suprir essa deficiência.

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16 Capítulo 1. TIA/EIA-485

Figura 7 – Topologia Barra

Os círculos são os nós e a linha horizontal o barramento

O maior problema consiste no stub4 exemplificado na Figura 8, pois a norma estabelece,a fim de manter integridade do canal e baixas perdas, o menor stub possível, sem especificar qualé esse comprimento. Esse efeito é reduzido diminuindo a velocidade de transmissão.

Figura 8 – Definição do Stub

A regra empírica consiste que o stub deve ser menor que 13

do tempo de transmissão, por issotransmissões mais lentas são menos afetadas pelo stub.

1.4.4 Topologia Daisy-Chain

A fim de minimizar o efeito do stub, recorremos a esta topologia (Figura 9), onde oprincípio de funcionamento é o mesmo da topologia barra, no entanto o tamanho do stub édiminuído, diminuindo a distância do barramento ao nó.

Essa é a melhor topologia dentre as citadas e a mais recomendada. Por outro lado, elapossui um maior custo devido ao maior comprimento do barramento. O projetista, na hora deescolher esta topologia, deve ponderar entre o tamanho do stub e o uso cabo, pois o barramentopossui um tamanho máximo dependendo da velocidade de transmissão.

1.5 Transmissão duplex

Um sistema de comunicação duplex é um sistema composto de dois ou mais equipa-mentos que podem se comunicar um com o outro de forma bidirecional. O padrão RS-485 é um

4 Stub é a distância do nó ao barramento de dados ou entre o nó e o resistor de terminação

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1.5. Transmissão duplex 17

Figura 9 – Topologia Daisy-chain

Observe que o tamanho do barramento aumentou

Figura 10 – Configuração half-duplex

D RS

RS

D RT

RD RT

CT

D RT

RB

RA

VCC

D

D

RTRT R

R

RD

R

R

R

R

D R

R

RT

Stub

Stub

sistema duplex, e, por isso, tem a vantagem de contar com uma instalação mais barata e simples,por conta do uso de um barramento para vários equipamentos.

1.5.1 Half-duplex

Na Figura 10, temos uma configuração de barramento RS-485 half-duplex, tambémconhecida como rede RS-485 de dois fios. A comunicação half-duplex permite a transmissão dedados em ambos os sentidos, mas apenas em um de cada vez. Por isso, é necessário que haja ocontrole de ativação da saída de cada driver, de forma que apenas um deles esteja habilitado aomesmo tempo. Neste tipo de configuração, todos os equipamentos podem comunicar-se entre si,um de cada vez.

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18 Capítulo 1. TIA/EIA-485

Figura 11 – Configuração full-duplex

D

D

RT

RT

R

R

RD

Master Slave

Slave Slave

1.5.2 Full-duplex

Na configuração full-duplex, também conhecida como rede RS-485 de quatro fios,Figura 11, pode haver comunicação em ambos os sentidos ao mesmo tempo. No caso, o mestreé capaz de enviar mensagens para os escravos, e recebê-las dos mesmos. No entanto, não épossível comunicação entre os escravos.

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19

2 Terminações

Quando tratamos da topologia barra ou daisy-chain, há a necessidade de uma terminaçãono barramento, como citado na subseção 1.4.3. Essa impedância corresponde à impedância dalinha de transmissão. O uso correto de terminação atenua as reflexões que podem corromper osdados transmitidos, além disso aumenta o comprimento e a velocidade do canal. Abaixo serácitado diversos métodos de terminação.

2.1 Sem terminação

Redes não-terminadas é o método de terminação de menor custo, menor consumo e sãoextremamente simples de implementar. Como não há nenhum resistor de terminação esta rededeve se manter curta ou diminuir a taxa de transmissão (≈ 19kbps) para que a interferência dareflexão não afete a troca de informações.

Figura 12 – Rede não-terminada

D R

2.2 Paralela

Esta terminação é ideal para rede com alta taxa de transmissão, mas é limitada a redescom um único transmissor. Como pode ser visto na Figura 13, o driver deve ser colocado emuma extremidade e na outra o resistor terminal. Como há o resistor terminal, a dissipação depotência na linha é maior, ocasionando um maior gasto de energia e, quando o transmissor estáem espera a entrada diferencial do receptor é zero.

2.3 AC

Esse tipo de terminação consiste em adicionar um capacitor em série no resistor terminal,exemplificado na Figura 14, com o intuito de retirar a corrente DC que flui do par diferencial,de modo a garantir que uma linha tenha o potencial complementar da outra. Esse capacitor quedeve ser adicionado pode ser calculado pela seguinte fórmula:

CT (pF ) >2(Atraso do cabo (pS))

Impedância característica do cabo (Ω)(2.1)

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20 Capítulo 2. Terminações

Figura 13 – Rede paralela

D RS

RS

D RT

R

D RT

CT

D RT

RB

RA

VCC

D

D

RTRT R

R

RD

R

R

R

R

D R

R

RT

Stub

Stub

Figura 14 – Rede AC

D RS

RS

D RT

RD RT

CT

D RT

RB

RA

VCC

D

D

RTRT R

R

RD

R

R

R

R

D R

R

RT

Stub

Stub

Como resultado temos uma perda de energia menor se comparado a terminação paralela,mas que não se equipara a rede não-terminada. Como desvantagem apresenta uma constante detempo que pode limitar a velocidade de transmissão da rede e o tamanho do cabo.

2.4 Multiponto

A rede multiponto favorece o uso de n-transmissores e receptores e, por isso, háa necessidade de utilizar dois resistores terminais para que a linha não fique em aberto emnenhum momento. Possui as mesmas características da terminação paralela, porém há a maiorcomplexidade envolvida no controle do canal, pois deve haver controle na linha, por software ouhardware, para somente que somente um transmissor envie dados por vez.

Podemos conferir na Tabela 2 um resumo comparativo sobre as três terminações citadasacima.

Tabela 2 – Comparativo entre as Terminações

Técnica Dissipação de Potência Velocidade Qualidade do SinalNão-terminada Baixa Baixa Pobre para altas velocidades

Paralela Baixa Alta ÓtimaAC Média Média Boa

Multiponto Média Alta Ótima

Fonte: Texas Instruments - TI

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2.5. Terminação Failsafe 21

Figura 15 – Rede Multiponto

D RS

RS

D RT

R

D RT

CT

D RT

RB

RA

VCC

D

D

RTRT R

R

RD

R

R

R

R

D R

R

RT

Stub

Stub

2.5 Terminação Failsafe

A terminação Failsafe pode ser entendida como uma complementação às terminaçõesparalela e multiponto, com o intuito de garantir a integridade da informação no canal. Ao longodo tempo de operação, podem ocorrer grandes períodos de tempo onde o transmissor está emuma condição ’relaxada’, ou seja, não está transmitindo nenhum tipo de informação, colocandosua saída em alta impedância, prevenindo dissipação de energia e maior custo operacional. Comoresultado, a linha pode ficar com a tensão alternando entre os estados lógicos e o receptor podeerroneamente detectar esse fenômeno como uma transmissão, interpretando falsos dados. Paraprevenir este tipo de problema, o receptor deve conter um circuito que consegue diferenciar essetipo de comportamento, e colocando a saída do mesmo em uma condição pré-determinada. Onome desse método que garante a solução deste problema é o failsafe.

O método preferível para contornar este problema consiste em utilizar protocolos, porémsão mais complicados de implementar. Hoje em dia, a maioria dos componentes vendidos já vemcom implementação em hardware desses circuitos de segurança, não havendo a necessidade deadicionar um protocolo para este fim.

Como podemos observar na Figura 16 é adicionado um circuito extra para contornaro problema supracitado. Este circuito consiste no uso de redes pull-up e pull-down (ver ??) naentrada inversora. Essa rede é formada por resistores bem largos, na faixa de kΩ, que, quandousados conjuntamente com os resistores terminais (50 120Ω) para formar um divisor de tensão,geram uma tensão diferencial na faixa de milivolts. Como consequência essa voltagem é incapazde alterar o estado do receptor. Para calcular os valores dos resistores RA e RB e considerandoVA e VB como sendo respectivamente, a entrada não-inversora e inversora do receptor, podemos

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22 Capítulo 2. Terminações

Figura 16 – Terminação Failsafe

D RS

RS

D RT

R

D RT

CT

D RT

RB

RA

VCC

D

D

RTRT R

R

RD

R

R

R

R

D R

R

RT

Stub

Stub

usar a seguinte fórmula:

RA = RB = R

VA − VB ≥ 200mV → RTV CC

2R + RT

R ≥ RT

2

(V CC

VA − VB

− 1)

(2.2)

Considerando V CC = 5V e RT = 120Ω (impedância característica de pares trançado24AWG), temos um valor de R = 1440Ω. Para que o circuito receptor fique em repouso deve-seoptar por um valor superior ao calculado acima.

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Considerações finais

A norma RS-485 é um interface para comunicação serial bastante efetiva, de baixo custoe ideal para sistemas com múltiplos transmissores em distâncias grandes. Para uma rede de boaqualidade, é importante que o projetista saiba tomar os cuidados necessários quanto à escolhada topologia, dos componentes e da terminação adequada. Além disso, deve-se fazer a escolhade comunicação half-duplex ou full-duplex, em função dos requisitos da rede. Há uma grandevariedade de circuitos integrados vendidos que implementam transceptores segundo os requisitosda RS-485, contando, inclusive, com circuito de proteção a sobretensão, curto-circuito, isolaçãogalvânica e modo standby de baixo consumo, o que os faz bastante confiáveis e eficientes.

A norma não especifica, no entanto, um protocolo de comunicação serial a ser usado.Alguns dos principais usados em conjunto com a interface RS-485 são os protocolos MODBUS,PROFIBUS e CANBUS. O protocolo pode ser escolhido para maximizar a eficiência ou deforma a facilitar compatibilidade com outros instrumentos.

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Referências

1 ASSOCIATION, T. I. Electrical Characteristics of Generators and Receivers for Use inBalanced Digital Multipoint Systems. Telecommunications Industry Association, 1998. (TIA/EIAIntrim Standard). Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=xJQ4HQAACAAJ>.Citado na página 11.

2 DEVICES, A. ADM485E/ADM487E/ADM1487E. [S.l.], 2010. Disponível em:<http://www.analog.com/static/imported-files/data_sheets/ADM485E_487E_1487E.pdf>.Acesso em: 05 dez. 2013. Citado na página 11.

3 STMICROELETRONICS. Low power RS-485/RS-422 transceiver. [S.l.], 2009. Disponívelem: <http://www.st.com/web/catalog/sense_power/FM1968/CL1179/SC393/PF66128>. Acessoem: 05 dez. 2013. Citado na página 13.

4 DEVICES, A. High Speed, Isolated RS-485 Transceiver with Integrated TransformerDriver. [S.l.], 2012. Disponível em: <http://www.analog.com/static/imported-files/data_sheets/ADM2485.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2013. Citado na página 13.

5 INSTRUMENTS, T. 3.3V-Supply RS-485 with IEC ESD Protection. [S.l.], 2013. Disponívelem: <http://www.ti.com/lit/ds/symlink/sn65hvd72.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2013. Citado napágina 13.