Análise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

download Análise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

of 11

Transcript of Análise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    1/11

    RBCS Vol. 28 n 83 outubro/2013

    Artigo recebido em 05/11/2011Aprovado em 26/09/2012

    Introduo

    A questo que apresento neste trabalho tem suaorigem em pesquisa realizada durante a dcada de1980 sobre a organizao e o poder dos banquei-ros no Brasil. As entrevistas e a anlise documentalconsolidaram a convico de que era necessrio le-var em conta um conjunto amplo de relaes ou

    ANLISE DE REDES SOCIAIS, CLASSES SOCIAISE MARXISMO*

    Ary Cesar Minella

    * As primeiras consideraes sobre este tema foram ela-

    boradas durante o ps-doutorado realizado no Centrode Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic), noDepartamento de Sociologia da Universidade de SoPaulo, durante o perodo de maio de 2006 a abril de2007. Agradeo imensamente a acolhida ali recebida,o ambiente estimulante de debate e a infraestruturade pesquisa oferecida. Pesquisa realizada com apoio doCNPq. Trabalho apresentado no 35. Encontro Anualda Anpocs, Caxambu, MG, outubro de 2011.

    conexes dos empresrios e das instituies finan-ceiras que ocupavam o comando das entidades declasse para, assim, alcanar uma melhor compre-enso da estrutura e da dinmica das relaes declasse no pas. Posteriormente, na percepo dessasconexes empresariais foi importante o encontrocom algumas obras como a de Mintz e Schuartz(1985), em particular a anlise que realizam sobrea hegemonia financeira e o significado que assu-mem as redes interempresariais constitudas pelas

    chamadas diretorias cruzadas (interlocking directo-rates), chegando assim Anlise de Redes Sociais(ARS) tambm conhecida como anlise estrutural.

    Existe uma abundante literatura sobre ARSespecialmente na Europa e nos Estados Unidos,a qual nos ltimos anos passou a ter maior divul-gao no Brasil.1Esta literatura destaca o aspectointerdisciplinar e a possibilidade do uso desta me-todologia a partir de diferentes enfoques tericos. nesta perspectiva que situo minhas preocupaes

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    2/11

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    3/11

    ANLISE DE REDES SOCIAIS, CLASSES SOCIAIS E MARXISMO 187

    so do que seria a anlise de redes sociais e esta-beleceu uma primeira aproximao sistemtica aotema, preparando o terreno para futuras incurses.Preocupado em analisar a classe capitalista, espe-cialmente na Inglaterra, o autor indica as diversas

    possibilidades de redes formadas na rbita dos in-teresses do capital: aquelas constitudas atravs departicipao acionria, as redes comerciais, as redesde crdito e as redes pessoais, especialmente as di-retorias cruzadas, modalidade que mais estudadapela literatura.4

    Outro estmulo significativo para buscar umaaproximao maior anlise de redes sociais ocor-reu quando, ao analisar a composio das diretoriasdas diversas entidades de representao de classe noBrasil (cada segmento financeiro tem sua prpria

    entidade), constatei que alguns grupos ou conglo-merados financeiros participavam, de forma simul-tnea, em vrias entidades. Assim, a anlise da es-trutura e da dinmica de representao de classe nosetor financeiro brasileiro deveria levar em conta asconexes que se criam entre as diversas entidades apartir da presena comum de uma mesma institui-o financeira. Para isto era necessrio considerar aexistncia de conglomerado e grupo financeiro:5oprimeiro, entendido como o conjunto de empre-sas interligadas por controle de capital atuantes nosdiversossegmentos do setor financeiro; o segundo,grupo econmico ou financeiro, interpretado comoconjunto de empresas interligadas por controle decapital e que incluem tambm empresas do setorno financeiro.Outra pesquisa que abordou a situ-ao dos pequenos e mdios bancos, cuja repre-sentao de interesses formal se realiza atualmenteatravs da Associao Brasileira de Bancos (ABBC),constatou que muitos deles estavam integrados agrupos econmicos classificados entre os maiores

    do pas (Minella, 1993).A leitura de uma notcia publicada em jornalda grande imprensa talvez tenha sido o impulso de-finitivo para se considerar a possibilidade de utilizara metodologia de anlise de redes no estudo de al-guns aspectos sociopolticos do sistema financeiro.Conhecendo a atuao do Citibank nas associaesde classe do sistema financeiro no Brasil, a informa-o de que ele atuava na diretoria da Asociacin deBancos e Instituciones Financieras de Chileparecia

    iluminar como um raio um fenmeno que poderiaser bem mais amplo na Amrica Latina. Formuleiento a seguinte hiptese: no contexto da imple-mentao das polticas neoliberais no continente,que obedeceu a ritmos e intensidades diferentes em

    cada pas (Cruz, 2004), a desregulamentao e aabertura financeiras ampliaram a presena do ca-pital estrangeiro no setor, criando a possibilidadede que uma mesma instituio financeira atuasse de

    forma simultnea nas entidades de classe de diferentespases.Aquilo que havia sido constatado em relaoao Brasil, tambm poderia estar acontecendo emdimenso continental. Acreditei que seria neces-srio pesquisar esta possibilidade e pensar em suasimplicaes para o entendimento da estrutura e dadinmica da organizao e atuao de classe do se-

    tor financeiro.A partir do ano 2000, uma parte da minha

    pesquisa procurou uma resposta a essa questo e,para dar conta dela, adotei alguns procedimentosmetodolgicos: a) levantamento das associaes debancos e outras entidades de representao de classedo setor financeiro existentes na Amrica Latina; b)identificao da composio das diretorias (nome ecargo do empresrio, sua instituio financeira e aorigem do capital), ao mesmo tempo em que eramcoletadas informaes acerca do histrico das asso-ciaes e outros dados que possibilitassem ter umaideia, mesmo que diminuta, sobre a atuao delasem cada pas. Atravs dos sites das associaes, doenvio de questionrios, contatos telefnicos ou porcorreio eletrnico, foi possvel coletar dados con-siderando dois momentos. O primeiro, em 2000,incluiu dezenove associaesque representavam osbancos e as instituies financeiras privadas em tre-ze pasesda Amrica Latina, com um total de212cargos de direo (Minella, 2003). Mas foi apenas

    em 2006/2007, a partir de projeto de pesquisa de-senvolvido como programa de ps-doutorado noCenedic (Departamento de Sociologia da USP),6que efetivamente pude apreender os fundamentosbsicos da ARS e aplic-los em um novo estudosobre as organizaes de classe dos banqueiros na

    Amrica Latina, incluindo agora 229 membros dadiretoria de 24 associaes, em 17 pases (Minella,2007). A utilizao da metodologia e dos recursostecnolgicos desenvolvidos pelaARS7 permitiu

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    4/11

    188 REVISTA BRASILEIRA DE CINCIAS SOCIAIS - VOL. 28 N 83

    identificar o grau de centralidade das instituies fi-nanceiras (participao na diretoria das associaesde classe) e a conexo que se estabelece entre as as-sociaes por intermdio dessas instituies, cons-tituindo assim o que se denominou de rede tran-

    sassociativana estrutura de representao de classedo setor financeiro. Constatou-se a significativapresena de alguns bancos, especialmente estaduni-denses e europeus.8Alm do grau de centralidade ede outras medidas oferecidas pela ARS para analisaras conexes que se estabelecem na rede possvelsua visualizao atravs de sociogramas.9O signi-ficado dessas conexes foi examinado luz da lite-ratura internacional sobre o tema (Minella, 2007).

    Anlise de Redes Sociais: do que se trata?

    Como observam Molina e Schmidt (2006), aperspectiva da anlise de redes sociais constitui umespao nico para o qual confluem diversas disci-plinas e tradies intelectuais e rene autores e ins-tituies com interesses muito diversos.10Convm,portanto, deixar mais claro qual o conceito deredes sociais aqui utilizado, entre os variados usosque ele permite.

    Para apresent-lo de forma sinttica, sigo as in-dicaes de Marques (2000) e Molina e Schmidt(2006), que distinguem diferentes usos possveispara o conceito de redes sociais. O primeiro deles a utilizao de rede como metfora. Segundo Mar-ques, o uso mais antigo e disseminado, estandopresente em inmeros estudos que trabalham, svezes, de forma perifrica, com a ideia de que enti-dades, indivduos ou mesmo ideias esto de algumaforma conectados entre si (2000, pp. 31-32). Umsegundo uso tem aspecto normativo, determinan-

    do certas configuraes de um dado conjunto deentidades de maneira a alcanar certos objetivoscomo, por exemplo, a estruturao dos fluxos e ta-refas no interior de uma indstria (Idem, p. 32).Molina e Schmidt (2006) sugerem ainda que autilizao dos diagramas de redes em projetos departicipao e desenvolvimento local leva ao uso doconceito de rede social como interveno, median-te o diagnstico e a participao. O quarto uso doconceito de rede social o formal, ou seja, a ARS

    propriamente dita, que utiliza a contribuio dateoria dos grafos e a lgebra de matrizes. Nessa dire-o, a anlise de rede contribui para evidenciar re-laes e ordenaes no identificadas previamente.Constitui-se, assim, em uma metodologia especfica

    para o estudo das relaes sociais. Nesse sentido, nose trata mais de considerar as redes como metforada estruturao das entidades na sociedade, mastambm como mtodo para a descrio e a anlisedos padres de relao nela presentes (Marques,2000, p. 32). nessa perspectiva que utilizo o con-ceito na atual etapa da pesquisa. Por fim, Molina eSchmidt (2006) incluem ainda o uso do conceitode redes sociais como ponto de partida para avan-ar em teoria social.11

    A literatura sobre anlise de redes sociais des-

    taca o seu aspecto interdisciplinar e a possibilidadede seu uso a partir de diferentes enfoques tericos.Com esta perspectiva busca-se avaliar os alcancese os limites da metodologia para analisar as classessociais e a pertinncia de sua relao com a tradioterica marxista.

    ARS, classes sociais e marxismo

    A relao do enfoque de redes sociais (tambmchamada anlise estrutural) com a perspectiva mar-xista aparece referida em um conjunto de autores.Em artigo publicado em 1988, que se transformouem referencia na rea, Wellman observa que no es-tudo dos vnculos de dependncia existentes em sis-temas de Estados-nao e entre grupos de interessemacroestruturais, alguns pesquisadores tm em-pregado conceitos analticos estruturais, mas pou-co utilizado os mtodos de anlise de redes sociais(p. 30). Nesta linha, Wellman considera os estudos

    de dependncia internacionais, inter-regionais eintergrupal, incluindo os dependentistas (comoFrank) e os sistemas-mundo (Wallerstein).

    Quando se assume que a unidade de anlise um sistema-mundo e no o Estado ou a naoou o povo, como o faz Wallerstein, a preocupaocentral passa a ser com as caractersticas relacionaisdos Estados e menos suas caractersticas atributivas.Nessa perspectiva, as classes (e grupos de status) dei-xam de ser vistas como grupos dentro de um Esta-

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    5/11

    ANLISE DE REDES SOCIAIS, CLASSES SOCIAIS E MARXISMO 189

    do e passam a ser tratadas como grupos dentro deuma economia mundial (Wellman, 1988, p. 33).

    Segundo Wellman, estes trabalhos tm condu-zido outros analistas estruturais a considerar maisplenamente como que o poder sobre o acesso a

    recursos afeta as relaes, e a examinar os vnculosentre unidades de grande escala, como tambm en-tre pessoas, mas considera que o efeito recprocotem sido dbil. Seja por ignorncia, ou desagradopelo raciocnio matemtico, poucos economistaspolticos tm empregado as ferramentas analticasestruturais para examinar as relaes entre estados egrupos de interesse (Wellman, 1988, p. 30). Inspi-rado em Godelier (1978) e em TheInsurgent Socio-logist Journal (1979),12Wellman afirma que:

    O enfoque analtico estrutural promissor paraos estudos de corte marxista acerca de como asredes de poder-dependncia esto associadascom os modos de produo consistente como mandato feito por Marx de que as relaes declasse sejam analisadas em termos estruturaisantes que categoriais (1988, p. 30).

    Na avaliao deste autor, as tcnicas de elabo-rao de modelos de redes poderiam proporcionarferramentas teis para estudar os mecanismos decmbios estruturais a grande escala. Segundo ele,integrar as contribuies da anlise estrutural[...]com um trabalho histricosrio poderia melhorarnossa compreenso sobre tais cmbios (Idem, p.47, grifo meu). Ainda segundo Wellman, os ana-listas estruturais consideram que as afiliaes ca-tegoriais refletem relaes estruturais subjacentes,isto , diferenas baseadas nos tipos de recursoscom os quais eles se encontram vinculados (Idem,pp. 32-33). Nessa perspectiva, no tratam a classe

    social como um conjunto de status, ocupado pormembros de uma populao, mas como uma sn-tese para as relaes econmicas de poder e depen-dncia (Idem, p. 33).

    A relao entre a anlise de redes sociais e a tra-dio de pensamento marxista referida tambmpor Emirbayer (1997). Em seu artigo Manifestofor a relational sociology, ele observa que Marx seinscreve em uma linha analtica relacional e destacaainda a concepo de Marx, segundo o qual, o ca-

    pital no uma coisa, mas uma relao socialentrepessoas, mediada pelas coisas. Para Marx o capital uma relao social de produo, uma relao hist-rica de produo (1979a, p. 957, grifos no original).

    Alm disso, necessrio considerar a anlise

    que Marx realiza em torno do fetichismo da mer-cadoria (O capital, cap. 1) e o ocultamento dasrelaes que ele encerra. As relaes entre os pro-dutores, nas quais se fazem efetivas as determina-es sociais de seus trabalhos, assumem a forma deuma relao social entre os produtos do trabalho(Marx, 1979, p. 88). Os homens relacionam entresi seus diversos trabalhos como trabalho humano,por quanto relacionam entre si seus produtos comovalores. A relao pessoal est oculta pela formamaterial (1979a, pp. 1009-1010). A relao social

    determinada entre os homens aparece como umarelao entre coisas, uma forma fantasmagrica queMarx chama defetichismo.

    De acordo com esse ponto de vista, o carterfetichista do mundo das mercadorias oculta assimas relaes sociais sobre as quais est fundada a pr-pria existncia dessas mercadorias. Sugiro, ento,que rastrear essas relaes ocultas pode ser um ca-minho profcuo para entender as particularidadesdessas relaes e desvelar sua dimenso fantasmag-rica, e que a anlise de redes sociais pode ser extre-mamente til neste procedimento.

    Na avaliao de Pizarro, um autor que reneem sua trajetria de pesquisa a tradio marxistacom a anlise de redes sociais, a identificao daexplorao como a relao que fundamenta a di-ferena entre as classes sociais necessita avanarem termos conceituais para anlises mais fecundasdas posies sociais, objetivadas por suas relaesmtuas nos processos de transformao e circula-o dos produtos sociais. E o caminho para isto se

    encontra na interseco do marxismo e a moder-na sociologia algbrica, desenvolvida para a anlisedas redes sociais (1998, p. 337). No entendimentodesse autor,

    [] importa destacar que a perspectiva reticu-lar [Anlise de Redes Sociais] e os mtodos etcnicas de pesquisa que lhe so prprios es-to contribuindo para uma reconsiderao dequestes de maior amplitude e relevncia para

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    6/11

    190 REVISTA BRASILEIRA DE CINCIAS SOCIAIS - VOL. 28 N 83

    a grande tradio sociolgica: a estrutura daselites, a funo do Estado na integrao social,os mecanismos de diferenciao das elites nasestruturas de classe, a natureza e funo daburocracia no sentido weberiano do termo e,

    alm disso, a interao dialtica entre as estru-turas de classe e as formas de racionalizaoou de institucionalizao da dinmica dessasestruturas (Idem, p. 377).

    Ainda segundo Pizarro, a anlise de redes so-ciais particularmente importante para o estudo dasrelaes intraclasse, como aquelas existentes entre ostrabalhadores assalariados ou entre os empresrios.

    Para a perspectiva reticular [] a estrutura

    das relaes internas das classes ou fraes declasse o objeto privilegiado de estudo. Umpostulado comum, embora s vezes impltico,das aproximaes reticulares , precisamente,que a exigncia mesma de uma estrutura inter-na constitui o principal fator que determina aformao de uma comunidade de interesse ou,se prefirir, os procesos de coalizo de atores ea origem dos sujeitos coletivos na ao social(Idem, p. 364).

    Como mencionado, um campo particularde aplicao da anlise de redes sociais tem sidoa composio das diretorias e conselhos adminis-trativos das corporaes tanto nos Estados Unidoscomo na Europa. Em termos gerais, o resultadodessas pesquisas oferece importantes contribui-es para o entendimento das conexes que seestabelecem entre as corporaes e da formaode uma elite empresarial e seu possvel papel nacirculao de informaes e na articulao dos in-

    teresses capitalistas.Alguns autores sinalizam para a necessidade dedesenvolver pesquisas que levem em consideraoa relao entre espao, classe social e redes sociais.Referindo-se classe trabalhadora, sugerem aban-donar uma viso homognea e delimitada local-mente dessa classe e ver como a formao de classedepende de uma articulao particular entre o locale o no local por tipos especficos de redes espaciaise sociais (Blokland e Savage, 2001).13

    A anlise de redes sociais, como aqui est sendoconsiderada, pode tambm oferecer um caminhoemprico promissor para revelar de forma mais cla-ra a estrutura relacional na constituio e na manu-teno de um bloco no poder, conceito desen-

    volvido por Nicos Poulantzas para pensar a classeburguesa como a unidade (classe social) do diverso(fraes de classe) nas suas relaes com o Estado ecom o restante da sociedade (Boito, 2007, p. 58).

    A anlise do bloco no poder para a realidade brasi-leira, como proposto por Boito, sugere uma con-figurao complexa de relaes e vnculos sociais,polticos e econmicos, entre as prprias fraes declasse e delas com o Estado que, segundo avalio,podem ser estudadas e visualizadas com os recur-sos oferecidos pela anlise de redes sociais. Nesta

    mesma direo poderia ser contemplada a cons-tituio de uma nova classe social, como sugereOliveira (2003) para o caso brasileiro recente.14

    Consideraes finais

    A declarao do banqueiro, mencionada noincio deste trabalho, revela as conexes existentesentre dois aspectos dinmicos que, de alguma for-ma, so fundamentais para ao desenvolvida peloempresrio: por um lado, o relacionamento comos trabalhadores assalariados do setor no caso, osbancrios ; por outro, sua relao com o Estado eo governo em turno. Nesta se revela um tipo parti-cular de relao, caracterstico de uma rede de co-nexes que havia se firmado no perodo preliminarao golpe de Estado de 1964. De alguma forma, arede de relaes especfica deste empresrio, naque-la conjuntura, tornou-se um elemento de particularimportncia na definio e nos rumos que a pr-

    pria relao de classe assumiu no Brasil. Em outrostermos, a configurao das redes que se estabelecemno seio das classes sociais pode matizar e redefiniraspectos da prpria relao de classe social.

    A capacidade real ou potencial de mobilizaode uma rede em favor dos interesses especficos declasse ou de uma frao de classe ou de um blo-co no poder adquire capital importncia em de-terminadas conjunturas. Entendo que isto tem aomenos duas implicaes: a primeira, para os pr-

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    7/11

    ANLISE DE REDES SOCIAIS, CLASSES SOCIAIS E MARXISMO 191

    prios atores envolvidos na relao de classe e suapotencialidade de ao; a segunda, na percepo eno conhecimento mtuo que cada um dos atoresenvolvidos indivduos, ou grupos de uma classe tm sobre as redes de relaes do outro, e das con-

    sequncias disso para a prpria ao. Compreendo,nesse sentido, que a anlise de redes sociais podeconstituir-se no apenas em uma metodologia paraa pesquisa, mas em instrumento de interveno po-ltica. Como exemplo ilustrativo: o Grupo BancoMundial utiliza esta metodologia para coletar da-dos das populaes que so objeto de suas polti-cas de financiamento, consciente de que o melhorconhecimento das reais relaes que se estabelecemnas comunidades fundamental para a implanta-o dessas polticas.

    Os empresrios inseridos no processo polticoe na representao de classe (atuao nas associa-es e sindicatos) inscrevem sua ao em uma redeespecfica de relaes econmicas (empresas, gru-pos econmicos), polticas (vnculos partidrios,financiamento de campanhas, postos legislativos),estatais (conexes e participao na burocracia e noalto escalo dos rgos de deciso do Estado), orga-nizaes poltico-ideolgicas e centros de pesquisae formulao de polticas (como os Institutos Li-berais, espaos acadmicos especficos etc.), meiosde comunicao social, organizaes militares eparamilitares, ONGs, organizaes religiosas, e as-sim por diante. Considero que a Anlise de RedesSociais, que enfatiza as redes concretas de relaessociais que ao mesmo tempo incorporam e trans-cendem organizaes e instituies convencionais(Mizruchi, 2006, p. 73), um instrumento meto-dolgico com enorme potencial para a anlise doconjunto dessas relaes empresariais capitalistas,sua configurao estrutural intraclasse e tambm

    para as prprias relaes de classe.As relaes de classe no se realizam num sis-tema lgico-abstrato, inferido a partir das posiesestruturais atributivas agregadas em alto grau deabstrao. Ela se constitui e se formaliza por um con-

    junto amplo de relaes, formalizadas/instituciona-lizadas ou no. So inmeros os espaos relacionaise eventos constitudos pelas classes dominantes paracooptar/neutralizar as classes dominadas, na buscapermanente da dominao ou do exerccio hegem-

    nico. Talvez o alcance delas seja maior do que supo-mos, por isso mesmo julgo necessria a realizao depesquisas mais claras e profundas sobre como elas seestabelecem e se mantm e qual seu resultado sociale poltico. Minha hiptese de que a metodologia

    de anlise de redes sociais pode oferecer uma contri-buio valiosa nesse sentido.

    Em suma, a reviso bibliogrfica e as observa-es e concluses das pesquisas empricas prpriassobre os banqueiros no Brasil e na Amrica Lati-na levam-me a considerar que existe um caminhopromissor na vinculao entre a anlise ancoradano marxismo e a anlise de redes sociais, conce-bida especialmente como uma metodologia parao exame de dados relacionais, tradio to cara concepo marxista.

    Notas

    1 So referncias autores como Marques (2000, 2003,2010), Lazzarini (2011), Lavalle et al. (2007), umaedio especial da RAE Revista de Administrao deEmpresas, Frum Redes Sociais e Interorganizacio-nais, So Paulo, 46 (3), 2006. Alm de coletneas pu-blicadas, vrias dissertaes e teses foram produzidasrecentemente utilizando a ARS. No XV Congresso

    Brasileiro de Sociologia realizado em Curitiba em2011, o GT29 Sociologia Econmica incluiu v-rios trabalhos na rea (disponvel em ).ARS foi o tema de GT do XI Congresso Luso-Afro--Brasileiro de Cincias Sociais (Conlab) realizadoem Salvador em agosto de 2011 (anais disponveisem ).

    2 A entrevista ocorreu no Rio de Janeiro, por ocasiode pesquisa para minha tese de doutorado, publicada

    em 1988 (Banqueiros: organizao e poder poltico noBrasil).

    3 Trata-se do complexo formado pelo Instituto de Pes-quisas e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileirode Ao Democrtica (IBAD) (cf. Dreifuss, 1981).

    4 Para citar apenas alguns exemplos: Scott (1997), Mi-zruchi (1996), Carbonai e Bartolomeo (2009). Paraum estudo recente, mas com foco nas redes de par-ticipao acionria das empresas multinacionais, verVitali et al. (2011).

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    8/11

    192 REVISTA BRASILEIRA DE CINCIAS SOCIAIS - VOL. 28 N 83

    5 Para um estudo dessa questo, ver Minella (2005 e2005a).

    6 Incluindo um estgio na Espanha onde foi possvelestabelecer contato com especialistas em ARS na Uni-versidad Autnoma de Barcelona e na Universidad

    Complutense de Madrid.7 Os softwares utilizados foram o Ucinet 6 (desenvolvi-do por Steve Borgatti, Martin Everett e Lin Freeman)e o NetDraw (para produo dos sociogramas).

    8 O Citibank participava simultaneamente de treze as-sociaes de classe em sete pases, e os espanhis San-tander e Bilbao Vizcaya, de sete associaes em igualnmero de pases.

    9 Uma importante anlise sobre a visualizao das redesse encontra em Brandes et al. (2005).

    10 Alm da International Network for Social Network

    Analysis (INSNA), uma associao profissional cons-tituda em 1978 que rene pesquisadores da rea erealiza conferncia anual desde 1979, existem publi-caes especializadas em ARS como a Social Networks(desde 1979), Connections (boletim oficial da INS-NA), Journal of Social Structure (revista eletrnica)e REDES Revista Hispana para el Anlisis de RedesSociales. Entre os softwares disponveis para ARS en-contram-se Ucinet 6, Pajek, Structure, Gradap, Kra-ckplot, Siena e Visione. Nesta perspectiva existe umlongo caminho a percorrer, e a discusso no dis-sociada da anlise de redes sociais enquanto mtodo.

    Alguns textos apresentam sistematizao e aprofun-damento no debate desta questo, tais como Lozares(1996, 2005), Pizarro (1998, 2004), Uliana (2002),Emirbayer (1997), Wellman (1988), Degenne e For-s (2004), Spinoza (2005), Mizruchi (2006). Incluoaqui os textos de Granovetter (1973, 1982 e 1985)que se tornaram referncias clssicas na rea.

    11 Nesta perspectiva existe um longo caminho a per-correr, e a discusso no dissociada da anlise deredes sociais enquanto mtodo. Alguns textos apre-sentam sistematizao e aprofundamento no debatedesta questo, tais como Lozares (1996, 2005), Pizar-ro (1998, 2004), Uliana (2002), Emirbayer (1997),Wellman (1988), Degenne e Fors (2004), Spinoza(2005), Mizruchi (2006). Incluo aqui os textos deGranovetter (1973, 1982 e 1985) que se tornaramreferncias clssicas na rea.

    12 Cf. o texto de Maurice Godelier (1978) e The Insur-gent Sociologist Journal, edio especial sobre Mar-xism and Structuralism, 9 (1), 1979.

    13 Outras indicaes que sinalizam para esta discusso da

    relao classe social e redes sociais podem ser encontra-

    das em autores como Collyer (2003), Diane e McAdam

    (2003), Friedland e Palmer (1994), Overbeek (2000),

    Scott (2002).

    14 Esta nova classe social formou-se no consenso ideo-lgico sobre a nova funo do Estado, trabalha no in-

    terior dos controles de fundos estatais e semiestatais eest no lugar que faz a ponte com o sistema financei-ro (Oliveira, 2003, p. 148).

    BIBLIOGRAFIA

    BLOKLAND, Talja & SAVAGE, Mike. (2001),Networks, class and place. International

    Journal of Urban and Regional Research, 25 (2):221-226.

    BOITO JR., Armando. (2007), Estado e burgue-sia no capitalismo neoliberal. Rev. Sociol. Po-lit., 28, jun. Disponvel em .

    BRANDES, Ulrik et al. (2005), La explicacin atravs de la visualizacin de redes. REDESRevista Hispana para el Anlisis de Redes Socia-les, 9 (6), dez. Disponvel em .

    CARBONAI, Davide. (2011), Os adminis-

    tradores em comum: uma anlise compa-rada dos capitalismos europeus em rede.Trabalho apresentado no XV Congres-so Brasileiro de Sociologia, Curitiba, julhode 2011. Anais eletrnicos disponveis em h t t p : / /www.sbsociologia.com.br/portal/index.php?opt ion=com_docman&task=cat_view&gid=178&Itemid=171.

    CARBONAI, Davide & BARTOLOMEO, Gio-vanni Di. (2009), Interlocking directorates asa trust substitute: the italian non-life insuranceindustry. Trabalho apresentado no 1st NPR(Networks, power and relations) Workshop,Milan, 16-17 september. Centro di ricerca sul-le Scienze Cognitive e la Comunicazione.

    CARROL, William K. & CARSON, Colin.(2003), The network of global corporations

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    9/11

    ANLISE DE REDES SOCIAIS, CLASSES SOCIAIS E MARXISMO 193

    and elite policy groups: a structure for trans-national capitalist class formation. Global Ne-tworks, 3 (1): 29-57.

    COLLYER, Fran M. (2003), Theorising privatisa-tion: policy, network analysis, and class. Eletro-

    nic Journal of Sociology. Disponvel em , consultado em 2 dez. 2005.

    CRUZ, Sebastio C. Velasco. (2004), Argumentossobre as reformas para o mercado nos pasesem desenvolvimento, in , Globa-lizao, democracia e ordem internacional: en-saios de teoria e histria, Campinas/So Paulo,Editora da Unicamp/Editora da Unesp, pp.91-115.

    DEGENNE, Alain & FORS, Michel. (2004), Les

    rseaux sociaux.2. ed. Paris, Armand Colin.DIANE, Mario & McADAM, Doug. (2003), So-

    cial movements and networks: relational appro-aches to collective action. Oxford, Oxford Uni-versity Press.

    DREIFUSS, Ren. (1981), 1964 A conquista doEstado: ao poltica, poder e golpe de Estado. 3.ed. Petrpolis, Vozes.

    EMYRBAYER, Mustafa. (1997), Manifesto for arelational sociology.American Journal of Socio-logy, 103 (2): 281-317. Disponvel em , consultado em 14/4/2007.

    ESPINOZA, Vicente. (2005), Genealogia de losusos actuales del anlisis de redes en Latino-amrica, inJos I. Porras e Vicente Espino-sa (orgs.), Redes: enfoques y aplicaciones del

    Anlisis de Redes Sociales (ARS). Santiago doChile, Editorial Universidad Bolivariana, pp.15-65.

    FRIEDLAND, R. & PALMER, D. (1994), Spa-

    ce, corporation and class: toward a groundedtheory, inR. Friedland & D. Boden (orgs.),Now Here: space, time and modernity. Berkeley,University of California Press.

    GODELIER, Maurice. (1978), Infrastructures,societies and history. Current Anthropology,19 (4): 763-768.

    GRANOVETTER, Mark. (1973), The strenghtof weak ties.American Journal of Sociology, 78(6): 1360-1380.

    . (1982), The strength of weak ties: anetwork theory revisited, inPeter V. Marsdene Nan Lin (eds.), Social structure and networkanalysis. Beverly Hills, Sage, pp. 105-130.

    . (1985), Economic action and social

    structure: the problem of embeddedness.American Journal of Sociology, 91 (3): 481-510.LAVALLE, Adrian Gurza; CASTELLO, Graziela

    & BICHIR, Renata Mirandola. (2007), Pro-tagonistas na sociedade civil: redes e centrali-dades de organizaes civis em So Paulo. Da-dos, 50 (3): 465-498.

    LAZZARINI, Srgio G. (2011), Capitalismo de la-os: os donos do Brasil e suas conexes. Rio de

    Janeiro, Elsevier.LOZARES, Carlos. (1996), La teoria de redes

    sociales. Papers, 48. Disponvel em , con-sultado em 15/2/2006.

    . (2005), Bases metodolgicas para elAnlisis de Redes Sociales, ARS. EmpiriaRevista de Metodologa de Ciencias Sociales, 10:9-35.

    MARQUES, Eduardo Cesar. (2000), Estado e re-des sociais: permeabilidade e coeso nas polticasurbanas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro/SoPaulo, Revan/Fapesp.

    . (2003), Redes sociais, instituies e ato-res polticos no governo da cidade de So Paulo.So Paulo, Annablume.

    . (2010), Redes sociais, segregao e po-breza em So Paulo. So Paulo, Editora daUnesp/Centro de Estudos da Metrpole.

    MARX, Karl. (1979), El Capital. Tomo 1, vol. 1:Critica de la Economia Poltica. Traduo dePedro Scaron. 8. ed. Mxico, Siglo XXI.

    . (1979A), El Capital. Tomo 1, vol. 3:

    Critica de la Economia Poltica. Traduo dePedro Scaron 5. ed. Mxico, Siglo XXI.MINELLA, Ary C. (1988), Banqueiros: organiza-

    o e poder poltico no Brasil. Rio de Janeiro,Espao e Tempo/Anpocs.

    . (1993), Empresariado financeiro: orga-nizao e posicionamento no incio da dcada de90, inEli Diniz (org.), Empresrios e moderniza-o econmica: Brasil anos 90. Florianpolis/SoPaulo, Editora da UFSC/Idacon, pp. 69-111.

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    10/11

    194 REVISTA BRASILEIRA DE CINCIAS SOCIAIS - VOL. 28 N 83

    . (2003), Globalizao financeira e asassociaes de bancos na Amrica Latina. Civi-tas Revista de Cincias Sociais, 3 (2): 245-272.

    . (2005), Grupos financeiros e associa-es de classe do sistema financeiro, inSonia

    Regina Mendona (org.), O Estado brasileiro:agncias e agentes. Niteri, EdUFF/Vcio deLeitura, pp. 159-178.

    . (2005A), Reestruturao do sistemafinanceiro brasileiro e a representao de clas-se do empresariado 1994-2004, inDeniseGros, Ignacio G. Delgado, Paola Capellin eOtvio Dulci (orgs), Empresas e grupos empre-sariais: atores sociais em transformao. Juiz deFora, Editora UFJF, pp. 255-277.

    . (2007), Representao de classe do

    empresariado financeiro na Amrica Latina: arede transassociativa no ano 2006.Rev. Sociol.Polit., 28: 31-56. Disponvel em .

    MINTZ, B. & SCHWARTZ, M. (1985), Thepower structure of American business. Chicago,University of Chicago Press.

    MIZRUCHI, Mark S. (1996), What do interlo-cks do? An analysis, critique, and assessment ofresearch on interlocking directorates.AnnualReview of Sociology, 22: 271-298.

    . (2006), Anlise de redes sociais:avanos recentes e controvrsias atuais. RAE Revista de Administrao de Empresas, 46(3): 72-86.

    MOLINA, Jos Luis & SCHMIDT, Samuel.(2003), El Anlisis de redes sociales en His-pano Amrica: presente y futuro. XXIII Con-ferencia Internacional de Anlisis de RedesSociales en Cancn (Mxico). Disponvel em, consulta-do em 17/7/2006.OLIVEIRA, Francisco de. (2003), O ornitorrinco,

    in , Crtica razo dualista. O orni-torrinco, So Paulo, Boitempo, pp. 121-150.

    OVERBEEK, H. (2000), Transnational histori-cal materialism: theories of transnational classformation and world order, inR. Palan (ed.),Global political economy: contemporary theories,Londres, Routledge, pp. 168-183.

    PIZARRO, Narciso. (1998),Tratado de metodologade las ciencias sociales. Madri, Siglo Veintiuno.

    . (2004), Un nuevo enfoque sobrela equivalencia estructural: lugares y redes delugares como herramientas para la teora so-

    ciolgica. REDES Revista Hispana para elAnlisis de Redes Sociales, 5 (2). Disponvel em, consultadoem 11/10/2005.

    . (2005), Solidaridad estructural y co-hesin en las elites del poder en la transicinespaola: Estado y economa. Trabalho apre-sentado no IV Seminario Internacional, Culia-cn, Sinaloa, Mxico, 30 jun.

    RAE REVISTA DE ADMINISTRAO DE EM-PRESAS. (2006), Frum Redes Sociais e In-

    terorganizacionais, So Paulo, 46 (3): 10-86.SCOTT, John. (1988), Social network analysis and

    intercorporate relations. Hitotsubashi Journal ofCommerce and Management, 23: 53-68.

    . (1997), Corporate business and capita-list classes. Nova York, Oxford University Press.

    . (2002), Social class and stratifica-tion.Acta Sociologica, 45 (1). Disponvel em, consultado em 4/4/2006.

    . (2005), Social network analysis: a han-dbook. 2. ed. Londres, Sage Publications.

    SWEDBERG, Richard. (1990), International fi-nancial networks and institutions. Current So-ciology, 38 (2/3): 259-325.

    ULIANA, Hernan A. (2002), Network anlisise historiografia: moda o desafio? Una lecturaposible desde el punto de vista de las relacio-nes entre epistemologa y poltica. Prohistoria,6 (6): 273-292.

    VITALI, Stefania; GLATTFELDER, James B.

    & BATTISTON, Stefano. (2011), The ne-twork of global corporate control. Dispo-nvel em .

    WELLMAN, Barry & BERKOWITZ, S. D. (eds.),Social structure: a network approach. Cambrid-ge, Cambridge University Press, pp. 19-61.

  • 7/24/2019 Anlise de Redes Sociais, Classes Sociais e Marxismo - Ary Cesar Minella

    11/11

    242 REVISTA BRASILEIRA DE CINCIAS SOCIAIS - VOL. 28 N 83

    ANLISE DE REDES SOCIAIS,CLASSES SOCIAIS E MARXISMO

    Ary Cesar Minella

    Palavras-chave:Anlise de redes sociais;Classes sociais; Marxismo; Anlise estru-tural; Banqueiros na Amrica Latina.

    A perspectiva da Anlise de Redes So-ciais, tambm conhecida como anliseestrutural, constitui atualmente um es-pao para o qual confluem vrias disci-plinas e tradies intelectuais com dife-rentes enfoques tericos e rene autorese instituies com interesses muito di-versos. Avaliada como uma metodolo-gia especfica para o estudo das relaessociais, este trabalho examina os alcan-

    ces e os limites desta perspectiva paraanalisar as classes sociais e a pertinnciade sua relao com a tradio tericamarxista. A partir de reviso bibliogr-fica e dos resultados de pesquisas em-pricas prprias sobre os banqueiros na

    Amrica Latina, considera-se que existeum caminho promissor na relao entrea anlise ancorada no marxismo e o en-foque de redes sociais, concebida espe-cialmente como uma metodologia para oexame de dados relacionais, tradio tocara concepo marxista.

    ANALYSE DES RSEAUXSOCIAUX, CLASSES SOCIALES ETMARXISME

    Ary Cesar Minella

    Mots-cls: Analyse des rseaux sociaux;Classes sociales; Marxisme; Analyse struc-turelle; Banquiers en Amrique latine.

    La perspective de lanalyse de rseauxsociaux, connue galement comme ana-lyse structurelle, constitue actuellementun espace vers lequel confluent plusieursdisciplines et traditions intellectuellesavec diffrentes approches thoriqueset runissant des auteurs et des institu-tions avec des intrts trs divers. valucomme une mthodologie spcifiquepour ltude des relations sociales, ce

    travail examine la porte et les limites decette perspective pour analyser les classessociales et la pertinence de sa relationavec la tradition thorique marxiste. partir dune rvision bibliographique etdes rsultats de recherches empiriquespropres sur les banquiers en Amriquelatine, nous avons considr quil existeune voie prometteuse dans la relationentre lanalyse ancre sur le marxisme etlapproche des rseaux sociaux, conuespcialement comme une mthodologiepour lexamen de donnes relationnelles,

    tradition chre la conception marxiste.

    SOCIAL NETWORK ANALYSIS,SOCIAL CLASSES AND MARXISM

    Ary Cesar Minella

    Keywords: Social network analysis; So-cial classes; Marxism; Structural analysis;Bank owners in Latin America.

    The perspective of the Analysis of SocialNetworks, also known as structural anal-ysis, is nowadays a space to which vari-ous disciplines and intellectual traditionsconverge, with different theoretical ap-proaches, bringing together authors andinstitutions with much diversified inter-ests. Considered as a specific methodol-ogy for the study of social relations, thepaper examines its scope and limits for

    the analysis of social classes as well as thepertinence of its relation with the Marx-ist theory. With base on a bibliographicrevision and using results of his own em-pirical researches on bank executives inLatin America, the author argues in favorof a promising path in the relation be-tween the analysis based on the Marxismand the approach of the social networks,especially conceived as a methodologyfor examining relational data, a traditionso valued by the Marxist concepti0on.