Apontamentos Anatomofisiologia 1-115

115
1 Anatomofisiologia Capítulo I Generalidades © E. Fortes / Out. 2006 Autor: Edgard Fortes (Prof. Adjunto I.P.L. /Esc. Sup. Dança) Outubro 2006 Exclusivamente para uso interno ESD/IPL Apontamentos Anatomofisiologia

Transcript of Apontamentos Anatomofisiologia 1-115

  • 1Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Autor: Edgard Fortes (Prof. Adjunto I.P.L. /Esc. Sup. Dana)

    Outubro 2006

    Exclusivamente para uso interno ESD/IPL

    Apontamentos

    Anatomofisiologia

  • 2 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Captulo I Generalidades

  • 3Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Na Dana existe uma disperso terminolgi-ca, provocada por vrias ordens de factores:

    - A Teoria da Dana constitui-se por dadoscolhidos em domnios cientficos muito variados, pluridisciplinar.

    - A origem diferenciada do conhecimento daDana, na sua historicidade diacrnica.

    - A dependncia bastante marcada de refe-rncias bibliogrficas estrangeiras, muitas vezesainda sem correspondncia exacta na Lngua Por-tuguesa.

    Assiste-se actualmente a uma convergnciade pontos de vista, nos diferentes pases quepossibilitam a constituio de um lxico comumque termina um longo perodo de dispersoterminolgica, a que por vezes tambmcorrespondiam a modelos conceptuais distintos.

    Os termos mais comuns, e que interessaprecisar so: Anlise de Movimentos,Biomecnica e Cinesiologia; havendo ainda ou-tros como Antropomecnica, Biocinesiologia,Quinantropologia , Biodinmica ou CinesiologiaMecnica.

    Anlise de Movimentos (AM) um termogenrico, utilizado por vezes com o mesmo signi-ficado de Biomecnica (BM). Encontram-se tam-bm muitas referncias AM, como sendo oestudo do Movimento Humano e no do compor-tamento motor. O termo Biomecnica utilizadode preferncia no mbito da investigao.

    Cinesiologia um termo utilizada na litera-tura e na formao (pedaggica) nas Universi-dades Norte Americanas e Canadianas(Kinesiology), e engloba o que na Europa sedesigna por Anlise de movimentos ou porBiomecnica.

    A "American Association for Health, PhisicalEducation and Recreation" define-a do seguintemodo:

    "Cincia do movimento corporal que estudao movimento Humano determinado pelos mscu-los esquelticos e as suas interdependncias como sistema nervoso".

    Partindo da anlise descritiva, estuda-se aconduta motora segundo dados oriundos de outrasCincias como a Anatomia, a Gentica, a Fisiolo-gia, a Fsica, a Qumica etc.

    Cinesiologia, traduz uma perspectiva maisvasta quanto aos parmetros do estudo do movi-mento, no englobando a investigao cientfica,mas somente a investigao de sentido formativo.

    Anlise de Movimentos tambm um con-ceito bastante vago, e reporta-se apenas dimen-so anatomo-mecnica.

    Biomecnica, e como acima j foi dito refe-re-se a anlises de grande preciso, necessitandopara o seu estudo material extremamente sofisti-ficado. Por essa razo estudada nas Universi-dades que abordam o tema da Motricidade Huma-na.

    Pelo exposto podemos tirar a seguinte con-cluso:

    A Anlise de movimentos, a Cinesiologia ea Biomecnica so trs formas diferentes, confor-me os pases e as pocas, de designar a mesmarea de estudo da Motricidade Humana. Distin-guindo-se pela maior ou menor importncia que dada formao ou investigao.

    A introduo da cadeira de Anatomia Apli-cada Dana na ESD uma tentativa de sistema-tizao de conhecimentos de vrias origens tendocomo objectivo final a melhoria dos conhecimen-tos adquiridos pelos seus Estudantes.

    A Dana, o Movimento e a Questo Terminolgica

  • 4 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Importncia do Estudo doMovimento Humano e oseu Grande Desenvolvi-

    mento

    O estudo do movimento do Homem e doAnimal foi inicialmente devido ao interesse emdescobrir os processos que o determinam. Actual-mente o estudo da Motricidade Humana centra-se nas exigncias de rendimento imediato impos-tas pela Ergonomia (gesto profissional altamenteespecializado), actividades fsicas em geral e deforma particular a Dana (gesto tcnico altamen-te especializado).

    de realar tambm a importncia dada perspectiva Cinesiolgica no domnio da Recupe-rao/Readaptao/Reabilitao, no que respeita anlise das deficincias funcionais e aos proces-sos para o seu tratamento, e na concepo deaparelhagem.

    Diferentes especialistas concentraram a suaateno sobre estes sectores bem localizados comoa Segurana Rodoviria, Astronutica, Medicinado Trabalho, Ortopedia, Medicina Fsica e at nasArtes Plsticas.

    Quanto s razes operacionais que justifi-cam o seu grande desenvolvimento recente, osautores e investigadores so unnimes em referir:

    - O grande acrscimo das actividades deinvestigao cientfica,

    - O aperfeioamento dos meios tcnicos deanlise,

    - O interesse das estruturas responsveis(Universitrias e outras),

    - O aumento de intercmbio internacional(conferncias, congressos e seminrios).

    Alguns dados histricossobre o estudo do Movi-

    mento Humano

    Desde sempre que grandes Homens da Cin-cia se ocuparam da compreenso do movimentoHumano, legando-nos descobertas que passaramdesapercebidas na altura e que hoje assumemparticular importncia. Referem-se entre outros:

    Aristteles (384/322 A.C.) Analisou edescreveu a marcha, definindo-a como um movi-mento de translao.

    Arquimedes (287/212 A.C.) Descobriu osprincpios da Hidroesttica, ainda hoje admitidosno estudo de problemas postos pela anlise demovimentos em natao.

    Galeno (131/202) Estabeleceu a diferenaentre os msculos agonistas e antagonistas; fezuma referncia, embora descritiva, ao Tnus.

    Leonardo Da Vinci (1452/1519) Deu umacontribuio decisiva ao conhecimento da rela-o entre a estrutura do Corpo Humano e osmovimentos e ainda entre o centro de gravidade eo equilbrio.

    De Borelli (1608/1679) Foi o percursor daBiomecnica moderna, a ponto de um autor actu-al (Steidler) o ter apelidado de o Pai daBiomecnica moderna, a ele se deve a interpre-tao dos ossos como elementos dum sistemas dealavancas; a distino entre contraco Fsica eTnica; e as relaes entre a fisiologia muscular edeter minados princpios mecnicos.

    Brawn e Fischer (1831/1917) Fizeram osmais clebres estudos sobre o centro de gravi-dade, massas e momentos de inrcia dos diferen-tes segmentos corporais.

    Amar (1879/1965) Publicou uma obrafundamental sobre a mecnica corporal -TheHuman Motor- aplicado anlise dos movimen-tos no trabalho industrial.

    Mais recentemente so de considerar os traba-lhos de Steidler, Fenn, Schwartz, Morton, Scott emuito particularmente Bernstein, autor cujo tra-balho traduz de forma mais consistente a Cinesio-logia moderna de tendncia integrada.

  • 5Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Dependncia da AnatomiaAplicada Dana em Rela-

    o a Outras Cincias

    Como sabido, o objecto de estudo da Ana-tomia Aplicada Dana (AAD), o corpo Huma-no e em especial, o corpo do bailarino enquanto"mquina viva". Para tal, vamo-nos socorrer doestudo de vrias cincias, uma das quais a Anato-mia com as suas diferentes especializaes.

    A Anatomia a cincia que estuda a estru-tura e a forma dos corpos ou seres organizados,compreendendo vrias seces, e entre as quais:

    Anatomia Descritiva - Estuda os rgos eaparelhos que constituem o corpo Humano.

    Anatomia Microscpica - Estuda a estru-tura microscpica das diferentes clulas, tecidose rgos.

    Anatomia do Desenvolvimento - Trata daEmbriologia (desde a formao do embrio at aodesenvolvimento dos rgos embrionrios no te-ro) e da Anatomia das Idades (desde o nascimentoat ao estado adulto).

    Anatomia Artstica - a Anatomia dasformas exteriores, indispensvel ao escultor aopintor e claro que, ao bailarino/coregrafo.

    Anatomia Radiolgica - Permite estudarestruturas, em virtude da diferente opacidade emrelao aos raios X.

    Podemos ainda subdividir a Anatomia Des-critiva em vrias outras pores:

    Osteologia - Estudo dos OssosArtrologia - Estudo das ArticulaesMiologia - Estudo dos MsculosAngiologia - Estudo do Corao e VasosNeuro-Anatomia - Estudo do Sistema Nervoso centrale PerifricoEstesiologia - Estudo dos rgos dos SentidosEsplancnologia - Estudo dos rgos

    Por outro lado, tambm feita uma subdivi-so no estudo da Anatomia Microscpica:

    Citologia - Estudo da Clula

    Histologia - Estudo dos Tecidos

    Referenciais de Estudo

    Para ser feita a anlise Cinesiolgica de umindivduo vamos ter que considerar a existnciade referenciais de estudo, que vo ser: a PosioAnatmica (ortoesttica ou de supinao verti-cal), Planos Descritivos ou de referncia e aRelatividade da Posio Pontual.

    Posio Anatmica

    Indivduo, olhando de frente para o observa-dor, de p, direito, calcanhares unidos, membrossuperiores pendentes ao longo do corpo, com apalma da mo virada para a frente e os dedosestendidos e unidos, com o polegar do lado exter-no e a cabea sem qualquer inclinao.

    Planos Descritivos

    Plano Sagital Mediano, Plano Frontal Verti-cal e Plano Horizontal (Fig. 1).

  • 6 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Plano Sagital Mediano (S)

    - Plano vertical que passa pelo meio dacoluna vertebral, e que divide o corpo em duaspores, o lado direito e o lado esquerdo; poroutro lado ainda nos pode dar a informao deInterno e Externo conforme a sua proximidade ouno em relao ao dito plano.

    Plano Frontal (F)

    Plano Vertical que passando ao nvel dopromontrio (ngulo formado pela 5 Lombarcom o Sacro), divide o corpo em duas metades,uma Anterior (tudo o que se situa adiante) e umaoutra Posterior (tudo o que se situa atrs).

    Plano Horizontal (H)

    Plano Transversal que pas-sando ao nvel da base do Sacro,divide o corpo em duas metades,uma Superior (tudo o que se situaacima) e uma outra Inferior (tudoo que se situa abaixo).

    Relatividade da Po-sio Pontual

    Anterior - Formao que seencontra frente considerando oPlano Frontal. Ex. Nariz em rela-o Nuca.

    Posterior - Formao que seencontra atrs considerando o Pla-no Frontal. Ex. Glteos em rela-o ao Trax.

    Superior - Formao que seencontra acima considerando oPlano Horizontal. Ex. Pescoo emrelao Rtula.

    Inferior - Formao que se

    encontra abaixo considerando o Plano Horizon-tal. Ex. Calcanhar em relao Omoplata.

    Interno - Formao que se encontra maisprxima considerando o Plano Mdio-Sagital.Ex. uma das extremidades da Clavcula.

    Externo - Formao que se encontra maisafastada considerando o Plano Mdio-Sagital.Ex. a outra das extremidades da Clavcula.

    Proximal - Formao que se encontra maisprxima da Extremidade Ceflica. Ex. Extremi-dade Superior do mero em relao Extremida-de Inferior).

    Distal - Formao que se encontra maisafastada da Extremidade Ceflica. Ex. Mo emrelao ao pulso.

  • 7Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Interior - Formao que se encontra dentrodo segmento considerado. Ex. Crebro em rela-o cavidade Craniana.

    Exterior - Formao que se encontra fora dosegmento considerado. Ex. Cabelos em relao cavidade Craniana.

    Da conjugao dos termos atrs descritospodem surgir outros como por exemplo: Antero-interno, Antero-externo, Pstero-interno, Pstero-externo, Pstero-superior, Spero-exterior etc.

  • 8 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Leis Fsicas e Princpios de Mecnica

    Para melhor estudarmos os mecanismos domovimento do corpo do bailarino, temos de nossocorrer das leis fsicas e dos princpios da mec-nica.

    Consideremos ento o bailarino na sua es-sncia como uma mquina viva, e comecemos pordefinir alguns conceitos bsicos.

    Mquina: instrumento que vai converterenergia em trabalho para realizar um objectivo.

    Energia: a capacidade de produzir traba-lho.

    Energia Potencial: energia contida num cor-po.

    Energia Cintica: energia resolvida emmovimento.

    Fora: causa que produz acelerao.Trabalho: resultado da fora actuando a

    uma certa distncia e sempre na direco dessa

    A B CFig 3

    fora.Peso: medida da atraco mtua entre a terra

    e o corpo.Centro de Gravidade: ponto imaginrio

    sobre o qual o corpo pode ser suspenso sem sersujeito a uma rotao.

    Linha de Gravidade: linha imaginria ver-tical e que vai passar pelo centro de gravidade.

    Equilbrio (de um corpo): quando o somat-rio de todas as foras actuantes nesse corpo iguala zero.

    Equilbrio Estvel: quando qualquer altera-o de posio sobe o centro de gravidade, (Fig.3A).

    Equilbrio Instvel: quando qualquer altera-o de posio baixa o centro de gravidade, (Fig.3B).

    Equilbrio Neutral: quando qualquer altera-o de posio no altera o centro de gravidade,(Fig. 3C).

  • 9Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Leis do movimento de Newton

    1 Lei, ou da Inrcia

    Qualquer corpo mantm-se no seu esta-do de repouso ou em movimento uniformenuma linha recta a no ser que um outro faaalterar esse estado.

    2 Lei, ou da Acelerao

    Proporcional s foras.

    3 Lei, ou da Aco e Reac-o

    So iguais e proporcionais. Sempre queum corpo actua sobre um outro, o segundoexerce uma reaco igual e oposta sobre oprimeiro.

    Corpo Humano"versus" Alavancas

    O Bailarino, quando Dana, f-lo, ser-vindo-se essencialmente de uma das seismquinas simples existentes, a alavanca, (asoutras so: roldana, eixo, roda, plano inclina-do, cunha e rosca).

    A "maquinaria" para o movimento dobailarino, consiste fundamentalmentente nosossos, articulaes, msculos e sistema ner-

  • 10 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    voso, mas como atrs j foi referenciado a prin-cipal mquina vai ser a alavanca.

    Isto leva-nos definio de alavanca, que uma barra mais ou menos rgida, direita ou curva,e que ao ser suportada num mesmo ponto fixo (ofulcro) capaz de originar um movimento derotao volta desse mesmo ponto.

    No nosso caso o fulcro da alavanca semprea articulao, qualquer que ela seja, e nela quese vai encontrar, o eixo e a alavanca.

    Como se sabe, existem trs tipos de alavan-cas: as interfixas, as interresistentes e as inter-potentes, que mais adiante iremos ver com umpouco mais de detalhe.

    Como j se disse as articulaes vo servir defulcro nas alavancas humanas, mas vai ser a suaprpria arquitectura definir qual o tipo de movi-mentos que vai fazer (flexo, rotao, antepulso

    etc.), por exemplo as articulaes em forma deesfera, como o ombro e a anca permitem vriosmovimentos, mas a que em forma de dobradiacomo o cotovelo s permite um plano e duasdireces.

    Assim, as alavancas do corpo podem assu-mir vrias formas tamanhos e conforme os fins squais se destinam: tijolos amontoados na coluna,cantilever e viga-mestra na coxo-fmural ponte

    suspensa na escpulo-umeral, etc.

    Estas formas diferentes que as alavancas donosso corpo assumem so "feitas" para melhorsuportar o peso absoro de choques, graus demovimento, oferecendo assim um trabalho mus-cular mais reduzido.

    Como iremos ver mais detalhadamente, voser as fibras musculares e concretamente os

  • 11Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    sarcmeros que vo "puxar" e nunca "empurrar",as alavancas sseas. Estas fibras ao estaremorganizadas no msculo vo formar "ngulos deataque" alavanca que lhe est inerente; assim,quanto mais agudo for o ngulo de ataque, tantomenor ser a fora, mas ao mesmo tempo (emprincpio) aumenta a velocidade.

    Em funo dos vrios arranjos entre a Potn-cia, a Resistncia e o Fulcro ou Eixo do Movimen-to, assim a natureza ou a espcie humana fez comque houvesse um tipo de alavanca para umadeterminada tarefa. Assim, e dentro dos trs tiposde alavanca j anteriormente anunciados, vamosabordar em primeiro lugar a alavanca do Tipo I ouAlavanca Interfixa.

    Alavanca Interfixa

    a alavanca existente nos parques infantis,em que duas crianas brincam ao se equilibraremnos dois extremos de uma tbua. Se o peso delasfor igual (potncia e resistncia) e se se colocarem mesma distncia do fulcro, a tbua ficarequilibrada. (Fig. 5.I e 7 A)

    Ao nvel do nosso corpo, isto vai acontecerpor exemplo na articulao da cabea com oAtlas, uma vrtebra com a que lhe est imedia-tamente abaixo ou acima,e a Tbia com o Astrgalopor exemplo. Este tipo dealavanca depende mais doarranjo dos ossos do quepropriamente da fora decontraco dos seus ms-culos.

    Uma deficiente colo-cao deste tipo de ala-vancas vai resultar numadiminuio das vantagensmecnicas e consequente-mente a sua menor efic-cia.

    Alavanca Interresistente

    a alavanca fundamental para movimentosque impliquem fora. A sua vantagem mecnica a maior, visto que vai ter o brao da potnciamaior que o brao da resistncia, podendo por issomover mais peso mas a menor distncia que asinterpotentes (Fig. 5 II e 7 B).

    Quando por exemplo se pretende levantar ocorpo todo (meia ponta), vai haver sempre umaalavanca interresistente actuando. Evidentemen-te que numa aco cinemtica e com a projecodo corpo frente esta situao vai alterar-se enessa altura ser uma alavanca interpotente.

    Alavanca Interpotente

    por excelncia a alavanca para velocidadee ngulos de movimento (Fig. 5 III, Fig 6 III e Fig7 C. Os seus ngulos de ataque so bastante maisagudos que os das outras alavancas, tendo comoresultado as mesmas vantagens mecnicas, noobstante a sua predominncia reflete-se em:

    a) Grande tipo de movimentos com reduzidonmero de msculos, (articulao escpulo-umerale isquio-femural).

  • 12 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    b) Grande velocidade de movi-mento, em virtude do grande brao daresistncia (vantagem no que diz res-peito a braos e pernas).

    c) Menos msculos volumosos volta da articulao, tendo por isso for-mas mais graciosas.

    Na Fig. 6 temos a ilustrao dasalavancas de I e III classes atravs dosmsculos que actuam na articulao docotovelo. O "osso" AR a alavanca,com ponto de apoio em A, o peso ouresistncia est na mo, situado alm deR. M e M (Tricipete e Bicipete) so osmsculos, e L a insero do msculoIII.

  • 13Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Anlise Funcional das Articulaes do Corpo do Bailari-no

    Coluna Vertebral

    A coluna vertebral decompe-se em vriasoutras regies ou colunas: a Cervical, a Dorsal, aLombar, a Sagrada e aCoccgena.

    Evidentemente que qual-quer uma destas colunas possuidora de uma mobilida-de prpria, em funo das suasprprias caractersticas.

    A mobilidade das vriasregies da coluna vertebral tanto maior quanto mais pe-quenos forem os corpos ver-tebrais, mais espessos foremos discos intervertebrais, maishorizontais forem as apfisesespinhosas e maior for onmero de articulaes queparticipam no movimento.

    Como factores que po-dem limitar o movimento te-mos entre outros: a distensodos ligamentos inerentes, ocontacto das apfises espinhosas e articulares, deduas vrtebras contguas entre si e a oposio dosmsculos antagonistas.

    Coluna Cervical

    a regio de maior mobilidade devido direco prxima da horizontal das apfises espi-nhosas e transversas, ao seu pequeno comprimen-to, disposio oblqua inferior e posterior dassuperfcies articulares e ao elevado nmero dearticulaes em funo do comprimento totaldesta coluna.

    Coluna Dorsal

    possuidora de uma mobilidade reduzida,em funo da pequena espessura dos discos inter-vertebrais, das articulaes costais, inclinao

    quase vertical das apfises espinhosas e as super-fcies articulares estarem posicionadas perto dahorizontal.

    Coluna Lombar

    Tem uma mobilidade razovel, e em especi-al a sua poro superior, devido grande espessu-ra dos discos intervertebrais e relativa espessurados corpos vertebrais.

    Coluna Sagrada e Coccgena

    So totalmente imveis, visto as vrtebrasconstituintes se encontrarem soldadas.

  • 14 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Mobilizao

    Flexo/Extenso

    Da interpretao da figura 8 h diferenassignificativas entre os valores mdios da flexo

    total e a extenso total da coluna vertebral; assima primeira atinge cerca de 110 e a segunda cercade 140.

    Verifica-se tambm que na flexo/extensoa maismvel a cervical 115 (EC=75+FC=40) e amenos mvel ser a dorsal.

    Durante a extenso notrio o acentuar das

    curvaturas cervicais e lombares, a flexo dasapfises espinhosas, o elevar dos corpos verte-brais, o estreitamento da poro posterior dosdiscos intervertebrais com a consequente projec-

    o anterior do seu ncleopulposo (Fig. 9).

    Como factores limitati-vos deste movimento temos aconsiderar o bloqueio confe-rido pelas apfises articularesinferiores e superiores e peladistenso do ligamento verte-bral comum anterior.

    Na flexo, as lordosescervical e lombar desapare-cem e a coluna forma apenas

    um arco de concavidade anterior. Aqui verifica-seuma elevao das apfises espinhosas e umainflexo frente dos corpos vertebrais, ao mesmo

    tempo que h um adelga-amento da poro ante-rior dos discos e o seuncleo pulposo se pro-jecta para trs (Fig. 10).

    A distenso dos li-gamentos do arco poste-rior vai limitar este movi-mento.

    Para que haja umaextenso ou uma flexopura necessrio que osmsculos flexores ouextensores se contraiamao mesmo tempo, sime-

    tricamente e com igual intensidade. A contracounilateral produz, em associao, movimentos deinclinao lateral e ou rotao axial

    Inclinao Lateral

    Vai consistir no movimento executado noplano frontal, volta de um eixo antero-posteriore que passa pelo canal raquidiano. Realiza-se paraum e outro lado da coluna e acompanhado de

  • 15Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    uma curvatura lateral cncava para o lado dainclinao.

    Tal como foi analisado para o estudo damobilidade na flexo/ extenso, tambm aqui acoluna cervical a mais livre, (cerca de 35) tendoas outras duas um valor aproximado de 20 cada,sendo por isso a sua inclinao total de cerca de75.

    Durante a inclinao lateral, o corpo davrtebra vai inclinar-se para o lado do movimentoao mesmo tempo que o disco correspondente sevai comprimir do mesmo lado e o seu ncleopulposo desloca-se ligeiramente para o lado opos-to. As superfcies articulares do mesmo lado dainclinao vo sofrer um ligeiro deslizamento de

    uma sobre as outras, verifican-do-se do lado oposto o seu afas-tamento e a distenso da cpsulae ligamentos.

    Rotao Axial

    Consiste no movimentoexecutado esquerda e direita, volta de um eixo formado pelainterseco do plano sagital como plano frontal, sendo o seuvalor total de cerca de 90. Umavez mais a coluna cervical aque apresenta maior grau de li-

    berdade, com cerca de 50 a 60, a dorsal com 35e apenas 5 para a lombar.

    Na rotao axial tem especial importncia aarticulao do atlas (C1) com o axis (C2), que vaipermitir movimentos da ordem dos 30.

    A pequena mobilidade da regio lombar

    deve-se em parte ao choque da apfisearticular inferior, situada do lado opostoao sentido de rotao, com a extremidadeanterior da lmina vertebral subjacente,logo aps o incio do movimento.

    Durante a rotao de uma vrtebra

  • 16 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    sobre a outra, verifica-se um deslizamento dasapfises articulares e corpos vertebrais em senti-do inverso e um ligeiro estiramento das fibras dosdiscos intervertebrais.

    Membro Superior

    Articulao Escpulo-Umeral oudo Ombro

    A articulao escpulo-umeral aquela quepermite a ligao entre a poro supero-externado tronco, com o membro superior.

    A articulao do ombro a de maiormobilidade do corpo do bailarino permitindogrande grau de liberdade, visto as suas superf-cies articulares serem de forma esfrica, sendopor isso classificada de enartrose.

    Apesar da sua mobilidade, ela relativamente frgil, no sendo por isso de estranharalgumas sub-luxaes, e mesmo luxaes dadita articulao aquando pleno esforo.

    So descritas nesta articulao 4 eixos,

    (Fig. 14) dos quais trs reais e um aparente, quevo originar diferentes tipos de movimentos.

    Eixo Transversal (1)

    Situado no plano frontal, dirige os movimen-tos de flexo (antepulso) e extenso (rectropul-so) que se realizam no plano sagital.

    Eixo Antero-posterior (2)

    Situado no plano sagital, diri-ge os movimentos de aduo eabduo que se realizam no planofrontal.

    Eixo Vertical (3)

    Determinado pela intersecodos planos sagital e frontal, dirigeos movimentos de antepulso erectropulso com o brao emabduo a 90, bem como peque-nos movimentos de rotao inter-na e externa.

    Eixo Longitudinal (4)

    um eixo aparente, resultan-te dos trs anteriores.

    Articulao do Cotovelo

    a articulao responsvel pela unio entreo primeiro segmento do membro superior, o bra-o, e o segundo o antebrao.

  • 17Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    constituda por trs articulaes: Articula-o Umero-Cubital, articulao Umero-Radial earticulao Rdio-Cubital Superior.

    Estas trs articulaes tm caractersticas econstituies totalmente diferentes umas das ou-tras, embora possuam a mesma cpsula, sinvia eligamentos.

    De qualquer dos modos estas trs articula-es mobilizam-se apenas de duas formas:

    As duas primeiras permitem a flexo/exten-so do antebrao sobre o brao, e a terceira (rdio-cubital superior) conjuntamente com a segunda(mero-radial) a prosupinao. Evidentementeque, para haver a prosupinao tambm neces-srio que a rdio-cubital inferior tambm actue.

    Quanto aos eixos do movimento eles sodois, um transversal e um outro longitudinal

    Eixo Transversal (A)

    o que torna possvel o movimento daflexo-extenso.

    Flexo

    Movimento que aproxima o antebrao dobrao, feito essencialmente pelo braquial anteriore pelo bceps braquial.

    A amplitude do movimento na flexo activa de cerca de 145 muito embora, e de uma formapassiva possa atingir os 180. Como principalfactor limitativo do movimento o contacto dasmassas musculares das faces anteriores do braoe do antebrao.

    Extenso

    Movimento que leva o antebrao atrs.A extenso completa ser aquela que nos

    leva posio ortoesttica, no possuindo o coto-velo qualquer amplitude neste movimento, istonas situaes tpicas, ditas normais, muito embo-ra em bailarinos, frequentemente existe a chama-da hiperextenso do antebrao, que em princpio consequncia de uma grande laxido ligamento-sa.

    Como factor limitativo do movimento, te-mos a considerar a resistncia oferecida pelosmsculos flexores e o contacto do bico do olecr-neo com a fosseta olecraneana do mero.

    Eixo Longitudinal (C)

    este o eixo que torna possvel o movimentode prosupinao, movimento este que feito poruma rotao do antebrao em seu torno.

    Pronao

    Na pronao h um desvio da face palmarpara baixo, ou seja, o antebrao roda para dentro.

    Supinao

    A supinao o movimento inverso do atrsdescrito.

    O correcto estudo destes dois movimentos sser possvel com o antebrao em flexo a 90 ecolocado junto da parede torxica, j que se oantebrao estiver no prolongamento do brao, d-se a juno da prosupinao com a rotao internaou externa do brao.

  • 18 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    A amplitude mdia deste movimento (prosu-pinao) de cerca de 180 sendo semelhantes osvalores da supinao e da pronao.

    Articulao Rdio-Carpiana oudo Pulso

    a articulao responsvel pela unio entreo antebrao e a mo tendo dois eixos geradores detrs tipos de movimentos, dois simples e umcomposto.

    Eixo Transversal (A A)

    Eixo compreendidono plano frontal e quecondiciona os movimen-tos de flexo/extensoefectuados no planosagital.

    Flexo

    Inclinao da facepalmar da mo sobre a faceanterior do antebrao, sen-do a sua amplitude de cer-ca de 85.

    Extenso

    o movimento inverso ao anterior, e temuma amplitude semelhante.

    Eixo Antero-posterior (B B)

    Eixo compreen-dido no pla-no sagital e que vai condicionar osmovimentos de lateralidade(aduo e abduo) efectuados noplano frontal.

    Abduo

    Movimento de inclinao la-teral, para o lado do rdio (inclina-o radial). Permite uma ampli-tude reduzida (15).

    Aduo

    Movimento de inclinao la-teral para o lado do cbito (inclina-

    o cubital). Permite uma mobilidade de cerca de45.

    Circunduo

  • 19Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Movimento composto resultante da combi-nao dos quatro movimentos atrs descritos. Omovimento mais amplo no sentido da flexo/extenso do que no sentido transversal.

    Membro Inferior

    Articulao Coxo-Fmural ou da Anca

    A articulao Coxo-Fmural aquela que permitea ligao entre os ossos da ba-cia e o membro inferior.

    uma articulao bastan-

    te mvel devido esfericidade das suas superfci-es articulares, (cabea do fmur convexa e cavida-de cotilide do osso ilaco cncava) Pelo que atrsfoi referido e semelhana da articulao escpulo-umeral classificada de enartrose. a articulaocom maior mobilidade do membro inferior, per-mite movimentos em todas as direces do espaoe est em inteira interrelao com os movimentosda coluna vertebral, atravs da cintura plvica e daarticulao do joelho. Nela so descritos os trsseguintes eixos:

    Eixo Transversal XX

    Situado no plano frontal, passa pelo centroda cabea do fmur e pelo bordo superior dogrande trocanter, sendo o responsvel pelos movi-mentos de flexo e extenso da coxa sobre otronco.

    Flexo

    Movimento que vai aproximar a face anteri-or da coxa ao tronco.

    A sua amplitude vai variar em funo daposio de flexo ou extenso do joelho, assim noprimeiro caso no ultrapassa os 90 e no segundopode ir at aos 120.

    A flexo passiva pode atingir valores de 145sendo limitada pelo contacto da face anterior dacoxa com o tronco, pela tenso dos msculos daregio posterior e pelos feixes posteriores dacpsula articular.

  • 20 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Os msculos que intervm neste movimentoso aqueles que se localizam anteriormente emrelao ao plano frontal.

    Extenso

    Movimento em que a coxa projectada posteriormente, e tendoem conta o plano frontal.

    Conforme o joelho est emflexo ou extenso a amplitude m-xima do movimento , respectivamente de 10 e 15. Esta diferenadeve-se aco dos msculos isquio-tibiais, que durante a flexo do joe-lho, empregam parte da sua foranela, em desfavor da sua aco comoextensores da anca.

    Os msculos que executam omovimento de extenso tm a suainsero proximal no ilaco e estosituados atrs do plano frontal quepassa pelo centro da articulao eque contm o eixo transversal XX.

    Eixo Antero-Posterior YY

    o eixo queest contido noplano sagital e quecruza o eixo trans-versal XX ao n-vel da cabea dofmur. este eixoque vai permitir re-alizar os movi-mentos de aduoe abduo.

    Abduo

    Movimentoque consiste emafastar o membroinferior da linhamdia do corpo. O

    seu valor mdio ronda os 40.

    limitado fundamentalmente pela oposioque opem os ms-culos antagonis-tas (adutores) e pelos ligamentosilo-femural e pbo-femural. No en-tanto pela distenso ligamentar emuscular e, sobretudo, devido co-laborao da plvis (que se projectaanteriormente) e da coluna lombar(por acentuamento da lordose) normal atingir amplitudes da ordemdos 90 especialmente, se se provo-car o "en dehors". Nesta posio assuperfcies articulares rodam, sobresi, permitindo um aumento da am-plitude do movimento.

    Os principais msculosabdutores situam-se por fora do pla-no sagital que passa pelo centro daarticulao e cujo trajecto decorrepor fora e por cima do eixo antero-posterior contido no referido plano,(pequeno e mdio glteo e tensor dafascia lata).

    Aduo

    A aduo omovimento atravsdo qual o membroinferior se deslocapara dentro e apro-xima-se da sua li-nha mdia.

    Partindo daposio ortoestti-ca este movimentos se poder reali-zar se avanarmosum pouco um mem-bro em relao aooutro. Numa situa-o deste tipo a suaamplitude ser daordem dos 30. Dos

  • 21Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    msculos mais importantes temos a considerar osadutores (1; 2 e 3), o pectneo e o recto interno,que ao contrrio dos abdutores se localizam pordentro do plano sagital referido anteriormente.

    Eixo Vertical ZZ

    Eixo que passa pelo centro da articulao eque cruza os dois anteriores (transversal e antero-posterior) provocando os movimentos de rotaointerna e rotao externa.

    Rotao Interna (A)

    Movimento durante o qual a coxa roda atra-vs do eixo longitudinal do membro, conduzindoa ponta do p para dentro. A amplitude do movi-mento de cerca de 30 e os msculos que maiorimportncia tm so : feixes anteriores do mdioglteo, pequeno glteo e tensor da fascia lata.

    Rotao Externa (C)

    Movimento semelhante ao anteriormentedescrito, mas em sentido inverso. Permite maiormobilidade, (60) e atravs deste movimentoque toda a tcnica da dana vai ser trabalhada.Como principais msculos responsveis pelomovimento temos a considerar o piramidal, osobturadores (interno e externo) o quadrado crurale o grande glteo.

    Articulao do Joelho

    Esta articulao permite a ligao da coxa e

    da perna. uma articulao extremamentecomplexa e em que intervm trs ossos (fmur,tbia e rtula) que vo originar duas articulaessecundrias: uma entre o fmur e a rtula (articu-lao fmuro-rotuliana) e que classificada de

    trocleartrose, e outra entre o f-mur e a tbia (articulaofmuro-tibial) e que clas-sificada de bicondilartrose (porter dois cndilos), apresentan-do ainda dois meniscos interar-ticulares interpostos (o lateralinterno e o lateral externo).

    Pelo que atrs foi referidoesta articulao classifica-se deTrcleo-bicndilo-meniscar-trose.

    Esta articulao "move-se" atravs dos seustrs eixos, que lhe vo provocar movimentos deextenso, flexo, rotao interna e externa e aindapequenos movimentos de lateralidade.

    Eixo Transversal XX

    Contido num plano frontal, atravessa os cn-dilos fmurais e ele que permite os movimentosde flexo e extenso.

  • 22 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Extenso

    Movimento que afasta a face posterior daperna da face posterior da coxa. A amplitude daextenso completa de 0 e atingida quando o

    eixo longitudinalda coxa se encon-tra no prolon-gamento do eixolongitudinal da per-na. No entanto, eno caso especficoda Dana, h casosem que por altera-es anatmicas oupor laxido liga-mentosa, esse va-lor aumentado (2)correspondendo ao"gene recurvatum",por oposio, equando a amplitu-

    de mxima no atingida, temos o "jenu flexum"(1) visvel na Fig. 26.

    Flexo

    Movimento em que a face posterior da pernase aproxima da face posterior da coxa. A suaamplitude de cerca de 120 embora possa atingiros 150 durante a flexo passiva.

    Eixo ZZ

    Corresponde ao eixo longitudinal que passapela espinha da tbia. Permite movimentos derotao com o joelho em flexo. Em extensocompleta estes movimentos no so possveis.

    Estes pequenos movimentos tanto podemser de rotao interna (30) como de rotaoexterna do joelho (40).

    Eixo YY

    dirigido no sentido antero-posterior e perpendicular aos outros dois. Per-mite pequenos movimentos delateralidade com o joelho em flexo.A presena destes movimentos emextenso so patolgicos.

  • 23Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Articulao Tbio-Trsica e doTarso Posterior

    A articulao Tbio-Trsica e as articulaesdo tarso posterior, constituem um complexo arti-cular que possibilitam ao p uma grande liberdadede movimentos mas de uma pequena amplitude.

    Teoricamente a articulao tbio-trsica, per-mite apenas movimentos de flexo/extenso en-quanto que os movimentos de aduo/abduo eprosupinao se fazem preferencialmente, ao n-vel das articulaes mdio-trsicas e das astrgalo-calcneas. Na prtica estes movimentos associ-am-se entre si e executam-se em torno de trseixos principais.

    Eixo Transversal XX

    Contido num plano frontalatravessa transversalmente o corpodo astrgalo passando pelosmalolos interno e externo. Permiteos movimentos de flexo e exten-so efectuados no plano sagital.

    Flexo

    A flexo consiste no movimen-to em que a face dorsal do p seaproxima da face anterior da perna.A sua amplitude varia entre 20 e30 e aumentada quando o joelhoest flectido ( eliminada parte dalimitao imposta pela distensodos gmeos).

    Extenso

    Na extenso o p executa um movimentoinverso, a sua amplitude superior da flexo(30a 50).

    Eixo Longitudinal da Perna Z

    Corresponde a um eixo vertical queatravessa a perna no sentido longitudinal eque cruza o eixo XX. Apenas permitepequenos movimentos de aduo/abduorealizados num plano transversal e quepodem ser aumentados graas rotaoaxial do joelho em flexo.

    Abduo/Aduo

    Consiste a abduo (B) no movimento emque a ponta do p se afasta do plano de simetria docorpo e a aduo (A) se aproxima do mesmo. Asua amplitude situa-se nos 40.

    Eixo Longitudinal do P Y

  • 24 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Contido no plano sagital corresponde aoeixo horizontal que atravessa o p nosentido longitudinal. Permite movi-mentos de rotao interna e externatambm chamados de supinao epronao.

    Pronao/Supinao

    Movimentos em que a planta dop se orienta para fora (B pronao)ou para dentro (A supinao). As suasamplitudes so de respectivamente30 e 50.

  • 25Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Introduo ao Estudo da Osteologia

    Constituio do Esqueleto

    O esqueleto compem-se por uma ColunaVertebral, constituda por vrtebras. Superior-mente a coluna vertebral articula-se com a Cabe-a ssea, a sua poro postero-superior (Crnio)e a antero-inferior (Face). Da poro anteriormdia da coluna destacam-se uma srie de ossospares e simtricos (Costelas) que se articulam porcartilagens costais com um osso mediano oEsterno.

    Esterno + Cartilagens Costais + Costelas + Vert. Dors. = Trax

    A poro superior do trax apresenta doisossos, a Clavcula e a Omoplata formando aCintura Torxica donde se destacam um grupo deossos que se articulam entre si formando o Mem-bro Superior (brao, antebrao e mo).

    Da poro inferior da coluna destacam-se osOssos Coxais, que alm de se articularem com acoluna tambm se articulam entre si. Este con-junto constitui a Bacia ssea ou Plvis. O OssoCoxal constitui a cintura plvica donde se destacaum conjunto de ossos articulares entre si e que vooriginar o Membro Inferior (coxa, perna e p).

    Nmero de Ossos

    Excluindo os supranumerrios do tarso e dop, e os sesamides da mo e do p, o nmero deossos no Homem de aproximadamente 212,

    assim distribudos:

    Coluna Vertebral 32Crnio 8Face 14Ouvido 6Osso Hiide 1Costelas 24Esterno 1Membro superior 64Membro inferior 62

    Total 212

    Classificao dos Ossos

    Osso longos - (comprimento predomina so-bre largura e espessura). 2 epfises e 1 difise

    Ossos chatos - (comprimento e largura pre-domina sobre espessura).

    Ossos curtos - (comprimento, largura e es-pessura so semelhantes)

    Direco dos Ossos

    Quando se descreve um osso, temos deconsiderar a direco do mesmo. Assim temos:

    Direco Absoluta

    Que a direco inerente ao prprio osso(Tbia, osso rectilneo; Clavcula, osso em S itli-co; Costela, encurvado em arco etc.)

    Direco Relativa

    Que a direco que os ossos apresentamquando colocados no esqueleto articulado, e emposio descritiva, podendo ser Horizontais, Ver-ticais e Oblquos.

    Acidentes dos Ossos

    Os acidentes dos ossos so alteraes nasuperfcie lisa do osso. Podem ser de dois tipos:Alto Relevo, constituindo as Salincias ou Apfi-ses e Baixo Relevo, constituindo as Depressesou Cavidades.

  • 26 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Salincias: So os altos relevos que se si-tuam superfcie dos ossos, podendo ser Articu-lares, se corresponderem s cavidades articularesou No Articulares, se derem insero a liga-mentos e a msculos.

    CabeasArticular Cndilo

    TrcleaSalincias (Apfises)

    TuberosidadeEspinhas

    No Articular LinhasCristas

    Cavidades: So os baixos relevos que sesituam superfcie dos ossos, podendo ser Arti-culares, se corresponderem s apfises articu-lares ou No Articulares, que em funo da suafuno podem ser de insero, de recepo e deampliao.

    Articulares correspondem s apfises

    Depresses InseroNo Articulares Recepo

    Ampliao

    Cavidades de Insero, do insero a liga-mentos e msculos

    Cavidades de Recepo podem alojar ten-des, vasos e nervos, chamando-se assim de Go-teiras ou Sulcos. As que alojam rgos, chamam-se de Fossas.

    As Cavidades de Ampliao, so anfractu-osas, denominadas Seios (como o seio maxilar)ou Clulas (Clulas Etmidais), que se dispem volta das fossas nasais

    Buracos e Canais dos Ossos

    Podem ser de dois tipos: Canais de Trans-misso e Canais Nutritivos.

    Transmisso:

    Limitam-se a atravess-los e em funo da forma podemser Hiatos, Cisuras ou Fendas

    Nutritivos:

    1 Ordem - D passagem Artria nutritiva do ossocomprido (difise) e alguns ossos chatos.

    2 Ordem - D passagem a Veias (epfise) e em chatos ecurtos.3 Ordem - Constituem a origem dos Canais de Havers,esto em todo o osso.4 Ordem - So os orifcios dos canalculos sseos, muitopequenos e numerosos.

    Peristeo

    Membrana fibrosa que envolve todo o osso,excepto as zonas articulares e zonas de inserode tendes e msculos.

    Vasos e Nervos dos Ossos

    As artrias dos ossos longos distinguem-seem Artrias Nutritivas, Peristeas Diafisiriase Peristeas Epifisirias.

    Artrias Nutritivas:Entram pelo buraco nutritivo e dividem-se

    num ramo ascendente e num descendente.

    Artrias Peristeas Diafisirias:nascem da rede Peristea

    Artrias Peristeas Epifisirias

    Nervos

    Excepo feita aos ossos do ouvido, todos osoutros ossos tm nervos, uns so satlites dasartrias nutritivas, constituindo o Nervo Diafi-sirio e outros nervos originam-se no peristeopenetrando nos Buracos de 2 3 Ordem.

    Veias

    Nos ossos compridos as veias seguem atrajectria das artrias nutritivas e as veias dosoutros ossos tm um trajecto independente, ha-vendo um grande desenvolvimento das veias dosossos curtos.

    Introduo Artrologia

  • 27Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Artrologia a parte da anatomia que estudaas articulaes, isto , a relao entre dois ou maisossos que se mantm em contacto devido exis-tncia de um aparelho ligamentar.

    Classificao das Articulaes

    A classificao das articulaes feita emfuno da existncia ou no de sinovial, e daforma da sua mobilizao.

    ArtrodiasEnartrosesTrocartroses

    Concordantes TrocleartrosesSinoviais CondilartrosesMveis ou EpifisiartrosesDiartroses

    MeniscartrosesDiscordantes

    Heteroartroses

    Snfises ou AnfiartroseAderem Superfcie

    Gonfoses ou Gonfartrose

    DentadasAssinoviais EscamosasImveis ou SinfibrosesAdiartroses Harmnicas

    Esquindilezes Aderem por bordos

    Sincondroses

    Articulaes Sinoviais, Mveis ouDiartroses

    So articulaes que possuem uma grandeamplitude de movimentos. As suas superfciesarticulares adaptam-se perfeitamente (DiartrosesConcordantes) ou no (Diartroses Discordan-tes).

    Diartroses Concordantes:

    Artrodias: Superfcies articulares planas, osmovimentos so feitos por deslizamento e compequena amplitude (Articulao das Apfises

    Articulares das Vrtebras).

    Enartrose:Superfcies articulares mais oumenos esfricas, com grande mobilidadeatravs de eixos que vo passar pelo centrogeomtrico das superfcies esfricas (Articula-o do Ombro).

    Trocartroses: Superfcies articulares cilndri-cas, com movimentos de rotao em volta deum eixo e movimentos de deslizamento muitoreduzidos (Articulao Rdio-Cubital Inferior).

    Trocleartroses: Superfcies articulares emforma de trclea ou roldana, podendo sermobilizadas atravs de um s plano (Articula-o do Cotovelo).

    Condilartroses: Superfcies articulares emforma de cndilo, (Superfcies arredondadascom contorno elptico e convexo em todos ossentidos. (Articulao do Punho).

    Epifisiartroses: Superfcies articulares emforma de sela (Articulao Trapezo-Primometacarpiana).

    Diartroses Discordantes:

    Podem ser corrigidas ou incorrigidas:

    Meniscartroses: So corrigidas pela interpo-sio de um Menisco entre as superfciesarticulares (Articulao do Joelho).

    Heteroartroses: So incorrigidas, no havendonenhuma formao entre as superfcies articu-lares (Articulao Atlido-Axideia)

    Articulaes Assinoviais, Imveisou Adiartroses

  • 28 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    So articulaes que permitem umareduzidssima liberdade de movimentos ou mes-mo nenhuma. Por esse motivo so articulaes decurto interesse para estudantes de um curso deDana.

    Elementos Constituintes deuma Articulao

    Superfcies Articulares

    So as pores sseas de contacto que fazemparte da articulao. No caso particular de porexemplo o Carpo e o Tarso, a superfcie articular considerada como sendo constituda por vriosossos.

    Cartilagens Articulares ou deRevestimento

    Cada superfcie articular revestida por car-tilagem Hialina, e quanto maior for a superfciearticular e a presso exercida, tanto maior acartilagem Hialina. So avasculadas e irrigadaspela sinovial.

    Debrumes Articulares

    So formaes fibrocartilaginosas queaumentam ou diminuem a superfcie articular.Podem ser completos ou incompletos, existempor exemplo nas articulaes do Ombro e da Anca(completos) e nas extremidades posteriores dasfalanges dos ps (incompletos).

    Meniscos e Discos

    So fibrocartilagens que se encontram emarticulaes cujas superfcies articulares no seadaptam perfeitamente, fazendo assim, com quehaja uma perfeita coaptao entre as respectivassuperfcies articulares.

    Os Meniscos, aderem pelos seus bordos

    face interna da cpsula (joelho).Os Discos, aderem perfeitamente s superf-

    cies articulares (articulaes intervertebrais).

    Meios de Unio ou Ligamentos

    So formaes fibrosas, muito resistentes epraticamente inextensveis, que vo manter e fi-xar as respectivas superfcies articulares adjacen-tes, podendo ser de dois tipos: intrnsecos e extrn-secos.

    Intrnseco:

    Ligamento Capsular ou Cpsula: existenas Diartroses, estendendo-se e cobrindo as su-perfcies articulares.

    Extrnsecos:

    Ligamentos de Reforo: so feixes que tminseres semelhantes s da cpsula, reforando-a.

    Ligamentos Distncia: so feixes que seinserem nos ossos, longe da insero capsular.

    Ligamentos Intersseos: esto localizadosno espao compreendido, entre as superfciesarticulares, sendo muito curtos, muito resistentese dispostos de uma forma muito irregular (espaointersseo do Rdio e Cbito, e espao intersseoda Tbia e Perneo).

    Sinoviais: So membranas serosas que vo"atapetar" a face interior da cpsula e as superf-cies sseas no articulares, isto , revestidas pelacartilagem.

    Quando a articulao possui um menisco, asinovial insere-se periferia do menisco, dividin-do assim, a articulao principal em duas outrassecundrias.

    O espao delimitado pelas cartilagens articu-lares e pela superfcie interior da Sinovial vai serchamado de Cavidade Articular, onde vai exis-tir um lquido claro e muito viscoso, o LquidoSinovial ou Sinvia, que alm de lubrificar aparede da cavidade articular, vai facilitar o deslo-camento das superfcies articulares, diminuindoassim o atrito e o desgaste dessas mesmas entida-des.

  • 29Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Introduo Miologia

    A Miologia a subespecialidade da Anato-mia, encarregue do estudo dos Msculos.

    Propriedades

    Os msculos so formaes anatmicas quepossuem cinco propriedades: a Extensibilidade,a Elasticidade, a Excitabilidade, a Conductibili-dade e a Contractibilidade.

    Com a relao existente entre a Extensibili-dade, a Elasticidade, e a Contractibilidade resultao Tnus Muscular.

    Extensibilidade

    Propriedade, que permite ao msculo, quan-do sujeito a uma fora de traco nos seus extre-mos, aumentar o seu comprimento.

    Elasticidade

    Propriedade, que permite ao msculo re-gressar ao estadio inicial, antes de estar sujeito propriedade de Extensibilidade.

    Excitabilidade

    Propriedade, que permite ao msculo serexcitvel, isto , reagir a excitantes ou estmulosexteriores. Estes excitantes, como j sabemos,podem ser de vria ordem: Biolgica (influxonervoso), Mecnica (picadela), Trmica (calor),Qumica (cidos) e Elctrica (electricidade).

    Conductibilidade

    Propriedade, que permite ao msculo con-

    duzir a onda de despolarizao atravs de todas assuas fibras.

    Contractibilidade

    Propriedade, que permite ao msculo con-trair-se, executando assim o principal papel quelhe est destinado.

    A contraco muscular pode ser feita de duasdiferentes formas:

    Contraco Isotnica, onde, havendo umencurtamento da fibra muscular, mantidoconstante o Tnus Muscular.

    Contraco Isomtrica, h um aumento doTnus mas a fibra vai manter-se do mesmo com-primento.

    Classificao

    Sob o ponto de vista anatomo-histo-fisiolgi-co, os msculos podem ser classificados em trsgrandes grupos:

    Involuntrios de contraco lenta(musculatura lisa de todas as vsceras).

    Involuntrios de contraco rpida (mio-crdio)

    Voluntrios de contraco rpida (todosos msculos da vida de relao, isto , os mscu-los que se contraem pela aco da vontade.

    Situao

    Sob o ponto de vista da situao, eles podemser classificados em dois grupos:

    Cutneos ou Superficiais, quando se en-contram por baixo da pele, inserindo-se por uma

  • 30 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    ou pelas duas extremidades na face profunda daderme.

    Subaponevrticos ou Profundos, quandose situam por debaixo da aponevrose superficial,inserindo-se normalmente pelas duas extremida-des em ossos.

    Nmero

    O seu nmero varivel, andando volta de640 msculos Voluntrios de Contraco Rpida.Alguns msculos so mpares, mas a sua grandemaioria so pares e dispem-se simetricamente.

    Forma e Configurao Exterior

    O msculo estriado constitudo por duaspartes: Uma poro mdia, o Corpo ou Ventre, epor duas Extremidades, sendo estas as respons-veis pelas inseres.

    Semelhante classificao dos ossos, osmsculos tambm se classificam em funo dasua forma, dimenso e extenso, assim podem ser:

    Msculos Longos, se o seu comprimentopredominar sobre as outras dimenses.

    Msculos Largos, se o seu comprimento elargura predominar sobre a espessura.

    Msculos Curtos, se as trs dimenses fo-rem semelhantes

    Msculos Anulares ou Orbiculares, se fo-rem constitudos por feixes circulares ousemicirculares, que se vo dispr em torno deorifcios.

    Inseres Musculares

    Os msculos podem inserir-se de diversasformas: atravs de Fibras Carnosas, de Tendesou de Lminas Tendinosas, as Aponevroses deInsero, que so esbranquiadas e muito resis-tentes.

    Estas inseres so feitas atravs de pontosde insero, possuindo cada msculo pelo menosdois pontos de insero, um Fixo e outro Mvel.Quando h lugar contraco muscular, o pontode insero mvel aproxima-se do ponto de inser-o Fixo.

  • 31Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Anexos dos Msculos e Tendes

    Os anexos dos msculos e tendes vo ser asAponevroses, as Bainhas Osteo-Fibrosas, as Bai-nhas Sinoviais e as Bolsas Serosas.

    Aponevroses: Podem ser de dois tipos, asAponevroses de Insero e as Aponevroses deEnvolvimento.

    Insero: So lminas fibrosas que seguemo corpo carnoso, sendo verdadeiros tendes deinsero.

    Envolvimento: Vulgarmente conhecidas porFascias, so membranas muito finas que envol-vem e separam os msculos entre si, e ainda osmsculos dos tegumentos e rgos.

    Bainhas Osteo-Fibrosas: So como quepontes por cima das goteiras sseas, onde vo

    deslizar os tendes, formando canais osteo-fibro-sos que vo manter os tendes solidamente inse-ridos nessas goteiras sseas, mas ao mesmo tem-po, deixando-os deslizar perfeitamente.

    Bainhas Sinoviais Tendinosas: So mem-branas inteiramente relacionadas com os tendese dificilmente isoladas destes, favorecendo o des-lizamento dos tendes nas bainhas osteo-fibrosas.

    Bolsas Serosas: So sinoviais que se voaplicar sobre uma das faces musculares, e que voseparar os msculos dos rgos com eles relacio-nados. Podem ser de dois tipos:

    Tendinosas: Se estiverem situadas entre ostendes e as superfcies sseas.

    Intermusculares: Se estiverem situadas en-tre os dois msculos que se relacionam.

  • 32 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Tudo flui, nada estacionrio Heracletos

    A Clula

    Por definio clssica de clula constante-mente se diz que a mais pequena unidade aut-noma existente nos organismos vivos, tendo vidaprpria, e a capacidade de se reproduzir.

    O termo clula, surgiu quando um cientistaingls (Robert Hook) observou, atravs de apare-lhagem ptica muito rudimentar, por ele prprioconstruda, cavida-des de casca decortia. Pensou es-tar na presena deentidades vivas, fe-chadas num espa-o vazio (celas). Sbastante mais tar-de se aprendeu queas clulas eramcheias de um lqui-do xaroposo decomplexa compo-sio.

    Nos organis-mos dos primeirosseres vivos(metazorios), ve-rificou-se que du-rante os processosevolutivos, as c-lulas foram aospoucos se modifi-cando, e comeando a executar com maior efici-ncia uma ou outra funo. um fenmeno an-logo evoluo das sociedades Humanas.

    sabido que nas sociedades primitivas (enas aldeias) os homens faziam de tudo um pouco,mas em princpio, no eram especialistas emnada. Com a formao de grandes cidades, asfunes comearam a ser bastante maisespecializadas, e ento comearam a surgir os

    primeiros especialistas, (na construo civil ser-vente, pedreiro, ladrilhador, mestre de obras,desenhador arquitecto e engenheiro).

    Com as clulas dos metazorios o processofoi bastante semelhante, e elas comearam a orga-nizar-se para executarem funes especficas. Aeste processo de especializao celular, denomi-na-se diferenciao celular.

    Na diferenciao observa-se, na clula, umasequncia de modificaes morfolgicas, qumi-cas e funcionais que transformam uma clulaprimitiva indiferenciada, capaz de executar asvrias funes celulares com baixa eficincia, emuma clula diferente da inicial, ainda capaz deexecutar as mesmas funes bsicas, s que umadestas ser realizada com grande eficincia.

    Como exemplo cita-se o caso da clula mus-

    cular que se alonga, sintetiza protenas fibrilarescontrcteis e d origem a uma clula com formade fuso, chamada fibra muscular, adaptada a umaconverso eficiente de energia qumica em traba-lho mecnico.

  • 33Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Componentes da Clula

    Para o estudo da clula vamos considerarduas formas de organizao: A Qumica e a Fsica.

    Organizao Qumica

    Ao conjunto das diferentes substncias queconstituem a clula d-se o nome de Protoplasmae este por seu lado constitudo por gua,Electrlitos, Protenas, Lpidos e Hidratos de Car-bono.

    gua:

    Cerca de 75 a 85%. Muitos dos produtosqumicos esto dissolvidos na gua e outros estoem suspenso. Porque o meio aquoso estassubstncias difundem-se na gua.

    Electrlitos:

    Os mais importantes so o Potssio, oMagnsio, o Fosfato, e o Bicarbonato, havendotambm pequenas quantidades de Sdio e Cloro.Esto em princpio dissolvidos na gua e propor-cionam produtos qumicos e inorgnicos parareaces celulares. So necessrios para o contro-le celular: Transmisso de impulsoselectroqumicos entre o nervo e a fibra musculare regem a actividade de algumas reacescatalisadas por enzimas que so necessrios aometabolismo celular.

    Protenas:

    Cerca de 10 a 20% , podendo ser de dois tipos:

    Protenas Estruturais

    Como o prprio nome indica, este tipo deprotena liga entre si as estruturas celulares (mem-branas) sendo fibrilares e insolveis. Em funodas diferentes foaras tensionais assim as pro-

    tenas estruturais se organizam em Cadeias Estru-turais.

    Protenas Enzimticas

    Ao contrrio das anteriores, estas soglobulares e em princpio solveis na gua, sendotambm catalisadoras de reaces qumicas mui-to importantes. Entre as mais importantes desta-cam-se as ncleo-protenas, que estando no n-cleo, vo constituir os Genes.

    Lpidos

    Esto representados com cerca de 2% , cons-tituindo-se nas gorduras da clula e habitualmen-te combinam-se com as protenas estruturais paraformarem as membranas que separam diferentescompartimentos de gua da clula.

    Hidratos de Carbono

    Cerca de 1% da massa celular, encontrando-se dentro da clula sob a forma de glicogneo, que um polmero insolvel da glicose. A fraca quan-tidade de hidratos de carbono dentro da clula,deve-se ao facto de que quando a clula necessitardeles, a glicose existente em grande quantidadeno lquido extracelular, entrar rapidamente e comgrande facilidade no interior da clula quando talfor necessrio. O papel que reservado aos hidratosde carbono na sntese do ATP extremamenteimportante como iremos ver mais adiante.

    Organizao Fsica

    A clula divide-se em duas pores fundamen-tais: O Citoplasma e o Ncleo.

    No citoplasma temos a considerar em per-manncia: Membrana Citoplasmtica, RetculoEndoplasmtico, Mitocndrias, Complexo deGolgi, Centrolos e Lisossomos. Temporariamen-te Acmulos de Pigmentos, Lpidos, Protenas,Glcidos etc.

  • 34 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Membrana Citoplasmtica ouCelular

    pouco visvel ao microscpio ptico, poistem uma espessura entre 75 e 100 A. Ao micros-cpio electrnico aparece como uma unidade

    trilaminar, denominada Unida-de de Membrana. Admite-se queessa membrana seja compostade uma camada lipdica internarecoberta por dois estratos deprotenas. A camada lipdica in-terna tem propriedadeshidrfobas, enquanto a externatem propriedades hidrfilas.Apesar de esta estrutura expli-car muitas das propriedades dasmembranas celulares, como sejaa Permeabilidade Selectiva,(propriedade pela qual s entrana clula aquilo de que ela ne-cessita) no esclarece vrias ca-ractersticas do seu comporta-mento, como por exemplo, rpi-

    dos aumentos ou diminuies da suapermeabilidade.

    H argumentos de ordem morfolgica e fisi-olgica para se admitir que a membrana possa teruma estrutura instvel, variando de acordo com o

    estado depermeabilidade. Co-nhece-se, porm,muito pouco sobre oque ocorre nas mem-branas nestas ocasi-es. Admite-se que asmembranas das ou-tras estruturasmembranosas doCitoplasma e do N-cleo (a membrana doNcleo, a do RetculoEndoplasmtico, a doComplexo de Golgi,a dos Grnulos de Se-creo e a dosLissossomas) tmuma estrutura muitosemelhante damembrana Celular.

  • 35Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Retculo Endoplasmtico

    Esta organela apresenta-se sob a forma deuma rede de vesculas achatadas, vesculas redon-das e tbulos que se anastomosam entre si.

    Temos a considerar dois tipos deretculo: o Granular ou Rugoso e o Liso,diferenciando-se um do outro pela in-cluso ou no de umas pequenas part-culas, formadas essencialmente deAcido Ribonuclico (RNA), e protenasdenominadas de Ribossomos. EstesRibossomos vo ter grandes responsa-bilidades na sntese de protenas de ex-portao (as que so expelidas para oexterior). As principais funes doRetculo Endoplasmtico so de trans-

    porte do ncleo para todo o interior da clulaatravs dos seus tbulos, e no caso do Granular asntese de protenas de exportao.

    Mitocndrias

    So organelas presentes em todas asclulas dos mamferos, e tm como princi-pal funo o transformar da energia qu-mica dos metablitos presentes nocitoplasma, em energia Biolgica. Estaenergia acumulada em componenteslbeis e ricos em ligaes energticas dosquais o principal o ATP(adenosinotrifosfato), que prontamentecede a sua energia quando a clula delanecessita dela para trabalho, quer seja osmtico,

    mecnico, elctrico ou qumico. A quantidade deMitocndrias directamente proporcional ao me-tabolismo da clula a que pertence. Assim porexemplo, a clula muscular muito rica nestasorganelas.

    Complexo de Golgi

    Apresenta-se sob a forma de um conjunto devesculas achatadas e empilhadas, cujas poreslaterais se mostram dilatadas. Atribui-se ao Com-plexo de Golgi uma funo no processo decondensao e revestimento do produto de secre-o da maioria das clulas glandulares. As prote-nas sintetizadas no Retculo EndoplasmticoRugoso, so transferidas para o Complexo deGolgi provavelmente com o auxlio de pequenasvesculas que se destacam do RetculoEndoplasmtico. Migram e fundem-se com as

  • 36 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    membranas do Complexo de Golgi. Aqui soagrupadas e condensadas em partculas relativa-mente grandes e densas que so envoltas por umantida membrana, formando os Grnulos de Se-creo

    Centrolos

    So duas formaes tubulares, e quegeralmente se colocam ou ao lado oudentro do Complexo de Golgi. OsCentrolos tornam-se bem evidentes naMitose (reproduo celular), onde servemde ponto de convergncia para osmicrotbulos (citoesqueleto) do fuso.

    Lissossomas

    So organelas particularmente abun-dantes nas clulas onde ocorre a digestointracitoplasmtica, como o caso porexemplo de clulas do sistema histiocitrioe de alguns glbulos brancos. Aos vacolosformados por Pinocitose (ou Fagocitose)de substncias extracelulares e que sochamados Vesculas Pinocticas (ouFagocticas), fundem-se os Lissossomas.Estes lanam, o seu contedo enzimticodentro da Vescula formando assim umaVescula Digestiva, onde se processam osfenmenos de Digesto Intracelular. Es-tas organelas so tambm responsveispela autlise (absoro total ou parcial docitoplasma). Pode tambm acontecer orompimento da membrana envolvente paraque mais rapidamente os seus enzimas se espa-lhem por toda a clula.

    Ncleo

    O ncleo de uma clula assemelha-se ad-ministrao de um centro de produo. dele queso enviadas todas as ordens tendentes ao bomfuncionamento da clula, bem como, e por via de

    consequncia, em relao s que lhe esto adja-centes.

    Apresenta-se como uma organela arredon-dada, ou alongada, situada geralmente no centroda clula.

    composto pela Membrana Nuclear, pelaCromatina e pelos Nuclolos.

    Membrana Nuclear

    Apresenta poros de diferentes caractersti-cas (simples, com diafragma e com tbulos), quepermitem a comunicao entre o ncleo e ocitoplasma.

    Cromatina

    Apresenta-se sob a forma de filamentos,grnulos ou flocos de substncias, intensamente

  • 37Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    coradas, irregularmente dispostas no interior doncleo e visveis ao microscpio ptico.

    A Cromatina Constituda por filamentos deDNA (cido desoxirribonuclico) enrolados emespiral, e Protenas bsicas, sendo devido suacondensao, que os cromossomas se tornam vi-sveis durante a Mitose.

    pois a Cromatina o depsito de DNA naclula. O estudo minucioso da Cromat ina daclula de mamferos, revelou que frequenteobservar-se nos ncleos das clulas animais dosexo Feminino, uma partcula de Cromatina bemvisvel, que no aparece nos ncleos dos animaisdo sexo Masculino. Esta cromatina passou a serdenominada de Cromatina Sexual.

    Admite-se que a Cromatina Sexual seja real-mente um dos dois cromossomas X existentes nosexo feminino e que se mantm durante a Interfaseintensamente espiralizado, ao passo que o outrocromossoma X se desespiraliza, no sendo por-tanto visvel.

    No Homem, cujos cromossomas sexuais soum X e um Y, o cromossoma X estariadesespiralizado, no sendo portanto, visvel.

    costume ordenar os cromossomas de acor-do com a sua morfologia, em pares numerados de1 a 22 acrescidos dos cromossomas sexuais XX(feminino) ou XY (masculino).

    D-se o nome de Caritipo ao nmero e tipode cromossomas de um indivduo.

    Nuclolos

    Formaes arredondadas, ricas em RNA (ci-do Ribonuclico) e protenas bsicas. Os ncleoscontm um ou mais nuclolos podendo ter dimen-ses variveis. O nuclolo formado por duaspartes distintas: Uma em filamentos, contendoDNA da cromatina associada a esta organela,sendo considerada o lugar de produo do RNARibossmico. A outra parte formada por peque-nos grnulos densos que mais tarde migram parao Citoplasma e que se convertem em Ribossomas.

    Diviso Celular

    Para que seja possvel a regenerao na clu-la preciso que esta se reproduza. excepo dasclulas do Sistema Nervoso (hoje esta realidade jno o ), todas as outras esto constantemente areproduzir-se.

    A diviso celular pode ser observada aomicroscpio ptico no processo chamado Mitose,durante o qual a clula Me se divide ao meiorecebendo cada Clula Filha um grupocromossmico igual ao da Clula Me. Este pro-cesso consiste essencialmente na duplicao doscromossomas e na sua distribuio para as clulasfilhas.

    Em geral, quando se observa e estuda umaclula, ela est na chamada Interfase, que a fasedurante a qual no ocorre Mitose.

    A Mitose por regra dividida em etapas quena realidade so contnuas mas que para facilida-de de estudo aqui sero consideradas individual-mente.

    Profase

    Espiralizao gradual da Cromatina, com aconsequente formao e diferenciao doscromossomas. Aqui a Membrana Nuclear estntegra e os cromossomas parecem um novelo delinha grossa. H duplicao dos Centrolos, mi-grando cada par para cada um dos plos da clula.Aparece ento um agregado de microtbulos (ocitoesqueleto da clula) unindo os dois pares deCentrolos e que vo formar o Fuso Mittico.

    Metafase

    Desaparecimento da Membrana Nuclear edo Nuclolo. Os Cromossomas dispem-se emuma placa correspondente ao equador da clula(Placa Equatorial). Cada Cromossoma divide-selongitudinalmente em duas Cromtides(cromossoma filho) que se vo fixar nos tbulosdo Fuso Mittico.

  • 38 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Anafase

    Os cromossomas filhos separam-se e cadaum deles desloca-se para os Centrolos, seguindoos tbulos do fuso em direco aos plos (Migra-o Polar). Comea a notar-se uma invaginaoequatorial, para mais tarde permitir a sua totalruptura.

    Telofase

    Reconstruo dos ncleos das clulas filhas;menor espiralizao dos cromossomas;reaparecimento dos nuclolos, cromatina e mem-brana nuclear ao mesmo tempo que desaparece o

    fuso mittico. Durante estas alteraes, aumen-tada a zona de constrio equatorial, que progridee termina quando o citoplasma e suas organelasso divididos em duas partes iguais (uma clulame originou duas clulas filhas), ficando por issofinalizada a Mitose.

    A observao da clula tende a dar a nooerrnea de que ela uma entidade esttica. Isto

    no corresponde de todo realidade ecomo exemplo cita-se o ncleo que poderodar volta do citoplasma a uma veloci-dade de 270/minuto. As mitocndriasso tambm organelas extremamentemveis, bem como os vacolospinocticos.

    Transporte Atravs daMembrana

    Alguns aspectos relacionados com oproblema da membrana celular, princi-palmente com os tipos de transporte queexistem de substncias atravs da mem-brana e o que se passa ao nvel das mem-branas excitveis.

    Comeando pelo tipo de transporte,tem interesse pois, a base das trocas desubstncias entre a clula e o meio exte-rior.

    As clulas no esto encostadas umass outras. Existe um espao entre elas,que vai ser ocupado pelo LquidoExtracelular, do mesmo modo a clula noseu interior tambm tem uma entidadelquida, o Lquido Intracelular.

    A importncia da sua existncia advm dofacto de as substncias que vm do sangue passa-rem deste, mais concrectamente dos capilares,para o lquido extracelular e deste para o lquidointracelular. Para que as substncias necessriasao seu bom desenvolvimento entrem nela preci-so que atravessem um sistema de membranas (as

  • 39Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    do prprio capilar e a da membranacitoplasmtica).Este conjunto de fenmenos vaicriar certos estados fisiolgicos em certas mem-branas celulares (Ex. msculos, nervo etc.). Estasmembranas ficam assim sujeitas a sofrer altera-es elctricas que podem levar por exemplo a umdesencadear de uma contraco muscular, ou nodesenvolver da conduo do impulso nervoso ao

    longo do nervo.

    Estes lquidos (intra e extracelulares) seroconstitudos por gua e substncias dissolvidas,que podem ser Ies ou Protenas. O que de mo-mento nos interessa so os ies, visto as protenasserem casos especiais. Vamos partir desta ques-to: Quais so os ies que existem em maiorquantidade dissolvidos numa regio? Encontra-mos ies tipo Sdio, Potssio, Cloro, Fosfatos eClcio (Na+, K+, Cl-, Fosfatos, Mg++, Ca++).

    As concentraes do lquido intracelular eextracelular vo variar da seguinte forma: O Sdiovai existir em maior concentrao fora do quedentro da clula; O Potssio existe em muitomaior concentrao dentro do que fora; O Cloroexiste em maior concentrao fora do que dentro.

    Por outro lado os tamanhos destes ies noso os mesmos, assim Na+ >K+ e Ca++>Na+.

    Aqui temos de considerar dois pontosbsicos mas que devem estar sempre pre-sentes:

    1 - As concentraes dos elementosso diferentes conforme se passa no lquidointra ou extracelular.

    2- O tamanho dos tomos ionizadosdifere conforme os vrios casos que estamosa considerar.

    Se por outro lado se pensar neste tipode distribuio de cargas, qual ser o moti-vo porque as concentraes fora e dentro daclula sero diferentes? A resposta queestas substncias so transportadas atravsdas membranas celulares e como passam deum lado para outro, vo modificar as suasconcentraes. Se estes ies tm carga dediferentes sinais, vamos de certeza encon-trar uma diferena em relao aos lquidosno s dos ies, mas tambm das cargas.

    O Transporte atravs da Membranapode fazer- se atravs de trs processos:

    1-a)- Difuso Simples b)- Difuso Facilitada

    2- Transporte Activo

    O fenmeno fundamental que distingue adifuso, seja simples ou facilitada do transporteactivo que nos casos em que h difuso no hgastos de energia, ao contrrio do transporte acti-vo.

  • 40 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    Difuso

    Se tivermos uma tina, com um lquido (guapor Ex.) com ies Sdio dissolvidos, vamos teruma srie de cargas positivas, que vo exercerforas de repulso electrostticas umas com asoutras e vo por isso estar em permanentechoque, fazendo com que a sua concentrao aofim de algum tempo seja homognea. Aofenmeno de repulso de ies entre si de formaa uniformizar a sua concentrao no lquidoonde esto chama-se Difuso.

    Difuso Simples

    Em funo da solubilidade de uma substn-cia em lpidos, assim ela difunde-se com maior oumenor dificuldade atravs da Matriz Lipdica damembrana. Como exemplo podemos citar o doOxignio que passa atravs dela com toda a faci-lidade e sem ajuda de estranhos, como iremosobservar para a difuso facilitada.

    Difuso Facilitada

    A Glicose um acar, que praticamenteinsolvel na matriz lipdica da membrana, o queno impede que ela se difunda na mesma: Amolcula da Glicose muito grande, e por issotem grandes dificuldades na passagem pelos po-ros da membrana. Assim quando ela se aproximada membrana Celular, vai ser dissolvida na matriz(camada prteica exterior) e combinar-se comuma substncia chamada Transportadora ouCarregadora de forma a fazer um composto que otorne muito solvel na matriz lipdica. Assim queo composto entra na clula, cessam as funes dasubstncia Transportadora. Regressa esta ao exte-

    rior (para voltar a fazer o mesmo a uma outramolcula de glicose), permanecendo a glicoseassim transportada no seu interior. A estefenmeno chama-se Difuso Facilitada.

    Transporte Activo

    Existe paralelamente difuso e a outrosmecanismos, um transporte atravs da membranacelular, que como j foi referido, se faz custa degasto de energia. o Transporte Activo.

  • 41Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    O sdio tem uma certa tendncia a difundir-se por um mecanismo assduo, atravs dos porospara dentro da clula. O sdio bombeado activa-mente para o exterior pela chamada Bomba deSdio, ou Mecanismo de Transporte Activo doSdio.

    Este transporte activo feito de uma zona demenor concentrao para uma de maior concen-trao, isto um pouco ilgico, e por isso se dizque feito contra um gradiente de concentraes,(porque a concentrao maior fora do que den-tro). A difuso normalmente, faz-se a favor dogradiente de concentrao. O Gradiente de Con-centrao determinado pela diferena de con-centraes do interior e do exterior, e o transporteactivo vai ser feito atravs dum sistema que trans-porta o Sdio contra o Gradiente de Concentra-o.

    Como que isto se vai passar?O Sdio vai entrar na clula, ligando-se a um

    determinado Transportador X. Caminha ligado aele at outra superfcie da membrana celular equando a atinge libertada passando para o exte-rior da clula. O Transportador afasta-se, maspensa-se que no vai directamente para o inciocomo na difuso.

    Na difuso facilitada, pensa-se que em certa

    altura, sofre alteraes de estrutura, que lhe per-mite receber neste ponto ies potssio. Estesexistem em pequenas concentraes fora das c-

  • 42 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    lulas e em grandes concentraes dentro da mes-ma. Estes ies tm tendncia para se difundirematravs dos poros para fora, assim como acontececom os ies sdio; no entanto este fenmeno deTransporte Activo, tambm transporta activamenteo potssio contra Gradiente de Concentrao dolquido extra para o intracelular atravs da mem-brana celular.

    Pensa-se que o Transportador X sofra peque-nas alteraes estruturais, transformando-se numhipottico Transportador Y que se ir ligar aopotssio, caminhando assim (os dois) no interiorda membrana at outra superfcie, at que dooutro lado (da membrana) se liberte o potssio eo transportador Y.

    O transporte activo um mecanismo umpouco semelhante ao da difuso facilitada, masque difere em dois pontos fundamentais:

    a) Implica gastos de Energiab) feito contra um gradiente de concentrao.O mecanismo da bomba de sdio no exclusi-vo. H outras substncias que podem atravessar

    a membrana por transporte activo como porexemplo a glicose.

    Quando se falou da difuso facilitada deu-seo exemplo da glicose que se ligava ao transporta-dor e que atravessava a membrana. Tornando-selipossolvel atravessava outra vez a membranapara o outro lado e libertava-se para o exterior daclula. Esta glicose vai ser transportada em gran-des quantidades para o interior da clula pormecanismos de transporte activo. A glicose temtambm um transportador. Sendo de extremaimportncia a aco de hormonas ao nvel destetransporte activo. Este transporte activo assimincrementado e estimulado. Por exemplo, a Insu-lina vai estimular o transportador da glicose demaneira que quando h muita insulina a banhar aclula este transportador funciona, transportandomolculas de glicose para o seu interior (pelotransporte activo). Quer isto dizer que se houveruma insuficincia nos sistemas de transporte podehaver um excesso de glicose dentro da clula(doena normalmente conhecida por Diabetes).

    O Aparelho Muscular

    O elemento central de adaptao do organis-mo aos esforos despendidos pela Dana, oAparelho Muscular.

    Os msculos esquelticos, ou estriados, po-dem fazer mover o corpo e mant-lo em diferentesposies. Isto possvel em virtude da sua capa-cidade de transformar a energia qumica em me-cnica quando esto em actividade.

    A mais pequena unidade estrutural do ms-culo esqueltico a Clula ou Fibra Muscular.Esta fibra extremamente fina e alongada, vari-ando o seu comprimento em funo da suaespecificidade. Algumas no medem mais do quealguns milmetros, ao passo que outras chegam aatingir cerca de 40 cm; o seu dimetro mais oumenos constante e varia entre os 50 e 100 microns.

    Ao microscpio ptico constata-se que afibra muscular esqueltica apresenta estrias regu-lares. Nota-se a uma alternncia entre as chama-das zonas claras e zonas escuras qual se deu onome de Estriao Transversal.

    A zona clara chama-se Faixa I ou FaixaIsotrpica, e a zona escura Faixa A ou Anisotrpica.

    Atravs de um bom microscpio pode-seobservar uma espcie de linha que se encontra nomeio da Faixa I qual se deu o nome de Linha Z(do alemo Zwischenscheibe que quer dizer discointermedirio). Esta linha Z delimita aquilo a quese entendeu chamar de Sarcmeros e que tmcerca de 1 a 2 microns de comprimento.

    A fibra muscular envolvida por uma mem-brana homognea, Sarcolema, que a isola. No seuinterior encontra-se o Sarcoplasma, que o

  • 43Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Protoplasma da clula muscular, e normalmentevermelho. um meio viscoso, contendo um gran-de nmero de ncleos e mitocndrias, mas princi-

    palmente de Miofibrilhas que se estendem de umaextremidade a outra da fibra.

    Estas miofibrilhas vo ser os elementoscontrcteis da clula muscular. Os processosmetablicos que so responsveis pela libertaode energia requerida para o trabalho muscular,decorrem ao nvel do Sarcoplasma e dasMitocndrias.

    Outras substncias como o Glicogneo, ci-dos Graxos, o ATP (adenosinotrifosfato), e o CP(criatinofosfato), que se encontram no sarcoplasmaacumulam a energia. Por outro lado tambm seencontra grandes quantidades de Enzimas, tendoestas um papel muito importante no processo delibertao de energia.

    A Mioglobina, uma substnciaavermelhada, semelhante Hemoglobina do san-

    gue e que d aos msculos a sua coravermelhada. ela a responsvel peloacumular do Oxignio, (to necessrios combustes lentas e sem as quais aprtica da Dana no seria possvel).

    Um msculo um rgo, e comotodos os outros rgos constitudo porvrios tipos de tecidos. O principal teci-do evidentemente o tecido muscular,composto por fibras muscularesestriadas, cujo nmero relativamentegrande (o bicpite tem cerca de doismilhes). Um tecido conjuntivo laxo, euma rede de vasos capilares e nervosenvolvem as fibras musculares, organi-zando-se estas em Feixes muscularesprimrios. Entretanto estes feixes agre-gam-se e formam um ou outro feixemuscular, desta feita um Feixe muscu-lar secundrio.

    Tanto as fibras como os feixesmusculares e o prprio msculo soenvolvidos por membranas de tecidoconjuntivo, das quais a mais importantee a que envolve o msculo, o Permseo.

    Vai ser esta membrana a respons-vel pela unio com o tendo, que por sua

    vez se vai inserir ao osso adjacente a esse mesmomsculo.

    Misturados no tecido conjuntivo, os vasossanguneos e os nervos encontram-se nos espaosexistentes entre as fibras musculares.

    Alm de artrias e veias h tambm umgrande nmero de vasos capilares, entre os espa-os intermedirios das fibras musculares (toma-das individualmente). O seu nmero extrema-mente elevado, podendo cada fibra muscular es-tar em contacto com 5 ou 6 capilares. Estescapilares podem contrair-se ou dilatar-se, graasa uma regulao nervosa. Isto significa que acorrente sangunea, circulante no msculo podesubir para valores bastante mais elevados do que

  • 44 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

  • 45Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    o normal, e isto em funo das necessidades deOxignio durante o repouso ou actividade.

    S por curiosidade, pode dizer-se que o n-mero de capilares abertos no msculo varia numaseco transversal entre 30 mm2 em repouso e2500 mm2 aquando de um grande esforo.

    Os vasos dilatam-se sob a aco de uma faltade Oxignio e de certos metablitos tais como o

    CO2, cido lctico, H+, etc.

    A UnidadeNervo Msculo

    Cada fibra muscularrecebe um brao de umnervo motor, o que nosleva a grande interligaoexistente entre o msculoe o nervo.

    Assim os nervos soconstitudos por fibrasnervosas que estabelecem

    a ligao entre a extremidade superior da clulanervosa, localizada no c-rebro ou espinal medula, eos msculos.

    A fibra nervosa podeser constituda por umanica clula nervosa ou porvrias.

    Cada clula nervosa constituda por um corpode clula, denominadoNeurnio, por um tubocomprido conhecido porAxnio, e por uma regiode contacto, que constitui aligao neuromuscular,chamada Sinapse. O axnioencontra-se envolvido poruma camada protectora,constituda por lpidos; esta

    camada protectora tem as mesmas funes isola-doras que a borracha ou o plstico nos fios elctri-cos.

    no corpo da clula, ou neurnio, que selocalizam as partes fundamentais da clula vul-gar, como sejam, o ncleo, as mitocndrias, mem-

  • 46 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    branas, etc.

    A mensagem proveniente do crebro ouespinal medula captada pelo neurnio, que, porsua vez a passa para o msculo. Caso a distnciaentre o crebro (ou espinal medula) e o msculoseja grande, (como o , na maior parte dos casos),a fibra nervosa constituda por vrias clulas enestes casos, a sinapse de uma clula transmite amensagem para o neurnio da clula seguinte eassim sucessivamente, at atingir o msculo.

    Um sistema semelhan-te, transporta mensagens dosrgos sensoriais ao crebro,e muitas sinapses interligam ogrande nmero de clulas ner-vosas no interior do crebro.

    S por curiosidade, a re-gio superior do crebro con-tm cerca de 10 Bilies(10000000000) de clulas ner-vosas, cada uma das quais po-dendo estabelecer contactossinpticos com outras.

    Por via de consequncia,

    um impulso nervoso descendo ao longo do axniode um nervo motor, vai distribuir-se e atingir umcerto nmero de fibras musculares, fazendo assimcom que estas fibras fiquem, ou no excitadas. Aogrupo de fibras musculares irrigadas pelo mesmonervo ou brao, chama-se Unidade Motora. Poroutro lado, a resposta de uma fibra muscular (ounervosa), a uma excitao rege-se pela lei doTudo ou Nada, querendo isto dizer que, ou apotncia do estmulo suficiente e a fibra muscu-lar (ou nervosa) reage, excitando-se, ou no o , e

    nessa altura ela no reage, e por issono se excita.

    Assim, v-se que, os processosmecnicos da contraco das fibrasmusculares, ou mesmo de todo omsculo, so provocados por umaexcitao provocada pelos nervosmotores. Esta excitao ouestimulao provoca uma brusca al-terao do estado mioelctrico ( es-tado elctrico do msculo), qual sechama de Influxo Nervoso Este in-fluxo transmitido de muito longe, evai propagar-se dentro da fibra mus-cular onde vai ser reprimida pelamembrana que envolve a fibra mus-cular (Sarcolema).

    As Miofibrilhas respondem aesta onda excitadora contraindo-se.

  • 47Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    Para melhor se perceber o estado de excita-o da fibra muscular ou nervosa, aconselhvelestabelecermos a diferena entre estado de repou-so (Potencial de Repouso) e estado de actividade(Potencial de aco).

    Potencial de Repouso (ou demembrana)

    A composio inica (partculas electrica-mente carregadas), no interior da clula muscular muito diferente da do exterior. No interior hmuito Potssio e pouco Sdio e no exterior acon-tece precisamente o contrrio; no interior da clu-la existem tambm outros ies tanto positivos(Clcio e Magnsio), como negativos (Cloro).

    No interior da clula h tantas cargasnegativas como positivas, de modo que acarga total nula; o mesmo acontece nofluido que circunda a clula exteriormente,que tambm electricamente neutro.

    Como atrs foi referido, o facto daconcentrao do sdio ser grande no exteri-or da clula, e a do potssio no interior, deve-se membrana celular que impede a entradado sdio e dificulta a sada de potssio. Estaimpermeabilidade principalmente devidaa fora de repulso entre os ies de sdio epotssio, ambos com carga do mesmo sinal.

    No entanto os ies NA+ atraem atravs da mem-brana os ies negativos CL que se encontram nointerior da clula e que se podem difundir livre-mente atravs desta. Por tudo isto o exterior damembrana fica positivamente carregado e no seuinterior fica carregado negativamente.

    Existe assim uma diferena de potencialentre os dois lados da membrana, que pode serdetectada utilizando instrumentos especiais. Coma ajuda de dois mioelctrodos colocados, um nointerior e outro no exterior da fibra, ligados a umregistador elctrico sensvel possvel detectardiferenas de potencial na ordem dos -85 mV.

    Este potencial dito de repouso ou de mem-brana depende do metabolismo da clula, o queevidentemente s possvel com a existncia da

    vida.

    O potencial de repouso pode seralterado fundamentalmente de duasmaneiras: Artificialmente (por ex.agentes qumicos mecnicos e elctri-cos) ou Naturalmente atravs daestimulao nervosa (Influxo Nervo-so).

    Devido a alterao do potencialde repouso, parte da fibra despolariza-se e o fenmeno que ento se produz

  • 48 Instituto Politcnico de Lisboa / Escola Superior de Dana

    E. Fortes / Out. 2006

    o Potencial de Aco.

    Potencial de Aco

    Suponha-se agora que, num determinadoponto da membrana, o potencial reduzido a zero,ao que se chama de Despolarizao. Istocorresponde a inverso das cargas no ponto indi-cado. Assim no ponto A (ver a gravura) existemcargas negativas no exterior e positivas no interi-or, relativamente a uma zona mais afastada B,onde a disposio das cargas inversa. Verifica-

    se assim um fluxo de corrente de A para B; pormo efeito da chegada da corrente a A despolarizareste ponto, originando um novo fluxo de correntepara um ponto mais adiante e assim sucessiva-mente. E nesta sucesso de despolarizao queconsiste o transporte da mensagem atravs dafibra; como atrs j foi referido a despolarizaoinicial depende de um estmulo recebido do cre-bro ou espinal medula.

    Em termos bioqumicos, o efeito de umadespolarizao uma alterao na permeabilidadeda membrana que momentaneamente se tornapermevel ao sdio, deixando-o entrar no interiorda clula; isto provoca uma queda de potencial,pois que no interior da clula haver mais cargaspositivas do que existiam quando a membrana eraimpermevel. Por outro lado a queda do potenci-al, torna a membrana ainda mais permevel; entramais sdio no seu interior e o potencial cai aindamais. Forma-se assim um sistema de RectroacoPositivo.

    Quando a clula est em descanso, a diferen-a de potencial de cerca de -85mV.

    Com a despolarizao, esta diferena depotencial vai diminuindo, medida que o sdioentra para a clula. A diferena de potencial chegaa anular-se, isto , passa pelo valor zero e emseguida atinge valores positivos at cerca de +30mV. Neste ponto cessa a entrada de sdio queter de vencer uma grande diferena de potencial.Porm, simultaneamente aumenta apermeabilidade da membrana ao potssio que

    agora consegue sair da c-lula para o exterior. A dife-rena de potencial, torna abaixar, passa por zero, atin-ge valores negativos e ul-trapassa ligeiramente o n-vel de -85mV, correspon-dente ao repouso normal.Durante este curto perodode tempo a clula inca-paz de ser novamente ex-citada. Todavia dentro dealguns milsimos de se-gundo, restaurado o va-lor primitivo (- 85mV), e a

    clula poder novamente ser excitada.As modificaes no potencial da membrana

    so obtidas custa das concentraes do sdio edo potssio. A fibra torna-se inactiva apenas quan-do todo o potssio passa para o exterior, permane-cendo o sdio no interior. Porem, antes dissoacontecer, mais de 1 milho de impulsos podemser transportados atravs da mesma fibra. Quandoa fibra se torna inactiva h que restabelecer a suaenergia potencial primitiva, com potssio no inte-rior e sdio no exterior. Para tanto, a clula utilizaa energia proveniente do ATP (Trifosfato deAdenosina).

    Nas sinapses surge no entanto outro proble-ma. Entre a membrana que limita a sinapse e a daclula seguinte, existe um vazio, que precisotranspor para a onda de despolarizao, poder terseguimento. Isto efectuado por meio de Trans-missores Qumicos.

  • 49Anatomofisiologia

    Captulo I Generalidades E. Fortes / Out. 2006

    A chegada do impulso nervoso sinapseestimula a libertao, na extremidade do nervo,de uma substncia qumica que pode difundir-seatravs da membrana da primeira fibra, atingindoa segunda fibra, onde provoca a despolarizao damembrana, desencadeando um impulso.

    Existem vrias substncias com estas fun-es, porm, a mais conhecida a Acetilcolina.

    Estas mesmas substncias estabelecem a li-gao entre a s