Artigo Vulnerabilidade Acre v3

download Artigo Vulnerabilidade Acre v3

of 19

Transcript of Artigo Vulnerabilidade Acre v3

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    1/19

    AVALIAO DE VULNERABILIDADE A EVENTOSCLIMTICOS EXTREMOS NA AMAZONIA BRASILEIRA: UMAPROPOSTA METODOLOGICA PARA A BACIA DO RIO ACRE

    Abstract

    The United Nations Development Programme defines vulnerability as a human condition

    or process resulting from physical, social, economic and environmental factors, which

    determine the likelihood and scale of damage from the impact of a given hazard. One of the

    most sensitive areas to climate changes is The Southern Border of Brazilian Amazon Region.

    In addition to problems related to changes in land use, new issues are emerging, including

    climate change and its negative effects on the regional hydrological cycle. In recent years

    considerable research has been undertaken focusing on climate change and its effects on

    Amazon Biodiversity and even on regional water resources, but there is very little research

    linking territorial planning and public policies to prospective planning scenarios and to climate

    change and the necessary adaptation or mitigation to climate vulnerability. This study examines

    issues pertaining to social, economic and environmental vulnerability, including the new

    challenges posed by climate change. Examples of environmental problems related to climate

    dynamics of the Rio Acre Basin are floods and dry periods such as the major drought of 2005

    and the 2009 flood. The use of methodology for integrated assessment of vulnerability to riverbasins in Amazon Region constitutes a valuable instrument for territorial planning since it takes

    into account both the challenges of poverty presents human and environmental fragility as

    possible aggravations of climatic events extremes in the future.

    1. INTRODUTION

    The impact of climate change is not uniformly borne by different regions and

    populations. In reality, individuals, sectors and systems are affected to varying degrees, and may

    be prejudiced (or benefited) to a greater or lesser extent. These impacts vary in magnitude and

    intensity in accordance with the geographical location, time, the prevalent social, economic and

    environmental conditions and the infra-structure of a given location (Freitas & Soito, 2008).

    Many sectors, regions and communities have adapted reasonably well to the median

    effects of climate change, particularly if such effects have emerged gradually. This right to life,

    liberty and security of person is seriously undermined, in the more vulnerable populations, by a

    predatory development model that demands aggressive intervention in the environment and

    significant changes to natural cycles, particularly hydrological patterns.

    1

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    2/19

    In Brazil, hydrological availability in the Rio Acre Basin, the object of this study,

    presents significant climatic variability, in addition to being seriously affected by anthropic

    activities on the river and its surroundings, leading to an urgent need for mechanisms that

    enable the riverbank populations to adapt and mitigate the damage to ecosystems and the chain

    of production.

    The IPCC study of global climate change is a further factor to be considered in the debate

    regarding the negative impact of the climate variability in the Rio Acre Basin. Its findings, the

    result of pioneering research in Brazil, indicate that the Amazon region (which includes the Rio

    Acre basin) is one of the countrys most vulnerable regions in terms of the effects of climate

    change.

    It is clear that the Amazon region will present significant challenges in the near future.

    This is particularly true of its extensive hydrographic basins, which have a total area of

    approximately 5 million km2, and a hydroelectric potential of 93.916 MW. The Brazilian

    electrical system is highly dependent on the regions hydric availability, 80% of the Brazilian

    electricity matrix is hydraulic (BEN, 2008).

    It is therefore clear that the basin is highly relevant to the economic growth and

    development of the state. In terms of climate, the major drought of 2005 and the 2009 flood are

    examples of the problems arising out fluvial dynamics. During the drought, the river was

    reduced to a trickle, which led to the emergency installation of floating pumps. The lack of

    planning control over the occupation of flood plains led to widespread damage and loss of life

    in the 2009 floods.

    De acordo com a definio do PNUMA das Naes Unidas, vulnerabilidade a

    condio determinada por fatores ou processos fsicos, sociais, econmicos e ambientais

    que aumentam a susceptibilidade aos impactos de desastres (UNDP, 2004).

    Podemos encontrar diferentes solues e aportes terico-metodolgicos para oestudo de tais fenmenos, que, para alguns autores (HOGAN; MARANDOLA Jr.,

    2005; MARANDOLA Jr.; HOGAN, 2006b) podem ser ligados a uma tradio de

    anlise sociolgica, que se relaciona aos estudos sobre a pobreza, e outra linha que

    herdeira das primeiras preocupaes modernas com os impactos do ambiente sobre a

    sociedade, mais geogrfica, ligada aos perigos naturais e que, mais recentemente, se

    configuraram enquanto questo ambiental.

    2

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    3/19

    Na caracterizao da vulnerabilidade socioeconmica, em geral, se trabalha uma

    abordagem qualitativa a partir da Geografia Humanista e Cultural, de filiao

    fenomenolgica, como arcabouo terico-metodolgico no estudo da vulnerabilidade

    (ENTRIKIN, 1980; HOLZER,1996; BONNEMAISON, 2005), o que coloca a

    experincia dos fenmenos como foco principal, encarando a experincia espacial como

    a principal mediao do indivduo com o ambiente (TUAN, 1983). Neste caso, o

    ambiente entendido de forma ampla, incluindo o mundo de significados onde a pessoa

    est inserida, desde as esferas mais imediatas (famlia, grupo, bairro, cidade) at as mais

    distantes (pas, etnia, mundo). Este perspectiva que busca interligar as esferas sociais a

    partir da experincia, permite abordar as questes por uma tica diferente que no

    privilegia diretamente nem o ambiente nem a sociedade, mas a relao entre ambos.

    Esse parece ser, atualmente, um dos grandes desafios postos aos estudos de populao e

    ambiente (LUTZ; PRSKAWETZ; SANDERSON, 2002).

    Na sociologia urbana, estudos ecolgicos tratam da relao populao ambiente

    h praticamente um sculo, influenciados pelas contribuies da chamada Escola de

    Chicago (PARK; BURGESS; McKENZIE, 1925; BURGESS; BOGUE, 1964; SHORT,

    1971). Nesses estudos, a importncia da localizao e da posio relativa trazida para

    o estudo social na medida em que revelam ou promovem relaes e posies ecolgicasque tanto expressam uma organizao quanto favorecem uma situao.

    A capacidade de resposta e de adaptao dos grupos sociais aos perigos e riscos

    que correm chama ao debate um conceito utilizado tanto para a vulnerabilidade social

    quanto para a vulnerabilidade natural, que o conceito de resilincia, um dos conceitos

    fortes que surgiram na dcada de 1990 nos estudos sobre a vulnerabilidade.

    Originalmente trazido da psicologia e estudo de populaes expostas a riscos sociais, a

    Resilincia um conceito relacionado adaptao e consiste em variaes individuais

    em resposta aos fatores de risco (Rutter, 1996).

    Tendo em vista os conceitos de resilincia advindos da psicologia social,

    ressaltam-se os fatores que servem para caracterizar quo bem uma sociedade ou grupo

    populacional est preparado para passar por situaes extremas que, com certeza

    testaro sua coeso interna e sua capacidade de resistncia. Fatores ambientais

    relacionados ao clima podem, certamente, constiturem-se elementos relevantes que

    podero servir de teste nesta perspectiva.

    3

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    4/19

    A vulnerabilidade tambm conceituada, por alguns autores da rea de

    demografia como um conjunto de caractersticas sociodemogrficas de domiclios ou

    indivduos que limitam a acumulao de recursos. Segundo Vignoli (2000), esta

    associao de caractersticas desfavorveis possui relao com outras manifestaes de

    desvantagem social e podem ser captadas por levantamentos censitrios.

    A partir do final dos anos de 1990 alguns autores comearam a destacar o papel da

    vulnerabilidade como geradora de desvantagem social (Moser, C., 1998). Segundo essa

    linha terica que comeou a tomar corpo, a noo de vulnerabilidade permitiria

    aproximaes mais dinmicas, por meio das quais seria factvel antecipar riscos de

    danos materiais ou humanos, assim como, numa perspectiva inversa, potencialidades de

    reforo ou adaptao. Esta abordagem seria vlida tanto para indivduos como para

    grupos pequenos, comunidades, segmentos sociais e at mesmo para a unidade nacional

    como um todo. De toda a forma, o debate sobre a vulnerabilidade e sua relevncia

    ganhou evidncia e, segundo Pizarro (2001), por se tratar de um conceito complexo e

    ainda relativamente novo, apresenta vrias interpretaes que nem sempre so coerentes

    entre si.

    This article proposes an integrated approach of vulnerability for the Rio Acre

    Hydrographic Basin, which may be used as a basis for the formulation and implementation of

    public policy. The authors address climate variability and global warming, in particular hydric,

    social and economic vulnerability. Emphasis is placed on the interface with poverty, the

    isolation of population groups, natural obstacles, population density, river infrastructure and

    public governance.

    The study is, therefore, a diagnosis of the vulnerability of the basin, assessing various

    aspects of a conceptual model in which social, economic, institutional and climatic vulnerability

    are superimposed, so as to provide a synthesis, set out in the form of a map of critical points in

    the basin.

    2. AREA OF ANALYSIS: THE RIO ACRE BASIN

    The object of this study is the Rio Acre basin, located in Southwestern Amazonia, on the

    frontier between Brazil, Bolivia and Peru, covering the Peruvian state (department) of Madre de

    Dios, the Brazilian state of Acre and the Bolivian state (department) of Pando (Figure 01).

    4

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    5/19

    Figure 01 Location of the Area Studied (the Acre Basin)

    Source: Drawn up by the authors on the basis of fieldwork (October 2009).

    A rea compreendida pela bacia do Rio Acre aproximadamente 25.000 km2, sendo de

    16.500 km2 montante de Rio Branco, que se distribuem em vrias sub-bacias. A regio da

    bacia compreende a fronteira entre Bolvia, Brasil e Peru, constituindo a Bacia Trinacional do

    Rio Acre, sendo uma das poucas bacias trinacionais existentes no Brasil e est rodeada por

    rodovias que ligaro o Brasil com portos no Pacfico (Brown et al. 2002).

    O rio Acre nasce numa altitude ao redor de 300 m. No seu trecho mais a montante

    estabelece a fronteira Brasil e Peru e d a c ida de de Ass i s B rasi l a t Brasilia como

    fronteira entre Brasil e Bolvia. A partir da, adentra em territrio brasileiro. Percorre mais

    de 1.190 km desde as nascentes at a sua desembocadura, na margem direita do rio Purus, no

    estado do Amazonas.

    As principais cidades instaladas beira do rio so: Cojiba, Brasilia, Xapuri, Rio

    Branco, Porto Acre e Boca do Acre.

    5

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    6/19

    Em termos populacionais, the region was inhabited by various indigenous peoples before

    being recognized by Brazilians and Europeans in the 19th century. According to Saavedra

    Perez (2001), the Acre River was discovered by a citizen of the State of Cear in 1860. Five

    years later, the Royal Geographical Society in London commissioned a geographer, William

    Chandless, to explore its entire course. The indigenous toponimy accurately reflected the

    characteristics of the waters of the Rio Acre, principally the high river, which was known as

    Magarinarran, due to the high velocity of the water. It was also known as Aquiri river of

    arrows and Enosagua which means yellow river, probably due to the high turbulence of the

    water (Perez, 2001).

    The inhabitation of the State of Acre can be divided into two main waves of migration.

    The first (1920 1960 approximately) brought in people from the northeast of the country to

    work in rubber (latex) extraction. This first wave of immigration is considered to have had

    relatively little impact due the low population density and the refusal by landowners to allow

    recent migrants to work in activities such as agriculture or cattle ranching. The second

    migratory wave started in the early 1970s and involved mainly people from the south and

    southeast of the country who were attracted first by incentives for ranching activities and then

    by the settlement projects that offered free land. The migrants of this second wave settled

    mainly in the extreme east of the state near by the Federal Highway known as BR 364 (Lorena,

    2008)

    This second migratory wave was considered a high impact process, due to the adoption of

    inadequate production systems in relation to local agro-ecologic characteristics and also to the

    low technological level of land use, characterized by slash-and-burn and adoption of extensive

    cattle ranching. The main consequences of this second wave of migration have been the high

    rate of deforestation and progressive loss of soil fertility (Lorena, 2008, op.cit.).

    This in turn led to a later trend towards abandonment of pasture and the consequent

    increase in the number and scale of abandoned areas, observed in several Amazon regions.

    Unfortunately, land use in these settlements is still dependent on slash-and-burn of the primary

    and secondary forests, followed by the plantation of annual subsistence crops for 2 or 3 years,

    followed by the implantation of pastures. Forest clearing is often followed directly by pastures

    (Rocha, 2000).

    Study of the soil and relief of the Rio Acre basin, either in urban or in rural areas reveals a

    complex environmental character, expressed in the interactions between the natural physical and

    socio-economic environments.

    6

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    7/19

    In terms of the interaction between the natural and socioeconomic environments in the

    region, it can be seen that the income, housing, health, education and housing problems of the

    population who live in the floodable and polluted sub-micro basins are closely linked to

    geomorphologic dynamics, which are very common and visible and to landslides and silting up

    of the river banks in line with variations in the fluvial regime of floods and low water.

    In economic terms, the central nucleus of the development of the State of Rio Acre is the

    basin of the Acre River. The towns and villages of the basin account for, respectively, 64.76%

    of the gross domestic product (GDP) and 57% of the state population. Furthermore, the basin is

    the sole source of potable water for the population and for economic activities.

    It can be seen from the above that the basin of the Rio Acre plays a very significant role in

    the economic growth and development of the state.

    3. DISCUSSION ABOUT VULNERABILITY

    3.1. GEOECOLOGICAL VULNERABILITY

    A anlise da vulnerabilidade natural est intimamente ligada aos estudos de unidade de

    paisagem natural onde so examinados sua gnese, sua constituio fsica, sua forma e seu

    estdio de evoluo, bem como o tipo da cobertura vegetal que sobre ela se desenvolve. Estas

    informaes so fornecidas pela geologia, geomorfologia, pedologia e fitogeografia e precisam

    ser integradas para que se tenha uma viso real do comportamento de cada unidade diante de

    sua explorao. Finalmente, necessrio o auxlio da climatologia para que se conheam

    algumas caractersticas climticas da regio onde se localiza a unidade de paisagem, a fim de

    que se anteveja o seu comportamento em face das alteraes impostas pela ocupao

    (CREPANI,1998).

    A anlise morfodinmica das unidades de paisagem natural pode ser feita a partir dos

    princpios da ecodinmica (TRICART, 1977), que estabelecem diferentes categorias

    morfodinmicas resultantes dos processos de morfognese ou pedognese. Quando predomina a

    morfognese prevalecem os processos erosivos, modificadores das formas de relevo, e quando

    predomina a pedognese prevalecem os processos formadores de solos.

    A respeito do clima da bacia do Rio Acre, o mesmo fortemente influenciado pelos e

    grandes sistemas atmosfricos que agem de forma determinante na regio. Destacam-se entre

    esses sistemas atmosfricos o El Nio; a La-Nia; a Zona de Convergncia Intertropical; e os

    complexos convectivos, tais como as linhas de instabilidade. Todos esses fenmenos esto

    ligados as .anomalias de distribuio de chuvas.

    7

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    8/19

    Os eventos extremos da seca de 2005 e das enchentes de 2009 so bastante

    ilustrativos de como a variabilidade hidrolgica e a variabilidade climtica, afetam de forma

    profunda a sociedade local e regional, assim como tem implicaes importantes sobre a

    floresta e a biodiversidade da rea.

    Segundo informaes de Centro de Previso de Tempo e Estudos climticos

    (CPTEC), o principal fenmeno provocador da seca de 2005 foi uma forte anomalia positiva

    da TSM no atlntico tropical norte. O forte movimento ascendente nesse setor do oceano

    contribuiu com forte descendncia de ar sobre a Amaznia, mais intensamente sobre o

    sudoeste da regio. Tal movimento descendente inibe a formao de nuvens, reduzindo a

    precipitao. Tal quadro provoca em escala local a diminuio da evapotranspirao da

    floresta. Assim, agrava-se mais a seca, j que h a diminuio da reciclagem de gua na

    regio (notcias INPE 19/10/2005).

    Segundo o boletim Climanlise do CPTEC, em sua edio de setembro de 2005, a

    precipitao sobre o Acre esteve 100 mm abaixo da mdia. A Zona de Convergncia

    Intertropical estava ao norte de posio normal na ocasio.

    O extremo oposto seca de 2005, o ano de 2009 marcou a presena de cheia em boa

    parte da grande bacia amaznica, incluindo a bacia do rio Acre. Nesta bacia, o ms abril

    assinalou as maiores cotas do ano em questo, superando os 15 metros.

    Os boletins meteorolgicos disponveis registraram que a Zona de Convergncia

    Intertropical estava ao sul de sua posio usual para aquela poca do ano, provocando

    precipitao intensa e organizao a conveco na parte norte da bacia amaznica. O

    transporte de umidade de leste devido aos ventos alsios contribuiu para o aumento de

    pluviosidade na parte sul e oeste da regio.

    As informaes utilizadas no Mapa de Vulnerabilidade Ambiental consistiam

    basicamente na identificao das reas mais vulnerveis segundo a natureza dos processosgeomorfolgicos, estabilidade estrutural dos solos, tipos de escoamento superficial, uso e

    cobertura do solo com indicao em nveis crescentes de prioridade para conservao e

    preservao de diferentes pores do terreno.

    Neste mapa de Vulnerabilidade das unidades de paisagem foram selecionadas 21

    categorias de cores, obtidas a partir da combinao das trs cores primrias aditivas (azul, verde

    e vermelho), de modo que se associasse a cada classe de vulnerabilidade sempre a mesma cor,

    obedecendo ao critrio de que o valor de menor vulnerabilidade (1,0) se associa cor azul, ovalor de vulnerabilidade intermediria (2,0) se associa cor verde e o valor de maior

    8

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    9/19

    vulnerabilidade (3,0) cor vermelha. comprometer o ambiente de maneira significativa e em

    graus diferenciados, de acordo com a resilincia do sistema. (AMARAL, 2005).

    O estabelecimento de correlao entre os limites de graus de vulnerabilidade com uma

    escala de classes de fragilidade permitiu que se tivesse uma viso macro das condies de

    resilincia da rea prioritria (Amaral 2005, op.cit.). A partir dessa correlao foi gerado um

    mapa com cinco categorias de fragilidade, de acordo com as condies ambientais especficas

    para todo o estado do Acre e, para a elaborao do presente trabalho foi feito o recorte

    especfico desse mapa para rea da bacia do Rio Acre. Importante ainda ressaltar o papel da

    vegetao natural ao revestir o solo e o material de origem, dando proteo para a dissecao do

    relevo, uma vez que diminui a erosividade das chuvas.

    3.2. SOCIO-ENVIRONMENTAL VULNERABILITY

    According to Alves (2006), socio-environmental vulnerability may be defined as the co-

    existence or spatial superimposition of highly impoverished and deprived population groups

    (social vulnerability) and areas which are subject to environmental risk or degradation

    (environmental vulnerability).

    The existing literature states that there is a direct relationship between exposure to

    environmental risks and precariousness of access to public services. The lack of urban

    infrastructure per se (water, sanitation, garbage collection, channeling of watercourses etc.)

    exposes the populations which are resident in these areas to environmental risks, such as water-

    borne diseases. There is a clear pattern of low income groups residing in areas where poor urban

    conditions prevail, and which are subject to environmental risk and degradation.

    Academic research institutions and urban and territorial planning agencies have used the

    concept of social vulnerability to define priority areas for social projects and programs in Brazil

    and Latin America.

    According to Alves (op.cit.) this concept of vulnerability has had a strong influence on

    international organizations such as the United Nations, the World Bank and the BIRD. The

    traditional approaches to poverty and its assessment, based exclusively on income level and

    applying fixed measurements such as the poverty line, are inadequate, in that they do not

    address issues related to social/environmental insecurity and exposure to risks and upheavals

    brought about by economic events or changes. Assessing social vulnerability leads to a broader

    view of the living conditions of poorer social groups, taking into account,, at the same time the

    availability of resources and strategies with which the social groups might confront the

    social/environmental impacts that afflict them. (CEPAL, 2002 in Alves, op.cit.).

    9

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    10/19

    The notion ofvulnerability has also, in recent years become a focal point for the scientific

    community working with environmental change and sustainability (IHDP, IGBP, IPCC1) and,

    as stated earlier, is an important analytical category for international institutions. One issue

    which is frequently raised, for example, is that of vulnerability in relation to hydric resources,

    which may lead to:

    shortage of drinking water;

    lack of sanitation and exposure to water borne disease;

    risks posed to population groups forced to reside in areas exposed to high levels

    of hydric pollution;

    In this context it should be noted that:

    an estimated 20% of the worlds population does not have regular access to

    clean drinking water, and 50% lacks adequate sanitation;

    water borne diseases are a serious threat to human health, particularly in

    children, who are more susceptible to them. (IHDP, 2001).

    In the field of sociology (MOSER, 1998; KAZTMAN et al., 1999), social vulnerability is

    analyzed in terms of individuals, families or social groups. Field research into the living

    conditions of riverbank population groups in the Rio Acre Basin provided essential information

    gathered in loco and which was then available for analysis with other existing data.

    Situations of vulnerability in the Rio Acre Basin involve climatic and ecological factors

    as well as social and economic aspects, several of which arise within a context of lack of access

    to water and sanitation.

    4. Results: Construo de Indicadores de Vulnerabilidade para a Bacia do Rio Acre

    The mapping and analysis of situations the Rio Acre basin in which sanitation

    infrastructure is precarious, as are working conditions and income levels, serve as a proxy for

    situations of vulnerability of populations which are subject to unfavorable living conditions and

    which, upon the occurrence of extreme climate events, are exposed to greater suffering.

    Este documento procura mostrar alguns aspectos tericos, metodolgicos e conceituais da

    vulnerabilidade socioeconmica de bacias hidrogrficas que podem ser aplicados realidade da

    Regio Amaznica numa linha de investigao dedicada a estudo de mudanas climticas e

    avaliao de metodologias de gesto de bacias hidrogrficas. A linha geral de investigao

    proposta neste artigo, se insere, portanto no escopo das atividades de estudos de meio ambiente,

    10

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    11/19

    energia e desenvolvimento realizados no Instituto Virtual de Mudanas Globais IVIG da

    Universidade Federal do Rio de Janeiro..

    Trabalhamos, conceitualmente com a noo de vulnerabilidade, quetem se tornado, nos

    ltimos anos, um foco central para as comunidades cientficas de mudana ambiental esustentabilidade e uma categoria analtica importante para instituies internacionais. Uma

    questo emergente relacionada ao tema a vulnerabilidade em relao aos recursos hdricos,

    que pode se traduzir pela escassez de gua potvel; falta de saneamento; e contato com doenas

    de veiculao hdrica. Nesta perspectiva, a caracterizao socioeconmica dos grupos

    populacionais, alm de considerar todas as possveis informaes qualitativas histricas,

    sociolgicas, geopolticas pode ser abordada com base em informaes amplamente acessveis,

    como os indicadores do censo demogrfico. Em que pesem seus limites quanto qualidade,

    pertinncia e oportunidade da informao, somente a ampla utilizao das bases de dados

    secundrios disponveis permitir aperfeio-las.

    No que se refere especificamente aos aspectos da caracterizao socioeconmica foi dada

    nfase aos aspectos que mais se relacionavam com a criticidade social da bacia hidrogrfica

    para caracterizar reas mais vulnerveis aos eventos climticos extremos.

    Dentro de uma perspectiva mais integradora de anlise sobre vulnerabilidade,

    desenvolvida principalmente entre os gegrafos, a vulnerabilidade pode ser vista como a

    interao entre o risco existente em um determinado lugar (hazard of place) e as caractersticas

    e o grau de exposio da populao l residente (CUTTER, 1996). Nas palavras de Cutter

    (1996, p. 533), a vulnerabilidade concebida tanto como o risco fsico-bitico quanto como

    uma resposta social, mas sempre dentro de uma rea especfica ou um domnio geogrfico.

    Para caracterizao da vulnerabilidade socioeconmica foram utilizados os dados do

    censo de 2000, por setor censitrio, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica, IBGE em formato digital. A partir destas variveis, foram criados diversos

    indicadores propores e mdias de ocorrncia por setor censitrio agrupados em diversosblocos por tema analisado.

    11

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    12/19

    Tabela 1 Descrio dos indicadores usados para o mapeamento e anlise da

    vulnerabilidade social e econmica da Bacia do Rio Acre

    Descrio dos indicadores

    GRUPOS DE

    DADOS

    INDICADOR RECORTES

    UTILIZADOS

    OBSERVAES

    Domiclios Total de domiclios por setor censitrio Setores Urbanos

    e Rurais

    Saneamento Percentual de domiclios atendidos sem

    rede de gua

    Percentual de domiclios sem

    esgotamento sanitrio (rede geral ou

    fossa sptica)

    Percentual de domiclios sem coleta de

    lixo

    Denominador: Total de domiclios

    particulares permanentes por setor

    censitrio

    Escolaridade Percentual de pessoas alfabetizadas com

    mais de 5 anos

    Setores Urbanos

    e Municpios

    Denominador: Nmero de

    responsveis por domiclios

    particulares permanentes por setor

    censitrio e por municpio

    Renda Rendimento nominal mensal mdio dos

    responsveis por domiclios

    Setores Urbanos

    e Municpios

    Denominador: Nmero de

    responsveis por domiclios

    particulares permanentes por setor

    censitrio e por municpio

    Concentrao

    Populacional

    Densidade Demogrfica Setores Urbanos

    e

    Rurais

    Denominador: Nmero de

    habitantes por quilmetro

    quadrado.

    Fonte: Elaborao prpria Equipe IVIG, adaptado do Censo Demogrfico do IBGE, 2000.

    Geralmente ao se mapear eventos utilizando-se o Software de Geoprocessamento ArcGis

    utiliza-se o mtodo de classificao "natural breaks" com 5 classes, que constitui-se no mtodo

    12

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    13/19

    usual para identificao dos pontos de quebra na distribuio dos valores de uma varivel,

    visando criar classes que contenham grupos de valores que possibilitem a visualizao dos

    padres nos dados. Este mtodo ajusta os limites das classes de acordo com a distribuio dos

    dados, identificando pontos de quebra entre as classes utilizando a frmula estatstica que se

    baseia na variabilidade dos dados (otimizao de Jenk), que minimiza a soma da varincia

    dentro de cada uma das classes. Este mtodo encontra agrupamentos e padres inerentes aos

    dados

    No mapa sntese os municpios foram classificados conforme o ndice de vulnerabilidade

    tendo como base os mapas temticos supracitados. Optou-se por distribuir os referidos ndices

    por sextis , considerando-se que reas de alta vulnerabilidade so aquelas que se encontram

    no sextil superior da distribuio; as de baixa vulnerabilidade soaquelas que se encontraram

    no sextil inferior; e as demais so classificadas como risco intermedirio. Deve-se ressaltar

    que as reas mais desfavorecidas constituem-se em clusters e apresentam grande coincidncia

    de situaes de vulnerabilidade nos indicadores de saneamento, renda, densidade demogrfica e

    educao.

    13

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    14/19

    4.1 - Questes Relacionadas a ndice de Vulnerabilidade e a Avaliao de Risco

    O ndice de vulnerabilidade proposto compe um dos principais passos para mapeamento de risco e que vai nortear as demais etapas do processo de

    gesto. A avaliao de risco, conforme a Figura 3, envolve basicamente o inventrio dos perigos naturais (P), o estudo da vulnerabilidade (V) e o mapeamento

    das reas de risco (R). Sobre o estudo da vulnerabilidade, as dimenses geofsica e humana sero integradas a partir da determinao dos pesos de cada tema

    considerado relevante para identificao das diferentes classes de vulnerabilidade.

    Figura 3 Parmetros que envolvem uma anlise de risco com destaque para o estudo de vulnerabilidade (MARCELINO, 2008).

    14

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    15/19

    4.2 - Proposta de Indicadores e do ndice de Vulnerabilidade Integrada para a Bacia do

    Rio Acre

    No caso da anlise de vulnerabilidade proposta para a rea de estudo foram agregadas

    informaes da base de levantamentos censitrios com todas as variveis consideradaspertinentes tanto dos Censos Populacionais de 2000 e 2007 como do Censo Aropecurio 2006.

    A densidade demogrfica, juntamente com a caracterizao de reas efetivamente ocupadas

    com base nos levantamentos de sensoriamento remoto foram fatores de ponderao importantes

    para a classificao das reas de acordo com nveis crescentes de vulnerabilidade. Outros

    fatores relacionados infraestrutura municipal de controle ambiental e presena de instrumentos

    de organizao local em relao aos recursos hdricos tambm foram utilizados na anlise

    integrada da vulnerabilidade das bacias hidrogrficas.

    Para exemplificar, mesmo utilizando como base de agregao de informaes um recorte

    espacial muito desagregado como o caso do setor censitrio, se a informao da fragilidade de

    estrutura municipal de meio ambiente for considerada, todas aquelas clulas de informaes

    daquele municpio sero pontuadas de acordo com a avaliao da estrutura de meio ambiente

    municipal. Dessa forma, mesmo que no haja informao mais desagregada, sero repetidas as

    notas das informaes mais gerais. Quando houver informao mais desagregada estas sero

    consideradas, de forma que, na contabilizao final, todas as variveis consideradas relevantes

    entraro no clculo final.

    A figura 3 ilustra a estrutura da base de indicadores a ser utilizada para caracterizao

    socioeconmica e ambiental da vulnerabilidade das bacias hidrogrficas no Acre.

    15

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    16/19

    16

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    17/19

    A incorporao de novos parmetros ao mapa de fragilidade natural elaborado em

    perodo anterior do processo de planejamento territorial estadual durante o Zoneamento

    Ecolgico Econmico Estadual para o Estado do Acre veio a acrescentar novas perspectivas deanlise integrada ao planejamento e ordenamento territorial na Bacia do Rio Acre. Ao se

    determinarem novos recortes, calcado nas bacias hidrogrficas e ao se incorporarem variveis

    socioeconmicas e meteorolgicas na avaliao integrada da vulnerabilidade, obtm-se um

    aprimoramento metodolgico importante que se constitui no grande diferencial no tipo de

    avaliao.

    Todos esses parmetros (geofsicos e humanos) podem ser cruzados facilmente em

    ambiente SIG (Sistema de Informao Geogrfica). Conforme mencionado, esta integrao

    utilizou como base a ponderao dos temas e clculo de matrizes para obteno do mapa de

    vulnerabilidade final. Cada parmetro formado por um conjunto de dados de fontes diversas

    (mapas, medies em campo, imagens de satlites, questionrios, etc.), que permitem identificar

    as caractersticas do ambiente e o contexto socioeconmico em que podem ocorrer os desastres.

    5. CONSIDERATIONS

    The aim of the research is to propose a model for the management of the Basin of the

    Acre River which is wider ranging politically, socially integrated and ecologically sustainable

    and that will in fact be taken into consideration in the planning of the use of the territory. In

    order for this model to function, it is essential that a system of geo-referenced information be set

    up and correctly used. This system must be easy for the state authorities responsible for the use

    of the land and hydric resources to update, access and control.

    The project will contribute to the drawing up of measures involving the participation of

    local people in the definition of priorities for water use, as a means of inclusion and

    involvement of user groups at various stages of the planning of use of hydric resources in the

    hydrographic basin. This will be implemented via a program aimed at empowering the local

    and regional human and institutional potential as a form of guarantee of the correct and

    adequate use of local natural resources, the social formation of the population, the maintenance

    of the local biodiversity and local communities, thus preserving the sovereignty of the region.

    We are of the view that the development of empirical studies of the issue of socio-

    environmental vulnerability to climate change should be an important part of the research

    agenda on the theme of global environmental changes, particularly in the Brazilian academic

    and scientific fields, notably social sciences.

    Another highly relevant and fertile field of study related to climate change that merits

    the attention of social scientists in Brazil is the question of the institutional dimensions of global

    17

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    18/19

  • 8/8/2019 Artigo Vulnerabilidade Acre v3

    19/19

    FREITAS, M.A.V. & SOITO, J.L.S, 2008.Energia e Recursos Hdricos.In: Mudana do

    Clima: Vulnerabilidade, Impactos e Adaptao, Parcerias Estratgicas, Centro de Gesto de

    Estudos Estratgicos (CGTE), Ministrio da Cincia e Tecnologia - MCT, N. 27, Dezembro,

    Braslia, 2008.

    IBGE, 2000. Censo Demogrfico 2000. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IBGE, Rio de Janeiro, Brasil.

    IBGE, 2002.Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico PNSB 2000. Instituto Brasileiro deGeografia e Estatstica IBGE, Rio de Janeiro, Brasil.

    IBGE, 2008.Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio - PNAD 2008. InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, Rio de Janeiro, Brasil.

    IHDP, 2001.Population vulnerability and broad environmental climatic exposure.Pedro Reginaldo Prata . Disponvel em:http://www.ihdp.unu.edu/article/OM2001?

    menu=76

    INPE, 2005. Projeto PRODES digital.http://www.obt.inpe.br/prodes/

    LORENA, R. B., 2008. Linking spatial patterns of land-use to agents ofdeforestation in the Brazilian Amazon. Doctorate thesis University of Louvain,Belgium: available at : http://hdl.handle.net/2078.1/6870

    KAZTMAN, R. Activos y estructuras de oportunidades: estudios sobre las races dela vulnerabilidad social en Uruguay. Santiago de Chile, 1999.

    MOSER, C. The asset vulnerability framework: reassessing urban poverty reduction strategies.World Development, v.26, n.1, 1998.

    ROCHA, S. 2000.Estimao de linhas de indigncia e de pobreza: opes metodolgicas noBrasil. In: HENRIQUES, R. O. (Ed.).Desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA,p.109-127.

    TRICART, J. Ecodinmica. Rio de Janeiro: IBGE-SUPREN, 1977. 91 p. (RecursosNaturais e Meio Ambiente)

    19

    http://www.obt.inpe.br/prodes/http://www.obt.inpe.br/prodes/http://hdl.handle.net/2078.1/6870http://www.obt.inpe.br/prodes/http://hdl.handle.net/2078.1/6870