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    BASES BÍBLICAS DA EQUIDADEJorge Henrique Barro

    Palestra para o Encontro da RENAS em Curitiba/PR  – 11/09/2014

    “EQUIDADE: A JUSTIÇA DO REINO DE DEUS” - a igreja em rede pela redução as desigualdades sociais -

    INTRODUÇÃO

    Por que uma sociedade regulada pela lei e norteada pela justiça ainda necessitaria deum terceiro elemento, a equidade?

    Aaron Kirschenbaum, um judeu, disse: “Qualquer estudo da equidade é cheio de

    perigos”

    1

    . Isso vindo de um judeu é um grande alerta. 

    Para complicar, veja as diferentes traduções de Colossenses 4:1:

    Vós, senhores, dai a vossos servos o que é de justiça e equidade, sabendo quetambém vós tendes um Senhor no céu.

    NVI LTT2009 JFA-RA JFA-RC VIVA JERUSALÉM CATÓLICA RV ESP NVI InglêsKing James

     justo edireito

     justo e...equânime

     justiça eequidade

     justos ehonestos

     justos eamáveis

     justo eequitativo

     justiça eigualdade

     justo y 

    rectoright and fair  just and equal

    As variantes são: direito, equânime, equidade, equitativo, honestos, amáveis,igualdade e reto.

    E para complicar mais ainda, depois que eu aceitei o convite para expor sobre o temada equidade, no dia 07 de julho um míssil da RENAS explode em meu email, dizendo:

    Equidade é uma palavra perigosa, porque encerra uma ética que questiona nossosdogmas políticos e religiosos, tanto de justiça quanto de cidadania. É mais do quetratar a todos de maneira igual, como preconiza a teoria social de igualdade jurídica. Equidade concebe igualdade considerando expressamente as devidasdiferenças visando alcançar um padrão bíblico de justiça  –  a justiça do reino deDeus.

    Embora já tratado em outros eventos, voltamos a enfatizar este assunto. Adesigualdade persiste, embora se reconheça avanços no contexto brasileiro. Aindahá muito por fazer para se reduzir índices obscenos de desigualdade social.Desejamos os unir a diversas organizações, movimentos e, sobretudo, igrejas,formando uma rede que atua em parceria pela redução das desigualdades sociais,no espírito do evangelho libertador de Cristo. Para que haja, sim, mais equidade eque ela sinalize o reino de Deus em nós, entre nós e, principalmente, para além denós. Esta é nossa missão e compromisso.

    1 KIRSCHENBAUM, Aaron. Equity in Jewish Law: beyond equity - Halakhic Aspirationism in Jewish CivilLaw. 1991. p. lxi.

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    Entendo que fui convidado para falar das BASES BÍBLICAS DA EQUIDADE. Outraspessoas tratarão das temáticas da desigualdade social. Vou, humildemente e semnenhuma pretensão dogmática, compartilhar aquilo que foi fruto de muita reflexão eangústia sobre esse tema. Angústia porque percebi  que não existem artigos, livros edebates sobre o tema na perspectiva bíblico-teológica. O que existe é sobre  justiça,

    mas não em equidade.

    ETIMOLOGIA

    Antigo TestamentoNo Antigo Testamento a palavra para “equidade” é meshar  ( , que vem de yashar) que significa: uniformidade (regularidade), retidão, equidade  (em inglês:evenness, uprightness, equity).

    Essa palavra aparece 19 vezes no AT , com as seguintes derivações:

      bə-mê-šā-rîm — 4 ocorrências

      lə-mê-šā-rîm — 1 ocorrência

      mê-šā-rîm — 11 ocorrências

      ū-mê-šā-rîm — 3 ocorrências

    As traduções para essas 19 vezes foram:

    Equidade (8), arranjo pacífico (1), as coisas certas (1), com razão (1), sinceridade(1), suave (1), suavemente (2), as coisas que estão corretas (1), retidão (1),

    retamente (1), o que é certo (1).

    Essas são as 19 referências:

    1.  E bem sei, Deus meu, que tu sondas o coração, e que te agradas da retidão.Na sinceridade de meu coração voluntariamente ofereci todas estas coisas; e agoravi com alegria que o teu povo, que se acha aqui, ofereceu voluntariamente (1 Cr29:17).2.  Ele mesmo julga o mundo com justiça; julga os povos com equidade (Sl 9:8).3.  Venha de ti a minha sentença; atendam os teus olhos à equidade (Sl 17:2).4.

     

    Falais deveras o que é reto, vós os poderosos? Julgais retamente, ó filhos doshomens? (Sl 58:1).

    5. 

    Quando chegar o tempo determinado, julgarei retamente (Sl 75:2).6.

     

    Dizei entre as nações: O Senhor reina; ele firmou o mundo, de modo que nãopode ser abalado. Ele julgará os povos com retidão (Sl 96:10).7.

     

    Brame o mar e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam;  batampalmas os rios; à uma regozijem-se os montes diante do Senhor, porque vem julgara terra; com justiça julgará o mundo, e os povos com equidade (Sl 98:9). 8.

     

    És Rei poderoso que amas a justiça; estabeleces a equidade, executas juízo e justiça em Jacó (Sl 99:4). 9.

     

    (Os Provérbios) para se instruir em sábio procedimento, em retidão, justiça eequidade (Pv 1:3) 10.

     

    Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e oentendimento ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; e escudo para os

    que caminham em integridade guardando-lhes as veredas da justiça, e

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    preservando o caminho dos seus santos. Então entenderás a retidão, a justiça, aequidade, e todas as boas veredas (Pv 2:9).11.

     

    Ouvi vós, porque profiro coisas excelentes; os meus lábios se abrem para aequidade (Pv 8:6).12.  Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, ó,meu próprio; e exultará o meu coração, quando os teus lábios falarem coisas retas 

    (Pv 23:16). 13.

     

    Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece nocopo e se escoa suavemente (Pv 23:31). 14.

     

    Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recamaras; emti nos alegraremos e nos regozijaremos; faremos menção do teu amor mais do quedo vinho; com razão te amam (Ct 1:4) 15.  os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebesuavemente, e se escoa pelos lábios e dentes (Ct 7:9)  16.

     

    caminho do justo é plano; tu, que és reto, nivelas a sua vereda (Is 26:7).17.

     

    Aquele que anda em justiça, e fala com retidão; aquele que rejeita o ganhoda opressão; que sacode as mãos para não receber peitas; o que tapa os ouvidospara não ouvir falar do derramamento de sangue, e fecha os olhos para não ver o

    mal (Is 26:7).18.

     

    Não falei em segredo, nalgum lugar tenebroso da terra; não disse àdescendência de Jacó: Buscai-me no caos; eu, o Senhor, falo a justiça, e proclamo oque é reto (Is 45:19)19.

     

    rei do sul será forte, como também um dos seus príncipes; e este será maisforte do que ele, e reinará, e grande será o seu domínio, mas, ao cabo de anos, elesse aliarão (peaceful arrangement/agreement); e a filha do rei do sul virá ao rei donorte para fazer um tratado. Ela, porém, não conservara a força de seu braço; nemsubsistirá ele, nem o seu braço; mas será ela entregue, e bem assim os que ativerem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos (Dn 11:6). 

    Novo Testamento

    No Novo Testamento a palavra grega para equidade  é ἐπι ικ ᾳ  (ep-ee-i'-ki-ah)

    Aparece apenas duas vezes:

    Atos 24:4: “Mas, para que não te detenha muito rogo-te que, conforme a tuaequidade, nos ouças por um momento” (JRA-RA). Paulo está dizendo para Félix queserá breve e sabe que ele não tem que fazer isso, não está na lei, mas que, porfavor, me ouça com base na sua equidade. Pedi que Félix leve em consideraçãotodas as circunstâncias que o deixe dizer algumas palavras.

    2 Co 10:1: “Ora eu mesmo, Paulo, vos rogo pela mansidão e benignidade de Cristo,

    eu que, na verdade, quando presente entre vós, sou humilde, mas quando ausente,ousado para convosco”. 

    Então a pergunta óbvia é: o que é equidade? Pergunta óbvia, mas de respostacomplicadíssima!

    A vida cristã implica em nossa participação em Cristo. O apóstolo Joãocategoricamente afirma: “E nisto sabemos que estamos  nele;  aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou” (1 Jo 2:5 -6). Estar em Cristo é participarnaquilo que Cristo participa. “Não há participação em Cristo sem participação em suamissão para o mundo. Esse é o motivo pelo qual a Igreja existe e pelo qual também é

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    dada a sua missão no mundo”2. Cada ação do cristão deve ser uma expressão dessaparticipação.

    Estar em Cristo para  participar naquilo que Ele participa, implica em “sermosrenovados no modo de pensar e a revestir-nos do novo homem, criado para ser

    semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” (Ef 4:23-24).Fomos libertos “da antiga maneira de viver” (Ef 4:22). É com convicção que Pauloafirma: “Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça” (Rm6:18).

    Note bem!  O desafio é este: “sermos semelhante a Deus em justiça e em santidade enos tornamos escravos da justiça”. 

    Agora somos guiados pelo Espírito Santo para expressar a justiça de Deus em nossasvidas. Central ao entendimento desse processo é o mais excelente caminho do amor.

    Isto está claramente afirmado por Jesus (Mt 22:35-50), em resposta a uma pergunta:“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”. E Jesus responde:

    ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo oseu entendimento.  Este é o primeiro e maior mandamento’.  E o segundo ésemelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes doismandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22:37-40).

    Amar a Deus é início de tudo; e amar o próximo necessariamente é consequênciadisso. “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. Estaria Cristorestringindo todo o ensinamento da Escritura a isso? Não! Mas sim afirmando que

    qualquer instrução da Escritura que conduz uma vida santa e justa deverá ser dirigidapelo alvo do amor como expressado nesses dois grandes mandamentos. Cristo estáindicando em sua resposta que os requerimentos da Lei e dos Profetas sãoprecisamente que cada um ame a Deus e seu próximo - como se dissesse que todo ofundamento da estrutura de uma vida santa e justa é o serviço a Deus e ao próximo. Éa esse caminho mais excelente do amor que o conceito de equidade  deve serrelacionado. 

    EQUIDADE: A IMPLEMENTAÇÃO DO AMOR

    Em Mateus 7:12 encontramos a afirmação comumente chamada de Regra de Ouro:

    Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; poisesta é a Lei e os Profetas.

    Equidade é um substantivo feminino com origem no latim aequitas, quesignifica igualdade, simetria, retidão, imparcialidade, conformidade. Este conceitotambém revela o uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um, usandoa equivalência para se tornarem iguais. A equidade adapta a regra para um

    2

     International Missionary Council, citado em James A. Scherer, “Mission Theology”. In Toward the 21stCentury in Christian Mission (Ed.).  James M. Phillips and Robert T. Coote. Grand Rapids: Wm. B.Eerdmans Publishing Co., 1993, pp. 194 –95.

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    determinado caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Equidade é a imparcialdistribuição da justiça. Talvez seja por isso que Aristóteles disse:

    Mas existe um detalhe sutil que distingue o homem simplesmente justo do homemequitativo. Ambos são justos, pois ser equitativo é ser justo, porém, o homem

    equitativo inclui uma exigência a mais sobre seu próprio comportamento: seudesejo de ser perfeitamente justo o faz não querer correr o mínimo risco de serinjusto, mesmo quando tudo parece indicar que a justiça já foi feita3.

    O filósofo Clodomiro Bannwart, em reposta ao meu pedido, me escreveu por email:

    Apesar de Aristóteles ter falado do termo equidade, como muitos outros4, no

    entanto, muitos apontam que o Cristianismo é quem colocara o tema na pauta. Aequidade para os gregos ficou limitada aos poucos cidadãos que exerciam acidadania. Logo, nesse contexto, equidade é um conceito dependente de umaestrutura política, de uma forma de organização social. Algo, a meu ver,semelhante à tradição hebraica, com a ideia de  povo eleito: igualdade por

    pertencimento de não igualdade de fato. O Cristianismo retira o indivíduo de umaplataforma política - localizada e limitada geograficamente e culturalmente - paratratá-lo em um plano universal. Portanto, o termo equidade ganha uma importanteressignificação. Na modernidade, uma vez que a religião se retirou para a esfera dasubjetividade, a noção de equidade passa a ser operada na fronteira entre o direito e a  política secular ; naquilo que ficou convencionado de Estado Democrático deDireito. Assim, a equidade é tratada tanto política quanto juridicamente a partir depressupostos morais seculares (condições de imparcialidade), ao passo que areligião, pelo caráter hermenêutico gerador de uma pluralidade de visões, se ocupade valores agregados na capa hermenêutica de cada interpretação dada. A religião,ou melhor, as religiões não conseguem mais conferir um substrato deimparcialidade que é peculiar da equidade. Contudo, esse ponto, a meu ver, foi o

    elemento essencial do Cristianismo - pressuposto nos Evangelhos e na visão de SãoPaulo - para se diferenciar de duas tradições que o antecederam: a hebraica e agrega5.

    Muito significativo o reconhecimento de um filósofo ao afirmar que a equidade teveuma importante ressignificação a partir do Cristianismo. E aqui entra, então, aqueleque viveu, agiu e difundiu uma nova compreensão de equidade: Jesus de Nazaré! 

    A REGRA DE OURO – “façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam” 

     Aequitas é o conteúdo da Regra de Ouro. Aqui Cristo está dando aos seus discípulosuma regra de tratamento equitativo  (aequitatem) como também uma pequena esimples definição de equidade. A Regra de Ouro  é a regra da equidade (aequitatisregulam) a qual deveria brilhar no coração de todas as pessoas. A razão pela qual essaregra de equidade é tão importante e porque Jesus deu uma definição que todospudessem lembrar-se dela é que essa Regra de Ouro deve nos guiar na implementaçãodo segundo mandamento  – “ame seu próximo”  – em nosso dia a dia.

    3 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco IV a.C. no Livro V, 1137b-11381a 1.

    4

     Cícero, Sêneca, Agostinho, Tomás de Aquino, como também a Lei Romana.5 BANNWART, Clodomiro. Sobre equidade [mensagem pessoal]. Mensagem recebida [email protected] em 08 jul 2014, 15h07.

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    Jesus ensina seus discípulos que a regra é para um viver de modo correto e justo (recteat iuste), cada um oferecendo ao outro aquilo que teria feito para si mesmo. Istoelimina toda pretensão vazia que as pessoas pensam acima de si mesmas, para cobrir edisfarçar toda injustiça (iniustitatiam). Não há dúvida que a perfeita equidade(aequitatis) reinaria entre nós se tivéssemos tais discípulos fiéis, o que poderia se

    chamar de caridade ativa  (de caritate). Infelizmente parece que somos astutamentepassivos nessa instrução sobre a equidade.

    A Regra de Ouro sumariza a Lei e os Profetas porque tudo o que está ensinado nelessobre caridade (de caritate) e toda a Lei e exortações encontradas ali são para

     promover equidade - tudo deve ser relacionado a essa regra.

    Então a Segunda Tábua do Decálogo  é satisfeita se o ser humano se comportar emdireção aos outros, e os outros se comportarem em direção aos outros outros. Significaque, amar ao próximo como ensinado na Lei e nos Profetas, e sumarizado na segunda

    tábua da lei do Decálogo, está relacionado ao tema da equidade, porque equidade,como sumarizada na Regra de Ouro, proporciona as diretrizes para a implementaçãodo amor em relação aos outros. Essa regra não permite as pessoas fazerem umadistinção entre equidade para elas mesmas e equidade para as outras pessoas.

    Calvino disse:

    A única razão para a existência do reino de ódio neste mundo, homensantagonisticamente contra os outros em muitas causas, é que eles comconhecimento e desejo tratam a equidade (aequitatem) debaixo dos seus pés,mesmo que a cada homem demande sua estrita aplicação para si mesmos. Onde

    nossa própria vantagem sobressai, nenhum de nós quer tratar de detalhes, capítuloe versículo, visando à extensão do nosso direito. Cada um se mostra um exatoacadêmico no tratamento da equidade (aequitatis)

    6.

    Por que isso? Por que tendemos a ser muito espertos em relação aos nossosinteresses, e pouco em relação aos interesses dos outros.

    Essa breve definição de equidade apresenta aequitas  como um guia formal. Tudo oque a Lei e os Profetas ensinam sobre caridade e justiça na segunda tábua do Decálogodeve estar relacionada ao tema da equidade. Viver em equidade é viver os últimos seis

    mandamentos em manifestação da justiça de Cristo. Como uma lei interpretativa, eladireciona os cristãos em conformidade para o padrão de Cristo em suas relações comseus companheiros humanos.

    Apenas lembrando quais são os últimos seis mandamentos (segunda tábua doDecálogo):

      Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou aopróximo);

      Não adulterarás;

    6 HAAS, Guenther H. The concept of equity in Calvin's ethics. Paternoster Press: Cumbria (UK), 1997, p.50.

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      Não furtarás;

      Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar àverdade ou difamar o próximo);

      Não desejarás a mulher do próximo;

     

    Não roubar do teu próximo.

    EQUIDADE E JUSTIÇA

    Como uma regra que nos dirige para amar o próximo, equidade está inteiramenterelacionada à justiça. A segunda tábua do Decálogo convoca-nos para viver em tal

     justiça e equidade (droiture et equite) com nosso próximo, demonstrando assim quesomos verdadeiros filhos de Deus. Tal justiça e equidade demanda que rendamos aosnossos próximos o que pertence a eles e observemos a lei natural   (ceste équité denature) de não fazer nada aos outros que nós não queiramos que eles façam a nós.Equidade e justiça não podem ser separadas. A justiça (iustiticia), a qual Deus noschama (Tt 2:12  – “Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a

    viver de maneira sensata,  justa  e piedosa nesta era presente...”), abraça todas osdeveres da equidade (aequitatis) para que cada um sujeite-se àquilo que é seu (utreddatur uniciuque quodi suum est ). Equidade é a regra que, quando praticada,assegura que todos recebam justiça  –  aquilo que é justamente delas. Injustiça(ini ustiticiam) é a violação da justiça humana (ius humanitatis), onde cada um nãorecebe o que lhe é devido (quod suum est ). O que toda a lei proíbe pode ser resumidoa uma única proibição: não faça nenhum dano ao seu próximo. Equidade é o guia quenos previne contra tal dano. Isso é fundamental para nós e para a igreja trabalhar emrede pela redução as desigualdades sociais.

    Equidade é primeiro e antes de tudo uma virtude7 dentro do coração do cristão comoum guia para a justiça da vida social humana. São esses que demonstram a si mesmossendo dóceis, amáveis, e equitativos (aequum) aos outros demonstrando justotratamento (aequitatem) para com eles. A virtude da equidade é necessariamentefundamentada no amor ao seu próximo. Ela manifesta-se a si mesma, por exemplo, emconflitos que ocorrem entre as pessoas naquilo que são seus deveres ou direitos.Justiça, definida em termos de deveres e direitos, é insuficiente para a realização doscorretos e justos resultados. Sempre existem situações em que o legítimo direito estáem conflito. Ou situações em que uma pessoa tem direitos e outras não, mas aaplicação do legítimo direito pode resultar em injustiça para aquele que não tem

    direitos. Equidade é necessária para resultar na verdadeira justiça, enquanto elaconsidera os direitos, e relaciona-se de acordo com a Regra de Ouro do amor. Elademanda que consideremos o benefício dos outros ao mesmo tempo em queconsideremos os nossos próprios. Equidade demanda uma atitude de amor para comos outros nas concretas situações de vida. Por isso a dor e a luta dentro de nósmesmos porque somos indivíduos obstinados e zelosos com nossos próprios direitos(iuris), isto é, para a nossa conveniência em detrimento dos outros. Qual a soluçãopara isso? Penso que reside na mudança de atitude.

    7 Aristóteles advogou essa compreensão.

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    Cristo, para prevenir o ódio, a contenda, as disputas, e todos os tipos de prejuízos,propõe para seus discípulos a serem inclinados para a moderação e equidade(moderationem et equitatem).

    Conflitos são resolvidos através de humildade e amor que está pronto para resolver

    mesmo diante de nossas perdas, em vez de perseguir em nossos direitos (iures), cominflexível energia. Pessoas equitativas renunciam seus direitos porque desejam quetodos os envolvidos recebam um justo e correto tratamento. Motivado pela virtude doamor equitativo buscam equidade em todas as suas relações.

    A pessoa equitativa se esforça pela  justiça equitativa para cumprir o mandamento doamor ao próximo. Isso requer que cada um veja todas as pessoas como seu próximo.Apesar de termos a tendência de restringir nossos deveres do amor aos nossos amigose parentes, Deus demanda que devemos amar e estender nosso amor a toda raçahumana. Deus mesmo dá o exemplo. Ele estende sua bondade e amor para todos,

    mesmo amando as pessoas que o odeiam. Fracassamos em amar nosso próximoquando oferecemos favor especial para uns e negligenciamos os demais. O exercíciopróprio do amor não nega o outro, porque isso frequentemente engendraantagonismo e ódio. Antes, olha primeiramente para Deus que lança-nos a entenderSeu amor para com essa pessoa. Isso se aplica a toda raça humana sem exceção, sendoque todos devem ser contemplados em Deus, Sua imagem e não neles mesmos.

    Isto também se relaciona a pecadora tendência humana de demonstrar favoritismo noamor, omitindo certas seções da lei de Deus com referências a certas pessoas.Equidade não permite esse tipo de favoritismo. Tiago 2:8-10 diz:

    8 Se vocês de fato obedecerem à lei real encontrada na Escritura que diz: “Ame oseu próximo como a si mesmo”, estarão agindo corretamente. 9 Mas se trataremos outros com favoritismo, estarão cometendo pecado e serão condenados pela Leicomo transgressores. 10 Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenasum ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente.

    Eis aí  uma demonstração clara que falhamos em amar nosso próximo quando damosespecial favoritismo a uma parte da lei e não a obedecer toda a lei  de Deus comreferência a certas pessoas. É a prova de que falhamos em obedecer a Deus, porquenão existe equidade (aequitabile) em nosso esforço de cumprir com nossos deveres

    em termos da nossa resposta ao mandamento de Deus. Ouso afirmar que o nossofracasso em relação a equidade está intrinsicamente ligado a ignorância dacompreensão de toda a lei de Deus. Se assim o for, é uma questão de  fidelidade àsEscrituras.

    A motivação direcionadora do amor demanda equidade em todas as nossas relações ecom todos. Demonstrando favoritismo e fazendo distinção entre as pessoas sãoinconsistentes com equidade. Isso foi o que Paulo disse: 

    Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, umavez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz

    diferença entre as pessoas (Ef 6:9).

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    Vós, senhores, dai a vossos servos o que é de  justiça e equidade, sabendo quetambém vós tendes um Senhor no céu (Cl 4:1).

    É o caráter de Deus que faz com que Ele mesmo se relacione com e em equidade e emamor. Deus é o soberano criador, sustentador e governador sobre todas as coisas.

    Desde que todas as coisas têm seu começo em Deus e continuam n’Ele, é justo(aequum) que as pessoas deveriam se referir a Ele, que elas pudessem determinar edirigir seus propósitos para Ele. Se Deus se relaciona conosco com base norequerimento de sua justiça, ninguém pode escapar da sua justa condenação. Caídosseres humanos são escravos de seus pecados, incapazes de render a Deus o que lhe é

     justo. Felizmente para nós, os escravos da justiça , Deus não se relaciona conosco combase nas demandas da justiça. Sua graça, completada em e através da morte eressurreição de Jesus Cristo, satisfaz a justo julgamento de Deus pelos pecados do seupovo. Em Cristo, justificação consiste em remissão dos pecados e a imputação da

     justiça. Mas a causa ultima da salvação é o amor do eleito de Deus.

    Na parábola do servo sem misericórdia  (Mt 18:21-35), Cristo está dizendo o queaconteceria se Deus usasse sua completa justiça conosco (summo iure). Deus não serelaciona com seus filhos com base na completa justiça, mas se relaciona conosco combase na sua graça para manifestar a grandeza da sua misericórdia e amor.

    AUTO AMOR, AUTO NEGAR E A IMITAÇÃO DE CRISTO

    O maior obstáculo para amar o próximo é o autoamor . Todos nós temos a tendênciade nos amar e cuidar de nós mesmos, buscar nossos próprios interesses. Isso éevidente no modo como aplicamos equidade. Quando a questão implica em nossaprópria vantagem, cada um se demonstra um escolado em equidade (aequitatis).Demandamos dos outros a estrita aplicação da equidade para nós mesmos. Masquando a questão é para os benefícios dos outros ou suas perdas, nós maliciosamentee deliberadamente pestanejamos diante da regra da equidade (ed aequitatisregulam), que deveria brilhar em nossos corações. Frequentemente nós tratamos aequidade (aequitatem) debaixo dos nossos pés.

    Baseado neste entendimento da Bíblia, o autoamor deve ser rejeitado por duas razões:

      Primeira, é um modo maligno de vida no qual se vive e se esforça para si

    mesmo, e pensa e busca somente a vantagem pessoal;  Segunda, alguém só pode plenamente cumprir os mandamentos de Deus

    quando ama a Deus e ao próximo e não quando apenas ama a si mesmo. Omandamento inclui o “amar a si mesmo” para expressar quão profundamentenós devemos ser inclinados para amar os outros. Mas isso não é condição; sefosse, ninguém amaria os outros, pois jamais se sentiria completo no amor a simesmo a ponto de desprender-se para o próximo. Isso tem a ver mais comintensidade. Amar o próximo deveria ser marcado pela mesma intensidade edevoção que normalmente dispensamos a nós mesmos. Deus demonstrou aforça do amor, mesmo apesar da grande depravação comumente residente em

    nós, e agora deve ser estendida ao próximo, para que possamos estar prontos

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    para beneficiar nosso próximo, não com menos intensidade, ânsia, ardor, ecuidado que fazemos conosco.

    Em 1 Coríntios 13:5 diz que o amor “não procura seus interesses”. Pelo contrário, eleprovoca-nos a ignorar nossas próprias circunstâncias e ter verdadeiro cuidado e amor,

    que se preocupa com o próximo. Isso só é possível pelo amor regenerador do EspíritoSanto e união com Cristo pela fé. Somos chamados a manifestar a imagem de Cristomais e mais nessa vida, progredindo em nossa vida de santidade em Cristo.

    Nossa união com Cristo em sua morte é o significado do “negar -se a si mesmo”(autonegar). É aqui que começa o nosso amor pelo próximo. Negar-se a si mesmo é oúnico remédio efetivo para o nosso cego e desordenado amor do eu (self). É acondição necessária para devotar-nos de todo coração a Cristo e seu serviço. É o pararde viver para nós mesmos para viver para Deus e ao próximo. Cristo foi o que nos deuo exemplo de autonegação. Paulo diz “que, embora sendo Deus, não considerou que o

    ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo aser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fp 2:6-7).

    Esvaziar de si mesmo em prol do outro. Aí esta o exemplo que molda o nosso – “Seja aatitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Fp 2:5). 

    O autoamor foca-nos em nossos desejos e direitos e conduz-nos a indiferença aosdireitos e bem-estar dos outros. Somente a autonegação pode produzir moderaçãoem nossas demandas por nossos direitos e preocupação para com os direitos dosoutros em sintonia com os requerimentos da equidade. A autonegação forma em nósuma mente justa (aequanimitatem) e tolerante. Cristo mesmo instruiu seus discípulosa mostrar moderação e equidade (aequitatem) em face do mal que é feito a eles,pagando o mal com o bem de acordo com a lei de caridade (lex caritates).

    Que outro movimento religioso neste mundo ensina tais princípios?

    Equidade não é meramente justiça e fazer o que é certo, no sentido de dar ao outro oque lhe é devido, mas mitigatio iuris, ou seja, relacionar-se com o próximo de modotemperado pela misericórdia e auto sacrifício. Isso também é parte da natureza da

    virtude cristã. Um indivíduo mitiga  (suaviza o dano, diminui as consequências) seusdireitos estritos em relação ao outro para que o bem seja feito (para ele). Essabondade vai além das demandas da justiça e demonstra a mesma benevolência eamor aos outros que Deus em Cristo demonstrou ao mundo. Jesus deu o exemplo aocolocar seus direitos de lado, mesmo com sua própria vida, para o bem dos outros.

    Por que isso é tão difícil? Por causa do espírito mercenário  que nos move parafazermos coisas boas para nossos amigos, parentes e nós mesmos, almejando destes omesmo tratamento em retorno para nós mesmos. Jesus contou uma história para nosalertar sobre esse espírito mercenário que busca retribuição:

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    Então Jesus disse ao que o tinha convidado: “Quando você der um banquete ou jantar, não convide seus amigos, irmãos ou parentes, nem seus vizinhos ricos; se ofizer, eles poderão também, por sua vez, convidá-lo, e assim você serárecompensado. Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, osmancos, e os cegos.  Feliz será você, porque estes não têm como retribuir . A suarecompensa virá na ressurreição dos justos” (Lc 14:12-14). 

    Amor que espera retribuição é realmente autoamor e não genuíno amor pelos outros,porque busca sua conveniência, ambições e benefícios. Mesmo nos oferecendo aosoutros, em boas causas e em boas instituições, isso não é garantia de que isso nãopossa ser fruto de autoamor, que nos promove perante os outros, mostrando quãobons e altruístas somos, coisas que necessariamente não se traduzem como fruto denossa generosidade.

    A única base e fonte verdadeira da autonegação é nossa união em Cristo onde o nossoeu é resignado e nossa vontade submetida a Deus. Somente então podemos viver eagir com estado de equanimidade (aequitate) e moderação de mente. O propósitodessa humilhação perante Deus é para que possamos ser mais corteses e amáveis comnossos irmãos humanos e não recusar a nos oferecer a eles, como Cristo fez, de modo

     justo e amoroso, exigências da equidade.

    Somente o amor a Deus tira o nosso foco de nós mesmos para os outros. Cada pessoaé autocentrada – amar o próximo nunca florescerá a menos que o amor de Deus reineem nós!

    Conclusão

    A Bíblia reconhece as disparidades de riqueza e status. Em Gênesis está claro quetodas as pessoas são feitas à imagem de Deus, todas devem aproveitar os dons erecursos da criação de Deus.

    Muitos escritores bíblicos reservaram suas críticas mais nítidas para os governantesinjustos, para quem explora os pobres. Os profetas Isaías, Miquéias, e Zacariasimaginaram um momento em que todos iriam desfrutar de terem supridas asnecessidades da vida e ter governantes que seriam capazes de satisfazer as suas

    necessidades básicas.

    As leis do Jubileu em Levítico são outra maneira de perceber isso. Elas estipulam que aterra não pode ser vendida em perpetuidade. Aqueles que compram as terras dospobres não podem retê-las permanentemente. Leis para uma sociedade igualitária quetinha um mecanismo redistributivo que ajudasse a superar a desigualdade. 

    O Novo Testamento também é um advogado poderoso para a igualdade. Maria, a mãede Jesus, falou de Deus enchendo os famintos com coisas boas e enviando os ricos demãos vazias. Jesus desafiou as pessoas a vender seus bens e dar aos pobres. Eleproclamou o ano do Jubileu e ensinou que, no reino, os pobres são levantados e osricos iam para baixo.

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    A Igreja primitiva de Jerusalém compartilhava seus bens para garantir as necessidadesbásicas para que todos fossem atendidos. Igualdade dentro e entre as igrejas tambémfoi fundamental para Paulo. Usando a metáfora do corpo, ele insiste em 1 Coríntiosque, na comunhão de Cristo, status social não tem importância. E ordenou à igreja de

    Corinto a compartilhar seus bens com os mais pobres (2 Co 8:13-14).

    Nosso desejo não é que outros sejam aliviados enquanto vocês sãosobrecarregados, mas que haja igualdade. No presente momento, a fartura devocês suprirá a necessidade deles, para que, por sua vez, a fartura deles supra anecessidade de vocês. Então haverá igualdade,  como está escrito: "Quem tinharecolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco" 

    A Ceia do Senhor fala da nossa igualdade perante Deus. Ela antecipa o banquetecelestial onde todos são iguais e lembra o que comeu com os párias sociais e ensinouque, enquanto na sociedade pessoas dominam e esmagam umas as outras, afirma que

    “não será assim entre vocês” (Mc 10:43-44).

    A Bíblia afirma a igualdade fundamental de todas as pessoas diante de Deus e aresponsabilidade das pessoas com riqueza para garantir que todos os membros dacomunidade possam desfrutar de todas as necessidades da vida. Paulo diz que “o quefurtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para quetenha o que repartir com quem estiver em necessidade” (Ef 4:8). 

    Para os escritores da Bíblia todo o ponto central dos arranjos econômicos é construir esustentar comunidades para proteger os mais vulneráveis e garantir que eles possam

    participar tão plenamente quanto todos os outros.

    Mais do que um sonho, isso tudo mencionado acima, de modo breve, foi umarealidade na vida do povo de Deus, mesmo diante de muitas situações que elesfracassaram, o princípio da equidade era a norma.

    Buscamos a equidade não porque somos necessariamente equânimes, mas porporque somos filhos e filhas de Deus que é assim e age assim com todos. Se meu Deusé equânime o mínimo que me compete também é ser. Em meio as nossas muitas lutasaqui na terra e diante de tantos desafios em nossa cara, que nós e a RENAS, por meio

    de seus agentes, possam ser hoje encorajados a seguir a frente, em busca de umasociedade mais justa e equitativa, na luta contra a desigualdade, sabendo disso:

    O Senhor reina! As nações tremem! O seu trono está sobre os querubins! Abala-sea terra! Grande é o Senhor em Sião; ele é exaltado acima de todas as nações. Sejalouvado o teu grande e temível nome, que é santo.   Rei poderoso, amigo da justiça! Estabeleceste a equidade e fizeste em Jacó o que é direito e justo (Sl 99:1-4).

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    Resumo 

    Esta reflexão tem por propósito discernir as BASES BÍBLICAS DA EQUIDADE visandofornecer fundamentos para incentivar a igreja, comunidades, organizações,especialmente a RENAS, a trabalharem em rede pela redução das desigualdades

    sociais, motivadas pela justiça do Reino de Deus.

    Nós, cristãos, não cremos e nem incentivamos em mundo sem Deus. Cremos que Deusé justo e equitativo em seu caráter, sendo isso que Ele demanda de nós, seu povo.Jesus é o modelo da equidade de Deus. Em sua regra de ouro e no resumodos mandamentos o caminho da equidade foi estabelecido. Da regra deouro  Jesus afirma que "esta é a Lei e os Profetas". Do mandamento  diz que "destesdois mandamentos dependem toda a lei e os profetas". A lei está a serviço daequidade. A lei deve produzir equidade e os profetas não apenas devem falar(profetizar) da equidade, mas serem agentes e instrumentos de Deus para a

    concretização da mesma.

    Jesus está nos alertando - a pecadora tendência humana  –  para não demonstrarfavoritismo no amor, omitindo certas seções da lei de Deus com referências a certaspessoas. Equidade não permite esse tipo de favoritismo. Tiago 2:8-10 diz:

    8 Se vocês de fato obedecerem à lei real encontrada na Escritura quediz: "Ame o seu próximo como a si mesmo", estarão agindocorretamente. 9 Mas se tratarem os outros com favoritismo, estarãocometendo pecado e serão condenados pela Lei como

    transgressores. 10 Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça emapenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente.

    Essa reflexão irá explorar essas e outras implicações!Jorge Henrique Barro

    Perguntas para Reflexão: 

    1. O salmo 94:1-4 diz:

    O Senhor reina! As nações tremem! O seu trono está sobre osquerubins! Abala-se a terra! Grande é o Senhor em Sião; ele éexaltado acima de todas as nações. Seja louvado o teu grande etemível nome, que é santo. Rei poderoso, amigo da justiça!Estabeleceste a equidade e fizeste em Jacó o que é direito e justo.

    Qual a diferença entre equidade e justiça?

    2. Em Mateus 7:12 encontramos a afirmação comumente chamada de Regra de Ouro:

    "Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois estaé a Lei e os Profetas".

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    Reflita algumas ações que essa Regra de Ouro pode conduzir e equidade.

    3. Qual a relação da Regra de Ouro com Grande Mandamento (Mt 22:36 -40) para aconstrução da equidade?