Caderno de Estudos 27

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Cadernos de Estudos NÚMERO 27 ISSN 1808-0758 DESENVOLVIMENTO SOCIAL EM DEBATE SÍNTESE DAS PESQUISAS DE AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS SOCIAIS DO MDS 2015-2016 Paulo Jannuzzi Paula Montagner (organizadores)

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Os Cadernos de Estudos – Desenvolvimento Social em Debate visam divulgar pesquisas, disseminar resultados e subsidiar refl exões e avaliações referentes a políticas e programas sociais. Neste volume, é apresentada a síntese das últimas pesquisas de avaliação realizadas pela Secretaria de Avaliação e Gestão de Informação (SAGI) e artigos relacionados à produção de estudos avaliativos, documentação de programas e desenvolvimento de capacidades no campo de monitoramento e avaliação. Mais de dois anos se passaram desde a publicação do último balanço de pesquisas de avaliação realizadas pela SAGI. Em 2014, à época de lançamento do Caderno de Estudos nº 16, em que se sistematizou as fi chas técnicas de 75 pesquisas, a SAGI contabilizava 140 avaliações realizadas. Desde então, 32 novas pesquisas e estudos avaliativos foram disponibilizadas, demonstrando o compromisso do MDS com a produção de informação e conhecimento para o aprimoramento de suas políticas e programas.

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  • Cadernos de Estudos NMERO 27 ISSN 1808-0758

    DESENVOLVIMENTO SOCIAL EM DEBATE

    Os Cadernos de Estudos Desenvolvimento Social em Debate visam divulgar pesquisas, disseminar resultados e subsidiar re exes e avalia-es referentes a polticas e programas sociais. Neste volume, apresen-tada a sntese das ltimas pesquisas de avaliao realizadas pela Secreta-ria de Avaliao e Gesto de Informao (SAGI) e artigos relacionados produo de estudos avaliativos, documentao de programas e desenvol-vimento de capacidades no campo de monitoramento e avaliao.

    Mais de dois anos se passaram desde a publicao do ltimo balano de pesquisas de avaliao realizadas pela SAGI. Em 2014, poca de lan-amento do Caderno de Estudos n 16, em que se sistematizou as chas tcnicas de 75 pesquisas, a SAGI contabilizava 140 avaliaes realiza-das. Desde ento, 32 novas pesquisas e estudos avaliativos foram dis-ponibilizadas, demonstrando o compromisso do MDS com a produo de informao e conhecimento para o aprimoramento de suas polticas e programas.

    SNTESE DAS PESQUISAS DE AVALIAO DE PROGRAMAS SOCIAIS DO MDS

    2015-2016

    Paulo JannuzziPaula Montagner

    (organizadores)

    Secretaria de Avaliao e Gesto

    da Informao

    Ministrio do Desenvolvimento Social

    e Combate Fome

  • Braslia, 2016

    SNTESE DAS PESQUISAS DE AVALIAO DE PROGRAMAS SOCIAIS DO MDS

    2015-2016

    Paulo JannuzziPaula Montagner

    (organizadores)

  • Expediente: Esta uma publicao tcnica da Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao. SECRETRIO DE AVALIAO E GESTO DA INFORMAO: Paulo de Martino Jannuzzi; SECRETRIA ADJUNTA DE AVALIAO E GESTO DA INFORMAO: Paula Montagner; DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE AVALIAO: Alexandro Rodrigues Pinto; DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE MONITORAMENTO: Marconi Fernandes de Sousa; DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE GESTO DA INFORMAO: Caio Nakashima; DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE FORMAO E DISSEMINAO: Patricia Augusta Ferreira Vilas Boas.

    Presidenta da Repblica Federativa do BrasilDilma Rousseff

    Ministra do Desenvolvimento Social e Combate FomeTereza Campello

    Secretrio ExecutivoMarcelo Cardona Rocha

    Secretrio de Avaliao e Gesto da InformaoPaulo de Martino Jannuzzi

    Secretrio Nacional de Renda de CidadaniaTiago Falco

    Secretria Nacional de Assistncia SocialIeda Castro

    Secretrio Nacional de Segurana Alimentar e NutricionalArnoldo Anacleto de Campos

  • Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome

    NMERO 27 ISSN 1808-0758

    SNTESE DAS PESQUISAS DE AVALIAO DE PROGRAMAS SOCIAIS DO MDS

    2015-2016

    Paulo JannuzziPaula Montagner

    (organizadores)

  • Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome

    Esta uma publicao tcnica da Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao.

    O texto publicado nesta edio sistematiza, de forma sucinta, as pesquisas de avaliao de programas sociais concludas entre 2015 e maro de 2016 pelo Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS) por meio da Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao (SAGI).

    Coordenao Editorial: Ktia OzrioEquipe de apoio: Victor Lima, Valria Brito e Eliseu CalistoAnalista de Polticas Sociais: Roberta CortizoBibliotecria: Tatiane DiasDiagramao: Tarcsio SilvaReviso: Tikinet e Claudia Queiroz de CastroReviso Tcnica: Elisabete Ferrarezi e Marcelo Augusto Areas da SilvaColaboradores: Alexandro Rodrigues Pinto, Daniel Plech Garcia, Danielle Chalub Martins, Elisabete Ferrarezi,Luciana Monteiro Vasconcelos Sardinha, Marcelo Augusto Areas da Silva, Marco Antnio de Carvalho Natalino,Marcos da Silva Coimbra, Maria Cristina Abreu Martins de Lima, Patrcia Augusta Ferreira Vilas Boas,Paulo de Martino Jannuzzi, Pedro Tomaz de Oliveira Neto e Roberta Pelella Melega Cortizo.Organizadores: Paulo Jannuzzi e Paula Montagner

    11 de Maio de 2016

    Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate FomeSECRETARIA DE AVALIAO E GESTO DA INFORMAOEsplanada dos Ministrios Bloco A, 3 andar, Sala 340CEP: 70.054-906 Braslia DF Telefones (61) 2030-1501http://www.mds.gov.br

    Central de Relacionamento do MDS: 0800-707-2003Solicite exemplares desta publicao pelo e-mail: [email protected]

    Cadernos de Estudos Desenvolvimento Social em Debate. N. 27 (2016)- .Braslia, DF : Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome; Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao, 2005- .288 p. ; 28 cm.

    ISSN 1808-0758

    1. Desenvolvimento social, Brasil. 2. Polticas pblicas, Brasil. 3. Polticas sociais, Brasil. 4. Pesquisas de avaliao, sntese, Brasil. I. Ministrio do Desenvolvi-mento Social e Combate Fome. II. Paulo Jannuzzi. III. Paula Montagner..

    CDD 330.981CDU 304(81)

  • PREFCIO

    O avano na cobertura de programas e polticas sociais tornou fundamental a constru-o de novos paradigmas de conhecimentos para compreender grupos populacionais at ento invisveis e sem garantia de acesso aos direitos fundamentais. Assim, foi necessrio desenvolver, concomitantemente implementao dessas polticas, reas responsveis pela gerao de informaes, contribuindo com avanos significativos no monitoramento e avaliao das politicas sociais brasileiras.

    O conjunto de textos que compem esse Caderno de Estudos apresenta parte dos resultados do acmulo proporcionado por parceiros que trilharam, junto Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome (SAGI/MDS), alguns caminhos no desenvolvimento e aperfeioamento de modelos analticos e de ferramentas que permitem compreender a evoluo de polticas pblicas em diferentes contex-tos. Esses trabalhos no foram construdos com uma viso nica, mas agregando a perspectiva multidisciplinar, combinando conhecimento quantitativo com qualitativo, de modo a espelhar realidades locais especficas, suas articulaes regionais e sua interao com o mbito nacional.

    Aqui se encontram reunidos artigos da equipe SAGI e estudos de mais de 150 pesqui-sadores de 30 instituies, financiados por meio de parceria indita com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) para estudos na rea social, bem como as reflexes aprendidas para a estruturao e o avano de aes de gesto da informao para a SAGI. Os resultados apresentados revelam os desafios enfrentados pelos pesquisadores, que cotejaram realidades locais e dificuldades na implementao de polticas sociais estratgicas nas reas de transferncia de renda, segurana alimentar, incluso produtiva, servios e benefcios da assistncia social.

    A inovao das polticas e as muitas lies aprendidas pelas equipes municipais, estaduais e federais so o insumo fundamental para a transformao. Passaram a constituir, para aqueles que as vivenciaram, um capital importante de conhecimento. Esses registros, sua sistematizao e disseminao so partes integrantes do aperfeioamento da ope-rao das polticas sociais. Embora j tivssemos conhecimentos tericos importantes, havia muita incerteza sobre como as diferentes realidades poderiam se apropriar dessas polticas e oper-las em diferentes territrios. Passados doze anos, podemos afirmar que temos mais conhecimento dessa complexa realidade e queremos compartilh-lo com os parceiros nacionais e internacionais que vm em busca da experincia do Brasil.

    A presente publicao objetiva contribuir para preservar a memria das conquistas sociais, em especial para as futuras geraes de gestores, para que se sintam estimu-lados a buscar nos seus territrios o aprendizado a partir do conhecimento local, para o avano das politicas pblicas de desenvolvimento social.

    Boa Leitura!

    Tereza CampelloMinistra do Desenvolvimento

    Social e Combate Fome

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 20166

    APRESENTAO1

    Mais de dois anos se passaram desde a publicao do ltimo balano de pesquisas de avaliao realizadas pela Secretaria de Avaliao e Gesto de Informao do Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome (SAGI/MDS). Em 2014, quando o Caderno de Estudos n 16 com esse balano foi lanado, com as fichas tcnicas de 75 pesquisas, a SAGI contabilizava cerca de 140 avaliaes realizadas nas quatro grandes reas programti-cas de atuao do MDS: Transferncia de Renda, Assistncia Social, Segurana Alimentar e Incluso Produtiva. Desde ento, 34 novas pesquisas e estudos avaliativos foram dis-ponibilizados, demonstrando o compromisso do MDS com a produo de informao e conhecimento para o aprimoramento de suas polticas e programas.

    As pesquisas apresentadas nesta publicao se enquadram em trs grandes categorias: avaliaes diagnsticas; avaliaes de desenho e processo de implementao; avaliaes de resultados e impactos dos programas sociais. Pesquisas de natureza diagnstica procuram trazer insumos para dimensionamento de questes sociais, caracterizao de pblicos-alvo, levantamento de capacidades instaladas de gesto e de contextos de operao das polticas e programas. De forma abreviada, as avaliaes de processos trazem insumos para analisar a consistncia do desenho operacional do programa, a organicidade dos arranjos federativos e intersetoriais, assim como informaes para identificar gargalos e problemas de implementao decorrentes da quantidade e qualidade dos recursos empregados (humanos, financeiro-oramentrios, institucionais e de comunicao, para citar os mais conhecidos). J os estudos avaliativos de resultados e impactos esto voltados anlise do cumprimento dos objetivos dos programas, sua escala e cobertura, satisfao com servios, assim como as externalidades positivas e negativas do programa, para o pblico atendido ou para a sociedade em geral.

    O portflio de pesquisas apresentados neste Caderno de Estudos est distribudo de forma equilibrada entre os trs tipos de avaliao, retratando os diferentes estgios em que se encontra o conjunto de programas do MDS.

    Cerca de dois teros das pesquisas foram realizadas em 2013 por meio de edital em par-ceira com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). Pesquisadores de todo o pas desenvolveram seus projetos de pesquisa entre 2014 e 2015, participando de oficinas com tcnicos e gestores do MDS, em trs oportunidades. Essa estratgia de produo de estudos e pesquisas tem proporcionado, por um lado, uma aproximao dos pesquisadores acadmicos nas temticas de interesse e de problemas enfrentados pelos operadores das polticas e, por outro lado, os aportes crticos de quem avalia as polticas de desenvolvimento social com maior distanciamento. Por meio dessa estratgia tm sido criados ncleos e embries de redes de pesquisas em escala regional e nacional, que podero aprofundar essas temticas de interesse mais geral dos pesquisadores e do MDS, como a investigao sobre preconceito e pobreza; metodologias de anlise longitudinal com integrao de registros administrativos; novos indicadores de polticas e programas relacionados Agenda de Desenvolvimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentvel (ODS); problemas de implementao de programas em nvel subnacional.

    1 Agradecemos a contribuio de vrios tcnicos da Secretaria na pronta organi-zao do material aqui apresentado, em especial, Camila Meneses, no trabalho de gesto do portal de pesquisas; Tarcsio Silva e Victor Lima, na diagramao das figuras e textos da publicao; Tatiane Oliveira, na gesto dos trabalhos de reviso e referenciamento bibliotecrio; Luciana Sardinha e Danielle Martins, na organizao do material das pesquisas do Edital do CNPq; Carlos Cipriani, Wilma Santana, Magna Roza e Daniel Garcia, na elaborao dos relatrios anuais de gesto, do qual foram retirados insumos para essa apresentao e textos aqui compilados; Katia Ozorio, Roberta Cortizo, Aline Amaral, Marcelo Areas e Elisabete Ferrarezi pela produo editorial desse nmero e Ulysses Ferreira, com quem sempre contamos na distribuio dos nmeros publicados do Cadernos de Estudos.

  • 7Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    Em relao s pesquisas aqui sistematizadas, destaca-se o aporte da produo feita em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). A capilaridade de sua rede de coleta, seu portflio de pesquisas e a qualidade de suas atividades de campo permitem investigaes detalhadas e em escala nacional sobre diferentes aspectos acerca do diagnstico, implementao e resultados das polticas de desenvolvimento social. A SAGI/MDS contratou suplementos temticos nas pesquisas estruturantes do IBGE, entre 2012 e 2015. Em 2012, a Secretaria ajudou a realizar a primeira Pesquisa de Infor-maes Bsicas Estaduais (Estadic), que investigou aspectos da estrutura administrativa da Assistncia Social e Segurana Alimentar nas 27 Unidades da Federao. No ano seguinte, diversos aspectos acerca da implementao do Sistema nico da Assistncia Social (SUAS) foram novamente investigados nos estados e nos 5.570 municpios brasileiros. A Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais (Munic) atualizou o retrato realizado em 2005 e 2009. Em 2014, Estadic e Munic encartaram suplementos sobre a estrutura institucional e administrativa das Polticas de Segurana Alimentar e tambm levantaram, pela primeira vez, a existncia de aes e programas de Incluso Produtiva Urbana e Rural nos estados e municpios. Trata-se de um diagnstico indito para desenho de intervenes pblicas mais integradas nessa rea programtica.

    A parceria com o IBGE estendeu-se nos ltimos trs anos a vrios encartes de quesitos e suplementos nas edies anuais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD). Em 2013, replicou-se a experincia de coleta de informaes sobre Segurana Alimentar realizada em 2004 e 2009. Em 2014, para captar os efeitos da ampliao da escala e escopo das aes de qualificao profissional no pas, assim como de incluso produtiva, foram elaborados e aplicados quesitos e questionrio temtico especfico, em cooperao com o Ministrio da Educao (MEC). Nesse mesmo ano, dois outros suplementos foram coletados: um indito, para avaliar a cobertura e foco do Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro nico) e outro sobre Mobilidade Social, para captar informaes de filhos, alm de chefes de domiclios e cnjuges. Por fim, o MDS props para a ltima edio da PNAD a coleta de informaes mais detalhadas sobre acesso e permanncia de crianas em creches e outros arranjos, por meio de suplemento sobre Primeira Infncia. Vale registrar que os esforos de dimensionamento de pobreza pela PNAD acabaram resultando em estudo avaliativo especfico, aqui registrado, com microdados disponibilizados no portal de pesquisas da SAGI/MDS.

    Nas snteses das pesquisas esto tambm registrados vrios levantamentos realizados pela equipe da SAGI, em parceria com as demais secretarias do MDS. O Censo Suas e o Mapeamento Nacional sobre Segurana Alimentar e Nutricional (MapaSAN), de 2014 so exemplos nesse sentido. Os levantamentos de 2014 e 2015 destas pesquisas, que investigam o grau de estruturao e institucionalidade das duas grandes referncias de polticas do Ministrio Assistncia Social e Segurana Alimentar e Nutricional , esto em processo final de anlise dos dados Pesquisas sobre a concesso de benefcios

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 20168

    do Programa Bolsa Famlia (PBF) a povos indgenas e sobre as dificuldades de acesso escola para as pessoas que recebem o Benefcio de Prestao Continuada (BPC); sobre a Qualidade do Cadastro nico que foca a estrutura de gesto das equipes estaduais e municipais envolvidas na operao desse instrumento e tambm da consistncia de suas variveis; e pesquisa qualitativa que investigou situaes de preconceito e discriminao vivenciados pela populao, em parceria com o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), fazem parte do portflio de levantamentos realizados pela Secretaria que visam, sobretudo, ao aprimoramento das aes.

    Os cinco textos que abrem a publicao so referncias para que se entenda o contexto em que os levantamentos foram produzidos. No foram pesquisas para responder a questes predominantemente acadmicas, mas sim pesquisas aplicadas, voltadas investigao de aspectos relacionados aos processos cotidianos de formulao e gesto dos programas sociais operados pelo Ministrio.

    O primeiro texto Desenvolvimento de capacidades entre pesquisadores e governo para as Polticas Pblicas Brasileiras relata a experincia de atuao conjunta do MDS com o CNPq na seleo e apoio a iniciativas de avaliao das polticas de desenvolvimento social e combate fome, por meio de chamadas pblicas que viabilizou, entre 2013 e 2015, o desenvolvimento de diversos trabalhos relacionados s reas de atuao do Ministrio, sendo 23 deles apresentados na segunda parte desta publicao.

    O artigo Documentao de programas do MDS: instrumento estratgico para a difuso de tecnologias sociais apresenta algumas das principais estratgias de documentao de programas sociais desenvolvidas nos ltimos anos, como a iniciativa Mundo Sem Pobreza (WWP) e o Portal de Programas de Desenvolvimento Social. Tambm apresenta os avanos no contexto da cooperao internacional, com destaque para o trabalho pioneiro realizado com o Instituto Social do Mercosul (ISM) e as perspectivas do WWP como instrumento para a formao de uma comunidade de prticas global. O registro das informaes sobre programas auxilia processos de deciso sobre diretrizes e mudanas, e possibilita reflexo sobre lies aprendidas e aperfeioamento de modo mais consistente.

    A eficcia com que um programa atende demanda social depende da competncia tcnica do seu desenho original, da especificao clara de objetivos, da capacidade de identificao do pblico-alvo, da coordenao de recursos, da execuo das atividades e da entrega dos produtos. O artigo Mapa de processos e resultados de programas sociais como instrumento para especificao de pesquisas de avaliao e sistemas de indicadores de monitoramento mostra como o Mapa pode ser recurso metodolgico fundamental para fins de especificao de sistemas de monitoramento de programas complexos e de avaliaes. A sua utilizao aumenta as chances de que as pesquisas de avaliao e o monitoramento venham a trazer insumos relevantes e instrumentais para inovao na gesto de programas e aprendizagem organizacional na Adminis-trao Pblica. Ao apresentar esquematicamente o programa e seus componentes

  • 9Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    processos, produtos e resultados evidenciam os possveis objetos de estudo de pesquisas de avaliao.

    No quarto artigo, Avaliao de efeitos em processos de formao Percepo sobre a aplicabilidade dos saberes adquiridos nos cursos do Ciclo de Capacitao em Diag-nstico, Monitoramento e Avaliao (CapacitaSAGI), so apresentadas a metodologia e os resultados da avaliao de efeitos empreendida com os egressos dos cursos Capa-citaSAGI, uma iniciativa de capacitao em Educao a Distncia (EAD) desenvolvida pelo Departamento de Formao e Disseminao da SAGI. O objetivo foi avaliar a aplicabilidade dos saberes adquiridos com os cursos ofertados nos locais de trabalho, com base na percepo dos egressos. Os resultados desse trabalho demostraram que o campo da assistncia social frtil em possibilidades de transformao de prticas e qualificao do trabalho realizado.

    O artigo SAGI: doze anos de gesto da informao e do conhecimento para polticas e programas de desenvolvimento social relata o contexto de criao da SAGI e registra os principais marcos da sua trajetria, os elementos que propiciaram as inovaes e as dificuldades enfrentadas nos processos de constituio dos sistemas de informao, mo-nitoramento e avaliao das polticas de desenvolvimento social e na evoluo da poltica de formao, capacitao e disseminao da secretaria. O relato visa disseminao do aprendizado gerado e contribui para o entendimento do processo de institucionalizao da poltica de monitoramento, avaliao e gesto da informao no MDS.

    Em seus doze anos de existncia, a SAGI tem tido papel central ainda que de modo algum exclusivo nas atividades de produo de informao e conhecimento para as polticas e programas do MDS, com mritos reconhecidos nacional e internacionalmente. Para atender demandas cada vez mais sofisticadas e especficas dos programas sociais, a SAGI tem conduzido pesquisas inovadoras em termos de complexidade operacional, desenho metodolgico, escala e profundidade analtica. As pesquisas aqui apresentadas fazem parte da busca permanente de documentao e disseminao do conhecimento gerado pelas equipes e pelos pesquisadores envolvidos para que alcancem um pblico maior.

    Boa leitura!

    Paula MontagnerSecretria Adjunta de Avaliao e Gesto da InformaoPaulo JannuzziSecretrio de Avaliao e Gesto da Informao

  • AVALIAES DIAGNSTICAS

    SUMRIO

    DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES ENTRE PESQUISADORES E GOVERNO PARA AS POLTICAS PBLICAS BRASILEIRAS 14

    DOCUMENTAO DE PROGRAMAS DO MDS: INSTRUMENTO ESTRATGICO PARA A DIFUSO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS 25

    MAPA DE PROCESSOS E RESULTADOS DE PROGRAMAS SOCIAIS COMO INSTRUMENTO PARA ESPECIFICAO DE PESQUISAS DE AVALIAO E SISTEMAS DE INDICADORES DE MONITORAMENTO 42

    AVALIAO DE EFEITOS EM PROCESSOS DE FORMAO: PERCEPO SOBRE A APLICABILIDADE DOS SABERES ADQUIRIDOS NOS CURSOS DO CICLO DE CAPACITAO EM DIAGNSTICO, MONITORAMENTO E AVALIAO (CAPACITASAGI) 55

    SAGI: DOZE ANOS DE GESTO DA INFORMAO E DO CONHECIMENTO PARA POLTICAS E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL 68

    PARTE II. SNTESE DAS PESQUISAS DE AVALIAO 2015-2016, ORGANIZADAS SEGUNDO NATUREZA DA CONTRIBUIO PREDOMINANTE PARA APERFEIOAMENTO DA POLTICA E PROGRAMA 108

    PESQUISA DAS ENTIDADES DE ASSISTNCIA SOCIAL PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS (PEAS) ETAPA I 109

    TERRITRIOS E VIVNCIAS: PELA EFETIVAO DE UMA POLTICA DE ASSISTNCIA SOCIAL DE QUALIDADE EM BARRETOS/SP 115

    PROTEO SOCIAL, AUTONOMIA E TERRITRIO: TERMOS DE UMA EQUAO NECESSRIA PARA AMPLIAR EFETIVIDADE DA AO GOVERNAMENTAL JUNTO S FAMLIAS EM CONDIO DE POBREZA EXTREMA 118

    ESTUDOS ETNOGRFICOS SOBRE O PROGRAMA BOLSA FAMLIA ENTRE POVOS INDGENAS 125

    E AGORA FALAMOS NS: MULHERES BENEFICIRIAS DO BOLSA FAMLIA EM REDENO/CE 131

    POLTICAS PBLICAS EDUCACIONAIS COM RECORTE DE GNERO: CAMINHOS DA INCLUSO PARA O MUNDO DO TRABALHO 136

    PARTE I. CONTRIBUIES ACERCA DA PRODUO E DISSEMINAO DE PESQUISAS DE AVALIAO

  • O DESAFIO DA INCLUSO: O LUGAR DAS POLTICAS PBLICAS DE INTERMEDIAO NO ACESSO AO EMPREGO ENTRE TRABALHADORES DE BAIXA RENDA 139

    PERFIL DOS ESTADOS E DOS MUNICPIOS BRASILEIROS: INCLUSO PRODUTIVA 146

    EDUCAO ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS COM INSEGURANA ALIMENTAR: RESGATE DA CULTURA ALIMENTAR, PROMOO DA ALIMENTAO SAUDVEL E DA EXIGIBILIDADE DO DIREITO HUMANO ALIMENTAO 153

    MAPASAN 2014: MAPEAMENTO DE SEGURANA ALIMENTAR E NUTRICIONAL 156

    SOBERANIA E SEGURANA ALIMENTAR DE POVOS INDGENAS KAINGANG E DO ALTO E MDIO RIO NEGRO-AMAZONAS: DETERMINANTES AMBIENTAIS, SOCIAIS, POLTICOS E CONSEQUNCIAS PARA A PRESERVAO DA CULTURA ALIMENTAR, BEM ESTAR E SADE 161

    AVALIAES DE DESENHO E PROCESSO DE IMPLEMENTAO

    CENSO SUAS 2014: CRAS, CENTROS DE CONVIVNCIA, CREAS, CENTROS POP, UNIDADES DE ACOLHIMENTO, GESTO MUNICIPAL, GESTO ESTADUAL, CONSELHOS MUNICIPAIS E ESTADUAIS 166

    ESTUDO SOBRE AS BARREIRAS SOCIAIS PRESENTES NO MEIO FAMILIAR E SOCIOCULTURAL DE PESSOAS COM DEFICINCIA, BENEFICIRIAS DO BPC, QUE DIFICULTAM O SEU ACESSO ESCOLA E A OUTROS SERVIOS PBLICOS 174

    PESQUISA DE INFORMAES BSICAS ESTADUAIS E PESQUISA DE INFORMAES BSICAS MUNICIPAIS - MUNIC/ESTADIC, 2014 180

    PESQUISA DAS ENTIDADES DE ASSISTNCIA SOCIAL PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS (PEAS) ETAPA II 183

    APOIO SOCIAL E FAMILIAR NOS INDIVDUOS ACOMPANHADOS PELO SERVIO DE PROTEO E ATENDIMENTO INTEGRAL FAMLIA (PAIF) EM PORTO ALEGRE 189

    A PROTEO SOCIOASSISTENCIAL PARA USURIOS DE CRACK E OUTRAS DROGAS E SUAS FAMLIAS: OS DESAFIOS DA INTERSETORIALIDADE 193

    AVALIAO DA IMPLEMENTAO DOS CENTROS-DIA DE REFERNCIA PARA PESSOAS COM DEFICINCIA E SUAS FAMLIAS NO MBITO DO SISTEMA NICO DE ASSISTNCIA SOCIAL (SUAS) 199

  • AMBIENTE INSTITUCIONAL, GOVERNANA E PERFORMANCE DO PAA: UMA ANLISE NOS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E DO RIO GRANDE DO NORTE 204

    INFLUNCIA DO PROGRAMA DE AQUISIO DE ALIMENTOS (PAA) PARA A PERSISTNCIA DAS MULHERES EXTRATIVISTAS E AGRICULTORAS NO NORTE E NO NORDESTE DO BRASIL 209

    UMA AVALIAO DA COMPRA DE PRODUTOS DE AGRICULTORES FAMILIARES PARA ALIMENTAO ESCOLAR NOS ESTADOS DO PARAN, SANTA CATARINA E SO PAULO, BRASIL 213

    AVALIAES DE RESULTADOS E IMPACTOS

    SUPLEMENTO ESPECIAL DA ASSISTNCIA SOCIAL NA PESQUISA DE INFORMAES BSICA MUNICIPAIS DE 2013 (MUNIC 2013) 218

    PESQUISA DE DIMENSIONAMENTO DA EXTREMA POBREZA E POBREZA NO BRASIL: APRIMORAMENTOS METODOLGICOS 223

    AVALIAO DO IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMLIA SOBRE O IMC E OBESIDADE EM CRIANAS DA COORTE DE NASCIMENTOS DE PELOTAS (RS), EM 2004, AOS SEIS ANOS DE IDADE 228

    IMPACTO DOS PROGRAMAS DE TRANSFERNCIA DE RENDA SOBRE A DINMICA POPULACIONAL E REDUO DA POBREZA NO SEMIRIDO SETENTRIONAL 233

  • A ARTICULAO DE POLTICAS PARA A SUPERAO DA POBREZA RURAL: UM ESTUDO COMPARATIVO DAS INTERFACES ENTRE O PROGRAMA BOLSA FAMLIA E AS POLTICAS DE INCLUSO PRODUTIVA NAS REGIES NORDESTE E SUL DO BRASIL 236

    AVALIAO DE PROGRAMA GOVERNAMENTAL: O MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO ESTADO DE RONDNIA 241

    OS EGRESSOS DO BOLSA FAMLIA NO MARANHO: QUEM SO, COMO VIVEM E O SIGNIFICADO DO PROGRAMA PARA SUAS VIDAS 246

    O LUGAR CENTRAL DAS FAMLIAS PARA A INTEGRAO DAS POLTICAS DE PROTEO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO 252

    GERENCIAMENTO FINANCEIRO DOS BENEFCIOS ADVINDOS DO PROGRAMA BOLSA FAMLIA: UMA ANLISE DA ALFABETIZAO FINANCEIRA, DO ENDIVIDAMENTO E DO BEM-ESTAR FINANCEIRO 259

    CAMPANHA PELA FOME ZERO: UMA HISTRIA DE PARTICIPAO CIDAD 263

    SEGURANA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: LACUNAS DE AFERIO ENTRE CRIANAS BRASILEIRAS 267

    AVALIAO DO PROGRAMA DE ALIMENTAO DO TRABALHADOR DA REGIO METROPOLITANA DE RECIFE 273

    PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICLIOS PNAD, SEGURANA ALIMENTAR - ANO: 2013 278

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201614

    DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES ENTRE PESQUISADORES E GOVERNO PARA AS POLTICAS PBLICAS BRASILEIRAS

    Luciana Monteiro Vasconcelos Sardinha1 Danielle Chalub Martins2

    Alexandro Rodrigues Pinto3

    Marco Antnio de Carvalho Natalino4

    APRESENTAO: AVALIAO DE POLTICAS E PROGRAMAS SOCIAIS

    O ltimo quarto de sculo foi caracterizado, no campo das polticas sociais, por grande expanso do escopo, da abrangncia e das formas de atuao do Estado brasileiro. Tal expanso se faz mais visvel para a populao em geral por meio da criao e amplia-o do acesso a servios e benefcios sociais nas mais diversas reas, entre as quais se destacam aquelas relacionadas a segurana alimentar e nutricional, assistncia social, renda de cidadania e, mais recentemente, incluso produtiva, todas estas a cargo do Mi-nistrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS). mister considerar, entretanto, que tal ampliao do acesso s se fez possvel pela consolidao de novas capacidades estatais, consubstanciadas a partir do arcabouo jurdico constitucional de 1988 em uma crescente malha legal, administrativa e financeira que d estrutura e racionalidade ao dos governos nacional, estaduais e municipais na rea social.

    A agenda programtica instaurada pelo novo paradigma constitucional, advinda de dinmicas sociais democratizantes e demandantes de direitos deve, assim, ser reco-nhecida como processo ainda em curso, por meio do qual cresce a parcela do PIB destinada s polticas sociais e refinam-se mecanismos sistmicos de articulao entre os diversos poderes, entes federados, setores estatais e organizaes da sociedade civil para o enfrentamento da questo social em sentido amplo.

    Esse processo se relaciona com a prtica da avaliao de programas sociais, entendida como

    uma forma de pesquisa social aplicada, sistemtica, planejada e dirigida; destinada a iden-tificar, obter e proporcionar, de maneira vlida e confivel, dados e informao suficiente e relevante para apoiar um juzo sobre o mrito e o valor dos diferentes componentes de um programa[?]. (AGUILAR; ANDER-EGG, 1994, p. 31-32).

    Ocorre que essa ampliao conjugada ao aprimoramento dos mecanismos de gesto gera maior complexidade e, consequentemente, produz efeitos agudos no volume e no contedo de demandas de conhecimento necessrias continuidade do processo de aprimoramento e expanso da cobertura. Vale citar como os efeitos interativos

    1 Coordenadora Geral de Avaliao da Demanda do Departamento de Avaliao/SAGI. Nutricionista, doutora e mestre em Sade Pblica na rea de Epidemiologia (UnB).

    2 Assistente do / SAGI, servidora pblica da carreira de Especialista em Polticas Pblicas e Gesto Governamental. Enge-nheira agrnoma, especialista em fontes alternativas de energia (UFLA).

    3 Diretor de Avaliao da SAGI, servidor pblico da carreira de Especialista em Po-lticas Pblicas e Gesto Governamental. Odontlogo, mestre em Farmacologia Clnica (UFC).

    4 Coordenador Geral de Resultados e de impacto do Departamento de Avaliao/SAGI, servidor pblico da carreira de Es-pecialista em Polticas Pblicas e Gesto Governamental. Socilogo, mestre em sociologia (URGS).

  • 15Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    entre diversos programas colocam desafios avaliao, que devem se movimentar em direo a um paradigma de avaliao de polticas que incorpore tanto estudos especficos sobre programas quanto investigaes relativas a sistemas de polticas pblicas e seus resultados conjugados. Note-se, ademais, que no mbito do MDS tal questo se mostra particularmente premente, medida que suas polticas possuem forte vocao transversalidade.

    Nesse contexto, coloca-se o desafio de aprimorar a prtica de avaliao de programas e polticas sociais. Para tanto, deve-se pensar tal prtica no mais como ao espordica ou simples inovao gesto das polticas pblicas, mas como elemento sistmico, estruturante do prprio fazer governamental democrtico, que pressupe tanto o debate pblico de ideias quanto o reconhecimento, por parte dos gestores pblicos, da necessidade de contnuo julgamento de mrito dos servios pblicos prestados aos cidados, visando a sua melhoria. A ampliao do escopo das polticas sociais neste ltimo quarto de sculo deve vir acompanhada no apenas de uma ampliao quantitativa do escopo dos programas avaliados, como tambm de uma maior plu-ralidade de perspectivas epistmicas e de um olhar mais especializado para pblicos especficos. Para tanto, fundamental que essa viso sistmica da avaliao se reverta em aes concretas que permitam a articulao dos conhecimentos j produzidos e a mobilizao de instituies de pesquisa para a produo de novos conhecimentos.

    No governo federal a estratgia de praticar avaliao tem sido expandida nas ltimas dcadas. Atualmente j fazem parte da administrao direta e indireta estruturas e rotinas dedicadas a produzir evidncias e sistematizar informao e conhecimento que contribuam para o aperfeioamento de programas e projetos sociais, alm da rea-lizao dos seus objetivos beneficiando o Estado (seus gestores e tcnicos), o usurio, os pesquisadores e, claro, a sociedade em geral.

    No mbito do MDS, tal tarefa cabe Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao (SAGI), responsvel pela produo e disseminao de informao, conhecimento e instrumentos para subsidiar a gesto dos programas, aes, servios e benefcios a cargo do ministrio.

    Dentro da concepo sistmica da avaliao social acima esboada, observou-se, no mbito da SAGI, a necessidade de fomentar a mobilizao da comunidade de pes-quisadores brasileiros para a produo de conhecimentos teis ao desenvolvimento social, visando reduzir a diviso da produo de conhecimentos entre acadmicos, por um lado, e a prtica das organizaes, por outro, incentivando o dilogo e a transferncia de conhecimento.

    O estabelecimento de uma interlocuo com universidades e instituies de ensino e pesquisa acerca de estudos das polticas e programas do MDS abre a possibilidade da incorporao de um olhar externo qualificado na melhoria do trabalho realizado e por

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201616

    consequncia o desenvolvimento de capacidades algo muito almejado. Para concretizar essa demanda, a partir da necessidade de realizar aes voltadas promoo da incluso socioprodutiva da populao beneficiria dos programas e aes das polticas sociais do governo federal, o MDS e o Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao (MCTI) editaram a Portaria Interministerial n 261, de 20 de abril de 2009, que instituiu uma cooperao poltica, programtica e tcnica entre as pastas.

    Entre os objetivos da cooperao, incluem-se a elaborao e difuso de estudos e pesquisas sobre temas do desenvolvimento social e o estmulo a pesquisas e ao de-senvolvimento de atividades conjuntas no campo da socioeconomia da populao beneficiria das polticas sociais.

    A partir da portaria interministerial, a SAGI e o Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) iniciaram tratativas que culminaram com a celebrao do Termo de Cooperao Tcnica n 001/2010, que tem o propsito de promover a realizao de estudos, por meio de chamadas pblicas, sobre temas do desenvolvimento social no mbito do Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social, em atendimento aos objetivos da portaria interministerial. At a presente data foram realizadas duas chamadas pblicas em cumprimento ao estabelecido no termo de cooperao.

    Chamada MCT/MDS-SAGI/CNPq n 36/2010

    Essa chamada pblica foi lanada em setembro de 2010 com o propsito de selecionar propostas para apoiar estudos e avaliao de aes vinculadas a polticas de desenvol-vimento social e combate fome. As propostas deveriam se enquadrar em uma das cinco linhas temticas: 1) Assistncia social; 2) Segurana alimentar e nutricional; 3) Bolsa Famlia estratgias para alvio e superao da pobreza; 4) Incluso produtiva; 5) Integrao. Foram submetidas 77 propostas e aprovados 39 projetos. Essa chamada foi finalizada com xito no ano de 2013, por meio do desenvolvimento da totalidade de projetos selecionados. Esses projetos tambm deram origem a um conjunto de cinco publicaes intituladas Avaliao de polticas pblicas: reflexes acadmicas sobre o desenvolvimento social e o combate fome.5

    Chamada MCTI-CNPq/MDS SAGI n 24/2013

    Aps a avaliao pelo ministrio do grande alcance da primeira chamada pblica entre o MDS e o CNPq, viabilizou-se em setembro de 2013 o lanamento da Chamada MCTI-CNPq/MDS SAGI n 24/2013 com o objetivo de fomentar projetos de pes-quisa, por meio de apoio financeiro, relativos s polticas de proteo de populaes vulnerveis, que incluem desenvolvimento social e segurana alimentar e nutricional. Essa chamada foi efetivada com vistas a indicar auxlio para a conduo ou ajustes aos programas, aes e servios em curso no MDS.

    5 A publicao est disponvel no site do MDS http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/?grupo=108

  • 17Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    A chamada, at o prazo estabelecido de submisso de projetos, recebeu um total de 292 propostas divididas entre sete linhas temticas: 1) Assistncia social; 2) Bolsa Famlia estratgias para o alvio e superao da pobreza; 3) Incluso produtiva; 4) Segurana alimentar e nutricional; 5) Temas transversais e aes de integrao de polticas de desenvolvimento social; 6) Economia e financiamento das aes de desenvolvimento social e combate fome; 7) Anlise de dados secundrios das ba-ses sociais disponveis no MDS. Todos os temas foram discutidos e priorizados em conjunto com as secretarias finalsticas do MDS (Grfico 1).

    Grfi co 1: Linhas temticas do edital com seu respectivo nmero de propostas recebidas, Edital - MDS/CNPq N 24/2013

    Assistncia Social 17%

    Bolsa Famlia Estratgias para alvio e superao da

    Pobreza 22%

    Incluso ProduEva 13%

    Segurana Alimentar e Nutricional

    24%

    Temas transversais e Aes de integrao de polEcas de

    desenvolvimento social 19%

    Economia e nanciamento das Aes de

    Desenvolvimento Social e Combate Fome

    3%

    Anlise de dados secundrios das bases

    sociais disponveis no MDS 2%

    Aps a anlise de mrito e relevncia das propostas realizada por comit constitudo pelo CNPq de consultores ad hoc, foram selecionadas 37 propostas, sendo que a distribuio por unidade da federao est descrita no Grfico 2. As regies Sudeste e Nordeste contemplaram a maioria dos projetos, com 12 e 11 respectivamente. Rio Grande do Sul e So Paulo foram os estados com mais projetos contemplados, com 8 e 6, respectivamente.

    O maior nmero de projetos aceitos foi relativo ao tema Segurana Alimentar e Nutricional seguido do tema Bolsa Famlia estratgias para alvio e superao da pobreza, conforme mostrado na Tabela 1.

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201618

    Grfi co 2: Quantidade de propostas aprovadas Chamada MCTI-CNPq/MDS SAGI N 24/2013 segundo a UF da instituio

    5

    2 2

    1 1 1

    6

    3

    1 1

    7

    2 2

    1

    2

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    BA CE PE MA PB RN SP MG ES RJ RS SC PA RO DF

    NE SE S N CO

    12 11 9 3 2

    UF / Total de projetos por Regio

    Tabela 1: Distribuio percentual por linha temtica das propostas desenvolvidas na Chamada MCTI-CNPq/MDS SAGI n 24/2013.

    REA TEMTICAPROJETOS

    SELECIONADOS (%)

    Tema 1: Assistncia social 13,5

    Tema 2: Bolsa Famlia estratgias para alvio e superao da pobreza 27,1

    Tema 3: Incluso produtiva 8,1

    Tema 4: Segurana alimentar e nutricional 32,4

    Tema 5: Temas transversais e aes de integrao de polticas de desenvolvimento social 10,8

    Tema 6: Economia e financiamento das aes de desenvolvimento social e combate fome 2,7

    Tema 7: Anlise de dados secundrios das bases sociais disponveis no MDS 5,4

    Fonte: Elaborao prpria

    Cada uma das reas foi composta por diferentes tpicos, discutidos e validados em reunies com as reas do ministrio e no mbito do Grupo Tcnico de Monitoramento

  • 19Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    e Avaliao do MDS (GTMA). No total, o edital previu que os projetos poderiam abordar 58 temas distintos. Essa escolha implicou grande diversidade nos projetos.

    Se por um lado vrios aspectos foram cobertos pelas propostas, por outro o dilogo entre projetos, que poderia ser bastante rico durante a execuo, ficou prejudicado. Por isso, sugere-se que em futuros editais o MDS avalie a possibilidade de se utilizar critrios de priorizao para elencar um nmero mais restrito de programas e abordagens.

    Com o propsito de fortalecer os vnculos de pesquisadores, ainda em processo de formao acadmica, com as temticas relacionadas ao desenvolvimento social, a chamada previu a possibilidade de coordenao de projeto tanto por mestres quanto por doutores, sendo os limites para apoio por projeto diferenciados de acordo com a titulao do coordenador: R$ 60 mil e R$ 100 mil, respectivamente. Percebe-se que as oportunidades para financiamento de projetos coordenados por mestres ainda restrita e essa escolha da chamada foi considerada uma inovao. Das propostas re-cebidas, 20% foram encaminhadas por mestres.

    O processo de seleo no fez distino entre a titulao dos coordenadores, ou seja, propostas encaminhadas por mestres ou doutores competiram pelos mesmos recursos. A chamada incluiu como um dos critrios de seleo a qualificao do coordenador e da experincia da equipe, atribuindo a este quesito 10% da pontuao. Ainda assim, cinco das 37 propostas selecionadas eram coordenadas por mestres, e foram consideradas, sob o aspecto da qualidade tcnica, equivalentes a propostas coordenadas por doutores.

    Alm da qualificao do coordenador e da equipe, a seleo tambm considerou como critrios: o mrito e originalidade do projeto para a proteo e/ou desenvol-vimento social; a metodologia empregada; a consistncia da proposta em relao fundamentao terico-metodolgica e aos objetivos; a adequao do cronograma de execuo e do dimensionamento dos recursos solicitados; a extenso das possveis contribuies do estudo.

    O processo de seleo foi completamente conduzido pelo CNPq, sendo composto por trs etapas: (i) anlise pela rea tcnica; (ii) anlise pelos consultores ad hoc; (iii) anlise, julgamento e classificao pelo comit julgador.

    Ao MDS coube somente o acompanhamento da etapa de anlise pelos consultores ad hoc, cujo principal propsito foi dirimir eventuais dvidas do grupo de consultores. Sob a tica do MDS, uma participao mais prxima desse processo poderia qualific-lo. Em que pese a qualidade e expertise dos consultores participantes do processo, considera--se que uma composio mista desse grupo, que inclua tanto acadmicos quanto gestores com experincia na conduo das polticas pblicas, pode ser enriquecedora para futuras chamadas.

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201620

    DIFERENCIAIS DA CHAMADA

    A partir do aprendizado da primeira chamada pblica realizada, foram acrescidos alguns pontos ao termo de referncia que trouxeram grandes benefcios para seu desenvolvimento.

    A chamada previu trs encontros em diferentes etapas de desenvolvimento do pro-jeto envolvendo pesquisadores, CNPq e MDS, que proporcionaram, entre outras questes, um acompanhamento mais prximo e sistemtico do desenvolvimento das propostas e a possibilidade de dilogo entre as equipes de pesquisa e, quando necessrio, o aprimoramento/redirecionamento de rumos dos estudos.

    Durante a primeira oficina, realizada em abril de 2014, foi possvel promover a discus-so tcnica dos projetos selecionados entre os pesquisadores, especialistas convidados e tcnicos das secretarias finalsticas do MDS. O momento tambm foi propcio para a ampliao do conhecimento dos pesquisadores sobre as polticas coordenadas pelo MDS e sobre as ferramentas, indicadores, estudos e pesquisas desenvolvidas pela SAGI.

    Seguindo o modelo adotado desde a primeira oficina, que incorporou momentos de discusso em grupo a partir das temticas dos projetos, o segundo encontro, em novembro de 2014, permitiu aprofundar o debate e compartilhar informaes sobre o andamento dos projetos e sobre dificuldades e solues encontradas pelas equipes.

    Na ltima oficina, realizada em agosto de 2015, alm da apresentao e discusso dos resultados dos projetos, foi possvel realizar uma avaliao com os participantes de todo o processo vivenciado na chamada.

    Alm do rico espao de discusso propiciado pelas oficinas, durante toda a execuo dos projetos houve a interlocuo de tcnicos do departamento de avaliao com os coordenadores dos projetos.

    Outro diferencial da chamada foi a previso de elaborao de artigos para publica-o. Seguindo a experincia anterior da parceria entre SAGI e CNPq, que produziu um conjunto de publicaes digitais, a chamada 24/2013 tambm previu que os coordenadores dos projetos elaborassem um artigo com os principais resultados do projeto. Esses artigos so parte da prestao de contas ao CNPq. Os artigos esto publicados neste Cadernos de Estudos, parte II. Os artigos foram submetidos a avaliao de pareceristas externos ao ministrio, alm da consulta s reas finalsticas para que pudessem se apropriar dos contedos e alinhar com as aes j realizadas, quando necessrio.

    Por fim, outro aspecto que se deve destacar que se iniciaram as parcerias entre os pares a partir do dilogo estabelecido entre as partes (pesquisadores, MDS e CNPq),

  • 21Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    alm da troca de experincias entre os pesquisadores e do acompanhamento sistem-tico e individual da equipe tcnica do Departamento de Avaliao.

    CONCLUSO DO TRABALHO E AVALIAO DOS PESQUISADORES

    Na ltima oficina, realizada em agosto de 2015, alm da apresentao dos resultados dos projetos, foi possvel realizar uma avaliao com os participantes do processo da chamada que ressaltaram alguns xitos e possibilidades de aprimoramento.

    A avaliao foi realizada por meio de trs processos: 1) preenchimento dos question-rios; 2) dinmica de avaliao do edital em grupos utilizando tcnica de visualizao; 3) apresentao dos resultados dos questionrios e trabalhos de grupo e debates.

    Nesse momento foram discutidos aspectos especficos da chamada que propiciaram xito no desenvolvimento das propostas, entre os quais foram ressaltadas a prpria estratgia de acompanhamento dos projetos, a pertinncia do tipo e nmero de bol-sas concedidas, a possibilidade de apoio a despesas de custeio e as linhas temticas previstas.

    Nesse processo houve espao para ouvir os pesquisadores quanto s possibilidades de aprimoramento de futuras chamadas. Entre os aspectos destacados na discusso, aparecem questes relacionadas a uma maior articulao de projetos, por meio de estruturao de redes.

    Os aspectos surgidos a partir das dinmicas de grupo foram sistematizados. Seguem os principais destaques:

    A) Sobre os aspectos do edital que propiciaram o xito na conduo do projeto, os principais foram:

    A possibilidade de bolsas de estudo concedidas e a possiblidade de formao de equipes. Os tipos de bolsa e os valores disponibilizados foram tidos como relevantes e de acordo com a demanda dos pesquisadores;

    O acompanhamento sistemtico previsto, o dilogo individual entre MDS e pesquisadores, a realizao das oficinas como espao para socializao e reflexo constante;

    As linhas temticas tambm foram positivas por acolher diversos temas re-lacionados ao desenvolvimento social;

    A possibilidade de pagamento de recursos e custeio tambm foi destacada como positiva;

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201622

    B) Sobre os aspectos do edital que dificultaram ou limitaram a execuo dos projetos, os principais foram:

    O tema prazo foi amplamente discutido, trazendo vrias questes, como o pouco tempo para a execuo e a impossibilidade de novas prorrogaes, a diferena entre tempo de execuo e o tempo de concesso de bolsas. Alguns grupos discutiram que o tempo previsto (18 meses) adequado conduo do trabalho de campo, mas que seria relevante ter um prazo ampliado para o aprimoramento dos produtos. Questes mais especficas, como a necessidade de adequao de prazo de determi-nadas pesquisas, quando h necessidade de aprovao em comisses de tica ou o perodo ideal para incio de trabalhos, tambm foram discutidas;

    Sobre os aspectos oramentrios, foram apresentadas algumas dificuldades que envolveram a ausncia de recursos para despesas de capital e valores reduzidos para despesas de custeio, ou falta de flexibilidade entre esse tipo de despesa e bolsas. Relacionado a este ponto, foram apresentadas especificidades de alguns projetos, que podem requerer mais recursos de custeio quando envolvem trabalhos de campo ou quando so realizados em determinadas regies como, por exemplo, a regio Norte, que possui grandes dificuldades de deslocamento, entre outras;

    Tambm foram relatadas algumas dificuldades relacionadas ao sistema infor-macional do CNPq, que precisaria ser adequado s especificidades do edital.

    Em um grupo tambm foi criticada a impossibilidade de acolher projetos de pesquisadores sem vnculo com universidades.

    Em respostas s dificuldades relatadas, foi apresentado um conjunto de sugestes para futuro que dialogam diretamente com estas, envolvendo o aumento de prazos para as propostas, a flexibilizao dos percentuais entre despesas de custeio e bolsa e a incluso de despesas de capital.

    Tambm foi sugerido prever a estruturao de redes de pesquisadores, a publicao dos resultados das pesquisas em revistas indexadas e a incluso de uma linha para recm-doutores (a exemplo da linha para mestres).

    Da anlise da consulta realizada por meio de questionrio,6 depreende-se que os coordenadores consideraram adequada a maior parte dos parmetros includos na chamada de seleo de projetos, entre eles: (i) o prazo para elaborao das propostas (84% consideraram adequado); (ii) o tipo de bolsas disponibilizadas (92%); a distri-buio de recursos entre os projetos (75%); o tipo de despesas elegveis (76%).

    Os coordenadores tambm destacaram a pertinncia da previso de despesas de custeio para o desenvolvimento das propostas, indicando que a ausncia desse tipo de despesa teria de mdio a alto impacto (36%) ou inviabilizaria a proposta (44%).

    6 Os questionrios foram preenchidos por coordenadores de 25 projetos.

  • 23Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    Quanto ao outros aspectos oramentrios da chamada, parte dos coordenadores queixou-se dos limites gerais estabelecidos (48% avaliaram como inadequados); do limite para despesas de custeio7 (52%). Nos aspectos relacionados execuo dos projetos, os coordenadores avaliaram que as oficinas de intercmbio foram adequa-das para o aprimoramento do projeto (92%) e se mostraram muito satisfeitos com a comunicao estabelecida com a equipe do MDS (100%) e do CNPq (73%). No entanto, 63% dos pesquisadores que solicitaram acesso ao Cadastro nico8 apresen-tam queixas sobre o processo.

    Os pesquisadores tambm ressaltaram aspectos relacionados concluso do projeto e perspectivas futuras, indicando que tiveram oportunidades9 de publicao dos resultados da pesquisa10 (88%) ou outros desdobramentos decorrentes, como a rea-lizao de novas pesquisas (52%) e a promoo de novas disciplinas ou reformulao de contedos (12%).

    CONCLUSO

    A iniciativa de fomento a pesquisas por meio de editais pblicos, em que exista pareceria entre as instituies de ensino e pesquisa e governo de grande relevncia na prestao de contas sociedade, relativas s contribuies e resultados advindos das polticas e programas realizados. Outro importante ponto para essa iniciativa a viabilidade, em curto prazo, de execuo dos projetos que atendem necessidade de resultado dos estudos, de forma tempestiva, para o aprimoramento das polticas pblicas.

    Fiel misso de compartilhar os aprendizados institucionais, a SAGI apresenta uma inovao na gesto ao promover a produo de conhecimento acerca dos programas sociais em seus diferentes estgios de desenvolvimento. Mas cabe o questionamento: como conciliar os tempos poltico, administrativo e tcnico para melhorar e direcionar polticas e programas?

    No existe uma nica e confivel resposta a essa indagao. No caso da SAGI, a possibilidade de, em algum grau, antecipar demanda por informaes acerca do universo do programa est assentada em trs pilares interdependentes sobre os quais foi construda a prpria poltica de avaliao e monitoramento do MDS: cooperao, confiana e estabilidade institucional.

    No se pode esquecer, entretanto, o papel das parcerias internas e externas ao MDS, que s foram possveis graas ao valor da cooperao, como o caso muito bem su-cedido do CNPq, que, por meio de dois editais de seleo de projetos, possibilitou o dilogo entre o MDS e a academia em 75 projetos, abrangendo todas as reas do MDS. A importncia dessa parceria reside no encontro entre os saberes acadmico e o gerado na gesto, resultando em um terceiro muito mais rico e instrumentalizador das aes do ministrio e da prpria produo cientfica.

    7 O edital definiu que, dos recursos dis-ponibilizados, no mnimo 70% deveria ser destinado a pagamento de bolsas.

    8 No total de 11 pesquisadores.

    9 At a data da realizao do questionrio em agosto de 2015.

    10 Alm da publicao realizada pelo MDS.

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201624

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CAMPELLO, T. Uma dcada derrubando mitos e superando expectativas. In: CAMPELLO, T.; NERI, M. Programa Bolsa Famlia: uma dcada de incluso e cidadania. Braslia, DF: IPEA, 2013.

    CHELIMSKY, E. Integrating evaluation unit into the political enviroment of gover-nment: the role of evaluation policy. New Directions for Evaluation, n. 123, p. 51-66, 2009.

    JANNUZZI, P. M. A produo de informao e conhecimento para aprimoramento das polticas e programas de desenvolvimento social: princpios, conceitos e carac-terizao das pesquisas de avaliao realizadas pela SAGI/MDS de 2011 a 2014. In: Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome. Cadernos de Estudos Desnvolvimento Social em Debate, n. 16, p. 12, 2014.

    VAITSMAN, J.; PAES-SOUZA, R. Avaliao de programas e profissionalizao da gesto pblica. Revista Brasileira de Monitoramentoo e Avaliao, n. 1, p. 18-33, jan./jun. 2011.

    VAITSMAN, J.; RODRIGUES, R. W. S.; PAES-SOUSA, R. O sistema de ava-liao e monitoramento das polticas e programas sociais: a experincia do Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome do Brasil. Braslia, DF: Unesco, 2006. (Policy Papers 17).

    WEISS, C. H. Evaluation: methods for studying programs and policies. 2. ed. Upper Saddle River: Prentice-Hall, 1998.

    WORTHEN, B. R.; SANDERS, J. R.; FITZPATRICK, J. L. Avaliao de progra-mas: concepes e prticas. So Paulo: Edusp, 2004.

  • 25Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    DOCUMENTAO DE PROGRAMAS DO MDS: INSTRUMENTO ESTRATGICO PARA A DIFUSO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS

    Daniel Plech Garcia1

    Roberta Pelella Melega Cortizo2

    APRESENTAO

    Atualmente, o Brasil conta com uma gama expressiva de polticas sociais que podem ser dispostas sob os pilares da proteo e promoo social. O sistema de proteo social busca garantir os direitos sade, assistncia e previdncia social, sendo voltado principalmente a indivduos em situao de vulnerabilidade social que muitas vezes no tm como manter o prprio sustento (CASTRO, 2011). Nessa linha, vale citar o Benefcio de Prestao Continuada (BPC), que realiza a transferncia mensal de um salrio mnimo a idosos e pessoas com deficincia em famlias com menos de de salrio mnimo per capita. J o sistema de promoo social visa desenvolver capacidades e gerar oportunidades aos indivduos (CASTRO, 2011). Compem essa vertente as polticas educacionais, assim como as de gerao de trabalho e renda. Por exemplo, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego (Pronatec), que oferta cursos de qualificao profissional.

    interessante observar que h uma grande diversidade de escopos e problemticas tratadas pelos programas sociais no Brasil. Enquanto o Programa de Fomento busca estimular a gerao de renda nas famlias pobres na zona rural, o Telefone Popular oferta linhas de telefone fixo com tarifas mais baratas para as famlias de baixa renda que estejam no Cadastro nico.

    No entanto, vale destacar que existem programas sociais em diferentes estgios de maturidade, tanto em relao implementao, quanto nos processos de gesto, monitoramento e avaliao. Algumas iniciativas ainda carecem de normativas mais robustas, havendo necessidade de adicionar com frequncia orientaes para viabilizar a gesto. Outros programas se valem de regras no escritas, ou ainda de materiais instrucionais para resolver impasses de gesto. De um modo geral, pode-se constatar que documentar programas ainda um desafio para as trs esferas do governo.

    Muitas informaes valiosas sobre os processos de deciso, as mudanas de concepo e as razes para manter ou alterar as diretrizes dos programas no so documenta-das, estando presentes apenas na memria de alguns atores que participaram desses processos. Essa situao tende a fragilizar os programas, pois limita o conhecimento da histria, a reflexo sobre lies aprendidas e sobre como aperfeioar os programas de modo mais consistente. Sendo assim, entende-se que documentar programas uma atividade essencial para organizar informaes dispersas e pouco acessveis em rgos pblicos.

    1 Analista Tcnico de Polticas Sociais na Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao (SAGI). Especialista em Direito Internacional pela Pontifcia Uni-versidade Catlica de So Paulo (PUC/SP) e graduado em Administrao pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

    2 Analista Tcnica de Polticas Sociais na Secretaria de Avaliao e Gesto da Infor-mao (SAGI), mestre em Antropologia Social pela Universidade de So Paulo (USP) e graduada em Jornalismo (USP).

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201626

    Dependendo do estgio de maturidade do programa, a documentao pode ser mais ou menos complexa. Por exemplo, no qualquer programa que pode ter o modelo lgico bem definido, pois isso pressupe certa estabilidade e consistncia nos seus insumos, atividades, produtos, resultados e impactos gerados. Para programas que se encontram em fases iniciais, um relato abrangente do histrico e da justificativa, com abordagem descritiva dos pressupostos na concepo, diretrizes e principais objetivos, pode ser suficiente. medida que os programas ganham robustez, esforos de documentao mais complexos se tornam necessrios.

    De qualquer modo - e independentemente do estgio de maturidade do programa -, a documentao o primeiro passo para a realizao de avaliaes, especialmente as externas. Sem um conjunto consistente de documentos sobre o programa, um avaliador externo no capaz de realizar o processo avaliativo de modo completo. Um programa bem documentado contribui inclusive para a transparncia de suas aes e para a difuso das solues exitosas para outros parceiros interessados em implementar projetos semelhantes.

    Neste artigo apresentaremos algumas das principais estratgias de documentao de programas sociais que foram desenvolvidas nos ltimos anos. A primeira seo trata desse assunto no mbito das experincias da iniciativa Mundo Sem Pobreza (WWP); na sequncia, apresentamos os esforos feitos para a criao do Portal de Programas de Desenvolvimento Social; por fim, discutimos esses avanos no contexto da cooperao internacional, destacando o trabalho pioneiro feito no contexto do Instituto Social do Mercosul (ISM) e as perspectivas do WWP como instrumento para a formao de uma comunidade de prticas global.

    A INICIATIVA MUNDO SEM POBREZA (WWP): PROSPECO E DOCUMENTAO

    Nos ltimos anos, as polticas sociais brasileiras tm despertado cada vez mais o in-teresse da comunidade internacional. Diversas delegaes estrangeiras e instituies acadmicas procuram o Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS) para conhecer a natureza e os desenhos operacionais dos programas sociais implementados no Brasil (Figura 1).

  • 27Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    Figura 1: Delegaes recebidas pelo MDS de 2011 at maio de 2016

    Fonte: Assessoria Internacional (MDS)

    Apenas em 2015, o MDS recebeu 61 delegaes de 40 pases, com a predominncia de pases da Amrica Latina (40%) e da frica (35%). Com essa procura de infor-maes sobre o trabalho desenvolvido no Brasil, o MDS identificou a necessidade de elaborar estratgias de documentao e difuso dos programas sociais brasileiros.

    Nesse contexto, foi criada em 2014 a Iniciativa Brasileira de Aprendizagem por um Mundo Sem Pobreza (World Without Poverty WWP), que visa prospectar, documentar e divulgar inovaes e conhecimento sobre as tecnologias sociais brasileiras de gesto, desenho e implementao de polticas e programas sociais. O pblico-alvo do WWP composto principalmente por tcnicos e gestores estrangeiros responsveis pela execuo de programas sociais em seus pases.

    O WWP uma parceria entre o Banco Mundial, o MDS, o Centro Internacional de Polticas para o Crescimento Inclusivo do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/PNUD) e o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA). No MDS, o rgo responsvel pela articulao e gesto do WWP a Secre-taria de Avaliao e Gesto da Informao (SAGI), que responde s demandas das polticas e programas do MDS com pesquisas, ferramentas informacionais de gesto, instrumentos de monitoramento, cursos de capacitao e publicaes tcnicas.

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201628

    OS PRODUTOS WWP

    O WWP tem na documentao de programas um instrumento estratgico para realizar o intercmbio de experincias sobre a implantao e gesto de programas sociais. Para nortear os primeiros esforos da equipe do WWP foram realizadas trs pesquisas em eventos de Cooperao Sul-Sul no incio de 2014. A pesquisa investigou quais temas da proteo social brasileira os participantes gostariam de conhecer melhor. Os prin-cipais interesses apontados pelo pblico foram: Cadastro nico, condicionalidades do Programa Bolsa Famlia (PBF), coordenao federativa e incluso produtiva (Tabela 1).

    Tabela 1: Resultados das pesquisas sobre as polticas sociais brasileiras que mais despertam interesse dos gestores pblicos estrangeiros

    Fonte: Banco Mundial e MDS.

    Diante desses resultados, e considerando a importncia do Cadastro nico e do Bol-sa Famlia no mbito nacional, a equipe do WWP concentrou seus esforos iniciais para documentar esses dois temas. A primeira entrega foi uma srie de textos sobre

  • 29Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    o Cadastro nico. Esses formatos de texto so chamados, no mbito da iniciativa, de Produtos WWP. Alm de textos, foram disponibilizados no site vdeos e apre-sentaes. Em breve, sero lanados infogrficos com o processo de cadastramento, principais conceitos e o modelo lgico interativo do Cadastro nico.

    Muitos pases visitantes solicitavam ao MDS e ao Banco Mundial o formulrio prin-cipal do Cadastro nico traduzido, para que fosse possvel compreender como so feitas as perguntas, quais so as informaes coletadas e qual a estrutura do formu-lrio. Por isso, o WWP traduziu o formulrio para o ingls, francs e espanhol. Na sequncia, os formulrios traduzidos foram diagramados para que ficassem com o mesmo layout da verso em portugus e publicados no site do WWP.

    As condicionalidades do Programa Bolsa Famlia renderam dez produtos com dife-rentes abordagens, que mostraram em linguagem objetiva como funciona, quais so os sistemas utilizados, os atores envolvidos, os impactos das condicionalidades na educao e na sade das famlias beneficirias, entre outros. Na sequncia, a equipe do WWP produziu uma srie de textos sobre o monitoramento de polticas sociais, que discutiu a importncia de monitorar, como feito no Brasil e quais so os principais instrumentos de monitoramento do governo federal.

    O Plano Brasil Sem Misria foi abordado em onze textos, com discusses sobre a linha de extrema pobreza, focalizao, incluso produtiva, articulao federativa, entre outros. Em maio de 2016, a gesto da informao foi o principal assunto do WWP, com o lanamento de uma srie de quatro produtos sobre as principais ferramentas informacionais utilizadas pelas polticas sociais no Brasil.

    Est prevista para o ms de julho de 2016 a publicao de textos inditos sobre instrumentos de coordenao interfederativa do PBF, destacando o papel do ndice de Gesto Descentra-lizada (IGD), um indicador da qualidade da gesto do Bolsa Famlia e do Cadastro nico.

    O Quadro 1 apresenta os principais produtos publicados at maio de 2016 organi-zados por temas3. No momento, a equipe do WWP est trabalhando na elaborao de textos sobre o Programa de Aquisio de Alimentos (PAA), relatos de incluso produtiva em estados e municpios e relatos de uso de monitoramento e avaliao (M&A). Alm disso, h a previso de novos textos, mais aprofundados e especficos, sobre o Bolsa Famlia e o Cadastro nico, o que evidencia que um mesmo tema pode ser documentado a partir de diversas abordagens.

    3 Conhea esses materiais no site do WWP: www.wwp.org.br

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201630

    Quadro 1: Principais produtos publicados no site do WWP

    CADASTRO NICO

    TTULO DESCRIO

    Apresentao do Cadastro nico Brasileiro

    Apresenta o desenho, os objetivos e o fluxo do processo de cadastramento.

    Breve histrico do Cadastro nico

    Apresentao do contexto de criao do Cadastro nico em 2001 e sua evoluo ao longo dos anos.

    Experincia brasileira na construo de um registro nico

    Descreve como o Brasil gerencia o Cadastro nico, como lida com a qualificao dos dados e a focalizao.

    Atores responsveis pela gesto do Cadastro nico

    Diagrama com as responsabilidades dos principais atores que fazem a gesto do Cadastro nico.

    Formulrio do Cadastro nico e seus conceitos bsicos

    Formulrio usado para o cadastramento do pblico-alvo e os conceitos que os entrevistadores utilizam para seu preenchimento.

    PROGRAMA BOLSA FAMLIA (PBF)

    TTULO DESCRIO

    Condicionalidades do PBF: apresentao

    Viso geral sobre as condicionalidades do Programa Bolsa Famlia.

    Condicionalidades do PBF: linha do tempo

    Texto com a cronologia das condicionalidades do Programa Bolsa Famlia, desde 2003 at os dias de hoje.

    Condicionalidades do PBF: atores da gesto

    Mapeamento dos diversos atores das redes das polticas de educao, sade e assistncia social responsveis pela implementao das condicionalidades do Programa Bolsa Famlia.

    Condicionalidades do PBF: como funciona?

    Esclarece quais so as aes necessrias na gesto das condicionalidades para realizar o acompanhamento dos compromissos assumidos.

    Condicionalidades do PBF: sistemas

    Explica como operam os trs sistemas na gesto das condicionalidades do Programa Bolsa Famlia.

    Condicionalidades do PBF: glossrio tcnico

    Esclarece alguns conceitos que aparecem nesta newsletter, tais como o que proteo social bsica, CRAS e interoperabilidade.

    Resultados do acompanhamento de condicionalidades do Programa Bolsa Famlia

    Apresenta a srie histrica do acompanhamento das condicionalidades de sade e educao.

    Descumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Famlia

    Explica os principais resultados e efeitos que as famlias em situao de descumprimento esto sujeitas (advertncia, bloqueio, suspenso e cancelamento do benefcio).

  • 31Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    Resultados e impactos das condicionalidades do Programa Bolsa Famlia na educao

    Apresenta os principais impactos das condicionalidades na educao (desempenho, evaso escolar) das famlias beneficirias.

    Resultados e impactos das condicionalidades do Programa Bolsa Famlia na sade

    Apresenta os principais impactos das condicionalidades na sade (mortalidade infantil, desnutrio) das famlias beneficirias.

    MONITORAMENTO DE POLTICAS SOCIAIS NO BRASIL

    TTULO DESCRIO

    A estruturao de monitoramento e avaliao no Brasil

    Apresenta a estruturao do monitoramento e avaliao no Brasil, bem como o papel da SAGI nesse processo.

    Monitoramento e sua importncia para a gesto de polticas sociais

    Apresenta os principais conceitos de monitoramento utilizados no Brasil e explica a importncia de monitorar, inclusive para aumentar a eficincia e transparncia dos programas sociais.

    Como se faz no Brasil: principais instrumentos de monitoramento de polticas sociais

    Explica como a Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao (Sagi) elabora indicadores, modelos lgicos, painis e sistemas de monitoramento para monitorar programas sociais do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS).

    PLANO BRASIL SEM MISRIA (BSM)

    TTULO DESCRIO

    O Plano Brasil Sem Misria: Introduo

    Discorre sobre as condies que possibilitaram a criao do Plano Brasil sem Misria e sobre algumas de suas principais caractersticas.

    Linha de Extrema Pobreza e pblico-alvo

    Reflete sobre o conceito de linha de pobreza e a delimitao do pblico alvo do BSM.

    Busca ativa e focalizao: a importncia do Cadastro nico no Plano Brasil Sem Misria

    Apresenta como o Cadastro nico contribuiu para a focalizao do BSM por meio da estratgia de Busca Ativa.

    Coordenao intersetorial no Plano Brasil Sem Misria

    Explica como foi construda a coordenao intersetorial do BSM.

    A articulao federativa no plano Brasil Sem Misria

    Explica como a equipe do BSM conseguiu fazer a articulao federativa do Plano.

    O eixo de garantia de renda no Plano Brasil Sem Misria Detalha o eixo de garantia de renda do Plano.

    O Eixo de Acesso a Servios e a Ao Brasil Carinhoso do Plano Brasil Sem Misria

    Detalha o eixo de acesso a servios do Plano.

    A estratgia de incluso produtiva urbana no Plano Brasil Sem Misria

    Explica a estratgia de incluso produtiva no meio urbano.

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201632

    A incluso produtiva rural do Plano Brasil Sem Misria

    Explica a estratgia de incluso produtiva no meio rural.

    O monitoramento do Plano Brasil Sem Misria Detalha o processo de monitoramento do plano.

    GESTO DA INFORMAO DE POLTICAS SOCIAIS NO BRASIL

    TTULO DESCRIO

    Desafios da Gesto da Informao

    Apresenta as principais ferramentas informacionais produzidas pelo Departamento de Gesto da Informao da SAGI/MDS para que auxiliem as atividades de gesto, monitoramento e avaliao dos programas sociais do MDS.

    Consulta, seleo e extrao de informaes do Cadastro nico (Cecad)

    Descreve como foi o processo de construo da ferramenta Cecad, os desafios e solues encontradas.

    A construo do Mapa da Pobreza e do Mapa de Oportunidades e de Servios Pblicos

    apresentado o processo de construo de duas ferramentas que produzem mapas: o de Identificao de Domiclios Vulnerveis (IDV) e o Mapa de Oportunidades e Servios Pblicos (MOPS).

    O Censo do Sistema nico de Assistncia Social (Censo Suas)

    apresentado o processo de construo do Censo do Sistema nico de Assistncia Social (Censo Suas), com as dificuldades e solues encontradas.

    INSTRUMENTOS DE COORDENAO INTERFEDERATIVA DO BOLSA FAMLIA (LANAMENTO EM BREVE)

    TTULO DESCRIO

    Instrumentos de coordenao interfederativa do Bolsa Famlia: o IGD

    Apresenta o ndice de Gesto Descentralizada (IGD), ferramenta estratgica para apoiar e estimular os estados e municpios a investir na melhoria da gesto do PBF e Cadastro nico.

    Instrumentos de apoio gesto descentralizada

    Detalha outros instrumentos utilizados na coordenao interfederativa do PBF: o Sistema de Gesto do Programa Bolsa Famlia (SIGPBF); o Bolsa Famlia Informa; e a Central de Atendimento.

    IGD: linha do tempoExplica o processo de construo do IGD por meio de uma linha do tempo com as principais transformaes.

    Fonte: Elaborao prpria

    A fim de familiarizar o pblico do WWP com os diversos programas sociais brasilei-ros, tambm foram publicadas sete fichas-resumo e quatro fichas descritivas sobre os programas citados no Quadro 1 e outras aes do MDS, tais como o Benefcio de Prestao Continuada (BPC), o Programa de Aquisio de Alimentos (PAA), o

  • 33Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    Sistema nico de Assistncia Social (SUAS), o Programa de Erradicao do Trabalho Infantil (PETI).

    Por se tratar de um trabalho coletivo, envolvendo quatro parceiros com escopos e objetivos diversos, tornou-se imperativa a formulao de mecanismos de articulao verticais e em rede, com o propsito de permitir um fluxo de informaes gil e consistente entre os representantes institucionais e as equipes tcnicas de cada rgo. Configurou-se, assim, governana estruturada em um arranjo matricial, com hierar-quias funcionais (quatro comits: editorial, secretariado, tcnico e de comunicao) que dialogam com equipes detentoras de conhecimento tcnico especfico, formadas temporariamente para a elaborao de textos, slides, vdeos ou infogrficos para o WWP. A Figura 2 ilustra todas as etapas de produo, encaminhamento, validao e insero dos produtos WWP no site da iniciativa.

    Figura 2: Fluxograma de produo de materiais para o WWP

    Fonte: WWP

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201634

    Na etapa de produo de material documental ou multimdia, ganha destaque a participao das secretarias finalsticas do MDS. Isso se deve ao fato de a SAGI, coor-denadora do WWP pelo MDS, ser uma secretaria-meio; logo, no gere os programas do Ministrio. Assim, as etapas de adaptao, atualizao e elaborao dos produtos WWP, realizadas pelas equipes de projetos, abarcam membros do comit tcnico dos quatro parceiros e tcnicos das secretarias finalsticas experts no tema abordado. Em se tratando de material multimdia (vdeos e infogrficos), integrantes do comit de comunicao tambm colaboram na formulao de layout, design e roteiro.

    Lanado em maro de 2014, o site da iniciativa concentra a documentao produzida pela equipe do WWP e publicaes dos quatro parceiros (Figura 3). A cada trs meses lanada uma newsletter com a divulgao dos novos contedos disponibilizados no site: produtos WWP, publicaes eletrnicas, vdeos, diagramas, entre outros. Todos os materiais esto disponveis em portugus, ingls, espanhol, e, em breve, em francs. Nesse sentido, a documentao dos programas sociais brasileiros uma atividade basi-lar para a plena operacionalizao e o atendimento dos objetivos propostos pelo WWP.

    Figura 3: Pgina inicial do site do WWP em ingls

    Fonte: www.wwp.org.br/en

    Alm dos produtos elaborados pela equipe do WWP em parceria com as secretarias finalsticas do MDS, a iniciativa conta com consultores que produzem estudos qua-litativos sobre polticas e programas sociais. A documentao elaborada por consul-tores busca desenvolver uma abordagem mais aprofundada sobre as polticas sociais, estando, portanto, em um estgio posterior ao dos produtos citados no Quadro 1.

    Dentro do escopo do trabalho a ser elaborado pelo consultor h uma gama conside-rvel de contedos de carter analtico e avaliativo, como a construo de modelos lgicos, elaborao de desenhos e instrumentos de gesto, o mapeamento de fluxos

  • 35Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    e processos, a avaliao dos resultados alcanados, alm de reflexes sobre lies aprendidas. At o momento, foram finalizadas quatro consultorias referentes aos seguintes temas: Cadastro nico; Programa Bolsa Famlia, Programa de Aquisio de Alimentos e Incluso Produtiva4.

    Em sntese, as consultorias coletaram, organizaram e sistematizaram informaes para uso do WWP. Aps estarem devidamente adaptados para atender ao pblico--alvo da iniciativa, os materiais so disponibilizados gradualmente no site do WWP mediante diferentes formas de comunicao, como textos, infogrficos, modelos lgicos, estudos de casos e vdeos. O processo de adaptao do material conduzido pela equipe tcnica da SAGI.

    O PORTAL DE PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

    Em julho de 2015, a SAGI lanou um portal com informaes sobre os principais programas sociais do MDS5. No Portal de Programas de Desenvolvimento Social esto disponibilizadas fichas resumidas com os principais aspectos de cada programa, textos mais detalhados, pesquisas e material multimdia, segmentados por ttulo, rea temtica e rgo gestor. O objetivo do Portal reunir as informaes em um s local, facilitando a consulta de pesquisadores, de gestores de polticas pblicas e da sociedade como um todo.

    Embora a iniciativa tenha partido da SAGI, desde as primeiras reunies houve a percepo de que o trabalho articulado com as secretarias finalsticas do MDS seria condio indispensvel para o xito do projeto. Afinal, disponibilizar, em um mesmo espao, vasta documentao sobre os principais programas e aes do Ministrio sem o engajamento e a contribuio das secretarias responsveis inviabilizaria o Portal.

    Isso porque a mais elementar das etapas, qual seja, a validao de materiais para o Portal, tarefa que cabe exclusivamente secretaria responsvel pela gesto do programa. Por essa razo que, com o amadurecimento do projeto, fez-se necessrio envolver as demais secretarias do Ministrio, aproveitando os tcnicos que j estavam colaborando para o WWP, visto que o fluxo prospeco-documentao-adaptao-reviso-validao junto SAGI j estava consolidado h mais tempo, facilitando portanto os processos demandados. Alm disso, parte da documentao produzida para o WWP tambm foi disponibilizada no Portal.

    Na articulao inicial com as secretarias, buscou-se explicar o propsito da iniciativa, inclusive diferenciando-o do WWP (voltado ao pblico internacional) e do portal MDS pra Voc6, (direcionado aos beneficirios das polticas do Ministrio). Por dispor de informaes com maior grau de detalhamento e focadas no modus operandi e nos resultados alcanados, o Portal de Programas destinado aos tcnicos e gestores dos entes federativos e na comunidade acadmica, alm de ser um importante instru-

    4 Os consultores so, respectivamente, Fernanda Pereira de Paula; Janio de Souza Alcntara; Srgio Paganini e Andra Perotti.

    5 Acesse no link: http://aplicacoes.m d s . g o v. b r / s a g i / p o r t a l / a r t i g o .php?link=1231&ga=146

    6 Acesse o Portal MDS pra Voc no link: http://mdspravoce.mds.gov.br/

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201636

    mento de documentao dos programas e aes. As verses mais antigas das fichas e materiais complementares so gravadas no servidor do Portal, de modo a garantir a preservao da histria e da evoluo dos programas.

    Por fim, importa comentar que, com o lanamento do Portal, constatou-se que seria necessria a colaborao ativa das secretarias finalsticas para sua consolidao, a fim de assegurar um fluxo de insero contnua de novos materiais e de atualizao peridica das fichas. Em outras palavras, se a SAGI foi a protagonista para a criao do Portal, a etapa seguinte, de maturao, deveria necessariamente contar com a pr-atividade das secretarias e o respaldo do gabinete do MDS. SAGI, caberia o papel de guardio do repositrio e articulador do Portal. Em sntese, o desafio atual fazer com que o Portal deixe de ser da SAGI, para pertencer a todo o Ministrio. As Figuras 4, 5 e 6 ilustram pginas do Portal.

    Figura 4: Pgina inicial do Portal

    Fonte: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/artigo.php?link=1231&ga=146

  • 37Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    Figura 5: Pgina do Portal com infogrfi co do processo de cadastramento do Cadastro nico

    Fonte: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/artigo.php?link=1231&ga=146

    Figura 6: Pgina do Portal com modelo lgico do Cadastro nico

    Fonte: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/artigo.php?link=1231&ga=146

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201638

    A DOCUMENTAO DE PROGRAMAS NO MBITO DA COOPERAO INTERNACIONAL

    Nos ltimos trs anos, a SAGI tem aperfeioado as tcnicas de documentao de programas de desenvolvimento social no mbito da cooperao internacional. Mais do que uma simples vontade, a necessidade de ampliar o dilogo com gestores pblicos e organizaes internacionais tornou-se visvel por causa do crescente interesse em conhecer as polticas sociais do MDS, diante dos expressivos resultados obtidos no combate pobreza nas suas mais variadas dimenses e na reduo da desigualdade social.

    Constatada pelo Ministrio a carncia de material de leitura apropriado para o pblico estrangeiro, foi delegada SAGI a funo de coordenar os trabalhos de documentao e validao dos programas sociais brasileiros a esse grupo especfico de leitor, que, em sua maioria, no l portugus e tem, quando muito, informaes bastante superficiais (s vezes desatualizadas ou equivocadas) das polticas sociais nacionais. As primeiras iniciativas nesse sentido foram promovidas pelo Instituto Social do Mercosul (ISM) em 2013 e, na sequncia, pelo WWP.

    Assim, a SAGI focou na documentao por meio de textos objetivos, didticos (de preferncia ilustrados com grficos, tabelas e fluxogramas), com informao relevante e atualizada, partindo de diversas abordagens: como o programa funciona na prtica, o contexto de criao, quais so os atores responsveis pela operacionalizao, e, em casos mais especficos, a linha do tempo com um breve histrico e glossrio tcnico. Para textos que explicam o funcionamento do programa, busca-se evitar ultrapassar cinco pginas; para textos que relatam experincias prticas da gesto de programas ou do uso de ferramentas sociais, esto sendo desenvolvidos produtos de no mximo 15 pginas. Esses limites do nmero de pginas so importantes para manter o interesse do pblico leitor, que busca agilidade na absoro do contedo. Alm disso, quando se fala em cooperao internacional, deve-se ter sempre em mente que o texto deve ser traduzido ao menos para um idioma estrangeiro, geralmente para o ingls ou espanhol, e, com uma frequncia crescente, para o francs.

    Alm disso, no processo de documentao e adaptao de materiais para o pblico internacional, a SAGI busca evitar o uso de siglas, acrnimos, legislaes, nomes de rgos especficos (priorizando os ministrios e, em casos excepcionais, as secretarias) e tecnicidades que pouco contribuem para o entendimento e reflexo por parte dos gestores e tcnicos estrangeiros. Em alguns casos, verifica-se a necessidade de fazer breves contextualizaes por meio de box ou notas de rodap sobre programas, ferramentas, aes e rgos citados secundariamente no texto; e de selecionar e dispor de algumas curiosidades, nmeros ou resultados significativos. Em sntese, o desafio permanente conseguir capturar a ateno do gestor/tcnico durante a leitura, com informao til para pessoas que vivem em diferentes realidades.

  • 39Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    Todo esse esforo se fez necessrio a partir do momento em que o MDS chancelou a documentao de programas como importante ferramenta para as delegaes estran-geiras interessadas em conhecer as polticas e ferramentas do Ministrio, seja como forma de contextualizao antes de virem ao Brasil, seja como instrumento para o aprofundamento do conhecimento das polticas sociais brasileiras.

    Com documentao adequada e substancial para o pblico internacional, as coope-raes bilaterais, multilaterais e visitas tcnicas de delegaes estrangeiras ao MDS tornam-se mais produtivas, aumentando o grau de cooperao e de intercmbio de informaes. Afinal, razovel supor que, com a iniciativa do Ministrio de disponi-bilizar material qualificado sobre os seus programas, os demais pases e organizaes internacionais sintam-se motivados a fazer o mesmo. Em sntese, uma relao em que todos saem ganhando.

    A primeira experincia substancial vivenciada pelo MDS quanto documentao de programas no mbito da cooperao internacional ocorreu em 2013 com o Instituto Social do Mercosul (ISM) por meio do Caderno ISM. Essa publicao, que contou com a descrio de trs programas sociais de cada pas-membro do bloco, serviu como projeto-piloto para as fichas descritivas dos programas sociais, utilizadas tan-to no WWP, quanto no Portal de Programas de Desenvolvimento Social. Cumpre mencionar que diversos dilogos internos e externos ocorreram aps a publicao desses textos para o Caderno do ISM, permitindo o aperfeioamento da estrutura e do contedo das fichas de programas.

    A experincia mais exitosa, porm, tem sido com o WWP. Alm da vasta produo de material j relatada neste texto, focada no how to dos principais programas geridos pelo MDS, merece destaque tambm a documentao dos webinars e seminrios promovidos ou apoiados pela Iniciativa por meio de notcias, slides das apresentaes, fotos, udios e vdeos, todos disponibilizados no site www.wwp.org.br.

    Por fim, vale ressaltar que uma das propostas originais do WWP consiste na formao de uma comunidade de prticas envolvendo gestores pblicos governamentais e das organizaes internacionais, fomentando o intercmbio de conhecimento e estudos comparativos. Para isso, inegvel a importncia da documentao dos programas sociais. Necessrio, porm no suficiente, tendo em vista a necessidade de canais apropriados para esse compartilhamento de informaes e conhecimento.

    O WWP visa alcanar esse patamar no mdio prazo, tendo inaugurado essa frente de trabalho mais recentemente. At o momento, a Iniciativa conta com um vdeo sobre o Programa Lisungi, da Repblica do Congo, o primeiro material sobre a experincia de outro pas que no seja o Brasil no WWP. Espera-se que esse seja o embrio de uma nova etapa para a construo de uma comunidade de prticas no mbito do WWP.

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201640

    CONSIDERAES FINAIS

    A prtica de documentao ainda um desafio para a maior parte dos rgos pbli-cos responsveis por programas no Brasil. Ao longo dos ltimos anos, os programas sociais tm crescido em quantidade de pblico beneficirio e em complexidade de processos de gesto, necessitando de instrumentos mais robustos de documentao, que permitam realizar progressivamente o seu aperfeioamento, monitoramento e avaliao. Alm disso, a carncia de documentao adequada - ao mesmo tempo detalhada e em linguagem objetiva - prejudica a troca de experincias, e consequen-temente, a replicabilidade de programas exitosos em outros pases.

    Iniciativas como o Instituto Social do Mercosul, o WWP e o Portal de Programas de Desenvolvimento Social buscam suprir essa lacuna para mltiplas finalidades, desde a melhoria contnua de programas consagrados at a criao de uma comunidade de prticas para intercambiar tecnologias sociais de diferentes pases. Alm de facilitar os processos avaliativos, essas aes podem contribuir inclusive para subsidiar gestores para novas polticas sociais nos prximos anos.

  • 41Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 2016

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BRASIL. Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS). Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao. Portal de Programas de Desenvolvimento Social. Disponvel em: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/portalpro-gramas/pg_principal.php?url=abertura. Acesso em: 3 maio 2016.

    CASTRO, J. A. Poltica social no Brasil: marco conceitual e anlise da ampliao do escopo, escala e gasto pblico. Revista brasileira de monitoramento e avaliao, Braslia, n. 1, p. 66-95, 2011.

    GARCIA, D.; DE PAULA, F. P.; CORTIZO, R. P. M. Documentao de programas e ferramentas sociais na SAGI: a experincia do Cadastro nico. Revista brasileira de monitoramento e avaliao, Braslia, DF, n. 7, p. 124-142, 2014.

    JANNUZZI, P. M. Anlise de componentes sistmicos e institucionais das Polticas e Programas de Desenvolvimento Social e Combate Fome: consi-deraes sobre a importncia e proposta de marco de referncia para estudos. Braslia, DF: MDS/SAGI, 2015. (Estudo Tcnico, n. 01/2015).

    PAULA, J. C. O uso do Cadastro nico: uma anlise a partir dos programas Ta-rifa Social de Energia Eltrica e Telefone Popular. Braslia, DF: Escola Nacional de Administrao Pblica, 2013.

    SISTEMA DE INFORMACIN DEL MERCOSUR SOBRE POLTICAS E INDICADORES SOCIALES (SIMPIS). Proyetos y Programas Sociales del Mercosur en Perspectiva. Assuncin: SIMPIS, 2014.

    WORLD WITHOUT POVERTY. Portal da Iniciativa Brasileira de Aprendi-zagem por um Mundo sem Pobreza. Disponvel em: . Acesso em: 3 maio 2016.

  • Cadernos de Estudos - Sntese das Pesquisas de Avaliao de Programas Sociais do MDS 2015 - 201642

    MAPA DE PROCESSOS E RESULTADOS DE PROGRAMAS SOCIAIS COMO INSTRUMENTO PARA ESPECIFICAO DE PESQUISAS DE AVALIAO E SISTEMAS DE INDICADORES DE MONITORAMENTO

    Paulo de Martino Jannuzzi1

    INTRODUO2

    A especificao de pesquisas de avaliao e de sistemas de indicadores de monitora-mento para um programa social segue, nos vrios manuais e textos aplicados na rea, um conjunto de etapas em que, a primeira, a coleta de informaes sobre os objeti-vos, desenho lgico, normas operacionais e arranjo de implementao do programa. Essa etapa de pre-avaliao, tambm conhecida como estudo de avaliabilidade do programa, determinante da qualidade e relevncia dos insumos que instrumentos de monitoramento e avaliao aportam para gesto de programas sociais.

    Afinal, programas sociais no so projetos sociais de pequena escala. Programas so-ciais so intervenes pblicas desenhadas para mitigar uma problemtica social ou para promover um objetivo societrio comum. Para isso, a partir de uma teoria de mudana social, explcita ou no, estruturam-se em diversas atividades, envolvem--se milhares