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ÉRIKA VALENTE DE MEDEIROS DENSIDADE DE ASCÓSPOROS DE Monosporascus cannonballus EM SOLOS DE CAATINGA E DE CULTIVO DE MELOEIRO NOS ESTADOS DO RIO GRANDE DO NORTE E CEARÁ E TESTES DE CONTROLE in vitro Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura de Mossoró, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Agronomia: Fitotecnia. ORIENTADOR: Prof. D. Sc. Eng. Agr. Rui Sales Júnior CO-ORIENTADOR: Prof. D. Sc. Sami Jorge Michereff MOSSORÓ-RN 2005

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ÉRIKA VALENTE DE MEDEIROS

DENSIDADE DE ASCÓSPOROS DE Monosporascus

cannonballus EM SOLOS DE CAATINGA E DE CULTIVO DE MELOEIRO NOS ESTADOS DO RIO

GRANDE DO NORTE E CEARÁ E TESTES DE CONTROLE in vitro

Dissertação apresentada à Escola Superior de

Agricultura de Mossoró, como parte das

exigências para obtenção do título de Mestre em

Agronomia: Fitotecnia.

ORIENTADOR: Prof. D. Sc. Eng. Agr. Rui Sales Júnior CO-ORIENTADOR: Prof. D. Sc. Sami Jorge Michereff

MOSSORÓ-RN

2005

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Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA

M488d Medeiros, Érika Valente de.

Densidade de ascósporos de Monosporascus cannonballus em solos de caatinga e de cultivo de meloeiro nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará e testes de controle in vitro / Érika Valente de Medeiros. – Mossoró: 2005.

98f. il.

Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal Rural do Semi-árido. Orientador: Prof. D. Sc. Eng. Agr. Rui Sales Júnior Co-Orientador: Prof. D. Sc. Sami Jorge Michereff 1.Cucumis melo. 2. Extração de ascósporos. 3.Controle químico 4. Tiazolidina-2,4-diona. 1.Título

CDD 635.611 Bibliotecária: Keina Cristina Santos Sousa

CRB/4 1254 AGRADECIMENTOS

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Às forças superiores que nos impulsiona a seguir em frente todos os dias: Deus e

entidades de luz.

Ao meu amigo e orientador, Dr. Rui Sales Júnior, pelos ensinamentos sem autoridade,

com brincadeiras que dizem mais que muitas palavras duras e, acima de tudo pelo respeito e

dedicação.

Ao Dr. Sami Jorge Michereff, meu referencial de profissionalismo.

Aos Dr. Glauber Henrique de Souza Nunes e Gustavo Rubens de Castro Torres pelos

ensinamentos e atenção dispensados para o engrandecimento deste trabalho.

À fundação de coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior (CAPES)

pela bolsa consedida.

À minha família: Bianca, Thaís, Thalita, Jefferson e Fábio, pelo apoio e acolhida.

Aos irmãos, ainda que não do mesmo ventre: Anderson, Bara, Eduardo, Lílian, Anita,

Paulinha, Gilson e Beatriz.

Aos grandes amigos: Cynthia, Thaís, Érica e Epaminondas pelo apoio e incentivo.

Aos amigos do laboratório: Maria Tereza, Juliany, Kamila, Luciene, Kelly, Ítala,

Tadeu, Hailson, Leonardo, Alexandre, Welligton e Marcão.

Aos amigos do mestrado: Giselle, Jacqueline, Edleuza, Leonardo Porpino, Jailma e

Karidja pelo apoio nas madrugadas em estudo.

Aos meus co-orientados: Alexandre e Marcelino e aos meus alunos de graduação que

me ensinaram a ensinar.

Aos funcionários da UFERSA: Manoel, Socorro, Otoni, Elídio, Maria José, Mércia e

tantos outros que, direta ou indiretamente, contribuíram para o sucesso deste trabalho.

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À Gustavo Pereira Duda pelo exemplo de perseverança e honestidade, por me ensinar o verdadeiro significado da palavra crescer tanto do ponto de vista pessoal como profissional e, principalmente pelo amor, que faz com que mostremos o melhor de nós. Essa dissertação é fruto de nosso, amor e dedicação. Se eu cheguei aqui em grande parte eu devo a você. Você foi o alicerce que sustentou todos os meus sentimentos e minhas ações. Tenho muito orgulho de ser sua esposa Amo você

OFEREÇO

O segredo para seguirmos em frente e corrermos atrás de nossos objetivos depende muito do referencial que tivemos. Nossas conquistas se devem não apenas ao nosso esforço, mas principalmente da dedicação, amor, respeito e muitas vezes paciência daqueles que nos amam. Portanto eu dedico essa vitória aos meus pais, Abidoral Medeiros do nascimento e Cleide Valente de Medeiros, grandes referenciais de vida, os responsáveis pela minha formação ética, pessoal e principalmente profissional. Hoje podemos nos orgulhar pelo esforço quase incansável de dias que pareciam não se acabar nunca e, se eu cheguei até aqui foi porque vocês fizeram com que eu não desistisse nunca. Esse título é de vocês também.

Amo vocês DEDICO

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RESUMO

MEDEIROS, Érika Valente. Densidade de ascosporos de Monosporascus cannonballus em solos de caatinga e de cultivo de meloeiro nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará e testes de controle in vitro. 2005 86f. Dissertação (Mestrado em agronomia: Fitotecnia) – Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), Mossoró, 2005. O colapso do meloeiro, causado por Monosporascus cannonballus é uma síndrome que tem limitado a exploração comercial de meloeiro em nível mundial, principalmente em regiões Áridas e Semi-áridas. O inóculo inicial deste ascomiceto é constituído por ascósporos disseminados no solo. O presente trabalho teve como objetivos: 1-quantificar a densidade de M. cannonballus em solos provenientes de ecossistema de Caatinga e de campos de produção comercial de melão dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará; 2- identificar a existência de correlações entre características químicas e físicas dos solos com a densidade populacional de ascósporos encontrada e; 3- avaliar a eficiência dos ingredientes ativos difenoconazole, fluazinam, tiofanato metílico, piraclostrobim + metiram, cresoxim-metílico, chlorothalonil, trifluozole, propiconazole e um composto sintético, Tiazolidina-2,4-diona no controle do desenvolvimento de M. cannonballus in vitro. Densidades de ascósporos no solo provenientes de 15 diferentes localidades de vegetação de Caatinga e 15 diferentes campos de produção comercial de melão foram determinadas pela flotação-centrífuga. Características químicas e físicas dos referidos solos foram determinadas e correlacionadas com as respectivas densidades de ascósporos para verificar a influência dessas características sobre a densidade populacional de M. cannonballus. A eficiência de controle do composto sintético Tiazolidina-2,4-diona foi testada in vitro em relação à quatro isolados de M. cannonballus, verificando-se ainda a interferência do referido composto quanto ao desenvolvimento de um isolado de Trichoderma sp., agente biocontrolador. Foram constatadas correlações negativas (P≤ 0,05) entre as densidades de ascósporos presentes no solo e os níveis de P, Ca, Mg e porosidade e correlações positivas em relação ao teor de alumínio, densidades aparente e real. Não houve diferença significativa entre densidades de ascósporos de solos provenientes de Caatinga e de áreas de produção comercial de melão, comprovando que a incidência da doença é conseqüência do manejo a que o solo é submetido. No controle in vitro, dentre os i.a. testados, os que se apresentaram mais eficientes foram: fluazinam, pois na dose 0,5 µg.mL-1obteve uma percentagem de inibição de crescimento micelial (ICM) = 68,21% seguido de propiconazole com ICM = 56,07%, demonstrando o potencial de utilização no controle de M. cannonballus. Para o composto sintetizado, a dose mais eficiente foi 75 µg.mL-1, que inibiu o crescimento total dos isolados até o final do experimento, exceto para o isolado Mc4 que apresentou uma taxa de crescimento micelial TCM = 5,07. O isolado Mc 3 foi o menos resistente, pois na dose 50 µg.mL-1apresentou TCM = 24,20, enquanto que o Mc1, Mc2 e Mc4 apresentaram maior taxa de crescimento, 71,41; 64,62 e 79,96, respectivamente.Nenhuma dose influenciou o desenvolvimento miscelial de Trichoderma sp., pois não diferiram da testemunha (P≤0,05), demonstrando haver potencial de utilização como forma complementar de controle de M. cannonballus, junto ao Trichoderma sp . Palavras-chave: Cucumis melo, colapso do meloeiro, extração de ascósporos, controle químico, Tiazolidina-2,4-diona.

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ABSTRACT

MEDEIROS, Érika Valente. Ascospores density of Monosporascus cannonballus in caatinga soils and melon plant cultivation areas in the states of the Rio Grande do Norte e Ceará and evaluation of the control in vitro. 2005. Dissertação (Mestrado em agronomia: Fitotecnia) – Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), Mossoró, november, 2005.

Vine decline, caused by Monosporascus cannonballus is a disease that is decimating melon plantations all over the world, mainly in Arid and Semi-arid areas. The initial inocule of this ascomiceto is constituted by ascósporos that are disseminated in the soil. This work aims to quantify the density of M. cannonballus in caatinga soils and and melon plant cultivation areas of Rio Grande do Norte and Ceará, as well as to verify some correlation of the soils in agreement with their chemical characteristics and physics and to evaluate the efficiency of fungicides and composed tiazolidínico in the control of the development in vitro Population densities in 15 caatinga soils and 15 soils of melon plant cultivation were certain for the flotação method in sucrose. Such soils were appraised in agreement with their chemical characteristics and physics and made correlations with density of M. cannonballus ascospores. The control in vitro was accomplished using fungicides and a synthetic composition, Tiazolidina-2,4-diona, in the which out appraised before four isolated of M. cannonballus and one of Trichoderma sp, responsible for your biocontrole. Correlations were observed with P, Al, Ca and Mg. There was no difference of the ascósporos densities between caatinga soils and producing areas, what proves that the disease probably is due to the exploratory forms and technologies used in the monocultivo. In the control in vitro, of i.a. tested, the more efficient ones were fluazinam, because in the dose 0,5 µg.mL-1 showed a percentage of inhibition of growth misceliar of 68,21% followed by propiconazole that obtained, on average, ICM = 56,07%, demonstrating the potential of use of those i.a. in the control of M. cannonballus. For the nourish synthesized, the most efficient dose was 75 µg.mL-1, because it inhibited the total growth of the isolated ones to the end of the experiment, except for Mc4 that presented TCM 5,07. in relation to the isolated ones, Mc 3 was the least resistant, because in the dose 50 µg.mL-1 it showed TCM 24,20, while Mc1, Mc2 and Mc4 presented a larger growth rate respectively, being 71,41; 64,62 and 79,96.No dose influenced the development of micelial of Trichoderma sp., because it did not differ of the witness (P=0,05), demonstrating the potential of use of this molecule as a complemental form of control of Monosporascus cannonballus, close to the Trichoderma sp Key-words: Cucumis melo L., Vine decline, ascospores extraction, chemical control, Thiazolidine-2,4-dione

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SUMÁRIO

Página

Capítulo I – INTRODUÇÃO GERAL.............................................................................14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................23

Capítulo II - Quantificação de ascósporos de Monosporascus cannonballus em

solos de Caatinga e campos produtores de melão nos estados do RN e CE................28

RESUMO..........................................................................................................................29

ABSTRACT......................................................................................................................30

INTRODUÇÃO................................................................................................................31

MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................32

RESULTADO E DISCUSSÃO......................................................................................34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................38

Capítulo III - Eficiência de fungicidas no controle in vitro de Monosporascus

cannonballus.....................................................................................................................44

RESUMO...........................................................................................................................45

ABSTRACT.......................................................................................................................45

INTRODUÇÃO.................................................................................................................46

MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................48

RESULTADO E DISCUSSÃO........................................................................................50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................64

Capítulo III - Eficiência de fungicidas no controle in vitro de Monosporascus

cannonballus......................................................................................................................67

RESUMO...........................................................................................................................68

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ABSTRACT.......................................................................................................................69

INTRODUÇÃO.................................................................................................................69

MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................72

RESULTADO E DISCUSSÃO........................................................................................74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................80

Conclusões gerais..............................................................................................................84

Anexos................................................................................................................................87

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INTRODUÇÃO GERAL

1. Origem e importância da cultura do meloeiro

A fruticultura é um fenômeno que está em ascensão no mundo, não apenas devido ao

aumento populacional, mas também por uma reestruturação na conduta alimentar do

consumidor que vem dando uma maior importância às frutas. Entre elas, destaca-se o melão

(Cucumis melo L.) que, segundo alguns autores, teve origem na África, outros afirmam que

provém do continente asiático devido ao cultivo de variedades selvagens durante séculos

(ROBINSON e DECKER-WALTERS, 1997). Índia, Pérsia e China são considerados centros

secundários de origem, centros onde ocorreu a disseminação para bacia mediterrânea

(FRUTILÂNDIA, 2001).

A cultura foi introduzida no Brasil por imigrantes europeus, sendo o Rio Grande do

Sul, provavelmente, o primeiro estado produtor (PEDROSA, 1997). O Brasil atualmente

situa-se como maior produtor da América do Sul, seguido pela Argentina e Chile (FAO,

2005).

A região Nordeste é responsável por 93,4% da produção nacional, sendo os maiores

produtores representados pelos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Paraíba

e Bahia (NEGREIROS et al., 2003).

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O Agropólo Assú-Mossoró (RN) e Baixo Jaguaribe (CE) são responsáveis por 92% da

produção de melão tipo exportação em âmbito nacional, e por 60% do melão produzido no

país. Estima-se que até janeiro de 2006, a área total plantada seja de 12.000 hectares, com

uma produtividade de 18 milhões de caixas, com um faturamento de 74 milhões de dólares,

sendo grande parte para o mercado externo, principalmente para países da União Européia.

Esses índices de exportação são favorecidos pela coincidência da safra brasileira com a

entressafra espanhola e por ser esta uma área livre de mosca-das-frutas (SILVA et al., 2000).

Para suprir tal demanda, os produtores investem em técnicas modernas de cultivo tais

como a utilização de plástico (Mulch), irrigação por gotejamento, aumento da densidade de

plantio, que nem sempre são as técnicas mais indicadas para ocasionar altas produtividades

(Brutton, 1998). A conseqüência é o manejo inadequado das áreas exploradas que, muitas

vezes, torna o ambiente favorável ao desenvolvimento de alguns fitopatógenos.

2. O colapso do meloeiro

2.1 Sintomatologia e agentes envolvidos

Entre as principais doenças do meloeiro, o colapso evidencia uma série de

enfermidades que se caracterizam por apresentar sintomatologia comum: murcha rápida da

planta em momentos próximos à colheita (PANIAGUA, 2000). O colapso aparece na época

de maturação e enchimento dos frutos, afetando a produtividade.

Danos ao sistema radicular são causados por necroses e apodrecimento de raízes

iniciando-se a partir das secundárias, passando posteriormente para a principal e hipocótilo,

onde observa-se redução do córtex ao redor do cilindro vascular (MERTELY et al., 1991).

Este córtex desaparece quase completamente nos últimos estágios da enfermidade, fazendo

com que o hipocótlo adquira consistência mole. As raízes passam a apresentar extensas áreas

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necróticas, impedindo que o sistema radicular exerça plenamente as funções (MARTYM e

MILLER, 1996).

Os frutos das plantas acomedidas pelo colapso são menores que os normais, com baixo

teor de sólido solúveis totais, podendo apresentar manchas na casca provocadas pelo sol,

tornando-o impróprio para comercialização (MARTYM e MILLER, 1996).

As perdas oriundas deste complexo giram em torno de 42% na Espanha e 50% na

comunidade Valenciana (TORRES, 1997) e de 10 a 25%, podendo chegar à 100% no Texas

(MATYM e MILLER, 1996).

Trata-se de uma síndrome causada por diversos patógenos radiculares isolados ou em

associação (SALES et al., 2003). Os principais agentes envolvidos são: Rhizoctonia solani

Kuhn (CEBOLLA et al., 1988; TELLO et al., 1990), Didymela brionide (Rehm),

Monosporascus Cannonballus (POLLACK e UEKER, 1974), Macrophomina phaseolina

(Tassi) Goidanich (LOBO, 1991; GARCÍA-JIMÉNEZ, et al., 1994) e Pythium spp (TELLO et

al., 1990).

Dentre os referidos agentes causais, o fungo Monosporascus cannonballus Pollack e

Uecker, destaca-se como um dos principais fitopatógenos envolvidos (BRUTON, 1998). A

presença deste ascomiceto tem limitado a exploração comercial de meloeiro em regiões

produtoras no Brasil e no mundo (MARTYN e MILLER, 1996; SALES et al., 2003; 2004),

haja vista a elevada patogenicidade.

2.2 Monospoascus cannonballus

2.2.1 Taxonomia e morfologia

Dentre os patógenos radiculares M. cannonballus é aquele que mais se destaca, por ser

um dos mais agressivos ao meloeiro. A primeira referência do patossistema M. cannonballus-

meloeiro foi no ano de 1974, quando Pollack e Uecker o descreveram em raízes de meloeiro,

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cultivados no Arizona (Estados Unidos). Posteriormente foi descrito uma nova espécie

atribuída ao mesmo gênero, M. eutipoides (Petrik) Von Arx, com características similares. A

diferença entre as espécies consistia no fato de que M. cannonballus apresentava de 1 a 2

ascosporos por asca e M. eutypoides de 1 a 3. Atualmente é aceita a versão que ambos

pertencem ao mesmo taxon, M. cannonballus (MATYM e MILLER, 1996).

Trata-se de um Ascomiceto, mais especificamente um pirenomiceto, homotálico, com

hifas septadas, hialinas, cuja fase assexual é desconhecida. São formadores de peritécios

globosos de 500µm de diâmetro, de coloração preta. Tais peritécios formam ascas e possui

um anel periapical não funcional, onde os ascos podem sair (GARCIA-JIMÉNEZ et al.,

1994).

As ascas são piriformes e contém um ascósporo. Estas ascas desaparecem com o

tempo deixando livres os ascósporos negros, com diâmetro de 30 a 50 µm e forma de canhão,

do qual deriva o nome da espécie. Os ascósporos são multinucleados, podendo conter de um a

seis núcleos (POLLACK e UECKER, 1974). No final do ciclo da doença, nota-se a presença

de peritécios negros, infiltrados nas raízes afetadas (SALES et al., 2002).

Em meio de cultura, M. cannonballus pode apresentar dois tipos de colônia: a

primeira, de rápido crescimento, de cor branca, podendo ficar mais escura com o tempo,

forma peritécios com 20 a 30 dias de cultivo. Ao contrário da outra, de baixa patogenicidade

apresenta crescimento lento, de coloração amarela e nunca formam peritécios (GARCÍA-

JIMÉNEZ et al., 1994).

2.2.2 Condições de desenvolvimento

Monosporascus cannonballus é um fungo adaptado às condições áridas e semi-áridas.

A temperatura ótima de crescimento situa-se entre 25 e 35ºC, sendo inibido em temperaturas

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acima de 40ºC e abaixo de 15ºC É considerado, portanto, um fungo termófilo,uma vez que é

favorecido por tais condições climáticas (WOLFF, 1996; PIVONIA, 1997). A ocorrência de

baixas temperatura e umidade no momento de maturação do fruto pode evitar os danos

produzidos por M. cannonballus (MATYM e MILLER, 1996).

2.2.3 Hospedeiros

Martyn e Miller (1996) estudando a patogenicidade de M. cannonballus nos Estados

Unidos, verificaram que o mesmo afeta diferentes tipos de plantas da família das

cucurbitáceas, sejam elas: Cucumis melo L., C. sativus L., Citrullus lanatus L., Cucurbita

pepo, C. moschata, C. maxima, , Lagenaria siceraria, e Luffa aegyptiaca.

Os danos causados por M. cannonballus também podem ser observados em plantas

que não pertencem à família das cucurbitáceas. Silversan (1991) o descreveu em Triticum

aestivum L. Mertely et al (1993) em Zea mays L., Sorgum bicolor L. e Phaseolus vulgaris L.

Este fungo também foi encontrado em papilonáceas como Medicago sativa L. (POLLACK e

UECKER, 1974) e em outras espécies como Trifolium pratense L., Sesamum indicum L.

(SILVERSAN, 1991), Íris sp, Achyrantes áspera L. na Índia (HAWKSWORTH e

CICARONE, 1978), Lycopersicon esculentum L., Gossypium hirsutum L. e Brassica oleracea

L.

2.2.4 Patogenicidade

A patogenicidade de cepas de M. cannonballus tem sido motivo de discussão entre a

comunidade científica. Bruton et al. (1996) estudaram cepas norte-americanas e espanholas

em casa de vegetação, utilizando solo naturalmente infestado. Os referidos autores

verificaram que as de origem espanhola eram menos virulentas que as norte-americanas.

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Entretanto, Paniagua (2000) detectaram cepas espanholas mais virulentas que as norte-

americanas.

Além disto, existe uma grande controvérsia no que diz respeito à patogenicidade de

algumas cepas. Alguns pesquisadores não encontraram patogenicidade nos isolados estudados

(WATANABE, 1979). Mertely et al. (1991) de nove isolados, encontrou seis moderadamente

patogênico, dois levemente patogênico e um não patogênico. Provavelmente, o tipo de cultura

que M. cannonballus não forma peritécio e possui baixa patogenicidade, pode estar ligada a

presença de material genético extra, como dsRNA ou RNA bacteriano, encontrado em

diferentes proporções em todos os isolados que mostraram pouca virulência. A presença

destes materiais pode ser conseqüência de restos de ARN procedentes da replicação de alguns

vírus (MARTYN e MILLER, 1996).

Em testes de patogenicidade realizados em campo, na Califórnia por Aegerter et al.

(2000), verificaram que M. cannonballus reduz o comprimento da raiz em até 93% e parece

que provavelmente estes fungos persistam saprofiticamente nos solos.

Segundo Pivonia et al. (1997), em testes de patogenicidade conduzidos em campo,

com inoculação artificial, foram registrados altos índices de mortalidade de plantas de

meloeiro, para todas as combinações nos quais Monosporascus sp.estava envolvido. Sendo,

portanto, o patógeno primário, embora outros agentes possam estar também ocasionando a

murcha das plantas.

2.2.5 Quantificação de ascósporos no solo

O inoculo primário de M. cannonballus são ascósporos produzidos na superfície das

raízes e que permanecem no solo (WAUGH et al., 2003), dessa forma, o gerenciamento desta

enfermidade pode ser realizado mediante a detecção e quantificação do inóculo presente no

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solo (MERTELY et al., 1993). Stanghellini e Rasmussen (1992) e Mertely et al. (1993)

utilizaram a extração física dos ascósporos oriundos do solo utilizando o método de flotação-

centrífuga, tradicionalmente utilizada para extração de nematóides do solo (JENKINS, 1964), a

fim de quantificar densidades populacionais do referido patógeno.

2.2.6 Germinação de ascosporos

Ascósporos de M. cannonballus germinam na rizosfera de plantas de meloeiro, seja por

solo naturalmente infestado ou de produção. Entretanto, pouca ou nenhuma germinação ocorre

na rizosfera de melão cujo desenvolvimento se deu em solo anteriormente autoclavado para

procedimento da inoculação deste patógeno (STANGUELLINI, KIM e WAUGH, 2000).

Provavelmente os exsudados da planta atuando isoladamente não estimulam a

germinação de ascósporos de M. cannonballus e que a microflora do solo pode estar envolvida

neste processo. Stanguellini, Kim e Waugh (2000) observaram que os actinomicetos estão

envolvidos, de forma direta ou indireta, na indução da germinação de ascósporos, na presença

de exsudados de raízes de plantas de melão cantaloupe.

2.2.6 Controle

Tentativas de controle ainda são pouco eficazes, tendo em vista tratar-se de um

patógeno radicular, cujos sintomas da doença são expressos no período de desenvolvimento e

enchimento dos frutos, ocasionando declínio de ramas podendo levar a morte de plantas em

casos mais avançados da doença.

Estudos de controle biológico vêm sendo desenvolvidos Batten et al. (2000) utilizando

cepas de fungos dos gêneros Trichoderma e Chaetomium, obtiveram resultados promissores,

ainda que em condições controladas.

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Cohen et al. (1999) em pesquisa sobre o controle químico de M. cannonballus,

identificaram mediante teste in vitro e in loco os ativos kresoxim metil e fluazinam como os

mais efetivos. Em estudos recentes realizados por (ALVES et al..,2002 a e b) observou-se que

captan, procimidone, tiofonato metílico e carboxin-thiram são eficientes inibidores in vitro do

desenvolvimento de M. cannonballus. Sendo este inibido a concentrações de 500 mg.kg-1 para

os produtos captan e procimidone e, 100 mg.kg-1 para os demais produtos.

2.2.7 Compostos tiazolidínicos

De acordo com Langmür (1919) isósteros são compostos ou grupo de átomos que

possuem a mesma disposição de elétrons e número de átomos, caracterizando-se por

apresentarem propriedades físicas semelhantes. As tiazolidinas fazem este papel ante à

imidazolidina e oxazolidina, cujas propriedades são bastante interessantes. Esses compostos

são conhecidos por possuírem amplo espectro de ação ,apresentando atividades farmacológicas,

inseticidas, fungicidas e herbicidas (LIU et al., 2000).

O primeiro núcleo da tiazolidina-2,4-diona foi obtida por (HEITZ,1957) isomerização

do ácido monocloroacético em meio ácido, aquoso.

5

4 3

2

1

H +

H2O

O

ON

S

HO

HO

C CH2 S NC

Figura 1. Primeiro núcleo da Tiazolidina-2,4-diona

A rodamina quando posta em tratamento com o ácido monocloroacético em meio

aquoso sob refluxo por 18 horas poderia converter-se em tiazolidina-2,4-diona como o fez

Croxall et al.(1953)

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(VI)

HON

S

N

S

O

OH

SCH2COOH

ON

SSH

ON

SS

O

N

S

O HClCH2COOH

H2O

Figura 2. Conversão da Rodamina em Tiazolidina-2,4-diona

A tiazolidina também pode ser obtida, segundo Liberman et al. (1948), pelo

aquecimento de tiouréia, ácido monocloroacético em meio aquoso sob refluxo, com rendimento

de 83%

SC(NH2)2 + ClCH2COOHH2O

HON

S O

Figura 3. Esquema de síntese da Tiazolidina-2,4-diona pelo método de Liberman et al. (1948)

Xu et al.. (2004), sintetizou nove compostos derivados da tiazolidina e obteve resultados

surpreendentes no que diz respeito à inibição do desenvolvimento de fungos como

Phytophthora capsici L., Pyriculazia ozyzae C. e Fusarium spp. em 100 mg.kg-1.

Derivados 2-metil-4-trifluorometiltiazole-5-carboxamimida foram sintetizados a fim de

verificar atividades fungicidas, inseticidas e herbicidas. Um dos compostos apresentaram

atividade para tomato late blight na concentração de 375g de i.a./ha, controlando 90% da

enfermidade. Dois dos nove compostos sintetizados apresentaram atividade inseticida perante

potato leafhopper, controlando em até 100%, à 600 g de i.a./ha (LIU et al., 2004).

Tendo em vista a importância econômica que a exploração comercial do meloeiro

representa para a economia dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará e a forma devastadora

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com que o colapso do meloeiro incide na referida cultura, aliada à ausência de opções de

controle para que seja estabelecido um sistema de manejo para áreas infestadas, o objetivo do

presente trabalho foi quantificar a densidade de M. cannonballus em solos provenientes do

ecossistema de Caatinga e de cultivo de meloeiro nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará,

bem como determinar o tipo de correlações da densidade de ascósporos presentes no solo, com

suas respectivas características químicas e físicas dos mesmos e testar a eficiência de

fungicidas e de composto tiazolidínico no controle do desenvolvimento in vitro de M.

cannonballus.

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Quantificação de ascósporos de Monosporascus cannonballus em solos de

Caatinga e campos produtores de melão nos estados do RN e CE

ERIKA VALENTE DE MEDEIROS1*, RUI SALES JÚNIOR1, GUSTAVO PEREIRA

DUDA1, SAMI JORGE MICHEREFF2 e MARCOS ROMUALDO BARBOSA1

1Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Caixa Postal 137, CEP 59.625-900, Mossoró,

RN. E. mail: ([email protected]); Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. D.

Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, CEP 52171-900, Recife-PE.

(Aceito para publicação em / / )

Autor para correspondência: Érika Valente de Medeiros

MEDEIROS, E. V; SALES JÚNIOR, MICHERREF, S.J.; BARBOSA, M.R.; DUDA, G. P.

Quantificação de ascósporos de Monosporascus cannonballus em solos de Caatinga e campos

produtores de melão no CE e RN

Fitopatologia Brasileira

RESUMO

O colapso do meloeiro, causado por M. cannonballus, vem dizimando plantações de

melão em todo o mundo, principalmente em regiões áridas e semi-áridas. Vem causando

grandes prejuízos em áreas produtoras de melão do RN e CE. O presente trabalho teve como

objetivos quantificar densidades populacionais de ascósporos de M. cannonballus em

ambientes de Caatinga e áreas produtoras de meloeiro, bem como correlacionar com

características químicas e físicas de tais solos. Foram utilizadas amostras de 30 solos, sendo

15 provenientes de Caatinga e 15 de áreas produtoras. Não houve diferença entre as

* Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentado à Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2005).

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densidades populacionais dos solos de Caatinga e áreas produtoras, demonstrando que o

ataque de tal patógeno à planta de meloeiro pode não ter relação alguma com as densidades

populacionais de ascósporos no solo e sim com o manejo inadequado que cria um ambiente

favorável ao desenvolvimento deste fungo. Foram constatadas correlações entre os níveis de

ascósporos com P, Ca e Mg, negativamente e com Al positivamente. A densidade real dos

solos analisados mostrou correlação positiva com a densidade de ascosporos, enquanto que a

porosidade dos solos correlacionou-se negativamente.

Palavras-Chave: Cucumis melo L., colapso do meloeiro, extração de ascósporos

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INTRODUÇÃO

Monosporascus cannonballus Pollack & Uecker é atualmente um dos principais

patógenos radiculares do meloeiro, estando associado a uma síndrome complexa denominada

de “vine decline”, “Sudden wilt” e “melon collapse” (BRUTON, 2000) ou decaimento de

ramas. Trata-se de um ascomiceto, pirenomiceto, de fase assexual ainda desconhecida.

Apresenta peritécios férteis incrustados nas raízes das plantas (MARTYN e MILLER, 1996).

As ascas são de forma aclavada, piriforme e contém apenas um ascósporo por asca. Os

ascósporos são esféricos, lisos, preto e forma de canhão do qual deriva seu nome, possuem

(25) 30 – 50 (55) µm de diâmetro (SIVANESAN, 1991) O inoculo primário deste fungo são

os ascósporos que se produzem em peritécio e crescem sobre as raízes dos cultivos afetados

(WAUGH et al., 2003).

O gerenciamento do colapso do meloeiro associado ao M. cannonballus pode ser

facilmente desenvolvido pelo método de detecção e quantificação de inóculo no solo

(MERTELY et al., 1993). A utilização desse método serve de ferramenta para uma tomada de

decisão do nível de controle e da cultura a ser cultivada na área.

A extração física pelo método de flotação de sacarose, tradicionalmente utilizada para

extração de nematóides no solo (JENKINS, 1964), foi aplicada para quantificação de

ascósporos de M. cannonballus por Stanghellini e Rasmussen (1992) e Mertely et al. (1993),

modificada por Beltrán (2001) na qual ao invés de utilizar um tamis de 38µm de diâmetro,

utilizou-se um de 30 µm, no intuito de capturar mais ascósporos do fungo, melhorando assim

o rendimento da técnica, posto que o tamanho dos ascósporos é de 30-50 µm de diâmetro.

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Devido à recente descoberta de M. cannonballus no Brasil em campos produtores de

melão nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará (SALES et al., 2003 e 2004), ainda não

existem relatos de mensurações da quantidade de ascósporos nessas áreas. Por essa razão, este

trabalho teve como objetivo quantificar níveis de ascósporos de M. cannonballus em solos de

Caatinga (não cultivados) e áreas produtoras de meloeiro do Rio Grande do Norte e Ceará,

bem como verificar a influência de características químicas e físicas de tais solos sobre a

população de M. cannonballus..

MATERIAL E MÉTODOS

Amostras de solo provenientes de solos não cultivados de Caatinga e áreas produtoras

de meloeiro do Rio Grande do Norte e Ceará foram coletadas em um esquema de amostragem

aleatória simples, no período de março a abril de 2005. As amostras foram compostas por

cinco amostras simples, coletadas em zigue-zague, a 20 cm de profundidade, onde se encontra

a maior concentração de ascósporos (MERTELY et al., 1993). Foram coletados um total de

30 amostras, sendo 15 de Caatinga e 15 de áreas produtoras de melão, em municípios do Rio

Grande do Norte e Ceará (Tabela 1).

Foram feitas análises químicas (pH em água, P disponível, K, Ca, Mg e Al trocáveis) e

físicas (teor de areia fina e grossa, argila, silte, densidade rela e aparente, porosidade e água

disponível) das amostras, conforme EMBRAPA (1997).

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Quantificação dos níveis de ascósporos de M. cannonballus

A quantificação de ascósporos de M. cannonballus se deu de acordo com o método de

flotação de sacarose, modificado por Beltrán (2001).

As amostras foram peneiradas em um tamis de 250 µm, eliminando-se as partículas

retidas. Posteriormente foram pesadas 20g de solo peneirado, colocados em 500 mL de água e

agitados durante 5 minutos. Em seguida, passou-se esta solução por duas tamises, de 75 e 30

µm. As partículas retidas na tamiz de 30 µm foram lavadas em água corrente e centrifugadas à

900 g, durante 4 minutos quando então eliminou-se o sobrenadante. Dissolveu-se as partículas

em sacarose à 50%, foi novamente centrifugada à 900g, durante 2 minutos. As partículas que

restaram foram novamente dissolvidas em sacarose 50% e centrifugadas. Passou-se o

sobrenadante por uma malha de 30 µm e as partículas retidas foram postas em Placas de Pétri,

quando se procedeu à contagem em um microscópio estereoscópio a 60x. A sacarose utilizada

neste experimento foi o açúcar comum, pois em estudos recentes, Sales et al. (2005),

avaliaram diferentes tipos de açúcares na extração de ascósporos de Monosporascus

cannonballus no solo e não observaram diferenças significativas entre sacarose, dextrose,

açúcar de mesa e açúcar de padaria.

Em cada solo analisado foram efetuadas um total de seis repetições por amostra, ao

qual foi aplicado o teste não-paramétrico de Wilcoxon a fim de verificar se existe diferenças

entre níveis de ascósporos entre os solos de Caatinga e os solos de áreas de cultivo de

meloeiro.

Para assinalar algumas características que diminuam a densidade populacional de

ascósporos de M. cannonballus, foram efetuadas correlações dos valores médios da

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quantificação de ascósporos com as variáveis químicas e físicas de cada solo, pela análise de

correlação de Pearson, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A densidade de ascósporos de M. cannonballus nos solos analisados variou de 18,28 a

0,17 entre todos os solos (Tabela 1). De acordo com a estatística não-paramétrica de

Wilcoxon, não houve diferença significativa entre as médias da densidade populacional de

todos os solos de Caatinga (1-15) e a média de todas as áreas produtoras de meloeiro (16-30),

apresentando um coeficiente de variação de 24,1%. Isso demonstra que a densidade de

ascósporos de M. cannonballus é independente do ambiente e que o ataque de tal patógeno à

planta de meloeiro não tem relação alguma com a quantidade de ascósporos e sim do manejo

a que o solo é submetido. O uso de tecnologias, tais como utilização de plástico (Mulch),

irrigação por gotejamento, aumento de densidade de plantio, monocultura, nem sempre são as

mais indicadas para uma boa produtividade (BRUTON, 1998). A conseqüência disto é a

criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento e penetração na planta de alguns

fitopatógenos como é o caso de M. cannonballus.

Este fato também foi observado por Beltán (2001), estudando densidades de M.

cannonballus em solos inundados da Espanha, também verificou que independente do

ambiente a sobrevivência do fungo no solo não é afetada.

Ainda não existem relatos que definam se os níveis de quantidades populacionais

possam ser altos a ponto de causar doenças. Relações entre densidades populacionais de

ascósporos e manifestação de doença ainda não foram avaliados no Brasil. Waugh et al.

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(2003) verificou que solos que continham um pouco mais de 2 ascósporos por grama de solo,

possuíam histórico de colapso associado à M. cannonballus em plantações de melão

Cantaloupe.

O pH do solo, obtido em água, correlacionou-se negativamente com a quantidade de

ascósporos. Este efeito demonstra que maiores populações de ascósporos são encontradas em

solos com menores valores de pH, ou seja, em solo com reação ácida. Este resultado já era

esperado tendo em vista que os fungos habitantes de solo, como Fusarium oxysporum

geralmente possuem maior afinidade por solo ácidos (AMIR e ALABOUVETTE, 1993).

Observando-se os valores de pH (Tabela 2) do solo pode-se constatar que em nenhum dos

solos estudados o pH é inferior a 5,5. Este fato é importante, pois ressalta a necessidade de se

encontrar o nível crítico de pH que inviabilize o aumento da quantidade de ascósporos.

O teor de P disponível variou de 0 à 119,4 (Tabela 2), mostrando grande variabilidade

entre os solos estudados. A relação entre quantidade de ascósporos e o teor de P disponível no

solo foi inversa. Isto revela que quanto maior o teor de P disponível no solo, menor a

densidade de ascósporos de M. cannonballus. Tal fato está associado à importância de P no

crescimento de populações de outros microrganismos antagonistas do solo ao M.

cannonballus, já que este elemento estimula o crescimento de microrganismos por estar

associado a processos de transferência de energia. É importante ressaltar que vários trabalhos

evidenciam a importância do P no aumento da biomassa microbiana (DUDA et al., 2003). O

aumento da biomassa microbiana do solo é uma das características que pode inibir o aumento

da população de patógenos.

Os teores de Ca e Mg também correlacionaram-se negativamente com a quantidade de

ascósporos (tabela 4). A relação negativa está associada ao fato desses elementos

influenciarem no pH do solo, haja vista que quanto maior o teor de bases trocáveis, maior o

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pH do solo (HOPER e ALABOUVETTE, 1996). Entretanto, especificamente no caso de Ca, a

menor quantidade de ascósporos pode ser devida ao fato deste elemento estar envolvido na

formação da parede celular dos microrganismos benéficos, aumentando a capacidade de

diminuição da densidade de ascósporos de M. cannonballus dos solos. Huber (1990) observou

que o cálcio pode diminuir a severidade de doenças causadas por Fusarium oxysporum, pois

uma vez absorvido pela planta, protege os materiais pécticos da maceração por enzimas

extracelulares do patógeno que também é habitante do solo. Isso pode ser um indício de que é

necessária uma boa fertilização para proteger futuros cultivos em tais áreas.

Em relação ao Al trocável, os solos que apresentaram algum teor de Al foram os solos

de Assú-RN, Pendências, Mossoró e Quixeré com valores que variaram de 0,5 à 0,23 (Tabela

2).

O coeficiente de correlação do Al com a densidade foi positivo. A influência positiva

de alumínio trocável sobre a quantidade de ascósporos está associada à capacidade que o Al

tem de influenciar na diminuição do pH do solo. Geralmente quanto maior a concentração de

Al, menor o pH. Este fato foi observado a partir do coeficiente de correlação negativo entre o

Al e o pH do solo (-0,55) (Tabela 4).

As amostras dos 30 solos apresentaram quatro classes de textura diferentes, sendo

estas: franco siltosa, franco arenosa, areia franca e areia.

A densidade de ascósporos correlacionou-se positivamente com densidade real do solo

e negativamente com porosidade. Provavelmente esses fungos preferem solos com falta de

aeração e adensados. Não há relatos na literatura que justifique este fato.

As demais variáveis analisadas não correlacionaram-se de forma significativa com a

densidade de ascósporos de M. cannonballus nos solos estudados.

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A quantificação de densidades populacionais de M. cannonballus em solos de

Caatinga demonstrou que este fungo não foi introduzido no Brasil por materiais de

propagação, ele já existia em ambientes nunca antes cultivados. Este estudo indica que tal

fungo causa doenças dependendo da forma de cultivo a que o solo é submetido. Estudos

posteriores serão necessários a fim de verificar quais os tipos de manejos que estão

favorecendo o ataque deste fungo às plantas.

Determinar correlações entre as características químicas e físicas do solo com

densidades populacionais de M. cannonballus demonstrou que o manejo e fertilidade

eficientes podem diminuir as perdas ocasionadas por este fungo, diminuindo o inoculo

primário destes fungos: os ascósporos.

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Tabela 1. Procedência e identificação de amostras de solo utilizadas no estudo da 1 quantificaçã de ascósporos de Monosporascus cannonballus com as respectivas 2 densidades populacionais em solos provenientes de ecossistema de Caatinga e áreas de 3 produção comercial de meloeiro nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará 4

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

Ambiente de origem Município Código UFa Ascb Baraúnas S-01 RN 6.82 Baraúnas S-02 RN 3.10 Tabuleiro das Russas S-03 CE 5.93 Tabuleiro das Russas S-04 CE 5.04 Alto do Rodrigues S-05 RN 0.18 Pendências S-06 RN 0.31 Macau S-07 RN 1.60

Caatinga Macau S-08 RN 0.27 Km 0 S-09 RN 0.17 Assú S-10 RN 0.22 Lagoa do Piató S-11 RN 6.20 Lagoa Virgem S-12 RN 7.80 Assú S-13 RN 7.00 Mossoró S-14 RN 2.13 Mossoró S-15 RN 1.48 Baraúnas S-16 RN 1.81 Baraúnas S-17 RN 2.80 Mossoró S-18 RN 3.43 Mossoró S-19 RN 3.12 Tabuleiro das russas S-20 CE 3.03 Tabuleiro S-21 CE 2.12 Mossoró S-22 RN 2.58

Cultivo de meloeiro Km 0 S-23 RN 5.17 Macau S-24 RN 3.52 Baraúnas S-25 RN 4.34 Assú S-26 RN 17.7 Assú S-27 RN 18.8 Assú S-28 RN 18.3 Km 0 S-29 RN 3.08 Quixeré S-30 CE 4.25

UFa = Unidade federativa e, Ascb = densidade de ascósporos de M. cannonballus por grama de solo

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Tabela 2. Características químicas de amostras de solo utilizadas no estudo da quantificação de ascósporos de Monosporascus cannonballus, provenientes de ecossistema de Caatinga e áreas de produção comercial de meloeiro nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará

Amostras pH P (mg.dm-3)

K (cmolcdm-3)

Na (cmolcdm-3)

Al3+ Ca2+ Mg2+

S-01 7.22 0.00 1.40 0.22 0.00 18.7 3.35 S-02 6.70 0.87 1.17 0.22 0.00 6.60 1.50 S-03 6.90 1.51 0.97 0.06 0.00 9.10 2.15 S-04 6.70 20.4 0.79 0.29 0.00 9.15 2.15 S-05 6.10 102.9 0.48 0.04 0.00 3.65 1.10 S-06 6.45 51.99 0.82 2.92 0.23 11.8 5.75 S-07 6.85 4.48 0.69 0.06 0.00 6.00 1.35 S-08 6.50 9.82 0.00 80.7 0.00 22.6 39.0 S-09 6.80 14.61 0.06 98.9 0.00 23.2 41.4 S-10 6.65 12.21 0.03 89.8 0.00 22.9 40.2 S-11 6.00 0.00 1.37 5.81 0.05 2.40 0.90 S-12 5.90 0.00 1.99 1.67 0.05 2.00 1.30 S-13 5.95 0.00 1.68 3.74 0.05 2.20 1.10 S-14 6.60 0.00 2.53 0.40 0.00 8.90 2.40 S-15 6.70 0.00 2.53 0.45 0.00 9.00 2.70 S-16 6.65 0.00 2.53 0.42 0.00 8.95 2.55 S-17 6.70 40.56 3.04 1.13 0.00 4.40 1.50 S-18 6.70 48.15 2.68 0.00 0.00 4.70 0.90 S-19 6.70 44.35 2.86 0.56 0.00 4.55 1.20 S-20 6.70 119.4 4.57 0.26 0.00 4.10 1.40 S-21 6.70 91.82 4.64 0.31 0.00 3.90 1.40 S-22 6.70 105.5 4.60 0.29 0.00 4.00 1.40 S-23 6.50 69.67 2.68 0.81 0.00 3.10 0.40 S-24 6.60 63.25 2.75 0.58 0.00 2.90 1.20 S-25 6.55 66.46 2.71 0.70 0.00 3.00 0.80 S-26 6.30 0.00 1.91 0.31 0.10 2.50 0.50 S-27 6.30 0.00 2.02 0.26 0.10 2.40 0.60 S-28 6.30 0.00 1.97 0.29 0.10 2.45 0.55 S-29 5.80 22.51 0.68 0.13 0.10 1.50 0.40 S-30 5.60 22.73 0.93 0.54 0.10 1.50 0.30

P = teor de fósforo, K = potássio, Na = sódio, Al = alumínio, Ca = cálcio e Mg = magnésio

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Tabela 2. Características físicas de amostras de solo utilizadas no estudo da quantificação de ascósporos de Monosporascus cannonballus, provenientes de ecossistema de Caatinga e áreas de produção comercial de meloeiro nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará

Código Tag Taf S A U 0,03 U 1,5 DA DR P AD S-01 0.21 0.21 0.39 0.19 0.28 0.16 1.07 2.56 58.46 25.07 S-02 0.64 0.18 0.09 0.09 0.10 0.06 1.29 2.56 49.73 10.00 S-03 0.46 0.16 0.24 0.14 0.16 0.10 1.20 2.56 53.04 15.26 S-04 0.34 0.18 0.29 0.19 0.19 0.12 1.04 2.56 59.37 13.25 S-05 0.13 0.79 0.06 0.02 0.04 0.01 1.28 2.56 50.04 7.66 S-06 0.01 0.52 0.24 0.23 0.22 0.09 1.10 2.56 57.10 28.38 S-07 0.34 0.53 0.07 0.06 0.06 0.02 1.38 2.56 45.99 11.19 S-08 0.26 0.14 0.46 0.13 0.30 0.23 0.92 2.56 64.26 11.27 S-09 0.81 0.43 0.30 0.06 0.03 0.02 1.39 2.60 46.61 4.79 S-10 0.36 0.24 0.22 0.18 0.14 0.06 1.20 2.60 53.64 18.26 S-11 0.71 0.19 0.08 0.02 0.07 0.01 1.50 2.60 42.37 16.42 S-12 0.67 0.20 0.10 0.04 0.10 0.02 1.44 2.60 44.63 20.88 S-13 0.68 0.22 0.08 0.02 0.06 0.01 1.58 2.60 39.12 13.99 S-14 0.52 0.36 0.10 0.02 0.06 0.01 1.56 2.60 39.93 13.85 S-15 0.67 0.28 0.02 0.03 0.02 0.01 1.47 2.60 43.57 3.53 S-16 0.38 0.23 0.26 0.14 0.17 0.11 1.11 2.56 56.67 13.20 S-17 0.27 0.21 0.29 0.23 0.22 0.13 1.05 2.56 58.89 19.19 S-18 0.00 0.00 1.00 0.00 0.42 0.29 0.81 2.56 68.49 20.47 S-19 0.50 0.24 0.20 0.07 0.13 0.07 1.38 2.56 46.22 16.27 S-20 0.21 0.28 0.36 0.15 0.25 0.14 1.03 2.56 59.69 23.01 S-21 0.67 0.22 0.05 0.05 0.05 0.02 1.29 2.56 49.68 7.30 S-22 0.79 0.15 0.03 0.04 0.03 0.01 1.27 2.56 50.62 3.38 S-23 0.33 0.57 0.05 0.06 0.09 0.03 1.40 2.56 45.38 18.36 S-24 0.36 0.56 0.05 0.03 0.06 0.02 1.41 2.60 45.65 11.22 S-25 0.48 0.32 0.12 0.08 0.10 0.04 1.21 2.60 53.52 14.09 S-26 0.69 0.21 0.07 0.03 0.05 0.02 1.44 2.60 44.50 9.61 S-27 0.73 0.19 0.06 0.02 0.04 0.01 1.52 2.60 41.62 9.66 S-28 0.64 0.24 0.08 0.03 0.05 0.01 1.54 2.60 40.79 9.73 S-29 0.64 0.26 0.06 0.03 0.04 0.02 1.34 2.60 48.31 4.28 S-30 0.65 0.30 0.03 0.02 0.03 0.01 1.46 2.60 43.97 3.71

TAG = Teor de arei grossa, TAF = teor de areia fina, S = silte, A = argila, U 0,03 = umidade (Kg/Kg) à 0,03Mpa, U1,5 = umidade à 1,5 Mpa, DA = densidade aparente (Kg/dm), DR = densidade real, P = porosidade (%), AD = água disponível

Tag = teor de areia grossa (Kg/Kg), Taf = teor de areia fina (Kg/Kg), S = silte (Kg/Kg), A = argila (Kg/Kg), U 0,03 = umidade 0,03 MegaPascal (Kg/Kg), U 1,5 = umidade 1,5 Mega Pascal (Kg/Kg), DA = densidade aparente (Kg/dm3), DR = densidade real (Kg/dm3), P = porosidade (%) e AG = água disponível (mm).

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Eficiência de fungicidas no controle in vitro de Monosporascus cannonballus

Erika Valente De Medeiros

Aluna de mestrado em agronomia da ESAM, Núcleo de Pós-graduação- Caixa postal 137, 59625-900, Mossoró-RN e-mail: [email protected]

Rui Sales Júnior

Prof. Adjunto, ESAM, Caixa Postal 137, 59600-970 – Mossoró/RN. E-mail: [email protected]

Sami Jorge Michereff

Prof. Adjunto, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Agronomia-Fitossanidade, CEP 52171-900, Recife, PE.E-mail: [email protected]

RESUMO – O colapso do meloeiro (Cucumis melo L.), causado por Monosporascus cannonballus, é uma síndrome que está limitando o cultivo de melão. O controle é feito com brometo de metila o qual está para ser banido nos próximos dez anos, tornando-se notória a carência de alternativas que controlem tal fungo. Avaliou-se a eficiência de oito ingredientes ativos (i.a.) em inibir in vitro o crescimento micelial de M. cannonballus. Foram testadas as concentrações 0 (testemunha), 3, 6, 9, 12, 15, 18 e 21 µg.mL-1 de i.a., sendo avaliadas a taxa de crescimento micelial (TCM), percentagem de inibição do crescimento micelial (ICM) e área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM) que tiveram correlação altamente significativa entre si para todos os produtos testados. Os i.a. mais eficientes, fluazinam, Piraclostrobina + metiram e propiconazole foram submetidos a menores concentrações, pois inibiu em 100% o crescimento micelial na menor concentração testada. As curvas de progresso da ICM, TCM e AACCM, em função das concentrações desses i.a. foram ajustadas, com coeficientes de determinação variando de 81,76 a 98,31% (ICM e TCM) e 74,65 e 98,31% (AACCM). Dos i.a. testados, os que se apresentaram mais eficientes foram fluazinam, pois na concentração 0,5 µg.mL-1obteve uma percentagem de inibição de crescimento micelial de 68,21% seguido de propiconazole que obteve, em média, ICM = 56,07%, demonstrando o potencial de utilização desses i.a. no controle de M. cannonballus. Palavras-chave: controle químico, colapso do meloeiro, inibição do crescimento micelial

Efficiency of fungicides on Monosporascus cannonballus in vitro control

ABSTRACT – Vine decline of melon (Cucumis melo L.) caused by Monosporascus cannonballus is a destructive disease on fields worldwide, mainly in arid and semi-arid regions. Soil desinfestation by fumigation with methyl bromide before planting is a common treatment for disease manangement, but will be banished in the next ten years, which need will of create a control alternatives of such fungi. The objective of this work was evaluate the effect of 8 fungicides in the in vitro development of M. cannonballus. There were used 0(witness), 3, 6, 9, 12, 15, 18 and 21 µg.mL-1 concentrations. The evaluated variables were * Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentado à Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2005).

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growth mycelial inhibition, rate of growth mycelial and area under mycelial growth curve. Variables showed higly correlation for all tested products. The more efficient actives ingredients (a.i.)were fluazinam, pyraclostrosbim + methiram and propiconazole, therefore the micelial growth in the lesser concentração inhibited in 100 per cent, demonstrating the potential of these a.i. in the control of M. cannonballus. Key-Words: chemical control, vine decline, growth mycelial inhibition.

INTRODUÇÃO

O meloeiro (Cucumis melo L.) é uma das principais olerícolas cultivadas em todo o

mundo. Com uma área de 1.265.000 milhões de hectares, ocupados com a exploração desta

cultura em todo o mundo. A China desponta como o maior produtor da referida cucurbitácea,

detendo aproximadamente 50,28% da produção mundial. O Brasil com 12.500 hectares de

área cultivada, é responsável por apenas 0,57% da produção mundial (FAO, 2005).

A região Nordeste ocupa lugar de destaque no cenário nacional, sendo responsável por

93,4% da produção brasileira de melão. Os maiores produtores estão concentrados nos

estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Bahia (NEGREIROS et al.,

2003).

Apesar de bem adaptado à região semi-árida, o meloeiro atualmente apresenta índices

de baixa produtividade, atribuídos a fatores como ocorrência de enfermidades, manejo de

adubação, dentre outros. Entre os problemas de ordem fitossanitária, destaca-se uma síndrome

complexa que apresenta diversos agentes causais, atuando de forma isolada ou em associação

com outros microorganismos fitopatogênicos (SALES JR. et al., 2002). Diversas

denominações são atribuídas a referida síndrome tais como “vine decline”, “collapse”,

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“sudden death” , decaimento de ramas ou simplesmente colapso ou morte súbita (GARCÍA-

JIMÉNEZ et al., 1994).

O colapso do meloeiro atribuído a Monosporascus cannonballus Pollack e Uecker é

considerada uma doença de importância agrícola, tendo em vista dizimar cultivos de meloeiro

em todo o mundo, principalmente em regiões áridas e semi-áridas (MARTYN e MILLER,

1996). Em levantamentos realizados por García-Jiménez et al. (2000), foi constatado que a

produção de melão na Espanha diminuiu em torno de 40% em apenas 15 anos, principalmente

devido ao colapso, com a predominância de patógenos radiculares como Acremonium

cucurbitarcerum Alfaro-García, W. Gams et J. García-Jiménez e M. cannonballus (GARCÍA-

JIMÉNEZ et al., 2000).

Alcântara et al. (1997), em testes de patogenicidade executados no vale de Arava

(Israel), determinaram ser M. cannonballus o agente mais agressivo envolvido na referida

síndrome. No Brasil, o primeiro relato foi realizado em cultivos comerciais de meloeiro no

Rio Grande do Norte, onde M. cannonballus apresentou índice de freqüência de 15% em dois

campos de produção comercial no verão de 2002 (SALES JR. et al., 2003 e 2004).

O colapso do meloeiro é caracterizado pelo declinio das ramas em períodos próximos

a colheita (WAUGHT et al., 2003). Isso se deve ao apodrecimento das raízes da planta,

levando a um desequilíbrio entre esta e a parte aérea, que no momento de maior demanda de

água sofre estresse resultando, em alguns casos, na morte da planta.

Diversas medidas de controle vêm sendo testadas para controlar a enfermidade,

entretanto, algumas podem causar impacto ambiental, como é o caso da fumigação com

brometo de metila (COHEN et al., 1999; STANGHELLINI et al., 2004), motivo pelo qual

será proibida a utilização do referido produto até o ano de 2015 (STANGHELLINI et al.,

2004).

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Em testes realizados in vitro com diferentes concentrações de produtos em relação à

patógenos habitantes de solo, houve inibição total do crescimento de M. cannonballus, com os

ingredientes ativos (i.a.) captan e procimidone na concentração de 500 µgml-1, carboxin-

thiram e tiofanato metílico à 100 µgml-1 (ALVES et al., 2002 a e b). O que vem a abrir mais

uma fronteira para a aplicação de uma medida de controle que possa garantir a manutenção

das plantas até o final do ciclo.

Tendo em vista a importância econômica do colapso do meloeiro aliado ao fato da

inexistência de produtos registrados para o controle da doença, o presente trabalho objetivou

avaliar a eficiência in vitro de oito ingredientes ativos no controle de M. cannonballus.

MATERIAL E MÉTODOS

Obtenção de isolado de M. cannonballus

O isolado de M. cannonballus foi obtido a partir do isolamento de raízes de meloeiro

procedentes de área produtora de melão, localizada em Mossoró-RN com sintomas de colapso

de ramas. Fragmentos de raízes previamente desinfestadas com hipoclorito de sódio (1,5% de

cloro ativo), durante 1 min foram depositados em placas de Petri contendo meio de cultura

batata-dextrose ágar (BDA) acrescido de 500 µg.mL-1 de estreptomicina, as quais foram

mantidas à 27 ºC durante quatro dias. Posteriormente os pontos de isolamento foram

repicados para cultivos puros, quando foi realizada a seleção de um isolado de M.

cannonballus, confirmado por microscopia óptica. Após a seleção, o isolado foi repicado em

culturas puras e incubadas em estufa (B.O.D.) a 27 ºC e fotoperíodo de 12h de alternância de

luz.

Efeito de diferentes ingredientes ativos no controle in vitro do crescimento micelial de M.

cannonballus

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O estudo foi realizado com base em dois experimentos. No primeiro, avaliou-se in

vitro a eficiência de oito ingredientes ativos (i.a.) em inibir o crescimento micelial de M.

cannonballus, nas concentrações 0 (testemunha), 3, 6, 9, 12, 15, 18 e 21 µg.mL-1. Os i.a.

testados foram: difenoconazole (Score®), fluazinam (Frowncide® 500 SC), tiofanato metílico

(Cercobin® 700 PM), piraclostrobim + metiram (Cabrio Top®), cresoxim-metílico

(Stroby®), chlorothalonil (Daconil®), trifluozole (Trifmine®) e propiconazole (Tilt®)

Soluções de fungicidas foram diluídas em água destilada estéril (ADE), conforme a

concentração final desejada do i.a. em meio de cultura. Alíquotas das soluções fungicidas

foram adicionadas separadamente ao meio de cultura BDA a 45 ºC. Na testemunha, na

concentração de 0 µg.mL-1 de i.a., foi adicionado apenas ADE. Depois de homogeneizado os

meios contendo as diferentes concentrações dos i.a. testados, foram vertidos em três placas de

Petri de 9 cm de diâmetro. Discos de 6 mm de diâmetro de meio contendo micélio de M.

cannonballus com 15 dias, foram semeados no centro da superfície do meio acrescido de

fungicida.

O delineamento experimental utilizado foi do tipo inteiramente casualizado,

distribuídos em esquema fatorial 8 x 7 + 1, sendo 8 i.a. em 7 concentrações mais a

testemunha, com quatro repetições.

A partir da avaliação diária do diâmetro de crescimento da colônia fúngica, durante

sete dias, obteve-se os dados para o cálculo das variáveis. A taxa de crescimento micelial

(TCM), percentagem da inibição do crescimento micelial calculado pala fórmula de Abbott:

ICM(%) = (T-t)*100/T, onde T é a testemunha e t o tratamento e área abaixo da curva de

crescimento micelial (AACCM), utilizando a fórmula: AACCM = ∑((yi + yi+1)/2.dti), onde yi

e yi+1 são os valores de crescimento da colônia observados em duas avaliações consecutivas e

dti o intervalo entre as avaliações foram as variáveis analisadas. Os dados originais foram

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transformados em √x+0,5 e submetidos à análise de correlação de Pearson, ao nível de 5% de

probabilidade.

Os ingredientes ativos fluazinam (Frowncide® 500 SC), piraclostrobina + metiram

(Cabrio Top®) e propiconazole (Tilt®) que se revelaram eficientes mesmo na menor

concentração utilizada, inibindo totalmente o crescimento micelial de M. cannonballus, foram

submetidos à outra avaliação nas concentrações 0 (testemunha), 0,5; 1; 2; 3; 6; 9; 12; 15; 18;

21 µg.mL-1.

O delineamento experimental utilizado foi do tipo inteiramente casualizado, em

arranjo fatorial 3 x 10 + 1, sendo 3 i.a. em 10 concentrações mais a testemunha, com quatro

repetições.

Com base nos resultados obtidos, os dados foram submetidos análise de variância e

com as médias foram selecionadas curvas de regressões, tendo as concentrações dos i.a. como

variável independente. Modelos exponencial, logarítimo, quadrático e polimoniais foram

testados, tendo sido selecionadas com base no coeficiente de determinação (R2) e no quadrado

médio do resíduo (QMR).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os i.a. avaliados induziram níveis de inibição de crescimento micelial (ICM)

altamente correlacionados com taxa a de crescimento micelial (TCM) e área abaixo da curva

de crescimento micelial (AACCM), com coeficientes de determinação, variando de -1,00 a

0,999473 (Tabela 1).

Tabela 1. Coeficientes de correlação entre as variáveis inibição do crescimento micelial (ICM), taxa de crescimento miscelial (TCM) e área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM) utilizadas para avaliar o efeito de fungicidas no controle in vitro de Monosporascus cannonballus

ICM = inibição do crescimento micelial, TCM = taxa de crescimento micelial, AACCM = área abaixo da curva de crescimento micelial. *significativo ao nível de 5% de probabilidade pela análise de correlação de Pearson.

Ingrediente ativo Variável ICM AACCM Difenoconazole TCM -1,00* 0,975332* ICM -0,97533* Fluazinam TCM -1,00* 0,992169* ICM -0,99217* Tiofanato metílico TCM -1,00* 0,972277* ICM -0,97228* Piraclostrobina + metiram TCM -1,00* 0,999447* ICM -0,99945* Cresoxim-metílico TCM -1,00* 0,98022* ICM -0,98022* Chlorothalonil TCM -1,00* 0,998747* ICM -0,99875* Trifluozole TCM -1,00* 0,996824* ICM -0,99682* Propiconazole TCM -1,00* 0,999473* ICM -0,99947*

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As variáveis TCM e AACCM foram positivamente correlacionadas. O aumento da

taxa de crescimento micelial acarretou o aumento da área abaixo da curva de crescimento

micelial e a diminuição da inibição do crescimento.

Houve interação significativa entre produtos e concentrações.Os modelos polimoniais

melhor se adequaram em descrever o comportamento das variáveis ICM, TCM e AACCM em

função das concentrações (Figuras 1, 2 e 3).

Todos os i.a. foram eficientes na inibição do crescimento micelial de M. cannonballus,

nas concentrações testadas (Figura 1), exceto tiofanato metílico e trifluozole que obtiveram

pequenas percentagens de inibição do crescimento micelial, com pontos de máximo nas

concentrações 4,25 e 20,0 µg.mL-1, respectivamente. Embora os pontos de máxima inibição

foram em torno de 11% para tiofanato metílico e cerca de 18% para trifluozole, portanto são

pouco eficientes. A carência de informações na literatura sobre o controle químico de

patógenos radiculares não permite que este fato seja discutido.

Os i. a. eficientes em inibir o desenvolvimento micelial de M. cannonballus foram

difenoconazole, fluazinam, piraclostrobina + metiram clorotalonil, trifluozole e

propiconazole. As menores concentrações que obtiveram a máxima percentagem de inibição

do crescimento micelial foram 16,0; 13,8; 16,88; 20,0; 13,81 µg.mL-1 , respectivamente

(Figura 1).

Fluazinam, piraclostrobina + metiram e propiconazole inibiram totalmente o

desenvolvimento micelial mesmo na menor dose testada, 3 µg.mL-1 , até o último dia do

experimento (Figura 1). Isso é observado pelo baixo coeficiente de determinação que pouco

se ajustou ao modelo polimonial escolhido. Foi escolhido o mesmo modelo para todos os

produtos porque a pretensão foi, testando a mesma variável nas mesmas concentrações, obter

os i.a. mais eficientes.

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Figura 1. Modelos polimoniais da inibição do crescimento micelial (ICM) de Monosporascus

cannonballus em meio BDA com diferentes concentrações de oito diferentes ingredientes ativos, com os dados transformados em √x+0,5.

y = 26,9 + 11.6x + 0,42x2

R2 = 0,67

y = 0,16 - 0,34x + 0,04x2

R2 = 0,67 y = 26,9 + 11,6x - 0,42x2

R2 = 0,67

y = 18,3 + 7,23x - 0,21x2

R2 = 0,73

y = 5,21 + 13,5x - 0,40x2

R2 = 0,90

y = -2,0 + 0,8x + 0,02x2

R2 = 0,96 y = 26,9 + 11,6x - 0,42x2

R2 = 0,67

y = 12,0 + 10,0x - 0,31x2

R2 = 0,9

Piraclostrobina + metiram

Cresoxim-metílico

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Silveira et al. (2003) testando a eficiência de i.a. para controle de Rhizoctonia spp.

obtiveram resultados promissores para inibição do crescimento micelial quando testado in

vitro. Chlorothalonil foi um dos testados e resultou em inibição de crescimento micelial de

69% na concentração de 1 µg.mL-1. No entanto, no presente trabalho que teve como alvo

biológico o M. cannonallus que também é fungo radicular, a concentração utilizada foi 3

µg.mL-1com inibição de 40%, com crescimento máximo na dose de 16,88 µg.mL-1. Esses

resultados demonstram a possibilidade de utilização deste produto para patógenos radiculares,

embora haja a necessidade de ensaios preliminares a fim de obter as concentrações mais

eficientes em campo.

Houve interação significativa entre os i.a. com as concentrações para a variável taxa de

crescimento micelial. As médias foram submetidas a regressões, obtendo equações

polimoniais (Figura 2) com coeficientes de determinação de que variavam de 0,67 a 0,96.

Os baixos coeficientes de determinação (0,67) são explicados pelo fato de que esses

produtos não cresceram nada até o último dia do ensaio, nas concentrações testadas. Portanto,

tais produtos, foram submetidos a concentrações menores a fim de se obter uma curva de

regressão que melhor se ajustasse. Isso seria conseguido com a obtenção de uma concentração

que o fungo apresentasse uma taxa de crescimento diferente de zero.

Em relação à variável área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM), houve

interação siginificativa entre os i.a. e as concentrações testadas. As equações polimoniais

(Figura 3) melhor se ajustaram dentre as testadas, pois permitiu altos coeficientes de

determinação para alguns i.a.. Essa variável (AACCM) explica o comportamento do

crescimento micelial do fungo durante todo o experimento. As curvas foram semelhantes às

equações da TCM para todos os produtos, uma vez que essas variáveis correlacionaram-se

positivamente. Os baixos coeficientes de determinação também foram observados para os

mesmos produtos, em relação à variável analisada.

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Estudo da área abaixo da curva de progresso da doença de M. cannonballus com

fungicidas sistêmicos indicou que todos os i.a. testados, difenoconazole, tiofanato metílico,

pyraclostrbym + metiram e propiconazole foram eficientes. Os mais eficientes foram tiofanato

metílico e propiconazole (MEDEIROS et al., 2005). O que corrobora com este trabalho, uma

vez que o propiconazole foi um dos ingredientes ativos que impediu o crescimento de M.

cannonballus nas concentrações testadas. Porém, quando da presença de tiofanato metílico,

M. cannonballus apresentou um pequeno crescimento nas concentrações testadas, obtendo

uma área abaixo da curva de crescimento micelial maior.

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Figura 2. Modelos polimoniais da taxa do crescimento micelial (TCM) de Monosporascus

cannonballus em meio BDA com diferentes concentrações de oito diferentes ingredientes ativos, com os dados transformados em √x+0,5.

.

y = 6,9 – 1,1x + 0,04x2 R2 = 0,67

y = 6,9 – 1,1x + 0,04x2 R2 = 0,67

y = 6,9 – 1,1x + 0,04x2 R2 = 0,67

y = 9,01 – 1,29x + 0,04x2 R2 = 0,90

y = 8,3 – 0,98x + 0,03x2 R2 = 0,90

y = 9,5 + 0,03x + 0,004x2 R2 = 0,93

y = 7,77 - 0,69x + 0,02x2 R2 = 0,74

y = 9,7 – 0,08x + 0,0002x2 R2 = 0,96

Piraclostrobina + metiram

Cresoxim-metílico

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Figura 3. Modelos polimoniais da área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM) de

Monosporascus cannonballus em meio BDA com diferentes concentrações de oito diferentes ingredientes ativos, com os dados transformados em √x+0,5.

y = 6,9 – 1,1x + 0,04x2 R2 = 0,67

y = 6,9 – 1,1x + 0,04x2 R2 = 0,67

y = 6,9 – 1,1x + 0,04x2 R2 = 0,67

y = 9,5 + 0,03x + 0,004x2 R2 = 0,93

y = 9,28 – 1,27x + 0,03x2 R2 = 0,81

y = 7,77 - 0,69x + 0,02x2 R2 = 0,74

y = 10,58 – 1,54x + 0,05x2 R2 = 0,90

y = 9,71 – 0,08x - 0,002x2 R2 = 0,96

Cresoxim-metílico

Piraclostrobina + metiram

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Os i.a. fluazinam, Piraclostrobina + metiram e propiconazole foram testados em

concentrações mais baixas, pois inibiram totalmente o crescimento na menor concentração

testada.

Os modelos exponenciais melhor se ajustaram em descrever a variação sofrida por

ICM, TCM e AACCM em função das concentrações dos i.a. testados (Figura 4). Os

coeficientes de determinação variaram de 81,76 a 98,31% (ICM e TCM) e 74,65 e 98,31%

(AACCM).

Dentre os i.a. testados em concentrações menores, fluazinam foi mais eficiente, uma

vez que na concentração de 0,5 µg.mL-1 resultou em percentagem de inibição de crescimento

micelial de 68,21% seguido de propiconazole, ICM = 56,07%. Este fato corrobora com Cohen

et al. (1999) que, testando a eficiência in vitro de 29 fungicidas obteve o fluazinam como o

ingrediente ativo mais eficiente na concentração 10µg.mL-1 para inibição do crescimento

micelial de M. cannonballus, esses resultados foram confirmados em campo.

Nascimento et al. (2005), ao avaliar produtos de contato em diferentes concentrações,

a área abaixo da curva de progresso da doença de M. cannonballus, avaliado pela mesma

fórmula aqui descrita, com concentrações 0; 0,1; 1; 10 e 100µg.mL-1, observou que o

fluazinam foi o i.a. mais eficiente que permitiu o crescimento apenas na concentração de

0,1µg.mL-1.

Os i.a. que mais se destacaram em inibir o crescimento micelial de M.

cannonballus foram fluazinam e propiconazole os quais ainda se encontram em processo de

registro para a sua utilização na cultura de meloeiro, havendo necessidade de testes

preliminares em campo para a sua utilização.

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y = 97,02 – 76,76e-x R2 = 81,76

y = 0,28 + 7,30e-x R2 = 81,76

y = 0,16 + 8,46e-x R2 = 74,65

y = 94,46 – 95,17e-x R2 = 98,31

y = 0,52 + 9,05e-x R2 = 98,31

y = 0,46 + 11,19e-x R2 = 98,31

y = 96,80 – 81,28e-x R2 = 86,59

y = 0,30 + 7,73e-x R2 = 86,59

y = 0,22 + 9,60e-x R2 = 86,59

Figura 4. Modelos polimoniais da inibição do crescimento micelial (ICM), taxa de crescimento micelial (TCM) e área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM) de Monosporascus cannonballus em meio BDA com diferentes concentrações dos ingredientes ativos que se mostraram mais eficientes: fluazinam, Piraclostrobina + metiran e propiconazole, com os dados transformados em √x+0,5.

Piraclostrobina + metiram Piraclostrobina + metiram Piraclostrobina + metiram

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CONCLUSÕES

A maioria dos ingredientes ativos foram eficientes quando avaliados in vitro, exceto

Tiofanato metílico e trifluozole.

As menores concentrações que permitiram a inibição total do crescimento de

Monosporascus cannonballus para os ingredientes ativos difenoconazole, fluazinam,

piraclostrobina + metiram, cresoxim metílico, chlorotalonil e propiconazole foram 16,0; 13,8;

13,8; 17,21; 16,88; 13,81, respectivamente.

Os ingredientes ativos mais eficientes em inibir o crescimento micelial de

Monosporascus cannonballus foram Fluazinam e propiconazole.

AGRADECIMENTOS

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pelo

apoio financiero e às empresas produtoras das moléculas testadas pela doação dos produtos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 4. Coeficientes de correlação entre as variáveis químicas e físicas do solo e densidades populacionais de

Monosporascus cannonballus , agente causador do colapso do meloeiro.

Coeficientes de correlação

Variáveis P K Na pH Al Ca Mg

Asc -0,34* 0,08ns

-0,30ns

-0,25* 0,41* -0,39* -0,33*

P 0,56* -0,17ns

0,09ns

-0,18ns

-0,26 ns

-0,17 ns

K -0,49* 0,21ns

-0,23ns

-0,50* -0,50*

Na 0,14ns

-0,17ns

0,81* 0,99*

pH -0,55* 0,50* 0,19ns

Al -0,22ns

-0,16ns

Ca 0,86*

* Significativo e ns não significativo, ao nível de 5% de probabilidade pela análise de correlação de Pearson

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Controle de Monosporascus cannonballus por Tiazolidina-2,4-diona e efeito sobre o

fungo benéfico Trichoderma sp.

ERIKA VALENTE DE MEDEIROS

Aluna de mestrado em agronomia da ESAM, Núcleo de Pós-graduação- Caixa postal 137,

59625-900, Mossoró-RN e-mail: [email protected].

JULIANNA FERREIRA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE

Prof. Adjunto,UFPE, Av. Professor Moraes Rego, 1235, CEP 50670-901 Cidade Universitária

Recife-PE. E-mail: [email protected].

SAMI JORGE MICHEREFF

Prof. Adjunto,UFRPE R. Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos

52171-900 - Recife/PE. E-mail: [email protected].

RUI SALES JÚNIOR

Prof. Adjunto, ESAM, Departamento de Ciências vegetais, CEP 59.600-970, Mossoró-RN, e-mail: [email protected].

GLÁUBER HENRIQUE DE SOUZA NUNES

Prof. Adjunto, ESAM, Departamento de Ciências vegetais, CEP 59.600-970, Mossoró-RN, e-mail: [email protected].

RESUMO – O presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do composto sintético

Tiazolidina-2,4-diona sobre o desenvolvimento “in vitro” de Monosporascus cannonballus,

agente causal do colapso do meloeiro, e de Trichoderma sp., agente biocontrolador do

referido patógeno. O estudo foi realizado por meio da condução de dois experimentos. No

primeiro foram testadas diferentes concentrações do composto (0, 25, 50, 75, 100, 125, 150,

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175 µg.mL-1) combinadas com quatro isolados de M. cannonballus. As variáveis analisadas

foram inibição do crescimento micelial (ICM), taxa de crescimento micelial (TCM) e área

abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM). No segundo experimento, o efeito das

mesmas concentrações do composto foram testadas em relação a um isolado de Trichoderma

sp. No primeiro experimento, houve interação significativa entre concentrações e isolados.

Elevados coeficientes de correlação confirmaram o ajuste das combinações entre as variáveis.

As curvas de progresso das variáveis em função das concentrações do composto foram

ajustadas por equações polinomiais. A concentração mais eficiente foi 75 µg.mL-1, pois inibiu

o crescimento total dos fungos até o final do experimento, exceto para o isolado Mc4 que

apresentou TCM de 5,07. Em relação aos isolados, Mc 3 foi o menos resistente, pois na

concentração 50 µg.mL-1, apresentou TCM de 24,20, enquanto que o Mc1, Mc2 e Mc4 com

maior taxa de crescimento apresentaram valores iguais a 71,41; 64,62 e 79,96,

respectivamente. As concentrações testadas não influenciaram o desenvolvimento micelial de

Trichoderma sp., demonstrando o potencial de utilização desta molécula como uma forma

complementar de controle de M. cannonballus, junto ao Trichoderma sp.

Palavras-Chave: Cucumis melo, controle químico, patógeno radicular, inibição do

crescimento micelial.

Control of Monosporascus cannonballus by Tiazolidine-2,4-dione and effect on

Trichoderma sp.

ABSTRACT – This work aims to evaluate the effect of synthetic compounds Thiazolidines-2,4-dione on the in vitro development of Monosporascus cannonballus, the causal agent of the sudden wilt (vine decline) of melons and Trichoderma sp., the fungi to be answerable for biological control. In the first experiment the following concentration of the composition were used: 0, 25, 50, 75, 100, 125, 150, 175 µg.mL-1, combined with four isolated of M. cannonballus. The evaluated variables were growth mycelial inhibition (ICM), rate of growth mycelial (TCM) and area under mycelial growth curve (AACCM). In the other experiment the same concentrations of the synthetic compounds had were used for isolated of

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Trichoderma sp. high coefficients of correlations confirmed the agreement of combination among the variables. The progress curves of the variables, were adjusted according to concentrations by polymonials model. 75 µg.mL-1 was the most efficient concentration since it has inhibited the mycelial growth until finished experiment, except for the Mc4 that showed since it has TCM of 5.07. Mc 3 were less resistant, since in concentric 50 g.mL-1showed TCM of 24.20 , while the Mc1, Mc2 and Mc4 had presented a bigger rate of growth, respectively 71.41; 64.62 and 79.96. Neither concentric influenced the mycelial development of Trichoderma sp., showing the potential of this synthetic compounds in the control of Monosporascus cannonballus, associated with to the Trichoderma spp.

Key-Words: Cucumis melo, chemical control, root pathogen, growth mycelial inhibition.

INTRODUÇÃO

O Nordeste brasileiro ocupa posição de destaque na fruticultura tropical tendo em vista

a combinação adequada de condições edafo-climáticas tais como alta temperatura e

luminosidade, baixa umidade relativa do ar e presença de solos férteis que garantem a

possibilidade de obtenção de alta produtividade. Com o advento da fruticultura irrigada que,

segundo Cavalcanti e Ferreira (2002) surgiu no Rio Grande do Norte na mesma época de

declínio da cotonicultura, tem propiciado aos agricultores a possibilidade de obterem mais de

uma safra por ano, uniformizando a oferta, permitindo assim o melhor aproveitamento dos

mercados internos e externos (SOUZA, 2005).

O cultivo comercial de meloeiro (Cucumis melo L.), principal olerícola produzida no

semi-árido nordestino, representa atividade de destaque no setor primário, em particular para

o estado do Rio Grande do Norte, considerado o maior produtor nacional em 2002 (LOPES et

al., 2003).

De acordo com Procópio (2001), a fruticultura é responsável por 46,9% das

exportações do Rio Grande do Norte e o núcleo de produção situa-se no agropólo

Assu/Mossoró, base produtiva responsável por 92% da exportação brasileira de melão.

Entretanto, a prática contínua e intensiva da monocultura, associada as constantes mudanças

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nas práticas culturais e ausência de rotação de culturas tem resultado no aumento em número

e severidade de doenças.

Dentre os agentes infecciosos indutores de doenças o fungo Monosporascus

cannonballus Pollack e Uecker (1974) destaca-se como um dos principais fitopatógenos

envolvidos na complexa síndrome do colapso do meloeiro (BRUTON, 1998). A presença do

referido patógeno tem limitando a exploração comercial de meloeiro em regiões produtoras

no Brasil e no mundo (MARTYN e MILLER, 1996; SALES et al., 2003; 2004).

Os sintomas de infeccção causada por M. cannonballus são facilmente observados em

plantas de meloeiro, ainda que em momentos próximos a colheita. Isso se deve ao

apodrecimento do sistema radicular que, ao perder a funcionabilidade, não supre as

necessidades hídricas da cultura, ocasionando a murcha generalizada. Também pode ser

observada a presença de peritécios no tecido radicular apodrecido (MERTELY et al., 1991;

SALES et al., 2001; 2002), facilitando a identificação do agente causal da doença no campo.

Apesar da importância de M. cannonballus para a cultura do meloeiro, escassos

trabalhos evidenciam a importância do tratamento químico como medida de controle. Ainda

que seja uma das estratégias mais utilizadas na supressão de fungos fitopatogênicos (COHEN

et al., 1999). Atualmente, apesar da restrição, o brometo de metila é utilizado para o controle

de M. cannonballus e outros patógenos radiculares (UCKO et al., 1992; STANGHELLINI et

al., 2003). Não obstante, a busca de outras alternativas, como a utilização de porta-enxertos

resistentes (EDELSTEIN et al., 1999), a solarização do solo a e obtenção de moléculas

fungicidas eficientes, somados ao controle biológico, (REUVENI et al., 1983; MARTYN e

MILLER, 1996) vêm sendo estudadas.

Algumas espécies de Trichoderma têm sido utilizadas como agentes biocontroladores

de fitopatógenos, devido à sua capacidade competitiva, seja pelo rápido crescimento miscelial

ou ao antagonismo direto, envolvendo enrolamento e penetração de hifas, somado à secreção

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de antibióticos deletérios ao fitopatógeno (JEFFRIES e YOUNG, 1994). Porém, a ação é

inibida quando da utilização de fungicidas de amplo espectro. Sendo assim, pesquisas para o

desenvolvimento de moléculas com ação fungicida seletiva representariam importante linha

de pesquisa a ser desenvolvida pelo fato de atuarem especificamente sobre o agente

patogênico atuando conjuntamente com o agente biocontrolador.

Moléculas como trehazolin estão sendo comercializadas e usadas para o controle da

Rhizoctonia solani, à 100 ppm. (ANDO et al., 1991). Da mesma forma, derivados

triazolidínicos vem sendo estudados, por apresentar atividades farmacológica, inseticida,

herbicida e fungicida (LIU et al., 2000).

Xu et al. (2004) sintetizaram nove novos derivados phenilimino-tiazolidinas e

avaliaram a eficiência in vitro obtendo resultados satisfatórios em relação a fungos de

importância agrícola, como Phytophthora capsici L., Pyricularia oryzae C., Fusarium spp. e

Rhizoctonia solani L.

O presente trabalho teve como objetivos sintetizar a Tiazolidina-2,4-diona e avaliar o

efeito de diferentes concentrações do referido composto in vitro em relação a quatro isolados

de M. cannonballus e um de Trichoderma sp.

MATERIAL E MÉTODOS

Síntese de Tiazolidina-2,4-diona

A obtenção de Tiazolidina-2,4-diona foi realizada pela condensação do ácido

monocloroacético e a tiouréia segundo Liberman, (1948)

S

N

O

O

HClCH2CO2H + CS(NH2)2

H2O

Figura 1. Rota sintética de Tiazolidina-2,4-diona.

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Eficiência da Tiazolidina-2,4-diona no controle in vitro de diferentes isolados de

Monosporascus cannonballus

Para avaliar a eficiência Tiazolidina-2,4-diona, foram utilizados quatro isolados de M.

cannonballus, coletados em fazendas produtoras de melão situadas no município de Mossoró

e localidades vizinhas, no estado do Rio Grande do Norte e identificados sob os códigos Mc1,

Mc2, Mc3 e Mc4. Os isolados foram obtidos a partir de raízes de meloeiro que apresentavam

sintomas característicos da infecção causada pelo referido fungo, cujos diagnósticos foram

confirmados por microscopia óptica.

Os efeitos de Tiazolidina-2,4-diona sobre o crescimento micelial dos quatro isolados

fúngicos foram determinados pelo método descrito por Martinez-Ferrer et al. (1991) no qual

diferentes alíquotas da solução aquosa do composto foram adicionadas separadamente ao

meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA) à 45ºC. Os meios contendo as diferentes

concentrações de Tiazolidina-2,4-diona foram vertidos em placas de Petri de 9 cm. O volume

das alíquotas do produto utilizadas foi determinada pelas concentrações a testar: 0

(testemunha), 25, 50, 75, 100, 125, 150, 175 µg.mL-1. Culturas de micélios de quatro isolados

de M. cannonballus, com 15 dias de crescimento, foram semeadas na superfície de BDA,

contendo as referidas concentrações do produto, em forma de discos de 6 mm de diâmetro. As

placas foram mantidas em B.O.D. a 27 ºC e fotoperíodo de 12h de alternância de luz.

O experimento foi conduzido segundo delineamento do tipo inteiramente casualizado

em arranjo fatorial 8 × 4 (oito concentrações de Tiazolidina-2,4-diona × quatro isolados de M.

cannonballus), com quatro repetições, sendo a unidade experimental correspondente a uma

placa de Petri.

As variáveis analisadas foram inibição do crescimento micelial (ICM), obtida pela

fórmula de Abbott: ICM(%) = (T-t)*100/T, onde T é a testemunha e t o tratamento

considerado; taxa de crescimento micelial (TCM), obtido pela medição do diâmetro do halo

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de Crescimento (em milímetro) e área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM),

utilizando a fórmula: AACCM = ∑ ((yi + yi+1)/2.dti), onde yi e yi+1 são os valores de

crescimento da colônia observados em duas avaliações consecutivas e dti o intervalo entre as

avaliações. Os dados originais foram transformados em √x+0,5 e submetidos à análise de

correlação de Pearson, ao nível de 5% de probabilidade.

Com base nos resultados obtidos, os dados foram submetidos análise de variância e

com as médias foram selecionadas curvas de regressões, tendo as concentrações dos i.a. como

variável independente. Modelos exponencial, logarítimo, quadrático e polimoniais foram

testados, tendo sido selecionadas com base no coeficiente de determinação (R2) e no quadrado

médio do resíduo (QMR).

Efeito do composto sintético Tiazolidina-2,4-diona no desenvolvimento in vitro de

Trichoderma spp.

Para avaliar a eficiência Tiazolidina-2,4-diona sobre o desenvolvimento de

Trichoderma sp. foi utilizado o isolado obtido da empresa Ecofértil® que foi escolhido pelo

fato de já ser comercializado como agente biocontrolador. O isolado foi repicado e deixado

para crescer em placa de Petri, durante 15 dias à 27ºC.

Os efeitos de Tiazolidina-2,4-diona sobre o crescimento micelial do isolado de

Trichoderma sp. foi determinado de forma semelhante aquele utilizado no experimento

anterior em relação ao efeito do produto sobre o crescimento de M. cannonballus. Assim

como as concentrações de Tiazolidina-2,4-diona adicionadas em BDA.

O experimento foi conduzido segundo delineamento inteiramente casualizado com

oito tratamentos, representados pelas concentrações de Tiazolidina-2,4-diona adicionadas ao

meio BDA (0, 25, 50, 75, 100, 125, 150, 175 µg.mL-1), com quatro repetições. A unidade

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experimental consistiu de uma placa de Petri. Os resultados foram obtidos da mesma forma

que no experimento anterior, porém por um período de três dias, intervalo de tempo no qual a

testemunha cresceu totalmente.

As variáveis analisadas foram as mesmas consideradas no experimento anterior e os

resultados avaliados por meio da análise de variância e teste de Tukey ao nível de 5% de

probabilidade, pois o composto sintético não interferiu no desenvolvimento do Trichoderma

sp.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O composto obtido pela síntese teve a constituição confirmada por ressonância

magnética nuclear protônica, infravermelho e espectofotometria de massa. O espectro

apresentou bandas de absorção correspondentes às vibrações de deformação das carbonilas,

na região entre 1735-1670 cm-1. Foi observada uma freqüência de absorção na região de

3300-3050 cm-1, referente à deformação axial do grupo NH. Os prótons metilênicos aparecem

com singlete em 4,11 ppm e próton do grupo NH, singlete de 12,00 ppm.

A inibição do crescimento micelial (ICM) dos quatro isolados de M. cannonballus

induzido por Tiazolidina-2,4-diona foi altamente significativa quando correlacionado com

taxa de crescimento micelial (TCM) (r = -1,0000, para todos os isolados) e área abaixo da

curva de crescimento misceliar (AACCM) (rMc1 = -0,9996, r Mc2 = -1,0000, r Mc3 = -0,9999 e r

Mc4 = -0,9997) (Tabela 1). Da mesma forma a taxa de crescimento micelial (TCM)

correlacionou-se significativamente com a área abaixo da curva de crescimento micelial

(AACCM) para os quatro isolados (r Mc1 = 0,9996, r Mc2 = 1,0000, r Mc3 = 0,9999 e r Mc4 =

0,9997).

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Tabela 1. Coeficientes de correlação entre inibição do crescimento micelial (ICM), taxa de crescimento micalial (TCM) e área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM) para avaliar o efeito da substância sintética Tiazolidina-2,4-diona no controle “in vitro” de quatro isolados de Monosporascus cannonballus

Variável1 ICM AACCM Isolado 1

TCM -1,0000** 0.9996** ICM -0.9996** Isolado 2 TCM -1,0000** 1,0000** ICM -1,0000** Isolado 3 TCM -1,0000** 0.9999** ICM -0.9999** Isolado 4 TCM -1,0000** 0.9997** ICM -0.9997** 1TCM = taxa de crescimento micelial, ICM = inibição do crescimento micelial,

AACCM = área abaixo da curva de crescimento micelial.

Houve interação significativa entre as doses e isolados em todas as variáveis testadas.

Em relação aos isolados, o que se apresentou mais resistente foi o Mc 4, uma vez que quando

combinado com a concentração 75 µg.mL-1, apresentou TCM de 5,07. Ao contrário, o Mc 3

foi o menos resistente, pois na concentração 50 µg.mL-1apresentou TCM de 24,20, enquanto

que o Mc1, Mc2 e Mc4 apresentaram maiores taxas de crescimento, 71,41; 64,62 e 79,96,

respectivamente. Bruton et al., (2000) ao testarem a mesma variável também detectaram

ocorrência de variabilidades no que diz respeito à isolados de M. cannonballus.

Os modelos polinomiais melhor se ajustaram em descrever a variação sofrida por

ICM, TCM (Figura 1) e AACCM (Figura 2) em função das concentrações de Tiazolidina-2,4-

diona no meio com coeficientes de determinação para ICM variando de 0,83 a 0,91%, para

TCM de 0,74 a 0,91% e AACCM de 0,85 a 0,92%.

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A inibição do crescimento micelial de M. cannonballus por Tiazolidina-2,4-diona foi

altamente significativa (P = 0,05). As menores concentrações que obtiveram máxima inibição

do crescimento micelial foram 184, 129, 133 e 165 respectivamente para os isolados Mc1,

Mc2, Mc3 e Mc4.

A concentração 75 µg.mL-1 foi a menor testada que permitiu o maior controle para os

isolado Mc1, Mc2 e Mc3, inibindo totalmente o crescimento, durante todo experimento,

exceto para Mc4 que só foi inibido totalmente na Concentração 100 µg.mL-1.

Resultados similares foram obtidos por Xu et al. (2004) no qual analisaram o

crescimento micelial in vitro de P. capsici, P. oryzae, Fusarium spp. e R. solani. quando

tratados com derivados tiazolidínicos. Os referidos autores obtiveram melhores resultados à

100 µg.mL-1. Em estudos prévios a síntese de derivados tais como 2-(4-metilfenilimino)-

tetrahidro-tiazolidínico, 2-fenilimino-tetrahidro-tiazolidínico e 2-(2-fluorofenilimino)-

tetraidro-tiazolidínicos não apresentaram atividades fúngicas para os mesmos microrganismos

(LI et al., 2001).

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Figura 1. Modelos polimoniais da influência de diferentes concentrações de Tiazolidina-2,4-diona

sobre a inibição do crescimento micelial (ICM), taxa de crescimento micelial (TCM) de quatro isolados de Monosporascus cannonballus, com os dados transformados em √x+0,5.

y = -17,9 + 1,47x – 0,004x2

R2 = 0,83 y = -17,98 + 1,55x – 0,006x2

R2 = 0,84

y = -13,3 + 1,60x – 0,006x2

R2 = 0,91 y = -17,84 + 1,32x – 0,004x2

R2 = 0,85

y = 2,25 + 0,003x – 0,0001x2

R2 = 0,74 y = 11,14 + 0,14x – 0,0004x2

R2 = 0,85

y = 10,76 + 0,15x – 0,0005x2

R2 = 0,91 y = 11,20 + 0,12x – 0,0003x2

R2 = 0,85

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Figura 2. Modelos polimoniais da influência de diferentes concentrações de Tiazolidina-2,4-diona

sobre a área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM) de quatro isolados de Monosporascus cannonballus, com os dados transformados em √x+0,5.

1

O efeito das concentrações do composto sintético Tiazolidina-2,4-diona sobre o 2

desenvolvimento do fungo benéfico Trichoderma sp. não diferiram da testemunha de 3

acordo com o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Isto justifica o fato de 4

não ter sido feito curvas de regressões. 5

y = 13,52 – 0,17x + 0,0006x2

R2 = 0,85 y = 13,08 – 0,17x + 0,0006x2

R2 = 0,86

y = 12,02 – 0,17x + 0,0006x2

R2 = 0,92 y = 13,88 – 0,16x + 0,0005x2

R2 = 0,85

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Isso demonstra que o composto não afeta o crescimento e desenvolvimento do 6

fungo benéfico, podendo ser utilizado como uma alternativa complementar de controle, 7

junto a Trichoderma sp. 8

9

CONCLUSÕES 10

O composto sintizado Tiazolidina-2,4-diona foi comprovadamente eficiente no 11

controle de M. cannonballus; 12

A dose recomendada do Tiazolidina-2,4-diona para inibição do crescimento 13

micelial, quando mensurado in vitro é de 153 µg.mL-1; 14

O compostoo estudado não interferiu no desenvolvimento in vitro de 15

Trichoderma sp. Este composto apresenta-se promissor no controle de M. cannonballus 16

não apenas pela eficência, mas também por apresentar efeito seletivo tendo em vista não 17

ter interferido no desenvolvimento de Trichoderma sp., adequando-se à filosofia do 18

manejo integrado. 19

20

21

AGRADECIMENTOS 22

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) 23

pelo apoio financeiro. 24

25

26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27

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CONCLUSÕES GERAIS 139

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Os altos índices da densidade de ascosporos de Monosporascus cannonballus 141

encontrados, tanto em solos de Caatinga quanto em solos de áreas produtoras 142

demonstraam que o patógeno não foi introduzido no Brasil por materiais de propagação, 143

ele já existia em ambientes nunca antes cultivados. 144

A inexistência de diferença significativa entre níveis de ascósporos em solos 145

provenientes de ecossistema de Caatinga e de áreas de cultivo de meloeiro confirmou que 146

M. cannonballus causa colapso do meloeiro dependendo da forma de manejo a que o solo 147

é submetido. 148

O método de extração de ascósporos de Monosporascus cannonballus poderá vir 149

a ser uma ferramenta auxiliar para tomada de decisão do produtor com relação à qual área 150

plantar, qual deve menejar e em que momento deverá proceder ao controle. Para isso é 151

necessário identificar, no Brasil, qual o nível populacional de ascósporos de M. 152

cannonballus por grama de solo capaz de causar doenças. 153

Determinar correlações entre as características físicas e químicas do solo 154

confirmou a hipótese de que essas características possam diminuir as perdas causadas 155

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por M. cannonballus.Neste estudo, foi detectado que altos índices de fósforo acarreta 156

baixos índices de ascósporos, devido ao fato de que o fósforo estimula o crescimento de 157

microrganismos antagonistas do solo. 158

Altos teores de Cálcio e Magnésio foi encontrado em solos com baixa densidade 159

populacional de ascósporos, devido ao fato do cálcio estar associado à formação da 160

parede celular de microrganismos benéficos. 161

Os solos em que foram encontrados teores de alumínio, observou-se maior 162

quantidade de ascósporos, pelo fato do alumínio estar envolvido na diminuição do pH 163

do solo. 164

Sabendo desses fatores, o manejando adequado no solo e eficiente da fertilidade, 165

via aplicação de fertilizantes, é uma ferramenta capaz de auxiliar o produtor à diminuir 166

o inoculo primário desses fungos, os ascosporos. 167

As maiorias dos ingredientes ativos testados foram eficientes tais como o 168

difenoconazole, fluazinam, piraclostrobim + metiram, cresoxim-metílico, 169

chlorothalonil, propiconazole, quando avaliados in vitro, exceto Tiofanato metílico e 170

trifluozole. 171

As menores concentrações que permitiram a inibição total do crescimento de 172

Monosporascus cannonballus para os ingredientes ativos difenoconazole, fluazinam, 173

piraclostrobina + metiram, cresoxim metílico, chlorotalonil e propiconazole foram 16,0; 174

13,8; 13,8; 17,21; 16,88; 13,81, respectivamente. 175

Os ingredientes ativos mais eficientes em inibir o crescimento micelial de 176

Monosporascus cannonballus foram Fluazinam e propiconazole. 177

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O composto sintizado Tiazolidina-2,4-diona foi comprovadamente eficiente no 178

controle de M. cannonballus, sendo a dose recomendada para inibição do crescimento 179

micelial, quando mensurado in vitro, 153 µg.mL-1 180

O composto estudado , Tiazolidina-2,4-diona, não interferiu no desenvolvimento 181

in vitro de Trichoderma sp. Apresentando efeito seletivo ao agente biocontrolador. 182

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