DERRAMES DE PETRÓLEOS

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  • 8/4/2019 DERRAMES DE PETRLEOS

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    CAPITAL NATURAL E DERRAMES DE PETRLEOS

    Potencial agressivo e letal do recurso natural mais desejado pelas naes

    Desde a sua descoberta o petrleo o recurso natural mais desejado por todas as naes.Esse recurso sinnimo de riqueza e fornece uma fonte de receita quase que inexorvel.Pode ser comercializado a qualquer momento seja para o consumo ou como investimento,garantindo dessa maneira o crescimento econmico e social das naes. Os acidentes competrleos so cada vez menos frequentes porque os vazamentos ocorridos no passadopossibilitaram s companhias ganhar experincia e desenvolver sistemas de segurana,visando minimizao da ocorrncia e severidade dos acidentes dessa natureza.

    Apesar de aprender a lio e fazer a tarefa de casa, os vazamentos de petrleo continuamacontecendo e acarretam significativos prejuzos econmicos e ambientais. Na maioria dosacidentes as companhias recuperam uma parcela do petrleo derramado reduzindo dessaforma o prejuzo financeiro; porm o meio ambiente afetado requer tempo e aplicaes,

    imediata e contnua, de significativos recursos financeiros para ser restitudo. Infelizmenteisso no acontece para maioria dos desastres com petrleos, fincando para a sociedade oprejuzo do dano ambiental e para os culpados o prmio do investimento assegurado.

    Dependendo da origem e composio dos petrleos o horizonte de ocorrncia dos efeitosoriundos dos impactos pode se estender por dcadas, diminuindo dessa forma oferta dasfunes e servios ambientais providos pelos recursos naturais. Quando o derrame de leoocorre nos ecossistemas marinhos, por mais eficientes que sejam as aes de emergnciarealizadas, os componentes txicos do leo, como, por exemplo, o benzeno, o tolueno e osxilenos causam a morte imediata da ictiofauna, nas primeiras 96h depois do acidente. Em

    seguida, as fraes intermedirias do petrleo, tais como: os hidrocarbonetos policclicosaromticos aderem nos tecidos gordurosos da ictiofauna causando a interrupo definitivada vida. Os compostos pesados, por sua vez, como, por exemplo, as resinas e asfaltenos,inicialmente formam placas que sedimentam e, posteriormente voltam superfcie do marpara se aderir sobre os organismos, interferindo no seu crescimento e reproduo.

    No ambiente terrestre, o petrleo derramado no solo causa dano imediato na microfauna,afetando bactrias, fungos e vermes; alm disso, cobre as razes das plantas o que dificultaa absoro da gua e dos alimentos do solo, provocando a limoctonia da cobertura vegetal.O leo vertido no terreno infiltra na direo do fretico at contamin-lo e nesse percursoadsorve nos sedimentos, originando uma fonte de poluio contnua que somente terminano momento em que a contaminao removida.

    Por razes econmicas a indstria do petrleo processa grandes quantidades de matriasprimas e insumos estabelecendo dessa maneira um cenrio latente de alto risco que podecriar situaes incontrolveis e danos descomunais; a exploso da plataforma DeepwaterHorizon da British Petroleum que aconteceu na costa da Luisiana dos Estados Unidos daAmrica do Norte, em 20 de abril do presente, um exemplo desse caso. Considerando arepercusso mundial desse evento e visando contextualizao dos contedos descritos, aseguir, sero apresentados os resultados da anlise de um cenrio hipottico desenvolvidoa partir das informaes do acidente da plataforma Deepwater Horizon disponibilizadas na

    internet pela British Petroleume Agencia Americana de Proteo Ambiental EPA.

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    Para esmiuar o prejuzo que o acidente americano est causando a natureza, inicialmenteas informaes referentes ao petrleo derramado e as condies meteorolgicas regionaisforam coletadas na rede mundial de computadores e, posteriormente usadas no programade computador ADIOS 2.0.1 (http://response.restoration.noaa.gov/adios) elaborado pelaNOAANational Oceanic and Atmospheric Administration. Para contornar a complexidade

    do cenrio foram adotadas hipteses simplificadoras: a durao do derrame quatro dias;as velocidades do vento e correntes so 4,0 e 1,0m/s, respectivamente; a temperatura e adensidade da gua so constantes (17C; 952,4Kg/m3). A vazo do derrame do petrleo nomar foi obtida a partir da massa de leo derramado e o tempo decorrido depois o evento

    Decorridos 84 dias da exploso da plataforma, as autoridades estimam que at o momentotenham sido derramados oitenta milhes de litros de petrleo (Mississippi Canyon Block),o que representa uma vazo mdia 952,4m3/d. Ento, a massa de leo derramada nasprimeiras 96h 3615 t. Desse total, os resultados do ADIOS indicam que 1.131 t de leoevaporam (31%), 219 t dispersam na gua (6%) e 2664 t (63%) permanecem no mar. Nas

    primeiras 96h a concentrao do benzeno na atmosfera sobre a mancha de 125km2 variana faixa de 6,0 a 0,1ppm e na pelcula de leo na gua varia de 8,5E+04 at 0,195mg/L.Segundo a literatura, o TLV do benzeno 0,5ppm, o IDLH 500ppm e o DL50 36mg/L(96h - peixe). Comparando os valores calculados pelo ADIOS com os padres de refernciade exposio a compostos qumicos (TVL), dose letal (DL50) e da concentrao perigosa sade (IDLH), pode-se constatar os prejuzos que os vazamentos letferos dessa naturezaprovocam ao meio ambiente.

    importante observar que os demais compostos qumicos dos petrleos no so txicos;porm, na sua grande maioria, tm comportamento semelhante ao do benzeno e, devidoao grande quantidade de produto envolvido nos vazamentos acidentais de petrleos, essescompostos tambm prejudicam os componentes ambientais. Os conceitos apresentados noincio do texto foram corroborados com os resultados do caso hipottico investigado como ADIOS e, dessa maneira, foi possvel concluir a respeito do potencial agressivo e letal dorecurso natural mais desejado pelas naes.

    Dr. Georges Kaskantzis Neto.

    http://response.restoration.noaa.gov/adioshttp://response.restoration.noaa.gov/adioshttp://response.restoration.noaa.gov/adios