Entrevista com Marcos Sorrentino...Informativo do Curso Educação Ambiental e Políticas Públicas...

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Qual o papel da Universi- i- dade na implantação de Po- o- líticas Públicas de Educação Ambiental? Antes de mais nada, a Uni- versidade precisa formar profissionais habilitados para atuarem na formula- ção e implantação de políti- cas públicas de EA. A oportunidade de cooperar com prefeituras munici- pais, como foi o caso de Americana, é um caminho para a formação de profis- sionais da universidade e de profissionais da prefei- tura que trabalham direta- mente com a gestão pública, mas também na formação de professoras e professores que durante a sua formação universitária, invariavelmente, não tive- ram ou tiveram pouco acesso à formação em EA e menos ainda ao de políticas públicas na área. Ainda de- ve-se destacar o papel da Universidade produzindo estudos e técnicas que pos- sibilitem o desenvolvimen- to da EA no cotidiano da sociedade. Tecnologias so- ciais que estimulam a par- ticipação e a inclusão da educação ambiental nos comportamentos, atitudes e valores de cada pessoa e grupo social. Neste sentido, como tem atuado a Oca - o Laborató- ó- rio de Educação e Política Ambiental da Esalq/Usp? Buscando cumprir a missão constitucional da Universi- dade, de realizar atividades de ensino, pesquisa e ex- tensão, em nosso caso, no campo da EA. No caso de Americana, procuramos conciliar o de- safio de contribuirmos na proposição da política mu- nicipal de EA, com o de en- volvermos a rede municipal de ensino com a formação de comunidades escolares atuantes no campo da EA e No caso de Americana..... e a formação de profissio- nais cidadãs e cidadãos atuantes na construção de uma EA cotidiana, que per- passa o dia-a-dia escolar, impactando o seu currículo e seus espaços de convi- vencialidade, suas relações interpessoais e as suas de- liberações institucionais, onde pode-se destacar o próprio projeto político pe- dagógico de cada escola. Demos um primeiro passo, graças a generosidade e perseverança de um grupo muito especial de professo- ras e professores, técnicos da área ambiental, educo- municadores e ambientalis- tas que se dedicaram a construir esse processo educador que é apenas um ponto de partida, conforme pode ser constatado nas árvores dos sonhos e nos planos de trabalho para 2012, elaborados pelos participantes. Com esperança no coração nos despedimos de cada uma das pessoas que parti- ciparam deste processo, colocando a nossa Oca a disposição de todas elas. Informativo do Curso Educação Ambiental e Políticas Públicas de Americana P articipantes do mini- curso "Imagem, geografia e educação", ministrado pela professora Ivânia Marques, da Secretaria Municipal de Cultura de Americana. E E n n t t r r e e v v i i s s t t a a c c o o m m M M a a r r c c o o s s S S o o r r r r e e n n t t i i n n o o Coordenador da OCA - Laboratório de Política e Educação Ambiental (Esalq-USP)

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QQuuaall oo ppaappeell ddaa UUnniivveerrssi-i-ddaaddee nnaa iimmppllaannttaaççããoo ddee PPo-o-llííttiiccaass PPúúbblliiccaass ddeeEEdduuccaaççããoo AAmmbbiieennttaall??Antes de mais nada, a Uni-versidade precisa formarprofissionais habilitadospara atuarem na formula-ção e implantação de políti-cas públicas de EA. Aoportunidade de cooperarcom prefeituras munici-pais, como foi o caso deAmericana, é um caminhopara a formação de profis-sionais da universidade ede profissionais da prefei-tura que trabalham direta-mente com a gestãopública, mas também naformação de professoras eprofessores que durante asua formação universitária,invariavelmente, não tive-ram ou tiveram poucoacesso à formação em EA emenos ainda ao de políticaspúblicas na área. Ainda de-ve-se destacar o papel daUniversidade produzindoestudos e técnicas que pos-sibilitem o desenvolvimen-to da EA no cotidiano dasociedade. Tecnologias so-ciais que estimulam a par-ticipação e a inclusão daeducação ambiental noscomportamentos, atitudese valores de cada pessoa egrupo social.

NNeessttee sseennttiiddoo,, ccoommoo tteemmaattuuaaddoo aa OOccaa -- oo LLaabboorraattó-ó-rriioo ddee EEdduuccaaççããoo ee PPoollííttiiccaaAAmmbbiieennttaall ddaa EEssaallqq//UUsspp??Buscando cumprir a missãoconstitucional da Universi-dade, de realizar atividadesde ensino, pesquisa e ex-tensão, em nosso caso, nocampo da EA.No caso de Americana,procuramos conciliar o de-safio de contribuirmos naproposição da política mu-nicipal de EA, com o de en-volvermos a rede municipalde ensino com a formaçãode comunidades escolaresatuantes no campo da EA eNo caso de Americana.....e a formação de profissio-nais cidadãs e cidadãosatuantes na construção deuma EA cotidiana, que per-passa o dia-a-dia escolar,impactando o seu currículoe seus espaços de convi-vencialidade, suas relaçõesinterpessoais e as suas de-liberações institucionais,onde pode-se destacar opróprio projeto político pe-dagógico de cada escola.Demos um primeiro passo,graças a generosidade eperseverança de um grupomuito especial de professo-ras e professores, técnicosda área ambiental, educo-municadores e ambientalis-

tas que se dedicaram aconstruir esse processoeducador que é apenas umponto de partida, conformepode ser constatado nasárvores dos sonhos e nosplanos de trabalho para2012, elaborados pelosparticipantes.Com esperança no coraçãonos despedimos de cadauma das pessoas que parti-ciparam deste processo,colocando a nossa Oca adisposição de todas elas.

JJ OO RR NN AA LL

T r a n s f o r m A Ç Ã OInformativo do Curso Educação Ambiental e Políticas Públicas de Americana

Participantes do mini-curso "Imagem, geografia

e educação", ministradopela professora IvâniaMarques, da SecretariaMunicipal de Cultura deAmericana.

EEnnttrreevviissttaa ccoomm MMaarrccooss SSoorrrreennttiinnooCoordenador da OCA - Laboratório de Política e Educação Ambiental (Esalq-USP)

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Blogs lançam olhares sobre AmericanaOs blogs criados pelos parti-

cipantes do Curso de Meio Am-biente e Políticas Públicas deAmericana reúnem as práticaseducomunicativas trabalhadasnos minicursos de jornalismo,foto, rádio e vídeo. Eles permi-tiram que os grupos dos 11territórios construíssem umaimagem de Americana a partirdo olhar da educação ambien-tal. Visite e surpreenda-se!

http://acrasustentavel.blogs-pot.com/

http://ciepsaojeronimo-educa-caoambiental.blogspot.com/

http://educacaoambientalflo-restanfernandes.blogspot.com/

http://vocorocadojardimda-paz.blogspot.com/

http://tempodecuidar.blogs-pot.com/

http://atuacaocidadaparasal-varofuturo.blogspot.com/

http://mudancasambien-tais.blogspot.com/

http://educacaoambientalsao-vito.blogspot.com/

Americana encaixa-se na cate-goria dos pouquíssimos muni-cípios que buscam serEducadores Ambientais paraSociedades Sustentáveis, fatoevidenciado por dois exemplosde inovação e pioneirismo, efe-tivos no tão falado e pouco im-plementado lema “pensarglobalmente e agir localmen-te”.

O primeiro é este curso (1ºCFEA), fruto da parceria dasSecretarias de Meio Ambientee Educação com a USP, para osprofessores da rede municipalde ensino, sua comunidade es-colar, atores socioambientaisdo município e região, ONG´s(Barco Escola e ConsórcioPCJ), agricultores familiares(ACRA e Milton Santos) e ou-tros.

O segundo é a participaçãode Americana na 2ª JornadaInternacional de Educação Am-

biental. A 1ª Jornada, movi-mento iniciado antes Eco-92,foi a responsável pela constru-ção coletiva do documento ge-rador de Políticas Públicas deEducação Ambiental do Brasile outros países, o Tratado deEducação Ambiental para Soci-edades Sustentáveis e Respon-sabilidade Global. Para aRio+20, a 2ª Jornada preparoua Carta Aberta (disponível nosite da ONU) reforçando osprincípios e os valores do Tra-tado.

Americana sediará um dospontos da 2ª Jornada na forma-tura do Curso de Formação emEducação Ambiental e PolíticasPúblicas, no dia 8 dedezembro. O evento contarácom a presença do atual Dire-tor de Educação Ambiental doMinistério do Meio Ambiente,Nilo Diniz, e de Marcos Sor-rentino, que é coordenador da

OCA - Laboratório de Política eEducação Ambiental da USP efoi Diretor de EducaçãoAmbiental na gestão MarinaSilva. Fecha-se o círculo virtu-oso da Educação Ambiental deAmericana, com ações efetivasno local e no global!

Americana conectada ao mundoPor Denise Maria Gândara Alves, da prefeitura de Americana

Por Carmen Gattás, membro do NCE-USP

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Há muito o rádio deixou de serum mero recurso pedagógico(já vão longe os tempos do Pro-jeto Minerva… ) para marcarpresença dentro da escola co-mo uma mídia poderosa e qua-se onipresente.

Seja em sua forma habitual– AMs e FMs de sinal aberto –ou em suas novas “encarna-ções” digitais, como a Webra-dio e o Podcast, a linguagemradiofônica se apresenta comoum poderoso aliado do profes-sor que trabalha com projetosinterdisciplinares – inclusive osque envolvam as questões am-bientais.

Neste universo específico,além da perspectiva mais re-corrente (sempre válida) de setratar o ambiental como temá-tica para programas de rádio,é possível aproximar os concei-tos de Ecologia Sonora e deMídia socialmente engajada.

Resumidamente, as duasideias se complementam naspráticas de (1) escuta consci-ente e (2) produção sonora re-flexiva. Como exemplo deatividade do pri-meiro âmbito, te-mos o exercício dapercepção dirigidados sons ambien-tes, que nos revelao quanto estamosinseridos numoceano de áudioque nos afeta nosníveis físico, fisio-lógico e psicológi-co.

No campo daprodução sonora, aestratégia de com-por paisagens sonoras juntan-do samples de áudio daInternet mostra-se bastanteprodutiva para desenvolver odomínio sobre os programas de

edição de áudio. Também nosrevela como um ambiente podese construído virtualmentedentro de um computador coma ajuda de um software simples

e acessível.Ambas as es-

tratégias – alémda criação deprogrametes te-máticos sobrequestões ambien-tais – foramadotadas durantea oficina de Lin-guagem Radiofô-nica do Curso deFormação emEducação Ambi-ental e PolíticasPúblicas de

Americana.Existe a previsão de que os

trabalhos da oficina sejam hos-pedados no Blog criadoespecialmente para o projeto.

Veja a produção do cursoOs vídeos produzidos no mini-curso Práticas Educomunicati-vas de Captação,Edição e Divulga-ção de vídeo comtemática sócioam-biental estão dis-poníveis nainternet.Visitem os canaisdos educadoresparticipantes acessando "nome

do canal" em www.youtu-be.com/user/

Sãoeles: an-nami-tri16;1carla-correia;Ldadven-ture;;aperta-

qual; lucieneamb; mussura-

na2012; marilenerossi54;belcrims; fainedevanessa;car53ro; mapedrin; robertafon-secavilela; tainaqq; patriciale-vada; monicagomesilva;69anapaulavechini; mestrea-mericana; 1008silvia; suelibe-raldo; ekalafabio ;radiograciosadeperus; educo-om; emefjairo; educomusp (docurso Licenciatura em Educo-municação da ECA USP).

Rádio na educação ambientalTexto: Marciel Corsani. Foto: Richard Mancini. Ambos membros do NCE-USP

Por Fábio Rogério Nepomuceno, membro do NCE-USP

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Fabrício Zambon e Alexandre Anezio, do IAF

As 11 escolas que participaramdo curso de formação em Edu-cação Ambiental e Políticas Pú-blicas fizeram trabalhosvinculados ao seu território.Uma dessas atividades foi o ma-peamento da realidade do local,no qual foram identificadospontos fortes, fragilidades soci-oambientais, grupos potencial-mente ativos e possibilidades deintervenção.Outro trabalho muito importan-te para dar um novo olhar sobreAmericana feito por esses gru-pos foi um planejamento parti-cipativo, apoiado nomapeamento. Ele visou verificarsonhos, obstáculos e ações pos-síveis para construir um muni-cípio educador sustentável.Por fim, os grupos elaboraramplanos de ação, para colocar emprática o planejamento partici-pativo. São esses planos quedão o caráter de continuidadeao curso no ano que vem.O referido curso é resultado deuma parceria entre a prefeiturade Americana, a ONG Ambienteem Foco (IAF) e a Universidadede São Paulo (USP), represen-tada pela OCA – Laboratório deEducação e Política Ambiental(ESALQ-USP) e pelo Núcleo deComunicação e Educação (NCE-USP). "Estamos muito orgulho-sos de ter participado nesseprocesso e ter podido dar nossacontribuição para a EducaçãoAmbiental em Americana", disseRafael Navarro, coordenadorexecutivo do IAF, ONGlocalizada em Piracicaba.

Sementes germinando...Implementar o Curso de For-mação em Educação Ambien-tal e Políticas Públicas deAmericana foi um desafio paranossa equipe, por acreditar-mos que o planejamento deum processo educador ambi-entalista se faz ao caminhar,conjuntamente com as pessoase com o território que o com-põem e, portanto, são sempresingulares e inovadores.

Partimos de um Projeto Po-lítico Pedagógico (PPP) cons-truído sob quatro pilares quese interconectam e se fortale-cem no diálogo entre eles: 1º)o das Políticas Públicas; 2º) odas questões conceituais rela-cionadas ao ambientalismo,utopias, sociedade e educação;3º) o da constituição de gru-pos ou trabalhos coletivos; 4º)a construção da Mochila doEducador Ambiental Popularde Americana e as diferenteslinguagens ou práticas educo-municativas que a compõem.

Outra “espinha dorsal” donosso PPP foi a divisão dosparticipantes nos diferentesterritórios escolares ou bair-ros. A metodologia durante to-do o percurso pautou-se noestímulo à constituição de efe-tivas “comunidades aprenden-tes” que, nas palavras denosso querido Mestre CarlosBrandão, “são unidades de vi-

da que para além do que sefaz como o motivo principal(jogar futebol, reunir-se paraviver uma experiência religio-sa, trabalhar em prol da me-lhoria da qualidade de vida nobairro, e assim por diante), aspessoas estão também inter-trocando saberes entre elas.Estão se ensinando e apren-dendo.”

De todo o processo de for-mação, o que “encanta” são asrespostas e envolvimento dosgrupos que se formaram. Avontade de participar de açõescidadãs no município, de tra-zer novos olhares sobre as Po-líticas Públicas, de ampliar equalificar os tantos e belostrabalhos que já ocorrem nasescolas, revelam o potencialeducador ambientalista dosenvolvidos.

O fundamental, agora, éque políticas públicas munici-pais façam parte destes pro-cessos e que os gestorespúblicos das diferentes áreasentendam que a urgência dasmudanças socioambientais re-quer compartilhamento de de-cisões e de ações.É urgenteum amplo apoio na formaçãode pessoas, demonstrandodesta forma que Americana dápassos na direção de umasociedade sustentável e deresponsabilidade global.

Por Semíramis Biasoli, membro da OCA-USP