ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS PARA HIPERTENSÃO E DIABETES …€¦ · MANUEL BASULTO VELAZQUEZ...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
MANUEL BASULTO VELAZQUEZ
ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS PARA HIPERTENSÃO E DIABETES
NA UNIDADE BÁSICA NOVO HORIZONTE, VIGIA, PARÁ
BELÉM / PARÁ
2018
MANUEL BASULTO VELAZQUEZ
ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS PARA HIPERTENSÃO E DIABETES NA UNIDADE BÁSICA NOVO HORIZONTE, VIGIA, PARÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Saúde da Família, Universidade Federal do Pará, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientadora: Profa. Claudia Marques Santa Rosa Malcher
BELÉM / PARÁ
2018
MANUEL BASULTO VELAZQUEZ
ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS PARA HIPERTENSÃO E DIABETES NA UNIDADE BÁSICA NOVO HORIZONTE, VIGIA, PARÁ
Banca examinadora Professor (a). Claudia Marques Santa Rosa Malcher – Universidade Federal do Pará Professor (a). Mônica Olivia Lopes Sá de Souza - Universidade Federal do Pará Aprovado em Belém, em __ de __________ de 2018.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” Cora Coralina
RESUMO
A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o Diabetes mellitus (DM) representam dois dos principais fatores de risco às doenças cardiovasculares, ocasionando em importante causa de morbimortalidade e contribuindo decisivamente para o agravamento deste cenário em nível nacional. Na comunidade da Estratégia Saúde da Família Novo Horizonte, no município de Vigia, verifica-se que existe um desconhecimento da população sobre o significado da HAS e DM bem como os seus fatores de risco, prevenção, complicações e importância da adesão ao tratamento. Assim, este projeto visa contribuir com um programa de intervenção educativa e avaliar o seu impacto e satisfação. Com isso, acompanharam-se os pacientes com HAS e DM que comparecerem às consultas médicas e de enfermagem proporcionando a eles atividades de grupo para melhorar sua qualidade de vida. Desta forma, a primeira e segunda etapa do projeto iniciou com a capacitação dos agentes comunitários de saúde e o estimulo à busca ativa destes pacientes em seus lares, respectivamente. A terceira etapa se deu com a intervenção educativa através de rodas de conversas, apresentação de vídeos, entrega de folhetos, realização de caminhas pela saúde, café da manhã saudável e acompanhamento mensal com avaliação dos conhecimentos sobre a HAS e DM.
Palavras-chave: Educação em saúde. Hipertensão Arterial. Diabetes Mellitus. Município. Vigia.
ABSTRACT
Systemic arterial hypertension (SAH) and Diabetes mellitus (DM) are two of the main risk factors for cardiovascular diseases, leading to an important cause of morbidity and mortality, contributing decisively to the worsening of this scenario at the national level. In the community of the Family Health Strategy Novo Horizonte, Vigia municipality, there is a lack of knowledge about the meaning of SAH and DM, as well as its risk factors, prevention, complications and importance of adherence to treatment. Thus, this project aims to contribute to an educational intervention program and evaluate its impact and satisfaction. With this, patients with SAH and DM attended the medical and nursing appointments, providing them with group activities to improve their quality of life. In this way, the first and second stage of the project began with the training of community health agents and the stimulation of the active search of these patients in their homes, respectively. The third stage was the educational intervention through talk wheels, video presentations, leaflet delivery, health walks, healthy breakfast and monthly follow-up with an evaluation of the knowledge about SAH and DM.
Keywords: Health education. Hypertension. Diabetes Mellitus. Municipality Vigia.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DM Diabetes melito (Diabetes mellitus)
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
DM Diabetes melito (Diabetes mellitus)
ESF Estratégia Saúde da Família
eSF Equipe de Saúde da Família
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS Ministério da Saúde
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 9
1.1 Aspectos gerais do município 9
1.2 Aspectos da comunidade 10
1.3 O sistema municipal de saúde 11
1.4 A Unidade Básica de Saúde 11
1.5 A Equipe de Saúde da Família 12
1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe 12
1.7 O dia a dia da equipe 12
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da
comunidade (primeiro passo)
13
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de
intervenção (segundo passo)
13
2 JUSTIFICATIVA 14
3 OBJETIVOS 15
3.1 Objetivo geral 15
3.2 Objetivos específicos 15
4 METODOLOGIA 16
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
5.1 Política Nacional de Atenção Básica 17
5.2 Educação em Saúde 17
5.3 Hipertensão e Diabetes 18
6 PLANO DE INTERVENÇÃO 19
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo) 19
6.2 Explicação do problema (quarto passo) 19
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo) 19
6.5 Desenho das operações (sexto passo) 20
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 23
REFERÊNCIAS 24
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos gerais do município
O município de Vigia de Nazaré tem uma população de aproximadamente 51705
habitantes. IBGE/2016, seu gentílico é vigiense. Vigia fica na chamada
microrregião do Salgado, área de influência do Oceano Atlântico e forma parte da
mesorregião do Nordeste Paraense. Sua fundação foi 6 de janeiro de 1616 e está
emancipado desde 02.10.1852 sendo o município “mãe” a capital do estado, Belém.
Como característica geográfica tem uma área 533, 855 km² e uma densidade
demográfica de 88,9 habitantes por km2 com uma distância até a capital de 77 km.
Os Municípios limítrofes são ao Norte, o Atlântico e São Caetano de Odivelas, ao
Leste, São Caetano de Odivelas e Castanhal, ao Sul, Santo Antônio do Tauá e a
Oeste, Colares e Baía do Marajó.
Os Municípios próximos de Vigia são:
- São Caetano de Odivelas 17.5 km - Colares 18.1 km
- João da Ponta 23.4 km - Terra Alta 31.8 km
- Santo Antônio do Tauá 32.2 km - Curuçá 34 km
- Salva terra 44 km - Santa Bárbara do Pará 44.1 km
- Soure 47.2 km - Santa Isabel do Pará 48.7 km
A cidade histórica de Vigia de Nazaré tem tradição nas músicas, letras e
valores agregados ao belo artesanato local. Os ícones locais são a Igreja Matriz
Madre de Deus e a Capela do Senhor dos Passos na Igreja de Pedras. Nesta cidade
acontecem o Círio mais antigo do Pará, a Festa de Nossa Senhora de Nazaré, o
famoso Carimbó, as deslumbrantes festas juninas e o melhor carnaval conhecido no
estado. É considerada por seus habitantes e admiradores como uma importante
referência artística e cultural a verdadeira "Atenas Paraense".
A cidade teve um crescimento populacional importante nas duas últimas
décadas. As principais atividades econômicas de Vigia são o pescado e a atividade
rural juntamente com o funcionamento do centro comercial com a implantação de
lojas de grandes redes de farmácias, perfumaria, eletroeletrônicos e moveis, entre
outras.
Na área de saúde, a cidade é sede da microrregião, sendo referência para consultas
e exames de média complexidade, atendimento de urgência e emergência, e
cuidado hospitalar, embora a estrutura do seu sistema de saúde ainda não seja o
ideal.
10
Há cerca de cinco anos o município adotou a estratégia de saúde da família
(ESF) para a reorganização da atenção básica e conta hoje com 5 equipes na zona
urbana e 6 equipes na zona rural cobrindo 70% da população.
1.2 Aspectos da comunidade
A comunidade é de zona urbana, com uma população de atendimento de
cerca de 3200 pacientes e 812 famílias cadastradas pelos agentes comunitários de
saúde (ACS), com uma demanda no posto que não reflete o total de pacientes
cadastrados devido em algumas situações alguns possuírem planos de saúde
particular.
A equipe faz acompanhamento à pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica
(HAS) (454), Diabetes Mellitus (DM) (152), Saúde Mental (41), Tuberculose (2),
Hanseníase (2), Gestantes (41) e Lactentes (62). Estes grupos e toda a população
têm fácil acesso ao posto de saúde já que o mesmo está situado na própria
comunidade.
Nas características desta área de abrangência é bom explicar algumas
diferenças desde o ponto de vista social e econômico que existe. Uma parte dela
tem um nível de vida mais favorável e com adequadas condições, incluindo as
condições ambientais, porém existe um número significativo de famílias que são
consideradas ribeirinhas onde o estilo de vida, as condições higiênicas e o nível
social são muito precários. Sendo estas últimas inclusive as que apresentam maior
índice de doenças infecciosas e transmissíveis.
Existe boa fonte de emprego como lojas de abastecimentos, vestuários,
calçados e pequenos negócios particulares. Alguns trabalhadores estão diretamente
relacionados à pesca como na realização manual de redes, boias, cordas, e outros
insumos necessários para a pescaria.
Em sentido geral, não há um alto índice de analfabetismo ou baixo nível cultural,
a maioria das pessoas tem total conhecimento das medidas e ações que devem
tomar para uma vida saudável e uma recreação sadia, só que às vezes a economia
dificulta este aspecto.
Uma parte da população tem rede de abastecimento de água, enquanto os
demais consumem água de poço, porém na verdade nenhuma das duas opções é
recomendável para a saúde, por isso muitos compram água mineral nos
estabelecimentos comerciais.
11
O Bairro conta com uma coleta de lixo com uma periodicidade efetuada a cada 2
dias e existe energia elétrica na maioria das residências.
1.3 O sistema municipal de saúde
Atenção primaria: conta com 11 postos de saúde.
Atenção especializada: disponível no município no hospital Nelson Tolosa.
Atenção de urgência e emergência: conta com 1 hospital municipal para
prestar atendimento desse tipo.
Atenção hospitalar: o município conta com 2 hospitais, o hospital de serviços
médicos especializados localizado na zona de Arapiranga``Nelson Tolosa``
que presta atenção nas especialidades de Ginecologia, Dermatologia,
Mastologia, Pediatria, Ortopedia, Fonoaudiologia, Reabilitação, Psicologia, e
etc., e existe também o Hospital Municipal Vigia de Nazaré que dispõe de
atendimento médico de urgência e emergência assim como para
internamento médico e encaminhamento para outros hospitais na capital.
Apoio diagnostico: o município dispõe de laboratório de exames clínicos
laboratoriais, endoscopia, radiografia, ultrassonografia.
Assistência farmacêutica: o município dispõe de uma ampliada rede de
farmácias.
Vigilância da saúde: no município por vezes acontecem epidemias de dengue
e chikungunya sendo este um motivo de alerta epidemiológico.
Relação com pontos de atenção para o apoio à saúde: o sistema de saúde
mantém relações com o sistema de educação para a prevenção de doenças
nas escolas através de palestras educativas.
Relação com outros municípios: é maior com Belém pela sua proximidade.
Modelo de atenção: Estratégia Saúde da Família.
1.4 Unidade Básica de Saúde
A equipe da Estratégia Saúde da Família (eSF) Novo Horizonte, foi inaugurada
em abril de 2014 e está situada na avenida João Paulo, no bairro Novo Horizonte,
Sul da cidade.
12
1.5 A Equipe de Saúde da Família Novo Horizonte
A eSF Novo Horizonte se responsabiliza por umas 3200 pessoas em 6 bairros
que são o Novo Horizonte, Amparo, Siqueira, Tujal, Santa Rita e Universitário e está
composta por 2 enfermeiros, 2 técnicos de enfermagem, 1 odontologista, 1 técnico
de odontologia, 1 assistente administrativo, 11 ACS, 1 médico, 1 auxiliar em
enfermagem e 1 auxiliar dentário.
1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe
A Unidade de Saúde funciona das 7:00 h às 18 horas e, para tanto é necessário
o apoio dos ACS, que se revezam durante a semana segundo uma escala, em
atividades relacionadas à assistência, como recepção e arquivo.
1.7 O dia a dia da equipe
O tempo da equipe está ocupado quase que exclusivamente com as atividades
de atendimento da demanda espontânea na maior parte e com o atendimento de
alguns programas, como: saúde bucal, pré-natal, puericultura, controle de câncer de
mama e ginecológico, atendimento a hipertensos e diabéticos e crianças
desnutridas.
Em meu posto médico de saúde as pessoas são atendidas diariamente por uma
equipe de saúde integrada por dois enfermeiros, duas técnicas em enfermagem, um
dentista, a técnica de vacinação, dez agentes comunitários de saúde e um médico
clínico geral, todos fazemos um amplo trabalho mediante ações de promoção,
prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e recuperação da saúde.
São vacinados os pacientes que precisam atualizar seu esquema de vacinação.
Os ACS trabalham nas comunidades agendando as consultas, visitando aquelas
pessoas que precisam e conhecendo as dificuldades de saúde de sua comunidade.
As consultas são agendadas, sendo elas vinte e cinco consultas diárias
distribuídas em consultas médicas onde se incluem pessoas com doenças crônicas
como HAS, DM, asma, cardiopatias e outras patologias como as doenças
transmissíveis, enfermidades diarreicas agudas, infecções respiratórias, tuberculose
e hanseníase. Há também as consultas programadas para mulheres grávidas,
crianças e uma vez por semana fazemos visitas domiciliar àquelas pessoas que não
tem possibilidades de ir ao posto médico ou tem algum problema de incapacidade
física ou mental. Também são atendidas aquelas pessoas com demanda
espontânea que precisam de atendimento de urgência.
13
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro
passo).
-Aumento da taxa de doenças sexualmente transmissíveis como a sífilis.
-Controle insuficiente do tratamento por pacientes hipertensos e diabéticos.
-Alta incidência de doenças respiratórias e digestivas.
- Condições higiênico sanitárias deficientes.
- Alto consumo de bebidas alcoólicas.
- Elevado índice de tabagistas e dislipidêmicos.
1.9 Priorizações dos problemas – a seleção do problema para plano de intervenção (segundo passo)
Quadro 1- Classificação de prioridade para os problemas identificados no diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde Novo Horizonte, município de Vigia, estado do Pará.
Problemas Importância* Urgência** Capacidade de
enfrentamento*** Seleção/ Priorização****
Aumento da taxa de doenças sexualmente transmissíveis como sífilis
Media 15 parcial 4
-Controle insuficiente do tratamento por pacientes hipertensos e diabéticos.
Alta 30 total 1
-Alta incidência de doenças respiratórias e digestivas
Alta 25 total 2
Condições higiênico sanitárias deficientes.
Media 5 parcial 6
-Alto consumo de bebidas alcoólicas.
Media 10 parcial 5
-Elevado índice de tabagistas e dislipidemicos
Media 20 parcial 3
Fonte: *Alta, média ou baixa ** Total dos pontos distribuídos até o máximo de 30 ***Total, parcial ou fora ****Ordenar considerando os três ítem
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2 JUSTIFICATIVA
O HA e o DM são doenças crônicas que exigem um cuidado permanente e
acompanhamento contínuo do indivíduo com relação à sua saúde. Por isso, é
necessário estimular o processo de participação do paciente na gestão do seu
cuidado e controle de forma ativa em colaboração com a equipe de saúde.
Dessa forma, pela alta incidência e prevalência da HAS e DM considerados
uma problemática na Unidade Básica de Saúde de Novo Horizonte, no município de
Vigia, Estado do Pará, então foi proposto este projeto que traz a ideia de aumentar o
conhecimento dos pacientes com HA e DM e melhorar a qualidade de vida.
Existem 454 hipertensos e 152 diabéticos, dos quais a maioria não apresenta
controle da doença e geralmente por dificuldades no autocuidado e por não terem os
conhecimentos suficientes sobre a sua doença, fatores de risco, tratamento e
complicações.
Esse desconhecimento com relação ao significado dessas doenças e como lidar
com elas, está muitas vezes associado a um sentimento de “negação” onde por
exemplo percebe-se que em um índice elevado de pacientes, em algum estágio de
suas vidas, houve o diagnóstico de hipertensão e/ou diabetes, e que após um mês
de tratamento devido a normalização dos níveis de pressão e glicemia, não
continuaram com a medicação, nem fizeram mais o acompanhamento porque
achavam que já estavam “curados”.
É muito importante educar esses pacientes para que façam o tratamento e
controle adequados para prevenir as complicações próprias destas duas doenças
como nefropatia diabética, pé diabético, sequelas de infarto cerebral, polineuropatia
periférica e outros que agravam o bem-estar do paciente e das suas famílias.
Por estas razões, foi necessário realizar este projeto de intervenção, para
explicar de forma fácil e didática, estes temas aos pacientes, levando em
consideração que muitos são idosos, com pouco conhecimento sobre sua doença e
precisam melhorar a sua saúde e, assim, ao mesmo tempo podem ser capazes de
transmitir esse aprendido à comunidade.
15
3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral
• Aumentar o nível de conhecimento sobre a hipertensão arterial e o diabetes
através de estratégias de educação em saúde na comunidade atendida pela eSF
Novo Horizonte, em Vigia, no Pará.
3.2 Objetivos específicos
• Capacitar os ACS e outros profissionais ligados ao atendimento dos pacientes com
hipertensos e diabéticos sobre estas doenças.
• Criar ações integradas de educação em saúde, comunicação e mobilização social
sobre a importância de mudar os estilos de vida na população hipertensa e diabética
• Estimular a participação ativa dos pacientes no controle da hipertensão e doenças
concomitantes através de palestras, encontros e oficinas sobre fatores de risco,
complicações e autocuidado da doença.
•Identificar o nível de conhecimento dos pacientes diabéticos sobre estilos de vida
saudável.
•Desenhar um programa de intervenção educativa.
•Avaliar a aplicação do programa de intervenção.
16
4 METODOLOGIA
A princípio, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca da hipertensão e
diabetes, a partir das consultas na Biblioteca Virtual em Saúde do Nescon e de
documentos disponíveis na Secretaria Municipal de Vigia, seguindo-se a isso foi
realizada a redação do texto baseada nas normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).
Foi identificado como favorável o cenário das intervenções educativas, que
está localizado na área de abrangência da eSF Novo Horizonte, onde foi utilizado
como espaço físico a sala de reuniões e outros espaços públicos como escolas,
casas, igrejas e áreas de lazer. Serão utilizados como recursos audiovisuais e
materiais, para facilitar o entendimento do tema de hipertensão e diabetes, a
televisão, DVD, computador, data show, folhetos, material ilustrativo, papel,
cadeiras, mesa, pincéis.
A população da intervenção foi constituída por 606 pacientes, sendo 454
hipertensos e 152 diabéticos. Deste total, fazem parte 95 pacientes hipertensos e
diabéticos (com as duas doenças no mesmo tempo) sendo 36 homens e 59
mulheres.
A equipe envolvida na aplicação prática do projeto de intervenção foi
composta por médico, enfermeira, auxiliares de enfermagem e os ACS envolvidos
no fortalecimento dos conhecimentos e os cuidados em saúde sobre a hipertensão e
diabetes com rodas de conversas, apresentação de vídeos, entrega de folhetos,
realização de caminhas pela saúde, café da manhã saudável e acompanhamento
mensal.
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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 A Política Nacional de Atenção Básica
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Família sua
estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica. Contudo
reconhece outras estratégias de organização da Atenção Básica nos territórios, que
devem seguir os princípios e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando
um processo progressivo e singular que considera e inclui as especificidades
locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de populações
específicas, itinerantes e dispersas, que também são de responsabilidade da equipe
enquanto estiverem no território, em consonância com a política de promoção da
equidade em saúde (Brasil, 2017).
A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e inserção
sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incorporar as ações de vigilância
em saúde - a qual constitui um processo contínuo e sistemático de coleta,
consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde
- além disso, visa o planejamento e a implementação de ações públicas para a
proteção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, agravos e
doenças, bem como para a promoção da saúde (ibidem).
5.2 Educação em saúde
Existem diversidades nos modelos de educação em saúde, sendo que todos
evidenciam um objetivo em comum, que é a mudança de hábitos, atitudes, e
comportamentos individuais, em grupos e no coletivo. Tal mudança de
comportamento está atrelada a aquisição de novos conhecimentos e adoção de
atitudes favoráveis à saúde como definido por Marcondes (apud Santos, 1988).
Com isso, a educação em saúde pode ser entendida como uma forma de
abordagem que, enquanto um processo amplo na educação, proporciona construir
um espaço muito importante na veiculação de novos conhecimentos e práticas
relacionadas (ibidem).
A educação em saúde tem como foco central, a promoção da saúde. A
educação do cliente tem como objetivo maior o seu engajamento para o
autocuidado, aderindo ao esquema terapêutico e preventivo, a fim de que ele atinja
o melhor nível de saúde, consequentemente, a melhor qualidade de vida possível
(Santos, 2002).
18
5.3 Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus
A hipertensão arterial é condição clínica multifatorial caracterizada por
elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Frequentemente a
hipertensão arterial está associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais
e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de
risco, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes
mellitus (DM). Mantém associação com eventos como morte súbita, acidente
vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença
arterial periférica e doença renal crônica fatal e não fatal (Malaquias, 2016).
No Brasil, hipertensão arterial atinge 32,5% (36 milhões) de adultos e mais de
60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por
doença cardiovascular (DCV). Junto com o DM, as suas complicações cardíacas,
renais e AVE têm impacto elevado na perda da produtividade do trabalho e da renda
familiar, estimada em US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015, sendo que em 2013
ocorreram 1.138.670 óbitos, 339.672 dos quais (29,8%) decorrentes de DCV, a
principal causa de morte no país (ibdem).
A DM é também um importante e crescente problema de saúde para todos os
países, independentemente do seu grau de desenvolvimento. Em 2015, a
Federação Internacional de Diabetes estimou que 8,8% da população mundial com
20 a 79 anos (415 milhões de pessoas) vivia com diabetes (Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes 2017-2018, 2017).
Presume-se que o número de pessoas com diabetes será superior a 642
milhões em 2040. Cerca de 75% são países em desenvolvimento, nos quais deverá
haver o maior aumento dos casos de diabetes nas próximas décadas (ibidem).
O aumento da prevalência do diabetes está associado a rápida urbanização,
transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida
sedentário, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento
populacional e, também, a maior sobrevida dos indivíduos com diabetes (ibidem).
Em 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e Ministério da Saúde,
estimou que 6,2% da população brasileira com 18 anos de idade ou mais referiu
diagnóstico médio de diabetes, sendo de 7,0% nas mulheres e de 5,4% nos
homens, com maior taxa de diabetes (9,6%) nos indivíduos sem instrução ou com
ensino fundamental incompleto (ibidem).
19
6 PLANO DE INTERVENÇÃO
Trata-se de um projeto de intervenção, a partir de observações da prática na
Atenção Básica no município de Vigia. A metodologia constitui-se na execução das
orientações vigentes na atenção primária da saúde, no Brasil, na modalidade de
atenção coletiva na eSF Novo Horizonte, município Vigia, estado Pará, desenhado
no período de dezembro de 2017 até dezembro de 2018.
Essa proposta refere-se ao problema priorizado “hipertensão e diabete”, para
o qual se registra uma descrição do problema selecionado, a explicação e a seleção
de seus nós críticos, a partir do método do Planejamento Estratégico Simplificado.
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo)
A ESF Novo Horizonte, em Vigia de Nazaré, tem 454 hipertensos e 152
diabéticos, onde se detectaram diferentes fatores de risco como hipercolesterolemia,
sedentarismo, obesidade, tabagismo, dieta inadequada, controle metabólico
deficiente e não cumprir o tratamento indicado. Depois de selecionado o problema
foi apontado como o maior problema que motiva esta intervenção a falta de
conhecimentos dos pacientes e da população geral em relação às doenças citadas,
além da baixa adesão ao tratamento e a alta taxa de complicações próprias destas
duas enfermidades.
6.2 Explicação do problema (quarto passo)
Verifica-se que existe um baixo nível de conhecimento sobre hipertensão
arterial e diabetes mellitus na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde
Novo Horizonte, no município de Vigia, Estado do Pará, então planejou-se como
possibilidades de melhorar a qualidade de vida abordar temas relacionados com
estas doenças, a fim de diminuir a sua alta incidência e prevalência.
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo)
1- Nível de conhecimento sobre fatores de risco associados.
2- Nível de conhecimento sobre a hipertensão e diabetes.
3-Nível de conhecimentos sobre as complicações da hipertensão e diabetes.
4-Nível de conhecimentos sobre os sintomas e sinais.
5-Nível de conhecimentos sobre complicações crônicas.
6-Nível de conhecimentos sobre o tratamento farmacológico e não
farmacológico.
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6.4 Desenho das operações (sexto passo)
Foram escolhidas as seguintes estratégias e ações.
-Inicialmente se organizou uma reunião de apresentação do projeto de
intervenção para a equipe de saúde, a fim de socializar os objetivos, metodologia e
resultados esperados. Organizou-se com a Coordenação da unidade de saúde uma
pauta para tratar da atenção ao hipertenso e diabético. Com a aceitação da equipe,
foi apresentado o cronograma com as atividades a serem desenvolvidas, prazos e
responsáveis, sendo importante o compartilhamento deste processo com a equipe
de saúde para o seu apoio no projeto.
-Após a apresentação do projeto à equipe, foi feito a apresentação do projeto
aos participantes da comunidade, e então a equipe fez o levantamento dos recursos
necessários para a plena execução do projeto.
-O projeto contou com uma capacitação destinada aos ACS e outros
profissionais ligados ao atendimento dos pacientes hipertensos e diabéticos, para
aprofundar seus conhecimentos sobre esta doença, fatores de risco, complicações e
os cuidados das mesmas. Isto fortaleceu a abordagem dos pacientes através das
atividades educativas, palestras, encontros e oficinas.
-A identificação dos pacientes e coleta de dados e registro de informações se
deu a partir dos dados de identificação, história clínica pregressa (alergias e/ ou
intolerâncias, hábitos de vida), tempo de evolução da doença, história familiar, perfil
psicossocial, estado nutricional, estado metabólico e presencia de complicações.
- Acompanhamento e avaliação clínica e metabólica dos participantes do
projeto incluindo as seguintes áreas de investigação, o conhecimento geral sobre o
diabetes mellitus e a hipertensão arterial, sintomas, prevenção e complicações. Na
avaliação foram realizadas as medidas antropométricas, controle de pressão e
glicemia capilar.
- Execução do Projeto intervenção educativo com estratégias em parceria
com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF).
- Apresentação do Projeto para sensibilizar o público alvo com palestras sobre
diabetes mellitus e estilo de vida saudável com uso de vídeos, dinâmicas e
atividades em grupos para discutir o tema.
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-Em cada aula se avaliou as necessidades existentes com sugestões de
melhorias construídas de forma coletiva e apresentadas aos responsáveis pela
realização dos procedimentos necessários para sanar os eventuais problemas
levantados.
- Os pacientes trabalharam ao longo do projeto comportamentos de
autocuidado, com enfoques variados: alimentação saudável, manter-se ativo, uso de
medicação, revisão de valores, encontrar soluções e reduzir os riscos de
complicações. Utilizaram-se diferentes técnicas como grupos dinâmicos, rodas de
conversa, além de apresentação de vídeos e entrega de folhetos.
- Durante a execução do projeto os pacientes foram convidados a comparecer
à unidade de saúde para realizar uma segunda avaliação do controle clínico-
metabólico (glicemia capilar) para estimativa de eficiência e eficácia do projeto.
- Avaliação e Monitoramento através de rodas de conversa e aplicação de
questionários com os pacientes para acompanhar a o grau de conhecimento dos
mesmos.
-Realização de reuniões em equipe para avaliar o projeto.
- A comunidade foi convidada a participar do projeto via convite direcionado
aos pacientes hipertensos e diabéticos enviado para cada residência, bem como
fixado no mural informativo no posto de saúde.
- Os ACS fizeram visitas domiciliares para reforçar a importância da
participação e continuação do projeto.
Quadro 2 – Operações sobre o “nó crítico 1” relacionado ao problema “Baixo nível de conhecimento sobre hipertensão arterial e diabetes mellitus”, na população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Novo Horizonte, do município Vigia, estado de Para. Nó crítico 1 Nível de conhecimento sobre a hipertensão e
o diabetes
Operação (operações) Estabelecer práticas de estratégias de ação
Projeto Melhorando o estilo de vida
Resultados esperados -Aumentar o nível de conhecimento -Reduzir o número de pessoas com fatores de risco. -Implantar ação de educação permanente em saúde para a equipe - Promoção de hábitos saudáveis -Promover a Prática Corporal/Atividade Física -Prevenção e controle do tabagismo
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Produtos esperados -Fortalecer o programa de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus - Realização de reuniões de avaliação em equipe sobre estes programas e os resultados
Recursos necessários -Estrutural: Profissional capacitado e com conhecimento para acompanhar a equipe -Cognitivo; Informação adequada sobre o estúdio e este tema -Financeiro: Recurso para impressão, para aplicação de questionários, avaliações, realização de palestras, -Político: Participação da comunidade da população
Recursos críticos -Estrutural: Posto de saúde, local adequado para a realização de palestras, computador, impressora, canetas, folhas em branco, mesas, cadeiras, televisão (equipamentos -Cognitivo: equipe de saúde, médicos especialistas na esfera, psicólogos, educadores físicos, nutricionistas -Político: Prefeitura Municipal -Financeiro: Secretaria Municipal de Saúde
Controle dos recursos críticos Secretaria Municipal de Saúde com boa motivação
Ações estratégicas Execução do Projeto Intervenção Educativa, Estratégia para formação / Planos de aula (Parceria da ESF e NASF): Apresentação do Projeto
Prazo 1 mês
Responsável (eis) pelo acompanhamento das ações
Equipe de Saúde
Processo de monitoramento e avaliação das ações
Acompanhamento formativo: -Serão realizadas rodas de conversa e aplicação de questionários com os pacientes para acompanhar a o grau de conhecimento dos mesmos. -Durante as palestras serão realizadas avaliações, antes e depois do curso para reavaliar a execução do projeto. - Realizar reuniões de avaliação em equipe. -A comunidade foi convidada a participar do projeto via convite, direcionado aos pacientes hipertensos e diabéticos, enviado para cada residência, bem como fixado no mural informativo nos postos de saúde da equipe. -Foram orientados os agentes comunitários de saúde à realizar visitas domiciliares para reforçar a importância da participação e continuação do projeto.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da educação ao paciente hipertenso e diabético é um aspecto
indiscutível para os conhecedores da matéria, e ao ser assistido em tal processo
educativo o usuário deve-se ter em conta as características gerais e clínicas dos
hipertensos e diabéticos e também o meio e contexto em que vivem.
Assim, com a efetividade desta intervenção educativa se obtiveram:
-Aumento dos conhecimentos sobre hipertensão e diabete e a melhora da
qualidade de vida.
-Compartilhamento de vivências e conhecimentos.
-Estimulo à equipe ao trabalho multidisciplinar.
-Capacitação do pessoal de saúde envolvido no projeto.
-Acompanhamento de um maior número de pacientes motivando as
mudanças de hábitos de vida (alimentação saudável, pratica sistemática de atividade
física, manter o peso ideal) e comportamentos com a finalidade de melhorar a
qualidade de vida da população atendida.
-Aumento do número de pacientes que tem fortalecido o controle da pressão
e a glicose como resultado da mudança no estilo de vida.
- Fortalecimento d programa de HIPERDIA.
-Criação de um plano de ação educacional para ensinar o cuidado destes
pacientes.
-Aumento da responsabilidade do paciente com o tratamento.
-Diminuição de complicações da HAS e DM, internamentos e mortalidade.
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REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a
Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a
organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018 / Organização José Egídio
Paulo de Oliveira, Renan Magalhães Montenegro Junior, Sérgio Vencio. -- São
Paulo: Editora Clannad, 2017.
MALACHIAS, Marcus Vinícius Bolívar et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão
Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 107, n. 3, supl. 3, p.
1-104, set. 2016.
Santos ZMSA, Silva RM. Hipertensão arterial - modelo de educação em saúde para
autocuidado. Fortaleza: Universidade de Fortaleza; 2002.