Gamboa 4
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III EPISTEDIV Colóquio de Pistet. Ed. Física
XVI ConbraceIII Conice
O debate da pós-modernidade: as teorias do conhecimento em jogo
Prof. Dr. Silvio Sánchez
Gamboa(Unicamp)[email protected]
“Para o espírito científico qualquer conhecimento é uma resposta a uma pergunta. Se não tem pergunta não pode ter conhecimento
científico. Nada se da tudo se constrói”. (G. Bachelard)
Introdução
• A necessidade de um debate tardio no campo da Educação e a Educação Física
• Para além dos modismos e dos ecletismos • Os desafios da qualidade• A necessidade das articulações lógicas na
produção do conhecimento• A tese da não neutralidade axiológica da pesquisa
científica
Tópicos 1. A compreensão conflitos
quantidade/qualidade e a crise dos paradigmas (visões de conjunto)
2. As mediações das teorias do conhecimento (pressupostos gnosiológicos)
3. As ontologias (concepções de realidade, visões de homem e sociedade)
4. Conclusões
A LÓGICA RECONSTITUÍDARelação dialética entre Pergunta [P][P] e Resposta [ R ][ R ]
P R 1. A CONSTRUÇÃO DA PERGUNTA.
Mundo da Necessidade Mundo da Necessidade ►► Problema Problema ►► Quadro de questões Quadro de questões ►► PerguntaPergunta2. A CONSTRUÇÃO DA RESPOSTA
Nível TécnicoNível Técnico Técnicas de coleta, organização sistematização e tratamento de dados e informações.
! !
Nível MetodológicoNível Metodológico Abordagem e processos da pesquisa: Formas de aproximação ao objeto [delimitação do todo, sua relação com as partes, [des]consideração dos contextos.
!!
Nível TeóricoNível Teórico Fenômenos Privilegiados, Núcleo Conceptual Básico, Autores e Clássicos Cultivados, Pretensões Críticas, Tipo de Mudança Proposta
! !
Nível EpistemológicoNível Epistemológico Concepção de Causalidade, de Validação da Prova Científica e de Ciência [Critérios de cientificidade].
!Pressupostos GnosiológicosPressupostos Gnosiológicos Maneiras de Abstrair, Generalizar, Conceituar, Classificar e
Formalizar, ou Maneiras de relacionar o sujeito e o objeto. Critérios de Construção do Objeto Científico.
! !
Pressupostos OntológicosPressupostos Ontológicos Concepção de História, de Homem, de Educação e Sociedade CONCEPÇÕES DE REALIDADE
[C O S M O V I S Ã O ]
Abordagem empírico analítica(experimentalismo, positivismo, funcionalismo, sistemismo)
• Sujeito ativo (controlador)• Objeto empírico
Totalidade delimitada• Dividido em partes
(variáveis ou fatores)• Contexto controlado ou
isolado• Método: do Todo para as
partes: analisar• Mediação controle técnico• Tempo “presente
conjuntural” Sincronia• Paradigma: Fotografia
S OMediação técnica (trabalho)
Entorno controlado
isolado
Agenda: objetividade
Abordagem Fenomenológico-Hermenéutica(Historicismo, fenomenologia, etnografia, estruturalismo)
• Sujeito:transcendental, intérprete• Objeto:Construído. • Totalidade: escondida a ser
recuperada, invariante “Noúmeno”.• Partes: variantes, manifestações,
Fenômenos• Contexto: cenário “locus”,
horizonte cultural. Interativo, dá sentido ao texto.
• Método: das partes para o todo no contexto: compreender
• Mediação da linguagem, busca do consenso intersubjetivo.
• Tempo “contexto”, Duração da exposição, Sincronia.
• Paradigma: Radiografia.
S OMediação da linguagem
Entorno: Contexto, cenário, interativo
Agenda: Subjetividade
Abordagem crítico-dialética(materialismo histórico, teorias críticas)
• Sujeito: concreto, socialmente construído, ativo, transformador.
• Objeto:Construído historicamente.• Totalidade: Síntese de múltiplas
determinações.• Partes: especificidades num todo.• Contexto: condições materiais
históricas, determinantes • Método: do todo sincrético para as
partes, destas para o todo compreensivo nas suas inter-relações. Historiográfico.
• Mediação da práxis transformadora (emancipadora)
• Tempo: devir, transformação Diacronia
• Paradigma: Roteiro, filme
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Mediação da práxis (poder)
Entorno: Condições históricas materiais
Agenda: concreticidade
Cp
Abordagens pós-modernas(Pós-estruturalismo, teorias pós-criticas, neo-pragmatismo)
• Sujeito: deslocado do textos • Objeto: O texto (separado do
referente, da realidade e do autor)• Totalidade: Não existe, ilusão
consoladora. Fragmentos, segmentos, migalhas.
• Partes: pequenas totalidades dispersas, desconexas, sem todo (rizomas).
• Contexto: cenários múltiplos, deslocados, virtuais
• Método: arqueologia das palavras• Mediação das linguagens• Tempo: presente ilimitado. Fim da
história. Acronia (Negação do tempo)• Paradigma: Polifonia, caleidoscópio
S
S S ss
OTexto
Mediação da linguagem
Entorno: Cenários múltiplos, virtuais
Agenda: desconstrução
Sánchez Gamboa S.
Giro lingüístico(linguist tur)
• Saussure, Barthes, Derridá, White e LaCapra, Foucault.
• A linguagem carece de toda referência à realidade (Saussure)• Não existe nada fora do texto (Barthes) • O texto não guarda relação com o mundo exterior, não faz referência à
realidade, nem depende de seu autor • O texto também deve ser liberado do autor (Foucault)• Não existe unidade entre a palavra (signifiant) e a coisa à qual se refere
(signifie) Existe um infinito leque de significados sem um sentido claro (Derridà).
• No texto as intenções do autor carecem de importância (White e La Capra)• A linguagem constitui em si mesma a única realidade existente, fundamentos
de todos os fenômenos sociais.• Sujeito: Homem desaparece como fator ativo e com ele a intencionalidade
humana como elemento criador de significado (pós-humano)• Objeto: o texto literário, histórico, científico (em si mesmo, sem o seu
referente original) •
Sánchez Gamboa S.
Reações ao giro linguístico (1)• “O giro hermenêutico” Gadamer (1995). Contra Derrida
defende que “a obra, literária, artística”nos diz algo atendendo a sua própria intenção”. “a palavra, a frase, o discurso nos remete ao autor e a suas intenções.
• Importância dos contextos na interpretação da linguagem, dado o caráter conversacional como “palavra falada”
• As circunstâncias determinantes presentes na conversação também estão em todo pensar
• em toda conversação as circunstâncias entre pergunta e resposta. “..qualquer manifestação deve se interpretar como resposta a uma pergunta, se é que ser quer chegar a compreender pelo menos aquela”.
Sánchez Gamboa S.
Reações ao giro lingüístico (2)• “O Giro pragmático” (Habermas e Apel) o giro hermenéutico
(Humboldt e Schleiermacher, Heidegger e Gadamer) apresenta outra versão do giro linguístico (wittgenstein, Derrida, Rorty). Tanto um como outro pretendem superar a filosofia mentalista (o significado está na mente) com a filosofia linguística (o significado está na linguagem), mas, “ignoram os aspectos pragmáticos do diálogo... lócus da racionalidade comunicativa” . “pragmática do significado”.
• Entretanto defendem o realismo (giro ontológico), já que “...o giro pragmático não deixa espaço para duvidar da existências de um mundo, independente das nossa descrições e comum para todos nós”.
• O mundo deveria se conceber como a totalidade dos objetos (ontologia), não dos fatos, os quais dependem da linguagem
Sánchez Gamboa S.
Reações ao giro linguístico (3)• “O giro ontológico” vertentes: • Escola de Budapeste. “Ontologia do ser social” Lukács,
Mészáros, Bhaskar. Para além da hermenêutica e a gnosiologia. • Escola de Prigogine. A inclusão do tempo como realidade
cosmológica (ontológica), além das nossas medidas (subjetivas), e integrando o devir ao ser. Stengers A superação da tensão das ciências objetivas (exatas) e sujetivas (crenças científicas) através da “ontologia”. A identidade da ciência está em discutir o quê é a realidade, o quê é o mundo.
• Maturana. Provando através da neurobiologia os problemas da percepção se depara com uma “objetividade-entre-parênteses”. Necessidade de discutir: a ontologia da explicação como condição para a constituição da observação, a ontologia da realidade, a ontologia da cognição e a ontologia do social e da ética. Estrutura e organismo.
2.3. A questão gnoseológicas
• A relação entre sujeito e objeto • A agenda objetivista (positivismo).• A agenda subjetivista (historicismo e
fenomenologia).• A dialética da relação (negação do objeto e o
sujeito) razão monológica.• A dialética compreensiva (marxismo, teorias
críticas) razão dialógica.• A negação dos sujeitos e dos contextos (giros
linguísticos e modernismos).
O conflito das primaziasAdaequatio rei et intellectus
• O sujeito• Contemplativo • Ativo• Centro (revolução
copernicana)• Negado• Construído
Socialmente• Desconstruído
• O Objeto• Centro (Ordem)• Dominado (controle)• Contruído (fenômeno)
• Negado• Transformado• O discurso sobre o
objeto (Giro lingüístico)
• A recuperação das ontologias
• Pressupostos ontológicos – os principais são: concepção de homem (máquina; sujeito, indivíduo, ser social que constrói a realidade), sociedade (estrutura funcional, dinâmica e contraditória), história (dado conjuntural; contexto; processo de desenvolvimento e superação das contradições e conflitos inerentes ao próprio fenômeno) e realidade.
• Concepção de realidade ou de mundo (cosmovisão) – pode ser determinada pela psicologia individual; classes sociais; valores dominantes.
• Concepção de espaço (delimitado, cenário,dinâmico).• Concepção de movimento (mecânico, ordem – desordem).• Concepção de tempo (sincrônico, diacrônico).
Ex: Concepção de Homem
• Os dualismo (corpo espírito).• A imbricância entre a natureza físico-
biológica (1a natureza) e a natureza social (2a natureza): ontologia do ser social.
• Educação e Educação Física: campos epistemológicos que se constituem nessa imbricância.
ConclusõesA necessidade da articulação lógica entre a
pergunta e a resposta.Na construção da resposta recompor os níveis de
articulação (das técnicas às ontologias).O imperativo ontológico do conhecimento : o
ponto de partida: O reino da necessidade, a vida concreta , a prática.
O Problema: Ponto de partida e chegada do processo de produção do conhecimento
• Desafios: A práxis: conhecer para transformar (do reino da necessidade, para o reino da liberdade).
Sánchez Gamboa S.
Referências• DERRIDA, J. El lenguaje y la instituciones filosóficas. Barcelona: Piados,
1995.• DERRIDA, J. Torres de Babel, Belo Horizonte: ed. UFMG 2002.• EAGLETON, T. Depois da teoria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2005. • GADAMER. El giro hermenéutico, Madrid: Cátedra, 1995.• HABERMAS, J. Verdad e justificación. Madrid: Trotta, 2002.HABERMAS, J. La ética del discurso y la cuestión de la verdad. Buenos
Aires: Paidós, 2006.• LUKÁCS, G. Introdução a uma estética marxista, Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1978.• MATURANA. H. Ontologia da realidade. Belo Horizonte : Ed UFMG,
1997.• Mészáros, I. Filosofia, ideologia e ciência social, São Paulo: Ensaio, 1993.• PRIGOGINE, I.; STENGERS, I. Entre el tiempo y la eternidad. Buenos
Aires: Alianza, 1998.• STENGERS, I A Invenção das ciências modernas. São Paulo: Ed 34,
2002.
Referências 2• BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (org.). Pierre Bourdieu:
sociologia. São Paulo: Ática, 1983.• HABERMAS, J (1983). Conhecimento e Interesse. In: Os Pensadores. São Paulo:
Abril Cultural, pp.278-312.• JAPIASSU, N (1979). Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro:
Francisco.• SÁNCHEZ GAMBOA, S (1987). Epistemologia da Pesquisa em Educação.
Campinas, SP: UNICAMP, Tese de Doutorado em Educação.• SÁNCHEZ GAMBOA, S. A (1989) Dialética na Pesquisa em Educação: elementos
de Contexto. In: FAZENDA, I., (Org), Metodologia da Pesquisa Educacional, São Paulo, Cortez.
• SÁNCHEZ GAMBOA, S (1996). Epistemologia da pesquisa em educação. Campinas: Práxis, Disponível em www. geocities.com/grupoespisteduc. Acesso 10/09/2007.
• SÁNCHEZ GAMBOA, S.; Santos Filho, J. C (1997). Investigación Educativa: cantidad cualidad. Santafé de Bogotá, Colección Mesa Redonda, Cooperativa Editorial Megisterio.