Gazeta rural nº 209

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www.gazetarural.com MIRTILO Campo Experimental em Sever de Vouga Director: José Luís Araújo | N.º 209 | 15 de Setembro de 2013 | Preço 2,00 Euros

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O Campo Experimental de Pequenos Frutos, em Sever do Vouga, está em destaque na edição de 15 de Setembro da Gazeta Rural, onde merecem referência especial a ExpoDemo, em Moimenta da Beira, a Feira das Colheitas, em Arouca, o ‘assalto’ dos Vinhos de Trás-os-Montes ao Brasil, a reportagem fotográfica da Feira do Vinho do Dão em Nelas ou os efeitos dos incêndios na saúde pública.

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MIRTILOCampo Experimental

em Sever de Vouga

Director: José Luís Araújo | N.º 209 | 15 de Setembro de 2013 | Preço 2,00 Euros

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Moimenta da Beira Expodemo de 20 a 22 de Setembro

A maçã será o tema central da Expodemo, certame de actividades económicas do concelho de Moimenta da Beira, que decorrerá de 20 a 22 de Setembro, que quer afirmar-se “como uma feira que, em ter-mos regionais, promova um conjunto de produtos onde somos muito bons em termos nacionais”.

Sever de Vouga Campo Experimental de Pequenos Frutos

Foi inaugurado o Campo Experimental de Pequenos Frutos, em Sever do Vouga, uma iniciativa da Associa-ção para a Gestão, Inovação e Modernização do Centro Urbano de Sever do Vouga (AGIM), que visa aumentar o conhecimento técnico-científico na fileira dos peque-nos frutos, com particular destaque para a cultura do mirtilo.

AveiroFumo dos incêndios tem partículas cancerígenas

O fumo proveniente dos incêndios florestais é altamente perigoso para a saúde pública. O alerta do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA) aponta para os malefí-cios da mistura de gases e partículas emitida pelos incêndios.

Nelas - Centro Interpretativo do DãoVai chamar-se “Nelas Wine & Culture – Lusovini by Pedra Cance-

la” e será o Centro Interpretativo da Vinha e do Vinho do Dão, que terá como função divulgar a região e o seu vinho, assumindo-se como referência do enoturismo do Dão.

Arouca - Feira das ColheitasAs ruas de Arouca vai voltam a encher-se de visitantes, atraídos

pela Feira das Colheiras, que ocorre de 26 a 29 de Setembro, onde as gentes da terra celebram o fim da jornada, que culminou com o fruto do seu trabalho arrumado.

Guarda - CVR Beira Interior tem nova sede Foi assinado entre a Câmara da Guarda e a Comissão Vitivinícola

Regional da Beira Interior (CVRBI) o contrato de cedência do edifício dos antigos Paços do Concelho, na Praça Velha, que permitirá a ins-talação dos serviços da CVRBI até do final do ano.

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Vila Pouca de Aguiar Feira das Cebolas

O centro de Vila Pouca de Aguiar transforma-se a 25 de Setembro numa “mega feira”, onde estarão à venda 25 toneladas de cebolas, produzidas por 40 agricultores.

Valpaços Vinhos de Trás-os-Montes à conquista do Brasil

A Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM), com sede em Valpaços, fez mais uma incursão por terras de Vera Cruz, no sentido de divulgar e promover os vinhos daquela região. Depois de um primeiro ‘assalto’ ao Rio de Janeiro e S. Paulo, desta vez a op-ção recaiu no Recife e Rio de Janeiro.

 

 

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De 20 a 22 de Setembro

EXPODEMO mostra o melhor do concelho de Moimenta da Beira

A maçã será o tema central da Expode-mo, certame de actividades económicas do concelho de Moimenta da Beira, que decorrerá de 20 a 22 de Setembro, que quer afirmar-se “como uma feira que, em termos regionais, promova um conjunto de produtos onde somos muito bons em termos nacionais”. A afirmação é de José Eduardo Ferreira, presidente da Câmara de Moimenta da Beira, lembrando que no concelho se produz metade da produção nacional de maçã, considerando impor-tante “impulsionar a sua produção e me-lhorar a sua comercialização”.

Serão três dias cheios de animação com bandas de música alternativa, espectácu-los multimédia, teatro de rua com fadistas, actores e grupos locais numa coreografia em torno da obra de Aquilino Ribeiro e das

gentes de Moimenta da Beira; encenações de apologia à maçã, a marca e âncora da Expodemo; ilusionistas, uma mulher-está-tua, um chef de cozinha, Djs e, no domin-go, 22 de Setembro, dia grande com a TVI em directo do palco principal do certame a transmitir o “Somos Portugal” durante seis horas seguidas, das 14 às 20 horas.

O programa inclui ainda umas jornadas agro-frutícolas, um festival de acordeão, concurso de maçã e de vídeo amador, duas exposições de pintura, uma delas com a obra do mestre José Rodrigues, e outra de Maria Teresa Bondoso, um parque infantil e quase uma centena de expositores a lota-rem o recinto da Expodemo.

“Queremos que a Expodemo se consti-tua como uma montra nacional das nossas actividades económicas”

Gazeta Rural (GR): O que repre-senta a Expodemo para o concelho?

José Eduardo Ferreira (JEF): A Ex-podemo vai começar a afirmar-se como uma feira que, em termos regionais, pro-mova um conjunto de produtos onde so-mos muito bons em termos nacionais. Isto é: Moimenta da Beira e a região têm pro-dutos nos quais somos lideres nacionais, e é preciso que, através da Expodemo e de outras iniciativas, o país saiba da qua-lidade dos nossos produtos, das quanti-dades que produzimos e da necessidade que há de continuar a apostar neles.

A Expodemo é, por um lado, uma mos-tra regional, mas é uma montra nacional. Queremos que este certame se constitua como uma montra nacional das nossas actividades económicas, dos nossos ser-viços e dos nossos produtos. É por isso que temos neste evento uma amostra global das actividades da região, mas centrada na maçã, porque Moimenta da Beira é, por ventura, o concelho do país que tem as melhores maçãs e é, também, dos que mais produz.

A região de Moimenta produz 100 mil toneladas de maçã por ano, o que signi-fica metade da produção nacional. Ora, num sector que ainda é deficitário, - im-portamos metade da maçã que consumi-mos -, não há nenhuma razão para não impulsionarmos a sua produção e não melhorarmos a sua comercialização, e isso faz-se, também, através da Expode-mo.

GR: O que mais destacaria neste certame?

JEF: O que aqui mais se destaca é a mistura entre os nossos melhores pro-dutos e a cultura. A Expodemo é uma exposição que tem os melhores produ-tos, como a maçã, o granito, o mel, os enchidos, os vinhos, os espumantes, e vai caldeando isso com actividades culturais.

Temos exposições, teatro, música e um conjunto de actividades, que sendo culturais, as associamos aos produtos. A Expodemo quer manter este registo, de ser uma exposição de produtos, onde também há cultura.

O que nos distingue é aliar a cultura a esses produtos de qualidade.

GR: No sector primário, o que gostaria de ter feito e não conseguiu concretizar?

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JEF: O nosso sector primário tem que ser a base do nosso de-senvolvimento. Tempos houve em que as pessoas quase se enver-gonhavam de dizer que tinham agricultura no concelho, ou que se desenvolviam a partir deste sector. Os tempos mudaram com-pletamente e não sei se alguma vez foram benéficos.

Temos que nos desenvolver a partir da nossa agricultura e à medida que progredimos vamos criando necessidades. Neste mo-mento, temos muita necessidade de represar água para regar os pomares, exactamente porque temos aumentado muito a nossa capacidade de produção, quer por hectare, quer de área plan-tada. Gostava de ter conseguido neste mandato represar água para rega. Isso não foi possível, mas espero vir a fazê-lo.

Outra coisa que gostava de ter feito mais era investimento nas acessibilidades agrícolas, que são muito importantes para as pes-soas circularem com facilidade para as suas propriedades.

Os nossos pomares são as nos-sas fábricas e não se pode admitir que não tenham acessibilidades condignas. Aliás, não se admitiria, no resto do país, que as pessoas fossem para as fábricas por cami-nhos esburacados.

Neste mandato fizemos um conjunto de pavimentações que melhorou um bocadinho, mas se me pergunta o que gostaria de ter feito mais, era isso.

Já agora, também não é com-preensível, que o Estado não aposte nada nestas acessibilida-des locais. Espero, todavia, que no futuro isso possa mudar. Da nossa parte haverá um maior investi-mento nessa área.

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Feira das ColheitasDIA 28 - Sábado

08:00 - Feira Tradicional Espaço da Feira Quinzenal09:30 – Torneio Interassociações de Jogos Tradicionais Cerca do Mosteiro14:30 – Passeio Colheitas BTT 2013 (Org.: BTT AROUCA) Local de Concentração: Praceta das Laranjeiras 15:00 - Concerto pelas Bandas Musicais de Arouca e de Alvarenga Praça Brandão de Vasconcelos (Palco 1)15:00 – Chega de Carneiros (Coorganização da Cooperativa Agrícola de Arouca) Espaço Anexo à Rotunda do Agricultor 15:30 – Chega de bois (Coorganização da Cooperativa Agrícola de Arouca) Espaço Anexo à Rotunda do Agricultor 21:30 - Concerto pelas Bandas Musicais de Arouca e de Figueiredo Praça Brandão de Vasconcelos (Palco 1)22:00 - Desfolhada, seguida de Baile com os “FINFAS DE NESPEREIRA” Cerca do Mosteiro de Arouca 22:00 – Espectáculo de Rua “O Sonho” pelo Teatro Experimental de Arouca Parque Municipal23:00 - Concerto: OS AZEITONAS Terreiro Santa Mafalda (Palco 2)00:35 – Espectáculo Piromusical Junto ao Edifício dos Paços do Concelho

DIA 29 - Domingo

11:15 - Missa (Org.: Cooperativa Agrícola de Arouca) Igreja do Mosteiro de Arouca14:00 às 20:00 – Programa da SIC em Directo “Portugal em Festa” Terreiro de Santa Mafalda15:00 – Desfile Etnográfico com Carros de Bois e Cortejo de Açafates Ruas Centrais da Vila15:30 - Actuação de Ranchos Folclóricos: - Infantil da A.C.R. de Mansores - Casa do Povo de Alvarenga - Provisende - As Lavradeiras de Canelas - As Lavradeiras de Mosteiro Praça Brandão de Vasconcelos (Palco 1)21:30 - Desfile e Actuação de Ranchos Folclóricos: - Casa do Povo de Arouca - Etnográfico de Moldes - Lourosa de Matos - Fermêdo e Mato - Infantil da Casa do Povo de Arouca Praça Brandão de Vasconcelos (Palco 1)00:00 - Sessão de Fogo de Artifício Junto ao Edifício dos Paços do Concelho

Programa

DIA 26 - Quinta-feira09:30 - Concurso Nacional da Raça Arouquesa (Coorganização da Cooperativa Agrí-cola de Arouca)Espaço Anexo à Rotunda do Agricultor A partir das 16 horas, abertura:

- Feira das Actividades Tradicionais de Arouca – Avenida 25 de Abril- Feira dos Produtos Regionais – Avenida 25 de Abril- Feira de Artesanato Internacional – Rua do Mercado- Feira de Artesanato da Entidade Regional de Turismo Porto e Norte – Alameda D.

Domingos de Pinho Brandão-Tasquinhas – Parque Municipal- Feira dos Produtos do Campo – Frente ao Parque Municipal- Exposição de Pintura “Para Além da Medicina”- Biblioteca Municipal- Exposição de Fotografia “Feira das Colheitas – Retrospectiva Fotográfica” – Museu

Municipal- Exposição de Escultura “Para Além da Medicina” – Museu Municipal- Exposição de Máquinas Agrícolas – Frente ao Museu Municipal - Vivências Agrícolas – Cerca do Mosteiro de Arouca - Exposição de Gado – Cerca do Mosteiro de Arouca - Exposição das Actividades Económicas – Pavilhão da Escola Secundária de Arouca

(Coorganização da AECA)16:00 – Desfile de Gado Ruas da Vila22:00 – Concerto: QUIM BARREIROS Praça Brandão de Vasconcelos (Palco 1) DIA 27 - Sexta-feira

12:30 – Almoço-Convívio entre os Sócios da Cooperativa Agrícola de Arouca, com Dis-tribuição dos Prémios dos Diversos Concursos (Org.: Cooperativa Agrícola de Arouca) Restaurante Local 15:00 – Concurso da Broa “A Melhor Broa Caseira 2013” Cerca do Mosteiro de Arouca16:00 – Encontro de Empreendedorismo “Colher Empreendedores” Org.: GIP de Arouca Pavilhão da Escola Secundária de Arouca18:00 – Concurso/Prova do Vinho Verde de Arouca Pátio Interior do Mosteiro de Arouca21:00 – Encontro de Concertinas Praça de Brandão de Vasconcelos (Palco 1)22:00 – Concerto de Música Tradicional: RONDA DOS QUATRO CAMINHOS com a Participação Especial do Cultural, Recreativo e Desportivo de Santa Maria do Monte e do Grupo Etnográfico de Moldes de Danças e Corais Arouquenses Terreiro de Santa Mafalda (Palco 2)23:00 – CANTARES AO DESAFIO – Com o Duo Adília Ribeiro e Américo Silva Com o Duo Maria do Carmo e Domingos Soalheira Praça Brandão de Vasconcelos (Palco 1)

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De 26 a 29 de Setembro

Arouca sai à rua para a Feira das Colheitas

“A Feira das Colheitas é a celebração da vida”

Arouca volta a sair à rua para celebrar a colheita. Chega ao fim o ciclo iniciado com a semente lançada à terra, que foi ger-minando, cuidada pelo agricultor. A planta cresceu, floresceu, deu fruto. A Feira das Colheitas é isto mesmo: a celebração da vida.

Saímos à rua, revemos rostos que, muitas vezes, só nesta altura é possível reencontrar. Convivemos como se todos esti-véssemos em casa, porque nós arouquenses vivemos esta festa assim. A Feira das Colheitas é algo nosso, que traduz bem a nos-sa identidade. Que transmite bem a mensagem de que, apesar das contrariedades, apesar das dificuldades, podemos dar uma resposta positiva, e responder à altura.

Quando, há quase 70 anos, em plena II Guerra Mundial, Arou-ca via os seus campos abandonados, a sua etnografia quase esquecida e a sua população a braços com uma crise como

nunca havia vivido, o Grémio da Lavoura, na pessoa do seu presi-dente, António de Almeida Brandão, tomou a dianteira, e avançou com este certame, que rapidamente fez com que os campos vol-tassem a dar vida a este ciclo, da semente à colheita.

Hoje, voltamos a sentir esse fantasma da crise, mas este exem-plo, com 70 anos de vida, faz-nos perceber que há vida para além dessa crise, que há respostas firmes que podemos dar, se para isso estivermos disponíveis. A Feira das Colheitas é a prova viva de que é possível prosperar, juntando esforços e estabelecendo um objectivo comum. É isso que celebramos, esse espírito empreen-dedor, inovador, de preservação da nossa identidade que sempre nos caracterizou.

O tecido económico, a inovação, o turismo voltam a dar a co-nhecer os seus projectos e actividades, na exposição das activida-des económicas. O artesanato, cada vez com mais expressividade e qualidade, volta a surpreender. Os produtos do campo voltam a colorir as bancas. A cerca do Mosteiro faz-nos reviver as vivên-cias agrícolas de outrora, mostrando-nos o quanto a agricultura mudou para melhor. Voltam a música, as delícias gastronómicas. É tempo de festa. Festa que só é possível graças ao esforço e de-dicação de uma equipa a quem me cabe agradecer e enaltecer o excelente trabalho. Festa que só é possível porque também você nos visita, porque também você vem à rua, porque também você vem tomar parte na festa, visitando as exposições, assistindo aos concertos, provando os petiscos.

Agradeço a todos por tornarem esta festa possível. Creio que, todos, ao vivermos a Feira das Colheitas em pleno, honramos Arouca e honramos a memória dos nossos antepassados, que nos deixaram esta mensagem bem clara de que é possível ultrapassar a crise.

Bem-vindos a Arouca, bem-vindos à Feira das Colheitas.

José Artur Neves, Presidente da Câmara de Arouca

As ruas de Arouca vai voltam a en-cher-se de visitantes, atraídos pela Feira das Colheiras, onde as gentes da terra celebram o fim da jornada, que culminou com o fruto do seu trabalho arrumado.

Depois de a semente ter sido lançada à terra, os campos voltaram a ficar ver-dejantes, e com mais ou menos chuva, com mais ou menos sol, os frutos foram pontuando a vasta paisagem agrícola de Arouca. Agora é tempo de festejar o fim de um ciclo de vida. Tempo de reen-contros. Arouca volta a sair à rua para dar vida à Feira das Colheitas.

De 26 a 29 de Setembro a festa é feita à mesa, com o sabor do arouquês bem presente e com a doçaria conven-tual como sobremesa. Depois, os moti-vos para a boa disposição não faltam, com exposições, concertos, feiras e, claro, o folclore e a etnografia sempre presentes.

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Foi inaugurado o Campo Experimental de Pequenos Frutos, em Sever do Vouga, uma iniciativa da Associação para a Gestão, Inovação e Modernização do Centro Urbano de Sever do Vouga (AGIM), que visa aumentar o conhecimento técnico-científico na fileira dos pequenos frutos, com particular destaque para a cultura do mirtilo.

Localizado na vila de Sever do Vouga, o campo é composto por uma área de cerca de seis mil metros quadrados, onde, para já, estão plantados mirtilos e groselha em vaso, mas em breve irá acolher também variedades de groselha, amora, framboesa e mo-rango em cultura protegida.

O Campo Experimental de Pequenos Frutos resulta da aposta que a AGIM se encontra a efectuar no incremento do conheci-mento técnico e de inovação para a fileira dos pequenos frutos em Portugal e cujo investimento roda os 68 mil euros, financiados em 40% pelo Programa de Desenvolvimento Rural (ProDeR). Os restantes 60% são da responsabilidade da AGIM, sendo que os terrenos onde este projecto está instalado são cedidos em regime de comodato pela Câmara de Sever do Vouga, que os adquiriu por 84 mil euros. O Campo Experimental conta com a parceria do Ins-tituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e de várias empresas do sector.

Os objectivos gerais deste Campo Experimental passam por contribuir para o aumento da produtividade e da qualidade dos pequenos frutos a nível nacional. Desta forma, serão realizados ensaios experimentais em matérias de controlo de variedades (estados fenológicos, produção, época de colheita, campanhas, etc.), fertilização, rega, produção ao ar livre e sob coberto, produ-ção em solo e em vaso e controlo das pragas e doenças.

Além de ser um instrumento de investigação e desenvolvimento da fileira dos pequenos frutos em Portugal, a AGIM entende que o Campo será fundamental para a produção de conhecimento nes-ta área, com particular destaque para o mirtilo, e irá permitir que a AGIM se posicione como instituição de referência a nível nacional na fileira dos pequenos frutos.

Com a entrada em funcionamento deste Campo Experimental, a AGIM dá mais um passo para se afirmar como entidade que pre-tende abranger e defender os interesses socioprofissionais de to-dos os intervenientes da fileira dos pequenos frutos em Portugal, sejam eles produtores, técnicos ou organizações de comerciali-zação.

“Tínhamos que criar este campo experimental”

O presidente da Câmara de Sever do Vouga entende que para “liderar o cluster dos pequenos frutos e afirmar Sever do Vouga como Capital do Mirtilo, tínhamos que criar este campo experi-mental”, afirmou Manuel Soares.

Para o edil, e também presidente da AGIM; “não vale a pena andar a incentivar os produtores a produzir mirtilo se depois não temos nada para fazer investigação, inovação, aumento de pro-dutividade e melhoria do conhecimento. Queremos, por isso, que este campo experimental, em parceria com o INIAVE, seja um cen-tro de investigação e conhecimento na área dos pequenos frutos, nomeadamente no mirtilo”.

Melhorar os sistemas de poda, de rega, de fertilização, aumen-tar a produção, torná-la mais competitiva e com capacidade de inovação, como correu já noutros países, são os objectivos do

Com cerca de uma centena de produtores presentes

AGIM inaugurou Campo Experimental de Pequenos Frutos

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centro. Para Manuel Soares, “temos que copiar os melhores mo-delos e trazer valor acrescentado”.

O autarca de Sever do Vouga defende que a AGIM deve assumir um papel mais activo na fileira, admitindo que “possa vir a assu-mir-se como uma organização de produtores (OP)”. Os apelos à união dos produtores têm vindo de diversos lados e Manuel Soa-res alerta para essa necessidade. “Têm que se organizar e criar uma OP para poderem concorrer às verbas do novo quadro co-munitário de apoio”, diz o presidente da AGIM, admitindo, porém, “que não é fácil”, mas “terá que ser esse o caminho e isso anda a ser dito, há algum tempo. Temos que ir por aí. Há que organizar os produtores, sem isso o caminho fica mais curto e não consegui-mos ser competitivos”.

A explicação para este desinteresse resulta do facto de “ain-da venderem o fruto sem dificuldade”, mas “quando, no próximo quadro comunitário, não poderem concorrer a alguns fundos, que só serão disponibilizados a OPs ou a quem faça parte dela, come-çam a perceber que só unidos serão mais fortes e irão mais lon-ge”, alerta aquele responsável, lembrando que “com o aumento da produção, a oferta é maior e se não forem competitivos ficam para trás”.

“O ano foi bom, com uma procura muito superior à ofer-ta disponível de produto, nomeadamente para exporta-ção”

Sofia Freitas estava satisfeita com a adesão à iniciativa. “Tive-mos cerca de uma centena de pessoas na apresentação daquilo que pretendemos seja este campo experimental”. A inauguração contou com a presença do director científico do campo, Dr. Pe-dro Vaz de Oliveira, para além de uma visita onde foi explicado, de forma pormenorizada, todo processo, desde a instalação à preparação do terreno, a compra das plantas, as variedades, os compassos, o tipo de fertilização, o tipo de matéria organiza e sua colocação, a produção em túnel, vaso e ao ar livre, a colocação de redes antipássaros. “Mostrámos um conjunto de técnicas apli-cadas no terreno, para o produtor ou potencial produtor possa perceber a sua funcionalidade e as vantagens e desvantagem, para que no futuro melhor possa decidir”, referiu a Coordenadora da AGIM.

Com dois meses de instalação, ainda não há conclusões a tirar. Todavia, Sofia Freitas diz que

Irão ser feitos registos “para que dentro de algum tempo pos-

samos perceber a evolução do campo e o estado fenológico da planta, para possamos emitir informação de natureza técnica que seja útil ao produtor”.

Na campanha que terminou recentemente trouxe alguns pro-blemas. “Com as chuvas tardias houve fruto que apodreceu, em estado da maturação (ganhou botritis) e daí resultaram algumas perdas de produção”, salientou Sofia Freitas. Mas se este foi um aspecto negativo, o lado positivo foi a comercialização, uma vez que a procura foi muita, nomeadamente no mercado externo. “O ano foi bom, com uma procura muito superior à oferta dis-ponível de produto, nomeadamente para exportação, em Junho e parte de Julho”, frisou a responsável, salientando que países como a Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, Rússia e Polónia, entre outros, “mostraram muito interesse no fruto nacional, por causa da nossa janela de produção”. Para além disso, o merca-do nacional “tem-se mostrado muito dinâmico e o consumidor nacional já começa a mostrar maior apetência para o consu-mo de pequenos frutos, especialmente o mirtilo. As perspecti-vas são muito boas, pelo que a comercialização não deve ser uma preocupação, pelo menos nos próximos cinco a seis anos”, refere Sofia Freitas, lembrando que “têm é que haver capacida-de organizativa para se conseguir ganhar escala, produzir com qualidade e exportar em quantidade”.

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Restaurante e Hotel Rural no ambiente tranquilo da Serra da Estrela

Quinta Madre de Água é um refúgio ... com bons vinhos

Situado a cinco minutos de Gouveia, junto à aldeia de Vinhó, e a pouco mais de 20 quilómetros da Torre, na Serra da Estrela, a Quinta Madre de Água é um conceito orientado para a agricultura e agropecuária, a que se junta um Hotel Rural, onde os visitantes podem des-frutar de um ambiente tranquilo, ou um restaurante onde se pode apreciar a gastronomia, que tem por base os pro-dutos da quinta, acompanhada pelos vinhos ali produzidos.

Vítor Hugo Mendes, responsável pela Quinta, explica como a mesma funcio-na tendo em conta as actividades que realiza, mas também a ????

Gazeta Rural (GR): Que conceito oferece a Quinta Madre de Água?

Vítor Hugo Mendes (VHM): A Quinta Madre de Água é um empreen-dimento com core business orientado para a agricultura e agropecuária, que obviamente combina muito bem com um Hotel Rural. Os produtos Madre de Água são produzidos com a maior in-tervenção humana - não descorando as vantagens e eficiência da tecnolo-gia -, de alta qualidade, destinados a consumidores informados e que vêm na qualidade a satisfação das suas ne-cessidades.

A alimentação fornecida aos nossos

animais é seleccionada e a sua ex-ploração extensiva permitindo que os animais vivam sem stress e tenham uma vida o mais saudável possível. Desta forma teremos a melhor ma-téria-prima e, consequentemente, o melhor produto final. O responsá-vel pelo sector agropecuário é Jorge Lima, com mais de 30 anos de expe-riência com o gado ovino e caprino, que tem à sua responsabilidade 300 ovelhas, 50 cabras, 7 cavalos e várias dezenas de cães. A quinta também tem um papel na solidariedade ani-mal.

Já na exploração agrícola, a Quinta Madre de Água dispõe de uma equipa permanente, chefiada por um Enge-nheiro/Enólogo, que acompanha o desenvolvimento das vinhas, olival e horta biológica de forma cuidada e pormenorizada.

GR: Qual a reacção dos hospedes, quando no mesmo local lhe oferecem paisagem, natureza, vinhos, ovinicul-tura…?

VHM: O feedback que temos é extremamente positivo. Todos os hóspedes mostram um interesse extraordinário em participar e/ou observar nas actividades agrícolas e agropecuárias. Experiências como a par-

ticipação na vindima, apanha a azeitona, poda, apanha da cereja, apanha da maçã e pera, ordenha, a tosquia, o assistir ao nas-cimento de um borrego, o contacto com os animais, as perguntas umas vezes ingénuas outras pertinentes mostram que existe um segmento da nossa sociedade preocupado e interessado neste sector económico. Es-tas pessoas procuram, de facto, perceber o espírito com que nós trabalhamos e têm a possibilidade de conhecer in loco os pro-dutos que lhes são servidos no nosso res-taurante e que também podem comprar.

GR: Como tem corrido o projecto?VHM: O projecto está numa fase muito

embrionária, os nossos vinhos são novos mas já conseguimos perceber a reacção dos clientes, pois alguns já estão disponí-veis para venda e consumo no nosso res-taurante. O facto dos nossos vinhos serem os mais consumidos no nosso restaurante e vendidos para clientes que os querem le-var no regresso a casa, leva-nos a crer que num futuro próximo estaremos ao nível das melhores quintas do país. O esforço dos proprietários, Maria de Lurdes Perfeito e Luís Gonçalves, numa conjuntura tão difícil como a que atravessamos, mostra o sério o empenho no projecto, sempre dedicados e com uma alta exigência em todos os de-partamentos do empreendimento.

Os queijos e requeijão são de uma quali-

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dade fabulosa e em Setembro de 2014 vamos inaugurar uma queijaria de última geração tecnológica, com sala de visitas participativas e sala de degustação.

De seguida vamos arrancar com as obras da adega na Quinta da Caramuja, - uma das 4 quintas, Quinta Madre de Água, Quinta de Santo António, Quinta da Regada e Quinta da Caramuja -, pois de momento a nossa adega situa-se em Penalva do Castelo.

A nova adega foi desenhada para poder receber vi-sitas, terá uma taberna (sala de provas), uma mercea-ria (para compra de produtos da quinta) e, claro, será um local onde os nossos clientes vão poder perceber o espírito de trabalho e dedicação do Projecto Madre e Água.

Esta adega será parte integrante de outro novo pro-jecto, que para já vai ficar em segredo!

GR: No que concerne aos vinhos, como tem decorri-do o projecto?

VHM: Os vinhos, como já foi referido, são extrema-mente novos, mas motiva-nos os prémios que temos recebido da CVR do Dão (Medalha de prata - Vinha 2011 e Ouro - Blend tinto 2012).

Para além dos prémios, a maior recompensa é perce-ber a apreciação dos nossos clientes, que para além de o terem como escolha principal no nosso restaurante, são comprados para consumo doméstico. A partir do primeiro trimestre de 2014 estaremos certamente com um maior leque de ofertas no que diz respeito aos vi-nhos.

GR: São apenas para consumo na quinta ou têm marca para o mercado?

VHM: Como já foi referido, os vinhos neste momento são consumidos essencialmente no nosso restaurante e a venda feita aos clientes do hotel/restaurante.

Apesar disso, e quando os vinhos estiverem em ponto óptimo, pretendemos alcançar mercados como o Brasil, Angola, França, Estados Unidos, China, japão e Países Nórdicos.

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A iniciativa da Espaço Visual e a Naturalfa

Visita mostrou bons exemplos de produção de “Maça da Beira Alta“

José Martino (JM): Pretendemos mostrar o que existe de melhor na pro-dução de maçã na região e nos país e que isso sirva de exemplo para elevar o nível tecnológico, organizativo e em-presarial de quem está ou se quer dedi-car a esta actividade.

Só vendo bons modelos é que se po-dem fazer boas coisas. Com isto quere-mos provar que pode fazer muito bem em Portugal, com excelentes resulta-dos, quer em termos de produtividade, quer de ganhos económicos e financei-ros.

GR: Em que patamar estamos?JM: Nestas explorações estamos

bem. A média do país face a outros não é famosa, mas as explorações que vi-sitámos prova que temos matéria para evoluir no bom sentido.

GR: O que nos falta para atingir pro-duções de 60 a 70 toneladas por hec-tare?

JM: Falta fazer as coisas bem e traba-lhar. No fundo, é preciso conhecimento, organização e trabalho. São os três pi-lares fundamentais.

GR: Tem levado produtores nacionais a visitar explorações, nomeadamente

na área dos pequenos frutos, na Holanda e nos Estados Unidos. O que trouxe de lá?

JM: No fundo é o mesmo que fizemos com esta visita. Vimos o que lá se faz de melhor e depois é aplicar cá a mesma tecnologia, com as adaptações respecti-vas. O caminho é esse. Temos que apren-der com quem vai à nossa frente e depois temos que andar e queimar etapas, Não vale a pena cometermos os mesmos er-ros. Temos ser inteligentes, ver o que os outros fizeram, para mais rapidamente estarmos na linha da frente.

GR: Como podemos queimar essas etapas com os constrangimentos que temos, nomeadamente na pequena di-mensão das explorações?

JM: O fazer bem ou mal não tem a ver com a dimensão da parcela e até po-demos juntar várias e fazer explorações maiores. Para mim o ponto-chave é fa-zer bem. A dimensão pode ajudar nal-guns aspectos das economias de escala, mas no fundo o que conta é o perfil do empresário, o seu rigor e sua capacidade organizativa.

GR: O que fazemos menos bem?JM: Sobretudo, trabalhamos pouco e

com pouco rigor.

Produtores e outros agentes ligados à fileira visitaram a região de produção de “Maçã da Beira Alta”, no sentido de aquilatarem das condições de produ-ção, dando a conhecer pomares de macieira onde as tecnologias de pro-dução utilizadas se traduzem em ex-celentes produções de maçã, quer em quantidade, quer em qualidade.

A iniciativa da Espaço Visual e a Naturalfa, com o apoio da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, foi bem acolhida e deixou José Martino satisfeito, ele que tem promo-vido diversas iniciativas no sentido de dar maior conhecimento aos agentes desta e doutras fileiras, traduzindo-se em resultados que são uma mais-valia para todos os participantes.

À Gazeta Rural, José Martino, res-ponsável da Espaço Visual, salientou a importância desta visita, traduzida no conhecimento de “bons exemplos” e “com excelentes resultados”. Do que viu nas visitas recentes feitas no estrangeiro, José Martino trouxe uma certeza, que ao mesmo é um alerta. “Trabalhamos pouco e com pouco ri-gor”.

Gazeta Rural (GR): Quais os ob-jectivos desta visita?

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Selecção será divulgada no próximo dia 25 de Setembro, em S. Paulo

Dirceu Vianna Júnior escolheu 50 melhores vinhos de Portugal para o Brasil

Os vinhos mais gastronómicos do mundo

O único Master of Wine sul-americano e de língua portu-guesa, Dirceu Viana Júnior, vai revelar a lista dos 50 melhores vinhos de Portugal para o mercado brasileiro no próximo dia 25 de Setembro, na Casa Leopolldo Jardins, em S. Paulo. Esta é uma iniciativa integrada na estratégia de promoção dos vinhos portugueses no mercado brasileiro, associada a um investi-mento de um milhão de euros da ViniPortugal.

Nesta selecção Dirceu Viana Júnior procurou combinar qua-lidade com boa relação qualidade preço. O Master of Wine de-gustou cerca de 460 vinhos, tendo ficado surpreendido pela homogeneidade que os vinhos portugueses oferecem, assu-mindo que pretende ajudar o consumidor brasileiro a desco-brir os vinhos lusos e educá-lo para que este consiga apreciar vinhos mais estruturados e diferentes. Vasto conhecedor dos vinhos portugueses, Dirceu Viana Júnior afirma que “njão há outro país tão pequeno e com uma oferta tão ampla”

A lista do Master of Wine será apresentada num almoço for-mal, entre as 12 e as 14h00, no final do qual serão divulgados os vinhos selecionados ao grupo de convidados composto por importadores, jornalistas, líderes de opinião e trade brasileiro.

No final do almoço a ViniPortugal elegerá ainda o Melhor Importa-dor do ano, Melhor Varejista e Melhor Restaurante, 2013.

A Casa Leopolldo Jardim será ainda palco de duas provas de de-gustação, a primeira organizada para o trade, a partir as 15h30, e a segunda aberta ao consumidor final, entre as 19h00 e as 21h00.

“Consolidar a quota de Portugal no Brasil sem perda de posicio-namento é o objectivo da ViniPortugal para este mercado priori-tário, almejando aumentar 25% as vendas em três anos. Embora muito alinhados com os vinhos da América do Sul, os consumidores brasileiros possuem uma grande apetência pelos vinhos portugue-ses. Consideramos que existe ainda um longo trabalho a promover ao nível da divulgação e educação tanto dos consumidores, como do canal Horeca brasileiro para os vinhos portugueses.” destaca Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal.

O mesmo responsável explica que ““ Colocar um especialista bra-sileiro a falar para o consumidor brasileiro é o objectivo da ViniPor-tugal. Sabemos que a afirmação da qualidade dos nossos vinhos por um especialista tem mais impacto e que a sua opinião credibili-za a imagem dos vinhos portugueses”.

Há uns anos atrás o meu estimado amigo João Paulo Gouveia convi-dou-me para fazer uma comunicação sobre os vinhos do Dão e a gas-tronomia da nossa região. Hoje, novamente pelo convite do também amigo, José Luís Araújo, deixo a minha opinião sobre o mesmo tema. Depois de ter bebido muitos vinhos e provado muitas das comidas da nossa região, algumas que eu mesmo confecionei, de ter dedicado al-gum do meu tempo ao estudo desta arte de harmonizar gastronomia com os vinhos do Dão, não me sinto especialista, mas sinto-me alguém capaz, com o conhecimento que obtive ao longo destes anos de expe-riência, de formar uma opinião fundamentada sobre este tema.

A grande conclusão a que chego, tal como muitos de nós, é de que o vinho do Dão é um vinho altamente gastronómico pela sua complexi-dade, mas também pela sua frescura e acidez, completando a harmo-nização de pratos da nossa região, sendo inevitável falar de duas das grandes castas, o Encruzado e a Touriga Nacional.

Proponho a sua degustação com um belíssimo Queijo da Serra da Estrela e um qualquer Encruzado do Dão, fugindo da tão apregoada fórmula de queijo e vinho tinto e, no capítulo dos vinhos tintos, em es-pecial o Touriga Nacional a harmonização que melhor mostra a nos-sa autenticidade é sem dúvida com o Cabrito Assado. Outras seguirão igualmente fantásticas, como a nossa Vitela de Lafões ou o Arroz de Carqueja ou ainda um Bacalhau à Lagareiro regado com o nosso mara-vilhoso azeite, fazendo o equilíbrio da sua gordura com a acidez encon-trada no vinho do Dão. Estas são apenas algumas sugestões que deixo.

Desafio todos vós a provarem o vinho do Dão e a fazer as vossas har-monizações, sabendo que estas são dependentes do dia, local, tem-peratura, disposição ou até mesmo da companhia, com o sentido de serem o “melhor crítico gastronómico do mundo”, porque essa sim é a nossa certeza e não a certeza de outros.

Diogo Rocha

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Nos próximos dias 20 e 21, nas Caves Sandeman, em Vila Nova de Gaia

“Sogrape Wine Experience“Uma viagem virtual pelo mundo do vinho

Conceito inovador permitirá co-nhecer marcas emblemáticas num evento que também terá mais de 50 vinhos em degustação.

“Imagine que viaja pelo mundo do vinho num ambiente futurista”. É assim que co-meça por ser descrita a grande novidade da edição deste ano da “Sogrape Wine Expe-rience” que se realiza nos próximos dias 20 e 21 de Setembro nas Caves Sandeman, em Vila Nova de Gaia.

Rompendo com o formato mais tradicio-nal das provas de vinhos, a SOGRAPE deci-diu este ano desafiar os visitantes para uma viagem virtual que dará a conhecer de forma inovadora rótulos como o Mateus Rosé, Casa Ferreirinha Barca Velha, Quinta dos Carvalhais, Herdade do Peso, entre outras marcas de Es-panha, Chile, Argentina e Nova Zelândia.

Os visitantes são convidados a entrar numa estrutura – Dome – instalada no Largo Sandeman, e a partir daí serão surpreendi-dos com uma experiência multimédia inédita no sector português do vinho. Durante al-guns minutos serão conduzidos por uma de-zena de atmosferas distintas, de terroirs de produção a momentos de consumo, através de uma ousada linguagem de prova que pre-tende seduzir novos e potenciais públicos.

Noutro cenário, o interior das Caves San-deman, mais de 50 vinhos estarão em prova e degustação. Na “Sogrape Wine Experien-ce” haverá a oportunidade de conferir os no-vos lançamentos da Casa Ferreirinha, Quinta dos Carvalhais, Herdade do Peso, Portos Ferreira, Offley e Sandeman, sem esquecer os incontornáveis Mateus Rosé e Gazela ou ainda o portefólio internacional SOGRAPE, que inclui os vinhos da Lan (Espanha), Los Boldos (Chile), Finca Flichman (Argentina) e Framingham (Nova Zelândia). A equipa de enologia do grupo estará presente ao longo dos dois dias, pelo que se antevê um imenso workshop sobre vinhos.

“Sogrape Wine Experience” é uma organi-zação da SOGRAPE Vinhos, com produção da EV – Essência do Vinho. Vai decorrer das 18,30 às 23 horas, tendo o bilhete de ingres-so para a viagem virtual e a degustação de vinhos um custo de 9€ por pessoa. Infor-mações complementares estão disponíveis online, em www.sograpewineexperience.com

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Um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros

Lusovini transforma Adega de Nelasem Centro Interpretativo do Dão

Vai chamar-se “Nelas Wine & Culture – Lusovini by Pedra Can-cela” e será o Centro Interpretativo da Vinha e do Vinho do Dão, que terá como função divulgar a região e o seu vinho, assumin-do-se como referência do enoturismo do Dão. A Lusovini, dis-tribuidora de vinhos portugueses para os mercados lusófonos e mundial, irá investir 1,5 milhões neste projecto. A primeira pedra foi lançada durante a Feira do Vinho do Dão, em Nelas.

A Adega de Nelas, comprada no final de 2012 pela Lusovini para instalar a sua sede e espaço de produção, vai transformar--se num Centro Interpretativo da Vinha e do Vinho do Dão, um projeto de 1,5 milhões de euros. O centro irá chamar-se “Nelas Wine & Culture – Lusovini by Pedra Cancela”.

A Lusovini é a principal distribuidora de vinhos portugueses para os mercados lusófonos, sobretudo Angola e Brasil, ten-do também uma presença muito importante nos mercados do Norte da Europa, nos Estados Unidos da América e no merca-do asiático. A maioria dos vinhos distribuídos pela Lusovini são marcas que resultam de parcerias entre a empresa e prestigiados produtores e enólogos de Portugal, entre os quais avultam no Dão os vinhos Pedra Cancela, do produtor e enólogo João Paulo Gouveia.

“O ‘Nelas Wine & Culture’ vai ser mais um activo turístico para a região do Dão”, afirma Casimiro Gomes, presidente do grupo Lusovini. “Os seus objectivos principais são o de contribuir para prolongar o tempo médio de estadia dos turistas, por um lado, e, por outro, o de fixar no interior rural do país mais profissionais

qualificados”.O “Nelas Wine & Culture – Lusovini by Pedra Cancela” pre-

tende contar as melhores histórias das vinhas, dos vinhos e das gentes da região. Por isso a organização do espaço contará com expositores multimédia, a maioria dos quais interactivos, com maquetes, projecções de vídeos e animação de espaços temáticos. A coordenação do projecto estará a cargo de vários professores universitários.

O espaço descreverá os principais períodos da história viní-cola do Dão, que se inicia no período romano e que prossegue, depois das invasões árabes, na Reconquista cristã e, depois de Afonso Henriques, na chegada dos monges agricultores. A passagem no século XV do Infante D. Henrique, um viticultor do Dão, a vinda no século XIX das pragas da América ou, já no século XX, a demarcação da região, serão outros períodos his-tóricos em destaque.

Está prevista igualmente a recriação de uma adega medieval, a qual deverá ser usada durante as vindimas para fins turísticos. Nos terrenos anexos será também implantada uma vinha me-dieval, com os sistemas de empa e de poda usados no passado.

Outro espaço será dedicado às tabernas e às lojas de vinhos ao longo da história, explicando o seu papel social nas aldeias, vilas e cidades da região do Dão, estando previsto o seu uso para actividades culturais e tertúlias. Paralelamente, será criada uma colecção ampelográfica que identifique, estude e classifique as diferentes castas, vocacionando-a para os usos científico e didáctico.

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Diz Carlos Jesus, director de Marketing e Comunicação da Amorim & Irmãos S.A. “A Corticeira Amorim terá sempre

um papel determinante na evolução qualitativa da Cortiça”

A Corticeira Amorim é líder de merca-do no sector da cortiça, com um conhe-cimento profundo do sector, não só em Portugal, como no Mundo. Carlos Jesus, à Gazeta Rural, espera que “o futuro da cortiça seja ainda mais brilhante que o seu passado pelo que tudo o que foi al-cançado até hoje é encarado como uma boa base para futuros avanços”

Gazeta Rural (GR): A cortiça, como vedante natural, ganhou claramente a corrida aos vedantes alternativos. Que importância tem para o sector em Por-tugal?

Carlos Jesus (CJ): O facto de a cor-tiça ter, hoje, uma quota de mercado mundial que rondará os 70% é um claro testamento à preferência de enólogos e consumidores por aquele que, indiscuti-velmente, é o melhor vedante para vinho. Ao contrário do que alguns vaticinaram, não só a cortiça natural não foi substi-tuída por vedantes artificiais, como tem visto a sua quota de mercado em relação a estes aumentar. Dada a característica eminentemente exportadora da indústria

e o valor acrescentado nacional criado pela cortiça, esta boa base de partida permite encarar os desafios futuros com um algum optimismo. Mas pensar que nenhum outro material alguma vez tentará, de novo, discutir a liderança da cortiça como vedante de eleição para o vinho seria um erro.

GR: Portugal é líder mundial no sec-tor da cortiça. Em que patamar esta-mos em relação aos aspectos tecno-lógicos de melhoramento da produção de rolhas?

CJ: A Corticeira Amorim enquanto líder mundial do sector, teve e terá sempre um papel determinante na evolução qualitativa da cortiça. São dezenas e dezenas de milhões de eu-ros investidos em investigação, de-senvolvimento, inovação e formação e, também, na criação de activos in-dustriais de nova geração que permi-tem crescer em quantidade ao mesmo tempo que se geram ganhos de qua-lidade. O reconhecimento nacional e internacional que é outorgado à Cor-ticeira Amorim pelos enormes avan-

ços alcançados é claro e está amplamente demonstrado. Mas se esse reconhecimento advém de todo o trabalho de I&D efectuado, também sabemos que a melhoria deve ser contínua. Queremos que o futuro da cortiça seja ainda mais brilhante que o seu passado pelo que tudo o que foi alcançado até hoje é encarado como uma boa base para futu-ros avanços, nunca como a etapa final de um percurso.

GR: Quando ouvimos dizer: “este vinho sabe a rolha”, significa o que?

CJ: Sobretudo significa um desconhecimen-to dos mecanismos de criação e propagação de 2, 4, 6 Tricloroanisol. Este composto é com-pletamente inócuo mas, em concentrações tão baixas quanto alguns nano gramas, é re-conhecível pelo nariz humano e erradamente identificado por alguns como cheiro ou sabor a rolha. O resultado sensorial é um cheiro a mofo que todos conhecemos de várias situações e, hoje, a ciência sabe que o TCA está presente em variadíssimos produtos e situações, desde o café à cerveja, da madeira ao próprio plástico. Também na cortiça ele pode estar presente, daí o enorme investimento feito pela indústria da cortiça e que permitiu derrotar este problema nas rolhas.

GR: Tem investido o suficiente na área do conhecimento neste sector?

CJ: Sem o investimento realizado a cortiça não teria maximizado as suas vantagens competitivas e a claríssima quota de mercado acima mencio-nada teria sido difícil de manter. Os investimentos foram enormes, guiados pela mais moderna ciên-cia à nossa disposição e o trabalho feito em Por-tugal é objecto de reconhecimento internacional, incluindo algumas das principais figuras do sector vinícola mundial.

GR: O Grupo Amorim é líder no sector. Como analisam o actual momento do mesmo?

CJ: Com moderado optimismo. A evolução do sector nos últimos anos é patente, quer no sector das rolhas quer noutras aplicações de cortiça que agora são utilizadas pelas in-dústrias mais exigentes a nível mundial. Mas também sabemos que a performance pas-sada não é garantia de desempenho futuro, pelo que é importante reforçar a capacidade de toda a fileira em responder às contínuas evoluções dos mercados.

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Na Praça velha, junto à Sé da Guarda Comissão Vitivinícola Regional

da Beira Interior vai ter nova sedeFoi assinado entre a Câmara da Guarda e a Comissão Vitiviní-

cola Regional da Beira Interior (CVRBI) o contrato de cedência do edifício dos antigos Paços do Concelho, na Praça Velha, que permitirá a instalação dos serviços da CVRBI até do final do ano.

O edifício, onde funcionou a Mediateca VIII Centenário, vai sofrer algumas obras de remodelação, nomeadamente a parte administração, laboratório e Câmara de Provadores, que serão efectuadas com recursos da CVR, enquanto a segunda fase das obras, de maior envergadura, serão objecto de uma candidatura ao QREN e a outros fundos comunitários.

A centralidade do edifício, numa zona nobre da cidade da Guarda, por onde passam muito milhares de visitantes, faz com que a CVRBI possa ali receber turistas, mas também ter uma loja de vinhos.

Para o presidente da Câmara da Guarda, o protocolo assina-do com a CVRBI “tem amplitude transversal”, permitindo cumprir um dos objectivos da autarquia, que passa “por dar vida à sala de vistas da Guarda”. Joaquim Valente sublinhou o papel impor-tante da CVRBI na região e o seu contributo para a economia regional”, congratulando-se com o facto de este ter sido o seu último acto público, enquanto presidente da Câmara, ao mesmo tempo que deixou o desejo de que “este seja um passo de su-cesso para os vinhos da Beira Interior”.

Por sua vez o presidente da CVRBI começou por referir a im-portância do acto, que permitirá dar maior visibilidade aos vi-nhos da Beira Interior e que a nova sede, “será uma mais-valia para a cidade da Guarda”.

João Carvalho começou por lembrar os primeiros passos da CVR em Pinhel, em 1990, e o caminho percorrido até agora, no-meadamente na reconversão das vinhas, a utilização das me-lhores castas para a região e uma maior aposta na qualidade dos vinhos.

O dirigente diz que está na hora de dar um novo impulso, es-pecialmente na promoção e divulgação dos vinhos. Neste âm-bito, e externamente, o presidente da CVRBI diz que há necessi-dade de “divulgar e promover os vinhos da região e do país”, mas falar “dos vinhos de Portugal”.

Vinhos da Beira Interior premiados em Espanha

No IX Concurso Internacional de Vinos – Prémios Arribe 2013que se realizou em Trabanca – na Província de Salamanca – Espanha, os vinhos da Beira Interior obtiveram quatro medalhas, uma de Ouro para o Vinho Óptima Pergunta DOC Beira Interior tinto 2011, da Cooperativa Beira Serra (Vila Franca das Naves - Trancoso), uma medalha de Prata para o Vinho Fora de Jogo Branco DOC Beira In-terior 2011 da mesma Cooperativa, uma medalha de prata para o vinho Aforista Branco DOC Beira Interior 2012 do produtor Daniel Cavaleiro Saraiva e uma medalha de prata para a Adega Coopera-tiva de Pinhel com o vinho D. Manuel I DOC Beira Interior Tinto 2010.

Estes prémios mostram a qualidade e consistência dos Vinhos da Beira Interior e o ressurgimento das Adegas de Pinhel e Beira Serra, como produtores de vinhos de grande qualidade fruto da aposta forte que ambas fizeram para se modernizar, acompanhando deste modo a qualidade cada vez maior dos Vinhos da Beira Interior.

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Mostra no Recife e no Rio de Janeiro

Vinhos de Trás-os-Montes conquistam Brasil

A Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM) fez mais uma incursão por terras de Vera Cruz, no sen-tido de divulgar e promover os vinhos daquela região. Depois de um primeiro ‘assalto’ ao Rio de Janeiro e S. Paulo, des-ta vez a opção recaiu no Recife e Rio de Janeiro. A reacção do público consumidor deixou Francisco Pavão satisfeito e con-victo de que os vinhos de Trás-os-Mon-tes têm espaço de crescimento naquele mercado emergente. Para o presidente da CVRTM, os vinhos da região, “marca-dos pela nossa região”, combinam bem com a gastronomia do Brasil, em especial os grelhados, o que pode ser uma mais--valia. “As pessoas entraram na prova algo curiosas e acabaram por sair encan-tadas, com os vinhos de uma região que não conheciam”, referiu Francisco Pavão à Gazeta Rural.

Gazeta Rural (GR): Como decorreu a deslocação ao Brasil?

Francisco Pavão (FP): Essa visita de-correu no âmbito do projecto de promo-ção da CVRTM para mercados terceiros, em que escolhemos como países prefe-renciais Moçambique e o Brasil, porque para além de serem mercados emergen-tes em termos e consumo, falam a mesma língua que nós, pelo que nos é mais fácil comunicar, transmitindo emoções e sen-sações.

Há dois anos estivemos no Rio de Ja-neiro e S. Paulo, desta vez optámos pelo Recife e pelo Rio de Janeiro. No caso do Recife, tem a ver com o facto do nordeste do Brasil estar com um crescimento eco-nómico muito interessante, para além de ser um mercado que começa a despontar para os vinhos. Sendo Trás-os-Montes uma região pouco conhecida no Brasil, vamos mostrar para um consumidor novo vinhos diferentes, que não melhores nem piores do que aqueles que já lá estão, mas são marcados pela nossa região, desde os diferentes solos, mas especialmente das nossas castas autóctones, que é o que mais preservamos.

GR: O que pode marcar a diferença num mercado como o Brasil?

FP: Penso que os vinhos de Trás-os--Montes ligam muito bem com a comida brasileira, sobretudo os grelhados. Os

Hoje temos que aliar a tradição à tecno-logia e ao saber fazer. Há também uma ou-tra questão, que é saber comunicar.

Eu que venho de um sector diferente, que é o azeite e as pessoas já conhe-cem a notoriedade do azeite de Trás--os-Montes. Quando entramos com os nossos vinhos, acontece a mesma coisa que há 10 anos com os azeites. As pessoas tinham dúvidas e eram algo expectantes. Depois, vinham às provas e as pessoas gostavam. Nos vi-nhos está a acontecer a mesma coisa.

Há uma primeira reacção de dúvida, mas no final as pessoas saem extremamente agradadas, o que para nós é salutar.

Infelizmente, temos apenas 62 agen-tes económicos, dos quais somente 40 certificam vinhos, o que é manifesta-mente pouco. Esta é a nossa realidade. Somos uma região pequena, mas va-mos da pequena aldeia transmontana para o mundo. É para isso que estamos a trabalhar e para promover os nossos vinhos.

nossos vinhos são muito gastronómi-cos. Os brancos são frescos e com boa acidez, enquanto os tintos são vinhos que, apesar de terem algum álcool, têm muita frescura na boca. Para além disso, são vinhos de guarda. Levámos vinhos de 2006, 2007 e 2008, que ainda têm muita capacidade para envelhecer.

No Brasil foram muito apreciados, tendo em conta as críticas que lemos em vários meios de comunicação, no-meadamente na blogosfera, mas pelas pessoas que estiveram presentes na nossa apresentação. As pessoas en-traram na prova algo curiosas e aca-baram por sair encantadas, com os vinhos de uma região que não conhe-ciam.

GR: Trás-os-Montes é uma região emergente nos vinhos em Portugal?

FP: Acreditamos que sim e é para isso que trabalhamos todos os dias. Na CVR temos procurado desenvolver um traba-lho próximo dos produtores, produtores/engarrafadores e adegas cooperativas, que acreditam que é possível tirar ren-tabilidade das explorações vitícolas em Trás-os-Montes.

Podemos falar do renascimento dos vinhos de Trás-os-Montes de há 10 anos para cá. A CVR existe desde 1997 e co-meçou a certificar muito poucos vinhos. Neste momento está estabilizado, devi-do ao momento que atravessamos.

Temos, porém, algo de muito interes-sante. Muitos enólogos de outras regiões vêm ter connosco para provarem vinhos e sentirem novas experiências, sobretudo porque tentamos ligar os nossos vinhos às nossas castas autóctones.

Estamos a potenciar o Bastardo, que levámos ao Brasil, para além de haver muita gente que vem à nossa região comprar uvas desta casta para fazer vinhos. Associamos tudo isto àqui-lo que queremos preservar, que é a biodiversidade das nossas castas e o potencial genético das nossas vinhas velhas, Temos centenas de hectares de vinhas velhas, algumas com mais de 100 anos. Temos cerca de 10 mil hec-tares na região, reconvertemos cerca de 600 nos últimos cinco anos. Estas vinhas velhas dão vinhos muito carac-terísticos e muito marcados.

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Manuel Cruz foi um dos produtores presen-tes nesta deslocação ao Brasil. Para o também responsável da Trasvinis, uma organização de produtores, esta deslocação foi um passo “para mostrarmos a realidade” dos vinhos da região, que têm grande potencial e que foram muito apreciados.

Gazeta Rural (GR): Para os produtores, o que significou a ida ao Brasil?

Manuel Cruz (MC): Foi mais um passo para mostrarmos ao mundo a nossa realidade, que tem vinhos genuínos, diferentes e personalizados, e que mostra que a aposta é séria e não uma aventura. Já há alguma consistência, porque, de facto, os nos-sos vinhos foram muito apreciados e foi uma surpresa muito agradável.

No Recife, foi com surpresa que encontrámos uma Confraria de Senhoras apreciadoras de vinhos que fizeram grandes elo-

gios aos vinhos e azeites de Trás-os-Montes.

GR: O que mudou em Trás-os-Montes?MC: Mudou muita coisa. Começamos a adoptar mais

enologia e mais técnica, mas respeitando a melhor par-te, que são as uvas de excelência produzidas em toda a região. Não queremos suplantar outras regiões, mas conseguimos produzir uvas, quase, biológicas, e isto veio demonstrar que conseguimos fazer bons vinhos. Agora, apurámos as técnicas de produção e os vinhos evoluíram bastante. É um facto.

GR: Estão a fazer mostras em vários locais, mormente no Porto?

MC: São desenvolvimentos positivos. Não são negócios na hora, mas são a apresentação e a afirmação duma região, que já foi grande, que hoje é pequena, mas que quer voltar aos seus tempos áureos, pela qualidade dos seus produtos.

“Um passo para mostrarmos ao mundo a nossa realidade”

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Durante a Feira do Vinho Dão

“Quinta do Carvalhão Torto” colheita de 2008 lançado em Nelas

“Quinta do Carvalhão Torto” colhei-ta de 2008, elaborado com Touriga Nacional e Tinta Roriz, foi apresentado durante a Feira do Vinho do Dão, em Nelas, apresentando-se este vinho na linha de continuidade dos seus ante-cessores. A par deste a Carvalhão Tor-to, produtor de Nelas, lançou também o “Estrada da Corte” colheita de 2011 elaborado com Touriga Nacional, Tin-ta Roriz, Jaen e Alfrocheiro. Com estes dois lançamentos a empresa apresen-tou uma nova imagem comercial.

Numa altura em que o mercado na-cional está estagnado, as pequenas empresas produtoras vivem algumas dificuldades, obrigando-as a redefinir estratégias. Para Maria João Oliveira “a semelhança de todos os agentes económicos, não só os de pequena di-mensão mas também os de maior di-mensão, nos últimos tempos a falta de liquidez tem sido a principal dificulda-de, com implicações directas no con-sumo em geral, bem como, no perfil e tipologia de produto consumido. Claro está, que não deixa de existir mercado, mas é, no entanto, mais restrito levan-do-nos por vezes a redefinir estraté-gias, afirma a responsável da empresa.

Em relação à posição do Dão no mercado, Maria João Oliveira diz que “é opinião geral de todos os agentes económicos de que falta notoriedade, falta pôr na boca dos consumidores a marca chapéu “DÃO”, como sinónimo de uma região produtora de vinhos de elevada qualidade, portadores duma elegância e caracter díspar”.

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NBD - Lu

No Instituto da Vinha e do Vinho

Vinhos de Lisboa apresentam estratégia de investimento e internacionalização

para 2014/2015A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR

Lisboa) vai na próxima terça-feira, dia 17 de Se-tembro, apresentar a estratégia de investimento e internacionalização para os anos 2014/2015, numa sessão que decorre no Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), pelas 16h30, na Sala ‘Embaixada do Vinho’.

A sessão irá começar com uma divulgação da lista dos premiados no Concurso de Vinhos de Lis-boa 2013, onde o presidente da CVR Lisboa, Vasco d’Avillez, irá fazer as honras.

Depois de apresentados os melhores vinhos de Lisboa em 2013, será dado a conhecer o plano es-tratégico de investimento e internacionalização dos Vinhos de Lisboa para 2014/2015, que envolve a promoção em novos mercados.

O presidente dos Vinhos de Lisboa irá, ainda, fa-zer um balanço das vindimas da região até à data e uma análise ao crescimento da região de Lisboa no 1º semestre de 2013, que já apresenta um resultado de 5% face ao período homólogo anterior.

A sessão terminará com uma prova aos melhores vinhos da região, premiados no seu último concur-so de 2013.

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Voltou a acolher milhares de visitantes

Feira do Vinho de Nelas mostrou o melhor do Dão

Terminou a XXII Feira do Vinho do Dão, uma organização do Município de Nelas, por onde passaram milhares de visi-tantes, que tiveram oportunidade de provar vinhos de cerca de 40 produtores da região do Dão, em contacto directo com produtores e enólogos, e, ao mesmo tempo, visitar inú-meros expositores de artesanato, produtos regionais, pas-sando pelas tasquinhas gastronómicas, que ofereceram aos visitantes a oportunidade de provarem deliciosos petiscos e pratos regionais, doçaria conventual, queijos Serra da Estre-la, enchidos e chocolate.

Foram ainda concorridas as sessões de cozinha ao vivo e cozinha infantil promovidas pelo Chef Carlos Fernandes, da Quinta do Cabriz - Dão Sul, bem como as provas de vinhos do Dão, orientadas pelo enólogo Osvaldo Amado, provas de azeite, mel, pão, chocolate, doçaria conventuais, fumeiros e enchidos, e momentos de opinião sobre Queijo Serra da Es-trela e Vinho do Dão.

Entre um vasto rol de acções, o programa do evento contemplou a homenagem a Fernando Guedes, o grande impulsionador da Sogrape na região, prestada pela Confraria dos Enófilos do Dão. Foi efectuada ainda a entrega de medalhas do Concurso La Selezione del Sindaco aos produtores premiados do concelho, pela Associação de Municí-pios Produtores de Vinho.

Os serões foram animados pela excelente sonoriedade do Grupo Fado a 02, Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra e pela Alma do Luso. Destaque ainda para a emissão em directo do Programa “Somos Portugal” da TVI, proporcionando aos milhares de visitantes que se concentraram na Praça do Município muita anima-ção e convívio.

Com este evento o Município de Nelas deu um contributo decisi-vo para a afirmação crescente dos vinhos do Dão e outros produtos regionais, promovendo as potencialidades de um concelho e de uma região que têm apresentado uma evolução significativa, que está e merece ser reconhecida.

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Feira do Vinho Dão

Flashes

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Processo de certificação começou há seis anos

Pastel de Tentúgal incluído na lista de Indicações Geográficas Protegidas

O Pastel de Tentúgal foi incluído na lista de In-dicações Geográficas Protegidas (IGP) aprova-da pela Comissão Europeia, num processo que começou há seis anos. “O pastel de Tentúgal é diferente, singular e distintivo e o processo não foi nada fácil”, frisou Olga Cavaleiro, da Associa-ção de Pasteleiros de Tentúgal (APT), aludindo à certificação que, entre outros aspectos, passou pela uniformização da qualidade daquele doce conventual.

O pastel, que se distingue por possuir uma massa obtida da junção de farinha e água (com uma espessura que varia entre os 0,06 e 0,15 milímetros) e um recheio cremoso resultante da mistura de gema de ovo e calda de açúcar, é produzido em Tentúgal por uma dezena de produtores, seis dos quais deram origem ao processo de certificação.

Depois de concluída a componente nacional, junto do ministério da Agricultura, a APT levou o pedido de reconhecimento da Indicação Geo-gráfica Protegida - que designa os produtos que estão ligados de uma forma estreita a uma zona geográfica na qual decorre pelo menos uma das fases da produção, transformação ou elaboração - à Comissão Europeia, em Janeiro de 2012.

Luís Leal, presidente da autarquia de Mon-temor-o-Velho, manifestou “satisfação e or-gulho” pelo reconhecimento da Comissão Europeia, lembrando o “esforço” da Câmara Municipal, associação de pasteleiros e confraria da doçaria conventual na certificação publi-cada no jornal oficial da União Europeia. “É um património da doçaria conventual que a vila de Tentúgal produz e o melhor doce do mundo”, frisou Luís Leal.

Com a certificação, a Comissão Europeia cir-cunscreve a área geográfica da produção do pastel à vila de Tentúgal, entre as localidades de Lamarosa, Portela e Póvoa de Santa Catarina.

Na publicação, a Comissão Europeia subli-nhou os “valores históricos” ligados àquele doce conventual, nomeadamente o facto de “desde o século XVI a produção do pastel ter sempre decorrido na localidade de Tentúgal”, com origem no Convento das Freiras Carmelitas daquela localidade do concelho de Montemor--o-Velho.

Destacou também a importância de factores climáticos, como a temperatura amena e hu-midade relativa elevada, para a produção do produto originário da zona do Baixo Mondego.

A nível europeu, cerca de 1.200 produtos são protegidos pela legislação no âmbito das indi-cações geográficas protegidas, denominação de origem (DOP) - categorias nas quais Portu-gal possui cerca de 120 produtos registados - ou especialidades tradicionais (ETG).

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Associação ambiental enviou carta ao governo

Oikos apelida nova lei florestal de incendiária

Um projecto ainda em elaboraçãoOliveira do Hospital aposta

em percurso turístico das levadas de rega

A associação ambiental Oikos enviou uma carta ao Governo na qual constam medidas e iniciativas que devem ser tomadas para prevenir fogos e na qual se apelida a nova lei florestal de incendiária. “A nova Lei das Florestas, ao invés de vir responder a estas necessidades apresenta-se como uma lei verdadeira-mente perniciosa em termos ambientais e incendiária em ter-mos de fogos florestais”, sustenta a Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria.

Para os dirigentes da Oikos, o combate aos fogos florestais deve assentar numa política de prevenção que passa por “uma medida de emergência” que inviabilize “a reflorestação anár-quica e desordenada, evitando a reflorestação com espécies exóticas que venham a contribuir para a erosão dos solos e redução da recarga de aquíferos no próximo inverno, agravan-do ainda mais o estado de calamidade e dos ecossistemas ora destruídos”, ler-se no comunicado.

A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital anunciou a cria-ção de um percurso turístico, em Alvoco das Várzeas, que tira partido das antigas levadas de irrigação dos campos.

O Percurso Pedestre das Levadas de Alvoco das Várzeas, um projecto ainda em elaboração, “acompanhará estes canais de irrigação comunitária, com origem remota”.

Em comunicado, a Câmara de Oliveira do Hospital refere que a construção de algumas dessas levadas remonta provavel-mente às ocupações romana e árabe. “Desde sempre, serviram para conduzir a água aos terrenos de cultivo, atravessando o próprio povoado em algumas zonas”, adianta.

A futura rota permitirá “aos amantes do pedestrianismo atra-vessar locais de interesse turístico com paisagens deslumbrantes”, acompanhando as valadas, “com passagem por locais de intensa beleza”, como os açudes do Candam e da Quinta da Moenda e a

ponte românica junto da praia fluvial de Alvoco das Várzeas.Com esta iniciativa, o município “pretende aumentar a oferta tu-

rística no concelho, à imagem do sucesso dos percursos turísticos das levadas” da ilha da Madeira.

A elaboração do projecto de execução “encontra-se na sua fase inicial, de levantamento e mapeamento do circuito e georreferen-ciação para localização da sua extensão” com interesse turístico.

Este trabalho, segundo a nota, está a ser desenvolvido pela Câmara Municipal, em colaboração com a Junta de Freguesia de Alvoco das Várzeas e a Junta dos Agricultores dos Regadios da localidade.

Esta aposta visa “criar um novo produto turístico muito atractivo e de características únicas, associado ao gosto pelas caminhadas que fazem bem à saúde e ao contacto com a natureza”, segundo o vice-presidente da Câmara, José Francisco Rolo, que detém o pelouro do Turismo.

Tornar obrigatória a limpeza atempada das matas e florestas, repensar os incentivos prestados pelo Estado e “equacionar a integração excepcional dos efectivos das Forças Armadas Portu-guesas, particularmente a Força Aérea e Exército, nas missões de prevenção e combate aos incêndios florestais” são algumas das medidas que a Oikos aconselha num documento enviado ao mi-nistro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.

A associação expressa, por um lado, “a sua profunda conster-nação pela perda de vidas humanas e destruição de habitações” e, por outro, salienta, em comunicado, “o esforço e o empenho colocado pelas diversas instituições que combatem os incêndios no terreno”, mas salienta “a necessidade de se repensar todo o sistema florestal nacional”.

A Oikos é uma Associação de Defesa do Ambiente e do Patrimó-nio, de âmbito regional, fundada em 1990, e uma ONGA - Organi-zação Não Governamental do Ambiente.

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Estudo do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar

Universidade de Aveiro garante que fumo dos incêndios tem partículas cancerígenasO fumo proveniente dos incêndios florestais é altamente

perigoso para a saúde pública. O alerta do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA) aponta para os malefícios da mistura de gases e partículas emitida pelos incêndios. Estas últimas, de natureza ultrafina, têm grande capacidade de penetração nas vias respiratórias transportando até aos alvéolos compostos cancerígenos como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. O estudo, conduzido pela investigadora Célia Alves no meio das equipas de combate aos fogos florestais, garante também que, para além dos prejuízos para a saúde, o fumo contribui em muito para alterar o clima.

“Verificámos que 80 a 90 por cento da massa das partículas emitidas pelos incêndios é de natureza carbonosa, engloban-do centenas de compostos orgânicos distintos”, aponta Célia Alves. Entre os compostos detectados nas partículas pelo CE-SAM encontram-se os hidrocarbonetos aromáticos policícli-cos, “de elevado potencial cancerígeno”, e vários compostos fenólicos que “têm sido associados a stress oxidativo das cé-lulas”. A investigadora explica que “quando ocorre stress oxi-dativo os mecanismos celulares de remoção de oxidantes fica desequilibrado e a desintoxicação através de sistemas bioló-gicos que removem estas substâncias ou reparam os danos por elas causados fica comprometida”.

Suspensas na atmosfera e espalhadas pelo vento por vas-tas áreas, o tamanho das partículas garante-lhes uma entra-

da fácil nas vias respiratórias. “As partículas emitidas apresentam diâmetros da ordem dos nanómetros ou poucos micrómetros [um nanómetro é mil milhões de vezes inferior a um metro e um micró-metro é um milhão de vezes inferior ao metro]”, explica Célia Alves cuja equipa chegou a detectar, nas proximidades dos incêndios, concentrações de 50 mil microgramas de partículas por metro cú-bico de ar quando a legislação para a qualidade do ar estipula um tecto de segurança de 50 microgramas por metro cúbico.

Para além das partículas, também os gases emitidos pelo fumo proveniente dos incêndios florestais constituem um perigo para a saúde, entre os quais, e “em quantidades apreciáveis”, o monóxido de carbono “conhecido pela sua elevada toxicidade”. É também de referir que os óxidos de azotos e os compostos voláteis, depois de emitidos, reagem entre eles na atmosfera e formam um novo po-luente perigoso: o ozono, “um oxidante muito forte que ataca as vias respiratórias e provoca danos nas culturas agrícolas”.

Célia Alves adianta ainda que “o principal gás emitido pelos in-cêndios é o dióxido de carbono, o qual é um dos principais gases com efeito de estufa”. As conclusões do estudo da UA apontam que grande parte da massa das partículas é de natureza carbonosa, ou seja são constituídas por carbono orgânico e por carbono negro. Enquanto o carbono orgânico dispersa a radiação, o carbono negro absorve-a. Portanto, diz Célia Alves, “estas partículas interferem com o balanço radiactivo da atmosfera”. Por outro lado, explica, “por serem tão finas, atuam na atmosfera como núcleos de con-densação de nuvens, alterando os padrões de precipitação”.

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A floresta é muito mais de que incêndios e destruiçãoNinguém pode ignorar os cenários dantescos com que nos

temos deparado nas últimas semanas. A floresta, ou o que dela resta, voltou a abrir noticiários e tem feito as primeiras páginas dos principais jornais nacionais, mas infelizmente pelas piores razões.

Os incêndios têm consumido milhares de hectares de espaços florestais, destruíram já inúmeras habitações, e levaram a vida a cinco bombeiros que tudo fizeram para combater este

“mar de chamas”. E infelizmente, para a maioria dos portugueses, a floresta é

isto… incêndios e destruição. São incidentes como estes que cada vez mais desacreditam o

potencial da nossa floresta. Quem no seu perfeito juízo, e após ver as imagens com que somos “bombardeados” todos os dias, vais querer investir em floresta?

Mas importa referir que esta mesma floresta é sinónimo de preservação do ambiente, de economia nacional e de desenvol-vimento rural! Esta mesma floresta representa o maior recurso natural renovável, representa 12% das exportações e 3% do PIB, e emprega 260.000 pessoas.

Naturalmente esta “importância” não é suficiente para ser capa de jornal… e assim que as primeiras chuvas caírem, a flo-resta volta a cair no esquecimento.

Quando vamos então dar o devido valor à floresta? Com um cenário severo de alterações climáticas, pouco resta

fazer em relação às condições meteorológicas que se anun-ciam. Não podemos esperar por um Verão menos quente, ou um

Inverno menos húmido e propício ao desenvolvimento de vege-tação, é preciso investir na floresta, na sua manutenção e pre-servação!

Portugal é até o único país europeu que desenvolveu um Fundo de apoio à floresta. Aquando dos incêndios de 2003, onde se per-deu quase meio milhão de hectares de floresta, foi criado o Fundo Florestal Permanente (FFP), gerado através de um imposto apli-cado aos combustíveis e pago por todos os contribuintes.

Este fundo, que visava relançar o investimento no sector, gera anualmente entre 20 a 30 milhões de euros, que deveria ajudar a ultrapassar alguns destes constrangimentos, no entanto, dez anos e cerca de 250 milhões de euros volvidos, o FFP contribuiu ZERO% para a sustentabilidade da floresta nacional!

Contas feitas, estes cerca de 250 milhões de euros, dariam para arborizar mais de 170 mil hectares ou para limpar cerca de 350 mil, ajudariam na criação de mais de 17 mil postos de trabalho perma-nentes, e ao nível de receitas do Estado, representaria cerca de 62 milhões de euros de contribuição para a Segurança Social.

Acima de tudo, estes 250 milhões de euros, que são por direito da nossa floresta, ao serem investidos em silvicultura preventiva, evitariam grande parte dos incêndios e a perda de muitas vidas… Certamente valerá o esforço!

Vamos olhar para a floresta nacional com a importância que ela merece, e se o melhor momento para o fazer era há 20 anos atrás… o derradeiro será AGORA!

A direcção da ANEFA

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As principais albufeiras que garan-tem o regadio em Trás-os-Montes apresentam níveis de reserva de água superiores em quase o dobro aos re-gistados em Setembro de 2012, se-gundo dados do Ministério da Agri-cultura.

De acordo com um relatório da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, a média do volume útil das 14 albufeiras desta região era, a quatro de Setembro, de 61, 5 por cento, enquanto no mesmo período do ano anterior não chegava aos 34 por cento.

As albufeiras situam-se nos con-celhos de Alfândega da Fé, Mirandela, Bragança, Vinhais, Chaves, Armamar e Vila Flor, e apenas quatro apresen-tam um volume útil de armazena-mento inferior a metade da capaci-dade.

As reservas mais baixas são as das albufeiras da Burga, no Vale da Vilari-ça, da Prada, em Vinhais, e Arcossó e Mairos, em Chaves, ainda assim com valores na ordem dos 40 por cento.

Há um ano, algumas destas barra-gens apresentavam níveis de arma-zenamento inferiores ou na ordem dos 20 por cento, segundo ainda o relatório oficial. Estas albufeiras são responsáveis pelo regadio de algu-mas das zonas agrícolas mais férteis de Trás-os-Montes e Alto Douro.

A direcção regional de Agricultu-ra divulgou também que está aberto concurso público para aquisição de equipamento para melhorar a eficá-cia do sistema de regadio do Vale da Vilariça através da automação e te-legestão.

A obra é financiada pelo Progra-ma de Desenvolvimento Regional (ProDer) com um prazo de execução de “nove a 12 meses”. O preço base do concurso ronda os 893 mil euros, sem IVA incluído, para trabalhos de construção civil, rede de comunica-ções e telecomunicações e sistema informático.

Na região de em Trás-os-Montes

Albufeiras para regadio com dobro da água de 2012

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Montanhas Mágicas do Montemuro, Arada e Gralheira certificados como

Destino SustetávelO território das “Montanhas Mágicas”, constituído pelas

serras do Montemuro, Arada e Gralheira, foi confirmado como parte integrante da Carta Europeia de Turismo Sustentável e irá receber a devida certificação oficial a 06 de Novembro, em Bruxelas.

A informação foi avançada pela Associação de Desenvolvi-mento Rural Integrado das serras de Montemuro, Arada e Gra-lheira (ADRIMAG), que promoveu a candidatura dessa região turística à certificação pela Federação Europarc e defende que a sua aprovação constitui “um importante reconhecimento” do trabalho desenvolvido por sete municípios em prol do turismo local.

“A certificação das Montanhas Mágicas como destino de tu-rismo sustentável constitui um importante reconhecimento do valor dos recursos naturais e culturais do território em causa, e também do esforço que tem vindo a ser feito para os preservar e valorizar”, declara a ADRIMAG, em comunicado.

“Em simultâneo, a atribuição deste galardão compromete os atores locais, públicos e privados na organização conjunta da oferta turística e no respeito pelos princípios de sustentabili-dade ambiental, económica, social e cultural que devem estar subjacentes ao processo de desenvolvimento turístico susten-tável do território”, acrescenta o mesmo documento.

As Montanhas Mágicas abrangem a área geográfica corres-pondente aos municípios de Arouca, Castelo de Paiva, Castro

Daire, Cinfães, S. Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra. Toda essa região integra, por sua vez, vários sítios classificados pela Rede Natura 2000, como as serras da Freita e da Arada, o Montemuro, os rios Paiva e Vouga, e ainda o Geoparque de Arou-ca.

Sob a coordenação da ADRIMAG, os referidos municípios têm desenvolvido, “ao longo dos últimos 20 anos”, um conjunto de projectos e acções que, além de preservarem e valorizarem os re-cursos do território, vêm criando “condições favoráveis ao desen-volvimento turístico sustentável” da região. Entre essas medidas inclui-se a criação de infraestruturas turísticas, percursos pedes-tres, museus e centros de interpretação ambiental, unidades de turismo rural, restaurantes e parques de lazer.

A ADRIMAG acrescenta que a estratégia tem passado ainda pela recuperação do património rural construído, pelo apoio às artes e ao artesanato, pelo incentivo à produção e comercializa-ção de produtos agroalimentares, e pela dinamização de todos esses recursos através de acções de animação, promoção e di-vulgação.

Todo esse esforço tem contado com o envolvimento de “um número significativo de parceiros locais ligados ao sector turísti-co”, do que resultou, aliás, a elaboração da candidatura da Carta Europeia de Turismo Sustentável das Montanhas Mágicas, apon-tada como “fundamental para definir uma estratégia de desenvol-vimento e um plano de acção para cinco anos”.

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Cerca de metade dos emigrantes portugueses em idade activa gostaria de regressar ao país para investir no sector do turismo. A conclusão é de um estudo da Universidade de Aveiro (UA) que acrescenta ainda que o sector da hotelaria e outros serviços de alojamento, seguido pela restauração e serviços recreativos e outros serviços de lazer, lidera as preferências de negócio que os emigrantes querem implementar futuramente nas respectivas regiões natais. O estudo faz parte da tese de doutoramento da investigadora Rossana Santos sobre “O regresso dos emigrantes portugueses e o desenvolvimento do turismo em Portugal”.

Os dados resultaram de um inquérito realizado entre Julho e Ou-tubro de 2012 junto das comunidades portugueses no estrangeiro e contou com um total de 5157 respostas, sendo que a faixa etária mais representada é a dos 18 aos 39 anos (54,4%).

“Há um segmento de emigrantes portugueses em idade activa, sobretudo entre os 29 e os 39 anos e com residência em áreas rurais ou carenciadas em Portugal, com maior propensão para re-gressar, investir e ter um emprego no sector do turismo”, afirma Rossana Santos, autora do estudo realizado no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da UA e que teve como orientador o docente Carlos Costa.

Esses emigrantes saíram do país na sua maioria entre 2005 e 2011, têm um tempo de estadia no país de emigração entre 1 a 4 anos, têm espírito empreendedor, um curso superior, capital sufi-ciente para investir e desejam regressar às raízes rurais.

Um estudo de Rossana Santos, da Universidade de Aveiro

Emigrantes portugueses desejam regressar para investir no turismo

“São também estes emigrantes que mais referem ter uma residência própria, no local de origem, com potencial valor pa-trimonial cultural e aceitar vir a alugar quartos a turistas nessa residência”, diz Rossana Santos que não tem dúvidas: “O regres-so destes emigrantes e do respectivo investimento no sector do turismo podem contribuir para aumentar e inovar a oferta turís-tica, bem como para aumentar a procura turística em Portugal”.

O facto de poderem regressar com os filhos, a procura de um estilo de vida rural e exercerem uma atividade remunerada por conta própria no sector do turismo estão entre os principais mo-tivos que pesam no desejo de regresso dos emigrantes.

Na tese de doutoramento Rossana Santos defende que a vontade de regresso dos emigrantes portugueses, aliada à exis-tência de um património cultural lusófono na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que pode vir a ser explo-rado turisticamente, e à relação da proximidade linguística com os fluxos migratórios e o investimento directo no estrangeiro, “permitem igualmente argumentar pelo contributo dos emigran-tes que falam a língua portuguesa para o desenvolvimento do turismo nas áreas mais carenciadas da CPLP”. Este será um dos temas que a investigadora vai aprofundar em futuros trabalhos.

Membro da unidade de investigação Governança, Competiti-vidade e Políticas Públicas da UA, Rossana Santos vai editar em livro com mais detalhes da investigação sob o tema “Turismo e Emigração”. A obra vai ser publicada ainda este ano.

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No próximo dia 24 de Setembro

Anpromis e Agromais promovem acções sobre a competividade da cultura do milho

No âmbito da sua política de crescimento, inovação e apoio ao sector, a Anpromis e a Agromais desenvolvem no próximo dia 24 de Setembro, em parceria com a consultora Manuela Varela Unipes-soal, o projecto MaisMilho, cujo objectivo é contribuir para o conhe-cimento e divulgação de alguns factores que possam ser limitantes para a competitividade da produção de milho, na região da Golegã.

Destinado a produtores, técnicos e todos os profissionais ligados ao sector de produção de milho, a acção de formação conta com várias visitas guiadas aos diversos campos de ensaio, onde é pos-sível analisar as várias opções escolhidas para tentar minimizar os estragos provocados pelo Chephalosporium.

Nesta campanha, estão em curso alguns ensaios sobre os meios de luta contra o Chephalosporium, doença que provoca avultados prejuízos no milho. A realização destes ensaios envolve as empresas que aceitaram participar neste projecto, nomeadamente as empre-sas de sementes Monsanto, Pioneer, Syngenta e Fitó, que disponibi-lizaram as suas variedades para o estudo da doença.

Esta iniciativa conta ainda com a participação de empresas de agroquímicos, como a Sapec e a Syngenta, que garantiram o me-lhor controlo das infestantes e pragas, e as empresas de fertilização, ADP, Fertinagro, Tecniferti e Timac Agro, com um contributo muito importante ao nível da nutrição das plantas.

Produção nacional de milho cresceu cerca de 50% em quatro anos

Os dados recolhidos pela ANPROMIS, junto das Organizações de Produtores que constituem o seu Conselho Geral - as quais con-centram cerca de 75% da produção nacional de milho grão – apon-tam para que a campanha de comercialização que agora se inicia, seja a mais produtiva de sempre, contribuindo de forma significativa para o tão necessário aumento do nosso auto-abastecimento em cereais.

Comparando as previsões para 2013, face a 2010, constata-se que no espaço de quatro campanhas a produção de milho comer-cializada pelos membros do Conselho Geral da ANPROMIS, aumen-tou cerca de 50%.

Analisando com maior pormenor os dados recolhidos, conclui-se que o maior aumento se verificou nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo em consequência, por um lado, da recuperação de áreas anteriormente semeadas com esta cultura e por outro, pelo surgimento de novas zonas de regadio, entre as quais Alqueva, onde esta cultura aumentou desde a última campanha agrícola cerca de 70%, passando de 3.558ha para os actuais 5.925ha.

Segundo Luís Vasconcellos e Souza, presidente da ANPROMIS, “as últimas campanhas foram sem dúvida positivas para quem apostou nesta cultura. Os resultados obtidos em 2011 e 2012, constituíram uma clara prova do interesse determinante que a cultura do milho tem para os agricultores portugueses e para a economia nacional. No entanto, há que não esquecer que nem sempre os mercados respondem às legítimas expectativas dos produtores”.

Apesar da crescente volatilidade dos preços que caracteriza o mercado mundial de cereais nos últimos anos, os produtores nacio-nais de milho têm revelado, consistentemente, capacidade não só de responder às necessidades do mercado, como também de ir ao encontro dos novos desafios que lhe são colocados. A comprová--lo, está o aumento da área de milho grão em Portugal no último ano (+ 6.982ha), que traduz de forma inequívoca a capacidade de investimento e de afirmação dos produtores nacionais de milho, numa altura de acentuadas restrições financeiras.

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Empresa iniciou a actividade em 2007

J. Amaral & Almeida aposta na assistência técnica de qualidade

É uma empresa com seis anos de existência na área de equipamentos agrícolas. A J. Amaral & Almeida, se-deada junto ao nó do IP3, em S. Miguel de Outeiro, na estrada para Tondela, tem vindo a apostar na prestação de serviços de assistência ao cliente de qualidade, sem descurar, contudo, a venda de equipamentos.

McCormick e LS são as marcas de tractores que a empresa representa, sendo a primeira de equipamentos de maior porte, com alguns modelos específicos para a vinha, enquanto a segunda é de mini-tractores, para propriedades de pequena dimensão.

“Apostamos mais na assistên-cia técnica. As vendas têm tido uma evolução pouco crescente, pelo que tentamos vender o que é viável, sem guerras com a concorrência”, afirma João Amaral, gerente da empresa, fri-sando que a “parte técnica tem sido a nossa aposta”, embora “tenhamos equipamentos para venda nas áreas da floresta e agricultura, ou os mini--tractores para pequenas proprieda-des”.

Um dos sectores que a empre-sa quer desenvolver é a floresta, onde já dispõe de algum ‘know--how’, não só na reparação, mas também na venda de máquinas e equipamento. Porém, a vinha e o pomar são, ainda, as duas áreas onde a empresa mais se tem de-senvolvido. “Trabalhamos mais com agricultores instalados, es-pecialmente na área da vinha e do pomar”.

Numa altura em que muito se fala do regresso à terra, João Amaral diz que há “alguma pro-cura de pequenos tractores”, que muitas vezes esbarra no custo dos mesmos, havendo “quem pense duas vezes”. Nota-se, diz João Amaral, que “há mais gente a vol-tar à terra e já vendemos alguns motocultivadores”.

Aposta na floresta

A floresta tem estado na ordem do dia. A empresa quer dar o seu contributo para uma melhor e mais rentável floresta. “A manutenção

será um dos caminhos a seguir”, refere João Amaral, frisando que, muitas ve-zes, “depois dos incêndios passam-se vários anos sem haver reflorestação. Se isso se inverter, se houver uma maior aposta na manutenção da floresta tal-vez tenhamos menos incêndios”, refere o empresário, lembrando que “há equi-pamentos específicos para trabalhar na floresta, - desde as máquinas até às diferentes alfaias, como trituradores e niveladores, reboques, gruas, entre outros -, que poderiam ajudar na pre-venção e no melhoramento da mesma e com isso criavam-se postos de trabalho e riqueza”.

A área da vinha é outra das apos-tas da empresa, que dispõe de mo-

delos específicos da McCormic, um tractor desenvolvido para o trabalho na vinha. “Já fizemos algumas demonstra-ções destes equipamentos e as pessoas ficam satisfeitas com o trabalho e ren-tabilidade do mesmo, havendo muitos clientes interessados neste tipo de equi-pamentos, nomeadamente quintas com alguma dimensão”, refere João Amaral, que reconhece alguma retracção no mercado, fruto do tempo que vivemos. “Há clientes que não sabem se devem ou não apostar”, diz.

João Amaral e Virgílio Almeida são os sócios da empresa, que dispõe de mais seis funcionários, um na área administra-tiva, um no sector das vendas e quatro na assistência técnica aos clientes.

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36 www.gazetarural.comF I C H A T É C N I C A

Ano X - N.º 209Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), [email protected] | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda.Redacção Luís Pacheco | Departamento Comercial Filipe Figueiredo, João Silva, Helena AntunesOpinião Miguel Galante | Apoio Administrativo Jorge Araújo Redacção Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320 Fax: 232461614 - E-mail: [email protected] | Web: www.gazetarural.comICS - Inscrição nº 124546Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada Administração José Luís AraújoSede Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04Execução Gráfica Sá Pinto Encadernadores - Telf. 232 422 364 | E-mail: [email protected] | Marzovelos - ViseuTiragem média Versão Digital: 73000 exemplares | Versão Impressa: 2500 exemplaresNota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores

Já neste ano lectivo, em Vila Nova do Campo

EBIS Jean Piaget cria curso de agricultura e preservação dos alimentos

O ensino vocacional foi criado o ano lectivo passado como experiência piloto em 12 escolas a nível nacional. Estes cursos são orientados para a formação inicial (equivalência ao 9.º ano de escolaridade) privilegiando tanto a aquisição de dis-ciplinas estruturantes como Português, Matemática e Inglês, como o primeiro contato com diferentes atividades vocacio-nais, permitindo assim o prosseguimento de estudos no ensino secundário.

Finalmente este ano letivo estão criadas as condições para, em Viseu, ser criado o primeiro curso vocacional. A EBIS Jean Piaget, em Vila Nova Campo, atenta aos problemas que o nos-so país atravessa e acreditando que o seu desenvolvimento passa pelo desenvolvimento do primeiro sector, criou o curso vocacional que incluiu três áreas vocacionai diferentes mas complementares. As áreas que este curso de dois anos vai de-senvolver são a agricultura, a conservação e tratamento de alimentos e comércio.

Para a directora da Escola EBIS Jean Piaget “estas três áreas

vão promover a articulação de saberes que se complementam, para que os nossos jovens possam para além de aprenderem técnicas tra-dicionais e modernas de cultivo, técnicas de conservação dos pro-dutos alimentares ainda técnicas de embalamento e de comércio”. Segundo Cristina Brasete “estas áreas têm uma forte componente teórica, mas também muitas horas de prática simulada, tanto na es-cola, como em contexto real de trabalho, pelo que foram celebrados protocolos com entidades e empresas locais”. Assim, “estes jovens, para além da formação académica que lhe permitirá prosseguir es-tudos no ensino secundário, terão o seu primeiro contacto com a realidade empresarial”, sublinha a directora da Escola, referindo que “este será o primeiro passo numa área que nos é tão querida e pre-tendemos por isso continuar, já no próximo ano, com cursos voca-cionais de nível secundário”, refere Cristina Brasete, acreditando que “está na hora de oferecer aos alunos da nossa cidade um percurso académico diferente, mas igualmente de qualidade de forma a estes jovens prosseguirem os seus estudos”.

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BREVES

Nos dias 28 e 29 SetembroAlcobaça recebe Festas de Baco

A Câmara Municipal de Alcobaça e o Museu do Vinho de Al-cobaça, juntamente com a Quinta dos Capuchos, associam--se às Festas de Baco do Parque dos Monges com a organi-zação da visita temática “Da Vinha ao Vinho”, nas manhãs de 28 e 29 de Setembro.

O circuito a realizar de autocarro disponibilizado parte do Parque dos Monges às 111 horas em direcção às vinhas da Quinta dos Capuchos e culminará no Museu do Vinho de Al-cobaça. O final do percurso será o próprio Parque dos Monges nas Festas de Baco.

Nestas Festas de Baco 2013 o programa inclui a recreação de vindimas (apanha e pisa da uva feitas pelos visitantes), ex-posição de vinhos, conferências com enólogos e produtores, confecção de bebidas com vinhos e pão e variados petiscos.

Município de Aljustrel aprovou projeto de 100 hectares de citrinos

O Município de Aljustrel aprovou esta semana o projeto que marca o arranque da plantação de 100 hectares de citrinos situados na herdade da Pedra Alva, na Freguesia de S. João de Negrilhos.

O presente projeto agrícola é mais um importante investi-mento a localizar-se no Concelho de Aljustrel, que se junta a outros, como o maior amendoal da Europa, com cerca de 350 hectares, gerido pela empresa LLopis Portugal, também na freguesia de S. João de Negrilhos.

Estes são investimentos fundamentais para o Alentejo e para o país, que só no Concelho de Aljustrel significam a pas-sagem de uma área irrigável de 5 mil hectares para mais de 20 mil hectares e um investimento de mais de 70 milhões de euros, fruto da ampliação da rede secundária de Alqueva.

Pagamento das ajudas directas aos agricultores antecipado

para Outubro

A Comissão Europeia autorizou a antecipação para Ou-tubro do pagamento de 320 milhões de euros de ajudas di-rectas aos agricultores, que estava previsto para Dezembro, anunciou o Ministério da Agricultura e Mar (MAM).

O Governo tinha pedido a antecipação dos apoios comuni-tários devido “ao prolongado período de chuvas” deste ano, que prejudicou a execução dos trabalhos agrícolas e levou à perda de rendimento dos agricultores.

O pagamento representa 50 por cento das ajudas do Re-gime de Pagamento Único (RPU) e do prémio aos ovinos e caprinos e 80 por cento do prémio à vaca em aleitamento.

Recorde-se que o executivo da Câmara de Aljustrel assu-miu desde a tomada de posse a agricultura e a agroindústria como vetores fundamentais para o desenvolvimento. Esta aposta é reforçada pela ampliação da rede secundária de Alqueva, que quintuplicará as áreas de regadio disponível no concelho, pelo que o município não se tem poupado a esfor-ços na criação de parcerias com os municípios portugueses e espanhóis, estruturas associativas ligadas ao sector e restan-tes entidades envolvidas, como é o caso da EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, do senti-do de viabilizar e potenciar as oportunidades criadas por este grande investimento público em Aljustrel.

Feira Internacional de Gado de Zafra (Badajoz)

Todos os anos, quando se inicia o Outono, a cidade de Zafra (Badajoz), transforma-se numa das maiores montras interna-cionais de gado bovino, ovino, suíno, caprino e equino duran-te a celebração da Feira internacional de Gado, que este ano terá lugar de 3 a 9 de Outubro de 2013.

Esta é uma Feira com mais de cinco séculos de história e a mais importante da península Ibérica, que tem contado ao longo da sua trajectória com uma importante participação portuguesa, sendo celebrado o “Dia de Portugal” entre um dos eventos anuais.

Mais de um milhão de pessoas, entre ganadeiros, empresá-rios e público em geral visitam cada ano a Feira Internacional de Gado de Zafra, não apenas para conhecer o gado mais se-lecto do mundo e fazer negócios mas também para apreciar as exposições, actividades culturais e lúdicas e concursos que se celebram ao longo de toda a semana.

A Feira será apresentada em Lisboa pela Presidente da Câ-mara Municipal de Zafra, Gloria Pons, entre outras autorida-des, no dia 12 de Setembro, às 18:00 horas, na Residência do Embaixador de Espanha em Lisboa (Praça de Espanha, 39).

Dia 28 de Setembro Vindimas são na Quinta do Gradil

No próximo dia 28 de Setembro vive-se a “Experiência de Vindimas 2013”, naquela que já foi propriedade do Marquês de Pombal, a Quinta do Gradil. Considerada a mais antiga her-dade do concelho do Cadaval - a trinta minutos de Lisboa -, o programa inclui um passeio pelas vinhas acompanhado de uma experiência do trabalho de vindima, uma visita guiada pela adega, seguidos de uma prova de vinhos e de um almoço degustação. Poderá viver-se em pleno o espírito desta tradi-ção secular e fazer a colheita da uva com traje a rigor, porque a experiência deste ano inclui a oferta do chapéu e da t-shirt personalizadas.

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A 25 de Setembro

Vinte e cinco toneladas de cebola à venda em Vila Pouca de Aguiar

O centro de Vila Pouca de Aguiar transforma-se a 25 de Setembro numa “mega feira”, onde estarão à venda 25 toneladas de cebolas, produzidas por 40 agricultores, anunciou a autarquia.

A “Feira das Cebolas”, organizada pela autarquia local, tem como objectivo “recuperar a tradição” das populações do concelho, que semanalmente se encontravam no centro da vila e ali realizavam ne-gócios.

A Vila Pouca de Aguiar chegam cerca de 40 produ-tores regionais, alguns dos quais que já comparecem no certame há meio século, provenientes de vários pontos do concelho e da região transmontana.

O certame, que decorre no centro da vila, pretende beneficiar todo o comércio existente e escoar cerca de 25 toneladas deste produto. O concurso da ce-bola é outro dos momentos altos desta feira com exemplares que podem ultrapassar os dois quilos.

Depois há ainda um concurso pecuário, uma des-folhada à moda antiga, chegas de bois e de carnei-ros e animação musical. Antes, no dia 22, realiza-se uma corrida de burros e outra corrida de cavalos, no Complexo Desportivo.

Jovens Agricultores (entre os 18 e os 40anos) com projetos submetidos no âmbitodo PRODER - medida 1.1.3 “Instalação deJovens Agricultores”

Formação Básica de Agricultura – 48h

Formação específica p/ orientaçãoProdutiva da Exploração – 60h

Formação de Gestão da Empresa Agrícola – 45h

Componente Prática emContexto Empresarial – 60h

Locais: Viseu I Moimenta da Beira I Coimbra I Bragança I Leiria Castelo Branco

Av. Dr Alexandre Alves, Lj 33, 3500-632 ViseuTlf: 232 083 342 |Tlm: 915 940 146 www.indicemaximo.pt|[email protected]

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