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GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-002.323/2005-1 (com 3 volumes e 16 anexos, sendo o Anexo IV com 5 volumes, o Anexo VII com 1 volume, o Anexo X com 2 volumes, o Anexo XII com 35 volumes, o Anexo XV com 3 volumes e o Anexo XVI com 28 volumes). Natureza: Representação. Órgão: Tribunal Regional Eleitoral de Roraima – TRE/RR. Interessada: Secretaria de Controle Externo do Estado de Roraima. SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE UNIDADE TÉCNICA. INSPEÇÃO. INDÍCIOS DE ILEGALIDADE: 1) INOBSERVÂNCIA DE DISPOSITIVOS DA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS; 2) AUTORIZAÇÃO E PAGAMENTO IRREGULAR DE SERVIÇOS EXTRAORDINÁRIOS; 3) NOMEAÇÃO DE CÔNJUGE DE MEMBRO DO TJ/RR PARA OCUPAR CARGO EM COMISSÃO NO TRE/RR; E 4) AQUISIÇÃO DE VEÍCULO DE REPRESENTAÇÃO EM DESACORDO COM O PRECONIZADO NAS LEIS DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO’S) PARA OS EXERCÍCIOS DE 2003 E 2004. DETERMINAÇÕES. A possibilidade de contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual prevista no 24, inciso XI, da Lei n. 8.666/1993 aplica-se a qualquer tipo de contratação. RELATÓRIO

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GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-002.323/2005-1 (com 3 volumes e 16 anexos, sendo o Anexo IV com 5 volumes, o Anexo VII com 1 volume, o Anexo X com 2 volumes, o Anexo XII com 35 volumes, o Anexo XV com 3 volumes e o Anexo XVI com 28 volumes).

Natureza: Representação.Órgão: Tribunal Regional Eleitoral de Roraima – TRE/RR.Interessada: Secretaria de Controle Externo do Estado de Roraima.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE UNIDADE TÉCNICA. INSPEÇÃO. INDÍCIOS DE ILEGALIDADE: 1) INOBSERVÂNCIA DE DISPOSITIVOS DA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS; 2) AUTORIZAÇÃO E PAGAMENTO IRREGULAR DE SERVIÇOS EXTRAORDINÁRIOS; 3) NOMEAÇÃO DE CÔNJUGE DE MEMBRO DO TJ/RR PARA OCUPAR CARGO EM COMISSÃO NO TRE/RR; E 4) AQUISIÇÃO DE VEÍCULO DE REPRESENTAÇÃO EM DESACORDO COM O PRECONIZADO NAS LEIS DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO’S) PARA OS EXERCÍCIOS DE 2003 E 2004. DETERMINAÇÕES. A possibilidade de contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual prevista no 24, inciso XI, da Lei n. 8.666/1993 aplica-se a qualquer tipo de contratação.

RELATÓRIO

Trata-se de Representação realizada pela Secretaria de Controle Externo do Estado de Roraima, em razão de notícias veiculadas no periódico "Folha de Boa Vista", em 11 de fevereiro de 2005, dando conta da ação da Polícia Federal denominada "Operação Pretorium".2. Em despacho de 15/2/2005 (fl. 6), o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha, então Relator da matéria, autorizou a realização de inspeção no Tribunal Regional Eleitoral – TRE/RR.3. Ao final da fiscalização, a equipe apontou para a possibilidade de a administração da Corte Eleitoral de Roraima ter cometido as seguintes irregularidades (fls. 65/87):

inobservância de dispositivos da Lei de Licitações e Contratos (acréscimo de serviços em contrato cujo valor ultrapassou ao permitido no artigo 65, §§ 1°e 2°, da n. Lei 8.666/1993); aditivo irregular a contrato por dispensa de licitação; e contratações por inexigibilidade de diversas empresas de prestação de cursos de capacitação e treinamento;

acúmulo de remunerações com proventos de aposentadoria em montantes acima do teto constitucional;

dano a bem integrante do patrimônio do TRE/RR, sem a instauração da devida tomada de contas especial;

desvio de finalidade na concessão de diárias e passagens para servidores e magistrados; autorização e pagamento irregular de serviços extraordinários; ausência não justificada de magistrados; nomeação de cônjuge de membro do TJ/RR para ocupar cargo em comissão no

TRE/RR; aquisição de veículo de representação em desacordo com o preconizado nas Leis de

Diretrizes Orçamentárias (LDO’s) para os exercícios de 2003 e 2004; deficiência do Controle Interno; e utilização indevida de veículo do TRE/RR pela Sra. Larissa de Paula Mandes Campello,

esposa de ex-Presidente do órgão. 4. Em decorrência dos achados de auditoria, a equipe propôs audiência de diversos responsáveis (fls. 88/90).5. A seguir, transcrevo, no essencial, com os ajustes de forma necessários, a instrução oferecida por aquela unidade técnica, por ocasião da análise das razões de justificativa (fls. 218/265):

“1.2. Acúmulo de remuneração com provento de aposentadoria em montante acima do teto.

O achado foi tratado nas fls. 70/71 do volume principal. Como resultado, foi proposta determinação ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima para que instaure Tomada de Contas Especial, tendo como responsáveis Ana Lia de Miranda e Martins, Isaías Costa Dias e Miguel José dos Santos, visando reaver os valores por eles recebidos indevidamente nos anos de 2001 a 2004 e informar ao Tribunal de Contas do Estado de Rondônia que os valores recebidos por esses procuradores do MP/RO estão acima do teto.

1.3. Omissão e ineficiência da Coordenação de Controle Interno do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima.

O achado foi tratado nas folhas 87 do Vol. Principal. Como resultado, foi proposta recomendação ao Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima para que procure nomear para a função de coordenador de controle interno servidores efetivos que não possuam vínculo de parentesco com a direção do órgão.

2. Achados/outros fatos relevantes que resultaram em audiência:2.1. Prorrogação irregular de contrato:O achado foi tratado nas fls. 71/72 do Vol. Principal. Como resultado foram

propostas as audiências do Desembargador Mauro Campello, do Desembargador José Pedro Fernandes e dos servidores Vick Mature Aglantzakis e Ana Lúcia Villaça Cunha.

2.1.1. Audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento Campello:

para ‘apresentar razões de justificativa acerca da celebração irregular do Sétimo Termo Aditivo à Carta-Contrato n. 3/1, firmada entre o TRE/RR e a empresa Rorserc Roraima Serviços e Comércio Ltda., uma vez que o Contrato teve origem em dispensa de licitação com base na hipótese prevista no inciso XI do art. 24 da Lei n. 8.666/1993 e, consequentemente, não poderia ter sido prorrogado.’

Argumentos [fls. 300/312 do anexo XII]1. quando o Desembargador Mauro Campello realizou a primeira prorrogação, o contrato já estava com 39 meses, 15 a mais do que os 24 do contrato original;2. a prestação de contas relativa ao exercício em que houve a primeira prorrogação foi aprovada pelo Tribunal de Contas da União;3. pelo fato de tratar-se de serviço de natureza contínua, o artigo 57, II, da Lei n. 8.666/1993 permite a duração do ajuste por 60 meses, podendo haver, ainda acréscimo temporal de mais 12 meses (havendo, inclusive julgados do TCU confirmando que os serviços de limpeza e conservação são de natureza contínua);4. a Diretoria de Administração demonstrou que a prorrogação era mais vantajosa para a administração;5. o acréscimo de serviços ocorreu em 15/8/2001, em outra gestão. Na sua gestão (em 5/9/2003) ocorreu o acréscimo de 2 serventes e 1 copeira, não importando em acréscimo qualitativo, mas dentro das categorias previstas no projeto básico. Quanto à listagem de serviços da Nota de Empenho 2004NE000042, o que houve foi um erro do preenchimento da NE. Na verdade, tratava-se de ‘serviços de limpeza, copeiragem, recepcionista, reprografia e artífice’.AnáliseA respeito dos argumentos 1 e 2, necessário se faz comentar que o Tribunal de

Contas da União, ao julgar as prestações de contas dos órgãos ou entidades, analisa tão-somente os atos de gestão verificados e relacionados pelo controle interno do órgão ou da entidade, em cumprimento do artigo 14 da IN/TCU n. 47/2004.

Se o controle interno do órgão ou entidade seleciona os atos de gestão por técnica de amostragem, é possível que algum ato de gestão tenha ficado fora dos atos analisados pelo TCU.

O que não significa dizer que o conhecimento de um ato de gestão não incluído na Prestação de Contas não possa vir a provocar a reabertura do processo de prestação de contas e a realização de um novo julgamento.

Quanto ao argumento 3, o inciso XI do artigo 24 da Lei n. 8.666/1993 é claro ao mencionar a ‘contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento’. Não há menção a remanescente de contrato, ou a remanescente de período de vigência, e sim a remanescente de serviço, obra ou fornecimento.

Nesse caso, o órgão, ao interpretar o dispositivo legal, compreendeu que se tratava de remanescente de prazo de vigência. Entretanto, não há que se falar em remanescente quando se trata de serviço de natureza contínua.

O remanescente somente se verifica nos casos de obra, fornecimento ou serviço de duração finita, como por exemplo reformas e instalações. Essa visão é

corroborada por Fernandes1 (1997), que afirma, inclusive, que o remanescente do serviço deve ser objeto de minucioso laudo para a verificação de que parcelas do objeto foram realizadas e que parcelas faltam ser realizadas.

No mesmo sentido Justen Filho2 (1998), analisando o inciso XI da Lei de Licitações, entende que o contrato deve ser feito em relação ao remanescente que falta ser executado, e que no novo valor contratado devem ser abatidas as parcelas executadas na vigência do contrato anterior.

No serviço de duração continuada não há como se falar em parcelas e sim na prestação mensal do serviço. Logo se vê que não se trata de serviço de duração continuada como limpeza e conservação, cujo objeto é detalhado apenas pela quantidade de meses a serem faturados e pagos. Mas um serviço de engenharia sim, esse necessitaria de laudo para caracterizar as etapas ou parcelas remanescentes no seu cronograma físico.

Quanto à inexistência de acréscimo de serviços (argumento 5), importa ressaltar que, mesmo que não houvesse mudança qualitativa, e apenas acréscimo qualitativo, já estaria configurada a irregularidade.

Pois a Lei n. 8.666/1993, no inciso XI do artigo 24, estabelece como condição para a contratação: a limitação às ‘mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor’, incluindo-se, aí, os aspectos qualitativos e quantitativos dos itens cotados na proposta vencedora. Permitido apenas a correção do valor e não acréscimo dos quantitativos.

E de acordo com Justen Filho3 (1998) ‘quando houver necessidade de corrigir, emendar, substituir parcelas executadas incorretamente pelo contratado anterior, deve-se realizar nova licitação, visando a sanar tais defeitos’. Logo, se havia a necessidade de se acrescentar os serviços qualitativamente ou quantitativamente, dever-se-ia realizar uma nova licitação.

Quanto ao fato de a prorrogação representar economia para o órgão (argumento 4), aliado ao erro na interpretação da norma (interpretou ‘remanescente de serviço’ como se fora ‘remanescente de contrato’), indica que, na verdade, o que houve foi um erro na interpretação da norma. Esses fatos levam ao entendimento de que não está caracterizada má-fé do gestor.

Por esse motivo, entende-se que as justificativas apresentadas devem ser acatadas, sem prejuízo de determinar-se ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima que se abstenha de aplicar o inciso XI do artigo 24 da Lei n. 8.666/1993 nos casos de serviços de duração continuada.

2.1.2. Audiência do Desembargador José Pedro Fernandes:para ‘apresentar razões de justificativa acerca da assinatura de apostilamento de

acréscimo do valor de R$ 43.044,57 (quarenta e três mil, quarenta e quatro reais e

1 Fernandes, Jorge Ulisses Jacoby Fernandes. Contratação direta sem licitação: modalidades, dispensa e inexigibilidade de licitação. 2ª edição. Brasília/DF: Livraria e Editora Brasília Jurídica, 1997. 468 páginas. Página 225.2 Justen Filho, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos: de acordo com a Emenda Constitucional n. 19, de 4 de julho de 1998 e com a Lei Federal n. 9.648, de 27 de maio de 1998. 5ª edição revista e ampliada. São Paulo/SP: Dialética, 1998. 671 p. página 230.3 Referência 2.

cinqüenta e sete centavos), em 17/02/2004, à Carta-Contrato n. 3/1, que teve origem em dispensa de licitação com base na hipótese prevista no inciso XI do art. 24 da Lei n. 8.666/1993 e, consequentemente, não poderia ter sofrido acréscimo de valor e/ou nos serviços.’

Argumentos [fls. 6/14 do anexo X]1. a faculdade de se contratar a segunda colocada era garantida no inciso XI do artigo 24 da Lei 8.666/93 e no instrumento convocatório da licitação originária;2. o fato de tratar-se serviço de natureza contínua possibilitava a prorrogação por até 60 meses, conforme, inclusive, jurisprudência do TCU. Nesse raciocínio, o responsável entende que o remanescente deveria ser considerado em relação aos 60 meses, e não aos 24 meses do contrato originário;3. a assinatura do Termo de Apostilamento no valor de R$ 43.044,57 à Carta Contrato n. 3/1 visou a cobrir os valores dos serviços prestados no 1º trimestre de 2004. Equivale a 3 vezes R$ 14.348,19 (valor mensal dos serviços).Análise(...)Quanto à assinatura do Termo de apostilamento, a análise entende que, como

apenas visava-se a dar seguimento, por mais um trimestre, de contrato que já vinha sendo prorrogado recorrentemente, não se configura a má-fé, não havendo porque penalizar o gestor.

Por esse motivo, entende-se que as justificativas apresentadas devem ser acatadas, sem prejuízo de determinar ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima que se abstenha de aplicar o inciso XI do artigo 24 da Lei n. 8.666/1993 nos casos de serviços de duração continuada.

2.1.3. Audiência do Sr. Vick Mature Aglantzakis:‘pela realização de pagamento, por meio da Ordem Bancária n.

2003OB001030, relativo aos serviços da Nota Fiscal n. 2064 da empresa Rorserc Roraima Serviços e Comércio Ltda. de serviços de copeiragem, garçom, telefonista, recepcionista, reprografia, jardinagem e artífice sem a respectiva licitação, contrariando o art. 2º da Lei n. 8.666/1993 e o inciso XXI art. 37 da Constituição Federal’.

Argumentos [fls. 2/4 do anexo IV]1. o pagamento efetuado mediante a referida OB (2003OB001030) foi perfeitamente válido, em virtude da existência de contratação prévia, ‘em obediência à Constituição Federal e à Lei de Licitações’.2. realmente, havia a contratação prévia, fruto de uma prorrogação irregular de contrato, pois, conforme detalhado no subitem (2.1.1), a prorrogação com base no inciso XI do artigo 24 da Lei de Licitações não se aplica a serviços de natureza continuada.AnáliseTendo em vista que a análise acatou as justificativas do Doutor Mauro

Campello, entende-se que se deva acatar também as justificativas do servidor público Vick Mature Aglantzakis, sem prejuízo de, na proposta de mérito, propor determinação ao Tribunal Regional Eleitoral no sentido de abster-se de aplicar o inciso XI do artigo 24 da Lei de licitações a serviços de natureza continuada.

2.1.4. Audiência da Sra. Ana Lúcia Villaça da Cunha:

‘pela realização do Empenho n. 2004NE00042, relativo a serviços de copeiragem, garçom, telefonista, recepcionista, reprografia, jardinagem e artífice a serem prestados pela empresa Rorserc Roraima Serviços e Comércio Ltda. sem a respectiva licitação, contrariando o art. 2º da Lei n. 8.666/1993 e o inciso XXI art. 37 da Constituição Federal’.

Argumentos [fls. 2/6 do anexo V]O Sétimo Termo Aditivo à Carta Contrato n. 3/2001 prorrogou a vigência do

contrato para 31 de março de 2004. Logo, quando da emissão da 2004NE000042, havia cobertura contratual, descaracterizando a contratação sem licitação alegada pela equipe técnica do TCU.

AnáliseA esse respeito, a análise reafirma que realmente o empenho serviu para

comprometer dotação orçamentária com serviços contratados sem a regular licitação. Isto porque o contrato de serviços havia sido prorrogado com base em fundamentação legal equivocada. O inciso XI do artigo 24 da Lei n. 8.666/1993 não se aplica aos contratos de serviços de duração continuada.

Entretanto, dado que o erro começou na assinatura do aditivo, e que o papel da servidora foi restrito à emissão do empenho, entende-se que se deva acatar a justificativa, sem prejuízo de, no mérito, propor determinação ao TRE no sentido de que se abstenha de aplicar o inciso XI do artigo 24 nos casos de contração de serviços de duração continuada.

2.2. Acréscimo do valor do Contrato n. 4/2004 acima do limite estabelecida em lei e mediante empenho

O achado foi tratado na fl. 73 do Vol. Principal. Duas irregularidades foram apontadas: 1) realização de licitação sem a devida previsão orçamentária e 2) acréscimo do valor do contrato superior aos 25% permitidos por lei. Do achado resultaram as audiências:

a) do Sr. Wellington Alves de Lima, para apresentar razões de justificativa acerca da emissão do Empenho 2004NE000111, no valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), para o pagamento de passagens na rubrica Pleitos Eleitorais, sem que o contrato contemplasse esse fornecimento, acarretando acréscimo de 86,6% ao Contrato n. 4/2004, contrariando os §§ 1º e 2º do artigo 65 da Lei n. 8.666/1993;

b) do Sr. Vick Mature Aglantzakis, para apresentar razões de justificativa acerca da emissão do Empenho 2004NE000111, no valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), para o pagamento de passagens na rubrica Pleitos Eleitorais, sem que o contrato contemplasse esse fornecimento, acarretando acréscimo de 86,6% ao Contrato n. 4/2004, contrariando os §§ 1º e 2º do artigo 65 da Lei n. 8.666/1993.

Conforme informação extraída do Sistema Processos, o Sr. Wellington Alves de Lima apresentou as suas alegações de defesa à Secex/RR. Entretanto, esses documentos não foram encontrados no processo, motivo pelo qual não foram analisados.

O Sr. Vick Mature Aglantzakis apresentou suas justificativas nas folhas n. 4/19 do Volume Principal do Anexo IV.

Argumentos1. o projeto básico que subsidiou a licitação já previa o programa 02.061.0570.4269.0001 - Pleitos Eleitorais entre as fontes de custeio dos serviços a serem licitados (fl. 5 do Vol. 1 do Anexo IV);

2. o contrato previa que o serviço seria executado em conformidade com o próprio contrato e com o projeto básico (parágrafo único da cláusula primeira, fl. 208 do Vol. 1 do Anexo IV);3. a licitação, por ser na modalidade pregão, não estipulava valor máximo a ser executado, o que levou a emitir o empenho do tipo estimativo;4. a seu ver, não houve alteração no objeto do contrato, e tão-somente um novo aporte de recursos que se fez necessário para fazer frente às despesas com o transporte de servidores e de magistrados.Após apresentar esses argumentos, o responsável conclui que o não

apostilamento do contrato com a inclusão dos recursos de créditos não previstos originariamente no edital e no contrato, levaria a uma das três situações seguintes:

1. não promover a alteração do contrato e manter a execução do projeto original;2. promover a alteração contratual dentro do limite permitido pela Lei n. 8.666/1993, ou seja, de 25%;3. rescindir o contrato e promover uma nova licitação.AnáliseA respeito dos quatro argumentos apresentados pelo Sr. Vick Mature

Aglantzakis, a análise entende que:Argumentos 1 e 2: realmente o projeto básico, conforme o qual o serviço seria

executado (de acordo com cláusula contratual), previa a utilização de recursos do programa Pleitos Eleitorais.

Entretanto, não é esse o fato questionado pela auditoria. A irregularidade residiu, exatamente, em que, quando da realização da licitação, não havia previsão orçamentária na rubrica Pleitos Eleitorais. Posteriormente, essa rubrica veio a ser incluída pelo Contrato n. 4/2004, caracterizando a realização de licitação sem a previsão orçamentária.

Argumento 3: está correto que a licitação poderia ser realizada na modalidade pregão. Entretanto esse fato não descaracteriza a vedação ao acréscimo contratual de 25% previsto nos §§ 1º e 2º do artigo 65 da Lei n. 8.666/1993.

Quanto ao fato de o empenho ser estimativo, impende informar que, nos casos de empenhos estimativos (artigo 60, § 2º, da Lei n. 4.320/1964), visa-se a empenhar a despesa cujo montante é desconhecido, não a permitir a realização de contrato com valor ilimitado.

Nos casos de empenho estimativo, após conhecido o valor do contrato, a diferença de valor, a mais ou a menos, deveria ser objeto de cancelamento ou de reforço de empenho, respectivamente.

Argumento 4: não houve, realmente, alteração no objeto do contrato, e sim a inclusão de fonte orçamentária não prevista na licitação original, caracterizando a realização de licitação sem previsão orçamentária.

Quanto às três situações postas pelo responsável, quais sejam: não promover a alteração do contrato e manter a execução do projeto original; promover a alteração contratual dentro do limite permitido pela Lei n. 8.666/1993, ou seja, de 25%; e rescindir o contrato e promover uma nova licitação, a análise entende que todas essas três possibilidades estariam corretas e de acordo com a lei. A adoção de uma dessas três possibilidades evitaria a caracterização da irregularidade pela equipe de auditoria.

Conclusão: a análise entende que não se deva acatar as alegações de defesa do Sr. Vick Mature Aglantzakis. Entretanto, por se tratar de irregularidade que não concorreu para prejuízo ao patrimônio público, propõe-se que seja objeto de determinação ao TRE/RR no sentido de não promover acréscimo em contratos administrativos acima do limite de 25% previsto nos §§ 1º e 2º da artigo 65 da Lei n. 8.666/1993, bem como abster-se de realizar licitação sem a existência dos respectivos créditos orçamentários.

2.3. Despesa relativa à viagem de magistrados à Venezuela.O achado levantou a ocorrência de despesas relativas a diárias para participação

dos magistrados Mauro José do Nascimento Campello e Luís Fernando Castanheira Malet e do servidor Vick Mature Aglantzakis no referendum ocorrido na Venezuela, em evento diverso à finalidade do TRE/RR.

Foi tratado nas fls. 73/74, resultando na proposta de audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento Campello, ‘para apresentar razões de justificativa por ter autorizado e concedido, por meio da Portaria n. 349, de 10 de agosto de 2004, 6 diárias e meia para participação de magistrados e servidor em evento diverso à atividade do TRE/RR, contrariando o princípio da finalidade insculpido na Constituição Federal.’

Resumo das constatações da equipe de auditoria:1. atividades diversas da finalidade do TRE/RR;2. enquadramento indevido da despesa em pleitos eleitorais;3. inexistência de justificativa para a concessão das diárias;4. concessão de 6,5 diárias para evento com apenas um dia de duração;5. ausência de comprovação da despesa (inexistência de liquidação da despesa).Justificativa do Doutor Mauro José do Nascimento CampelloQuanto à finalidade pública do evento (constatação 1), o Doutor Mauro

Campello informa que a sua participação no referendum atendeu à solicitação do Consulado Geral da Venezuela (fl. 439 do Anexo XII); que tão logo recebeu o convite, solicitou autorização para o seu afastamento à Corte do TRE, informando que a modalidade do transporte seria terrestre (fl. 438 do Anexo XII); e que, após relatado, o seu pedido foi aprovado pelo Órgão Pleno do TRE, por unanimidade.

Quando da aprovação do pleito, o Pleno acatou o voto do Relator que entendeu a finalidade pública ao escrever em seu voto que:

‘a Constituição Federal, artigo 4º, P.U., determina que a República Federativa do Brasil buscará, dentre outras, a integração política com os povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Portanto, o texto magno consagra explicitamente o tipo de colaboração a ser prestada pelos Magistrados em Venezuela, que, como observadores eleitorais internacionais, contribuirão para a legitimidade do pleito que se realizará em 15 de agosto de 2004’ (Anexo XII, Vol. 2, fls. 442/443).

Ainda reforçando a tese da finalidade pública, informa que a viagem de magistrados para países vizinhos faz parte da atividade rotineira da Justiça Eleitoral. Inclusive, existe um setor no TSE cuja função é ‘assessorar magistrados e servidores da Justiça Eleitoral quando em missões de observação, acompanhamento e monitoramento de eleições no exterior’ (Anexo XII, Vol. 2, fl. 489).

Consta também da justificativa do Doutor Mauro Campello que o Desembargador Carlos Prudêncio, à época presidente do TRE/RR, também viajou para a Venezuela a fim de acompanhar o referendum (fl. 419 do Vol. 2 do Anexo XII).

Quanto ao enquadramento da despesa em ‘Pleitos Eleitorais’ (constatação 2), o Doutor Mauro Campello informa que o servidor Wellington Alves de Lima, ex-Coordenador de Orçamento e Finanças do TRE/RR, solicitou informações ao TSE e ao Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (cujo presidente também viajou para o referendum da Venezuela).

Ambas as informações recebidas em atenção a essa solicitação deram conta de que o registro das despesas com viagens ao estrangeiro, realizadas por magistrados devem ser feitas no elemento de despesa ‘diária no exterior’, no programa de trabalho ‘Pleitos Eleitorais’ (fl. 419 do Vol. 2 do Anexo XII; fls. 642/643 e 645/647 do Vol. 3 do Anexo XII).

Quanto à inexistência de justificativas para a concessão das diárias e quanto à quantidade de diárias (6,5) (constatações 3 e 4), o Doutor Mauro Campello informa que na solicitação feita ao Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Sepúlveda Pertence, para que encaminhasse o Ofício n. 380/2004, pedindo a autorização ao Supremo para que o servidor Vick Mature Aglantzakis acompanhasse o Presidente do TRE no referendum na Venezuela, estava estipulado o período do afastamento em 12 a 18 de agosto de 2004 (fls. 577 e 589 do vol. 2 do Anexo XII).

Cita a Resolução TSE n. 21.793, que, no § 2º do artigo 4º, afirma que ‘as diárias no exterior serão concedidas a partir da data do afastamento do território nacional, contadas do dia da partida até o do retorno, inclusive’. Dessa forma, o cálculo das diárias estaria de acordo com os regulamentos do TRE/RR (566/570 do Vol. 2 do Anexo XII).

Apresentou cálculos mostrando que a concessão de diárias para o deslocamento via terrestre, conforme autorização do Pleno do TRE/RR, saiu mais em conta para a Administração Pública que se o deslocamento fosse feito por avião. Isto porque o que foi pago a mais de diárias ainda é inferior ao que seria gasto na viagem de avião que inclui os percursos: Boa Vista/Manaus; Manaus/São Paulo; São Paulo/Caracas; Caracas/São Paulo; São Paulo/Manaus; Manaus/Boa Vista (fls. 408/409 do Vol. 2 do Anexo XII).

Além do mais, a viagem por via aérea necessitaria de tempos de espera de 1:50’ em Manaus (ida); 8:15’ em São Paulo (ida); 4:15’ em São Paulo (retorno); e 9:40 em Manaus (retorno), totalizando 24 horas de espera para embarques nos aeroportos de Manaus e São Paulo (fl. 408 do Vol. 2 do Anexo XII). O que elevaria a quantidade de diárias para patamar próximo ao que foi concedida na viagem terrestre.

A título de comparação, informa que o Ministro Humberto Gomes de Barros, do Tribunal Superior Eleitoral, também iria ao evento, e que em contato com o gabinete daquele Ministro, ficou sabendo que o mesmo havia reservado hospedagem no Hotel Hilton, de Caracas/VE. E que o deslocamento do Ministro seria via aérea, com partida para o dia 13/14 de agosto de 2004 e retorno para o dia 16 de agosto de 2004 (fl. 405 do Vol. 2 do Anexo XII).

Quanto à ausência de comprovação da despesa (constatação 2): o Doutor Mauro Campello narra a viagem até Caracas e informa que se hospedou no Hotel Hilton, mesmo em que ficaria hospedado o Ministro Humberto Gomes de Barros (TSE). Entretanto, não apresenta comprovante de que houve realmente a hospedagem no referido Hotel.

E mais, apresentou cópia do Termo de Depoimento da servidora pública federal Andrea Fernandes da Cruz Vieira nos autos do Processo Administrativo n. 47/2005, cuja finalidade foi apurar condutas imputadas aos servidores Vick Mature Aglantzakis e Elízio Ferreira de Melo.

Nesse depoimento, a servidora afirma que efetuou ligações internacionais com a finalidade de reservar vaga no hotel Hilton de Caracas para os agentes públicos que para lá viajariam para participar do referendum (fl. 657 do Vol. 3 do Anexo XII).

Apresentou, também, cópias de duas declarações de deputados federais que teriam participado do referendum como observadores internacionais (fls. 660/661 do Vol. 3 do Anexo XII); as credenciais do servidor Vick Mature Aglantzakis e do Doutor Luiz F. Castanheira Malet (fls. 663/664 do Vol. 3 do Anexo XII).

E uma declaração do Doutor Carlos Prudêncio, desembargador que à época era presidente do TRE/SC, e que teria viajado, também, para Caracas para participar do referendum (fl. 668 do Vol. 3 do Anexo XII).

Consta, também, da defesa do Doutor Mauro Campello fotografias em que o magistrado aparece em ação na fiscalização das eleições, portando o devido crachá (fl. 427 do Vol. 2 do Anexo XII).

AnáliseAnte essas alegações, entende-se que devam ser acatadas as justificativas do

Doutor Mauro Campello. 2.4. Deslocamento de magistrado entre os dias 06 e 7/8/2004 para

Florianópolis/SC para tratar de assuntos particulares.O achado foi descrito nas fls. 74/75, resultando na proposta de audiência do

Desembargador Mauro José do Nascimento Campello para: ‘apresentar razões de justificativa por ter realizado viagem custeada com recursos federais à cidade de Florianópolis/SC entre os dias 6 e 7/8/2004 para tratar de assuntos particulares, uma vez que não existe no procedimento de concessão justificativa, documento formal ou comprovação para a efetiva participação do magistrado em evento relativo às eleições 2004.’

Constatações da equipe de auditoria: deslocamento para Florianópolis no período de 6 a 7 de agosto de 2004, sendo que nessa data houve, em Florianópolis, o ‘I Encontro Sul Brasileiro da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e Juventude/ABMP’, entidade da qual o Desembargador Mauro Campello é presidente.

Argumentos [fls. 767/796 do volume 3 do anexo XII]Naquela data (6/7 de agosto de 2004) , houve em Florianópolis o seminário

denominado ‘Mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente’.Foi sondado para proferir palestra por ser magistrado presidente da Comissão

Executiva Nacional do programa Eleitor do Futuro e, também, da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e da Juventude/ABAP.

O evento era coordenado e organizado pela ABAP, por esta entidade ser parceira do Tribunal Superior Eleitoral, mas a sua participação foi combinada na condição de que o TRE deveria bancar as passagens.

No XX Congresso Nacional da ABAP realizado em abril/2004 em Salvador/BA, custeou com recursos próprios a sua ida. E cita os eventos da ABAP realizados em 2004, sendo que suas viagens não eram custeadas pelo TRE/RR, e sim pelos organizadores dos respectivos eventos.

Por fim, ressalta que ‘os deslocamentos do Desembargador Mauro Campello para atender temas ligados diretamente à ABAP são custeados por seus parceiros ou pela entidade que o convida. Jamais utilizando-se de recursos da Corte Eleitoral de Roraima ou de seu Tribunal de Justiça’.

AnáliseAnte o exposto, haja vista que informação nova surge no processo – o fato de o

Doutor Mauro Campello ser presidente da Comissão Executiva Nacional do programa Eleitor do Futuro – entende-se que devam ser acatadas as justificativas, sem prejuízo de determinar que nas concessões de diárias e de passagens aéreas sejam detalhadas as motivações da viagem.

2.5. Ausência não justificada de magistrado durante o período de 16/12/2004 a 30/1/2005.

O achado encontra-se descrito nas fls. 75/76, resultando na proposta de audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento Campello para ‘apresentar razões de justificativa pela ausência injustificada entre o dia 16/12/2004 e 30/1/2005, quando deveria estar no exercício do cargo de presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima’.

ArgumentosOs dias compreendidos entre 20 de dezembro de 2004 a 6 de janeiro de 2005

são feriados no Poder Judiciário da União, segundo o inciso I do artigo 62 da Lei n. 5.010, de 30 de maio de 1966 (fl. 1.043 do Volume 5 do Anexo XII).

No período que se estende de 2 a 31 de janeiro de 2005, os membros das Cortes Eleitorais estavam em férias coletivas, em cumprimento ao § 1º do artigo 66 da Lei Complementar n. 35, de 14 de março de 1979.

Que nesse período, deslocou-se para o Rio de Janeiro para fazer companhia a seu pai acometido do Mal de Alzheimer.

O seu deslocamento ocorreu no dia 16 de dezembro de 2004 e foi devidamente comunicado ao Diretor-Geral do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, Bel. Elízio Ferreira de Melo, e aos assessores e coordenadores de sua administração (fl. 1.045 do Volume 5 do Anexo XII).

Havia orientado sua equipe de trabalho sobre esse deslocamento, porém continuaria no exercício da presidência, tendo em vista que o vice-presidente/corregedor, Desembargador José Pedro Fernandes, já se encontrava de férias no Ceará, desde o início de dezembro de 2004, portanto impossibilitado de substituí-lo (fl. 1045 do Volume 5 do Anexo XII).

Que nenhum impedimento legal existe para que o Desembargador Mauro Campello pudesse despachar em outra localidade, diversa da sede do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (fl. 1.045 do Volume 5 do Anexo XII).

E que, mesmo no seu deslocamento, não deixou de realizar atos administrativos e transmiti-los, via fax, para a Secretaria do TRE/RR. Deu orientações e procedeu a

determinações ao Diretor Geral em exercício, Bel. Nasser Humze Hamid, por meio de ligações telefônicas (fl. 1.047 do Volume 5 do Anexo XII).

Informa que se tornou comum no meio judiciário a aplicação da Lei n. 9.800/1999, que permitiu a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita, estendendo aos atos do juízo (fl. 1.046 do Volume 5 do Anexo XII).

A título de exemplo de aplicação dessa norma (Lei n. 9.800/1999), cita o caso de um Agravo de Instrumento em que, por telefone, orientou o seu assessor a elaborar a decisão. Sendo que nesse caso, em 30 de dezembro, o assessor encaminhou-lhe a minuta da decisão por fac-símile, que foi devolvida também por fax. E, posteriormente, o seu original remetido por SEDEX (fl. 1.047 do Volume 5 do Anexo XII).

AnáliseAnte os argumentos apresentados pela defesa, a análise entende que deva ser

acatada a justificativa do Doutor Mauro Campello.2.6. Contratação por inexigibilidade de licitação fora da hipótese

prevista no art. 25 e sem justificativa e/ou pesquisa de preço.O achado encontra-se descrito nas fls. 76/79 e resultou em proposta de

audiência.2.6.1. Audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento

Campello para:‘apresentar razões de justificativa pelo descumprimento da determinação

prevista no item 8.3.2 do Acórdão n. 848/2002, bem como pela ratificação para a contratação de cursos/treinamentos por inexigibilidade fora das hipóteses da lei e sem justificativa e/ou pesquisa de preço (Procedimentos Administrativos ns. 174/2003, 181/2003, 208/2003, 250/2003, 266/2003, 272/2003, 297/2003, 317/2003, 322/2003, 371/2003, 393/2003, 675/2003, 298/2004, 511/2004, 580/2004, 632/2004 e 697/2004).’

Argumentos1. O fato de se tratar de treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, que é caracterizado como ‘serviço técnico profissional especializado’, segundo o inciso VI do artigo 13 da Lei n. 8.666/1993, é suficiente para esclarecer que a situação impugnada pelos analistas encerra hipótese de inexigibilidade de licitação.2. A contratação, nesses casos, depende de critérios subjetivos, dado que à Administração competirá, no uso de seu poder discricionário, escolher o curso/treinamento mais adequado, sendo que cada curso vai atender ao interesse da Administração em razão do seu conteúdo e da qualificação dos instrutores.3. As contratações foram respaldas na jurisprudência do TCU e em diversos atos de órgãos públicos destacando-se, entre eles, vários tribunais regionais eleitorais, o Tribunal Superior Eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público da União.AnáliseQuanto ao argumento 1, convém salientar que o enquadramento no inciso VI do

artigo 13 da Lei n. 8.666/1993 não é suficiente para caraterizar a inexigibilidade de licitação. Para caracterizar a inexigibilidade, necessária se faz a combinação dos artigos 13 com o 25 dessa Lei.

No presente caso, que trata da contratação de cursos, a caracterização da inexigibilidade exigiria a combinação do inciso VI do artigo 13 com o inciso II do artigo 25, resultando na ocorrência concomitante de 4 características que são:

1. caracterização de que o serviço a ser contratado pertence ao gênero ‘serviços técnicos profissionais especializados’;2. caracterização de natureza singular desse serviço;3. caracterização da notória especialização dos profissionais ou da empresa a ser contratada; e 4. o serviço a ser contratado não pode ser de publicidade ou de divulgação.Quanto ao argumento 2, é importante observar que o Doutor Mauro Campello

chamou a atenção para a discricionariedade facultada ao agente público para escolher o curso/treinamento mais adequado.

Essa discricionariedade foi considerada pelo Ministro Adhemar Paladini Ghisi, ao relatar o processo TC-000.830/1998-4, cuja finalidade foi: realizar ‘estudos desenvolvidos sobre a possibilidade do enquadramento na hipótese da inexigibilidade de licitação para a contratação de professores, conferencistas ou instrutores para ministrar cursos de treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, bem como inscrição de servidores para participação de cursos abertos a terceiros’.

No voto proferido nos autos desse processo, o Ministro Ghisi reconheceu que ‘há necessidade de assegurar ao Administrador ampla margem de discricionariedade para escolher e contratar professores ou instrutores. Discricionariedade essa que deve aliar a necessidade administrativa à qualidade perseguida, nunca a simples vontade do administrador. Pois, as contratações devem ser, mais do que nunca, bem lastreadas, pois não haverá como imputar à legislação, a culpa pelo insucesso das ações de treinamento do órgão sob sua responsabilidade’.

A decisão proferida nesse processo (439/1998 - Plenário) foi apresentada pelo Doutor Mauro Campello como argumento em favor de sua defesa e contém o seguinte teor: ‘O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1. considerar que as contratações de professores, conferencistas ou instrutores para ministrar cursos de treinamento ou aperfeiçoamento de pessoal, bem como a inscrição de servidores para participação de cursos abertos a terceiros, enquadram-se na hipótese de inexigibilidade de licitação prevista no inciso II do art. 25, combinado com o inciso VI do art. 13 da Lei n. 8.666/1993’.

Quanto ao argumento 3, o Doutor Mauro Campello cita: a Decisão n. 439/1998 - Plenário, na qual o TCU firma o entendimento de que contratações de professores, conferencistas ou instrutores para ministrar cursos de treinamento ou aperfeiçoamento de pessoal, bem como a inscrição de servidores para participação de cursos abertos a terceiros, enquadra-se na hipótese de inexigibilidade de licitação; o Acórdão n. 654/2004 – 2ª Câmara (010.583/2003-9) em que, ao relatar a Tomada de Contas/2002 do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde/SC, o Relator (Ministro Lincoln Magalhães da Rocha), em seu voto, invoca o entendimento firmado na Decisão n. 439/1998 – Plenário, ao afirmar que ‘assiste razão aos gestores quanto à regularidade da contratação de treinamento mediante inexigibilidade de licitação’; o Acórdão n. 1.915/2003 – Plenário, no qual o Ministro Adylson Motta, ao analisar a contratação, pela Petrobrás, mediante inexigibilidade de licitação, de

docência para ministrar workshop sobre Plano de Ação para Compensação pelo Derramamento de Óleo, citou a Decisão n. 439/1998 – Plenário para firmar juízo pela legitimidade de tal contratação; o Acórdão n. 1.568/2003 – 1ª Câmara, no qual, ao elaborar o seu voto, o Relator Ministro Humberto Souto entendeu que houve singularidade no objeto do contrato, caracterizando a hipótese de inexigibilidade de licitação. A esse respeito, alguns esclarecimentos são feitos a seguir.AnáliseConforme o Voto proferido no TC-000.830/1998-4, que foi relatado pelo

Ministro Adhemar Ghisi e resultou na Decisão n. 439/1998 – Plenário, a singularidade do objeto ‘existirá desde que se trate de treinamento diferenciado em relação ao convencional ou rotineiro do mercado’. Portanto, ‘não há singularidade num curso sobre a mesma disciplina baseado apenas nas teorias existentes e em programas usualmente praticados’.

Essa definição de singularidade considera apenas os aspectos do objeto (curso/treinamento). Ela considera que os cursos, em suas mais diversas modalidades, encontram-se disponíveis no mercado, e que uns são singulares e outros não o são, em função das especificidades das suas matrizes curriculares.

Nesse sentido concorda Jorge Ulisses Jacoby Fernandes4, para quem a singularidade refere-se ao objeto (o curso a ser contratado) e não à entidade ou ao profissional que fornecerá ou ministrará o curso (página 328). Para ele, ‘singular é a característica do objeto que o individualiza, distingue dos demais’.

Ponto de vista diferente foi adotado pelo Ministro Humberto Souto ao elaborar o Voto que resultou no Acórdão n. 1568/2003 – Primeira Câmara. Na oportunidade, o Ex.mo. Ministro considerou as peculiaridades regionais do Sertão Nordestino como sendo condições de singularidade para a realização de cursos na região.

Na linha do entendimento do Ex.mo. Ministro Humberto Souto, Marçal Justen Filho5 considera que ‘a singularidade do objeto consiste, na verdade, na singularidade (peculiaridade) do interesse público a ser satisfeito’.

Para esse doutrinador, a raiz da inexigibilidade da licitação reside na necessidade a ser atendida e não no objeto ofertado. Ou seja, não é o objeto que é singular, mas o interesse público concreto. ‘A singularidade do objeto contratado é reflexo da especialidade do interesse público’ (página 252).

Nesse caso, as peculiaridades do interesse público produzem a singularidade do objeto a ser contratado (Marçal Justen Filho). Diferentemente do entendimento de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, em que o objeto singular já existe no mercado e, surgindo a necessidade de sua contratação, a Administração passa a demandá-lo.

No primeiro caso, os cursos existem no mercado, com as suas respectivas matrizes curriculares, porém, quando demandados, as peculiaridades do interesse público demandante podem vir a caracterizar, ou não, a singularidade. Pois, para Marçal Justen Filho, a singularidade leva à inviabilidade de competição (página 252) e a inviabilidade de competição leva à inexigibilidade (página 250).

4 Vide referência 1.5 Vide referência 2.

No segundo caso, os objetos (cursos) singulares e os não singulares existem no mercado. Quando o poder público demandar os singulares, haverá a inexigibilidade; quando demandar os não singulares, não se caracterizará a inexigibilidade.

O gestor, cujas alegações de defesa ora se analisa, adotou o entendimento referido no primeiro caso ao entender que a singularidade está ligada ao fato de a oportunidade da contratação do curso/treinamento levar em conta data e local em que os referidos cursos/treinamentos foram realizados, ao mesmo tempo em que essas características são compatibilizadas com as necessidades de qualificação e com a disponibilidade orçamentária do órgão (fl. 1.277 do Vol. 6 do Anexo XII).

Portanto, considerando que o gestor agiu de acordo com entendimento do Tribunal (Decisão n. 439/1998 - Plenário) e com o posicionamento de renomado doutrinador (Marçal Justen Filho), entende-se que a sua defesa deva ser acatada.

2.6.2. Audiência do Desembargador José Pedro Fernandes para:‘apresentar razões de justificativa pelo descumprimento do item 8.3.2 da

determinação constante do Acórdão n. 848/2002, bem como pela ratificação para a contratação de cursos/treinamentos por inexigibilidade fora das hipóteses da lei e sem justificativa e/ou pesquisa de preço (Procedimentos Administrativos ns. 100/2004 e 607/2004)’.

Argumentos1. A literalidade do artigo 25, caput, inciso II, c/c o artigo 13, inciso VI, todos da Lei n. 8.666/1993, é suficiente para inferir que não há ilegalidade na contratação direta de empresas que prestam serviços de capacitação e treinamento de servidores.2. Segundo o TCU, é inexigível a licitação de inscrição de servidores para a participação de cursos abertos a terceiros (Decisão n. 439/1998 – Plenário, Acórdão n. 654/2004 – Segunda Câmara, Acórdão n. 1.915/2003 – Plenário e Acórdão n. 1.568/2003 – Primeira Câmara).3. É rotina nos três Poderes da União a inscrição de servidores em cursos de treinamento mediante inexigibilidade de licitação, exemplificando os seguintes órgãos: TSE, STF, MPU, Senado Federal, Ministério da Integração Nacional, TRE/SC, TRE/DF e Tribunais Regionais Federais da 3ª e 5ª Região.4. O próprio Acórdão n. 848/2002 - Primeira Câmara não censurou a inexigibilidade para a contratação de cursos abertos a terceiros, portanto o fato de o TRE/RR haver realizado a contratação de cursos mediante inexigibilidade, não significa dizer que o referido Acórdão foi descumprido.5. Não compete aos servidores do TCU, no exercício regular de suas atribuições, argüir a ocorrência de crime e sim, somente, comunicar ao Ministério Público Federal (Acórdão n. 1.228/2004 – Segunda Câmara). Nesses termos, a afirmação ‘ocorrência de fato tipificado como crime no artigo 89 da Lei de Licitações’ fora feita em descumprimento ao art. 209, § 6º, do RI/TCU, que não prevê a competência para enquadramento penal e segundo o qual compete ao Tribunal (e não ao servidor) remeter cópia da documentação ‘ao Ministério Público da União, para ajuizamento das ações cabíveis’ (fls. 98/126 do Anexo X).Análise

Alguns desses argumentos já foram considerados na defesa do Doutor Mauro Campello. Entretanto, algumas considerações adicionais se fazem necessárias, conforme apresentado a seguir.

Quanto aos argumentos 1, 2 e 3, estes já foram discutidos na análise da justificativa do Doutor Mauro Campello, chegando-se a conclusão de que são argumentos válidos e, portanto, devem ser acatados.

Com respeito ao argumento 4, realmente, o TC-004.430/1999-9 (Tomada de Contas do TRE/RR, no Exercício de 1998) não apontou, especificamente, irregularidades na contratação de cursos por inexigibilidade de licitação.

As ocorrências relacionadas à inexigibilidade de licitação versaram sobre:a) aquisição direta do mobiliário com a utilização indevida da

inexigibilidade de licitação prevista no art. 25, caput, da Lei n. 8.666/1993, quando não ficou configurada a inviabilidade de competição;

b) locação de aeronaves (avião e helicóptero) sob o manto da inexigibilidade de licitação, quando não ficou comprovada a inviabilidade de competição.Após a audiência do Desembargador José Pedro Fernandes, á época presidente

do TRE/RR, o Relator, Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, propôs e a 1ª Câmara exarou determinação ao órgão para que: ‘8.3.2. cumpra, rigorosamente, os ditames da Lei n. 8.666/1993, observando-se, em especial, as regras relativas a dispensa e inexigibilidade de licitação (artigos 24 e 25), (... )’.

Como se percebe, a determinação foi para o cumprimento dos artigos 24 e 25. O artigo 25 é o que disciplina a inexigibilidade de licitação. Logo, à medida que há recorrência no descumprimento do artigo 25, estará caracterizado o descumprimento da determinação exarada no subitem 8.3.2. do Acórdão n. 848/2002 – 1ª Câmara.

Quanto ao argumento 5, relatório elaborado pelo Ex.mo. Ministro Adylson Motta, ao analisar o caso em que a equipe técnica indicava que o prefeito da cidade de Conceição da Barra/ES havia cometido crime de responsabilidade ao aplicar recursos de convênios em desacordo com as condições pactuadas, indicou que:

‘19. Refoge à competência desta Corte apreciar eventual tipificação de natureza penal da conduta dos gestores. Algumas constatações, havidas em sede de exame de contas ou fiscalização de atos ou contratos, impõem ao Tribunal o dever de comunicação ao Ministério Público Federal, como os eventos descritos no art. 16, § 2º, da Lei n. 8.443, de 16 de julho de 1992, sem que se classifique a conduta delituosa, tarefa afeta ao órgão responsável pelo ajuizamento das ações civis e penais cabíveis’.

Ao final de sua defesa (fl. 126 do Anexo X), o Desembargador José Pedro Fernandes reforça os argumentos de que as inexigibilidades de licitação censuradas estão de acordo com a Lei n. 8.666/1993, com a jurisprudência do TCU e com a práxis administrativa dos órgãos da Administração Pública Federal.

A análise, ante os argumentos expostos, entende que estas alegações de defesa devem ser acatadas.

2.6.3. Audiência do Sr. Miguel José dos Santos para:‘apresentar razões de justificativa pelo descumprimento da determinação

prevista no item 8.3.2 do Acórdão n. 848/2002, bem como autorização para a contratação de cursos/treinamentos por inexigibilidade fora das hipóteses da lei e

sem justificativa e/ou pesquisa de preço (Procedimentos Administrativos ns. 174/2003, 181/2003, 317/2003 e 322/2003)’.

Argumentos/AnáliseOs argumentos apresentados são os mesmos apontados pelos desembargadores

Mauro Campello e José Pedro Fernandes. Por esse motivo, dado que a análise considerou detidamente esses argumentos, acatando-os, quando da apreciação das justificativas desses desembargadores, entende-se que também deva ser acatada a defesa do Sr. Miguel José dos Santos (fls. 2/27 do Anexo VI).

2.6.4. Audiência do Sr. Isaías Costa Dias para:‘apresentar razões de justificativa pelo descumprimento da determinação

contida no item 8.3.2 do Acórdão n. 848/2002, bem como autorização para a contratação de cursos/treinamentos por inexigibilidade fora das hipóteses da lei e sem justificativa e/ou pesquisa de preço (Procedimentos Administrativos ns. 208/2003, 250/2003, 266/2003, 272/2003, 297/2003, 371/2003, 393/2003 e 675/2003)’.

O Sr. Isaías Costa Dias apresentou as suas justificativas nas folhas 140/174 do Anexo VII. Os argumentos trazidos por ele são os mesmos apresentados pelos desembargadores Mauro Campello e José Pedro Fernandes e pelo servidor aposentado Miguel José dos Santos.

Por esse motivo, dado que a análise considerou detidamente esses argumentos, acatando-os, quando da apreciação das justificativas dos desembargadores Mauro Campello e José Pedro Fernandes, entende-se que também deva ser acatada a defesa do Sr. Isaías Costa Dias.

2.6.5. Audiência do Servidor Público Elízio Ferreira de Melo para:‘apresentar razões de justificativa pelo descumprimento da determinação

contida no item 8.3.2 do Acórdão n. 848/2002, bem como autorização para a contratação de cursos/treinamentos por inexigibilidade fora das hipóteses da lei e sem justificativa e/ou pesquisa de preço (Procedimentos Administrativos ns. 100/2004, 298/2004, 511/2004, 580/2004, 607/2004, 632/2004 e 697/2004)’.

O Servidor Público Elízio Ferreira de Melo apresentou as suas justificativas nas folhas 2/26 do Anexo XI.

Os argumentos trazidos por ele são os mesmos apresentados pelos desembargadores Mauro Campello e José Pedro Fernandes e pelos servidores aposentados Miguel José dos Santos e Isaías Costa Dias.

Dado que a análise considerou detidamente esses argumentos, acatando-os, quando da apreciação das justificativas dos desembargadores Mauro Campello e José Pedro Fernandes, entende-se que também deva ser acatada a defesa do Servidor Público Elízio Ferreira de Melo.

2.7. Aquisição de veículos de representação e de padrão luxo, contrariando a Lei de diretrizes Orçamentárias para os exercícios de 2003 e 2004.

O achado encontra-se descrito nas fls. 79/80 do Vol. Principal. Dele resultaram as audiências dos Desembargadores Mauro José do Nascimento Campello e José Pedro Fernandes.

2.7.1. Audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento Campello para ‘apresentar razões de justificativa pelo ato antieconômico de ratificação da aquisição de veículo de luxo e de representação de marca Toyota, modelo Corola

XE 1.8 (fl. 57 - Anexo II), no valor de R$ 45.393,33 (quarenta e cinco mil, trezentos e noventa e três reais e trinta e três centavos), contrariando o inciso III do art. 29 da LDO para o exercício de 2003’.

O Desembargador Mauro José do Nascimento Campello afirma que agiu de boa-fé, pois ao especificar o veículo apenas seguiu procedimento das administrações anteriores. A título de exemplo, cita a aquisição feita pelo TRE/RR no ano de 2001 e compara os itens discriminados nessa compra com as especificações feitas na sua gestão, que resultaram na compra do Toyota Corolla, impugnada pela Auditoria.

A seguir, transcreve-se a comparação feita pelo Desembargador Mauro Campello entre o Astra adquirido em 2001 (antes de sua gestão) e o Corolla adquirido por ele, em 2003 (fl. 1.569 do Vol. 7 do Anexo XII).

Veículo adquirido em 2001 Veículo adquirido em 2003 (na gestão do Desembargador Mauro Campello)

Veículo de passeio Veículo de passeioAno e modelo 2001 Ano e modelo 2003

110 cv de potência mínima 110 cv de potência mínimacor sólida escura cor sólida escura

porta-malas com capacidade mínima de 400 litros

porta-malas com capacidade mínima de 400 litros

direção hidráulica direção hidráulica05 marchas à frente e uma à ré 05 marchas à frente e uma à ré

motor a gasolina motor a gasolina04 portas de acesso aos passageiros 05 portas

ar condicionado ar condicionadojogo de tapetes jogo de tapetes

assistência técnica local assistência técnica localgarantia mínima de 01 ano Emplacado e licenciado junto ao

Departamento de Trânsitodeverá possuir ainda as especificações

mínimas exigidas por leideverá possuir ainda as especificações

mínimas exigidas por leiPreço de aquisição: R$ 34.500,00 Preço de aquisição: R$ 45.393,33

Apresentou as suas justificativas nas folhas 1.560/1.580 do Vol. 7 do Anexo XII. São levantadas duas questões capazes de levar a uma definição a respeito da ocorrência ou não de irregularidade na aquisição de um veículo Toyota, realizada durante a sua gestão:

1. quanto ao veículo ser ou não de luxo;2. quanto ao veículo ser ou não de representação.No tocante à primeira questão, afirma que teve muita dificuldade em tentar

combater essa posição levantada pelos analistas do TCU, haja vista a dificuldade de se definir o que realmente caracterizaria um veículo de luxo, para que se pudesse verificar se o Toyota se enquadra nesse padrão.

Assume que nesse ponto a sua defesa é deficiente. Entretanto, taxa de lacônica a afirmação da equipe de auditoria ao mencionar a 'aquisição irregular de veículo de padrão luxo’.

Apesar disso, cita alguns julgados do Tribunal de Contas da União, os quais interpreta favorável à sua consideração de que o veículo adquirido não é de luxo.

Em seguida, passa à segunda questão, na qual argumenta com o objetivo de descaracterizar a constatação da auditoria de que o veículo Toyota é de representação.

Com esse objetivo, informa que o uso do veículo é compartilhado pela Presidência e pela Corregedoria do TRE. Em seguida argumenta que o uso compartilhado descaracteriza a representação.

Logo se extrai de sua defesa dois argumentos:1. o veículo adquirido não é de luxo;2. o automóvel destina-se ao uso compartilhado, e o uso compartilhado descaracteriza a representação.A seguir, a análise tecerá considerações a respeito desses dois argumentos, e

concluirá se acata ou não as justificativas apresentadas pelo Doutor Mauro Campello. Dada a dificuldade de se individualizar as argumentações, a análise e a conclusão a respeito dos argumentos serão feitas em conjunto.

Entretanto, antes de se passar à análise propriamente dita, é bom frisar que a afirmação da equipe de auditoria de que o automóvel atendia ao Desembargador José Pedro Fernandes foi baseada em entrevista realizada com o Coordenador de Serviços Gerais, Sr. Alex Magno. Nessa entrevista, o servidor afirmou que o referido veículo ‘após adquirido, ficou à disposição do Corregedor-Desembargador José Pedro Fernandes’.

AnáliseNa sua defesa, o Desembargador Mauro Campello afirma que, na verdade, a

aquisição do veículo foi solicitada pela Seção de Transportes para atender às ‘necessidades do Presidente e sobretudo do Corregedor’. Portanto, não sendo o carro de uso exclusivo do Corregedor.

Para caracterizar a necessidade da Corregedoria, a defesa afirma que, naquele momento, a Corregedoria era responsável pela fiscalização do eleitorado em 13 dos 15 municípios do estado de Roraima.

Com o intuito de deixar clara a não exclusividade do veículo a um setor específico (Corregedoria), afirma, ainda, que ‘o simples fato de um veículo atrelar-se a um determinado setor não o transforma em carro de representação visto que ele será utilizado para todos os serviços daquela seção administrativa, bem como para transportar, não somente magistrados, mas todos os servidores ali lotados’.

E que ‘essa sistemática de disponibilizar um veículo para os setores que realizam tarefas externas é rotina no Tribunal Regional Eleitoral – RR, a exemplo do que acontece com a Secretaria Judiciária, Presidência, Corregedoria, Coordenadoria de Serviços Gerais e Cartórios Eleitorais’.

Ainda segundo as alegações de defesa, ‘outra forma de distribuição dos carros traria prejuízos às atividades judiciais do Órgão, pois à exceção da Coordenadoria de Serviços Gerais, todos os setores especificados linhas atrás lidam com demandas litigiosas, muitas das quais de caráter urgente, exigindo imediato proferimento de decisão e de cumprimento de mandados, como nos casos de liminares em Mandado de Segurança, Habeas Corpus e vários procedimentos cautelares’.

A ‘assistência de veículo para a Corregedoria se faz mais necessária porque, além das atividades administrativas, o Corregedor acumula o cargo de Vice-Presidente e relata, entre outros, processos das eleições, cujos prazos de instrução são extremamente exíguos, indo de 24 a 48 horas (...)’.

A tese do uso compartilhado realmente está comprovada pelo documento de folha 1.582 do Volume 7 do Anexo XII, onde na requisição para a aquisição de 2 veículos (entre eles o Toyota Corolla), o Chefe da Seção de Transportes declina que o veículo deverá atender ‘às necessidades dos Gabinetes do Presidente e sobretudo do Corregedor’.

No sentido de corroborar a tese de que o uso compartilhado retira a característica de ‘representação’ do veículo, o Doutor Mauro Campello apresentou os seguintes julgados do Tribunal de Contas da União: Acórdão n. 2.45/2002 – 1ª Câmara; Acórdão n. 79/1999 – Plenário; Decisão n. 158/1999 – Plenário; Acórdão n. 400/97 - Primeira Câmara; e Acórdão n. 198/2003 – Plenário.

Após essas considerações, o Doutor Mauro Campello concentra a sua argumentação no sentido de conduzir ao entendimento de que o veículo Corolla por ele adquirido não pode ser caracterizado como carro popular, mas também não pode sê-lo como carro de luxo, ‘restando caracterizá-lo como veículo intermediário, o que é plenamente legal’.

E continua afirmando que ‘é evidente que carros, tipo passageiro, classificados como populares são mais baratos, contudo a necessidade do serviço e os aspectos de custo/benefício podem justificar a opção por carros que sejam mais caros, desde que não contenham acessórios desnecessários, inerentes ao padrão luxo’.

E que o conceito de luxo, hoje, ‘pressupõe a existência de comodidades que não são encontradas nos chamados automóveis populares e de porte médio, como por exemplo, câmbio automático, computador de bordo, freios ABS, rodas em liga leve e bancos em couro’ (grifo do original).

Agora, partindo do pressuposto que o Corolla é veículo de porte médio (ou categoria intermediária, entre o luxo e o popular), defende a aquisição de um veículo nessa categoria afirmando que:

‘a opção por um carro de porte médio teve em conta atender, de modo mais eficiente, às diversas necessidades dos serviços eleitorais, sobretudo nos deslocamentos de longa distância, que são realizados nos períodos de eleição’;

os carros de médio porte são adequados e úteis às necessidades do órgão, porém havia a necessidade de se montar um plantel de carros médios aptos a enfrentarem deslocamentos para o interior do Estado, transportando-se, via de regra, 4 passageiros e equipamentos de informática;

se, em vez da aquisição do carro de porte médio, fosse feita a opção pela aquisição de carro popular, restariam abertas as necessidades que somente seriam atendidas por carro de porte médio. Nesse caso, a aquisição unicamente do carro intermediário supre a necessidade do carro popular e do carro médio, apresentando, então, melhor relação custo/benefício;

a aquisição do veículo estaria dividida em duas fases: a fase decisória e a fase licitatória. Na primeira, o gestor teria a liberdade que a lei lhe confere para adotar a decisão mais eficiente (pois eficiência é critério do processo decisório). Na segunda, a decisão mais econômica já estaria tomada, cabendo observar-se o menor preço (pois menor preço é critério da fase licitatória);

a deseconomia estaria configurada se, em vez da aquisição de veículo médio, adequado às necessidades da Corregedoria, houvesse a aquisição de veículo de pequeno porte, mais barato, porém de uso limitado;

assim, a interpretação da Lei n. 1.081/1950 deve ‘observar também a contextualização do princípio da eficiência, cuja aplicação à situação vertente sugere que a busca do carro do tipo mais econômico não se oriente apenas pelo preço, mas por critérios que revelam a proporcionalidade custo/benefício’.

Com essas considerações, conclui que, ‘tendo em vista essas premissas, a aquisição do carro Corolla não só respeitou a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2003 e a Lei n. 1.081/1950, como também o preceito constitucional que exige a eficiência das decisões administrativas’.

AnálisePelos motivos expostos, a análise entende que pode ser acatada a argumentação

da defesa no sentido de que o veículo não é de luxo. Entretanto no que diz respeito a ser ou não de representação, não é possível acatar a justificativa.

Se realmente estivesse comprovado que o automóvel destina-se ao uso compartilhado, poderia entender-se como caso de veículo de serviço.

Mas é impossível firmar-se esse entendimento apenas com base na afirmação da defesa de que o automóvel é utilizado pelos funcionários da Corregedoria e não apenas pelo Corregedor. Isto porque o TRE dispõe de outros carros de pequeno porte capazes de transportar servidores menos graduados.

Ademais, a evidência levantada pela equipe de auditoria (entrevista com o chefe do setor de transporte) dá conta de que o referido automóvel ‘após adquirido ficou à disposição do Corregedor Desembargador José Pedro Fernandes’. E não dos servidores da Corregedoria.

Há que se considerar, entretanto, a dificuldade de se desacreditarem as afirmativas da defesa apenas com base nas palavras do entrevistado, sem a corroboração de provas documentais.

Por esse motivo, a análise acata a argumentação da defesa no sentido de que o automóvel não é de luxo e nem de representação.

2.7.2. Audiência do Desembargador José Pedro Fernandes para:‘apresentar razões de justificativa pelo ato antieconômico de homologação da

aquisição de veículo de representação de luxo marca GM, modelo Astra Sedan, no valor de R$ 46.700,00 (quarenta e seis mil e setecentos reais), contrariando o inciso III do art. 27 da LDO para o exercício de 2004’.

Argumentos1. não houve expressa indicação dos elementos que caracterizam a suntuosidade do veículo;2. a aquisição do veículo não pode ser considerada antieconômica, pois tal aquisição baseou-se em lições exaradas nos Acórdãos do TCU de ns. 207/1996 – Plenário; 245/2002 – 1ª Câmara; 55/1999 – Plenário e 103/2004 – Plenário;3. a aquisição do Astra Sedan foi a única alternativa que restou ao TRE/RR, após duas licitações desertas, e adequou-se aos requisitos estipulados no Termo de Referência do Pregão n. 30/2004 (fl. 51 do Anexo II);4. o veículo adquirido não é de luxo, pois não contém os atributos denotadores de luxo a que se referiu o Ministro Marcos Bemquerer no Acórdão n. 103/2004-Plenário, a saber: câmbio automático, computador de bordo, freios ABS, rodas de liga leve e bancos em couro. No mesmo sentido, elidem a acusação os seguintes julgados do TCU: Acórdão n. 66/2002-Plenário, Acórdão n.

198/2001-Plenário, Decisão n. 13/1997-Plenário e Decisão n. 158/1999-Plenário;5. houve reconhecimento pela equipe de auditoria de que o veículo, eventualmente, seria utilizado no transporte de magistrados e constava registro no edital de que a destinação principal e rotineira do automóvel seria transportar servidores em serviço implicam a inexistência da representação;6. a representação do veículo pressupõe sua destinação exclusiva a uma só pessoa, o que não restou demonstrado pela equipe de auditoria. Ao caso, aplicam-se os seguintes precedentes do TCU: Acórdão n. 245/2002-1ª Câmara, Acórdão n. 79/1999-Plenário, Decisão n. 158/1999-Plenário e Acórdão n. 400/1997-1ª Câmara (folhas 190/211 do Anexo X).AnáliseQuanto aos argumentos 1 e 4, realmente, no achado de auditoria não consta o

que caracteriza o veículo como luxuoso. Entretanto, é possível tecer algumas considerações a esse respeito, no intuito de concluir se o veículo realmente é de luxo.

De acordo com a Revista Quatro Rodas de Agosto/2005 (Ano 45, Edição 542), nas páginas 128/129, a linha GM no Brasil é composta dos carros de passeio listados a seguir.

Carro Modelos Preço (R$)Celta Celta LIFE 1.0 3P (mais simples) 23.155,00

Celta Super 1.4 5P (mais sofisticado)

28.450,00

Corsa Corsa Joy Hatch 1.0 27.705,00Corsa Premium Sedan 1.8 Flex 43.735,00

Astra Astra Advantage 2.0 Flex 42.736,00Astra Sedan Elite 2.0 Flex 68.864,00

Vectra Vectra Colection 2.0 8V 52.990,00Vectra Elite 2.2 16 V automático 80.064,00

Revista Quatro Rodas de Agosto/2005 (Ano 45, Edição 542), nas páginas 128/129

(...)Como se percebe, o Astra não é o modelo topo de linha da GM no Brasil. O

modelo topo de linha da GM no Brasil é o Vectra Elite 2.2 16V Automático (R$ 80.064,00).

Também nota-se que o Astra Confort 2.0 Flex 5P, que possui ar condicionado, direção hidráulica e trio elétrico, não é a versão mais sofisticada da linha Astra. O modelo mais sofisticado dessa linha é o Astra Sedan Elite 2.0 Flex (R$ 68.864,00), que dispõe de ar condicionado eletrônico, direção hidráulica, trio elétrico, rodas de liga leve, freios ABS/EBD, airbag duplo e lateral, CD, banco de couro, piloto automático e computador de bordo.

A partir dessas considerações, duas linhas de raciocínio podem ser adotadas para concluir se o veículo Astra Confort 2.0 adquirido pelo gestor é ou não de luxo. Na primeira, o modelo de carro por si só já pressupõe tratar-se de carro de luxo. Na segunda, considera-se que o luxo é inerente ao grupo de itens que o automóvel possui, como banco de couro, câmbio automático, rodas de liga leve, etc.

Essas linhas encontram-se claramente expostas no Voto do Ministro Marcos Bemquerer Costa proferido no TC-016.057/2002-0 (Auditoria no Conselho Federal de Corretores de Imóveis – Cofeci), para fundamentar o Acórdão n. 103/2004 – Plenário.

Nesse voto, o Ministro Marcos Bemquerer, ao analisar a aquisição de um Honda Accord pelo Cofeci, pronunciou-se nos seguintes termos: ‘não obstante o valor do automóvel Honda Accord adquirido pelo Cofeci já ser, por si só, um indicativo de ser o veículo de luxo, pois automóveis deste jaez possuem valor muito superior aos carros mais modestos (primeira linha de raciocínio: o luxo é inerente ao modelo), importante citar alguns itens descritos na carta-convite n. 4/2002, atinente à aquisição do veículo em foco, que evidenciam o seu padrão suntuoso: câmbio automático, computador de bordo, freios ABS, rodas de liga leve, bancos em couro, CD para o mínimo de 6 discos’ (segunda linha de raciocínio: o luxo é inerente aos equipamentos).

O Ministro Marcos Vilaça, ao fundamentar o Acórdão n. 400/97 - Primeira Câmara (recurso de reconsideração interposto contra o julgamento da Tomada de Contas do TRT 18ª Região referente ao exercício de 1993, em função da ‘aquisição de veículo de luxo caracterizado como de representação’), entendeu que a vedação da lei se destina ao veículo e não aos itens de que ele dispõe. Portanto, definiu-se pela primeira linha de raciocínio exposta acima (de que o luxo é inerente ao modelo).

As duas linhas de raciocínio são válidas. Entretanto, a primeira linha parece ser mais apropriada. Para demonstrar isso, a comparação apresentada a seguir parece ser suficiente. Considere-se um veículo popular, como Uno Mille, por exemplo. Dotá-lo de itens como ar condicionado, rodas de liga leve, direção hidráulica, airbag, ABS e CD Player não o tornará um carro de luxo.

No entanto, um Honda Accord, dotado de um projeto destinado ao conforto e ao bom desempenho, por si só, já pressupõe o luxo, conforme visto na transcrição de parte do Voto do Ministro Marcos Bemquerer Costa no TC-016.057/2002-0.

Convém deixar claro que, apesar de mais apropriada, a primeira linha de raciocínio (de que o luxo é inerente ao modelo) não se deve desprezar a segunda linha (de que o luxo é inerente ao grupo de itens). O importante é que a situação seja analisada concretamente em razão da lei e dos princípios da administração pública.

Feitas essas considerações, e tendo em conta que o Astra não é o modelo top de linha da GM no Brasil, da mesma forma como o Astra Sedan Confort 2.0 (ar, direção e trio elétrico) adquirido pelo TRE/RR não é considerado sofisticado entre os veículos da linha Astra (o modelo mais sofisticado dessa linha é o Astra Sedan Elite 2.0 Flex, que dispõe de ar condicionado eletrônico, direção hidráulica, trio elétrico, rodas de liga leve, freios ABS/EBD, airbag duplo e lateral, CD, banco de couro, piloto automático e computador de bordo), entende-se que as alegações referentes aos argumentos 1 e 5 devem ser acatadas.

(...)Conclusão: com base nesses argumentos, entende-se que se devam acatar as

alegações de defesa do Desembargador José Pedro Fernandes, no que concerne à aquisição do veículo Astra Sedan Confort 2.0, no valor de R$ 46.700,00.

2.8. Nomeação de servidora, não detentora de cargo efetivo, cônjuge de Desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima.

O achado foi descrito na fl. 80, resultando na audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento Campello, para ‘apresentar razões de justificativa pela designação da Sra. Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed, cônjuge de Desembargador do TJ/RR, Carlos Henrique Rodrigues, para exercer a chefia da Seção de apoio da Presidência, conforme a Portaria n. 127, de 20 de fevereiro de 2003, contrariando o princípio da moralidade esculpido no art. 37 da Constituição Federal, no art. 10 da Lei n. 9.421/1996 e no entendimento firmado pelo Plenário do Tribunal de Contas da União na Decisão n. 126/2001’.

Nas folhas 1.625 a 1.680 do Vol. 8 do Anexo XII, o Desembargador Mauro José do Nascimento Campello apresentou a sua defesa escrita.

Argumentos1. o biênio em que geriu o TRE foi pautado pelo planejamento (fls. 1.626 a 1.629 do Vol. 8 do Anexo XII);2. a servidora requisitada tinha qualificação suficiente para o cargo (fls. 1.633 a 1.634 do Vol. 8 do Anexo XII);3. a servidora requisitada possuía cargo efetivo no governo do Estado de Roraima (fls. 1.652 a 1.654 do Vol. 8 do Anexo XII);4. o ato em si estava de acordo com a lei (fls. 1.654 a 1.661 do Vol. 08 do Anexo XII);5. o ato não violou o princípio da moralidade administrativa (fls. 1.661 a 1.665 do Vol. 8 do Anexo XII); e6. a Decisão n. 126/2001 – Plenário não se aplica ao caso concreto (fls. 1.665 a 1.669 do Vol. 8 do Anexo XII).Antes de passar à análise propriamente dita dos argumentos apresentados, será

transcrito o artigo 10 da Lei n. 9.421/96.‘Art. 10. No âmbito da jurisdição de cada Tribunal ou Juízo é vedada a

nomeação ou designação, para os Cargos em Comissão e para as Funções Comissionadas de que trata o art. 9°, de cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau, inclusive, dos respectivos membros ou juízes vinculados, salvo a de servidor ocupante de cargo de provimento efetivo das Carreiras Judiciárias, caso em que a vedação é restrita à nomeação ou designação para servir junto ao Magistrado determinante da incompatibilidade.’

Também foi utilizado como critério de auditoria do achado que resultou na presente audiência a Decisão n. 126/2001 – Plenário. Esta Decisão, em seu item 8.2, determinou ao Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul que:

‘8.2.1. no prazo de quinze dias, adote providências no sentido de tornar sem efeito os atos de nomeação dos servidores ocupantes de cargo em comissão/função comissionada que detenham vínculo de parentesco até o terceiro grau, inclusive, ou que sejam cônjuges ou companheiros, de membros do Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul e que não ocupem cargo efetivo no TRE/MS;

8.2.2. abstenha-se de nomear as pessoas indicadas no subitem acima para o exercício de cargo em comissão ou função comissionada no TRE/MS;

8.2.3. providencie, no prazo de quinze dias, as medidas necessárias para a devolução de servidores requisitados ocupantes de cargo ou emprego temporário no órgão de origem;

8.2.4. abstenha-se de requisitar servidores de outros órgãos que ocupem cargo ou emprego temporário.’

AnáliseComo se observa da leitura do artigo 10 da Lei n. 9.421/1996, não poderia

haver a designação da Sra. Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed para a função comissionada, mesmo que esse ato estivesse de acordo com o planejamento do Órgão (argumento 1), que houvesse motivos defensáveis (argumento 2), ou que a servidora fosse qualificada para tal (argumento 3). Observe-se que a motivação do ato administrativo, quando discricionária, não se sobrepõe à Lei (a legalidade é sempre requisito vinculado).

Quanto ao argumento 4, de que a servidora pertencia ao quadro efetivo do Governo do Estado de Roraima, entende-se desnecessária tal consideração, pois a Lei n. 9.421/1996 apresenta duas vedações distintas: uma é no tocante à designação de parentes de juízes, e a outra no tocante à designação de servidores temporários de órgãos cedentes.

Presentemente, no caso em tela, o achado de auditoria detectou a nomeação de parente de desembargador. Portanto, os itens da Decisão n. 126/2001 – Plenário, que subsidiam o achado de auditoria, são os 8.2.1 e 8.2.2.

Na defesa do argumento 5, informa que o ex-Presidente Mauro Campello ‘sempre pautou sua conduta no exercício da administração da coisa pública, privilegiando os princípios administrativos, prova disto são as medidas e diretivas adotadas desde o início da presidência do órgão’.

Informa ainda que o ato da designação da servidora Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed para a função ‘obedeceu ao artigo 10 da mencionada lei’. Transcreve o artigo nono da Lei n. 9.421/1996, enfatizando a segunda parte do § 1º, segundo a qual, até 20% das funções comissionadas dos tribunais, podem ser preenchidas por: ‘servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo que não integrem essas carreiras ou que sejam titulares de empregos públicos, observados os requisitos de qualificação e de experiência previstos em regulamento.’ (Grifo da defesa).

A esse respeito, convém frisar que o achado de auditoria não se baseou na vedação a servidores temporários (artigo 9º da Lei n. 9.421/1996), e sim a servidores parentes de desembargadores (artigo 10 da Lei n. 9.421/1996).

Quanto ao argumento 6, de que o ato não violou ao princípio da moralidade, pois a pessoa designada era pedagoga, possuindo muitas experiências e conhecimentos essenciais ao desenvolvimento e ao sucesso do Programa Eleitor do Futuro, a presente análise não o acata, porquanto nada garante que na região não haja outros pedagogos, que não sejam parentes ou cônjuges de juízes, talvez mais capacitados que a esposa do desembargador.

Quanto ao argumento 7, de que a Decisão n. 126/2001 – Plenário não se aplica ao caso concreto, a presente análise discorda prontamente. Pois, na verdade, a Decisão n. 126/2001 – Plenário proíbe exatamente a designação para funções comissionadas de parentes ou cônjuges de juízes e de desembargadores.

Conclusão. Com essas considerações, a análise manifesta-se pela não aceitação das alegações de defesa do Doutor Mauro Campello no tocante à designação da servidora Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed para a função comissionada de Chefe da Seção de Apoio da Presidência (FC-4) realizada pela Portaria TRE n. 127/2003.

2.9. Autorização irregular de serviços extraordinários.

O achado foi descrito nas fls. 80/82 do Vol. Principal como: autorização e pagamento irregular de serviços extraordinários e número de horas do sistema informatizado para cálculo e pagamento incompatível com as folhas de ponto dos servidores.

Situações constatadas:1. extrapolação do limite máximo de 180 (cento e oitenta) horas extras, nos meses de outubro e novembro de 2004, pelos servidores Cláudio Roberto Valério, Miguel Arcanjo Chaves da Silva, Raimundo Marques Junior e Randerson Melo de Aguiar;2. verificação de que a quantidade de horas extras encontradas nas folhas de freqüência de horas extras é menor do que consta no sistema;3. autorização para pagamento dos serviços extraordinários do mês de novembro de 2004 nas 3ª e 5ª Zonas Eleitorais/RR, sem que a folha de ponto dos servidores Luciana Aglantzakis, Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos estivessem assinadas, não comprovando assim a prestação dos respectivos serviços;4. autorização para que os servidores Vick Mature Aglantzakis e Sílvio Costa Feijó realizassem serviços extraordinários de forma contínua, sem justificativa e indiscriminadamente, a partir do mês de julho até o final do pleito eleitoral, contrariando os arts. 4º, 5º e 6º da Resolução TSE n. 20.683, de 30 de junho de 2000.

ArgumentosSituações 1 e 2O gestor afirma que: as listas de folhas 92/95 [do anexo II] (serviço extraordinário do TRE/mês

de outubro) e de 96/97 [do anexo II] (serviço extraordinário do TRE/mês de novembro) são apenas relações elaboradas no Word, portanto não têm valor como documento;

o servidor Randerson Melo de Aguiar recebeu apenas 176,5 horas extras (para corroborar tal afirmação, indica o documento de fl. 126 do Anexo 1);

o servidor Miguel Arcanjo Chaves recebeu apenas 180 horas (apresenta como prova dessa afirmação documento de fl. 5.124 do Vol. 26 do Anexo XII);

o servidor Cláudio Roberto Valério realizou apenas 175,5 horas extras, que foram devidamente pagas, não excedendo o limite;

o servidor Raimundo Marques Junior realmente recebeu horas extras acima do limite (205). Afirma, porém, que a quantidade de horas extras pagas e a quantidade anotadas no sistema são iguais (205 horas). A totalização de 200 horas teria ocorrido devido a erro na soma realizada pelos analistas do TCU.

Situação 3O gestor informa que, no caso da servidora Luciana Aglantzakis, apesar de a

freqüência da servidora constar da fl. 109 do Processo Administrativo, o atesto foi dado apenas na fl. 95 desse processo.

Quanto aos servidores Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos, o gestor não conseguiu mostrar que as folhas de serviços extraordinários foram assinadas.

Situação 4

Na sua justificativa, o Doutor Mauro Campello afirma que apenas comunicou ao Diretor-Geral a necessidade do trabalho extraordinário desses servidores, mas não autorizou. Cita trecho do artigo 6º da Resolução TSE n. 20.683/2000, segundo o qual a autorização para a realização de serviço extraordinário é de competência do Diretor-Geral.

AnáliseAnte essas argumentações, a análise acata as justificativas do gestor, exceto no

que diz respeito à extrapolação do limite de 180 horas extras/mês pelo servidor Raimundo Marques Junior, no mês de outubro/2004, e pela não comprovação da assinatura das folhas de serviço extraordinário dos servidores Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos de novembro/2004.

Nesse sentido, entende-se que se deva propor determinação no sentido de que seja providenciado o recolhimento pela via administrativa dos valores pagos a título de serviço extraordinário aos servidores Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos no mês de novembro/2004.

2.10. Desvio de finalidade na concessão de diárias e passagens aéreas custeadas com recursos públicos federais.

O achado está descrito nas fls. 82/86 do Vol. principal, resultando nas seguintes audiências.

2.10.1. Audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento Campello para:

‘apresentar razões de justificativa pelas concessões de diárias e passagens a servidores e magistrados com desvio de finalidade, relativas às Portarias ns. 369/2003, 484/2003, 125/2004, 519/2004; e aos Procedimentos Administrativos ns. 567/2004 e 660/2004’.

ArgumentosPortaria n. 369/2003: o Doutor Mauro Campello apresentou cópia do

certificado de conclusão do curso cuja participação foi questionada pela auditoria (fl. 2.413 do Vol. 12 do Anexo XII).

Portaria n. 484/2003: o gestor argumenta que, na verdade, o convite para participar do evento (lançamento do Projeto Eleitor do Futuro) fora direcionado a ele, na condição de Presidente do TRE. Que, em virtude de compromissos assumidos anteriormente, designou o Vice-Presidente Corregedor para representar a Corte. Há comprovação da viagem, mas não há comprovação de participação no evento. Essa é a exigência mínima da Resolução TSE n. 20.251/98 (fls. 2.675/2.695 do Vol. 13 do Anexo XII).

Portaria n. 519/2004: o gestor informa que o convite para que o desembargador José Pedro Fernandes participasse da Reunião de Avaliação Geral das Eleições/2004 partira do Corregedor Regional Eleitoral de Minas Gerais. E apresenta como comprovação da participação do Doutor José Pedro Fernandes no evento a sua assinatura na Carta de Belo Horizonte (fl. 2.904 do Vol. 14 do Anexo XII). Com respeito à viagem para Brasília, no período de 10 a 12/11/2004, o gestor informa que o desembargador não foi na qualidade de Presidente do Conselho de Presidentes de Tribunais de Justiça, pois não era presidente desse conselho. E que a sua participação no evento, na qualidade de Vice-Presidente e Corregedor guarda consonância com a área de atuação do TRE (fls. 3.030/3.046 do Vol. 15 do Anexo XII).

Portaria n. 125/2004: segundo o gestor, as diárias foram concedidas com base no poder discricionário do administrador (fls. 3.221/3.233 do Vol. 16 do Anexo XII). Conforme se verifica à fl. 3.237, a viagem destinou-se ao recebimento de uma ‘honraria’ pessoal. Fugindo, portanto, ao interesse público.

Procedimento Administrativo n. 660 (fls. 3.311/3.332 do Vol. 16 do Anexo XII): o desembargador Mauro Campello afirma que o seu deslocamento para a participação no I Encontro de Juízes de Direito, Promotores de Justiça e Advogados no Médio São Francisco teve como objetivo proferir palestra sobre o tema ‘Eleitor do Futuro’. E que a viagem do servidor Vick Mature Aglantzakis foi para assessorá-lo nessa tarefa.

Procedimentos Administrativos ns. 567/2004 e 660/2004 (fls. 3.439/3.471 do Vol. 17 do Anexo XII): trata-se do deslocamento do Desembargador Mauro Campello para o Rio de Janeiro no período de 20/25 de 09 de 2004. Ressalte-se que houve a exigência de que o bilhete de passagem fosse emitido com ‘tarifa cheia’. Não houve especificação do objetivo da viagem.

A esse respeito, o desembargador afirma que a sua ida para o Rio de Janeiro nesse período destinou-se a tratar de ‘ações de combate no dia das eleições da captação ilícita do sufrágio, abuso de poder econômico, político e do uso dos meios de comunicação, além da segurança dos eleitores e temas referentes ao programa nacional Eleitor do Futuro’.

Que o pedido de expedição de bilhete com tarifa cheia deveu-se à ‘carência de conexões aéreas com esta capital roraimense, posto que a empresa Varig fornece apenas um vôo diário’.

AnáliseAnte as constatações da equipe de auditoria e as argumentações apresentadas

pelo responsável, a presente análise não acata as razões de justificativa do gestor e propõe determinação no sentido de um controle mais efetivo da finalidade da concessão de diárias e passagens.

2.10.2. Audiência do Desembargador José Pedro Fernandes para:‘apresentar razões de justificativa pelas concessões de diárias e passagens a

servidores e magistrados com desvio de finalidade, relativas às Portarias ns. 115/2004, 116/2004, 136/2004, e pelo seu próprio afastamento para ir a Brasília receber a ‘Medalha do Mérito Eleitoral do Distrito Federal na categoria jurista’, no período de 12 a 16 de abril de 2004, referente ao Procedimento Administrativo n. 146/2004’.

Argumentos‘Não há desvio de finalidade e nem proveito particular, quando se trata de

deslocamento de magistrados e servidores para participarem de evento promovido por órgão da Justiça Eleitoral, no caso o TRE/DF’;

‘as razões para a escolha dos magistrados roraimenses para receber condecorações do TRE/DF constituem matéria afeta àquele Regional (TRE/DF), não sendo razoável exigir-se que houvesse direta prestação de serviço à referida Corte’;

‘por relevantes serviços prestados à cultura jurídica e à Justiça Eleitoral do Distrito Federal pode ser enquadrada qualquer cooperação existente com o órgão homenageador’;

‘nada há que se objetar quando demonstrado que as viagens de servidores têm pertinência com as atividades fins da Justiça Eleitoral. Ademais, ‘os Presidentes de Tribunais, por exercerem relevante função na estrutura administrativa do Poder Judiciário, dentro da margem de discricionariedade que lhes é conferida, têm o poder de decisão sobre a conveniência e oportunidade na escolha de servidores para desempenharem funções extraordinárias relacionadas com o interesse da administração’’;

‘afigura-se excesso de rigor exigir que magistrado, além dos bilhetes de embarque, prove seu deslocamento com a apresentação de relatório de viagem, quando o evento resume-se a simples participação de solenidades oficiais, não se tratando de cursos de capacitação e aperfeiçoamento, nos quais, geralmente, há o fornecimento de certificados’.

AnáliseOs argumentos apresentados indicam que viagens objetivaram a participação

em solenidades promovidas por órgão da Justiça Eleitoral.Entretanto, há que se considerar que as (homenagens) medalhas recebidas pelos

magistrados servem unicamente para o engrandecimento pessoal dos homenageados. O fato de um juiz ou desembargador possuir uma ou mais medalhas não contribui em nada para o engrandecimento da Justiça Eleitoral. Mesmo que os Tribunais Eleitorais tivessem quadros próprios de magistrados, as medalhas por eles conseguidas, em maior ou menor número, não engrandeceriam a Justiça Eleitoral. Pois a medalha é mérito pessoal, e não da Justiça, ou do Poder Judiciário, ou do Poder Público.

Por esses motivos, a presente análise não acata as justificativas do Doutor José Pedro Fernandes, entendendo oportuno propor determinação no sentido de um controle mais efetivo da finalidade da concessão de diárias e passagens.

2.11. Utilização indevida de veículo pertencente à frota do TRE/RR.Esse fato, tratado na folha 86 do Relatório de Inspeção, foi evidenciado pelas

fotografias constantes de fls. 73/76 do Anexo III, encaminhadas à equipe de auditoria pelo Procurador da República, Dr. Rômulo Moreira Conrado, por meio do Ofício n. 29/2005 - RMC/MPF-RR/RR.

Trata-se de um conjunto de 16 fotos evidenciando a utilização indevida do automóvel GM Astra, de placas NAM 2840, pertencente ao patrimônio do TRE/RR, pela Sra. Larissa de Paula Mandes Campello, cônjuge do ex-Presidente do órgão.

Em conseqüência desse fato, a equipe propôs a audiência do Desembargador Mauro José do Nascimento Campello, para apresentar ‘razões de justificativa pela utilização irregular do automóvel GM Astra, de placas NAM 2840, pertencente ao patrimônio do TRE/RR.’

Entretanto, quando da consolidação das propostas de encaminhamento, a audiência referente a esse achado não constou da Proposta de Encaminhamento de fls. 88/90. Por esse motivo, também não foi elaborado o competente ofício de audiência. Mesmo assim, o Desembargador Mauro Campello encaminhou a defesa relativa a esse ponto, motivo que leva a análise a considerá-la.

Sua justificativa foi apresentada em fls. 4.564/4.573 do Volume 23 do Anexo 12.

Argumentos

Tais fotos não estão datadas e por esse motivo não é possível datar o ocorrido. E que, na impossibilidade de datar o ocorrido, resta também difícil de se elaborarem as alegações de defesa.

AnáliseAnte a inconsistência das evidências, a análise entende que se deva propor

determinação ao TRE no sentido de melhorar a efetividade dos seus sistemas de controle de veículos.

(...)4. Proposta de EncaminhamentoAnte o exposto submetem-se os autos à consideração superior propondo:1) Determinação ao TRE no sentido de:I. no prazo de 30 dias, ajuizar ou tomar as providências cabíveis para formalização, em juízo competente, de ação regressiva contra o senhor Stênio José da Silva, com vistas a recuperar os valores pagos a terceiros em conseqüência do acidente causado por ele no dia 28 de março de 2003 envolvendo a Toyota NAJ-3906 e o Monza JWG-3772 (item 1.1);II. instaurar Tomada de Contas Especial tendo como responsáveis Ana Lia de Miranda e Martins, Isaías Costa Dias e Miguel José dos Santos, visando a reaver os valores por eles recebidos indevidamente nos anos de 2001 a 2004, e informar ao Tribunal de Contas do Estado de Rondônia que os valores recebidos por esses procuradores do MP/RO estão acima do teto (1.2);III. abster-se de aplicar o inciso XI do artigo 24 nos casos de serviços de duração continuada (2.1.1; 2.1.2; 2.1.3; 2.1.4);IV. abster-se de promover acréscimo em contratos administrativos acima do limite de 25% previsto nos §§ 1º e 2º da artigo 65 da Lei n. 8.666/1993, bem como abster-se de realizar licitação sem a existência dos respectivos créditos orçamentários (2.2);V. nas concessões de diárias e de passagens aéreas, detalhar as motivações das correspondentes viagens (2.4);VI. adotar providências no sentido do recolhimento pela via administrativa dos valores pagos a título de serviço extraordinário aos servidores Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos no mês de novembro/2004 (2.9);VII. adotar um controle efetivo na finalidade da concessão de diárias e passagens aéreas para deslocamentos de servidores e de magistrados (2.10);VIII. melhorar a efetividade dos seus sistemas de controle de veículos (2.11);2) recomendação ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima para que procure

nomear para a função de coordenador de controle interno servidores efetivos que não possuam vínculo de parentesco com a direção do órgão (1.3).

3) aplicar multa ao Doutor Mauro Campello pela designação da servidora Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed para a função comissionada de Chefe da Seção de Apoio da Presidência (FC-4) realizada pela Portaria n. TRE 127/2003 (2.8).

6. O Secretário de Controle Externo de Roraima anuiu à proposta oferecida (fl. 266).7. Quando os autos se encontravam neste Gabinete, foi encaminhada solicitação assinada pelo Desembargador Mauro Campello no sentido de afastar o Analista de Controle

Externo Ricardo Fahr Pessoa, Secretário de Controle Externo na Secex/RR, da análise do processo (fls. 2/23 do anexo XIV). 8. Na oportunidade, por considerar que o assunto envolvia a apreciação de conduta funcional de servidor desta Casa, encaminhei os autos à Corregedoria do Tribunal. 9. O Corregedor, Ministro Guilherme Palmeira, após analisar pormenorizadamente a questão, considerou não haver qualquer nulidade nos atos praticados pelo ACE Ricardo Fahr Pessoa no presente processo (fls. 163/166 do anexo XIV).10. Constam nos autos pedidos de informações acerca do andamento do processo das seguintes autoridades: Rômulo Moreira Conrado, Procurador da República em Roraima (fl. 96); Helder Girão Barreto, Juiz Federal da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima (fl. 128); Paulo Galloti, Ministro do Superior Tribunal de Justiça (fls. 200/203); Ana Karízia Távora Teixeira, Procuradora da República em Roraima (fl. 278); e Lauro Coelho Júnior, Procurador da República em Roraima (fl. 217).11. Convém, ainda, anotar que o Sr. Isaías Costa Dias solicitou intimação pessoal acerca da entrada do processo em pauta para julgamento, pois pretende realizar sustentação oral (fl. 12 do anexo 13).

É o Relatório.

PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Registro que atuo nestes autos com fundamento no art. 30 da Resolução n. 190/2006-TCU, tendo em vista tratar-se de processo afeto ao Auditor responsável pela Lista de Unidades Jurisdicionadas n. 9, no biênio 2007/2008.2. Cuidam os autos de Representação realizada pela Secretaria de Controle Externo do Estado de Roraima, em razão de notícias veiculadas no periódico "Folha de Boa Vista", em 11 de fevereiro de 2005, dando conta da ação da Polícia Federal denominada "Operação Pretorium". 3. Consoante anotado no relatório precedente, o então Relator da matéria, Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha, por meio do despacho datado de 15/2/2005, autorizou a realização de inspeção no Tribunal Regional Eleitoral – TRE/RR.4. Ao final da referida inspeção, a equipe de Secex/RR apontou para a possibilidade de existência de ilegalidades praticadas no âmbito do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Roraima. Em conseqüência, foram realizadas audiências de diversos responsáveis.

II5. Antes de iniciar a análise dos assuntos levantados pela equipe de fiscalização, cumpre enfrentar questão preliminar suscitada pelo ex-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima. Refiro-me à solicitação de afastamento do Secretário de Controle Externo daquela unidade da federação, Sr. Ricardo Fahr Pessoa, para atuar nos presentes autos por falta de imparcialidade na realização de suas atividades.6. A análise percuciente realizada pelo Corregedor desta Corte demonstra, de forma cabal, que não há qualquer nulidade nos atos praticados pelo Sr. Ricardo Fahr Pessoa. Ademais, vale registrar que o atual titular daquela unidade técnica não se manifestou quanto às ilegalidades levantadas pela equipe de fiscalização, uma vez que coube ao Analista de Controle Externo Washington Reis Cardoso Sousa apreciar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, e ao servidor Amoque Benigno de Araújo

atuar como Secretário de Controle Externo. Assim, o Sr. Ricardo Fahr Pessoa não teve qualquer participação na proposta de encaminhamento oferecida.7. Por esses motivos, deixo de acolher a preliminar suscitada pelo Desembargador Mauro Campello.

III8. Para a melhor compreensão desta proposta de deliberação, opto por analisar de forma separada os tópicos objeto das audiências referidas no relatório precedente.9. Inicio pela audiência do Sr. Mauro José do Nascimento Campello, desembargador ex-presidente TRE/RR, em razão da celebração irregular do Sétimo Termo Aditivo à Carta-Contrato n. 3/1 firmado entre o TRE-RR e a empresa RORSERC Roraima Serviços e Comércio Ltda., uma vez que o Contrato teve origem em dispensa de licitação com base na hipótese prevista no inciso XI do art. 24 da Lei n. 8.666/1993.10. O referido dispositivo apresenta a seguinte redação:

“Art. 24. É dispensável a licitação:(...)XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em

conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;”

11. Consta nos autos que o TRE/RR, em 22/12/1999, por meio da Tomada de Preços n. 1/1999, contratou a empresa KCB de Queiroz e Cia Ltda. para executar serviços de limpeza, conservação, copeiragem, reprografia e atendimento telefônico. A avença foi firmada pelo prazo inicial de 24 meses, com a possibilidade de renovação por até 60 meses.12. Em 22/5/2001, a Administração do TRE/RR rescindiu, unilateralmente, o referido ajuste. Seis dias após a rescisão, a empresa RORSERC, por ter sido a segunda colocada na Tomada de Preços n. 1/1999, foi contratada, com base no art. 24, inciso XI, da Lei de Licitações, para prosseguir na prestação dos serviços.13. A controvérsia reside em saber se a Administração poderia ou não ter dispensado a referida licitação. O gestor defende a possibilidade por entender que o edital do certame previa a prorrogação da avença por até 60 meses. Assim, como houve a rescisão do contrato inicial antes deste prazo, a segunda colocada, com fundamento no já transcrito art. 24, inciso XI, poderia prosseguir com a prestação do serviço por todo o período.14. O entendimento defendido pela administração TRE/RR está em consonância com o pensamento desta Corte. 15. Por ocasião do julgamento do TC-016.097/2005-0, o Plenário, por meio do Acórdão n. 1.443/2006, acolheu o voto do Ministro Walton Alencar Rodrigues, o qual tratava a matéria da forma a seguir reproduzida:

“À vista da impossibilidade de imediata realização de novo certame licitatório e diante da necessidade de reformar as instalações do restaurante do Anexo IV, foi autorizada a contratação direta da empresa Buani & Paulucci Ltda. (Contrato n. 2000/009.0) pelo prazo de 12 meses, a contar de 24/1/2000, com base no art. 24, inciso XI, da Lei n. 8.666/1993 (contratação de remanescente de serviço).

A empresa Buani & Paulucci Ltda. foi a segunda colocada na Concorrência n. 7/1997 e assumiu as mesmas condições anteriormente oferecidas pela licitante vencedora (Jam - Jalmes Restaurante Ltda.).

Quanto a esse aspecto, divirjo da Unidade Técnica quando afirma que a interpretação literal do art. 24, inciso XI, da Lei n. 8.666/1993 somente se aplica a obra, fornecimento ou serviço prestado à Administração Pública, o que afastaria a utilização desse dispositivo legal nos contratos de concessão administrativa de uso de bem público. Assim, no entender da 3ª Secex, seria exigível a realização de novo processo licitatório e não a contratação direta da empresa Buani & Paulucci Ltda..

Na verdade, o mencionado dispositivo legal não distingue as categorias de serviços contratados pela Administração Pública, o que, nos termos dos arts. 2º e 121, parágrafo único, da Lei n. 8.666/1993, também alcança as concessões administrativas de uso de bens públicos. O momento interpretativo da norma deve ter por fim a exigência do bem comum e os fins sociais a que ela se destina, conforme diretriz fixada no art. 4º do Decreto-Lei n. 4.657/1942 (Lei de Introdução ao Código Civil). Neste sentir, a previsão legal de contratação de remanescente de serviços destina-se a evitar que a interrupção do contrato de concessão de uso de área, instalações e equipamentos para exploração de restaurantes e lanchonetes venha causar transtornos à prestação de serviços de interesse da Administração Pública contratante. (grifo acrescentado)

Com efeito, grande parte dos parlamentares, servidores e terceirizados fazem uso dos restaurantes e lanchonetes localizados nas dependências da Câmara dos Deputados e a eventual paralisação desses serviços, por ausência de tempo hábil à realização de nova licitação e contratação de concessionário, certamente não conviria ao interesse público.

Lícita a contratação de remanescente de serviço com a empresa Buani & Paulucci Ltda., sucederam-se quatro termos aditivos que prorrogaram o prazo de vigência do Contrato n. 2000/009.0 até 25/1/2004. Ou seja, a avença protraiu-se pelo período de 72 meses, a contar do termo inicial do ajuste celebrado com a empresa Jam - Jalmes Restaurante Ltda.. Vale dizer que os prazos contratuais obedeceram aos limites fixados para duração dos serviços de execução continuada, previstos no art. 57, inciso II e § 4º, da Lei n. 8.666/1993, já inclusa a dilação excepcional de 12 meses.”

16. Percebo que ao caso sob apreciação também deve ser dado o mesmo tratamento. O art. 24, inciso XI, da Lei n. 8.666/1993 não faz qualquer ressalva a que tipo de contrato ele se aplica. Assim, não se pode exigir do gestor interpretação restritiva para retirar a possibilidade de utilizá-lo somente em determinados contratos de obras, serviço ou fornecimento.17. A contratação do segundo colocado por conta de rescisão contratual serve para tornar mais ágil a Administração Pública. Não se pode reclamar a realização de novo certame, quando a legislação permite a contratação direta. Ademais, no caso concreto, seria desarrazoado exigir que o órgão funcionasse sem receber os serviços de conservação e limpeza enquanto outra licitação fosse realizada. 18. Assim, uma vez que não há indícios nos autos de que a contratação do segundo colocado tenha sido efetuada ao arrepio do art. 24, inciso XI, da Lei n. 8.666/1993, considero acolhida a razão de justificativa do Sr. Mauro José do Nascimento Campello, quanto ao tema ora tratado.19. Vale anotar que os Sr.es José Pedro Fernandes, Vick Mature Aglantzakis e Ana Lúcia Villaça da Cunha também foram chamados em audiência para apresentarem razões de justificativa por terem praticado atos correlacionados à prorrogação do referido contrato.

Uma vez que a irregularidade foi afastada, as razões de justificativa destes responsáveis devem ser aceitas.20. O segundo fato que mereceu análise pela Secex/RR refere-se ao acréscimo do valor do Contrato n. 4/2004 acima do limite estabelecido em lei e mediante empenho . A unidade técnica apontou para existência de duas irregularidades, a saber: 1) realização de licitação sem a devida previsão orçamentária e 2) acréscimo do valor do contrato superior aos 25% permitidos por lei. Em conseqüência, foram realizadas audiências dos Sr.es

Wellington Alves de Lima, Coordenador de Orçamento e Finanças, e Vick Mature Aglantzakis, Secretário de Administração.21. O Contrato TRE/RR n. 4/2004 decorreu do Pregão n. 1/2004 e teve por objeto a prestação de serviços de fornecimento de passagens aéreas em trechos regionais, nacionais ou internacionais para atender as necessidades daquela Corte Eleitoral (fl. 104 do volume 1 do anexo IV).22. Consoante estabelecido na cláusula sexta do referido ajuste, o valor total da despesa contratada foi de R$ 92.360,45, sendo que R$ 34.039,49 por conta do Programa de Trabalho n. 02.122.0570.2272.0001 – Gestão e Administração do Programa e R$ 58.320,96 relacionado ao PT n. 02.128.0570.4091.0001 – Capacitação de Recursos Humanos. 23. As irregularidades verificadas na execução do contrato foram detectadas a partir da análise da nota de empenho 2004NE000111, no valor de R$ 80.000,00, utilizada para pagamento de passagens na rubrica Pleitos Eleitorais (Programa de Trabalho n. 02.061.0570.4269.0001).24. Consoante visto no relatório precedente, a defesa do Sr. Vick Mature Aglantzakis fundamentou-se, basicamente, nos três aspectos a seguir apresentados.25. Para a realização de licitação sem a devida previsão orçamentária, informou que a previsão da utilização de recursos oriundos do PT Pleitos Eleitorais encontrava guarida no projeto básico que, além de nortear a referida licitação, integrava o edital do certame.26. Para o acréscimo do valor do contrato em patamar superior aos 25% permitidos por lei, argumentou que a despesa utilizou o empenho por estimativa, razão pela qual não haveria a obrigatoriedade de respeitar o referido limite.27. Por fim, mencionou que esta Corte de Contas, “por diversas oportunidades, já se manifestou no sentido da flexibilização da norma draconiana, que só permite a alteração contratual na ordem de até 25% (vinte e cinco por cento).” Considera, ainda, que a aplicação da mencionada restrição traria danos ao interesse público.28. As alegações apresentadas pelo responsável não são suficientes para elidir as irregularidades apontadas. 29. O Contrato TRE/RR n. 4/2004 teve origem no Procedimento Administrativo n. 720/2003, o qual se encontra, por cópia, juntado aos presentes autos. Verifico que, à fl. 115 do volume 1 do anexo IV, há documento assinado pelo Coordenador de Orçamento e Finanças daquela Corte Eleitoral, Sr. Wellington Alves de Lima, informando à Secretaria de Administração do TRE/RR que as despesas decorrentes do referido contrato seriam arcadas pelas ações de governo “Gestão e Administração do Programa” e “Capacitação de Recursos Humanos”. Dessa forma, não houve a contemplação da ação “Pleitos Eleitorais” para fazer frente às referidas despesas.30. Às fls. 118 do volume 1 do anexo IV, está acostado documento assinado pelo Diretor-Geral do Regional Eleitoral de Roraima, Sr. Isaías Costa Dias, contendo, in verbis, o seguinte teor:

“1. Acato o parecer retro e aprovo o projeto básico de fls. 3/6, bem como manifesto-me favorável à adoção do pregão como modalidade licitatória a ser aplicado ao caso em tela.”

31. O parecer a que se refere o Sr. Isaías Costa Dias foi assinado pelo Assessor do Diretor-Geral, Sr. Elizio Ferreira de Melo, e apresenta a seguinte passagem (fl. 116 do volume 1 do anexo IV):

“A seu turno, a dotação orçamentária da despesa foi consignada na fl. 11 (reproduzido à fl. 115 do volume 1 do anexo IV dos presentes autos, consoante informado no item 29 supra), fato que já permite a indicação da modalidade licitante, porquanto não será necessário realizar cotação prévia de preços, visto que o critério de julgamento será o de maior desconto oferecido.” (grifo acrescentado)

32. Pode-se perceber que a posição da administração do TRE/RR foi no sentido de que somente as ações de governo “Gestão e Administração do Programa” e “Capacitação de Recursos Humanos” poderiam arcar com as despesas do referido contrato. 33. Ocorre que, durante o exercício financeiro, foi verificada a necessidade de maior suporte orçamentário com vistas à aquisição de passagens aéreas. Assim, os gestores do Regional Eleitoral de Roraima entenderam por bem retificar, por meio de apostilamento, o contrato firmado entre o órgão e a empresa prestadora de serviço. Vale acrescentar que o aludido apostilamento onerou o contrato em mais de 86% em relação ao seu valor original.34. O defendente não foi capaz de trazer aos autos justificativas razoáveis para este acréscimo. O gestor apenas informa que o projeto básico relacionado ao Contrato n. 4/2004 considerou que os quantitativos de passagens aéreas previstos para o exercício de 2004 foram estimados com base na proposta orçamentária daquele exercício e nos possíveis deslocamentos que poderiam ocorrer para fazer face às necessidades das eleições municipais de 2004.35. Consoante já mencionado, o valor inicial do contrato foi de R$ 92.360,45. Ou seja, a previsão inicial de despesa com passagens aéreas naquele exercício foi estimada nesse valor. A necessidade de fazer frente às novas despesas fez com que o gestor utilizasse de crédito orçamentário que não havia sido especificado pelo Coordenador de Orçamento e Finanças do órgão em seu parecer acerca do certame (ver item 29 supra).36. A despeito de o referido projeto básico fazer menção à ação de governo “Pleitos Eleitorais”, o parecer assinado pelo Coordenador de Orçamento e Finanças não dotou recursos dessa ação para o certame. Logo, o apostilamento do contrato teve o condão de acrescentar crédito orçamentário não previsto para fazer frente às obrigações contratuais. Ao agir dessa maneira, a administração da Corte Eleitoral desobedeceu o preconizado no art. 7º, § 2º, inciso III, da Lei n. 8.666/1993.37. A segunda impropriedade relacionada ao Contrato n. 4/2004 refere-se à oneração do contrato em montante superior a 86% do valor inicial.38. A utilização do empenho por estimativa, segundo alegado pelo responsável, não permite desrespeitar o art. 65, § 1º, da Lei n. 8.666/1993. O empenho, consoante estabelecido no art. 58 da Lei n. 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. De forma mais didática, o empenho constitui uma reserva orçamentária que o Estado faz em nome de algum credor.39. O empenho por estimativa é utilizado nos casos em que a administração não pode determinar o montante exato da despesa. No caso sob apreciação, a utilização dessa

modalidade de empenho afigura-se correta, pois, no início do exercício, somente existia a previsão do montante a ser gasto. 40. A utilização do empenho por estimativa não se traduz em carta branca para o gestor extrapolar o limite de 25% previsto no art. 65, §1º, da Lei de Licitações. Ademais, Convém acrescentar que o empenho não se confunde com o contrato. A permissão dada nesse dispositivo refere-se à fase do contrato, ou seja, é um freio para o administrador não aditar contratos indiscriminadamente. Conclui-se, então, que, independentemente da modalidade de empenho utilizada, deve a administração respeitar o mencionado limite.41. No caso em tela, verifico a ocorrência de inadequado planejamento por parte dos gestores do TRE/RR acerca do quantitativo de passagens aéreas que deveriam ser utilizadas durante o exercício. A errônea previsão não pode servir de motivo para o órgão transgredir os normativos legais. Nem mesmo a alegação no sentido de que, naquele momento, seria mais viável fazer a prorrogação, pois os preços praticados eram compatíveis ao do mercado, pode socorrer o gestor. A questão do preço não deve ser a única a balizar a conduta da administração. Não se pode olvidar que a realização de licitação deve atender a todos os princípios insculpidos no art. 3º da Lei n. 8.666/1993. Entre esses, está o da isonomia, que permite a qualquer particular oferecer os seus serviços para o Estado. Assim, o correto, no presente caso, seria a realização de novo procedimento licitatório para que a administração lograsse a atingir os referidos princípios, bem como obedecesse ao disposto nos normativos que regem a despesa pública. 42. Entendo, contudo, que a ilegalidade perpetrada pelos gestores não possui força bastante para possibilitar a ação punitiva desta Corte. Nesse sentido, considero necessário fazer determinações ao TRE/RR para que não incorra novamente nos erros ora apontados. 43. Vencida a discussão acerca do acréscimo do valor do Contrato n. 4/2004 acima do limite estabelecido em lei e mediante empenho, passo a analisar a ocorrência da ausência não justificada de magistrado durante o período de 16/12/2004 a 30/1/2005.44. No período acima especificado, o Desembargador Mauro Campello ausentou-se do município de Boa Vista e, mesmo assim, permaneceu na presidência do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima. 45. Em sua defesa, o magistrado alega que, naquele intervalo, o Tribunal encontrava-se em recesso e em férias coletivas. Ademais, necessitava viajar para a cidade do Rio de Janeiro por conta de problemas de saúde em familiar próximo. Alegou, ainda, que o fato foi comunicado ao Diretor-Geral do Tribunal, bem como aos assessores e coordenadores de sua administração. Por fim, mencionou que, à distância, conseguia exercer a presidência do órgão e que não existe impedimento legal para despachar de outra localidade.46. Acerca da matéria apresentada, considero que esta Corte não é a instância apropriada para tratar do assunto. Dessa forma, entendo que a solução mais adequada ao caso é o encaminhamento do feito ao Conselho Nacional de Justiça.47. Outra ilegalidade pela equipe de fiscalização foi a nomeação da Sra. Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed, não detentora de cargo efetivo, cônjuge de Desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima, para exercer função de confiança da Corte Regional Eleitoral de Roraima. 48. Quanto ao assunto, percebo que a Sra. Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed não teve a oportunidade de manifestar-se acerca do ato ora questionado. Dessa forma, em homenagem aos princípios do contraditório e da ampla defesa, entendo

necessária a abertura de prazo para que a interessada, caso queira, possa vir aos autos para defender a legalidade de sua nomeação.49. O próximo assunto a ser tratada refere-se à autorização irregular de serviços extraordinários. 50. As seguintes ocorrências foram apontadas pela equipe de fiscalização:

a) extrapolação do limite máximo de 180 (cento e oitenta) horas extras, nos meses de outubro e novembro de 2004, pelos servidores Cláudio Roberto Valério, Miguel Arcanjo Chaves da Silva, Raimundo Marques Junior e Randerson Melo de Aguiar;

b) verificação de que a quantidade de horas extras encontradas nas folhas de freqüência de horas extras é menor do que consta no sistema;

c) autorização para pagamento dos serviços extraordinários do mês de novembro de 2004 nas 3ª e 5ª Zonas Eleitorais/RR, sem que a folha de ponto dos servidores Luciana Aglantzakis, Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos estivessem assinadas, não comprovando assim a prestação dos respectivos serviços; e

d) autorização para que os servidores Vick Mature Aglantzakis e Sílvio Costa Feijó realizassem serviços extraordinários de forma contínua, sem justificativa e indiscriminadamente, a partir do mês de julho até o final do pleito eleitoral, contrariando os arts. 4º, 5º e 6º da Resolução TSE n. 20.683, de 30 de junho de 2000.51. As justificativas apontadas pelo Desembargador Mauro Campello, consoante verificado no relatório precedente, são suficientes para elidir as irregularidades constantes nos itens b e d supra. Os documentos apresentados pelo defendente demonstraram, de forma cabal, que, nestes casos, não ocorreram erros nos pagamentos das horas extras relacionadas àqueles itens. Em verdade, foi demonstrada a ocorrência de equívocos da equipe de fiscalização, ao analisar a documentação relacionada ao pagamento dos aludidos serviços.52. Com relação aos itens a e c, a defesa apresentada pelo Desembargador Mauro Campello não foi suficiente para justificar duas ocorrências. A primeira refere-se ao pagamento de serviços extraordinários ao servidor Raimundo Marques Junior em patamar superior a 180 (cento e oitenta) horas mensais e a segunda aos servidores Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos, pois as folhas que atestam os referidos serviços encontram-se desprovidas de quaisquer assinaturas.53. O limite de 180 horas extras é imposto, de forma excepcional, pelo art. 7º, § 2º, da Resolução n. 20.683/2000 do Tribunal Superior Eleitoral. Dispõe esse normativo que o referido limite de 180 horas somente pode ser alcançado no período compreendido entre os 90 dias que antecedem as eleições até a diplomação dos candidatos eleitos.54. Informa o ex-Presidente do TRE/RR, com razão, que a referida Resolução, por meio de seu art. 13, não impede a execução de horas extras acima do limite de 180 horas. Nesse caso, contudo, o excedente deverá ser consignado para fins de compensação, ficando proibida a sua remuneração. 55. A justificativa para extrapolação do limite fundamentou-se no fato de que o Sr. Raimundo Marques Junior é o único servidor lotado na 3ª Zona Eleitoral do Estado de Roraima, situada no município de Alto Alegre, local em que exerce a função de Chefe de Cartório. Ademais, não há na localidade servidor público no município, o que impede a requisição por parte da Corte Eleitoral.56. O fato acima descrito possui o condão de justificar a necessidade da realização das horas extras. Ocorre, no entanto, que o excedente ao limite de 180 horas foram remuneradas e não consignadas para fins de compensação. Essa situação vai de encontro ao

preconizado no art. 13 da referida Resolulção n. 20.683/2000 do TSE. A irregularidade é reconhecida pelo Desembargador Mauro Campello, nada obstante requer que a seja considerada como caso isolado. Em acréscimo, alega tratar-se de falha decorrente de procedimentos operacionais.57. Realmente, consoante verificado no relatório precedente, as demais horas extras foram pagas consoante os normativos que regem a espécie. A apenação dos gestores por conta desse fato isolado seria medida de extremo rigor. Vale anotar que, em situação semelhante, o Plenário desta Corte, por meio da Decisão n. 736/1999, limitou-se a determinar ao TRE/DF que promovesse o aperfeiçoamento da sistemática de controle de prestação e pagamento de serviços extraordinários.58. Quanto à irregularidade relativa ao pagamento de horas extras aos servidores Hermenegildo Ataíde D' Ávila e Jonilson Verde Lemos, o ex-Presidente do TRE/RR reconheceu a falha procedimental, mas alegou que os serviços extraordinários foram efetivamente realizados. Para comprovar o fato, juntou aos autos o Ofício n. 86/2004-5ª ZE, de lavra do Juiz Erick Cavlacanti linhares Lima, da 5ª Zona Eleitoral, que, segundo o defendente, possui o condão de comprovar a realização dos aludidos serviços (fl. 5.007 do volume 25 do anexo XII). Informou, ademais, que os referidos servidores, após terem realizado as horas extras, ausentaram-se, por longo tempo, de suas atividades em razão de férias e recesso forense, motivo pelo qual as folhas de ponto deixaram de ser assinadas. Por fim, menciona que a administração daquela Corte Eleitoral somente efetuou, de imediato, os pagamentos das referidas horas extras para evitar a transposição de obrigação para o exercício seguinte, o que, de acordo com o Desembargador Mauro Campello, iria trazer complicações tanto para administração como para os próprios servidores. 59. As horas extras mencionadas no parágrafo anterior foram realizadas nos meses de outubro e novembro de 2004. Não se pode olvidar que o ano de 2004 foi ano de eleições municipais, fato que acarreta aumento de serviço das cortes eleitorais. Considero que o ofício a que se referiu o defendente é capaz de comprovar, materialmente, a realização das horas extras. Assim, deixo de acompanhar a proposta oferecida pela Secex/RR no sentido de providenciar o ressarcimento dos valores pagos. Sigo, contudo, as determinações alvitradas por aquela Secretaria.60. Passo, neste momento, a analisar o acúmulo de remuneração com provento de aposentadoria em montante acima do teto. 61. A equipe de fiscalização constatou que os servidores Ana Lia de Miranda e Martins, Isaías Costa Dias e Miguel José dos Santos assumiram cargos comissionadas no TRE/RR cumulativamente à percepção de proventos de aposentadoria como membros do Ministério Público do Estado de Rondônia. A impropriedade alegada pela equipe da Secex/RR consiste no desrespeito ao teto remuneratório estabelecido no art. 37, inciso XI, da Constituição Federal.62. Com relação a este fato, a despeito de, no corpo da instrução inicial, à fl. 71, haver menção no sentido de determinar ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima a instauração tomada de contas especial, tendo como responsáveis os servidores acima mencionados, não constou no encaminhamento da instrução inicial a aludida determinação. Foi, contudo, proposto comunicar aos servidores Ana Lia de Miranda e Martins, Isaías Costa Dias e Miguel José dos Santos que figuravam como partes interessadas neste processo.63. Com efeito, o Sr. Isaías Costa Dias veio aos autos para contestar a impropriedade levantada pela equipe de auditoria. Todavia, a unidade técnica, mesmo sem

demonstrar que analisou os elementos apresentados, manteve a proposta inicial de determinar ao TRE/RR a instauração de tomada de contas especial (fl. 264).64. A defesa apresentada pelo Sr. Isaías Costa Dias, com relação ao tema, pode ser dividida em duas partes: 1) da legalidade da acumulação do cargo em comissão com os proventos da aposentadoria; 2) da possibilidade, à época, de o valor da soma das remunerações ultrapassar o valor do teto constitucional.65. Com relação à primeira, não restam dúvidas acerca da legalidade, uma vez que o art. 37, § 10, da Constituição Federal estampa, de forma clara, a possibilidade de percepção simultânea da remuneração de cargo em comissão com proventos de aposentadoria. Aliás, esse fato sequer chegou a ser mencionado pela equipe de fiscalização desta Corte. 66. Já a segunda parte da defesa requer análise mais acurada. A Emenda à Constituição n. 19, de 4/6/1998, trouxe, por meio de alteração do art. 37, inciso XI, a seguinte restrição à percepção cumulativa de estipêndios a custa do erário:

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;” (grifos acrescentados)

67. A partir de então, ficou claro que o subsídio mensal percebido pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal foi definido como teto para o pagamento dos servidores e empregados públicos. Ocorre que, apesar da clareza do dispositivo, por muito tempo, discutiu-se a eficácia da referida norma. 68. Isso porque, para haver o teto, inicialmente, fazia-se necessário definir o valor do subsídio a que se refere o inciso XI. Dessa forma, o Supremo Tribunal Federal, em diversos julgados, considerou que a norma não era de eficácia plena, carecendo, portanto, de lei para definição do referido subsídio, ex-vi dos seguintes julgados: RE 387241 AGR/SP e AO 969/RS.69. Foi a própria Emenda n. 19, por meio de inclusão do inciso XV ao artigo 48, que definiu a maneira como o subsídio deveria ser fixado:

“Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

(...)XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, por lei

de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.” (grifo acrescentado)

70. Assim, enquanto não fosse aprovada a referida lei, a norma constitucional não teria eficácia. Dessa forma, uma vez que havia indefinição no valor do subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal, não havia como definir o teto de remuneração dos servidores públicos. Ocorre que, devido às dificuldades impostas pela Constituição Federal com relação à iniciativa do referido projeto de lei, a norma jamais foi aprovada.

71. A controvérsia acerca da fixação do subsídio só veio a ser resolvida com a promulgação da Emenda Constitucional n. 41, de 19/12/2003, que, dentre outras modificações, deu nova redação ao art. 48, inciso XV. In verbis:

“Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

(...)XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,

observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.”72. Ao retirar a exigência de projeto de lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, o Poder Constituinte Derivado facilitou a propositura do normativo e sua respectiva aprovação.73. Em seguida, na Sessão Administrativa de 5/2/2004, o Supremo Tribunal Federal fixou o teto salarial de R$ 19.114,19. Pode-se afirmar que foi a partir desta data que a Administração Pública passou a colocar em prática o disposto no art. 37, inciso XI, da Constituição Federal.74. No caso sob apreciação, percebo que os três servidores apontados pela unidade técnica como tendo acumulado proventos e vencimentos acima do teto solicitaram exoneração de seus cargos no dia 16/2/2004. Ou seja, duas semanas após a decisão do Pretório Excelso que fixou a remuneração máxima em R$ 19.114,19. Assim, verifico que não se pode falar em restituição dos valores percebidos acima do teto, porquanto, tão logo a Suprema Corte definiu o valor máximo da remuneração, os referidos servidores deixaram os seus cargos, a fim de não extrapolarem o mencionado limite.75. Dessa forma, deixo de acolher a proposta oferecida pela unidade técnica no sentido de determinar ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima a instauração de tomada de contas especial, com intuito de reaver os valores indevidamente recebidos acima do teto.76. Dentre as propostas de encaminhamento oferecidas pela unidade técnica, encontra-se determinação ao TRE/RR para, “no prazo de 30 dias, ajuizar ou tomar as providências cabíveis para formalização, em juízo competente, de ação regressiva contra o senhor Stênio José da Silva, com vistas a recuperar os valores pagos a terceiros em conseqüência do acidente causado por ele no dia 28 de março de 2003 envolvendo a Toyota NAJ-3906 e o Monza JWG-3772”. Deixo de acompanhar, no momento, esta medida, uma vez que já tramita nesta Corte processo de tomada de contas especial que trata deste assunto (TC-007.560/2005-9). 77. As demais ilegalidades apontadas pela equipe de fiscalização foram acatadas por ocasião da análise das razões de justificativa. Por concordar, em relação a esses fatos, com a unidade técnica, tomo, como razões de decidir, os argumentos apresentados na instrução e reproduzidos no relatório precedente, sem prejuízo de acrescentar determinações ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, para que as impropriedades apuradas não voltem a ocorrer.78. Por fim, quanto à solicitação do Sr. Isaías Costa Dias, para que fosse intimado pessoalmente acerca da entrada do processo em pauta para julgamento, tenho a informar que tal pedido não encontra guarida nas norma processuais desta Corte de Contas. O art. 141 do Regimento Interno é claro ao estabelecer que à pauta de julgamento será dada publicidade por meio de publicação nos órgãos oficiais Diário Oficial da União ou no

Boletim do Tribunal de Contas da União, bem como no endereço eletrônico www.tcu.gov.br.

Ante todo o exposto, manifesto-me por que seja adotada a deliberação que ora submeto à deliberação deste Plenário.

TCU., Sala das Sessões em 12 de março de 2008.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

ACÓRDÃO Nº 412/2008 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo: n.º TC - 002.323/2005-1 (com 3 volumes e 16 anexos, sendo o Anexo IV com 5 volumes, o Anexo VII com 1 volume, o Anexo X com 2 volumes, o XII com 35 volumes, o Anexo XV com 3 volumes e o Anexo XVI com 28 volumes).2. Grupo II; Classe de Assunto: VII – Representação.3. Órgão: Tribunal Regional Eleitoral de Roraima – TRE/RR.4. Interessada: : Secretaria de Controle Externo do Estado de Roraima.5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secex/RR.8. Advogados constituídos nos autos: Maria Dizanete de Souza Matias, OAB/RR n. 8; e Geralda Cardoso de Assunção, OAB/RR n. 182-B.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação realizada pela Secretaria

de Controle Externo do Estado de Roraima, em razão de notícias veiculadas no periódico "Folha de Boa Vista", em 11 de fevereiro de 2005, dando conta da ação da Polícia Federal denominada "Operação Pretorium".

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fulcro no art. 237, inciso VI e parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, conhecer da presente Representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

9.2. com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, determinar ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima que:

9.2.1. promova o aperfeiçoamento da sistemática de controle de prestação e pagamento de serviços extraordinários;

9.2.2. abstenha-se de promover acréscimo em contratos administrativos acima do limite de 25% previsto nos §§ 1º e 2º do artigo 65 da Lei n. 8.666/1993, bem como de realizar licitação sem a existência dos respectivos créditos orçamentários;

9.2.3. nas concessões de diárias e de passagens aéreas, adote efetivo controle de suas finalidades, incluindo as motivações das correspondentes viagens;

9.2.4. adote medidas com vistas a melhorar a efetividade dos seus sistemas de controle de veículos;

9.3. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamentam, aos Procuradores da República em Roraima Rômulo Moreira Conrado, Lauro Coelho Júnior e Ana Karízia Távora Teixeira; ao Juiz Federal da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima Helder Girão Barreto; ao Ministro do Superior Tribunal de Justiça Paulo Galloti, bem como ao Conselho Nacional de Justiça, em decorrência dos itens 43/46 tratados na Proposta de Deliberação;

9.4. dar notícia à Corregedoria desta Corte do fato tratado no item 2.2 da instrução da unidade técnica (fl. 225, volume 1); e

9.5. determinar à Secex/RR que:9.5.1. notifique a Sra. Maria do Socorro Barbosa da Silva Mamed para, se assim

desejar, apresentar, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação,

argumentos e justificativas sobre as irregularidades ocorridas no ato que a nomeou para exercer função de confiança junto ao Tribunal Regional Eleitoral, consoante mencionado nos itens 47/48 da Proposta de Deliberação;

9.5.2. reinstrua os autos após o término do prazo mencionado no subitem anterior.

10. Ata nº 7/2008 – Plenário 11. Data da Sessão: 12/3/2008 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0412-07/08-P 13. Especificação do quórum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro.

13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.

WALTON ALENCAR RODRIGUES MARCOS BEMQUERER COSTAPresidente Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em exercício