Hans-Johannn Glock - Qué Es La Filosofía Analítica

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  • HANS-JOHANN GLOCKUniversidad de Zrich

    QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    tecnos

  • Ttulo original:What is Analytic Philosophy?

    Diseo de cubierta: Flix Pavn

    Reservados todos los derechos. El contenido de esta obraestprotegido por la Ley, que establece penas de prisin y/o multas, adems de las correspondientes indemnizaciones p or daos y perj uicios, para qu ien es reprodujeren, plagiaren, distribuyeren o comunicaren pblicamente, en todo o en parte, una obra literaria, artstica o cientfica, o su transformacin, interpretacin o ejecucin artstica, fijada en cualquier tipo de soporte o comunicada a travs de cualquier medio, sin la

    preceptiva autorizacin.

    Syndicate of the Press of the University of Cambridge, 2008 EDITORIAL TECNOS (GRUPO ANAYA, S. A.), 2012

    De la traduccin, C arm en G a r c a T rev lja n o , 2012 Juan Ignacio Luca de Tena, 15 - 28027 Madrid

    Maquetacin: Grupo Anaya ISBN: 978-84-309-5317-2

    Depsito Legal: M. 177-2012

    Printed in Spain. Impreso en Espaa por Fernndez Ciudad

  • [...] alle Begriffe, in denen sich ein ganzer Prozess semiotisch zusammenfast, entziehen sich der Definition; definierbar ist nur das, was keine Geschichte hat.

    ([...] todos los conceptos en los que se condensa semiticamente todo un proceso se hurtan a la definicin; slo es definible lo que no tiene historia.)

    F r ie d r ic h N ie t z s c h e , La genealoga de la moral, II, 1 3 .

    Nos movamos por el territorio de los metafsicos como secuaces de Camap. Una sonrisa de partisano orgullo resplandeca en nuestro rostro cuando l responda a una diatriba de Arthur Lovejoy explicando, con su caracterstico modo de razonar, que si Lovejoy quiere decir A, entonces p ,y si quiere decir B, entonces q. Hube sin embargo de aprender cun insatisfactoria puede resultar, a veces, esta ruta de Carnap.

    W. Y Quine, 1976, 42.

  • NDICE

    C a pt u l o I. IN T R O D U C C I N .............................................................................................. 171. P o r q u im porta esta c u e s t i n ............................................................................... 2 02 . C m o a b o r d a r l a c u e s t i n ...................................................................................... 2 73. E st r u c t u r a y c o n t en id o d e l l ib r o ...................................................................... 35

    C a pt u l o II. B R E V E P A N O R A M A H IS T R IC O ......................................................... 4 01. Pr e h is t o r ia ......................................................................................................................... 4 02. P rim eros v is l u m b r e s : m a te m tic a y l g ic a ................ :................................ 4 63. L a r e be l i n c o n t r a el id e a l is m o ........................................................................ 514 . E l giro lin g st ic o ......................................................................................................... 555. C o n s tr u c c io n is m o l g i c o versus a n l i s i s c o n c e p t u a l ........................... 616. E l c o l a pso del po sitiv ism o l g ic o ...................................................................... 6 77. L a rehabilitacin d e l a m e t a fsic a .................................................................... 728. D el lenguaje a la m e n t e ........................................................................................... 7 69. A su n t o s rela c io n a do s co n los v a lo r e s ........................................................... 8 2

    C a ptulo III. G E O G R A F A Y L E N G U A J E ...................................................................... 871. N iebla so br e el c a n a l . El c o n t in e n te a is l a d o ! ....................................... 872. VORSPRUNG DURCHLOGIK: RACES GERMANFONAS DE LA FILOSOFA ANA

    LTICA......................................................................................................................................... 9 23. E m pirism o b r i t n ic o v s . r o m a n tic is m o a l e m n ........................................... 9 74. E l eje a n g l o - a u st r ia c o ................................................................................................ 1015. D e bil id a d e s c o n t em po r n e a s d e l a s co n cepciones geo -lin g sti-

    c a s .............................................................................................................................................. 109

    C aptulo IV H IS T O R IA E H IS T O R IO G R A F A ........................................................... 1191. H is t o r io f o b ia v s . h is t o r ic is m o i n t r n s e c o ...................................................... 1212. H is to r ic is m o in s t r u m e n t a l v s . h is to r ic is m o d b i l .................................... 1283. A n a c r o n is m o v s . a n t ic u a r ia n i s m o ....................................................................... 1364 . E q u id a d h e r m e n u tic a ................................................................................................. 143

    C aptulo V D O C T R IN A S Y T P IC O S ............................................................................ 1491. L a c r u za d a c o n t r a la m e t a f sic a ....................................................................... 1522 . L en g u aje , co n tex tu a lism o y a n t i- p s ic o l o g ism o ........................................ 1563. F ilo so fa y c ie n c ia ......................................................................................................... 1724. D efinicio nes t e m t ic a s ................................................................................................ 185

    PREFACIO................................................................................................. ..............Pg. 13

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  • 12 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    C a p tu lo VI. MTODO Y ESTILO...................................................................................... 1911. P o n ie n d o el a n l isis e n l a b a se d e l a filo so fa a n a l t ic a ................. 1932 . E l e spr it u c ie n t f ic o .................................................................................................... 2013. Explicacin po r e t a p a s ................................................................................................ 2 0 64 . La c l a r id a d n o b a s t a ! ........................................................................................... 2115. L a voz d e l a r a z n ........................................................................................................ 2 1 7

    C apt ul o VIL TICA Y POLTICA.................................................................. 2241. Re h u y e l a fil o so fa a n a l t ic a l a tic a y l a t eo ra po lt ic a? ........ 2 2 52. Es LA FILOSOFA ANALTICA m o r a lm e n t e n e u t r a Y c o n s e r v a d o r a ? .. 2 2 83 . Es LA filo so fa an a lt ic a prog resista y e m a n c ipa d o r a ? .................... 2 3 64 . E l c a so S in g e r .................................................................................................................. 2435 . U n antd o to c o n t r a l a ideo lo g a? ................................................................... 2 4 8

    Captulo VIII. CONCEPTOS DISCUTIDOS, PARECIDOS DE FAMILIA YTRADICIN.............................................................................. 253

    1. Un concepto e sen cia lm en te d isc u t id o ? ......................................... .............. 2 5 52. F ilo so fa a n a l t ic a c o m o u n con c epto d e parecido d e f a m il ia ....... 2623 . L a fil o so fa a n a lt ic a co m o categora h ist r ic a o g e n t ic a .......... 2 7 14 . Los c o n t o r n o s d e l a t r a d ic i n a n a l t i c a ..................................... . ................ 2 7 6

    C a pt ul o IX. PRESENTE Y FUTURO............................................................. 2841. Im po sto r e s , ch a pu c e r o s y r e l a t iv ist a s ............................................ ............... 2852 . Qu hay d e e r r n e o , si es q u e lo ha y , e n l a filo so fa a n a l t ic a?. 2 9 73 . H a c ia d n d e v a l a filo so fa a n a lt ic a? ........................................................ 3 1 2

    B ib l io g r a fa ............................................................................................................................................ 3 2 0

    n d ic e a n a l t ic o ................................................................................................................................... 3 3 9

  • PREFACIO

    La filosofa analtica cnenta con buenas introducciones a sus problemas y tcnicas, como puedan ser las de Hospers (1973) y Charlton (1991). Igualmente existen notables exposiciones histricas, por ejemplo las de Skorupski (1993), Hacker (1996), Stroll (2000), Baldwin (2001) y Soames (2003). El estado actual de la filosofa analtica en sus diversas reas se encuentra expuesto en una amplia diversidad de publicaciones y libros-gua. Finalmente, existen inspiradas defensas de la filosofa analtica, tales como la de Tugendhat (1976), Cohn (1966) y Engel (1997).

    Aunque no pertenece a ninguno de estos gneros, este libro contiene, sin embargo, contribuciones a todos ellos, dado que su propsito es responder por extenso a la cuestin de lo que la filosofa analtica pueda ser. Considera el pasado, el presente y el futuro, a la vez que procura distinguir y eliminar repuestas alternativas de manera continuada. Por lo que yo s, ste es el primer libro dedicado a esta tarea. Como indica su ttulo, el influyente libro de Dummett Origins ofAnalytical Philosophy se concentra en las races histricas sin comprometerse con concepciones rivales de la filosofa analtica. Inversamente, The Dialogue o f Reason de Cohn ignora por completo las cuestiones histricas, y dedica su segunda parte no al anlisis de la filosofa analtica, sino a su aplicacin prctica a un tpico especfico. Finalmente, la obra de DAgostini Analitici e Continentali examina tanto la filosofa analtica como la continental, lo cual excede a mis propias aspiraciones. No obstante, examino con frecuencia y, a mi entender, con rigor otros modos no analticos de filosofar. Porque uno de los fines que me propongo es el de determinar cul pueda ser el contraste, si es que lo hay, entre el par analtica/continental, y no justamente en el pasado, sino tambin en lo relativo al presente y al futuro. Tampoco puedo permitirme dejar de hacer filosofa (analtica). Pues es evidente que las cuestiones histricas y taxonmicas que este libro considera plantean una amplia serie de interrogantes de tipo conceptual y metodol

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  • 14 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    gico. As pues, me ver obligado a hablar de la naturaleza del significado lingstico, de los fines de la definicin y la clasificacin, del papel del conocimiento histrico en la resolucin de problemas filosficos, de la amenaza de inconmensurabilidad entre teoras, de los mritos del relativismo histrico, de los principios de interpretacin, de la naturaleza de la claridad, de los distintos tipos de argumentos histricos, de conceptos esencialmente controvertidos, de la idea de parecido de familia, del modo apropiado de delimitar tradiciones intelectuales, y del lugar propio de la filosofa en el debate pblico, entre otros tpicos.

    La supuesta audiencia no se limita justamente a los filsofos analticos, tanto estudiantes como profesionales, sino tambin a los filsofos no-analticos, y sin duda a todo aqul que se sienta interesado por uno de los ms excitantes, importantes y controvertidos fenmenos intelectuales del siglo veinte. Algn conocimiento de la historia de la filosofa es sin duda una ventaja, aunque en modo alguno un prerre- quisito. He utilizado frmulas lgicas cuando era apropiado, pero se las puede dejar de lado sin prdida esencial. Igualmente he tratado de explicar algo del vocabulario tcnico empleado, y cualquier informacin adicional sobre este tema es fcilmente asequible en las abundantes obras de referencia ahora.

    Aunque el presente libro no pretende ser un trabajo exclusivamente histrico, un sentido del tiempo y de la progresin forma parte de su esencia. Por ello he utilizado las fechas de publicacin en mis referencias a los clsicos, incluso en los casos en los que las citas estn tomadas de ediciones posteriores o de traducciones. En tales casos, la bibliografa consigna primeramente entre corchetes la fecha original y al final especifica la de la edicin posterior. Sin embargo, no he tratado de imponer rgidamente este sistema en las obras recientes sobre filosofa analtica, o en los escritos postumos cuyas fechas de publicacin estn muy alejadas de la composicin original. Al mismo tiempo, me he resistido a introducir anacronismos tales como Aristteles 2001. Semejantes gigantes de otros tiempos estn citados mediante el ttulo de la obra y un establecido sistema de referencia.

    Las deudas contradas durante la redaccin de este libro son a la vez diversas y profundas. Me siento profundamente agradecido por el permiso para utilizar material extrado de mis artculos: Philosophy, Thought and Language, en J. Preston (ed.), Thought and Language: Proceedings o f the Royal Institute o f Philosophy Conference (Cambridge University Press, 1997), pp. 151-169; Insignificant Others: the Mutual Prejudices of Anglophone and Germanophone Philoso- phers, en C. Brown y T. Seidel (eds.), Cultural Negotiations (Francke

  • PREFACIO 15

    Verlag, Tbingen, 1998), pp. 83-98; Vorsprung durch Logik: The German Analytic Tradition, en A. OHear (ed.), German Philosophy since Kant (Cambridge University Press, 1999), pp. 137-166; Philosophy, en J. Sandford (ed.), Encyclopedia o f Contemporary German Culture (Routledge, Londres, 1999), pp. 477-480; Imposters, Bunglers and Relativists, en S. Peters, M. Biddiss y I. Roe (eds.), The Humanities at the Millenium (Francke Verlag, Tbingen, 2000), pp. 267-287; Strawson and Analytic Kantianism, en H. G. Glock (ed.), Strawson and Kant (Clarendon Press, Oxford, 2003), pp. 15-42: Was Wittgenstein an Analytic Philosopher?, Metaphilosophy 35 (2004), pp. 419-444; Wittgenstein and History, en A. Pichler y S. Stel (eds.), Wittgenstein: The Philosopher and his Works (Wittgenstein Archives at the University of Bergen, 2005), pp. 177-204.

    Quisiera expresar aqu mi agradecimiento a la Rhodes University (Sudfrica) por haberme concedido una Hugo Le May Fellowship en 2002, y al Departamento de Filosofa, y en especial a Marius Vermaak, por haber hecho nuestra estancia tan agradable. Tambin estoy en deuda con el Arts and Humanities Research Council por su concesin de un ao sabtico como parte de su Research Leave Scheme. Una vez ms, agradezco a la Alexander von Humboldt Foundation su concesin de una beca que me permiti pasar un curso en la Universidad de Bielefeld durante el ao 2004, y a mis anfitriones Ansgar Beckere- mann, Johannes Roggehofer y Eike von Savigny. Tambin quisiera expresar mi gratitud a la Universidad de Reading por su apoyo a mi investigacin a lo largo de varios aos. Ha sido para m tanto un privilegio como un placer trabajar en el Departamento de Filosofa, y por siempre estar agradecido a John Nottingham por su amable atencin durante todo aquel tiempo. Igualmente deseo agradecer a mis nuevos colegas de la Universidad de Zrich su calurosa y constructiva acogida. Tambin quisiera expresar en particular mi gratitud hacia Julia Langkau y Christoph Laszlo por haber apoyado logsticamente este proyecto.

    Cubrir una tan vasta y diversa rea exceda las capacidades de un solo individuo. Por esta razn no slo tuve que utilizar una ingente cantidad de literatura, sino tambin mantener incontables conversaciones y admitir las sugerencias ofrecidas por colegas, estudiantes y amigos. Incluso en una lista incompleta de ellos tendran que figurar David Bakhurst, Mike Beaney, Ansgar Beckermann, Jerry Cohen, John Nottingham, Jonathan Dancy, Michael Dummett, Simon Glendinning, Oswald Hanfling, Martina Herrman, Brad Hooker, Geert Keil, Andreas Kemmerling, Anthony Kenny, Vasso Hindi, Wolfgang Knne,

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    Julia Langkau, Diego Marconi, Ray Monk, Kevin Mulligan, Hermn Philipse, Cario Penco, Aaron Preston, John Preston, Alan Richardson, Jay Rosenberg, Katia Saporiti, Eike von Savigny, Joachim Schulte, Pe- ter Schulthess, Hans Sluga, Philip Stratton-Lake, Roger Teichmann, Alan Thomas, Paolo Tripodi y Daniel Whiting. Todos ellos se han mostrado enormemente generosos y tiles en su aportacin de respuestas. En lo que a m respecta, slo me queda esperar haber acertado a plantear al menos algunas de las cuestiones correctas. Al igual que en ocasiones anteriores, me he beneficiado tambin de mi participacin en el grupo de discusin del St. Johns College, que ahora llega a su fin.

    Algunas partes de este libro han sido expuestas en Berln, Biele- feld, Dortmund, Edimburgo, Erfurt, Gnova, Oxford, Reading y Z- rich. Agradezco profundamente a estas diversas audiencias sus preguntas y objeciones. Igualmente deseo agradecer a dos lectores annimos de la editorial sus recomendaciones y correcciones. Peter Hacker, John Hyman y Christian Nimtz han hecho comentarios sobre varios captulos. Especial agradecimiento debo a Javier Kalhart, quien ley y prepar para su edicin todo el manuscrito. Sus crticas y sugerencias enormemente valiosas me han ahorrado, por no mencionar a mis lectores, numerosos patinazos, desaciertos, excesos y fiorituras retricas. Una deuda ms general y duradera es la que mantengo con Peter Hacker por haberme introducido tanto en la filosofa analtica y en su historia. Seguramente no comulga con algunas de las respuestas que en este libro ofrezco, pero en todo caso de l proviene el estmulo para plantear cuestiones.

    Como de costumbre, mi mayor deuda es la contrada con mi familia. Todos sus miembros han sido fuente de inspiracin y de nimo tanto en los buenos como en los malos tiempos, y aun han encontrado la fuerza y el humor para burlarse de este proyecto, de las carreras acadmicas y, finalmente pero no en menor grado, del filsofo que es objeto de sus bromas.

  • CAPTULO I

    INTRODUCCIN

    La filosofa analtica cuenta ya con unos cien aos de antigedad, y actualmente es la corriente dominante en la filosofa occidental (Sear- le, 1996, pp. 1-2). Ha sido la filosofa prevalente durante varias dcadas en el mundo de habla inglesa; en el momento actual es un movimiento ascendente en los pases de habla alemana; y son numerosas sus incursiones incluso en lugares en los que alguna vez se la consider con hostilidad, por ejemplo, en Francia. Al mismo tiempo circulan muchos rumores sobre la abdicacin de la filosofa analtica, sobre su condicin de difunta o al menos en estado de crisis, y abundan las lamentaciones por su evidente estado de debilidad (Leiter, 2004a, 1, p. 12; Biletzki y Matar, 1998, p. xi; Preston, 2004, pp. 445-447 y 463-464). El sentimiento de crisis es palpable no slo entre los comentaristas, sino tambin entre algunos protagonistas de vanguardia. Von Wright observ que en su conversin gradual de movimiento revolucionario en tendencia bien establecida, la filosofa analtica se torn tambin diversa hasta el punto de perder su perfil distintivo (1993, p. 25). Esta opinin ha encontrado igualmente eco en incontables observadores actuales que no vacilan en afirmar que la acostumbrada distincin entre filosofa analtica y filosofa continental se ha quedado obsoleta (p. ej., Glendinning, 2002; May, 2002; Bieri, 2005).

    La prdida de identidad es una preocupacin general; la prdida de vigor, otra. Putnam ha insistido repetidamente en la necesidad de una revitalizacin, una renovacin de la filosofa analtica (p. ej., 1992, p. ix), Y, por su parte, Hintikka ha mantenido que la supervivencia de la filosofa analtica depende de un nuevo arranque basado en la explotacin de las posibilidades constructivas presentes en la ltima obra de Wittgenstein (1998). Searle es uno de los ms incondicionales e intransigentes abogados de la filosofa analtica. Pero l mismo reco

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  • 18 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    noce que en el camino que va desde el punto de vista de una minora revolucionaria hasta la posicin convencional y establecida, la filosofa analtica ha perdido algo de su vitalidad (1996, p. 23). No es de sorprender por tanto que los que se mostraron ms escpticos respecto a la filosofa analtica, vengan anticipando desde hace algn tiempo su reemplazo por una filosofa post-analtica (Rajchman y West, 1985; Baggini y Stangroom, 2002, p. 6; Mulhall, 2002).

    Tal combinacin de triunfo y crisis no carece en modo alguno de precedentes. Pero ofrece una excelente oportunidad para abordar la naturaleza de la filosofa analtica desde una nueva perspectiva. En los aos setenta, Michel Dummett abri un debate sobre los orgenes histricos de la filosofa analtica al afirmar que sta es una filosofa post-fregeana y que est basada en la conviccin de que la filosofa del lenguaje es el fundamento de la filosofa en general. Durante los ltimos quince aos se ha acelerado la marcha del debate. En adicin a la obra de Dummett Origins ofAnalytical Philosophy, han aparecido diversos estudios histricos sobre este tipo de filosofa (Skorupskj, 1993; Hacker, 1996; Stroll, 2000; Baldwin, 2001; Soames, 2003), pormenorizados tratados de aspectos ms especficos de ella (p. ej., Hylton, 1990; Stadler, 1997; Hanna, 2001), y al menos seis colecciones de ensayos sobre la historia de la filosofa analtica (Bell y Cooper, 1990; Monk y Palmer, 1996; Glock, 1997c; Tait, 1997; Biletzky y Matar, 1998; Reck, 2002). Si Hegel llevaba razn y la lechuza de Minerva slo levanta su vuelo en el crepsculo, la filosofa analtica debe estar moribunda. Ahora bien, la muerte por auto-conciencia histrica puede no ser un mal camino para continuar. Pero aun as, e incluso aunque la empresa analtica estuviera malherida, el proceso debera ser menos unilateral.

    Hasta ahora, el debate en torno a la naturaleza de la filosofa analtica se ha centrado en dos cuestiones: Quin debera ser considerado como el verdadero progenitor de la filosofa analtica? Y en qu punto emergi la divisin analtico/continental1? No se ha dado en ingls ningn intento serio de combinar estas cuestiones histricas con una clarificacin de lo que la filosofa analtica actualmente pueda ser, y en qu difiere de la llamada filosofa continental. La primera parte de la obra de Jonathan Cohn The Dialogue ofReason: an Anlisis o f Analytical Philosophy [El dilogo de la razn: un anlisis de la filoso

    1 D u m m e tt , 1993, espec. caps. 2-4; Hacker (1996, caps. 1-2; 1997) y Monk (1997) libran una batalla conjunta con Dummett sobre la primera cuestin. Friedman (2000) lo contradice implcitamente sobre la segunda.

  • INTRODUCCIN 19

    fa analtica] se pronuncia sobre el subttulo. Pero se centra en el presente y explcitamente deja de lado la dimensin histrica (1986, pp. 6-7). Por otra parte, tiene poco que decir sobre filosofa continental. Sin embargo, la filosofa occidental contempornea se encuentra notoriamente dividida en dos tradiciones, la filosofa analtica por una parte, y la filosofa continental por la otra. Pese a los ms de cuarenta aos de intentos de dilogo y de sntesis, esta escisin sigue siendo muy real, tanto filosfica como sociolgicamente. Por lo tanto, la exposicin de la filosofa analtica debera ser contrastada tambin con las principales alternativas, y no limitarse justamente al punto de su emergencia.

    El relativo olvido del estado actual de la filosofa analtica es sorprendente, y no se debe slo a la general reputacin de ahistoricidad que acompaa a este tipo de filosofa. A partir de Dummett, las cuestiones histricas han estado ntimamente ligadas con cuestiones relativas a lo que la filosofa analtica es y con los apasionados debates sobre el alma y el futuro de este tipo de filosofa. La mayora de los participantes en este debate han tendido a identificar la filosofa analtica con el tipo de filosofa que para ellos es la correcta, y yo espero mostrar que esta tendencia ha provocado toda una variada serie de distorsiones.

    Lo que aqu me propongo es enfocar la cuestin de un modo tal que pueda resultar a la vez ms analtico y ms continental. Ms analtico en el sentido de que somete a escrutinio el estatuto y el objetivo de las demarcaciones entre distintas tradiciones filosficas; en el sentido de que evala desapasionadamente los pros y contras de las diversas definiciones de filosofa analtica; y en el sentido tambin de que somete a discusin algunos de los problemas conceptuales y metodolgicos que circundan el debate. Aunque no voy a disimular el hecho de ser un filsofo analtico, quiero sin embargo abordar la cuestin sin asumir que la filosofa analtica deba en todo caso ser equiparada a la buena filosofa. Dicho en otras palabras, mi principal proyecto en este libro es el de contribuir al establecimiento de una metafilosofa descriptiva ms que prescriptiva. En este respecto, mi proyecto difiere de los propsitos explcitamente apologticos de Cohn (1986, pp. 1-2), F0- llesdal (1997) y Charlton (1991). Mas esto no quiere decir, sin embargo, que yo vaya a renunciar a la defensa de la filosofa analtica contra algunas objeciones. Incidir sobre ciertas crticas que me sorprendieron por estar bien fundadas, y concluir sugiriendo modos mediante los cuales la filosofa analtica contempornea podra ser perfeccionada.

  • 20 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    En cualquier caso, mis ideas relativas al modo en que la filosofa analtica debiera ser desarrollada se basarn en un intento previo de comprender lo que esta empresa realmente significa. Mi enfoque del problema puede parecer ms continental en el sentido de que presta atencin al trasfondo histrico y a las amplias implicaciones culturales y polticas de la filosofa analtica y a la evolucin de su conflicto con otras maneras de filosofar. No estoy exclusiva o primariamente interesado, sin embargo, por las races de la filosofa analtica, sino por lo que sta significa en la actualidad, incluyendo el estado real de la divisin analtica/continental.

    Mi perspectiva es tambin continental en un sentido literal. En tanto que alemn que ha desarrollado la mayor parte de su trabajo en Inglaterra, difcilmente puedo sentirme lingsticamente afectado, adems de conocer perfectamente a los filsofos analticos contemporneos fuera del mundo de habla inglesa. Como suele ocurrir en las disporas, estos filsofos exhiben un alto grado de autoconciencia, y durante los ltimos treinta aos han fundado una serie de asociaciones y revistas dedicadas a la promocin de la filosofa analtica. La exposicin de estas aventuras constituye una importante fuente de informacin sobre la imagen actual de la filosofa analtica, lo cual supone la existencia de una serie de escritos a favor, en contra, y sobre la filosofa analtica que slo son asequibles en lenguajes exticos tales como el francs, el alemn o el italiano. El amplio alcance de esta investigacin, me obligar ocasionalmente a pronunciarme sobre cuestiones histricas o exegti- cas sustantivas sin aportar argumentos convincentes. Algunas afirmaciones controvertidas encontrarn su defensa en sendas notas a pie de pgina, mientras que otras sern simplemente remitidas a la literatura relevante. Espero, sin embargo, exponer con claridad hasta qu punto mis opiniones sobre las cuestiones generales que este libro ofrece dependen de mis opiniones sobre estas cuestiones ms especficas.

    1. POR QU IMPORTA ESTA CUESTIN?

    Como el ttulo de este libro indica, su enfoque principal es la pregunta Qu es la filosofa analtica? y no De dnde proviene la filosofa analtica?. Sin embargo, la segunda cuestin es de suma importancia, no por s misma sino por causa de sus implicaciones para la primera. Mas, tienen alguna importancia estas dos cuestiones? En un sentido, es evidente que s. La mayora de los filsofos profesionales mantienen opiniones fundadas sobre ellas. Y son numerosos los que

  • INTRODUCCIN 21

    confinan su utilizacin a la conversacin corts o descorts. Pero tambin se ha dicho muchas veces por escrito lo que la filosofa analtica es, y no menor es el nmero de los que oficialmente declaran que el tpico es irrelevante (p. ej., W illia m s , 2006, p. 155). Estas proposiciones ofrecen una segunda razn para comprometerse con la cuestin. Aunque en su mayor parte son instructivas e interesantes, hay otras muchas que son falsas. Y no conozco mejor razn para que un filsofo se decida a poner la pluma sobre el papel que la necesidad de combatir opiniones falsas, con independencia de que stas sean mantenidas por filsofos, cientficos, historiadores o el pueblo llano.

    Pero habra que tratar de reemplazar estas respuestas incorrectas por otras correctas, o rechazarlas simplemente por el hecho de ser irrefutables y confusas? Sin duda, la prueba ltima ante semejante pastel consistira en probarlo. Pero es instructivo sopesar si valdra la pena tratar de dar una respuesta a semejantes cuestiones.

    Es famosa la frase de Marx: En todo caso, yo no soy marxista. Desde entonces, son muchos los que piensan que las etiquetas para posturas filosficas, escuelas y tradiciones no son ms que palabras vacas, o superfluas en el mejor de los casos, que no hacen ms que distraer o confundir en el peor de ellos. Este sentimiento ha sido particularmente vivo entre algunos filsofos analticos eminentes, si bien por razones diferentes. Algunos pioneros iniciales se mostraron sospechosos de las escuelas porque estaban convencidos de que todas las diferencias de opinin entre los filsofos podan quedar resueltas mediante la adopcin de mtodos analticos. En este sentido, Ayer escribi que no hay nada en la naturaleza de la filosofa que justifique la existencia de partidos filosficos o escuelas (1936, p. 176, vase tambin p. 42). Tales esperanzas se han desvanecido. Pero incluso los filsofos analticos contemporneos asocian escuelas e ismos con dogmatismo y aplazamiento.

    As Dummett deplora la divisin analtica/continental como sigue:

    el hecho de no haber alcanzado un acuerdo y difcilmente unos triunfos incontrovertibles, ha llevado a la filosofa a verse peculiarmente sujeta a toda suerte de -ismos y divisiones sectarias; lo cual no le ha acarreado a la filosofa misma ms que un inmenso dao (1993, p. xi).

    El ataque analtico ms sostenido contra la divisin de la filosofa en escuelas o posturas es anterior y proviene de Ryle.

    No hay lugar para los ismos en filosofa. Las pretendidas cuestiones de partido no son nunca cuestiones filosficas importantes, y el estar afiliado a un

  • 22 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    determinado partido es ser esclavo de un prejuicio no-filosfico respecto a una cierta cuestin de creencia (usualmente no-filoslica). Ser un x-ista es ser filosficamente endeble. Y aunque estoy dispuesto a confesar que poseo tal debilidad, no debera volver a enorgullecerme de ello de la misma manera que no me enorgullezco de tener astigmatismo o de padecer de mal de mer (1937, pp. 153-154).

    Este texto encierra un mensaje saludable, y no slo para aquellos que califican a Ryle de conductista lgico terco y de mentalidad estrecha. Para empezar, la ostensible repugnancia de Ryle va dirigida contra aquellos que no slo se aplican a s mismos y a sus adversarios ciertas etiquetas filosficas, sino que las utilizan tambin como armas de argumentacin filosfica. Semejante proceder es tan indigno como extendido, sobre todo cuando utiliza expresiones despectivas (P a ssm o re , 1961, p. 2) tales como craso materialismo, realismo ingenuo, idealismo salvaje o escolasticismo. Incluso cuando se atribuye un sentido claro a un ismo filosfico y un pensador particular o teora se ajustan decididamente a esa nocin, el peso argumentativo debe recaer sobre la reflexin en favor o en contra de la posicin en cuestin.

    Desgraciadamente, tendremos que reconocer que tras la Segunda Guerra Mundial, el propio Ryle se comprometi con una de las alternativas ms divisorias del tipo ellos y nosotros, y por implicacin con la retrica de la construccin de escuelas en la historia de la divisin analtica/continental (cap. III. 1). Y lo que es ms importante an, se da igualmente un repugnante uso de etiquetas filosficas. Clasificamos con frecuencia a pensadores, obras, posturas, o argumentos sin intencin polmica o dialctica, es decir, con vistas a clarificar cul es su mensaje y qu es lo que se dilucida en las controversias que estos temas pueden generar. Ryle reconoce que:

    Para ciertos fines, tales como los de la biografa o de la historia de las culturas (aunque no los de la filosofa misma), resulta til y correcto con frecuencia clasificar a los filsofos de acuerdo con ciertos tipos generales de mentes o temperamentos (1937, p. 157).

    Teniendo entonces en mente dicotomas tales como las existentes entre mentalidad blanda y dura (Jam es, 1907, pp. 10-19 y 118- 120), entre inflacionistas y deflacionistas (B e r l n , 1950), o entre filsofos profticos e ingenieriles.

    Sin embargo, conviene decir que tales clasificaciones no tienen cabida alguna en la filosofa misma. Pues, por una parte, es discutible (y ser discutido en el captulo IV) que puedan existir o no divisiones

  • INTRODUCCIN 23

    tajantes entre la filosofa, la historia de la filosofa y la ms amplia historia de las ideas. Por otra, incluso aunque existieran barreras claras y estables entre estas disciplinas, por qu el hecho de etiquetarlas no habra de jugar un papel legtimo en todas ellas? Sera un error rechazar esta sugerencia recurriendo al punto que yo mismo acabo de reconocer: que las etiquetas filosficas no tienen ningn peso argumentativo. Es presumible que Ryle, por ejemplo, pudiera conceder que el argumentar no es la nica actividad en la que los filsofos legtimamente se comprometen. Los filsofos tambin describen, clasifican, clarifican, interpretan, glosan, parafrasean, formalizan, ilustran, resumen, predican, etc. Que todas estas actividades deban estar en ultima instancia al servicio de la argumentacin es una cuestin discutible. Que la filosofa no se reduce a la argumentacin, es algo realmente incontrovertible incluso en el caso de que semejante pretensin sea concebida en un sentido muy catlico.

    De hecho, el rechazo de Ryle de todos los ismos se basa en dos lneas de pensamiento diferentes. Segn la primera, no es posible la existencia de dos escuelas distintas, A y B, opuestas entre s sobre cuestiones verdaderamente fundamentales de principio o de mtodo. Pues en tal caso, los partidarios de A tendran que presentar a los proponentes de B como individuos que estn comprometidos no con un tipo diferente de filosofa, ni tampoco con una filosofa mala, sino ms bien como individuos que no hacen filosofa en absoluto (y viceversa).

    As, el abismo sera el existente entre filsofos y no-filsofos, y no entre un grupo y otro de filsofos (los Astrnomos no se jactan de ser un partido anti- Astrologista)... Los miembros de la escuela opuesta, defensores como son de una filosofa que sostiene la corriente general equivocada, son las vctimas de un error de principio, con independencia de la perspicacia que puedan utilizar en cuestiones de detalle. Segn esto, toda escuela de pensamiento que sea consciente de s misma, puede y debe mantener que la escuela o escuelas opuestas carecen de alguna manera de principios filosficos. Pues sus miembros estn ciegos para aquellos principios que hacen que su filosofa sea una filosofa y a la vez la filosofa (1937, pp. 158 y 161).

    Mas este argumento se basa en un supuesto que no slo es cuestionable sin ms, sino falso. Ryle da por sentado que la filosofa marcha en paralelo con las ciencias en especial en el sentido de que un desacuerdo suficientemente fundamental, notablemente el relativo a principios, objetivos y mtodos, descalifica a uno de los participantes en la disputa para ser un buen profesional en la materia. Sin embargo, a diferencia de las ciencias especiales, la filosofa carece de un marco

  • 24 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    metodolgico de trabajo generalmente aceptado. La naturaleza misma de la filosofa es a su vez una cuestin filosfica discutible, y las opiniones sobre ella son filosficamente controvertidas. Aunque la investigacin sobre los fines y mtodos propios de la filosofa recibe el nombre de metafilosofa, sta no constituye sin embargo una disciplina distinta de orden superior, sino que es una parte integral de la filosofa misma (Tugendhat, 1976, pp. 17-18; COHEN, 1986, p. i).

    Las ciencias naturales han de establecer sus propios campos y mtodos al igual que la filosofa. Sin embargo, el hecho de que, a partir al menos de la revolucin cientfica del siglo xvii, se haya realizado esta tarea por caminos cada vez menos controvertidos, ha llevado al resultado de que las disputas relativas a la naturaleza de la disciplina hayan dejado de jugar desde hace tiempo un papel relevante. Incluso en pocas de revoluciones cientficas, los debates sobre la ciencia no se ocupan usualmente de cuestiones tales como lo que la astronoma pudiera ser. Y ninguna introduccin a este tema consistira en una revisin de lo que las diversas escuelas en conjunto hubieran dicho sobre l como muy bien podra suceder en filosofa.

    Hay dos razones interconectadas para esta tendencia hacia el consenso. El individuo que tenga concepciones diferentes relativas al objeto o tema de una ciencia particular, no se siente simplemente comprometido con ese campo particular. Y aunque se da el debate metodolgico durante el tiempo de las revoluciones cientficas, nadie que utilice mtodos radicalmente desviados, que, por ejemplo, prescinda de la observacin y el experimento en favor de consideraciones estticas, deja simplemente por eso de ser un cientfico. En contraste con esto, actividades intelectuales disparatadas, el tratamiento de diferentes problemas con mtodos incompatibles y con diferentes objetivos, siguen recibiendo an el nombre de filosofa. Hay, por ejemplo, filsofos que mantienen que la filosofa no debera preocuparse por el conocimiento ni por la fuerza lgica de un argumento, sino por la belleza y la inspiracin espiritual. Que alguien que de manera consistente eluda utilizar argumentos de cualquier tipo siga siendo tenido por un filsofo es otra cuestin discutible. Pero hay filsofos, incluyendo a los filsofos analticos, que negaran la afirmacin de Ryle de que los principios de todo ismo acreditado son establecidos, y slo establecidos, mediante un argumento filosfico (1937, p. 162; vase cap. VI.5 ms adelante).

    Y esto nos lleva al segundo argumento de Ryle contra la existencia de escuelas y tradiciones genuinamente distintas y genuinamente filosficas.

  • INTRODUCCIN 25

    La verdadera raz de mi objecin se encuentra, segn creo, en mi propia opinin sobre la naturaleza de la investigacin filosfica. No voy a exponerla aqu con detalle, pero una parte de ella es que se trata de una especie de descubrimiento. Y sera absurdo dividir a los descubridores en Whigs y Tories. Podran darse un partido pro-Tibet y un partido anti-Tibet en la esfera de la geografa? Existen Capitanes Cookitas y Nansenitas? (1937, p. 156).

    Al parecer, s. Existen partidarios de Alfred Cook y partidarios de Richard Peary sobre la cuestin de quin fue el primero en llegar al Polo Norte los cookistas y los pearynistas, para entendemos . Y existieron los individuos que aceptaron y los que rechazaron la idea de que haba una gran masa de tierra rodeando al Polo Norte; de que El Dorado existe o que hay un gran continente en el Ocano Pacfico. Hay espacio para opiniones fundamentalmente diversas dentro de cualquier rea de investigacin, por fctica o cientfica que sta pueda ser. En las ciencias especiales, las disputas de este tipo son eventualmente zanjadas. Los que an siguen creyendo que la tierra es plana o que Jt es racional se vern desterrados de la astronoma seria o de la matemtica, respectivamente. Yo mismo me encuentro indeciso a la hora de decidir, por ejemplo, si los seguidores de Lysenko o las teoras del diseo inteligente son simplemente acientficas, o si son ms bien ciencia ideolgicamente motivada. No tengo el menor reparo en afirmar que una tal catarsis no ha tenido lugar nunca en filosofa. No hay literalmente ninguna postura respecto a cuestiones vagamene filosficas que no haya sido adoptada alguna vez por un determinado individuo generalmente considerado como filsofo.

    Los argumentos de Ryle sobre la inutilidad de las etiquetas filosficas no convencen por tanto. Y esto plantea una duda ms general. Por supuesto, lo importante no es el modo en que un filsofo o una obra en concreto debieran ser etiquetados. A quin le importa que alguien sea un furibundo hegeliano, o un moderado bradleyano, un positivista lgico residual, un inquebrantable pragmatista, un externalista liberado, un inexperto consecuencialista, o un implacable eliminativista? Lo que realmente nos importa es el contenido de la obra, lo que el filsofo haya escrito realmente, que los argumentos sean convincentes y las conclusiones verdaderas!

    Colocar un excesivo peso sobre la taxonoma y la doxografa filosfica encierra un evidente peligro. Pero, sin embargo, las clasificaciones son a su vez indispensables para el pensamiento humano. El dar sentido a las cosas, bien se trate de fenmenos materiales o producciones intelectuales, exige que se las distinga mediante sus rasgos relevantes. Y esta tarea exige a su vez la aplicacin, de acuer

  • 26 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    do con ciertos principios, de una serie de etiquetas. Las investigaciones histricas, exegticas y metafilosficas no son una excepcin a esta regla. Contrastes tales como los de filosofa oriental y occidental, filosofa antigua vs. medieval vs. moderna, empirismo vs. racionalismo, filosofa analtica vs. continental, o etiquetas como las de tomismo, neo-kantismo o postmodernismo pueden ser simplistas, potencialmente engaosas y francamente peligrosas. Sin embargo, algunos contrastes y una serie de etiquetas se tornan en instrumentos esenciales tan pronto nos proponemos detectar una serie de importantes similitudes y diferencias entre diversos pensadores y posiciones, o cuando tratamos de pergear una historia coherente sobre el desarrollo de nuestro tema. Difcilmente cabe embarcarse en la evaluacin del desarrollo histrico y los mritos de la filosofa analtica sin tener alguna idea previa de su alcance. As pues, lo necesario para empezar no es tanto el disponer de un buen plantel de clasificaciones, sino de una serie de clasificaciones escrupulosas e iluminativas.

    Sin duda, algunas etiquetas pueden haber ido adquiriendo tantos usos y connotaciones, que su empleo produce ms oscuridad que claridad. Lamentando las explicaciones radicalmente disparatadas del trmino deflacionismo, Wolfgang Knne nos aconseja:

    A la vista de este caos terminolgico, propongo que se aplique el trmino deflacionismo a lo que Otto Neurath llam una vez, humorsticamente, Index Verborum Prohibitorum (2003, p. 20).

    Que esta medida sea o no el camino correcto en el caso de deflacionismo, no es sin embargo una opcin atractiva con respecto al caso de filosofa analtica. Este trmino se utiliza con mucha ms amplitud que deflacionismo. Por su parte, la expresin filosofa analtica se ha convertido en una parte importante de la historia de la filosofa del siglo xx. En tercer lugar, mientras que deflacionismo se emplea a menudo con un significado especfico introducido a novo, filosofa analtica es una expresin utilizada conscientemente la mayora de las veces como una etiqueta con un significado establecido, pese a que ste pueda ser vago. En cuarto lugar, y a pesar de toda esta vaguedad, hay un consenso general sobre el modo de aplicar el trmino a una amplia clase de casos. Finalmente, mientras que existen diversas alternativas potencialmente ms claras para la etiqueta deflacionismo, no existen tales alternativas en el caso de filosofa analtica. Por estas razones, la clarificacin ms que la eliminacin debera ser el orden del da.

  • INTRODUCCIN 27

    Queda an por dilucidar la disputa prima facie de la idea de si la filosofa analtica constituye un fenmeno filosfico distinto, bien sea ste una escuela, un movimiento, una tradicin o un estilo. Peter Bieri ha propuesto recientemente el siguiente cruel experimento: durante todo un mes, lea el Journal o f Philosophy por la maana; al medioda a Sneca, Montaigne, Nietzsche, Cesare Pavese y Femando Pessoa. Alterando ligeramente la organizacin de Pieri, y haciendo an ms sdicas y devotas las sesiones del atardecer, a Plotino, Vico, Hamann, Schelling y Hegel, o a Heidegger, Derrida, Irigaray, Deleuze y Kriste- va. Pienso que el experimento-mental de Bieri es iluminativo. Pero est exactamente en el extremo opuesto al de la conclusin que l mismo favorece. Segn Bieri, la distincin entre filosofa continental y analtica es simplemente un pelmazo que no hay quien lo aguante (2005, p. 15). En contraste con esto, pienso que tres cosas emergen de estas yuxtaposiciones propuestas: en primer lugar, que hay al menos un cierto solapamiento entre los problemas implicados; en segundo, que al menos algunos de esos problemas son modelos filosfica y comnmente aceptados; y en tercero, que lo que aparece en las pginas del Journal o f Philosophy es una actividad intelectual, caracterstica que difiere de las actividades (a su vez diversas) que los otros casos comportan.

    No es de extraar, por tanto, que las etiquetas analtica y continental sigan siendo ampliamente utilizadas. Y este uso es vlido precisamente cuando ya se ha sugerido que la distincin no es ni tajante ni obligatoria. En las recensiones, por ejemplo, es un lugar comn leer no slo que un determinado libro o autor sea tpico del movimiento analtico o del continental, sino tambin que X se muestra inusualmente sensible o abierto para ser un filsofo analtico, o que Y es inusualmente claro o convincente para ser un filsofo continental. La distincin analtico/continental colorea la percepcin filosfica incluso entre aquellos que no la consideran como absoluta. De manera general, no se gana nada con el hecho de afirmar que la idea de una filosofa analtica distinta contina configurando la prctica institucional de la filosofa, ya sea mediante revistas diversas, sociedades, anuncios o institutos (P r e s to n , 2007; cap. 1). Por ejemplo, es habitual y perfectamente legtimo explicar a los estudiantes que un departamento o un curso particular tiene orientacin analtica.

    En un tiempo en el que el contraste analtico/continental estaba emergiendo, R. M. Har mantuvo que haba dos caminos diferentes

    2. CMO ABORDAR LA CUESTIN

  • 28 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    para estudiar filosofa hoy, caminos que, el cielo nos perdone por pensarlo [...] son realmente dos disciplinas bastantes distintas (1960, p. 107). Mas aunque Dummett buscaba tender un puente entre los extremos analtico/continental, su actitud se basaba en la observacin de que un absurdo abismo se haba abierto antes entre la filosofa Angloamericana y la Continental; ciertamente, hemos alcanzado un punto en el que trabajamos al parecer sobre materias diferentes (1933, pp. xi y 193).

    Este statu quo no puede ser deseable ni estable. Puede darse el caso de que o bien la filosofa analtica o bien la continental continen por el camino correcto, en cuyo caso una de las facciones no tendr ms remedio que seguir de cerca a la otra. Y, a su vez, tambin puede darse el caso de que la filosofa logre constituir un campo unificado, como hizo la filosofa occidental hasta, al menos, comienzos del siglo xx (vase Quinton, 1995b, p. 161). Si la filosofa funciona mejor como disciplina cohesionada, o lo consigue al menos en un rea particular del discurso eliminando facciones y barreras comunicativas, los individuos podran trabajar conjuntamente con independencia del extremo que ostentara el monopolio sobre la sabidura filosfica.

    Pero aunque la divisin analtica/continental sea lamentable por razones filosficas o de cualquier otro tipo, esa divisin sigue siendo real y tiene que seguir siendo el punto de partida de cualquier intento de clarificar el fenmeno de la filosofa analtica, aunque slo sea con el propsito de superarla o deconstruirla. La cuestin, por tanto, no es slo que sea o no legtimo y eficaz investigar sobre lo que la filosofa analtica pueda ser, sino preguntarse sobre el modo de hacerlo.

    Algunas caracterizaciones de la filosofa analtica son realmente definiciones de un cierto tipo, en el sentido de que, ipso facto, unas incluyen y otras excluyen a los pensadores que no son considerados filsofos analticos (p. ej., Cohn, 1986, cap. 2; Dummett, 1993, cap. 2; Hacker, 1995, p. 195; Follesdal, 1997). Otras son formuladas escuetamente y sin cualificacin alguna la filosofa analtica es [...], un filsofo analtico no dira nunca [...] Sin embargo, pueden presentarse como generalizaciones no-analticas algunas que no son slo aplicables necesariamente a todos los filsofos analticos. Dicho en otras palabras, son generalizaciones que especifican rasgos caractersticos de la filosofa analtica pero que no son absolutamente esenciales o constitutivos de ella. Finalmente, hay caracterizaciones explcitamente cualificadoras que toman formas tales como en su mayor parte, la filosofa analtica es [...], la mayora de los filsofos analticos dicen [...], etc.

  • INTRODUCCIN 29

    Pero tales generalizaciones, ya sean restringidas o generales, se apoyan en una cierta comprensin de lo que la filosofa analtica es. De no darse esto, necesitaran una muestra concreta que indicase en qu estaban basadas. Tenemos que saber en virtud de qu podemos considerar a alguien como un filsofo analtico, y por tanto lo que determina el mbito de los trminos filosofa analtica o filsofos analticos. Por esta razn, las meras generalizaciones no son sustitutos de ninguna explicacin aclaratoria de lo que, de ser algo, define a la filosofa analtica o el ser un filsofo analtico. Una tal presentacin es lo que quisiramos buscar en una primera instancia.Y de hecho, la mayora de las caracterizaciones no restringidas procuran ofrecerla. E incluso en el caso de las restringidas, es conveniente indagar si admiten su utilizacin para definir a la filosofa analtica.

    Algunos filsofos, aturdidos por el ataque de Quine a la distincin entre enunciados analticos y sintticos, abrigan dudas generales sobre la discriminacin entre caractersticas constitutivas definitorias o esenciales de un fenmeno X por una parte, y caractersticas accidentales por otra. En otro lugar he argumentado que esas dudas son injustificadas (G lo c k , 2003a, cap. 3). En cualquier caso, sera inapropiado descartar las definiciones de filosofa analtica ab initio basndose en estas razones. Si la filosofa analtica no pudiera ser definida, bien fuera por razones generales o especficas, eso es algo que debera surgir en el curso de nuestra exploracin. Lo cual deja enteramente abierta la cuestin del tipo de definicin o explicacin que es apropiado. Una importante diferencia en este contexto es la existente entre las definiciones nominales, que especifican el significado lingstico de las palabras, y las definiciones reales, que especifican la esencia de las cosas denotadas por ellas. Algunos filsofos, incluidos Wittgenstein y Quine, rechazan la idea de esencias reales. Pero incluso aunque este rechazo general del esencialismo fuera injustificado, habra razones para dudar de que la filosofa analtica fuera el objeto adecuado para una definicin real.

    Puede que no haya ninguna cuestin relativa a la etiqueta filosofa analtica con un nico significado correcto o intrnseco con independencia del modo en que lo expliquemos y utilicemos. Como Wittgenstein nos recuerda sabiamente:

    una palabra no tiene un significado dado, por as decirlo, por un poder independiente de nosotros, de tal modo que pudiese haber una especie de investigacin cientfica sobre lo que la palabra realmente significa. Una palabra tiene el significado que alguien le ha dado (1958, pp. 56-57).

  • 30 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    Similarmente escribe Davidson: No es como si las palabras poseyeran una cosa maravillosa llamada significado al que esas palabras estuvieran de alguna manera ligadas (1999, p. 41). Tal como aqu aparece, esto no es ms que la observacin superficial aunque incontrovertible de que el significado es convencional en el sentido de que es arbitrario el hecho de que utilicemos un modelo de sonido particular o modelo de inscripcin para expresar algo especfico. En lugar de filosofa analtica podramos haber utilizado cualquier serie de otros signos. Una variacin trivial analytical philosophy es la empleada por Dummett, entre otros . De modo ms significativo, en Alemania predomina el uso de una etiqueta diferente con distintas connotaciones: sprachanalytische Philosophie.

    Este punto trivial abre la posibilidad de que la filosofa analtica sea un potente fenmeno caracterstico, cuya esencia pueda ser capturable por una definicin real. En tal caso, todo esquema clasificatorio que respetase la realidad tendra que incluir una etiqueta u otra para la filosofa analtica. Mas no es fcil ver de qu modo podra sustentarse esta exigencia. Si la definicin actual ms popular de las esencias y definiciones reales va a ser contrastada, la filosofa analtica es un candidato muy poco adecuado. Segn la influyente semntica realista de Kripke (1980) y de Putnam (1975, cap. 12), la referencia de los trminos de gneros naturales como agua o tigre no est determinada por los criterios para su aplicacin las caractersticas fenomnicas por las que el pueblo llano distingue las cosas que pertenecen a esos gneros (tal como el modo en que algo se presenta o se comporta), sino que ms bien nos viene dada por un ejemplar paradigmtico y un vnculo apropiado de relacin de igualdad que todos los miembros de la especie guardan con ese ejemplar. Agua, por ejemplo, se refiere a toda sustancia que sea relevantemente similar a una muestra paradigmtica; o sea, a toda sustancia que tenga la misma microes- tructura que la del paradigma. Segn esto, los gneros naturales no slo poseen una esencia nominal sino tambin una esencia real en la terminologa de Locke {Ensayo, III.3), que en nuestro caso consiste en la combinacin H20.

    Que esta exposicin sea adecuada para los trminos de gneros naturales de los que hay paradigmas concretos y susceptibles de investigacin por parte de la ciencia, es un tema sujeto a debate (H a n f lin g , 2000, cap. 12; J a ck so n , 1998, cap. 2). En cualquier caso, las etiquetas para las escuelas filosficas no son trminos de gneros naturales. Una explicacin esencialista de trminos taxonmicos en filosofa est totalmente reida con su papel real. Nadie podra sugerir en serio

  • INTRODUCCIN 31

    que la etiqueta de filsofo analtico fuese aplicable a aquellas y slo aquellas criaturas que tuvieran la misma microestructura o cdigo gentico que, digamos, los filsofos analticos paradigmticos Rudolf Camap o Elizabeth Anscombe. Aunque las etiquetas y distinciones de la ciencia natural pueden ser capaces de dividir la naturaleza siguiendo sus naturales articulaciones (Fedro, 265e-266a), no es razonable esperar esto mismo de las etiquetas y distinciones histricas.

    Que una definicin de filosofa analtica sea nominal en lugar de real, no es sin embargo una cuestin de libertad. Las definiciones nominales se dividen en definiciones estipulativas por una parte, y definiciones informativas o lxicas por otra. Las definiciones estipulativas se limitan a expresar simplemente ab novo lo que una expresin significa en un contexto particular, con entera independencia de cualquier uso establecido que sta pudiera haber tenido. Tales definiciones no pueden ser correctas o incorrectas. Pero s pueden ser ms o menos tiles en el sentido de ser ms o menos eficaces para distinguir un fenmeno particular mediante una etiqueta adecuada. Sin embargo, con respecto a los trminos ya establecidos, la estipulacin irrestricta es raramente aconsejable. Pues por una parte, induce a confusin sin ninguna ganancia manifiesta. Por otra, los trminos existentes, tal como actualmente se los emplea, mantienen relaciones con otros trminos que tambin tendran que ser redefinidos. Incluso aunque deliberadamente se alejase de su uso establecido, una explicacin de filosofa analtica podra entrar en conflicto con los usos de sus trminos constituyentes. As pues, deberamos esperar al menos que el trmino analtica indicase una analoga con el anlisis qumico o matemtico y un contraste con la sntesis. Y sera sin duda inaceptable que la filosofa analtica fuera definida como algo diferente de cualquier otro tipo de filosofa.

    No es sorprendente que la mayora de las definiciones o explicaciones de la filosofa analtica reivindiquen algn tipo de exactitud informativa. Por esta razn, admiten ser evaluadas segn el grado en que acierten a establecer el uso y la prctica institucional. En la evaluacin de estas definiciones/explicaciones se debera tomar nota por tanto del uso ordinario del trmino filosofa analtica, sus trminos afines y antnimos. Algunos lingistas contemporneos podran juzgar anticuado y claramente ofensivo mi recurso al uso ordinario. Mas les convendra recordar unos cuantos puntos.

    Aristteles, el primero en embarcarse en una investigacin sistemtica sobre la filosofa, comenz por el modo en que la gente utilizaba el trmino sojia (Metafsica, 1.2; vase T u g e n d h a t, 1976, cap. 2). Si

  • 32 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    milarmente, el recurso al uso ordinario de la etiqueta filosofa analtica ha sido una caracterstica comn de los debates contemporneos sobre su propia naturaleza, especialmente cuando la filosofa analtica critica otras concepciones alternativas.

    Y lo que es ms, Aristteles y los metafilsofos contemporneos llevan razn al recurrir al uso ordinario de sus respectivos definiendo,. Cuando proponemos una cuestin de la forma Qu es X?, inevitablemente nos apoyamos en una nocin preliminar de X, una idea de lo que constituye el tpico de nuestra investigacin. En nuestro caso, presuponemos una comprensin preliminar de la filosofa analtica, que no sera una concepcin totalmente articulada, sino que tendra que surgir del subsiguiente debate sobre lo que la filosofa analtica es; nuestro punto de partida sera simplemente una idea inicial del tema del debate. Esta comprensin preterica est ya incorporada en el uso establecido del trmino filosofa analtica. Dicho de otra manera, nuestro modo de utilizar y entender un trmino no consiste slo en un inocuo punto de partida para dilucidar su significado, sino que es el nico indicio del que disponemos al comienzo de nuestra investigacin.

    Este punto de partida ha sido frecuentemente subrayado no slo por los llamados filsofos del lenguaje ordinario, sino tambin por algunos de sus oponentes, en especial Quine (1953, pp. 106-107). En el espritu de Quine se podra insistir, sin embargo, en que tenemos que avanzar gradualmente desde el uso ordinario del lenguaje hacia una posicin ms especializada basada en un escrutinio ms exacto del fenmeno. Mas esto no constituye una objecin a mi proceder. El trmino uso ordinario es ambiguo. Puede referirse tanto al uso estndar de un trmino en tanto que opuesto a su utilizacin irregular en cualquier rea en la que se lo emplee, o a su uso cotidiano en tanto que opuesto a su aplicacin tcnica o especializada (R y le , 1953, pp. 201 - 204). A diferencia de la palabra filosofa, la expresin filosofa analtica es un trmino tcnico utilizado principalmente por acadmicos profesionales, estudiantes e intelectuales. Y con seguridad no puede darse incorreccin alguna en contrastar determinadas definiciones con el uso normal o establecido de los expertos en el campo relevante, a condicin de que este uso ejemplifique de hecho un modelo coherente.

    An aceptando mis pretensiones generales (semntica-cww-metafi- losofa), cabe mantener dudas sobre este caso particular. Nadie se ha esforzado ms que Peter Hacker por defender el recurso al uso del lenguaje ordinario frente a la animadversin contempornea. Sin em-

  • INTRODUCCIN 33

    rargo, l mismo niega que el trmino filosofa analtica tenga un uso establecido (1998, p. 14). Hacker est en lo cierto al sealar que 'filosofa analtica es un trmino artificial de uso claramente reciente. De esto no se sigue, sin embargo, que carezca de una utilidad establecida. Un uso establecido no tiene por qu ser un uso cotidiano. De hecho, lo que Grice y Strawson (1956) observaron respecto a los trminos analtico y sinttico es igualmente vlido para filosofa analtica. Aunque nos pueda faltar una explicacin clara y convincente. coincidimos totalmente con ellos en nuestra aplicacin de estos trminos.

    Pero incluso las ms consolidadas y claramente circunscritas filosofas taxonmicas, son susceptibles de un mal uso. Brian Magee, por ejemplo, se refiere a Fichte, Schelling y Hegel como pensadores neo- iantianos (1983, App. 1). Con neo-kantianos como stos, para qu se necesita a los idealistas alemanes? La filosofa analtica no sale peor parada que las etiquetas ms venerables. Aunque se dan ocasionales aplicaciones errneas, stas son generalmente reconocidas. Consideremos la siguiente cuestin, presumiblemente retrica, extrada de una circular del Continuum International Publishing Group (21 de octubre de 2003):

    Est usted interesado por la filosofa continental de Giles Deleuze o de Theodor Adorno, o por la filosofa de la tradicin analtica de pensadores tales como Friedrich Nietzsche o Mary Wamock? No se premia la ocultacin del error.

    De permitirlo, se ira obviamente en contra de una definicin de la filosofa analtica si sta implicara que Heidegger y Lacan son filsofos analticos, mientras que Carnap y Austin no. Del mismo modo se ira en contra de tal definicin si sta implicara que Russell y Quine son filsofos analticos, mientras que Frege y Hempel no lo son. Por otra parte, concordamos no slo en lo que respecta a los casos que son claros, sino tambin a los que, por diversas razones, se encuentran en la lnea divisoria, por ejemplo, Bolzano, Whitehead, el ltmo Witt- genstein, Popper, Feyerabend y los neuro-filsofos. Finalmente, el acuerdo no se limita a una lista determinada, sino que admite ser extendido a una clase abierta de nuevos casos. Por ejemplo, la lectura de los curricula vitae colocara a la mayora de los profesionales en posicin de identificar con claridad a los aspirantes continentales y analticos a ocupar un determinado puesto docente.

    Mientras que no hay lugar para una estipulacin ntida, tal vez haya buenas razones para modificar explicaciones generalmente aceptadas

  • 34 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    de la filosofa analtica. Al evaluar una serie de sugerencias hay que tener en cuenta sus consecuencias. Las definiciones revisionistas pueden ser ms o menos iluminativas para los fines de la historiografa y la taxonoma. Pero se ira en contra de la definicin si esto implicara que ningn filsofo est cualificado como analtico, o que todos lo estn. En tal caso, la etiqueta sera ociosa y por tanto completamente intil. Otras caracterizaciones distintas de la filosofa analtica tienen menos consecuencias inmediatas, no slo para la comprensin de la filosofa analtica, o su manera de concebir su historia, sus objetivos, sus mtodos y resultados, sino tambin para su contraste con otros movimientos filosficos tales como la filosofa tradicional o continental.

    Como antes se indic, al evaluar estas consecuencias, tenemos que apoyamos en una idea preliminar de qu filsofos se cuentan generalmente y bajo qu fundamentos entre los analticos. Por esta razn, me dejar guiar por la cuestin de si las definiciones sugeridas incluyen todas ellas ejemplos generalmente reconocidos de filsofos analticos y excluyen todos los de los restantes filsofos. Dicho en otras palabras, me propongo confrontar en un primer paso las concepciones de la filosofa analtica con la extensin del trmino comnmente reconocido. De hecho, aun en el caso de que una definicin genuina de la filosofa analtica resultara ser una pista falsa, sera conveniente cerciorarse de que, y en qu medida, las incontables afirmaciones generales sobre ella son realmente vlidas. Al evaluar estas afirmaciones por su aceptabilidad como definiciones, comprobamos tambin su exactitud como generalizaciones.

    Aunque los paradigmas reconocidos de la filosofa analtica son especialmente importantes, voy a considerar tambin aqu el modo en que las definiciones propuestas se ocupan de ejemplos que, por razones diversas, admitiran ser considerados como casos fronterizos o controvertidos. Estos casos problemticos pueden aportar una importante prueba para las definiciones, en especial si es posible identificar las caractersticas que los hacen problemticos. Por la misma razn, considero movimientos que, como el racionalismo crtico de Popper, se han distanciado de la filosofa analtica, pero que sin embargo parecen pertenecer a esta tradicin.

    En este contexto debera subrayar que las awto-descripciones no son fidedignas. Los filsofos han investigado y promovido el auto- conocimiento, pero no todos han mostrado la misma excelencia en la tarea. Si tomamos sus propias declaraciones como piedra de toque, tendramos que incluir a Derrida y excluir a Fodor (vase cap. III) de los filsofos analticos. Ninguna explicacin til cabra obtener atenindose a semejante extensin de filosofa analtica.

  • INTRODUCCIN 35

    Aunque mi objetivo primordial es el presente, no me voy a limitar a las concepciones de la filosofa analtica actualmente vigentes. Como cualquier otra tradicin intelectual, la filosofa analtica es un fenmeno intrnsecamente histrico, incluso aunque, aisladamente, este hecho histrico sea incapaz de proporcionar una concepcin adecuada de l mismo. Y otro tanto sucede con la etiqueta filosofa analtica, los trminos afines y sus antnimos. Sin una cierta comprensin de los desarrollos relevantes en la historia de la filosofa, no es posible apreciar qu objeto tiene el concepto de filosofa analtica y las diversas razones para concebirla de modos diferentes. Tal comprensin facilitar tambin mi discusin de las cuestiones conceptuales y metodolgicas que surgen durante la bsqueda de una explicacin de la filosofa analtica.

    Por estas razones inicio el captulo II con una revisin histrica de este tipo de filosofa, un bosquejo de la emergencia y desarrollo del movimiento al que generalmente se le aplica la etiqueta filosofa analtica. A diferencia de otros eruditos, examinar tanto sus races an- glfonas como las germanfonas, aunque teniendo tambin en mente otros desarrollos relevantes que exceden las fronteras de la filosofa analtica.

    Sobre la base de este recorrido histrico, los captulos siguientes exponen los diversos modos en que se ha concebido o definido a la filosofa analtica en un estadio u otro de su carrera. Y no han sido organizados en consonancia con ciertas explicaciones especficas de la filosofa analtica, de las que hay gran abundancia, sino de acuerdo con ciertos tipos de explicacin. Cada captulo se dedica en efecto a un parmetro a cuyo travs pudiera definirse la filosofa analtica o cualquier otro movimiento filosfico emparentado con ella. Los cinco primeros parmetros resultaron ser inadecuados.

    El captulo III, Geografa y lenguaje, se ocupa de las definiciones geo-lingsticas. La imagen de la filosofa analtica como fenmeno anglfono sigue siendo an una idea sorprendentemente comn y absolutamente arraigada en el contraste analtico/continental. Pero la etiqueta misma de filosofa continental no es un nombre adecuado, especialmente si se tienen en cuenta las races centro europeas de la filosofa analtica. No obstante, voy a sostener que el contraste entre filosofa analtica y filosofa continental enlaza con, y es reforzado por, las diferencias estereotpicas entre la filosofa y la cultura acadmica anglfonas, por una parte, y sus contrapartidas continentales por la otra.

    3. ESTRUCTURA Y CONTENIDO DEL LIBRO

  • 36 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    Durante el curso del siglo xix, el conflicto entre el empirismo britnico y el racionalismo continental se fue viendo reemplazado gradualmente por divisiones geogrfica e intelectualmente ms complejas. Igualmente exploro de qu manera desarrollos polticos tales como el surgimiento del nazismo o el movimiento de rehabilitacin de la metafsica desde los aos sesenta en adelante, convirtieron el contraste hasta entonces descuidado entre filosofa analtica y filosofa tradicional en la divisin filosofa analtica frente a filosofa continental que conocemos ahora. Y ms an, del mismo modo que la concepcin anglo- cntrica de la filosofa analtica es insostenible, con ms razn lo es an la de su pariente ms sofisticada: la concepcin anglo-australiana. En la actualidad, la filosofa analtica florece en numerosas partes del continente, mientras que la filosofa continental es altamente popular en Norteamrica. La filosofa analtica no es ni una categora geogrfica ni una lingstica. Finalmente, la etiqueta filosofa continental no acierta a distinguir entre los movimientos vanguardistas del siglo xx inspirados por Nietzsche y Heidegger y la filosofa tradicional o tradicionalista que de hecho domina actualmente sobre la filosofa acadmica en el continente europeo.

    Captulo IV, Historia e historiografa. La cuestin que este captulo plantea es si los filsofos analticos difieren de los continentales y en especial de la filosofa tradicionalista en su carencia de conciencia histrica. En aos recientes, incluso algunos de sus cultivadores han acusado a la filosofa analtica de ser indebidamente ahistrica. Yo pretendo mostrar, en cambio, que la filosofa analtica en general no se caracteriza por una actitud despectiva hacia el pasado. Ciertamente, en los ltimos tiempos ha evidenciado un renovado inters por la historia.Y lo que es ms, me propongo defender a la filosofa analtica contra la animadversin historicista de la que hasta ahora ha venido siendo acusada. Contra la afirmacin de que los filsofos analticos ignoran el pasado, sostengo que lo que en su gran mayora hacen es negarse a admitir que el entendimiento de la historia sea algo esencial y no meramente conveniente para la filosofa. Contra la objecin de que las historias analticas de la filosofa son anacrnicas, sostengo que el enfoque del pasado con un talante analtico producir realmente una mejor historiografa.

    En el captulo V, Doctrinas y tpicos, retomo la idea de que la filosofa analtica destaca en virtud de un particular rango de problemas y/o por sus respuestas a esos problemas. Las definiciones por referencia a doctrinas especficas tienden a ser demasiado concisas. El rechazo de la metafsica no fue nunca universal entre los filsofos

  • INTRODUCCIN 37

    analticos y se ha desvanecido casi por completo. Dummett define a la filosofa analtica como disciplina basada en la idea de que un anlisis del pensamiento puede y debe venir precedido de un anlisis del lenguaje. Mas una concepcin lingstica del pensamiento y su anlisis no es ni necesaria ni suficiente para ser un filsofo analtico. La definicin de Dummett ignora la diferencia entre el desarrollo del anlisis lgico y conceptual por una parte, y el giro lingstico por otra. De manera similar, la filosofa analtica no se caracteriza por la insistencia en que la filosofa es distinta de la ciencia, ni por la asimilacin naturalista de la filosofa a la ciencia. Finalmente, los filsofos analticos no coinciden siquiera respecto a los tpicos sobre los que disienten. Aunque la preocupacin respecto a los tpicos tericos no fue irrelevante para el surgimiento de la filosofa analtica, ahora ha dejado ya de establecer sus lmites.

    Las deficiencias de los enfoques doctrinales fomentan las definiciones metodolgicas o estilsticas. El captulo VI, Mtodo y estilo, sostiene que incluso estas definiciones son inadecuadas. Es prima fa- cie atractivo ligar a la filosofa analtica con el mtodo del anlisis. Pero desgraciadamente, este enfoque se enfrenta con un dilema. Si se toma el anlisis literalmente, o sea: la descomposicin de los fenmenos complejos en unos constituyentes ms simples, se excluyen conjuntamente el ltimo Wittgenstein y la filosofa lingstica de Oxford, entre otras cosas. Mas si se lo toma con la suficiente amplitud para acomodar tales casos, habra que incluir tambin a figuras que van desde Platn hasta filsofos continentales como Husserl. Dificultades similares surgen en tomo a la idea de que la filosofa analtica es una ciencia opuesta a las disciplinas que se centran en las artes, en el sentido de que la filosofa est uniformemente interesada por la ciencia y totalmente imbuida de un espritu cientfico. Que semejante definicin tuviera que excluir a un caso extico como el de Wittgenstein, podra ser tolerable. Pero que excluyera tambin a Moore, Ryle y Strawson sera una objecin absolutamente decisiva.

    Si la filosofa analtica no posee ningn mtodo distintivo, tal vez sea al menos la lder de un estilo particularmente suyo. Bajo este espritu, Bernard Williams ha sugerido que la filosofa analtica difiere de la variedad continental en que evita la oscuridad o bien utilizando un lenguaje moderadamente claro, o bien, cuando fuera necesario, recurriendo a trminos tcnicos. Pero la nocin misma de claridad se encuentra en una urgente necesidad de clarificacin. Y en la medida en que esto es un mero asunto de prosa y presentacin, no es ni universal entre los filsofos analticos ni est limitado a ellos. Si es un rasgo

  • 38 QU ES LA FILOSOFIA ANALTICA?

    estilstico lo que separa actualmente a la filosofa analtica de la continental, nos encontramos ms bien ante dos tipos diferentes de oscurantismo esteticismo por una parte, y escolasticismo por otra. Y esto introduce una sugerencia final: que la filosofa analtica aspira al menos a la claridad de pensamiento y al rigor argumental. Las concepciones racionalistas definen a la filosofa analtica como una actitud general hacia los problemas filosficos, actitud que subraya la necesidad de argumentacin y de justificacin. Mas esto sera, sin duda, la mdula de la filosofa analtica. Y desde Scrates en adelante, el afn de abordar las cuestiones fundamentales por la va de la argumentacin razonada ha sido un rasgo distintivo de la filosofa como tal, por ejemplo frente a la religin o a la retrica poltica, no la marca distintiva de ningn movimiento filosfico particular.

    El captulo siguiente, tica y poltica, comienza demostrando que la tradicin analtica no se caracteriza por la exclusin de la filosofa moral y de la teora poltica. A continuacin introduzco dos rumores en conflicto: que la filosofa analtica es inherentemente apoltica o conservadora, y que alienta en sus seguidores una postura progresista o liberal hacindolos resistentes al extremismo poltico. Igualmente considero lo que el caso Singer muestra sobre las actitudes analtica y continental relativas a la libertad de expresin y a la capacidad de la filosofa para prescribir cursos de accin especficos. Finalmente, examino si la filosofa analtica est por encima de sus rivales en virtud de que impide que la reflexin filosfica se convierta en la sirvienta de una moral y unos ideales polticos preconcebidos.

    En el captulo VIII, Conceptos discutidos, parecidos familiares y tradicin, atiendo a las explicaciones de la filosofa analtica que no adoptan la forma de definiciones en trminos de condiciones necesarias y suficientes. Una explicacin de este tipo es la que surge de la concepcin racionalista que convierte a la filosofa analtica en un concepto esencialmente contestado. Y en respuesta a ello, concedo la

    < existencia de un uso de la filosofa analtica, aunque debo decir que este uso est menos atrincherado que el descriptivo y que es inferior para las cuestiones de taxonoma filosfica y de debate. En lo que queda de libro defiendo mi propia concepcin de la filosofa analtica combinando en parte dos enfoques. El primero es la idea de que la filosofa analtica debera explicarse en trminos de parecidos de fam ilia. Lo que mantiene unidos a los filsofos analticos no es un conjunto nico de condiciones necesarias y suficientes, sino una hilera de similitudes solapadas (doctrinales, metodolgicas y estilsticas). De este modo, los actuales filsofos analticos pueden sentirse ligados a

  • INTRODUCCIN 39

    Frege o a Russell en sus mtodos lgicos, o al positivismo lgico y a Quine en sus relaciones con la ciencia, o a Wittgenstein y la filosofa lingstica en sus relaciones con el a priori, el significado y los conceptos, etc. Igualmente refutar las crticas de la idea misma de parecido de familia. Por su parte, la concepcin misma del parecido de familia de la filosofa analtica supera una vez ms la extensin reconocida de este trmino.

    Esta deficiencia es evitable combinando el parecido de familia con una concepcin gentica o histrica. Segn esto ltimo, la filosofa analtica es primera y principalmente una secuencia histrica de individuos y escuelas mutuamente influidos y comprometidos entre s en un debate recproco sin necesidad de compartir por ello doctrinas, problemas, mtodos o estilo. Esta concepcin histrica se ajusta a una prctica comn; y esto requiere al menos la especificacin del modo en que esta tradicin queda determinada. Ser un filsofo analtico no basta para relacionarse, o incluso mantener una influencia mutua, con los miembros de esta lista; de otro modo, habra que incluir tambin en ella a Husserl y a Habermas, por ejemplo. Por otra parte, una concepcin puramente histrica ignora el hecho de que los filsofos pueden ser ms o menos analticos bajo fundamentos distintos de los lazos histricos. Estas cautelas son aplicables al resto de las condiciones si reconocemos que la filosofa analtica es una tradicin que se mantiene unida no justamente por relaciones de influencia, sino tambin por similitudes compartidas. En la seccin final, bosquejo los contornos de la tradicin analtica y me pronuncio sobre la cuestin de quin la fund y cundo se separ de la filosofa tradicional y continental.

    Tras haber respondido a la cuestin del ttulo, el captulo final, Presente y futuro retorna al estado actual de la filosofa analtica y al de la divisin analtica/continental. Espero poder mostrar que esta divisin juega un importante papel en tres reas de gran relevancia contempornea: la cultura y las batallas de la ciencia; los temores europeos ante el imperialismo cultural anglo-americano; y la creciente insularidad de la cultura anglo-americana frente a la de la Europa continental. Igualmente considero algunas de las debilidades reales o pretendidas de la actual escena analtica. En la seccin final, considero el futuro de la filosofa analtica y su contraste con el pensamiento continental, para concluir que las barreras existentes entre una y otro siguen existiendo en el presente, y que superarlas no es de por s un objetivo primordial. La filosofa analtica necesita elevar su vuelo en diversos respectos, pero el objetivo ltimo no debera ser una escena filosfica unificada, sino simplemente una filosofa mejor.

  • CAPTULO II

    BREVE PANORAMA HISTRICO

    En este captulo se traza la trayectoria de la filosofa analtica. Tras considerar el papel del anlisis en filosofa con anterioridad al siglo xix, pasa a analizar la emergencia gradual de la lgica y del anlisis lgico y conceptual en Bolzano, Frege, Moore y Russell. A continuacin considera dos subsiguientes cambios de rumbo. En primer lugar, el giro lingstico de la filosofa analtica por obra de Wittgenstein, el positivismo lgico y el anlisis conceptual; luego la inversin de ese giro, notablemente mediante la rehabilitacin de la metafsica, el auge del naturalismo, el triunfo de los enfoques mentalistas de la mente y el lenguaje, y la vuelta a escena de la filosofa moral de primer orden y de la teora poltica.

    1. PREHISTORIA

    La palabra anlisis proviene del griego analysis que significa desatar o disolver. Dos nociones del trmino anlisis han primado en filosofa desde sus comienzos (vase B e a n e y , 2003). La primera deriva de la bsqueda de definiciones de trminos tales como virtud y conocimiento emprendida por Scrates, junto a la versin de Platn, que habla de ella como divisin. Este anlisis descomposi- cional o progresivo se aplica primariamente a lo que hoy llamamos conceptos y que en esencia consiste en la diseccin o resolucin de un concepto dado en sus elementos componentes, que a su vez pueden ser utilizados para definir un concepto complejo. As, el concepto de ser humano el analysandum es analizado en los conceptos de animal y de racionalidad, produciendo con ello la definicin de ser humano como animal racional el analysans. Mientras la clase de los seres humanos est contenida en la clase de los animales como subconjunto

    [40]

  • BREVE PANORAMA HISTRICO 41

    propio, el concepto de ser humano contiene al concepto de animal en el sentido de que este ltimo es parte de la explicacin del primero.

    La segunda nocin deriva de la geometra griega y predomina en Aristteles. Se la puede llamar anlisis regresivo y se lo aplica primariamente a las proposiciones. La filosofa analtica es a veces errneamente concebida como empresa deductiva que deriva teoremas a partir de axiomas y definiciones mediante pruebas formales. Hasta Kant, sin embargo, este procedimiento tpicamente matemtico de deducir consecuencias a partir de primeros principios o axiomas era conocido como mtodo sinttico. El mtodo analtico, en cambio, parte de una proposicin que ha de ser probada y se remonta hasta los primeros principios desde los cuales se pueda derivar esa proposicin como un teorema. Lo que unifica al anlisis descomposicional y al regresivo es la idea de partir de algo dado (respectivamente, un concepto que hay que analizar o una proposicin que hay que probar) e identificar algo que sea ms bsico (los componentes del analysandum o los axiomas que permitan deducir el teorema) y del cual ste puede ser derivado (definido o probado).

    Mientras que Spinoza buscaba razonar more geomtrico, para Descartes la sntesis era meramente el mtodo de exposicin o prueba. El descubrimiento de nuevas perspectivas es analtico y consiste en identificar las naturalezas simples que constituyen la realidad y los axiomas (nociones primarias) que especifican los vnculos entre ellas (Meditaciones, Respuestas II). Leibniz fue incluso ms lejos. Segn l, en todas las proposiciones verdaderas los predicados estn contenidos en el concepto del sujeto, y pueden por tanto ser probados analizando este ltimo. Toda verdad puede ser reducida a una verdad idntica utilizando las definiciones resultantes de tales anlisis. As, las ecuaciones aritmticas pueden ser reducidas a verdades idnticas explotando el hecho de que cada nmero natural es definible por su predecesor ms uno. Por ejemplo,

    7= def 6 + 1; 5 = def 4+1 y 12 = def 11 + 1

    Sobre esta base

    (1) 7 + 5 = 1 2

    puede ser transformado en

    ( 1) (6 + 1) + (4 + 1) =11 + 1

  • 42 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    y as sucesivamente hasta llegar a

    (1*) (1+1+ 1+1+1+ 1+1) + ( l+ l+ l+ l+ l )= l+l+l+l+l+l+l+l+l+l+l+l.

    Leibniz so con una characteristica universalis, una notacin cientfica que proporcionase un algoritmo tanto para el mtodo analtico de descubrimiento (la definicin de los conceptos relevantes mediante el anlisis descomposicional) como para el mtodo sinttico de prueba (de derivacin del teorema con la ayuda de tales definiciones).

    Mientras que Leibniz cultiv el anlisis lgico y Descartes el anlisis ontolgico, el anlisis psicolgico-cum-epistemolgico fue el instrumento favorito de los empiristas britnicos, notablemente en el proyecto de Locke de dividir lo complejo en ideas simples (Ensayo, II.2, 22), o en el Analysis o f the Phenomena o f the Human Mind (1829) de James Mili. El objetivo no era tanto el de descubrir los constituyentes ltimos de la realidad en general, como los de la mente humana, y de mostrar que stos eran aportados por la experiencia sensorial.

    En Kant, la resolucin de los episodios mentales deja paso a las facultades mentales tales como la sensibilidad, el entendimiento y la razn. La Analtica Trascendental es una lgica de la verdad, puesto que nos proporciona una piedra de toque negativa en el sentido de que examina principios cognitivos que ningn juicio emprico podra contradecir sin perder su referencia a los objetos y con ello su estatuto como portador de un valor de verdad lo que en todo caso se conoce como su aptitud para la verdad. En contraste con esto, la Dialctica Trascendental es una lgica de la ilusin, pues expone falacias a las que la razn se inclina cuando se pronuncia sobre objetos situados ms all de toda posible experiencia (Crtica de la razn pura, B 85-87).

    Kant utiliza tambin el trmino analtica de un modo que lo relaciona con el anlisis descomposicional (b 1-3, 10-15). En un juicio analtico, el predicado est ya contenido al menos implcitamente en el concepto del sujeto, como en

    (2) Todos los cuerpos son extensos

    En cambio, el predicado de un juicio sinttico como

    (3) Todos los cuerpos son pesados

  • BREVE PANORAMA HISTRICO 43

    aade algo al concepto-sujeto en lugar de expresar meramente algo que ya estaba implcito en l. La distincin analtico/sinttico est conectada con lo que se encuentra situado entre un conocimiento a pos- teriori, que est basado en la experiencia bien sea por observacin o por experimento y un conocimiento a priori. A diferencia de las ideas innatas postuladas por los racionalistas y repudiadas por los em- piristas, los juicios a priori son independientes de la experiencia no con respecto a su origen, sino en lo que atae a su validez. Aunque es necesario aprender incluso juicios a priori tales como (1), podemos demostrar su verdad mediante el clculo, sin necesidad de recurrir a la experiencia.

    La metafsica aspira a ser a la vez a priori, a diferencia de las ciencias empricas, incluyendo a la fisiologa del entendimiento humano, y sinttica, a diferencia de la lgica formal, puesto que emite juicios sustantivos sobre la realidad ( a ix, b 18). Pese a Leibniz, Kant se muestra confiado en que los juicios de la aritmtica y la geometra proporcionen un claro ejemplo de conocimiento sinttico a priori. Incluso (1) es sinttico: al pensar en la suma 7 + 5 no tenemos an en ente el resultado =12, puesto que entonces no tendramos necesidad de calcular. Al mismo tiempo comprueba Kant que la idea de conocimiento sinttico a priori es prima facie paradjica. Dado que la experiencia es nuestro nico modo de conectar con la realidad, cmo puede un juicio ser a la vez sinttico, o sea, decimos algo sobre la realidad, y sin embargo ser a priori, es decir, ser conocido con independencia de la experiencia?

    Kant resuelve este enigma mediante su Revolucin Copernicana: podemos conocer a priori en las cosas slo aquello que nosotros mismos hemos puesto en ellas (b x v i i i). Hay una diferencia entre nuestras experiencias y sus objetos; y el contenido de la experiencia es a posteriori. Pero la forma o estructura de la experiencia es a priori, puesto que no est determinada por la aportacin contingente de los objetos sino por el aparato cognitivo del sujeto. Tenemos experiencia de los objetos en tanto que se encuentran localizados en el espacio y en el tiempo, y como centros de cambios cualitativos que estn sujetos a leyes causales. Segn Kant, tales objetos no son hechos contingentes relativos a la realidad o a la naturaleza humana, sino precondiciones trascendentales de la posibilidad de la experiencia, caractersticas todas ellas a las que cualquier objeto de experiencia ha de conformarse. Los juicios metafsicos como todo suceso tiene una causa son verdaderos de los objetos de experiencia (es decir, son sintticos) con independencia de sta (o sea, son a priori), puesto que expresan pre

  • 44 QU ES LA FILOSOFA ANALTICA?

    condiciones de la experiencia de objetos, precondiciones que al mismo tiempo determinan lo que significa ser un objeto de experiencia.

    Las dicotomas de Kant y su afirmacin de que existe un conocimiento sinttico a priori establecieron la agenda para un debate sobre la naturaleza de la lgica, la matemtica y la metafsica que contina siendo central para la filosofa analtica. Y a una escala an mayor, Kant alter la propia imagen y la organizacin de la filosofa. Antes de Kant, la filosofa era considerada como la Reina de las Ciencias. Era ella la que fijaba el marco para las ciencias especiales, lo cual justificaba el hecho de que la fsica fuera llamada filosofa natural. No obstante, durante los siglos xvn y xviii rein un evidente contraste: mientras la metafsica segua siendo el campo de batalla de controversias ftiles (b xv), las ciencias naturales progresaban mediante la combinacin de la investigacin emprica con el instrumental matemtico. Lo c