Igualdade de Genero Na Vida Local

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    Igualdade de Gnero na Vida LocalO papel dos Municpios na sua promoo

    Te role of Municipalities in promoting

    Gender Equality in Local Life

    Comisso para a Cidadania e Igualdade de GneroPresidncia do Conselho de Ministros

    LISBOA | 2009

    Helosa Perista | Alexandra SilvaCESIS

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    O contedo deste livro pode ser reproduzidoem parte ou no seu todo se for mencionada a fonte.No exprime necessariamente a opinio daComisso para a Cidadania e Igualdade de Gnero.

    Material contained in this book may be freely reproducedprovided acknowlodgement is given to the Commission for Citizenshipand Gender Equality, Tis publication does not necessarily reflectthe views of the Commission for Citizenship and Gender Equality.

    tulo | itle Igualdade de Gnero na Vida Local:O Papel dos Municpios na sua Promoo

    Te Role of Municipalities In PromotingGender Equality in Local Life

    Autoras |Authors Helosa Perista e Alexandra Silva CESIS | Centro de Estudos para a Interveno SocialReviso de provas | Proofreading Isabel de Castroraduo | ranslation raductaDesign Marketingsense

    Edio | Publisher Comisso para a Cidadania e Igualdade de Gnero

    http://www.cig.gov.pt Av. da Repblica, 32-1 - 1050-193 LISBOA elf. +351 217 983 000 Fax 217 983 098 E-mail [email protected] R. Ferreira Borges, 69-2C | 4050-253 PORO el. +351 222 074 370 Fax +351 222 074 398 E-mail [email protected]

    iragem | Circulation 1000 exemplares | 1000 copiesISBN 978-972-597-309-7Depsito Legal 287741/09Impresso |Printers Security Print

    FICHA TCNICA

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    N PI1. Breve contextualizao poltica da promoo

    da igualdade de gnero ao nvel local2. A promoo da igualdade de gnero na vida local:

    boas prticas em alguns Concelhos3. Desafios e constrangimentos elaborao

    de diagnsticos municipais da igualdade de gnero

    lies a retirar deste Projecto4. Algumas linhas orientadoras para a elaborao

    de diagnsticos municipais da igualdade de gneroe de planos municipais para a igualdade de gnero

    4.1. Passos a empreender pelas autarquias quanto implementao do mainstreaming da igualdadede gnero nas suas polticas e prticas

    4.2. Algumas linhas orientadoras para a elaborao

    de diagnsticos municipais da igualdade de gnero4.3. Algumas linhas orientadoras para a elaborao

    de planos municipais para a igualdade de gneroCheck-list de verificao da integrao da perspectiva

    da igualdade de gnero nos planos para a igualdadede gnero: uma proposta

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    NOTA PRVIA

    De forma a produzir a mudana estrutural necessria para seatingir a Igualdade de Gnero, a CIG tem vindo a investirna sensibilizao e formao de agentes multiplicadores so-bre as mais variadas temticas que se prendem com a Igualdade deGnero e de Oportunidades entre as Mulheres e os Homens. Entreos quais figuram, designadamente, agentes da Administrao Pblicacentral e local, tais como os que trabalham em Espaos de Informa-o Mulheres e as Conselheiras e os Conselheiros para a Igualdade aonvel da Administrao Pblica central e local. A CIG tem procedidotambm, de uma forma contnua, formao de decisores e eleitoslocais, agentes das foras de segurana e justia, agentes sociais, agen-tes de emprego, trabalhadores da rea da sade, ONG, associaes dedesenvolvimento, grupos de mulheres e pblico em geral.

    Nos anos 90, no mbito do projecto rampolim/Reda da Ini-ciativa Comunitria NOW, foi realizado um estudo sobre as compe-tncias das agentes e dos agentes que trabalham em estruturas coma vocao de apoiar e informar as mulheres, em matria de direitos egarantias. O estudo reuniu os contributos da parceria transnacionaldo projecto, composta por seis pases da UE, e dele resultou um tra-balho sobre as estruturas de acompanhamento e apoio s mulheres,

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    em particular s que se encontram em processo de insero ou rein-sero profissional.Este esforo com vista criao de estruturas descentralizadas

    de apoio insero profissional das mulheres, capazes de fornecerservios mais ajustados s suas necessidades especficas, tem vindo aser desenvolvido desde 1993, no quadro do projecto Bem-Me-Quer,igualmente realizado no mbito da Iniciativa Comunitria NOW.Para tal se estabeleceu, com um conjunto de cmaras municipais, um

    protocolo que deu origem criao dos Espaos de Informao Mu-lheres. Foi no mbito deste projecto que se fez formao para tcnicasda autarquia de Sintra e se criou o Espao de Informao s Mulheresno municpio. odo este processo pode ser consultado, com maisdetalhe, na publicao nmero 8 da coleco Bem-Me-Quer.

    Esta publicao contm trs captulos. No primeiro captulo,figura a Carta contendo os princpios orientadores do funciona-mento das estruturas ou centros que prestam apoio s mulheres eas acompanham nos seus percursos de insero profissional, no m-bito da parceria REDA, a qual constitui o documento integradorde todas estas estruturas. Os princpios nela referidos destinam-se tambm, prioritariamente, ao conjunto de actores e tcnicos darea do emprego e da insero profissional, na Europa. A Cartapossui um conjunto de referncias comuns que permitiu estruturaros diversos centros. Define ainda os moldes comuns do seu funcio-namento, bem como as competncias dos prprios centros e dastcnicas e dos tcnicos que neles trabalham. No segundo captulo,

    so apresentados os treze organismos que integraram a pareceriaREDA, de acordo com a sua misso e objectivos fundamentais,os servios que prestam, os pblicos femininos a que se destinam,as tcnicas e os mtodos de trabalho que utilizam, as funes ecompetncias dos centros nas suas diversas reas de interveno:informao, formao, emprego, criao de empresas, investigao,comunicao e relaes exteriores. Por fim, no terceiro captulo, dedicada especial ateno s actividades realizadas pelos Espaos

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    de Informao Mulheres criados pela CIG (ento CIDM) emvrias autarquias de Portugal Continental e das Regies Autnomas e s competncias dos tcnicos e tcnicas que neles trabalham. Adefinio de competncias resulta de uma aproximao do perfilsocioprofissional desejado para estes tcnicos e tcnicas, com os ob-jectivos e funes das estruturas para a Igualdade.

    A rede de cooperao com cmaras municipais foi-se alargandoe, em 1997, realizaram-se os primeiros programas de formao diri-

    gidos a Conselheiras e Conselheiros para a Igualdade integrados emautarquias, figura essa igualmente resultante de protocolos de colabo-rao e cuja funo dominante consiste na integrao da perspectivade gnero nas polticas e prticas implementadas na esfera local. Maisrecentemente, deu-se incio formao de Conselheiras e Conselhei-ros para a Igualdade ao nvel da Administrao Pblica central. J nodiploma orgnico da CIDM, de Maio de 1991, se prev que, no seuConselho Consultivo, funcione uma Seco Interministerial inte-grada por representantes de departamentos governamentais das reasda Administrao Pblica consideradas de interesse para os objecti-vos da Comisso. A estes representantes reconhecido o estatuto deConselheiras/os para a Igualdade de Oportunidades. A definiodas reas feita por despacho da tutela e por proposta da presidncia,e a nomeao dos representantes feita por despacho dos ministrosde que dependam.

    Para a CIG, o Projecto Formar para a Igualdade apresentou-secomo uma oportunidade por excelncia para responder a este desa-

    fio de longa data: repensar, aprofundar e consolidar o perfil de com-petncias da figura profissional Agentes para a Igualdade e dar maisum passo no sentido do seu reconhecimento, por forma a dot-la demelhores competncias e de recursos mais adequados. Como pontosde partida deste trabalho estiveram, sem dvida, as figuras de tcni-ca e tcnico de Espaos de Informao Mulheres e de Conselheira eConselheiro para a Igualdade, j que estas constituam um ponto dechegada de um longo caminho anterior. Era, assim, da maior impor-

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    tncia aproveitar a experincia adquirida pela CIDM nesse percurso eincorpor-la neste estudo, alicer-lo no conhecimento adquirido dasagentes e dos agentes para a Igualdade, dos seus contextos de trabalho,da forma como realizam as suas actividades e dos pblicos a quemestas se destinam.

    Em 2007, a CIG coordenou o projecto Igualdade de Gneroe Desenvolvimento Local (MALA) com as Cmaras Municipais deCabeceiras de Basto, Mrtola, Montemor-o-Velho, Montijo, Moura,

    Santarm, avira e Valongo. Este projecto contou com a excelentecoordenao de Madalena Barbosa que infelizmente j no estentre ns e que em muito contribuiu para a promoo da Igualdadeem Portugal, em especial nas autarquias e teve ainda a colaboraodo tcnico Joo Paiva.

    Os objectivos gerais do projecto Igualdade de Gnero e Desen-volvimento Local eram sensibilizar os decisores locais e a populaopara a importncia da igualdade de gnero e a eliminao de estere-tipos no processo de desenvolvimento local. E integrar a dimensodo gnero em todas as polticas, programas e projectos de forma aincentivar a cidadania, incrementar uma participao social equili-brada e sustentar o desenvolvimento. Os resultados a esto: em cadaum dos concelhos envolvidos foi elaborado um Plano Municipal paraa Igualdade; estabeleceram-se centros comunitrios de informao eapoio populao na rea da igualdade de gnero; e foi criado umguio para a elaborao de diagnsticos de gnero a nvel local.

    O relatrio que agora publicamos no pretende ser o fim do

    caminho, mas sim o incio de uma nova etapa.

    Elza PaisPresidente da Comisso para a Cidadania e Igualdade de Gnero

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    INTRODUO

    Esta publicao surge no mbito do projecto transnacional VS2006/0322 aking Gender Equality to local Communities,

    co-financiado pela Estratgia-Quadro da Comunidade para aIgualdade entre Homens e Mulheres (2001-2005), coordenado porMalta, com parcerias de Portugal, Itlia, Grcia e Crocia.

    O projecto aking Gender Equality to Local Communi-ties visava promover a igualdade de gnero junto dos municpiosrecorrendo ao mainstreamingde gnero enquanto estratgia para aintegrao da perspectiva de gnero no desenvolvimento local, no-meadamente mediante a realizao de campanhas de informao ede sensibilizao. Como finalidade ltima do Projecto pretendia-seintroduzir uma mudana cultural que permita a mulheres e homensaspirar a participar livremente nas actividades e nas polticas da suacomunidade local.

    Em Portugal, o projecto foi coordenado pela Comisso para aCidadania e Igualdade de Gnero (CIG), tendo, inicialmente, conta-do com a participao de sete Cmaras Municipais, nomeadamente ade Mrtola, Montemor-o-Velho, Montijo, Moura, Santarm, avirae Valongo.

    A participao do CESIS Centro de Estudos para a Inter-veno Social estruturou-se em torno dos diagnsticos municipais daigualdade de gnero em trs momentos: num primeiro momento, naformao a tcnicas e tcnicos responsveis pela realizao do diag-nstico municipal da igualdade de gnero e elaborao do plano paraa igualdade de gnero nos municpios, tendo o CESIS assegurado omdulo relativo aos diagnsticos; num segundo momento, no acom-panhamento do processo de concretizao dos diagnsticos munici-

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    pais da igualdade de gnero; e num terceiro momento, na elaboraodeste relatrio sntese.Este texto encontra-se estruturado em quatro partes uma

    primeira na qual se procede a uma breve contextualizao polticada promoo da igualdade de gnero ao nvel local; numa segundaparte, so apresentadas algumas boas prticas em matria de promo-o da igualdade de gnero dos concelhos que participaram nesteProjecto; uma terceira parte, onde se encontram explanadas algumas

    das lies a retirar deste Projecto, nomeadamente no que respeita adesafios e a constrangimentos quanto elaborao de diagnsticosmunicipais da igualdade; e, numa quarta e ltima parte, so apresen-tadas algumas linhas de orientao para a elaborao de diagnsticosmunicipais da igualdade de gnero e de planos municipais para aigualdade de gnero.

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    1.BREVE CONTEXTUALIZAO POLTICA

    DA PROMOO DA IGUALDADE DE GNEROAO NVEL LOCAL

    As desigualdades e as discriminaes com base no sexo so,ainda, persistentes nas mais diversas esferas da vida daspessoas e nos mais variados domnios da interveno poltica

    e pblica. E essas desigualdades e discriminaes afectam tantomulheres como homens, de uma ou de outra forma.

    A igualdade entre mulheres e homens um dos princpiosda Constituio da Repblica Portuguesa (Art. 13), sendo a suapromoo uma das tarefas fundamentais do Estado (Art. 9). Esta

    , especificamente, uma responsabilidade cometida administraopblica, central e local.

    A Administrao Pblica Local desempenha um papel essen-cial na eliminao de tais desigualdades e discriminaes pela suarelao de proximidade com as populaes que serve. Para tal ne-cessria uma outra forma de fazer poltica uma forma que integrea perspectiva da igualdade de gnero de modo transversal a todas asreas e domnios da interveno poltica e pblica ao nvel local o

    designado mainstreamingda igualdade de gnero.Na tentativa de operacionalizar o mainstreamingda igualdade

    de gnero de modo mais prximo das realidades locais, h alguns anosatrs (em 1994 e 1998), a ento Comisso para a Igualdade e para osDireitos das Mulheres (actual CIG) implementou projectos que visa-vam, especificamente, dotar algumas autarquias de espaos de infor-mao a mulheres bem como de conselheiras para a igualdade.1

    1 Em concreto, o Projecto Bem-Me-Quer e o Projecto rampolim/REDA

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    Mais recentemente, o III Plano Nacional para a Igualdade Cidadania e Gnero (2007-2010) veio reforar esta orientao pol-tica nomeadamente atravs da definio de uma rea estratgica deinterveno: area 1 Perspectiva de Gnero em odos os Domnios dePoltica enquanto Requisito de Boa Governao. Esta rea contemplaum objectivo especificamente dirigido Administrao Local e quevisa apoiar a integrao da dimenso de gnero nas diferentes reasde poltica da Administrao Local. Para tal, foram definidas trs

    medidas:sensibilizar as Autarquias para a criao e desenvolvimento dePlanos Municipais para a Igualdade;preparar o enquadramento jurdico relativo ao Conselheiroou Conselheira Local para a Igualdade visando a promooda igualdade em todas as polticas locais, nomeadamente noquadro da Rede Social;e definir e elaborar recursos, instrumentais e materiais, de su-

    porte ao trabalho das Autarquias e outros actores locais2.Esta no uma temtica nova nem to pouco exclusiva das

    autarquias portuguesas. m sido vrios os organismos internacionaisque tm reflectido e agido no sentido de promover o debate e a inter-veno sobre a igualdade de mulheres e de homens na vida local.

    Veja-se, a ttulo ilustrativo, o enunciado de razes que o Conse-lho dos Municpios e Regies da Europa e a sua Comisso de EleitosLocais e Regionais aponta para justificar a necessidade de promover aigualdade de mulheres e de homens na vida local:

    Primeiro, porque excluir as mulheres significa marginalizar amaioria da populao europeia dos processos de tomada dedeciso e da vida social, cvica e cultural.Segundo, porque a participao equilibrada de mulheres e ho-mens na vida local um princpio bsico da democracia.

    2 In III Plano Nacional para a Igualdade Cidadania e Gnero (2007-2010). Resoluo do Conselhode Ministros 82/2007

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    Por ltimo e, por razes econmicas: a taxa de emprego dasmulheres inferior dos homens, isto significa que uma partesignificativa da fora de trabalho europeia no est a ser utili-zada quando podia dar um impulso importante economiaeuropeia, ao mesmo tempo que uma menor taxa de empregofeminino torna as mulheres mais vulnerveis pobreza e ex-cluso social.3

    ambm a Unio Internacional das Autoridades e Poderes

    Locais (United Cities and Local Governments) vem afirmar que:O poder local um responsvel estratgico pela igualdade degnero e pode fazer a diferena na vida e nas oportunidadesde vida das mulheres. Aumentar o nmero de mulheres comparticipao poltica no poder local e manter uma preocupa-o com as necessidades das mulheres quando se desenvolvempolticas e servios, um factor essencial para atingir as metasde um desenvolvimento sustentvel. Os poderes locais estonuma posio nica para melhorar a vida das mulheres atravsde polticas e oramentos sensveis ao gnero e de providenciarservios orientados para as mulheres, particularmente em reascomo a sade e a educao.4

    3 First, because excluding women means marginalizing the majority of Europes population in deci-sion-making processes, and from social, cultural and civic life. | Second, because equal participation of

    women and men in local life is a basic principle of democracy and justice. | And lastly, for economicreasons: the employment rate of women is lower than mens; this means that a high proportion ofEuropes workforce is not used when it could give Europes economy a fresh boost. At the same time,being less employed than men makes women more vulnerable to poverty and social exclusion. Discur-so do Presidente da CEMR e Presidente da Cmara de Vienna, Michael Hupl. Disponvel em admin5.geniebuilder.com/users/ccre/docs/haupl_charte_2006_en.doc

    4 Local governments are key promoters of gender equality and can make a difference to the lives,and the life chances, of women. Increasing the number of women in local government, and keepingthe needs of women in mind when developing policies and services, is essential to achieving the goalsof sustainable development. Local governments are in a unique position to improve the lives of womenthrough gender friendly policies, gender budgeting and providing women-oriented services, particular-ly in areas such as health and education. In http://www.cities-localgovernments.org/

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    Por seu lado, o Congresso das Autoridades Regionais e Lo-cais, do Conselho da Europa, refora a necessidade de se imple-mentar o mainstreamingda igualdade de gnero nas polticas locais,justificando essa necessidade A implementao da estratgia demainstreaming de gnero no s promove uma efectiva igualdadeentre mulheres e homens e responde mais efectivamente aos desejose necessidades de todas as categorias de cidados, mas resulta tam-bm numa melhor utilizao dos recursos humanos e financeiros,

    melhora o processo de tomada de deciso e reala o funcionamentoda democracia.5Este mesmo Congresso vem, ainda, incentivar asautarquias a assumir um compromisso quanto implementao domainstreamingde gnero nas polticas locais e adopo de pol-ticas locais para a igualdade de gnero; vem, igualmente, chamara ateno para a elaborao de planos municipais de aco para aigualdade de gnero.

    Firmar um compromisso pblico sobre a igualdade de

    gnero responde de forma mais efectiva s necessidades edesejos das diferentes categorias de cidados e de cidads;adoptar uma poltica de transversalizao da igualdade degnero para promover uma efectiva igualdade entre mulherese homens; gerir melhor os recursos financeiros e humanos,melhorando os processos de deciso para melhorar a qualidadeda democracia.Adoptar uma poltica local para a igualdade de gnero e de-

    senvolver planos regionais e locais para implementar a igual-dade entre mulheres e homens e promover uma estratgia demainstreamingde gnero, no quadro da definio, implemen-

    5 Te implementation of the strategy of gender mainstreaming will not only promote effective equali-ty between women and men and respond more effectively to the wants and needs of different categoriesof citizens, but also result in a better use of human and financial resources, improve decision-makingand enhance the functioning of democracy. In Resolution 176 (2004) on gender mainstreaming at localand regional level: a strategy to promote equality between women and men in cities and regions

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    tao e avaliao das polticas e programas dos municpios eregies.6

    No mbito de um projecto levado a cabo pelo Conselho dosMunicpios e Regies da Europa (que decorreu entre 2005 e 2006)foi elaborada a Carta Europeia para a Igualdade das Mulheres e dosHomens na Vida Local. Vrios foram os municpios portugueses (en-tre os quais se encontram os que participaram neste Projecto) que aassinaram, subscrevendo o que nela se encontra inscrito, e se com-

    prometeram, nomeadamente, a:1. Dentro de um prazo razovel (que no pode exceder dois anos)

    a contar da assinatura, o signatrio desta Carta compromete-sea elaborar e adoptar o seu Plano de aco para a igualdade e,seguidamente, a implement-lo.O Plano de aco para a igualdade apresentar os objecti-2.vos e as prioridades do signatrio, as medidas que tencionaadoptar e os recursos investidos a fim de tornar a Carta eos seus compromissos efectivos. O Plano apresentar igual-mente o calendrio proposto para a sua implementao. Se osignatrio dispuser j de um Plano de aco para a igualdade,proceder respectiva reviso a fim de se assegurar que nelese encontram includos todos os temas pertinentes, contidosnesta Carta.Cada signatrio iniciar vastas consultas antes de adoptar o seu3.Plano de aco para a igualdade e encarregar-se- da sua ampla

    6 Make a public commitment to gender equality, respond more effectively to the wants and needs ofdifferent categories of citizens, to adopt a policy of gender mainstreaming to promote effective equalitybetween men and women, to allocate human and financial resources more effectively, to improve deci-sion making and to enhance democracy. | Adopt a gender equality policy and develop local and regionalaction plans to implement equality between women and men and to promote gender mainstreaming asa strategy, in the framework of the definition, implementation and evaluation of the policies and actionscarried out by municipalities and regions. In Resolution 176 (2004) on gender mainstreaming at localand regional level: a strategy to promote equality between women and men in cities and regions

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    divulgao aps a sua adopo. Dever tambm prestar contapublicamente dos progressos realizados durante a implementa-o do Plano.Cada signatrio efectuar uma reviso do seu Plano de aco4.para a igualdade, se as circunstncias o exigirem e elaborar umplano suplementar para cada perodo seguinte.7

    Actualmente encontra-se disponvel um dispositivo financei-ro de suporte implementao de planos de aco para a igualdade

    atravs do Quadro de Referncia Estratgica Nacional, ProgramaOperacional Potencial Humano, Eixo Prioritrio 7 Igualdade deGnero, Medida 7.2. Planos para a igualdade8 que ir contribuirpara um aligeiramento da despesa pblica municipal no que respeita elaborao e implementao de planos municipais para a igualdadede gnero.

    Este afigura-se, pois, um momento poltico propcio necess-ria mudana organizacional e cultural em prol dos direitos humanos

    de mulheres e de homens.As administraes locais, rgos da administrao pblica maisprximos das populaes, so as entidades que detm os meios deinterveno melhor colocados para combater a persistncia e a repro-duo das desigualdades em funo do gnero e para promover umasociedade verdadeiramente igualitria. So as entidades que podem,e devem, no mbito das suas competncias, e em cooperao com oconjunto de actores locais, empreender aces concretas visando a

    igualdade de mulheres e de homens.

    7 In Carta Europeia para a Igualdade das Mulheres e dos Homens na Vida Local

    8 Ver, a este respeito, Regulamento especfico da medida 7.2 e respectiva grelha de anlise

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    Inadaptado, Unio Mutualista Nossa Senhora da Conceio, atravsda Casa Abrigo e do Centro Comunitrio Mais Cidado. Dada anatureza das instituies que compem a prpria RAMSV, tm sidodefinidos projectos de vida em conjunto com as utentes, que podempassar por medidas ao nvel da segurana, sade, emprego e formaoprofissional, proteco de menores, entre outras. Entre outras activi-dades, em 2006, foi editado o Guia Orientador para o Atendimento aMulheres em Situao de Violncia.

    O concelho do Montijo dispe, ainda, de outro recurso lo-cal de grande importncia ao nvel da problemtica da violncia do-mstica a Casa Abrigo, inaugurada em 2002 e em funcionamentodesde 2004. Este equipamento foi construdo pela Cmara Munici-pal de Montijo e gerido pela Unio Mutualista Nossa Senhora daConceio, possuindo um acordo com a Segurana Social para 10mulheres e 15 crianas.

    O concelho de Moura dispe, desde 1998, de um Espao de

    Informao Mulher, fruto de um protocolo assinado entre o municpioe a Comisso para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, bemcomo de uma conselheira para a igualdade. Em 2001, a Cmaraapresentou o seu primeiro Plano Municipal de Direitos e Oportunidadesentre Homens e Mulheres, que vigorou entre 2001 e 2005; este planoencontrava-se estruturado em 6 grandes medidas: qualidade de vida(direitos fundamentais das mulheres), emprego, sade, visibilidadedas mulheres (participao das mulheres em todas as esferas da vida),participao poltica (participao das mulheres nos centros de deciso),educao, cultura e desporto. Em 2007, no mbito doAno Europeu daIgualdade de Oportunidades para odos (AEIO), foi criada a ComissoMunicipal para a Promoo da Igualdade de Oportunidades; esta comissotem por objectivo contribuir para a resoluo de situaes complexas,nomeadamente ao nvel do cumprimento da legislao do trabalho,da proteco da maternidade, da conciliao da vida profissional efamiliar, do combate violncia, em particular violncia domstica,da participao equilibrada de mulheres e de homens nas esferas de

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    poder e tomada de deciso e da educao e informao/sensibilizaopara a igualdade de gnero numa perspectiva dos direitos de cidadania.Igualmente relevante, em Moura, a existncia de uma associao demulheres Moura Salquia, Associao de Mulheres do Concelho deMoura, que conta com 722 scias, e dispe de uma casa abrigo paramulheres e crianas vtimas de violncia domstica bem como de umrefeitrio social que fornece refeies diariamente a 20 utentes (15mulheres e 5 homens).

    Outra situao que importa aqui destacar prende-se com o tra-balho realizado pela Cmara Municipal de Mouraao nvel de umamelhor promoo da conciliao da vida profissional e familiar, im-plementando um conjunto de medidas de aco positiva destinadass famlias, tais como: servio de apoio s famlias, que contempla ofornecimento do almoo e o prolongamento de horrio das crianasdo pr-escolar (medida que se destina a todas as crianas cujos pais emes se encontram a trabalhar), fornecimento de refeies para crian-

    as do 1 ciclo, transporte gratuito para as crianas do pr-escolar edo 1 ciclo para os refeitrios e animadoras para apoiar o servio,ateliers de ocupao de tempos livres para crianas entre os 6 e os 16anos de idade durante os meses de Julho e Agosto, horrios alargadosda Ludoteca municipal e da Biblioteca nos meses de vero (serviosbastante utilizados pelos pais e mes trabalhadores/as para deixar os/as seus/suas filhos/as).

    O concelho de avira desenvolveu, em parceria com aFundao Irene Rolo, um projecto, co-financiado pelo programacomunitrio EQUAL, que visava promover uma melhor integraosocioeconmica de mulheres atravs da sensibilizao para a igualdadede oportunidades de diferentes actores sociais (administrao pblicalocal, empregadores/as, formadores/as, professores/as e sociedadecivil em geral). O projecto, que decorreu entre 2005 e 2006, realizou5 sesses de formao e contou com a participao de 60 pessoas.

    A Cmara Municipal de Valongo criou, em 2000, a Agnciapara a Vida Local, um servio municipal que promove a igualdade de

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    oportunidades e a igualdade de gnero, a conciliao da vida profissio-nal com a vida pessoal e familiar, apostando na cidadania activa e inclu-siva. Esta agncia engloba um conjunto de servios, nomeadamente:

    AVL Informao , que promove a organizao de aces desensibilizao, seminrios e conferncias. So j famosas noConcelho as eatroConferncias, que aliam uma componentemais ldica a uma importante perspectiva de informao econscencializao dos/as muncipes;

    Clube de Emprego e Formao, que presta apoio na procura acti-va de emprego, designadamente por via de uma estreita ligaoao Gabinete do Empresrio da Autarquiae ao Centro de Empregode Valongo; apoia a reinsero profissional de muncipes queprocuram melhores condies de conciliao da vida profissio-nal, familiar e pessoal (e que buscam, por exemplo, um localde trabalho mais prximo da sua residncia), organizando ouapoiando, ainda, a realizao de aces de formao de ndole

    profissional e/ou de valorizao pessoal; Espaos Infantis Imediatos de Ermesinde e Valongo, que surgi-ram da necessidade de apoiar pais, mes e outras pessoascom responsabilidades parentais na gesto do tempo no seuquotidiano; -lhes disponibilizado um crdito de cinco horassemanais para deixarem os/as seus/suas educandos/as aocuidado de profissionais especializados/as, enquanto tratam deassuntos inadiveis;

    OraSeniorDigital e OraJuniorDigital, onde so ministradoscursos de formao na rea das ecnologias da Informaoe Comunicao, respectivamente vocacionados para jovens(6-12 anos) e seniores (mais de 60 anos), e que visam combatera info-excluso e fomentar a intergeracionalidade; Servio do Cidado e do Consumidor, que permite o esclareci-mento, orientao e acompanhamento de questes ligadas famlia, ao trabalho e ao consumo;

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    Banco do empo, que resulta de um parceria com a AssociaoGRAAL; proporciona a troca de servios, como se de um ban-co se tratasse, mas onde vigora a moeda tempo. Qualquerpessoa que esteja disposta a dar uma hora do seu tempo paraprestar um conjunto de servios, recebe em retribuio umahora de tempo de outra pessoas para utilizar em benefcio pr-prio;e o Centro Local de Apoio ao Imigrante, fruto de uma parceria

    com o Alto Comissariado para a Imigrao e Minorias tnicas(actual ACIDI), que disponibiliza uma orientao a imigran-tes no que diz respeito ao esclarecimento dos seus direitos edeveres, lei da imigrao, ao reagrupamento familiar, ao aces-so sade, educao, ao reconhecimento de habilitaes ecompetncias, lei da nacionalidade portuguesa e ao retornovoluntrio, promovendo, tambm, oficinas de escrita e leiturado portugus.

    Outra boa prtica que importa referir respeita ao estudo efec-tuado em 2002 pelo municpio de Valongo, no qual se procuravarealizar um diagnstico local/municipal integrando a perspectiva degnero do concelho mediante um inqurito por questionrio aplica-do a 400 pessoas em idade activa nele residentes, incidindo o estudosobre reas como a vida familiar, a situao laboral, a participaocvica e poltica e perspectivas futuras.

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    3.DESAFIOS E CONSTRANGIMENTOS

    ELABORAO DE DIAGNSTICOSMUNICIPAIS DA IGUALDADE DE GNERO

    LIES A RETIRAR DESTE PROJECTO

    Pensar no desenvolvimento do concelho pensar sobretudo no feminino

    e na actuao sobre as causasque colocam a mulher numa situao

    de vulnerabilidade social.9

    R

    eflectir sobre a igualdade de mulheres e de homens implicarepensar o que socialmente tido como papis, prticase saberes de mulheres e de homens. Ora, esta reflexo faz

    emergir os nossos prprios valores pessoais e faz-nos questionar acercadas hierarquias de poder h muito estabelecidas.

    al reflexo e questionamento requerem, pois, um olhar di-ferente sobre os problemas que afectam mulheres e homens na so-ciedade, o que, por seu lado, implica conhecimento/informao eformao no domnio da igualdade de gnero bem como algum trei-no desse olhar. Uma anlise atenta da situao e condies de vidade mulheres e de homens evidencia assimetrias claras entre os sexos

    que nem sempre so perceptveis a quem tem pouca experincianeste campo e deve centrar-se no estudo dessas diferenas, que, deuma ou de outra maneira, contribuem para fomentar e/ou potenciardesigualdades sociais e econmicas entre mulheres e homens (porexemplo, baixas qualificaes, desemprego, situaes de precariedadeeconmica, doena e incapacidade, situaes de violncia domstica,entre outras).

    9 In Diagnstico de Gnero do Concelho de Montemor-o-Velho

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    Realizar um diagnstico municipal da igualdade de gnero uma tarefa complexa que envolve, antes de mais, um conhecimentoespecializado. Uma leitura simples de dados estatsticos desagregadospor sexo no se coaduna com uma anlise de gnero, atravs da qual,efectivamente, se procura evidenciar as causas subjacentes s assime-trias, pois a perspectiva de gnero enfatiza as relaes entre mulherese homens, os seus papis scio-econmicos, as suas diferenas de es-tatuto, acesso aos recursos e poder de tomada de deciso.10

    Importa, ainda, referir que um diagnstico municipal da igual-dade de gnero no o mesmo que um diagnstico social do concelho,muito embora um possa alimentar o outro e vice-versa. A verdade que o diagnstico municipal da igualdade de gnero vai para alm daidentificao das vulnerabilidades e fragilidades, das potencialidadese dos recursos; implica, essencialmente, uma anlise compreensivadas condies e modos de vida de mulheres e de homens, na procurade causalidades e no estabelecimento de relaes e de conexes entre

    diferentes variveis, indicadores e dimenses de determinado proble-ma. Afigura-se igualmente pertinente, num diagnstico municipalda igualdade de gnero, uma anlise complementar, virada para ointerior da prpria autarquia, enquanto entidade empregadora.

    Uma componente importante da participao dos sete muni-cpios neste Projecto consubstanciou-se na realizao de diagnsticosmunicipais para a igualdade de gnero; embora este tenha sido um pro-jecto-piloto e inovador, que procurou, de certa forma, capacitar pessoal

    tcnico das autarquias para a realizao de diagnsticos da igualdade degnero dos seus prprios concelhos, foram vrios os desafios e os cons-trangimentos que se colocaram a essas e a esses tcnicas/os.

    O desafio inicial prendeu-se com o desenho de uma metodologiade trabalho. Esse desenho passou, necessariamente, pela identificao

    10 Te gender approach places emphasis on the socio-economic roles and relationships betweenwomen and men, and on their differences of status, access to resources and decision-making powers.Braithwaite, M. (s/d)Manual for integrating gender equality into local and regional development. Brussels:Engender. Pp. 8

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    das reas temticas a abranger no diagnstico. Os sete municpiosparticipantes no Projecto acabaram por seleccionar mais ou menosas mesmas reas temticas estruturas demogrficas, estruturasfamiliares, escolarizao e formao, emprego e desemprego,equipamentos sociais de apoio, sade, desporto e participao cvicae poltica. No entanto, possvel identificar diferentes nveis decompromisso e de envolvimento por parte das autarquias na procurada informao e na anlise da mesma, o que conduziu realizao dediagnsticos mais ou menos aprofundados.

    Ainda no que se refere metodologia de trabalho, a construode um modelo de anlise consentneo com os objectivos do trabalhono se revelou tarefa fcil se a recolha de informao parecia, apriori, poder basear-se em estatsticas, na prtica, porm, nem semprese encontrou nestas a informao necessria, o que implicou, emalguns casos, a identificao e implementao de outros mtodos etcnicas de recolha da informao.

    Por ltimo, o desafio de se proceder a uma anlise e estudo

    desta natureza. E este , sem dvida alguma, um desafio apenas par-cialmente ganho, atentas a qualidade e quantidade da informaorecolhida bem como, sobretudo, a dificuldade em se identificar eanalisar as causas das assimetrias de gnero.

    Quanto a constrangimentos, um primeiro prendeu-se com aescassez de dados estatsticos desagregados por sexo. As lacunas, nestembito, j so muitas quando se procede a uma anlise de mbitonacional, mas so ainda muito mais quando se toma um enfoque

    territorial mais restrito, ao nvel do concelho ou da freguesia. Estefacto implicou, para alguns casos, uma maior exigncia e dispndiode tempo s equipas, no sentido da definio de formas alternativasde aferir a informao pretendida e/ou de um esforo acrescido naprocura directa de informao junto de entidades locais.

    Este constrangimento acabou por se reflectir na anlise deoutros fundamentos de discriminao, nomeadamente nas questesrelativas idade, pertena tnica e cultural e deficincia. A falta de

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    informao, quantitativa e/ou qualitativa, desagregada por sexoimpossibilita uma anlise de gnero das condies e modos devida de pessoas que, vivendo em determinado Concelho, so, comfrequncia, vtimas de discriminao mltipla.

    Um outro constrangimento deveu-se a limitaes de tempopara a realizao dos diagnsticos municipais da igualdade de gneroimpostas pelo calendrio do prprio Projecto. Identificar o que sequer saber, definir o tipo de informao que se adequa inteno

    analtica e saber onde encontrar a informao pretendida levou, namaior parte dos casos, a um maior dispndio de tempo na recolha deinformao do que a princpio seria de supor. Ora, o que se verificou que em alguns dos diagnsticos a informao encontra-se incom-pleta e no raras vezes agregada e sem distino por sexo.

    Por ltimo, evidente que os Planos apresentados acabarampor reflectir alguns dos desafios e dos constrangimentos patentes nosdiagnsticos municipais da igualdade de gnero. De facto, parecerevelar-se a persistncia de um entendimento no muito claro sobre oque significa transpor e operacionalizar a perspectiva da igualdade degnero, que deve ser reflectida em objectivos e em medidas e acesque visam colmatar e reduzir as assimetrias de gnero.

    Importa, pois, no esquecer nunca que um diagnstico mu-nicipal da igualdade de gnero se consubstancia na construo deum plano para a igualdade de gnero ao nvel local. O diagnstico instrumento de trabalho para a elaborao de um plano adequado snecessidades, expectativas e aspiraes a quem ele se destina mulhe-

    res e homens muncipes de determinado concelho que tm o direito,constitucionalmente garantido, a uma vida cidad em condies deigualdade para uns e para outras.

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    4.ALGUMAS LINHAS ORIENTADORAS

    PARA A ELABORAO DE DIAGNSTICOSMUNICIPAIS DA IGUALDADE DE GNERO

    E DE PLANOS MUNICIPAISPARA A IGUALDADE DE GNERO

    Muito se tem debatido sobre a necessidade de se tomar emconsiderao a perspectiva da igualdade de gnero no de-senho de polticas e de se implementar medidas e acesque visem colmatar as desigualdades e as assimetrias de gnero que,ainda, persistem. No , por isso, demais lembrar que:

    Os consensos so muito mais difceis de estabelecer em re-lao a desconformidades estruturais que desde h muito oudesde sempre tenham estado presentes nas sociedades, a pontode quase parecerem naturais e inevitveis, apesar de revestiremaspectos social e moralmente inaceitveis. Esto neste caso asdesigualdades de gnero, no tocante a oportunidades, a esta-tuto e praxisem muitas das actividades do dia a dia: a difi-culdade de corrigir injustias e assimetrias resulta, na maioria

    dos casos, de ainda no se ter conseguido operar uma efectivamudana de mentalidades.11

    A igualdade de mulheres e de homens uma dimenso trans-versal a todos os domnios de poltica, e condio indispensvele necessria a uma boa governao. O mainstreamingda igualdadede gnero assume o princpio de que as iniciativas especificamente

    11 Rocha-rindade in NEO, F. et al (1999) Igualdade de oportunidades, gnero e educao. Actas do Semi-nrio Europeu II. CEMRI, Coleco de Estudos Ps-Graduados. Lisboa: Universidade Aberta. Pp. 17

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    dirigidas s mulheres, embora necessrias, so insuficientes s por sipara conduzir a mudanas estruturais. Entendendo-se que, emboramuitas dessas iniciativas sejam inovadoras e benficas para as mulhe-res que delas beneficiam, no afectam de modo suficiente a estrat-gia e a interveno polticas, os recursos ou a sua distribuio e, porconseguinte, contribuem apenas parcialmente para reduzir ou elimi-nar as desigualdades entre mulheres e homens. Face s assimetriasde vida de mulheres e de homens que os indicadores nos revelam,

    continua a ser essencial adoptar e implementar planos especficosque visem a promoo da igualdade de gnero, na perspectiva do seumainstreaming.

    Esta ltima parte encontra-se estruturada em torno de quatrovertentes: uma primeira que identifica os passos a empreender pelasautarquias quanto implementao do mainstreamingda igualdadede gnero nas suas polticas e prticas; uma segunda e uma terceira,que encerram, respectivamente, algumas linhas orientadoras para aelaborao de diagnsticos municipais da igualdade de gnero e deplanos municipais para a igualdade de gnero; e, por ltimo, umaquarta vertente na qual se apresenta uma proposta decheck-list paraa verificao da incluso da perspectiva da igualdade de gnero nasvrias dimenses dos planos municipais para a igualdade de gnero.

    4.1. PASSOS A EMPREENDER PELAS AUTARQUIASQUANTO IMPLEMENTAO DOMAINSTREAMINGDA IGUALDADE DE GNERO NAS SUAS POLTICASE PRTICAS

    omando como ponto de partida as lies aprendidas com esteProjecto, possvel apontar um conjunto de passos a empreenderpelas autarquias visando a efectivao da igualdade de mulheres e dehomens na vida local.

    Os passos que agora apresentamos tm, pois, o carcterde sugestes e requerem, num ou noutro aspecto, a interveno

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    de entidades terceiras, nomeadamente da CIG e/ou de outrasorganizaes especialistas na matria. Consubstanciam-se em cincopassos bsicos, a empreender de forma progressiva, estando subjacenteao ltimo passo uma reviso e relanamento do processo pela mesmaordem, visando uma melhoria contnua.

    O passo 1 relaciona-se com a sensibilizao/formaoem igual-dade de gnero a dirigir a um conjunto de pessoas dentro da au-

    tarquia e suas entidades parceiras a nvel local por forma a alcanarum entendimento comum sobre o que a igualdade de gnero e oque esta supe. Essa sensibilizao pode ser feita atravs de acesde sensibilizao, de formao, de distribuio de folhetos, de ela-borao e disseminao de argumentrios, entre outros meios.O passo 2 corresponde fase de diagnstico da igualdade degnero, da anlisedas condies e modos de vida de mulherese de homens no concelho.

    MELHORIA CONTNUA

    AVALIAO FINAL DO PLANO

    IMPLEMENTAO DO PLANO MUNICIPAL PARA A IGUALDADE DE GNERO

    PLANEAMENTO DA INTERVENO

    TOMADA DE CONHECIMENTO / ENTENDIMENTO COMUM SOBRE A IGUALDADE DE MULHERES E HOMENS

    DIAGNSTICO MUNICIPAL DA IGUALDADE DE GNERO

    5

    4

    3

    1

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    O passo 3 corresponde fase do planeamento, com o desenhodo plano municipal para a igualdade de gnero.O passo 4 prende-se com a implementaodesse plano, coma execuo de medidas e de aces bem como com a suamonitorizao.Por ltimo, o passo 5 encerra a avaliaofinal do plano tendopor base os objectivos e os indicadores definidos a priori.

    Importa referir que todo este processo apenas ser bem sucedi-do se existir um compromisso poltico ao mais alto nvel na promo-o da igualdade de gnero enquanto linha de orientao prioritriae no acessria, assumido na sua plenitude.

    Estes passos vo, alis, ao encontro de algumas das preocupa-es inscritas no III Plano Nacional para a Igualdade, nomeadamentequanto criao de condies para uma integrao sustentada dadimenso da igualdade de gnero em todos os domnios e fases da

    deciso poltica12

    .A lgica subjacente integrao sistemtica da perspectiva daigualdade de gnero nas organizaes e nas respectivas culturas, tra-duzida into ways of seeing and doing13, a de uma estratgia paratornar os interesses e as experincias tanto das mulheres como doshomens uma dimenso integral no desenho, implementao, mo-nitorizao e avaliao das polticas e programas, em todas as esferaspolticas, econmicas e sociais, por forma a que a desigualdade entrehomens e mulheres no seja perpetuada.14

    12 Medida inscrita na rea 1.2 Poderes pblicos, Administrao Central e Local.

    13 Em modos de olhar e fazer. (traduo nossa). In Rees, . (1998)Mainstreaming Equality in theEuropean Union. London: Routledge.

    14 For making womens as well as mens concerns and experiences an integral dimension in thedesign, implementation, monitoring and evaluation of policies and programs in all political, economicand social spheres, such that inequality between men and women is not perpetuated World HealthOrganization (2002) Integrating gender perspectives in the work of WHO. WHO gender policy.Disponvelem www.who.int/gender/mainstreaming/ENGwhole.pdf. P. 4

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    4.2. ALGUMAS LINHAS ORIENTADORASPARA A ELABORAO DE DIAGNSTICOSMUNICIPAIS DA IGUALDADE DE GNERO

    So vrias as questes que se levantam quando se pretenderealizar um diagnstico municipal da igualdade de gnero, nomeada-mente no que se refere ao seu significado, contedo, metodologia detrabalho e de recolha de informao, sua anlise e, por ltimo, aoseu reporte e divulgao. O diagnstico municipal da igualdade de

    gnero deve ser entendido enquanto mtodo de anlise sistemticada realidade, assegurando, desta forma, que as diferenas de gnerosejam consideradas no processo de elaborao de polticas locais quese querem inclusivas.

    O que um diagnstico municipalda igualdade de gnero?

    Consiste no estudo das diferentes condies, necessidades, ta-

    xas de participao, acesso a recursos e desenvolvimento, administra-o de bens, poderes de deciso, etc., de homens e de mulheres15.

    Que premissas lhe esto subjacentes?

    1. Um diagnstico municipal da igualdade de gnero deve ser toabrangente quanto possvel, abarcando diversas reas e dom-nios;

    2. Um diagnstico municipal da igualdade de gnero deve ser es-

    truturado em torno de um conjunto de indicadores que, sendopassvel de aplicao regular, permita um conhecimento rigo-roso e actual da realidade local bem como a identificao detendncias de evoluo;

    3. Um diagnstico municipal da igualdade de gnero deve basear--se num processo participativo, o que implica o envolvimento

    15 Definio de anlise das questes de gnero, retirada de Comisso Europeia (s/d)A Igualdade em100 Palavras, Glossrio de termos sobre igualdade entre homens e mulheres. Comisso Europeia

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    de diversas estruturas das autarquias, de outras entidades locaise dos seus e das suas muncipes.

    Quais as reas a considerar?

    Estruturas demogrficas; estruturas familiares; educao/es-colaridade; formao profissional; trabalho e emprego; conciliaoda vida profissional e familiar; proteco social; pobreza; violnciade gnero; sade; habitao; transportes; desenvolvimento urbano

    e infra-estruturas; cultura, desporto e lazer; participao cvica epoltica.

    Como recolher informao inclusivada perspectiva da igualdade de gneropara a elaborao de um diagnsticodesta natureza?

    O primeiro tipo de informao que importa recolher e analisar a informao quantitativa desagregada por sexo os dados esta-tsticos. Porm, se estes constituem parte da informao bsica dequalquer diagnstico, no so, de todo, suficientes pois a naturezados dados pr-determinada, frequentemente no esto desagrega-dos por sexo bem como no permitem o estabelecimento de relaesde causalidade. Apesar de se constituir como necessria, a informa-o estatstica deve ser analisada com cuidado pois nem sempre nospermite obter um conhecimento dos papis e das actividades quemulheres e homens desempenham na sociedade.

    O segundo tipo de informao mais compreensiva ereporta a mtodos qualitativos. Este tipo de informao essencialao estabelecimento de causas e de mecanismos subjacentes sdesigualdades de gnero, nomeadamente informao alusiva aosvalores, normas e comportamentos bem como a relaes de poder,procurando o estabelecimento de ligaes entre representaese prticas e sua compreenso. Esta informao pode ser obtidarecorrendo a:

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    estudos os estudos, realizados por investigadores/as, utilizam geralmente diferentes fontes de informao como outrosestudos/relatrios de investigao, anlises de informaoestatstica, entrevistas informais ou orientadas, entrevistas degrupo ou grupos de discusso, entrevistas com informadores/asprivilegiados/as, observao directa, histrias de vida, estudosde caso, questionrios estruturados, entre outros;reunies ou sesses pblicas de debate;

    articulao com redes locais de parceria, em particular com a Rede Social, promovendo discusses orientadas.

    Importa, tambm, salientar que existem organismos pblicos(nomeadamente a CIG Comisso para a Cidadania e Igualdade deGnero, e a CIE Comisso para a Igualdade no rabalho e noEmprego) responsveis pela promoo da igualdade de mulheres e dehomens, que dispem de informao e de estudos de gnero sobre asmais diversas temticas/domnios polticos, ainda que na maior partedos casos esses estudos sejam de mbito nacional. E existem, tambm,organizaes no governamentais que, frequentemente, tm acesso ainformao que nem sempre se encontra disponvel nas fontes deinformao tradicionais (nomeadamente organismos pblicos).

    4.3. ALGUMAS LINHAS ORIENTADORASPARA A ELABORAO DE PLANOS MUNICIPAISPARA A IGUALDADE DE GNERO

    O que um plano municipal para a igualdade de gnero?

    Um plano municipal para a igualdade de gnero consubstan-cia-se, antes de mais, num compromisso poltico com a promoo daigualdade e com a promoo da qualidade de vida de mulheres e dehomens a nvel local.

    , pois, um instrumento de poltica global que estabelece a es-tratgia de transformao das relaes sociais entre homens e mulheres,

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    fixando os objectivos a curto, mdio e longo prazo, bem como asmetas a alcanar em cada momento da sua aplicao e que define osrecursos mobilizveis e os responsveis pela sua prossecuo16.

    Que premissas lhe esto subjacentes?

    Podemos nomear algumas premissas subjacentes a qualquerplano municipal para a igualdade de gnero, nomeadamente:

    1. Um plano municipal para a igualdade de gnero visa comba-ter e corrigir determinados problemas sociais, traduzidos emdesigualdades de gnero, no visando apenas corrigir e agir so-bre os chamados problemas das mulheres. Daqui decorre anecessidade de se trabalhar tanto ao nvel das oportunidades,assegurando que mulheres e homens tenham as mesmas opor-tunidades nas vrias esferas das suas vidas, como ao nvel dotratamento e dos resultados, procurando agir em funo daigualdade de resultados tanto para as mulheres como para oshomens. Importa, ainda, frisar que o trabalho a empreenderno se destina a tornar as mulheres iguais aos homens, antesassenta na igual valorizao das diferenas de uns e de outras,actuando para que mulheres e homens possam tomar decisesnas suas vidas sem constrangimentos determinados pela suapertena de gnero.

    2. Um plano municipal para a igualdade de gnero deve contarcom o compromisso e apoio poltico de topo da autarquia.

    3. Um plano municipal para a igualdade de gnero uminstrumento de planeamento do trabalho a empreender napromoo da igualdade de mulheres e de homens a nvel local.Deve, pois, procurar fazer participar diversas estruturas dasautarquias, outras entidades locais e respectivos/as muncipesna sua concepo, implementao e avaliao.

    16 CIE (2003) Manual de Formao de Formadores/as em Igualdade entre Mulheres e Homens.Lisboa: CIE. Pp. 313

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    4. Um plano municipal para a igualdade de gnero deve ser toabrangente quanto possvel, centrando a sua interveno estra-tgica em reas e domnios variados.

    5. Um plano municipal para a igualdade de gnero deve ser cons-trudo a partir do conhecimento da realidade com base nodiagnstico da igualdade de gnero a nvel local incidindosobre as assimetrias de gnero reveladas pelo diagnstico. Deve,por isso, ser um plano feito medida de cada concelho, assente

    num conjunto de necessidades, prioridades e recursos locais.Quais as etapas para a elaborao e implementaode um plano municipal para a igualdade de gnero?

    1 etapa Realizao do diagnstico municipal da igualdade de gnero

    A razo de ser de qualquer plano municipal de desenvolvimen-to econmico e social a de se constituir como instrumento orien-

    tador da promoo da qualidade de vida de mulheres e de homensdesse municpio.No sentido de identificar problemas e necessidades de mulheres

    e de homens, bem como potencialidades e oportunidades de deter-minado concelho, a realizao do diagnstico da igualdade de gnerodeve ser a primeira etapa de qualquer plano municipal para a igual-dade de gnero.

    Enquanto processo, o diagnstico deve ser:

    sistmico abrangendo, tanto quanto possvel, vrias dimenses,reas e domnios de interveno autrquica, permitindo, destemodo, obter uma perspectiva global das condies e modos devida de mulheres e de homens de determinado concelho;interpretativo relacionando as problemticas e evidenciandoas causalidades a elas subjacentes;participativo envolvendo diferentes estruturas da autarquiabem como outras entidades locais e respectivos/as muncipes;

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    prospectivo desenhando cenrios ou, pelo menos, linhas de tendncia.

    O diagnstico da igualdade de gnero, quando entendido destaforma, cumpre objectivos de conhecer as condies e modos de vidados e das muncipes, de determinar a magnitude e importncia dosproblemas e as suas causalidades, e de identificar as questes-chavesobre as quais se deve construir o plano municipal para a igualdadede gnero, numa perspectiva de mudana social.

    Deste modo, e sendo um instrumento de produo de conhe-cimento, o diagnstico no se esgota nessa vertente mas antes temcomo finalidade fundamentar a definio de prioridades e de linhasde interveno.

    2 etapa Definio de prioridades

    Esta uma etapa que, por um lado, assenta nos resultados dodiagnstico municipal da igualdade de gnero, e que, por outro lado,se baseia num processo de negociao. Essa negociao deve envolvera estrutura interna da autarquia seus pelouros e departamentos bem como as entidades locais parceiras, determinantes para a boaprossecuo das estratgias de desenvolvimento local.

    Para a definio de prioridades importa considerar algunscritrios, nomeadamente:

    a capacidade da autarquia e/ou de outros agentes locais para

    implementar aces em determinado domnio;os recursos financeiros, logsticos, humanos e de tempo envolvidos;os interesses dos vrios agentes locais em presena.

    Deve-se, ainda, ter em conta o contexto poltico e as orien-taes estratgicas a nvel nacional e local no domnio da igualda-de de gnero (em concreto, o III Plano Nacional para a Igualdade Cidadania e Gnero).

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    3 etapa Formulao de objectivosNa sequncia da definio de prioridades, importa formular

    objectivos, tambm eles coerentes com o que foi previamente diag-nosticado e identificado como problemas e suas causalidades.

    Qualquer objectivo mais no do que o enunciado de umresultado tangvel que se pretende alcanar, em termos da correcoe/ou eliminao de determinado problema; isto , um objectivo fixao que se pretende alterar e em que sentido.

    Na formulao de objectivos h que ser:

    realista, definindo objectivos tangveis tendo em consideraoos interesses e os recursos disponveis;cuidadoso/a, definindo objectivos com preciso e sem ambi-guidade, apontando claramente para o que se espera atingir;e pragmtico/a, procurando, sempre que possvel, definir ob-jectivos de forma quantificada.

    Importa frisar que o modo como se formula os objectivos essen-cial para uma adequada avaliao de resultados do plano municipal paraa igualdade de gnero, uma vez que tal avaliao deve contemplar a com-parao entre resultados alcanados e objectivos inicialmente definidos.

    4 etapa Definio de estratgias

    Esta etapa corresponde ao como fazer, opo pelos mtodose tcnicas a privilegiar na execuo do plano municipal para a igual-

    dade de gnero.As estratgias devem ser definidas tendo em ateno:

    o envolvimento e a participao de diferentes agentes locais, oque pressupe a definio de mecanismos de consulta;o trabalho em parceria;o empoderamento e a capacitao de agentes locais;o reporte e a disseminao dos resultados que vo sendoalcanados.

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    5 etapa Planeamento da intervenoEsta etapa comporta a definio do plano de aco e a prepara-

    o da respectiva implementao.

    Definio do plano de aco.O plano de aco deve contemplar diversos tipos de medidas ede aces, coerentes com os objectivos e com as estratgias defi-nidas; estas devem focar os diversos problemas, abarcar as dife-

    rentes necessidades diagnosticadas e podem ser de natureza vria nomeadamente formativa, produtora de conhecimento (estu-dos), facilitadora (disseminao de informao), entre outras.O plano de aco, privilegiando uma perspectiva de mainstre-amingda igualdade de gnero, pode complementarmente pre-ver medidas de aco positiva, compensatrias de uma situaode desfavorecimento relativo de mulheres ou de homens emdeterminado domnio. Preparao da implementao.So vrios os aspectos a ter em conta, em concreto:

    Quem so as pessoas destinatrias.Identificar o pblico-alvo das medidas e aces.

    Atribuio de responsabilidades. Indicar quem responsvel (pessoa, departamento ouconjunto de pessoas) pela implementao global doplano municipal para a igualdade de gnero e/ou pelaexecuo do plano em determinadas reas/medidas/aces.

    Identificao de recursos a envolver. Deve-se considerar recursos financeiros, oramentando asmedidas e aces e identificando possveis fontes de financia-mento. Deve-se igualmente considerar os recursos humanosa envolver, sejam estes pessoas, departamentos e/ouentidades, de mbito local, regional ou nacional.

    Calendarizao. Definir o calendrio de execuo das medidas e das aces.

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    CHECK-LISTDA VERIFICAO DA INTEGRAO DA PERSPECTIVA DA IGUALDADEDE GNERO NOS PLANOS PARA A IGUALDADE DE GNERO: UMA PROPOSTA

    DIMENSES QUESTES A CONSIDERAR

    DIAGNSTICO DE

    NECESSIDADES

    O diagnstico identifica problemas e necessidades de mulheres e

    de homens, evidenciando as desigualdades de gnero existentes e

    fundamentando a definio de prioridades e linhas de interveno, numa

    perspectiva de mudana social

    OBJECTIVOS Objectivos consonantes com o contexto poltico e as orientaes

    estratgicas, a nvel local e nacional, no domnio da igualdade de mulheres

    e de homens

    Objectivos coerentes com o diagnstico de problemas e necessidades,definidos de forma clara e precisa, no sentido da promoo da igualdade de

    gnero e/ou do combate s desigualdades entre mulheres e homens

    PARCERIAS Perfil, misso e reas de interveno das entidades parceiras relevncia do

    seu papel e contributo para a definio e implementao do plano

    CONTEDOS

    INOVADORES

    Desenvolvimento de competncias no domnio da igualdade de gnero das

    pessoas e entidades responsveis pela definio e implementao do plano

    Estratgias que considerem as diferentes necessidades, experincias e

    aspiraes de mulheres e de homens

    Contributo para a desconstruo de esteretipos de gnero

    (nomeadamente ao nvel da linguagem e da imagem)

    Recurso a metodologias e instrumentos inclusivos em funo do gnero

    (participao, empoderamento, )

    Abrangncia do plano em termos dos domnios e reas de interveno

    estratgica a nvel local

    ACTIVIDADES Contributo para a transversalizao (mainstreaming) da perspectiva da

    igualdade de gnero

    Considerao de medidas de aco positiva, compensatrias de situaes

    de desfavorecimento relativo de mulheres ou de homens em determinado

    domnio

    PESSOASDESTINATRIAS E

    SUAS NECESSIDADES

    ESPECFICAS

    Identificao de pessoas destinatrias que privilegie uma representaoequilibrada de mulheres e de homens ou, quando se trate de medidas de

    aco positiva, privilegie o sexo tradicionalmente sub-representado

    Considerao de necessidades especficas, designadamente no que se refere

    conciliao da vida profissional e familiar, de destinatrios homens e de

    destinatrias mulheres

    ACOMPANHAMENTO

    E AVALIAO

    Definio de indicadores de processo e de resultado, numa perspectiva de

    avaliao de impactos em funo do gnero

    Perfil, competncias e curriculumno domnio da igualdade de gnero de

    entidades de consultoria responsveis pelo acompanhamento e avaliao

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Braithwaite, M. (s/d)Manual for integrating gender equality into local and regional development. Brussels:Engender.

    Conselho de Municpios e Regies da Europa e seus Parceiros. A carta europeia para a igualdade das

    mulheres e dos homens na vida local.Federacin Espaola de Municipios y Provincias (2006) Guide for preparing local equality plans.

    Disponvel em www.femp.esGreed, Clara et al (2002) Report on gender auditing and mainstreaming: incorporating case studies and

    pilots. Bristol: School of Planning and Architecture. Disponvel em www.rtpi.org.ukIn-Genero Local Project. Guide for the formulation and application of municipal policies aimed at

    women.Ministry of Womens Affairs (1996) Te full picture: guidelines for gender analysis. New Zealand: Ministry

    of Womens Affairs.Reeves, Dory et al (2003) Gender equality and plan making. Te gender mainstreaming tool. London:

    Royal own Planning Institute. Disponvel em www.rtpi.org.ukIII Plano Nacional para a Igualdade Cidadania e Gnero (2007-2010). Lisboa, CIG, 2008.

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    Te role of Municipalities in promotingGender Equality in Local Life

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    CONTENTS

    FI1. Brief overview of the policy to take

    gender equality to local communities2. Promoting gender equality in local life:

    good practices in certain municipalities3. Challenges and constraints in carrying out local gender

    equality assessments lessons to be learntfrom this project

    4. Some guidelines for preparing local gender equalityassessments and local gender equality plans

    4.1. Steps that should be taken by local authoritiesto implement gender equality mainstreaming

    into their polices and practices4.2. Some guidelines for preparing

    local gender equality assessments4.3. Some guidelines for preparing

    local gender equality plansChecklist to verify the integration of gender equality

    considerations into gender equality plans: a proposalB

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    FOREWORD

    In order to produce the structural changes needed to achievegender equality, the Commission for Citizenship and GenderEquality has been investing in training stakeholders on several is-sues relating to Gender Equality and Opportunities between Womenand Men, including, in particular, officials of central and local gov-

    ernment, such as the officers who work in Offices for Information toWomen and the Counsellors for Gender Equality at central and lo-cal government levels. Te Commission for Citizenship and GenderEquality ensures the regular training for decision makers and electedlocal authorities, security forces, justice agents, social agents, humanresources staff, health care workers, NGO, development associations,womens groups, and the general public. Tis whole process can befound in more detail in a publication of the Commission for Citizen-ship and Gender Equality: Bem-Me-Quer number 8.

    Tis publication contains three chapters: the first chapter is theCharter containing the guidelines for centres that provide supportto women and assess them on their journey to employability. Tesecond chapter presents the thirteen organizations that joined theproject network, according to their mission and key objectives, theservices they provide, the public to be addressed, the techniques andworking methods to be applied by the centres of competence in theirvarious areas of intervention: information, training, employment,

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    enterprise creation, research, communication and external relations.Finally, in its third chapter, special attention is devoted to activitiescarried out by the Offices for Information to Women, created bythe former Commission for Equality and Womens rights in severalmunicipalities of mainland Portugal and the Autonomous Regions.Te definition of skills results from an approximation of the socio-professional profile desired for the staff, according to the objectivesand functions of the mechanisms for equality.

    In 2007, the Commission for Citizenship and Gender Equal-ity coordinated in Portugal the European project Gender Equalityand Local Development, with the Municipalities of Cabeceiras deBasto, Mrtola, Montemor-o-Velho, Montijo, Moura, Santarm,avira and Valongo. Tis project had the excellent coordination ofMadalena Barbosa who unfortunately is no longer among us, andwho helped a lot in the promotion of equality in Portugal, espe-cially in municipalities and also had the technical assistance of JooPaiva. General objectives were awareness rising among local decisionmakers and the public on the importance of gender equality and theelimination of stereotypes in the process of local development.

    Te goals of the project were also to integrate the gender di-mension in all policies, programs and projects, to encourage citizen-ship, increasing social participation and sustain balanced develop-ment. Te results ate there: the development of Municipal Plans forEquality, the establishment of Community Centres for informationand support to people in the area of gender equality and a script for

    the elaboration of diagnosis of gender at the local level.Tis final report is not intended to be the end of the road but

    the beginning of a new stage.

    Elza PaisPresidente da Comisso para a Cidadania e Igualdade de Gnero

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    INTRODUCTION

    his publication forms part of transnational project VS2006/0322 aking Gender Equality to Local Communi-ties, co-financed by the Community Framework Strategyon Gender Equality (2001-2005), which is coordinated by Malta inpartnership with Portugal, Italy, Greece and Croatia.

    Te project entitled aking Gender Equality to Local Com-munities aimed to promote gender equality in local communitiesby using gender mainstreaming as a strategy to integrate the issue ofgender into local development, through information and awarenessraising campaigns. Te ultimate purpose of the project was to intro-duce a cultural change which would allow both women and men toaspire to and participate freely in the activities and politics of theirlocal community.

    In Portugal, the project was coordinated by the Commission

    for Citizenship and Gender Equality (CIG) and initially saw theparticipation of seven municipal councils Mrtola, Montemor-o--Velho, Montijo, Moura, Santarm, avira and Valongo.

    Te participation of CESIS Te Centre for the Study of So-cial Intervention was structured around local gender equality assess-ments, and took place in three stages: the first stage involved trainingthe staff responsible for carrying out the local gender equality assess-ments and drawing up a local gender equality plan, with CESIS pro-

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    viding the format of the assessments; the second stage involved mo-nitoring the local gender equality assessment process; and the thirdstage involved drawing up a summary report of the results.

    Tis document is divided into four parts the first provides abrief overview of the policy to take gender equality to local commu-nities; the second presents good practices in the field of promotinggender equality in the municipalities participating in this project; thethird explains some of the lessons to be learnt from the project, in

    particular with regard to the challenges and constraints in carryingout local gender equality assessments; and the fourth and final partpresents some guidelines for preparing local gender equality assess-ments and local gender equality plans.

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    1.BRIEF OVERVIEW OF THE POLICY

    TO TAKE GENDER EQUALITYTO LOCAL COMMUNITIES

    Inequality and discrimination based on sex still persist in the mostvaried spheres of life and in a wide range of political and publicdomains. Tis inequality and discrimination affects both women

    and men, in one way or another.Equality between women and men is one of the principles listed

    in the Portuguese Constitution (Article 13), and its promotion is one ofthe fundamental duties of the state (Article 9). Tis responsibility appliesspecifically to public administration, at both a central and local level.

    Local public administration plays an essential role in eliminatingsuch inequality and discrimination through its close relationship withthe communities that it serves. A new policy approach is required toachieve this an approach that integrates the concept of gender equa-lity across all areas and domains of political and public intervention ata local level what is known as gender equality mainstreaming.

    In an attempt to implement gender equality mainstreaming in away that is suited to local realities, some years ago (in 1994 and 1998),

    the former Commission for Equality and Womens Rights (now CIG)implemented projects that aimed to provide certain local authoritieswith information services for women and equality advisers.1

    More recently, the 3rd National Plan for Equality Citizenshipand Gender (2007-2010) worked to reinforce this policy trend by de-fining a strategic intervention area: Area 1 Te Issue of Gender

    1 More specifically, the Bem-Me-Quer Project and the rampolim/REDA Project

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    in all Policy Domains as a Requirement for Good Governance. Tisarea includes an objective specifically aimed at local government whichaims to support the integration of gender concerns into the differentareas of local government policy. Tree measures were defined in or-der to achieve this:

    encouraging local authorities to create and develop municipalplans for equality;preparing the legal framework governing the role of local equal-

    ity adviser, with a view to promoting equality in all local policythrough the social network framework; anddefining and creating instrumental and material resources tosupport the work of local authorities and other local actors.2

    Tis is not a new theme or one that is exclusively limited to Por-tuguese local authorities. Several international bodies have addressedthe issue and taken action to promote debate and intervention regar-ding equality of women and men in local life.

    By way of example, the reasons stated by the Council of Euro-pean Municipalities and Regions and its Committee of Local and Re-gional Representatives justify the need to promote equality of womenand men in local life:

    First, because excluding women means marginalizing the ma-jority of Europes population in decision-making processes, andfrom social, cultural and civic life.

    Second, because equal participation of women and men in locallife is a basic principle of democracy and justice.And lastly, for economic reasons: the employment rate of wo-men is lower than mens; this means that a high proportionof Europes workforce is not used when it could give Europeseconomy a fresh boost. At the same time, being less employed

    2 In 3rd National Plan for Equality Citizenship and Gender (2007-2010). Resolution of the Cou-ncil of Ministers no. 82/2007

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    than men makes women more vulnerable to poverty and socialexclusion.3

    United Cities and Local Governments also state that:

    Local governments are key promoters of gender equality andcan make a difference to the lives, and the life chances, of wom-en. Increasing the number of women in local government, andkeeping the needs of women in mind when developing poli-

    cies and services, is essential to achieving the goals of sustain-able development. Local governments are in a unique positionto improve the lives of women through gender friendly policies,gender budgeting and providing women-oriented services, par-ticularly in areas such as health and education.4

    For its part, the Congress of Local and Regional Authorities ofthe Council of Europe stresses the need to implement gender equalitymainstreaming in local policy, with the following justification - Te

    implementation of the strategy of gender mainstreaming will not onlypromote effective equality between women and men and respond moreeffectively to the wants and needs of different categories of citizens, butalso result in a better use of human and financial resources, improvedecision-making and enhance the functioning of democracy.5 TeCongress also encourages local authorities to make a commitment toimplementing gender equality mainstreaming in local policy and toadopting local gender equality policies. Tey also draw attention to the

    preparation of local action plans for gender quality.Make a public commitment to gender equality, respondmore effectively to the wants and needs of different categories

    3 Speech by the President of the CEMR and Mayor of Vienna, Michael Hupl. Available at admin5.geniebuilder.com/users/ccre/docs/haupl_charte_2006_en.doc

    4 In http://www.cities-localgovernments.org/

    5 In Resolution 176 (2004) on gender mainstreaming at local and regional level: a strategy to promoteequality between women and men in cities and regions

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    of citizens, to adopt a policy of gender mainstreaming topromote effective equality between men and women, toallocate human and financial resources more effectively,to improve decision making and to enhance democracy.Adopt a gender equality policy and develop local and regionalaction plans to implement equality between women and men andto promote gender mainstreaming as a strategy, in the frameworkof the definition, implementation and evaluation of the policies

    and actions carried out by municipalities and regions.6

    Te European Charter for Equality of Women and Men in

    Local Life was drawn up as part of a project carried out by the Cou-ncil of European Municipalities and Regions (which ran from 2005to 2006). Several Portuguese municipalities (including those whichparticipated in this project) signed the charter, thus committing the-mselves to the following:

    1. Each Signatory to this Charter will, within a reasonable times-cale (not to exceed two years) following the date of its signatu-re, develop and adopt its Equality Action Plan, and thereafterimplement it.

    2. Te Equality Action Plan will set out the Signatorys objectivesand priorities, the measures it plans to take, and the resourcesto be allocated, in order to give effect to the Charter and itscommitments. Te Plan will also set out the proposed times-cales for implementation. Where a Signatory already has an

    Equality Action Plan, it will review the Plan to ensure that itaddresses all of the relevant issues under this Charter.

    3. Each Signatory will consult widely before adopting its Equali-ty Action Plan, and will also disseminate the Plan widely onceadopted. It will also, on a regular basis, report publicly on pro-gress made in implementing the Plan.

    6 In Resolution 176 (2004) on gender mainstreaming at local and regional level: a strategy to promoteequality between women and men in cities and regions

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    4. Each Signatory will revise its Equality Action Plan as circums-tances require, and will draw up a further Plan for each follo-wing period.7

    A financial support mechanism is currently available to assistin implementing the equality action plans - through the Human Po-tential Operational Programme of the National Strategic ReferenceFramework, Priority Axis 7 Gender Equality, Measure 7.2. Equalityplans8 which will help to alleviate municipal expenses with preparing

    and implementing the local gender equality plans.In fact, the current political climate is favourably inclined towar-

    ds this much needed organisational and cultural change on behalf ofthe human rights of women and men.

    As the closest of all public administration bodies to communi-ties, local authorities have the best placed means of intervention tocombat the persistence and perpetuation of gender inequality and topromote a truly egalitarian society. Tey can and should, within the

    scope of their powers and in cooperation with a range of local actors, im-plement concrete measures to promote the equality of women and men.

    7 In European Charter for Equality of Women and Men in Local Life

    8 See, in this regard, the specific regulations governing measure 7.2 and the respective analysis grid

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    2.PROMOTING GENDER EQUALITY

    IN LOCAL LIFE: GOOD PRACTICESIN CERTAIN MUNICIPALITIES

    he good practices presented briefly in this chapter were iden-tified by certain municipalities Montijo, Moura, aviraand Valongo during the course of their participation inthe transnational project entitled aking Gender Equality to LocalCommunities.

    Since 2000, the municipality of Montijo has operated a le-gal support service for the municipalitys female community theirWomens Information Service. Since it started operations, the servicehas provided 1,404 consultations for 574 women. Most have beenrelated to issues of domestic violence (34.4%), issues of jurisdictionin terms of rights and duties concerning work, adoption, rental ac-commodation, maternity (and paternity), marriage and de factounion (34%) and other issues (15.6%).

    In March 2005, the Support Network for Women Suffering

    from Violence (RAMSV) was also created in the municipality ofMontijo, through the signing of a partnership agreement betweenthe municipal council and institutions such as AMCV - Associationof Women Against Violence, the Institute of Social Security, Monti-jo Job Centre, ARSLV/Setbal Health Sub-region/Montijo HealthCentre, Montijo Hospital, Nossa Senhora do Rosrio Hospital S.A.,DREL Lisbon Regional Education Directorate, PSP Public Secu-rity Police, GNR Republican National Guard, IRS Institute for

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    Social Reinsertion, CPCJ Commission for the Protection of Chil-dren and Young People, CERCIMA Cooperative for the Educationand Rehabilitation of Dysfunctional Citizens, and Nossa Senhora daConceio Mutual Association, through the Safe House and MaisCidado Community Centre. Given the nature of the institutionsthat form RAMSV itself, various life projects have been designed incollaboration with users of the service, which include measures cove-ring security, health, employment and vocational training, protection

    of minors, and more. Te service also published a Guide for AssistingWomen Suffering from Violence in 2006, among other activities.Te municipality of Montijohas at its disposal another local

    resource for dealing with the problem of domestic violence the SafeHouse, officially opened in 2002 and in operation since 2004. Tisfacility was built by the Montijo Municipal Council and is managedby the Nossa Senhora da Conceio Mutual Association, under anagreement with Social Security to provide places for 10 women and15 children.

    Te municipality of Mourahas operated a Womens Informa-tion Service since 1998, as the result of an agreement signed betweenthe municipality and the Commission for Equality and Womens Ri-ghts, and it also employs an equality adviser. Te municipality pre-sented its first Municipal Plan of Rights and Opportunities betwe-en Men and Women in 2001, which it then implemented between2001 and 2005. Te plan was structured into 6 broad measures:quality of life (fundamental womens rights), employment, health,

    visibility of women (participation in all spheres of life), political par-ticipation (in decision-making centres), education, culture and sport.In 2007, the Municipal Commission for the Promotion of EqualOpportunities was created as part of the European Year of EqualOpportunities for All (EYEOA). Te objective of this commission isto help resolve complex issues, such as compliance with labour law,maternity protection, finding a healthy work-life balance, combatingviolence (especially domestic violence), achieving a balance betwe-

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    en the participation of women and men in positions of power anddecision-making, and education and gender equality information/awareness raising campaigns from a citizens rights perspective. Mou-ra also has a womens association Moura Salquia, Municipalityof Moura Womens Assocation, with 722 members and a safe housefor women and children who are victims of domestic violence. Italso has a social canteen which provides daily meals for 20 users (15women and 5 men).

    Another initiative worth highlighting here relates to the workdone by MouraMunicipal Council to promote a healthy work-lifebalance. It has implemented a series of positive action measures ai-med at families, such as: a family support service, which provideslunch and extra afternoon/evening care for pre-school children (forchildren whose father and mother both work), as well as providingmeals for primary school children, free transport for pre-school andprimary school children to the canteens and carers to support theservice, workshops for children aged between 6 and 16 during themonths of July and August, and extended hours at the municipal li-brary and toy library in the summer months (services that are heavilyused by working fathers and mothers to care for their children).

    Te municipality of avira, in partnership with the IreneRolo Foundation and with partial funding from the EuropeanCommunitys EQUAL programme, has developed a project thataims to promote the better socio-economic integration of women byraising awareness of equal opportunities with different actors in so-

    ciety (local public administration, employers, trainers, teachers andcivil society at large). Te project, which ran from 2005 to 2006,held 5 training sessions and saw the participation of 60 people.

    In 2000,ValongoMunicipal Council created the Agency forLocal Life, a municipal service that promotes equal opportunities,gender equality and a healthy work-life balance, by encouragingactive and inclusive citizenship. Tis agency provides a range ofservices:

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    AVL Information , which organises awareness raising initia-tives, seminars and conferences. Te so-called TeatreConfer-ences, which have earned quite a reputation in the municipal-ity, provide information and raise citizens awareness throughfun activities;Employment and raining Club , which provides assistancefor jobseekers through the close links it maintains with theLocal Authority Entrepreneurs Office and the Valongo Job

    Centre, as well as supporting citizens looking for a healthierwork-life balance (e.g. those who are looking to work closer tohome), and organising or supporting vocational training and/or personal improvement initiatives;Ermesinde and Valongo Children Drop-off Groups, whicharose from the need to help parents, mothers and other peoplewith parental responsibilities with time management. Teyare given five hours credit per week to leave their children in

    the care of specialised professionals while they deal with mat-ters that cannot be postponed;OraSeniorDigital and OraJuniorDigital, which deliver Infor-mation and Communication echnology training courses forchildren (aged 6-12) and senior citizens (aged over 60), witha view to combating info-exclusion and fostering intergenera-tionality;Citizen and Consumers Service , which provides information,

    guidance and supervision on issues related to family, work andconsumer issues; ime Bank, in partnership with the GRAAL Association,which encourages the exchange of services in the manner of abank, but where the currency is time rather than money. Anyperson who is prepared to give an hour of their time to provideone of a range of services receives an hour of other peoplestime in return to use for their own ends; and

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    the Local Immigrant Support Centre, in partnership with theHigh Commission for Immigration and Ethnic Minorities(ACIDI), which offers guidance for immigrants with regard totheir rights and duties, immigration law, family reunion, accessto health services, education, recognition of qualifications andskills, Portuguese nationality law and voluntary return, as well asproviding Portuguese language reading and writing workshops.

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