MOTIVAÇÃO PARA ADOÇÃO DE ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL: PERCEPÇÃO DE PORTADORES DE ... ·...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÚDE MÔNICA DE FÁTIMA FREIRES DA SILVA MOTIVAÇÃO PARA ADOÇÃO DE ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL: PERCEPÇÃO DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO São Paulo 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO

MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÚDE

MÔNICA DE FÁTIMA FREIRES DA SILVA

MOTIVAÇÃO PARA ADOÇÃO DE ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL:

PERCEPÇÃO DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO

São Paulo 2018

MÔNICA DE FÁTIMA FREIRES DA SILVA

MOTIVAÇÃO PARA ADOÇÃO DE ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL:

PERCEPÇÃO DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO

Dissertação apresentada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo, Programa de Mestrado Profissional em Promoção da Saúde, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira.

São Paulo 2018

Dissertação apresentada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo -

Programa de Mestrado Profissional em Promoção da Saúde aprovada em

___/___/___.

_________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira

__________________________________________

Prof. Dr. Alexsandro dos Santos Machado

__________________________________________

Prof.ª Dr.ª Elisabete Agrela de Andrade

Dedico esse estudo primeiro a Deus por permitir sua concretização e pelo privilégio e oportunidade de ser acompanhada por professores dedicados e comprometidos com o ensino da Religiosidade e Espiritualidade na saúde. Aos pacientes da ESF pela oportunidade de representá-los na conclusão desse trabalho.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que direcionou esta pesquisa do início até o final,

permitindo que os obstáculos me fortalecessem.

Ao meu esposo a grata satisfação de tê-lo a meu lado, recebendo seu apoio

nos melhores momentos deste trabalho, e nas dificuldades, ao som de suas palavras

me dizendo “persevere sempre”.

Aos meus filhos Caio e André, que me incentivam e me brindam com palavras

que guardo em meu coração com muito amor e ternura.

À Melissa e Gabriel que me fazem a avó mais feliz do mundo, minha sempre

gratidão.

Aos meus pais que contribuíram, cada um do seu jeito, a que eu continuasse

discernindo o bom e o mau caminho. Especialmente às minhas mães Alaide e Laiete.

Aos meus familiares que me incentivaram a finalizar o estudo para que eu

pudesse ir visitá-los na “terrinha” que eu amo tanto, São José do Belmonte – PE.

Assim como de outros lugares do Brasil por onde os familiares estão espalhados.

Aos meus irmãos com quem aprendi o desapego e o amor fraterno,

especialmente à minha irmã Eurides.

À orientadora Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira, com seu profissionalismo e

conhecimento, abstraiu o melhor de mim e me ensinou a alcançar o objetivo o qual fui

buscar na UNASP.

Aos professores que estiveram presentes na banca de qualificação, Prof. Dr.

Fernando Lefèvre e Prof.ª Dr.ª Elisabete Agrela de Andrade, pelas contribuições que

foram pérolas direcionando meus passos até a finalização do estudo.

Às professoras Dr.ª Gina Andrade Abdala e Dr.ª Maria Cecília Leite de Moraes,

meu profundo carinho por todos os momentos de incentivo, me faziam buscar

interiormente minha motivação para aprofundar ainda mais a pesquisa.

Aos demais professores do Centro Universitário Adventista de São Paulo

(UNASP), os quais me abrilhantaram com suas perguntas me fazendo sair do eixo,

contudo, meus olhos se abriam para novos rumos.

Aos meus amigos de mestrado, Daniela da Cunha dos Santos e Felipe Abrahão

com os quais estabeleci uma amizade terna e de ajuda mútua.

Ao Prof. Dr. Alexsandro dos Santos Machado que aceitou de prontidão o nosso

convite para a banca e me estimulou desde o princípio com seu entusiasmo.

E a todas as pessoas direta ou indiretamente que contribuíram com este

estudo, meu muito obrigado!

Gratidão, é a palavra para descrever o que sinto neste momento.

“O início de um hábito é como um fio invisível, mas, a cada vez que o repetimos, o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo e nos prende de forma irremediável no pensamento e ação”. (Orison Swett Merden)

RESUMO

Introdução: a Hipertensão Arterial Sistêmica apresenta um alto custo social e requer da Atenção Básica reforços em ações de promoção da saúde para minimizar os danos e agravos da doença. A pesquisa envolveu uma intervenção educativa que orientou a adoção de hábitos saudáveis, relacionados aos “Oito Remédios Naturais” – Alimentação, Exercício Físico, Água, Luz solar, Temperança, Ar puro, Sono e Confiança em Deus. Esses remédios abrangem práticas promotoras da saúde integral de grande importância como coadjuvantes no tratamento não medicamentoso para controle da pressão arterial. Objetivo: conhecer a percepção de portadores de hipertensão arterial, de uma Estratégia Saúde da Família, quanto aos fatores motivacionais que influenciam na adoção de hábitos saudáveis para o restabelecimento da saúde e do bem-estar. Método: estudo qualitativo, descritivo e exploratório no qual utilizou-se de entrevistas semiestruturadas com aplicação individualizada. As entrevistas ocorreram em duas etapas, uma semana após a finalização da intervenção educativa e três meses após. O conteúdo discursivo foi tratado com a técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo e analisados com base no referencial da Teoria da Representação Social. A pesquisa foi realizada em uma Unidade da Estratégia Saúde da Família da Zona Sul de São Paulo, com um grupo de oito pacientes, portadores de hipertensão arterial, sem outras comorbidades. Durante oito semanas consecutivas, foram experienciados hábitos de vida como componentes de um Estilo de Vida Saudável, por meio de Oficinas de Espiritualidade e Saúde. Resultados: no perfil sócio demográfico houve uma predominância do sexo feminino (87,5%), com idade entre 65 e 80 anos (62,5%) e 45 e 64 anos (25,0%). Os principais fatores motivacionais apreendidos foram: percepção de melhorias da saúde integral com reflexos para a família; inter-relação e apoio social, a conscientização sobre a importância dos hábitos saudáveis relacionados aos “Oito Remédios Naturais” e finalmente, as oficinas foram consideradas um acontecimento transformador, uma possibilidade de reinventar-se e adotar hábitos saudáveis para controlar a pressão arterial. Outros motivos revelados foram: percepção dos benefícios espirituais; o incentivo das Oficinas de Espiritualidade e Saúde; a conscientização da importância dos Remédios Naturais e sobre o processo saúde-doença; conquista de novos hábitos; gratidão e Confiança em Deus. As dificuldades sinalizadas pelos pacientes foram: romper com crenças cristalizadas em favor de velhos hábitos, fatores pessoais e emocionais que limitam ações voltadas para o novo, a falta de tempo devido à excesso de trabalho e limitações pessoais. Considerações Finais: o relacionamento interpessoal e a espiritualidade durante as oficinas, constituíram-se como fatores motivacionais primordiais para a percepção da necessidade de adoção de um estilo de vida promotor da saúde. A despeito da complexidade e singularidade que envolvem as diversas condições existenciais de cada pessoa, ressalta-se a influência das Representações Sociais, ligadas à hipertensão e que estão condicionadas às crenças acerca dos determinantes de saúde e doença de cada paciente. predominantes no ambiente em que vivem. Palavras-chave: Hipertensão Arterial; Promoção da Saúde; Estilo de Vida; Motivação; Espiritualidade.

ABSTRACT Introduction: Systemic Arterial Hypertension has a high social cost and requires from the Primary Care several enhancements in health promotion actions to minimize the damage and worsening of the illness. The research involved an educational intervention that guided the adoption of healthy habits related to the “Eight Natural Remedies” – Food, Physical Exercise, Water, Sunlight, Temperance, Fresh Air, Sleep, and Trust in God. These remedies encompass comprehensive health promoting practices of great importance as supporting elements in the non-drug treatment for blood pressure control. Objective: to know the perception of patients with arterial hypertension from a Family Health Strategy in relation to the motivational factors that influence the adoption of healthy habits for the restoration of health and welfare. Method: this is a qualitative, descriptive and exploratory study using semi-structured interviews with individualized application. The interviews took place in two steps, the first one immediately one week after the end of the educational intervention and the second three months later. The discursive content was dealt with the Collective Subject Discourse technique and analyzed based on the Social Representation Theory framework. The research was performed in a Family Health Strategy Unit of the Southern Zone of São Paulo, with a group of eight patients. During eight consecutive weeks, life habits were experienced as components of a Healthy Lifestyle, through Spirituality and Health Workshops. Results: regarding the sociodemographic profile, there was a predominance of the female gender (87.5%), aged between 65 and 80 years (62.5%) and between 45 and 64 years (25.0%). The main motivational factors seized were: perception of comprehensive health improvements with reflexes for the family; interrelationship and social support, awareness of the importance of healthy habits related to the “Eight Natural Remedies”; and, finally, workshops were considered as a transformative event, i.e., a possibility of reinventing themselves and adopting healthy habits to control blood pressure. Other reasons revealed were: perception of spiritual benefits; encouragement of the Spirituality and Health Workshops; awareness of the importance of Natural Remedies and of the health-disease process; conquest of new habits; gratitude and trust in God. The difficulties signalized by the patients were: to break with beliefs crystallized in favor of old habits, personal and emotional factors that limit actions directed to the new, the lack of time due to work overload, and personal limitations. Final Considerations: the interpersonal relationship and the spirituality during the workshops were the primary motivational factors for the perception of the need to adopt a health promoting lifestyle. Despite the complexity and uniqueness of the existential conditions of each person, we should highlight the influence of the Social Representations linked to hypertension and that are conditioned to the beliefs about the determinants of health and illness of each patient, which are prevalent in the environment in which they live. Keywords: Hypertension; Health Promotion; Life Style; Motivation; Spirituality.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representações sociais de hipertensão ……………………………... 42

Figura 2 - A Medicina face à hipertensão ………………………………………… 42

Figura 3 - A prática cotidiana ……………………………………………………… 43

Figura 4 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC

resultantes da primeira pergunta (n= 8)

64

Figura 5 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC

resultantes da segunda pergunta (n= 8)

73

Figura 6 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC

resultantes da terceira pergunta (n= 8)

81

Figura 7 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC

resultantes da quarta pergunta (n= 8)

84

Figura 8 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC

resultantes da quinta pergunta (n= 8)

89

Figura 9 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC

resultantes da sexta pergunta (n= 8)

94

Figura 10 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC

resultantes da sétima pergunta (n= 8)

97

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS Agentes Comunitários de Saúde

APS Atenção Primária à Saúde

AVC Acidente Vascular Cerebral

CVS Centro de Vigilância Sanitária

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DCV Doenças Cardiovasculares

DeCS Descritores em Ciência da Saúde

DSC Discurso do Sujeito Coletivo

EC Expressões Chaves

EM Esclerose Múltipla

ESF Estratégia Saúde da Família

EV Estilo de Vida

EVS Estilo de Vida Saudável

GC Grupo Controle

GE Grupo Experimental

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC Ideias Centrais

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IECA Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina

IMC Índice de Massa Corporal

INSS Instituto o Nacional do Seguro Social

ISSL Inventário de Sintomas de Stress para adultos Lipp

LES Lúpus Eritematoso Sistêmico

MS Ministério da Saúde

NuRuNI Núcleo de Extensão e Pesquisa com Populações e Comunidades

Rurais, Negras Quilombolas e Indígenas

OES Oficinas de Espiritualidade e Saúde

ORN “Oito Remédios Naturais”

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PA Pressão Arterial

PCR Proteína C Reativa

PE-OPAS Plano Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde

PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição

PNH Política Nacional de Humanização

PNPS Política Nacional de Promoção da Saúde

PNS Pesquisa Nacional de Saúde

PPGSA Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente

PPS Políticas Públicas de Saúde

PS Promoção de Saúde

PSF Programa Saúde da Família

Q8RN Questionário Oito Remédios Naturais

R/E Religiosidade/Espiritualidade

REIS Religiosidade e Espiritualidade na Integralidade da Saúde - Grupo de

Pesquisa

RS Representações Sociais

SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia

SESP Serviço Especial de Saúde Pública

SES SP Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TNM Tratamento Não Medicamentoso

TRS Teoria de Representações Sociais

UBS Unidade Básica de Saúde

UNASP Centro Universitário Adventista de São Paulo

USF Unidade de Saúde da Família

WPA World Psychiatric Association

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

1.1 Motivação para o estudo ..................................................................................... 14

1.2 Contextualização - Hipertensão Arterial Sistêmica e Promoção da Saúde......15

1.3 Justificativa .......................................................................................................... 23

1.4 Objetivos............................................................................................................... 24

1.4.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 24

1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 24

1.5 Problema e pressupostos teóricos ..................................................................... 24

2 METODOLOGIA .................................................................................................... 25

2.1 Casuística ............................................................................................................. 27

2.2 Materiais ............................................................................................................... 28

2.3 Método……………………………………………………………………………………. 28

2.3.1 Instrumentos de coleta de dados ........................................................................... 32

2.3.2 Coleta de dados ..................................................................................................... 33

2.3.3 Análise dos dados .................................................................................................. 34

2.3.4 Aspectos éticos ...................................................................................................... 35

3 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 36

3.1 Revisão da bibliografia fundamental .................................................................. 36

3.1.1 Aspectos psicossociais do processo saúde-doença na hipertensão....................... 36

3.1.2 Educação em Saúde para favorecer o autocuidado ............................................... 43

3.1.3 “Oito Remédios Naturais”: terapia complementar para Promoção da Saúde ......... 49

3.1.4 Oficina de Espiritualidade e Saúde como estratégia de Educação em Saúde ........ 58

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 61

4.1 Caracterização sociodemográfica da amostra ................................................... 61

4.2 Primeira etapa: Representação Social dos portadores de hipertensão após

intervenção educativa ....................................................................................................... 63

4.3 Segunda etapa: Representação Social dos portadores de hipertensão após

três meses da intervenção educativa ............................................................................... 87

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 100

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 105

APÊNDICES ...................................................................................................................... 123

ANEXOS ........................................................................................................................... 130

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação para o estudo

A motivação para este estudo surgiu à medida que me envolvi como

participante do Grupo de Pesquisa “Religiosidade e Espiritualidade na Integralidade

da Saúde” (Grupo REIS) e fui me inteirando dos projetos, reuniões, coletas de dados,

intervenções educativas, leitura e elaboração de artigos científicos. Minha

participação no grupo me possibilitou perceber que cada proposição de estudo estava

ligada a um propósito maior relacionado ao projeto “Percepção dos profissionais de

saúde da Estratégia Saúde da Família quanto a assistência espiritual aos usuários”

(APÊNDICE A).

Aos poucos fui compreendendo a relevância da pesquisa e me interessando

em conhecer as possibilidades para percorrer um caminho de pesquisa dentro do

Grupo REIS. Algumas ideias de projetos que eu poderia investigar foram sugeridas

pelo grupo, porém o despertar de meu interesse foi pelo tema que envolve a utilização

dos “Oito Remédios Naturais” (ORN).

Ao longo de dois anos de participação nos projetos do Grupo REIS, percebi

que as intervenções sociais comunitárias como as Feiras de Saúde alcançaram

pessoas, das quais algumas puderam se beneficiar com o conhecimento dos ORN,

porém outras não. Uma reflexão crítica relacionada à multiplicação deste

conhecimento foi a fonte de motivação para aprofundar ainda mais meus estudos

sobre o tema e transformá-los em ações efetivas. Assim, por meio desta pesquisa,

busco compreender os aspectos que levam as pessoas a fazerem uso dos ORN

objetivando o resgate da saúde de maneira integral.

Outro aspecto que ampliou a relevância pessoal para a realização desta

pesquisa, foi que, por meio da observação de familiares portadores de hipertensão

arterial percebi que utilizavam medicamentos e continuavam com os mesmos hábitos

de vida. Por orientação médica, deveriam também adotar hábitos relacionados à

alimentação saudável e exercícios físicos, bem como reduzir a utilização de agentes

nocivos, como o consumo do sal e bebidas alcoólicas, contudo apresentavam

dificuldades em adotar as práticas saudáveis no cotidiano.

Os hábitos saudáveis relacionados aos ORN sempre me despertaram

curiosidades. Percebia que, de modo geral, as pessoas os utilizavam, mas pareciam

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desconhecer sua influência no corpo e a possibilidade de contribuir para o controle da

pressão arterial, bem-estar e melhora da saúde.

Neste sentido, parti da hipótese de que se pacientes portadores de hipertensão

vivenciassem um programa de intervenção educacional sobre o uso dos ORN,

poderiam perceber os benefícios dos mesmos em uma evolução progressiva de bem-

estar e saúde.

Por outro lado, enquanto profissional na área da saúde, tenho observado a

dificuldade das pessoas no que diz respeito às orientações médicas para aderirem

aos hábitos de vida saudáveis, seja por não terem a consciência sobre a importância

deles à saúde, pela resistência a mudanças, por pouco incentivo familiar e/ou social

ou por outros motivos desconhecidos. Assim, julguei pertinente investigar a percepção

que os portadores de hipertensão arterial teriam sobre sua saúde após conhecerem

e experienciarem o uso desses Remédios Naturais (RN) no seu dia a dia.

1.2 Contextualização – Hipertensão Arterial Sistêmica e Promoção da Saúde

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) apresentam um alto custo

social. Dentre elas destaca-se a hipertensão arterial que, ainda hoje, requer da

Atenção Básica reforços em ações de promoção da saúde (SILVA et al., 2015;

NEVES, et al., 2017). A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é o principal fator de

risco para desenvolver doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC). Essa

enfermidade contribui mundialmente para quase 9,4 milhões de mortes a cada ano e

afeta todas as classes sociais. Além disso, aumenta o risco de doenças, como

insuficiência renal e cegueira (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE...,

2016).

A HAS é definida como pressão sistólica igual ou maior que 140 mmHg ou

pressão diastólica igual ou maior que 90 mmHg. Mais de um bilhão de pessoas em

todo o mundo são hipertensas. De cada 10 adultos com mais de 25 anos, quatro tem

hipertensão, e em muitos países uma em cada cinco pessoas está pré-hipertenso

(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE..., 2016; ALMEIDA et al., 2017).

Segundo a OMS as doenças cardiovasculares tendem a declinarem nos países

desenvolvidos, contudo continuam sendo a maior causa de morbimortalidade em todo

o globo terrestre (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2014).

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No Brasil, a HAS é a comorbidade mais envolvida em casos de morte súbita

cardíaca, apresentando-se com 57,3% dos casos (BRAGGION-SANTOS et al., 2014).

São aproximadamente 17 milhões de pessoas, representando mais de 30% da

população com idade superior a 40 anos, sendo que somente um terço deles estão

com os níveis pressóricos controlados (PAZ et al., 2011). Portanto, trata-se de uma

doença que é considerada um grande problema para a saúde pública (ALMEIDA et

al., 2017).

A HAS não apresenta sintomas na maior parte das vezes, até que iniciam as

complicações como eventos de: acidente vascular encefálico, infarto agudo do

miocárdio, edema agudo dos pulmões, etc. Devido aos riscos aumentados, afeta a

aptidão para o trabalho de maneira temporária ou indefinida, com encaminhamento à

perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2008; DANTAS, 2015).

São várias as dificuldades que ocasionam a falta de adesão ao tratamento,

desde problemas de ordem financeira, a família que não colabora, a atenção nos

serviços de saúde, a forma de atendimento dos profissionais de saúde ou até mesmo

devido à ausência de sintomas (LOPES et al., 2015). Quando não controlada, a

doença progride e se associa às disfunções dos órgãos-alvo e às alterações

metabólicas, podendo causar danos cardiovasculares e óbitos (DANTAS, 2015;

MANTOVANI, 2016).

Um estudo observacional de corte transversal, por 12 meses, com 330

portadores de hipertensão, pertencentes a Unidade Saúde da Família (USF) do

Espírito Santo, cujos riscos de agravos estavam relacionados ao infarto agudo do

miocárdio ou doença coronária com morte, apontou que 148 participantes (44,8%)

apresentavam alto risco de desenvolver doenças coronarianas nos próximos 10 anos;

67 (20,4%) estavam em risco médio e os outros 115 (34,8%) apresentavam risco

baixo. Um dado que chamou a atenção dos pesquisadores, foi que grande parte dos

prontuários não possuíam anotações sobre as consultas, exames e condutas de risco,

como o tabagismo. Esses e outros apontamentos, realizados pelo estudo, sugerem

falhas no processo de estruturação de trabalho do serviço de saúde, comprometendo

o acompanhamento de dados clínicos e qualidade do cuidado na Atenção Primária à

Saúde (APS) (SILVA; MOLINA; CADE, 2014).

Outra pesquisa com 422 indivíduos portadores de HAS, mostrou que 12,08%

dos entrevistados já foram hospitalizados por crise hipertensiva ou pseudocrise

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hipertensiva (47,05%), complicações cardiovasculares (45,10%) e cerebrovasculares

(7,85%), (BARRETO; MARCON, 2014).

O estudo de Siqueira et al. (2017) identificou que entre os anos de 2010 e 2015,

os custos diretos e indiretos com as Doenças Cardiovasculares (DCV) se elevaram,

consideravelmente, no Brasil na faixa de R$ 37,1 bilhões de reais. As mortes

chegaram a 28% do total de ocorrências, sendo que 38% foi na faixa etária produtiva.

Entre os custos mais elevados estão os medicamentos com 88% e os gastos com a

Previdência Social relativos a aposentadorias precoce e auxílio-doença com 66% O

estudo estima também, que os custos aumentarão ainda mais, à medida que a

população continuar envelhecendo.

Além do componente genético estar presente como fator de risco para a

hipertensão, o Estilo de Vida (EV) do indivíduo é considerado como um fator

preponderante no surgimento das doenças cardiovasculares, assim como na

manutenção da saúde (RIPPE, 2014; ANGELOPOULOS, 2014). A dieta

predominantemente composta por gorduras e carboidratos, os hábitos sedentários, o

tabagismo, uso abusivo de álcool, bem como o estresse do mundo moderno, são

nocivos à saúde cardiovascular global do homem (GO et al., 2014). Mudar o EV,

portanto, tem se apresentado como uma intervenção positiva no combate às doenças

cardiovasculares, para o tratamento dos fatores de risco principais, a exemplo da

hipertensão arterial.

Segundo a OPAS e OMS, as pessoas podem tomar medidas simples para

reduzir o risco de hipertensão, como consumir menos sal, comer uma dieta

equilibrada, praticar atividades físicas regulares, evitar o tabagismo e diminuir o álcool.

Essas medidas foram incluídas no Plano de Ações das Estratégias Globais para os

cuidados com a pressão arterial por considerarem que se forem adotadas pelos

portadores de hipertensão redundaria em uma economia de tempo e dinheiro aos

governos (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE…, 2016).

Um dos aspectos estudados no levantamento de dados da Pesquisa Nacional

de Saúde (PNS) realizada em 2013, foi o de avaliar a atenção oferecida aos

portadores de hipertensão por profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde

(UBS) e Clínicas particulares. A pesquisa demonstrou que ações de baixo custo, como

as recomendações sobre hábitos saudáveis atingiram percentuais como 91,1% para

ingerir menos sal, 88,4% manter uma alimentação saudável, 87,4% fazer o

acompanhamento regular, 84,7% manter o peso adequado, 81,8% praticar atividade

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física regular e aproximadamente 75,0% das pessoas a recomendação foi para não

fumar e não beber em excesso (BRASIL, 2014a).

Por outro lado, um estudo em Maringá – PR, realizado sob a perspectiva de

enfermeiros no âmbito da APS, aponta dificuldades na implantação do programa de

assistência ao indivíduo com hipertensão arterial na dimensão estrutural. Os principais

resultados foram: ausência de materiais para realização de educação para a saúde

(81,0%), inexistência de capacitação dos profissionais (74%), insuficiência de

periodicidade na realização de estratégias para promoção de saúde, sendo uma delas

a falta de estimulo para modificação do EV (87,4%), ausência de atendimento

individual (67,6%), entre outros. Os resultados apontam para falhas estruturais do

sistema de saúde pela não consideração das necessidades e riscos individuais, por

dificultar o vínculo do paciente com a equipe de saúde e sua adesão ao tratamento e

estar parcialmente em desacordo com os procedimentos padrões do Ministério da

Saúde e dos protocolos criados pelo município (SILVA et al., 2016).

Neves et al. (2013) utilizaram os mesmos dados coletados pela PNS, realizada

em 2013, para avaliar a atenção oferecida por profissional da saúde aos idosos com

hipertensão arterial e associaram às desigualdades de escolaridade. Discorreram que

um número significativo de idosos não compreendem as recomendações sobre estilo

de vida saudável devido a condição escolar. Tal condição demonstra uma lacuna nas

ações de promoção da saúde que, segundo os autores, deveriam ser ainda melhores

em qualidade na atenção ao idoso com HAS. Apontam ainda, a responsabilidade de

se formular politicas públicas no sentido de promover intervenções focadas em

melhorar os determinantes sociais de saúde e viabilizar a melhoria no processo

educativo dos profissionais de saúde, para que suas práticas sejam diferenciadas e

promovam a equidade no manejo da HAS por meio de estímulos efetivos para o

autocuidado.

Trazendo Morin (2002, p. 14) e sua teoria sobre a dificuldade do pensar, que

pressupõe - “não porque não tem informação suficiente, mas porque não é capaz de

ordenar as informações e os saberes”, o campo científico exige a comunicação entre

pesquisadores, aqueles que teoricamente detêm o saber, contudo há conflitos de

teorias, ideias, experimentações e objetividades. Com isso não é possível estabelecer

um conhecimento que seja considerado como “a única verdade”. Santos e

Hammerschmidt (2012) propõem que os conhecimentos construídos na área da saúde

sejam compartilhados de acordo com as necessidades e particularidades de cada

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pessoa. Ao se ampliar os saberes científicos, pode se contribuir com a qualidade de

atenção à saúde e de alguma forma, minimizar os danos decorrentes das DCNT.

O desafio representado pela HAS e seus efeitos na saúde da população impele

os profissionais da saúde e as instituições públicas e privadas a continuar

engendrando esforços, no sentido de viabilizar ações que contemplem toda

complexidade para o tratamento da doença, bem como, para a capacitação de

profissionais voltados à promoção da saúde, visando reduzir os agravos decorrentes

da HAS (NEVES et al., 2017). Nessa direção, Silva et al. (2016) argumentam que os

gestores municipais e das unidades de saúde devem ser sensibilizados a buscarem

a garantia de recursos financeiros e representatividade política da comunidade, para

melhorar a estrutura do planejamento desse setor.

O estudo de Mello et al. (2017) traz o exemplo do estado do Paraná, que se

dedicou a implantar e ampliar as ações no âmbito da APS nos últimos 10 anos. O

resultado dessa ampliação mostra redução de internações por causas sensíveis à

APS e por DCNT. Sendo assim, há expectativas que as internações por doenças

cerebrovasculares e insuficiência cardíaca congestiva, que se tornaram elevadas de

acordo com o estudo, sejam também reduzidas. A sugestão é a educação permanente

das equipes de saúde.

Outro exemplo, foi o estudo de Almeida (2017) realizado na Estratégia Saúde

da Família (ESF) no município de Passos – MG. Apoiados nos princípios do Sistema

Único de Saúde (SUS), os autores promoveram um novo conceito da atenção à

saúde. Romperam relações com o modelo assistencial mecanicista e biomédico que

percebe o indivíduo como “partes/fragmento/pedaços”, e assim, direcionaram ações

específicas para a atenção integral às pessoas que vivem com doenças crônicas

infecciosas, principalmente, doenças circulatórias (SANTOS; HAMMERSCHMIDT,

2012, ALMEIDA et al. 2017).

A Promoção da Saúde (PS), é evidenciada por um conjunto de intervenções

que buscam as causas mais básicas da doença, com o objetivo de eliminá-las

permanentemente ou minimizá-las ao extremo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2015).

Contextualizando a concepção de PS, vale ressaltar que esse termo foi

utilizado em 1945 pelo médico historiador canadense Henry Sigerist, ao fazer

referência às dimensões do exercício da medicina, afirmando que a PS se faz com

dignidade nas condições de vida, no trabalho, na educação, na cultura física e no

descanso (SÍCOLI; NASCIMENTO, 2003, p.103).

20

No campo da Saúde Pública, a PS começou a ser discutida no Canadá, EUA

e Europa ocidental, revalorizando o pensamento médico social, trazendo o foco para

as relações entre saúde e condições de vida. Em maio de 1974, foi apresentado o

documento “A New Perspective on the Health of Canadians” conhecido como

Relatório ou Informe Lalonde, dando início aos debates sobre o novo sistema de

saúde pública voltado à prevenção dos problemas de saúde e a promoção da boa

saúde. O enfoque era a ação individual, uma autonomia fomentada pela lógica de

mercado que incentivava a mudança no EV. Contudo, essa era uma visão

conservadora de PS que isentava o enredo político, econômico e social das suas

responsabilidades, passando-as aos indivíduos quanto à tarefa de cuidar da sua

própria saúde (GOVERNMENT OF CANADA, 1981; CZERESNIA, 1999; BUSS, 2000;

HEIDMANN et al., 2006).

Em contraposição com o enfoque anterior, na década de 80, surge uma nova

concepção de PS com elementos voltados para a determinação social da saúde, pelas

próprias dificuldades de aplicação dos projetos, por não se distinguirem das práticas

preventivas e se mostrarem vinculados a uma abordagem de culpabilidade (SÍCOLI,

2003).

Em novembro de 1986, foi realizada a I Conferência Internacional sobre PS,

em Ottawa. Este evento foi impulsionado por discussões que reconhecem a saúde

não como fruto da prevenção de doença, mas como um processo complexo que

aborda as questões de transformação das condições de vida, aumento da saúde,

bem-estar físico e mental, justiça social, ecossistema, renda e alcance à educação

(CZERESNIA, 1999).

Nesse mesmo ano, um novo documento no contexto da reforma sanitária foi

então elaborado e passou a ser referência mundial às inovações na PS, conhecido

como a Carta de Ottawa que enaltecia os serviços comunitários e favorecia a

participação popular, além de cobrar Políticas Públicas de Saúde (PPS) mais objetivas

e concretas, visando desenvolver a saúde para todos (CZERESNIA, 1999;

HEIDMANN et al., 2006).

No Brasil o debate iniciou-se em 1986 na VIII Conferência Nacional da Saúde

e foi um marco na transformação e universalização da saúde no Brasil. Este avanço

deu início a reforma sanitária brasileira e alcançou sua legitimidade na Constituição

Federal de 1988 (BRASIL, 2002, p. 5).

21

Em 2002, a OMS passou a discutir planos para a PS que pudessem reduzir os

riscos à saúde influenciados pelo mundo moderno, promovendo uma vida saudável.

Destaca-se, então, a gravidade dos “riscos de consumo pelo excesso ou a falta; riscos

ambientais de saneamento ou produção industrial e os riscos propiciados por

comportamentos inseguros” (BRASIL, 2002, p. 5; WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2002).

Neste contexto, as reflexões no debate se voltaram para os problemas

sanitários e a carga de enfermidades refletidas pelas diversidades regionais,

subjetividades culturais e desigualdades sociais. O foco principal foi sobre a redução

das mortes prematuras, as incapacidades e a esperança de uma vida saudável e

plena para todos. Assim, o estreitamento das discussões gerou a intenção seguida da

construção de uma Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Sua aprovação

se deu em março de 2006 ampliando o compromisso do Ministério da Saúde com

ações promotoras de saúde, tanto nos serviços assistenciais como na gestão do SUS

(BRASIL, 2002; CARVALHO; GASTALDO, 2008).

Ainda com lacunas, a PNPS passou por um processo de atualização e em 2014

uma nova versão foi aprovada. Nessa atualização a definição de PS passou a ser

entendida como:

[...] um conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo, caracterizando-se pela articulação e cooperação intra e intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), buscando articular suas ações com as demais redes de proteção social, com ampla participação e controle social (BRASIL, 2014b, p. 26).

Em uma perspectiva de integralidade, a nova política vincula a saúde à

eficiência pretendida na articulação das ações de PS desenvolvidas em uma rede de

atenção que busca se consolidar em uma sociedade cuja complexidade é progressiva

e que tem se mostrado pouco participativa e sem representatividade. No entanto, o

avanço que se percebe nessa atualização, diz respeito ao embasamento no conceito

positivo de saúde e na ampliação do debate, envolvendo todos os atores sociais com

possibilidades de abrir novos e promissores caminhos para a saúde da população

(MALTA et al., 2015).

A PS vem sendo idealizada, nos campos de domínio da saúde pública e

coletiva há muito tempo atrás, contudo, sua aplicação até os dias de hoje parece

chocar em um ponto fundamentalmente estrutural. Sua concepção não se embasou

22

na saúde e sim na doença, sendo alicerçada na visão biomédica da doença

(CZERESNIA, 2003).

Na visão de Lefèvre e Lefèvre (2015, p. 49), a saúde não é um “estado orgânico

e temporário de bem-estar”, mas vai muito além disso. A promoção da saúde deve

direcionar os indivíduos para um “bem-estar global”, não vinculada à bens e serviços

de saúde, e nem um “acariciar afetivo” vinculados às ameaças de doenças ou à

doença propriamente dita, mas um pensar crítico e reflexivo diante dela.

Para Lefèvre e Lefèvre (2015, p. 27, 42 e 49), a doença não é “exclusividade

do setor saúde”, mas é responsabilidade de todos, desde o indivíduo, as instituições

educacionais e governamentais até os setores que de alguma forma estão envolvidos

com a saúde. Sistemicamente, propõem um novo paradigma, adotar a PS como um

“desafio cognitivo e não uma ameaça”. A saúde deve sobressair e representar

“melhores condições de vida da população”, o que significa ter um trabalho, onde

morar, ser alcançado pela distribuição de renda, pela política ambiental, educação,

etc.

Nessa direção, destaca-se o importante papel da motivação do indivíduo no

processo de promover ou recuperar a saúde. No contexto desta pesquisa a motivação

é entendida a partir do conceito apresentado nos Descritores em Ciências da Saúde

(DeCS), que a define como: “Aqueles fatores que levam um organismo a se comportar

ou a agir de modo a atingir um objetivo ou alguma satisfação. Podem ser influenciados

por impulsos psicológicos ou por estímulos externos” (BIBLIOTECA VIRTUAL EM

SAÚDE/DeCS, 2018).

Assim, considerando a importância de ações capazes de incentivar os

portadores de HAS a adotarem um estilo de vida mais saudável para promover a

melhora de sua saúde, o propósito deste estudo foi investigar a percepção de

portadores de hipertensão quanto à motivação para adoção de hábitos promotores da

saúde integral, após vivenciarem as intervenções educativas com base nos oito

princípios de saúde, os ORN. Esses princípios estão relacionados ao “Estilo de Vida

Saudável” (EVS) proposto por White (2007) e orientado por Abdala et al. (2015) que

utilizaram as “Oficinas de Espiritualidade e Saúde” (OES), como uma técnica

educativa para melhorar o controle da HAS e promover a saúde.

23

1.3 Justificativa

Segundo o Plano Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde 2014-

2019 (PE-OPAS), elevou-se o foco sobre s DCNT, mais especificamente às DCV, em

especial a HAS. O PE-OPAS objetiva acercar-se dos determinantes das doenças,

incluindo os fatores socioeconômicos, ambientais e ocupacionais, ao longo da vida,

além disso, melhorar as ações voltadas à prevenção das DCNT, aos fatores de risco

e aos problemas relativos a elas (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE...,

2014).

Ainda no PE-OPAS, item 2.1, do parágrafo 142, encontra-se o contexto dessa

situação problema, ao enfatizar a urgência de políticas e regulamentações públicas

para os serviços de saúde visando nas intervenções voltadas aos hábitos de vida,

visto que as DCNT podem ser controladas. Esse grupo de doenças ocasiona 75% de

mortes por causas prematuras, com pessoas de idade menor que 70 anos na região

das Américas. Isso representa mais de 1,5 milhão de pessoas que deixam de

contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país. Há um interesse no

sentido de os governos pensarem em intervenções que envolvam não só do setor da

saúde, como também da agricultura, educação, transporte, trabalho, meio ambiente,

comércio, sociedade civil e setor privado (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA

SAÚDE…, 2014).

Nessa perspectiva, se justifica a realização dessa pesquisa que, em seu aporte

metodológico, poderá apreender a percepção de portadores de HAS quanto aos

fatores que interferem na maneira de agir das pessoas e impactam direta ou

indiretamente na saúde integral do ser humano. O conceito de percepção adotado no

desenvolvimento do estudo se baseia na definição apresentada no DeCS que abrange

“o processo pelo qual a natureza e o significado dos estímulos sensoriais são

reconhecidos e interpretados” (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE/DeCS, 2018).

Ao buscar conhecer a percepção dos pacientes portadores de hipertensão

sobre eventuais mudanças no EV, após a participação em um programa educativo

que envolveu uma intervenção comportamental para orientar a adoção de hábitos

saudáveis, este estudo se propôs a evidenciar os motivos que influenciam as

possíveis mudanças atitudinais, bem como a identificar os fatores impeditivos para

adoção desses hábitos.

24

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo geral

Conhecer a percepção de portadores de hipertensão arterial de uma Estratégia

Saúde da Família, quanto aos fatores motivacionais que influenciam na adoção de

hábitos saudáveis para o restabelecimento da saúde e do bem-estar.

1.4.2 Objetivos específicos

Conhecer os fatores que influenciam na mudança de Estilo de Vida dos

participantes.

Identificar os hábitos saudáveis que, na perspectiva dos portadores de

hipertensão, influenciam no controle da pressão arterial.

Identificar as dificuldades e facilidades atribuídas pelos portadores de

hipertensão para a continuidade da prática dos hábitos vivenciados durante uma

intervenção educativa, envolvendo os “Oito Remédios Naturais”.

1.5 Problema e pressupostos teóricos

Considerando a influência do estilo de vida na promoção de saúde e controle

da HAS, após uma intervenção educativa que propiciou aos participantes vivenciarem

atividades em grupo e receberem orientações relacionadas aos ORN, se questiona:

Qual a percepção de indivíduos portadores de hipertensão sobre os fatores

influenciadores na adoção de hábitos saudáveis?

Ao propor analisar os fatores motivacionais que influenciam a adoção de

hábitos saudáveis, partiu-se do pressuposto que eles estão centrados no apoio social;

nas trocas de experiências que favorecem uma aprendizagem significativa e na

continuidade do processo vivido, a despeito da complexidade que envolve os aspectos

que impactam no processo de tomada de decisão de cada pessoa.

25

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi desenvolvida no Centro Universitário Adventista de São Paulo

(UNASP) e é parte integrante da segunda fase do projeto “Percepção dos profissionais

de saúde da Estratégia Saúde da Família quanto à assistência espiritual aos usuários”

que se apresenta no desenho metodológico esquemático do projeto em andamento

(APÊNDICE A). Para facilitar o entendimento do desenvolvimento da pesquisa em

questão, o projeto acima referido será chamado de pesquisa “matriz”.

O estudo se enquadra na linha de pesquisa do Programa de Mestrado

Profissional em Promoção da Saúde - “Qualidade e Estilo de Vida na Promoção da

Saúde” - e na sub-linha adotada pelo grupo de pesquisa Religiosidade/Espiritualidade

na Integralidade da Saúde (REIS) - “Promoção da saúde na família com atenção à

saúde mental e espiritual e educação para saúde” – que se propõe a avaliar a

influência da adoção de hábitos saudáveis sobre a saúde integral do ser humano,

incluindo, portanto, a dimensão da espiritualidade.

A primeira fase da pesquisa “matriz” investigou, em uma perspectiva

quantitativa, a associação entre estilo de vida e religiosidade dos profissionais de

saúde de uma regional da ESF da Zona Sul de São Paulo e em abordagem qualitativa

buscou conhecer a percepção da equipe multidisciplinar sobre a influência da

Religiosidade/Espiritualidade (R/E) na integralidade da saúde, visando à construção

coletiva de um Plano de Ação com esse enfoque no âmbito da APS (SILVA, 2016;

WRUCK, 2016; COLIMOIDE, 2017; PEREIRA, 2017; SENS, 2018; SANTOS, 2018).

Na segunda fase operacionalizou-se uma das sugestões do “Plano de Ação”

(APÊNDICE B), elaborado por um grupo de profissionais de saúde que participou da

primeira fase da pesquisa “matriz” e validado pela administração local da regional da

ESF, envolvendo como nível de abrangência o “Grupo HiperDia”.

O programa HiperDia é um plano de reorganização da atenção à Hipertensão

Arterial e Diabetes Mellitus, criado pelo Ministério da Saúde em 2001, com objetivo de

organizar a assistência e promover a saúde aos usuários cadastrados na rede de

abrangência do SUS. Por meio deste plano foi possível gerar informações para

aquisição, dispensação e distribuição dos medicamentos para todas as pessoas

cadastradas, de maneira regular e sistemática. Grupos de pacientes, chamado

HiperDia, são formados para o monitoramento dos níveis pressóricos, distribuição de

medicamentos e outros acompanhamentos da saúde (BRASIL, 2018). Este método

26

gerou facilidade para a aplicação dos questionários e coleta de dados da pesquisa

“matriz”.

O “Plano de Ação” (APÊNDICE B) foi elaborado para propor a inserção da R/E

na assistência aos usuários da APS, tendo como base os princípios doutrinários do

SUS – Universalidade, Equidade e Integralidade. Como ferramenta para realizar as

etapas de forma cuidadosa e correta, foi utilizado o modelo de gestão 5W2H, sigla em

inglês que recomenda “o que fazer (What)”, “por que fazer (Why)”, “onde fazer

(Where)”, “quem fará (Who)”, “quando fazer (When)”, “como (How) realizar as ações”

e “quanto (How Much) irá custar”.

A validação do “Plano de Ação” foi realizada em reunião com os

administradores da Regional da ESF e concomitantemente foi autorizado a formação

dos grupos de pacientes para participarem da segunda fase da pesquisa “matriz” e a

operacionalização das intervenções educativas por meio das OES. Nesta fase foram

selecionados 115 portadores de HAS e avaliados em uma abordagem quantitativa

quanto ao Estilo de Vida, Religiosidade e Qualidade de Vida (PEREIRA, 2017). Destes

foram sorteados os participantes (n=50) que compuseram o Grupo Experimental (GE)

e o Grupo Controle (GC).

O objetivo principal da formação do GE, diferente do GC, foi a intervenção

educacional, por meio das OES (ANEXO A), para que os portadores de hipertensão

conhecessem os ORN. Ao mesmo tempo, avaliar os efeitos da adoção de hábitos

saudáveis sobre os níveis da Pressão Arterial (PA). Um dos objetivos específicos foi

analisar a associação entre EV, fatores sociodemográficos e de saúde e os níveis de

PA e os biomarcadores Proteína C Reativa (PCR), Colesterol e Cortisol dos

participantes, sendo que o GE foi mediado pela R/E. Esses dados foram analisados

no recorte da pesquisa desenvolvida por Santos (2018).

A operacionalização desta etapa da pesquisa “matriz” foi composta pelos

seguintes passos: primeiro a aplicação dos questionários: Estilo de Vida

FANTASTICO (RODRIGUEZ-ANEZ et al., 2008), Índice de Religiosidade Duke-Durel

(TAUNAY et al., 2012); Inventário de Sintomas de Stress (LIPP, 2007) e o Minichal-

Brasil (SCHULZ et al., 2008); medição dos níveis pressóricos e dosagem dos

biomarcadores. O segundo passo consistiu na realização das oito semanas de

intervenção por meio das OES (ANEXO A) para o GE. No terceiro e quarto passo

(imediatamente após as OES e depois de três meses) foram reaplicados os

questionários, aferido os níveis pressóricos, dosado o colesterol, PCR e cortisol para

27

os dois grupos, sendo que para o GE foi realizada também avaliação subjetiva sobre

a influência do EVS no controle da HAS, objeto da presente pesquisa.

As OES (ANEXO A) para o GE foram realizadas sem prejuízo para o GC, pois

além de pactuar sigilo com o GE no primeiro encontro com os participantes, a

aplicação dos questionários e coleta dos biomarcadores se deu em dias e horários

diferentes do GC. Os pesquisadores e pacientes do GE reuniam-se às segundas-

feiras, das 17:00 às 19:00 horas para a realização da OES.

Assim, a aplicação desta pesquisa, iniciou-se no terceiro momento da pesquisa

“matriz” e se repetiu no quarto momento, com a aplicação da avaliação subjetiva, cujo

objetivo foi analisar os depoimentos dos pacientes que participaram especificamente

da OES como intervenção educativa, nas quais foram apresentados os ORN e seus

benefícios, utilizando o modelo adaptado por Abdala et al., (2015).

2.1 Casuística

A pesquisa foi realizada em uma USF de uma regional da ESF da Zona Sul do

Município de São Paulo, com um grupo de pacientes, portadores de HAS essencial,

sem outras comorbidades, cadastrados e acompanhados pelas equipes de saúde da

unidade.

Do grupo de pacientes do HiperDia que aceitou participar desta fase (n=50),

foram convidados maiores de 18 anos, com condições cognitivas preservadas e

avaliadas pelo teste Mini-Exame do Estado Mental (BRUCKI et al., 2003). Os critérios

de não inclusão foram: portadores de hipertensão que tinham outras doenças crônicas

como: diabetes descompensados, hipertensão secundária, AVC, usuários de drogas

ilícitas, alcoolistas (mais de um copo por semana) e analfabetos.

A seleção inicial dos pacientes foi realizada por meio de sorteios com os nomes

dos pacientes, portadores de HAS, atendidos na USF. A partir do sorteio, foram

formados dois grupos o GE e o GC de 25 pacientes cada um.

Duas listas foram tabuladas, uma contendo o nome dos 25 participantes

sorteados para o GE e outra para o GC, com o número da ficha da família, equipe de

agentes de saúde que os atendia, endereço e telefone. O próximo passo se deu por

contato telefônico. Para aqueles que aceitaram, foi agendada a data da plenária para

as explicações sobre o projeto e data de início. Uma recusa significava um novo

sorteio para a substituição do participante até que atingisse o número de 25 pacientes

28

para cada grupo. Dos 25 participantes convidados para o GE, 14 aceitaram participar.

No dia agendado, compareceram 12 participantes, sendo que dois desistiram e

apenas dez iniciaram o processo das OES. Após a segunda intervenção educativa

duas pessoas deixaram de comparecer. Permaneceram até o final da OES oito

participantes. Um participante mudou sua residência para outro estado brasileiro,

após um mês do termino da OES, não comparecendo na segunda entrevista subjetiva,

finalizando um total de sete participantes.

A amostra, portanto, foi intencional (POLIT; BECK, 2011) e de adesão

espontânea, pois apenas os participantes do GE que vivenciaram a intervenção

educativa foram entrevistados ao término das oficinas e três meses após sua

conclusão, segundo a proposta da presente pesquisa.

2.2 Materiais

Os materiais utilizados foram: gravador digital do aparelho celular marca

Samsung Galaxy J7, modelo SM-J 700m, para coletar os depoimentos dos indivíduos;

formulário de dados sociodemográficos com roteiro das entrevistas (APÊNDICE C),

materiais para a operacionalização e o Programa DSCsoft do Instituto de Pesquisa do

Discurso do Sujeito Coletivo (2015).

2.3 Método

Estudo qualitativo, descritivo e exploratório no qual foram realizadas entrevistas

semiestruturadas com aplicação individualizada.

O método qualitativo proposto para análise de discursos, segundo Minayo

(2014), desvenda processos sociais pouco conhecidos e inerentes a grupos

particulares, tendo como foco proporcionar a construção e/ou revisão de novas

abordagens, conceitos e categorias referentes ao fenômeno estudado.

Na concepção de Polit e Beck (2011), a escolha pelo método investigativo na

pesquisa qualitativa pressupõe explorar diretamente a capacidade dos participantes

refletirem sobre mudanças, de maneira que possam criar possibilidades de promoção

à sua saúde ao vivenciarem uma realidade diferente a que estão acostumados. A

pesquisa qualitativa busca meios para aprofundar o conhecimento do indivíduo

relacionado com sua própria subjetividade. Traz à tona sua verdade, facilitando a

29

interação com outras verdades do meio ambiente e tem como propósito descrever e

explicar o que emerge.

Como esta pesquisa faz parte de um recorte do projeto “matriz” (APÊNDICE

A), há necessidade de descrever mais detalhadamente os passos percorridos até o

momento que antecedeu a sua operacionalização, com o objetivo de dar visibilidade

a todo o processo.

O primeiro passo se deu com a realização de uma reunião com a administração

da regional ESF da Zona Sul do Município de São Paulo, cenário deste estudo. Foi

recebida autorização para transitar pelas dependências do posto de saúde, coletar

dados dos prontuários e reunir-se com os profissionais para operacionalização da

pesquisa. O segundo passo foi o agendamento de uma reunião com a coordenação

da ESF, que autorizou o levantamento dos dados pessoais nos arquivos de registros

dos pacientes. Nesta etapa, os profissionais da ESF que seriam envolvidos no

processo (médico, enfermeiro e agente comunitário de saúde) foram apresentados

aos pesquisadores. O terceiro passo foi o contato telefônico com os pacientes e neste

contato foram fornecidas as datas das plenárias.

O quarto passo, conforme cronograma (APÊNDICE D), foi a realização da

plenária com o GE sendo abertura de boas vindas, explicação sobre o processo,

aplicação do Inventário de Sintomas de Stress para adultos Lipp (ISSL) e entrega dos

pedidos de exames clínicos.

A pesquisa de campo “matriz” foi acompanhada de “práticas interacionais e

formais” para o bom andamento do processo, conforme recomendação de Minayo

(2014, p. 263-264). A apresentação da instituição credenciada e do pesquisador foi

realizada por uma pessoa conhecida e bem aceita pelos depoentes, tendo sido

apresentado um breve relato sobre o interesse e objetivos da pesquisa, sobre a

contribuição dos participantes e os possíveis benefícios à saúde que poderiam

decorrer desse processo. Também foi apresentada uma justificativa sobre a

escolha/sorteio dos portadores de hipertensão, sobre o sigilo absoluto e em seguida

algumas dinâmicas interativas de grupo.

O quinto passo diz respeito a aplicação das OES (ANEXO A) ao GE. Todas as

oficinas foram realizadas no endereço da unidade de atendimento ESF da Zona Sul

do Município de São Paulo, uma a cada semana no total de oito semanas

consecutivas, com duração de 2 horas em cada oficina. As atividades foram

configuradas por meio de palestras e dinâmicas interativas que contavam com

30

recursos audiovisuais, como cartazes, vídeos e PowerPoint, todos direcionados a

apresentar os ORN com demonstrações práticas. Ao final de cada oficina abria-se

espaço para a reflexão espiritual.

No primeiro dia da oficina foi apresentado a temperança como primeiro remédio

natural. Nos demais dias e sucessivamente foram: a alimentação, repouso, atividade

física, ar puro, água, luz solar e Confiança em Deus.

Durante oito semanas consecutivas, foram experienciados hábitos de vida

como componentes de um EVS para o controle dos níveis de pressão arterial (ALVES

et al., 2016). Neste período os participantes também puderam obter orientações sobre

os fatores de risco à saúde, como cigarro, álcool, sal em excesso, açúcar em excesso,

insônia, sedentarismo, estresse, bem como os danos e agravos da doença como

consequência dos agentes nocivos.

Para Fonseca e Amaral (2012), a vantagem na utilização de oficinas, como

instrumento de pesquisa, é o estabelecimento de uma relação horizontal entre os

pesquisadores e os participantes da pesquisa, possibilitando um espaço de discussão

pois permite resgatar os conhecimentos consolidados no grupo e incentiva a

manifestação de sentimentos relacionados à experiência vivida, facilitando a

comunicação intergrupal.

A finalização das OES, marcou o início da avaliação subjetiva, objeto desta

pesquisa.

A primeira avaliação subjetiva foi realizada na semana seguinte ao término das

OES. O procedimento foi o contato telefônico com os portadores de hipertensão

incluídos no GE. No momento do contato, foi estabelecido uma interação entre o

pesquisador e o participante, propiciada por uma conexão pré entrevista conforme

recomendação de Minayo (2014).

As entrevistas foram agendadas em um único dia, em horários diferentes e

aplicadas individualmente após concordância dos participantes de que seus

depoimentos seriam gravados para posteriormente serem transcritos e analisados.

Depois de três meses da intervenção educativa, por meio das OES, foi o

momento da segunda avaliação subjetiva. O procedimento observou o mesmo padrão

da primeira intervenção: os participantes da primeira fase foram contatados por

telefone e houve uma breve explicação do processo para relembrá-los sobre a

continuidade da pesquisa. Novamente as entrevistas foram individuais, todas

31

agendadas em um único dia, em horários diferentes em salas reservadas na USF e

gravadas.

Os dados das entrevistas foram transcritos manualmente e depois

armazenados no DSCsoft (2015) para serem analisados.

A análise tomou como base a Teoria de Representações Sociais (TRS)

orientada por Jodelet (2001) e Moscovici (2010), utilizando a técnica do Discurso do

Sujeito Coletivo (DSC) como estratégia para análise de dados (LEFÈVRE; LEFÈVRE,

2006; LEFÈVRE, 2017).

Embora com raízes na sociologia, a TRS se consolidou na Psicologia Social

estudada por Moscovici (2010) e foi aprofundada por Jodelet. As RS têm sido

utilizadas como referencial de trabalho aplicado em várias áreas de conhecimento,

inclusive na educação e saúde (ARRUDA, 2009), como é o caso deste estudo.

A Psicologia Social estuda a construção da realidade por meio da interação do

indivíduo com a sociedade, sendo a cognição e o subjetivo seus principais objetos.

Nessa interação se revelam os processos psicossociais, como objetivação,

ancoragem, focalização, pressão à inferência, dispersão da informação, os quais

facilitam a mudança do pensamento social, bem como sua organização. É na

comunicação da vida cotidiana que a TRS toma forma, ou seja, na linguagem informal,

no senso comum, no saber popular, na cumplicidade dos grupos, etc, e se expande

formando a consciência coletiva (ARRUDA, 2009).

Para Marková (2017), a TRS se destaca pelos ricos recursos intelectuais

empregados por Moscovici (2010) durante seu desenvolvimento. Por um lado, o

pensamento científico e profissional, e de outro, o pensamento cotidiano das pessoas

comuns, que juntos, geram uma tensão, conflito e restrições dos diferentes modos de

pensar e comunicar-se. Refere ainda que “as pessoas podem expressar suas ideias

de diferentes formas, usando palavras específicas, gestos e símbolos” (MARKOVÁ,

2017, p. 370).

Para Spink (2013), as Representações Sociais (RS) são conhecimentos

práticos do cotidiano, formados a partir das relações sociais que dão sentido à vida

por meio da comunicação. Sendo um conhecimento construído socialmente, elas se

constituem não só do presente, mas de crenças e saberes passados existentes no

imaginário social, perpetuando culturalmente, historicamente, antropologicamente e

psicossocialmente.

32

Jodelet (2001, p. 1) traz a reflexão, “Sempre necessitamos saber o que temos

a ver com o mundo que nos cerca. É necessário ajustar-se, conduzir-se, localizar-se

física ou intelectualmente, identificar e resolver problemas que ele põe. Eis porquê

construímos representações”.

Por outro lado, a investigação científica verifica a realidade dos fatos das RS e

incumbe-se de organizar, analisar, esclarecer, descrever e sistematizar seus

processos e funcionamento. Assim, foi o princípio da identificação das produções

mentais sociais, nomeada como “ideação coletiva”, mais tarde, aprofundada e aceita

pela comunidade científica como um conhecimento do senso comum ou natural,

distinguindo-se do científico (JODELET, 2001, p. 4, 5).

2.3.1 Instrumentos de coleta de dados

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário contendo as

variáveis sociodemográficas e uma entrevista com roteiro semiestruturado

(APÊNDICE C). Foi realizado um pré-teste com dois portadores de hipertensão,

usuários da ESF de outras regiões do município e São Paulo, no qual se avaliou as

questões orientadoras da entrevista quanto ao alcance dos objetivos da pesquisa. As

questões foram modificadas por necessidade de ajustes.

A entrevista é um dos métodos mais utilizados no trabalho de pesquisa de

campo, promove a comunicação falada entre depoente e pesquisador. Ela é de

iniciativa do pesquisador, cuja finalidade é obter informações sobre um determinado

tema científico. As informações obtidas mediante entrevistas são consideradas

importantes, pois fornecem respostas adequadas ao que se deseja conhecer

(MINAYO, 2014).

Minayo (2014) caracteriza a entrevista como uma conversa com propósito e

organização. O questionário semiestruturado inclui questões fechadas e questões

abertas como técnica para proporcionar ao entrevistado a possibilidade de falar sobre

si, dentro do tema proposto. Mobiliza reflexões sobre as experiências de vida, as quais

representam suas ideias, crenças, pensamentos, sentimentos, postura, atitudes,

idealizações sobre o futuro, bem como, projeções conscientes ou inconscientes de

atitudes e comportamentos vinculados ao propósito do estudo em questão. São as

informações subjetivas da realidade vivida.

33

No primeiro momento da entrevista foi questionado como era a vida cotidiana

dos participantes antes de conhecerem os ORN e seus benefícios sobre a saúde. Em

seguida foi feito um levantamento sobre os conhecimentos adquiridos. As questões

norteadoras foram: 1- Como você se sentia sendo uma pessoa com pressão alta,

antes das Oficinas de Espiritualidade e Saúde? E agora, o que mudou? 2- Quais

remédios naturais você adotou com maior facilidade? Por que? 3- Quais remédios

naturais você teve maior dificuldade em adotar? Por que? 4- O que mais te motivou a

participar das oficinas? (APÊNDICE C).

Três meses após as OES, na segunda etapa de coleta de dados, as questões

foram sobre o cotidiano do entrevistado após os novos conhecimentos adquiridos e

se o mesmo havia mantido as práticas para lidar e controlar a doença. As questões

foram: 1 - Você continuou utilizando os “Remédios Naturais” que foram apresentados

durante os encontros educativos que você participou? Quais? 2 - Como você está se

sentindo atualmente em relação à saúde? 3 - O que mais te influenciou a continuar

usando esses “Remédios Naturais”? (APÊNDICE C).

2.3.2 Coleta de dados

As coletas de dados ocorreram em dois momentos, sendo a primeira etapa

entre os dias 04 e 07 de julho de 2016, e a segunda entre os dias 17 e 27 de outubro

de 2016. As duas coletas foram realizadas em uma USF de uma Regional da Zona

Sul do Município de São Paulo.

Na data e horários agendados, os convidados compareceram na USF para

realização da entrevista. Após os cumprimentos e agradecimento por participar da

pesquisa, o gravador digital foi acionado na presença do depoente e a entrevista foi

conduzida pela pesquisadora a partir das questões norteadoras e balizadoras,

previamente pré testadas para o alcance dos objetivos da pesquisa (APÊNDICE C).

Decorrido o período de três meses do término da última (oitava) oficina, os

participantes da primeira fase foram contatados e compareceram no posto, no dia e

hora agendados. Igualmente com gravador digital acionado, iniciou-se a entrevista

com as questões norteadoras da segunda etapa (APÊNDICE C) para verificar se

ocorreram mudanças de atitudes e continuidade das mudanças no EV, decorrente da

intervenção educativa.

34

2.3.3 Análise dos dados

Os depoimentos dos participantes, resultantes das entrevistas foram transcritos

na íntegra pelo pesquisador e organizados por ordem alfabética. A estruturação do

processo de análise de dados contou com um analista experiente na técnica do DSC,

que utilizou como ferramenta facilitadora o DSCsoft (2015) de sua propriedade.

Este software permite armazenar os dados coletados, fazer cruzamento entre

as variáveis e os DSC, quantificar as representações dos participantes que partilham

as mesmas ideias ou diferentes, expor os resultados em gráficos e importar e exportar

a pesquisa (LEFÈVRE, 2017).

Os dados armazenados foram: o cadastro da pesquisa; o cadastro de

entrevistados; o cadastro de perguntas; o cadastro das respostas de cada

entrevistado; a análise das respostas para identificação de Ideias Centrais (IC);

categorias e ancoragens. Ao final da etapa de cadastros, houve a interação do analista

com o pesquisador para a validação dos cadastros de entrevistados, perguntas e

respostas; e das IC, categorias e ancoragens identificadas. Após validação desta

etapa, o analista prosseguiu com a composição e refinamento dos DSC de todos os

entrevistados. Por fim enviou os relatórios qualitativos (DSC) e quantitativos (gráficos)

de cada pergunta.

O produto da análise configurou-se, portanto, como RS de uma coletividade,

construídas por meio dos depoimentos dos oito participantes da pesquisa. Os

depoimentos foram analisados individualmente como respostas às perguntas

formuladas, dando significado a proposta da pesquisa. O material verbal resultante

das entrevistas foi organizado na seguinte ordem: Juntou-se as respostas da questão

um, de todos os entrevistados; em seguida juntou-se as respostas da questão dois, e

assim sucessivamente. O mesmo processo ocorreu para as demais questões.

De posse de todas as respostas para cada pergunta, o material verbal foi

analisado por meio de uma leitura aprofundada, para identificar em cada resposta, as

Expressões Chave (EC) associadas ao contexto pesquisado. Nas EC estão os trechos

da “conversa” que respondem de fato ao que foi perguntado, pois geralmente os

entrevistados divagam um pouco em suas falas, até chegarem a uma resposta que

aponta a essência da sua opinião a respeito do tema em questão. As repetições ou

discursos desvinculados da proposta foram deixados de lado (LEFÈVRE, 2017).

35

A técnica de análise consiste em identificar as IC semelhantes nas respostas,

e organizar esse material verbal como categorias, isto é, as EC são agrupadas de

acordo com as IC que representam.

A técnica do DSC permite incluir o mesmo participante representado em mais

de uma categoria de IC, já que ele pode apresentar mais de uma opinião a respeito

daquilo que está sendo comentado. Após a identificação das IC de mesmo significado,

foi o momento de separá-las em categorias A B C, etc. Na elaboração das IC o

pesquisador pode organizar o texto, somando as palavras dos diferentes

participantes, interagindo com ele, dando continuidade ao sentido no conjunto de EC.

Resumindo, a partir do agrupamento das EC, se obtém o DSC e ao mesmo tempo a

representação coletiva dos indivíduos da pesquisa (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2014;

LEFÈVRE, 2017).

A técnica de análise do DSC possibilita a apresentação de uma síntese,

elaborada com partes de diversos depoimentos reunidos em um só discurso. Ele é

construído na primeira pessoa do singular como se fosse verbalizado por apenas um

indivíduo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2006). É uma técnica que aliada à TRS cuja

abordagem é psicossocial, possibilita a compreensão da expressão de crenças e

valores que influenciam os comportamentos e atitudes das pessoas e, de alguma

forma, são determinantes da realidade praticada por elas (JODELET, 2001;

MOSCOVICI, 2010; MINAYO, 2014).

2.3.4 Aspectos éticos

Como parte integrante do projeto em andamento (APÊNDICE A) esta pesquisa

foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do UNASP (CAE nº

20774113.8.0000.5377) bem como pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Secretaria

Municipal da Saúde de São Paulo CEP/SMS (CAE nº 28905914.3.0000.5377)

apresentados nos ANEXOS B e C.

Foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (APÊNDICE E) no qual foram consideradas todas as recomendações da

Resolução 466/12, divulgada em junho de 2013 pelo Ministério da Saúde (MS) que

dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2013a). Na condução

desta pesquisa foram, ainda, respeitadas as diretrizes que constam na declaração de

Helsink (WORLD MEDICAL ASSOCIATION, 2013).

36

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Revisão da bibliografia fundamental

A revisão bibliográfica foi acessada nas principais bases de dados: Scientific

Eletronic Library Online - SciELO, United States National Library of Medicine at the

National Institutes of Health – PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde - BVS e WEB

SAÚDE. As referências foram associadas aos aspectos teóricos propostos para esta

pesquisa. São eles: 1) Aspectos psicossociais do processo saúde-doença na

hipertensão; 2) Educação em Saúde para favorecer o autocuidado; 3) “Oito Remédios

Naturais”: terapia complementar para Promoção da Saúde; 4) Oficinas de

Espiritualidade e Saúde como estratégia de Educação em Saúde.

3.1.1 Aspectos psicossociais do processo saúde-doença na hipertensão

Procurou-se compreender o processo de adoecimento e as práticas

preventivas com base na teoria construcionista na perspectiva da psicologia social.

Esta postura concebe uma visão mais integrada e compreensiva das ciências sociais.

Ultrapassa a fragmentação disciplinar específica para um processo contínuo e de

conhecimento globalizante, sendo o indivíduo o foco principal a dar sentido ao mundo.

Nesta visão, o ser humano é o produto e o produtor da realidade social (SPINK, 2013).

A Psicologia Social atua em um campo de complexidade entre o indivíduo e a

sociedade, requer diversificação de conhecimentos que se encontram em uma

variedade de disciplinas científicas. Estabelece relações com diversos ramos de

conhecimento, numa metodologia interdisciplinar, enriquecendo, ampliando e

entendendo os diferentes conceitos e métodos de diferentes áreas para uma melhor

conduta em relação às práticas com indivíduos. Exige a transformação interna em

cada uma das disciplinas por meio da interação, comunicação e colaboração

recíproca com o objetivo de obter um conhecimento integrado do ser humano

(JAPIASSU, 1976).

Por outro lado, Diwan (2015, p. 13, 15) menciona que a ciência aliada ao poder

eugênico pode “criar políticas preconceituosas” justificando a separação da sociedade

em classes sociais e “confinamento dos considerados doentes” devido as diferenças

biológicas, o que provoca desentendimentos e preconceitos. Refere, ainda, que “o

37

conhecimento científico se sobrepõe à experiência humana e que as relações sociais

determinadas pela história cumprem um papel secundário.

No Brasil a eugenia foi institucionalizada por meio de biólogos e médicos com

anuência de muitos intelectuais, formando relações e rede de poderes constituindo

assembleias e o desenvolvimento de políticas públicas as quais defendiam a reforma

da sociedade por meio da higiene pública (DIWAN, 2015, p. 77, 87-93, 119).

Spink (2013) parte da cognição social e sua complexidade para compor um

processo de construção mental direcionado à mudança social desse modelo

hegemônico. Deteve-se no estudo das RS, sendo elas tanto de conhecimento prático,

formado a partir das relações sociais, como uma referência que confere sentido a vida

por meio de palavras e da comunicação possibilitada por elas.

Japiassu (1976) propõe um olhar para a interdisciplinaridade levando em conta

a realidade concreta das ações humanas e da sua história (prospecto) e outro olhar

para as reflexões sobre essas ações (retrospecto). São dois níveis de realização

interdisciplinar que objetivam integrar todas as informações que dizem respeito ao

homem no mundo. Dois métodos que se complementam ampliando as perspectivas

de intervenção na realidade humana e social, não somente para adquirir o

conhecimento, mas para atuar com os conhecimentos adquiridos na prática.

Na ótica da Psicologia Social construcionista de Spink (2013), o conhecimento

adquirido, por ser a base da prática, transforma-se em um processo ativo por meio do

desenvolvimento do pensamento e das ações concretas dos indivíduos. A relação

dialética entre o ser humano e a sociedade é enfatizada, assim como entre

pensamento e atividade.

Para a compreensão do processo saúde-doença na perspectiva da Psicologia

Social construcionista, como uma metodologia transformadora da verdade absoluta

científica, Spink (2013) retrocede historicamente à base da psicologia da saúde, neste

caso, à psicologia tradicional, que tem como centro o indivíduo e sua doença, conduta

clínica voltada ao intraindividual. Este retrocesso refere-se às principais etapas da

Psicologia Social até a concepção de Spink (2013) sobre a Psicologia Social

construcionista, que trata da comunicação das práticas do senso comum dando

sentido ao cotidiano do indivíduo e ao mundo sob a luz da TRS.

A Psicologia Social apontada por Spink (2013) perpassa por outras disciplinas

e amplia o cenário para além do indivíduo. Incorpora o ambiente social, mas sem a

abrangência do seu sentido e com contínua visão intraindividual para explicar a

38

relação entre “sujeito-saúde-doença”, sendo a doença o ponto de desequilíbrio no

indivíduo. Nessa primeira vertente e sob a ótica psicanalítica, prevalece na medicina

psicossomática, entre os anos de 1930 e 1968, a explicação de que os conflitos

emocionais crônicos não resolvidos, geravam disfunções estruturais fisiológicas,

levando certo órgão do corpo à doença. Essa tese caiu por terra à medida que se

reconhecia as múltiplas faces da doença e a resposta emocional frente as influências

ambientais.

Ainda, de acordo com Spink (2013), outra teoria da personalidade no ano de

1930 de visão intraindividual, relacionava certas doenças a certos tipos de

personalidade. Seu foco era especialmente em dois tipos de doenças, o câncer e as

doenças cardíacas. O câncer, ligado às repressões emocionais e as doenças

cardíacas, vinculadas às características da vida contemporânea e urbana:

competitividade, hostilidade, pressões temporais, impaciência, necessidade de auto-

atualização, tensão muscular, etc.

Spink (2013) aponta que no ano de 1953 a segunda vertente voltou-se à esfera

psicossocial, neste caso, a responsável pela doença passou a ser a cadeia

multicausal, que inclui as conexões ou pontos em comum entre os fatores

estressantes no cotidiano do individuo e o surgimento da doença. Em 1981 surgem

as críticas sobre essa vertente e os avanços nos estudos para compreender o

processo do adoecer. Foi demonstrado que não é o fato em si que gera o estresse,

mas o significado que o Indivíduo dá a ele. Implicitamente, nesta vertente, surge a

disposição para a promoção da saúde e prevenção de doenças, o que engloba a

educação na saúde. Porém, essa disposição fica em segundo plano, centralizando a

importância “aos fatores objetivos do stress físico” esbarrando na exploração da

medicalização na saúde. Os estudos foram centralizados na compreensão e

prevenção dos comportamentos de riscos como o fumar, comer alimentos nocivos à

saúde e submeter-se a uma vida sedentária (SPINK, 2013, p. 46).

O construcionismo é a terceira vertente neste retrocesso histórico, suas

contribuições estão no nível da conscientização e não da educação formal. A doença

é vista como um fenômeno coletivo submetido aos ideais da sociedade, privilegiando

a ótica e perspectivas do paciente e não somente do médico. Em 1978 dá importância

aos “estudos sobre a relação entre o saber popular e o saber científico”, em 1989 a

ênfase recai nas pesquisas vinculadas às explicações sobre “saúde-doença na teoria

39

do senso comum” e em 1994 a ênfase é na “exploração da relação entre

representação da doença e comportamento” (SPINK, 2013, p. 47-48).

Na perspectiva construcionista, Spink (2013) salienta sobre dois polos de

conexão no estudo de Moscovici (2010) e centraliza-os na elaboração das RS como

proposta de conhecimento prático direcionando as ações do cotidiano. Um polo diz

respeito a transformação dos conteúdos imaginários/abstratos em concretos

(objetivação) e agrega novos elementos ao pensamento que se constrói na interação

com o ambiente (ancoragem), alicerçando a corrente discursiva. O outro polo

centraliza a linguagem como meio de criação da realidade social firmando a corrente

estruturalista. Essa conexão entre a corrente discursiva voltada à funcionalidade do

discurso e a corrente estruturalista voltada para a ressignificação da realidade social

e a construção cognitiva do senso comum, entrepõem a construção dos significados

sociais e mantem identidades coletivas (SPINK, 2013).

A conscientização, nesta perspectiva é um tornar visível o que está oculto,

enfatizando os aspectos criativos do pensamento individual. Sendo os pensamentos

privilegiados, abre-se espaço, em primeiro lugar, às representações do processo

saúde-doença como forma de orientar as ações. Segundo, pode-se dizer que uma

ação é influenciada pela busca de um sentido pessoal, que é atribuído aos

acontecimentos da sua vida. A terceira contribuição dessa vertente é a inserção da

psicologia nos serviços de saúde, as práticas que derrubam a postura clínica

tradicional para uma realidade compatível com a psicologia comunitária. Uma nova

forma de atuar por meio da “construção social do conhecimento sobre a saúde e

doença”. Sendo que os benefícios dessa atuação estão centrados na redução da

distância social, entendimento da visão de mundo de uma variedade de grupos sociais

e estímulo aos psicólogos para buscarem inovações equivalentes aos propósitos do

atendimento na APS (SPINK, 2013, p. 49-50).

Para Moscovici (2010) RS é o conhecimento construído por um grupo social

que se consolidou ao longo do tempo e formou a realidade social daquele grupo. Ela

capta o sentido do senso comum, atribui a ele uma ordem e percepções de forma a

reproduzi-lo com significado. Estão presentes nas relações estabelecidas no cotidiano

e circula por meio de palavras, gestos corporais, olhares, imagens, conceitos etc,

tornando familiar um objeto não conhecido. A formação da RS se desenvolve por meio

de dois mecanismos de natureza psicológica e social. Um deles é o processo de

ancoragem, no qual um objeto é classificado, nomeado, torna-se categorizado,

40

conhecido e comum ao indivíduo. O outro é a objetivação, que concretiza a

ancoragem, transforma algo que está na mente do indivíduo em algo concreto.

Segundo Jodelet (2005, p. 315, 321), “a representação é um guia para as ações

sociais”. Afirma que os sujeitos são agentes pensantes e comunicativos e que “por

meio da socialização, educação, trocas sociais e do compartilhamento de

experiências, vão construir sua identidade e sua realidade comum”.

Como citado no inicio deste subitem, a psicologia, inclusive a social, como

interventora no processo saúde-doença, tem uma conduta crítica não só em relação

a técnica praticada, mas na amplitude dos conhecimentos sobre a complexidade da

área da saúde pública e comunitária. O processo de questionamento na concepção

psicossocial perpassa variadas disciplinas, culturas, políticas e a própria história da

atenção em saúde, no sentido de absorver seus conhecimentos em prol da aplicação

de uma prática voltada à integralidade. Existem maneiras diversificadas para os

indivíduos manterem-se saudáveis ou até mesmo cuidar-se frente a um processo de

adoecimento. Entretanto, Spink (2010) chama a atenção para este vasto campo

saúde-doença com seus múltiplos aspectos e sobreposição de variados elementos da

realidade, por vezes, confuso, complicado, de difícil acesso, com todo seu

detalhamento e que estão presentes nos diferentes sujeitos sociais. Não se pode

simplificar este fenômeno, principalmente fragmentando as suas múltiplas faces em

direção à diferentes saberes com a ilusão de explicá-lo.

Para Spink (2010) a complexidade pressupõe visões ampliadas e direcionadas

à aceitação das realidades existentes, apresentadas no espaço social em que as

ações são realizadas. A conduta profissional da psicologia deve ser ampliada e

aprofundada contemplando intervenções diferenciadas e flexíveis; recursos culturais

nos vários contextos da saúde e do adoecimento; estudo dos registros e da literatura

histórica e local; utilização de ferramentas diversificadas e habilidade na comunicação.

As práticas profissionais da psicologia, na concepção de Spink (2013), se

apoiam nos aspectos temporais, são determinados pelo processo de socialização e

constituídas por meio da cultura. Esses tempos são internos e marcam diferentes

histórias, construção e compreensão dos significados e sentidos do fenômeno saúde-

doença e sua diversidade: 1- tempo histórico ou longo – se trata da circulação da

trajetória construída que se dá por meio da mídia, literatura e documentos. Assim, a

história sobrevive até o tempo presente e carrega consigo os significados culturais; 2-

o tempo vivido de experiências – é o crivo do que fica introjetado, aprendido e ou

41

enraizado pelos processos vivenciados e está relacionado a todas as fases de

socialização, seja primária, secundária ou pós-secundárias.

No contexto da fase primária acontece a construção do caráter, a interiorização

da linguagem, normas, regras, valores, crenças, modos de pensar, moral, modelos de

práticas comportamentais e heranças culturais do grupo inserido. A fase secundária

se dá quando um indivíduo socializado inicia um processo de aperfeiçoamento, ou

seja, interage com grupos fora de seu espaço social, escola, amigos, trabalho, outras

culturas, enfim, nesta fase as expectativas do meio social são introduzidas por meio

das interações interpessoais; 3- tempo do aqui e agora – é definido pelas experiências

discursivas e interativas, quanto mais apreciado o tempo presente da interação, mais

encarará e vivenciará a diversidade e a criação social (SPINK, 2013).

Spink (2013, p. 260-275) faz referência a um estudo sobre hipertensão arterial

que ilustra o processo da RS nas questões temporais, na consciência coletiva e nos

fatores psicossociais do processo saúde-doença. Seu objetivo foi entender como as

representações orientam e dão sentido às práticas de um médico (pesquisado) que

efetua a prescrição do tratamento para pacientes portadores de hipertensão e a ação

do paciente que adere ou não ao tratamento. Os resultados mostram que a divisão do

tempo possibilita o entendimento da construção histórica e seu significado no

processo de tratamento e interação médico-paciente. Primeiro a repercussão do

passado (tempo longo), segundo as práticas médicas comuns no tratamento da

hipertensão (tempo curto) e terceiro as soluções encontradas no cotidiano da clínica

(tempo aqui e agora).

No caso da repercussão histórica, a representação social da hipertensão na

concepção do médico está centrada na ideia de uma doença, um problema sério, que

nem sempre apresenta sintomas, não tem cura e que está sob a responsabilidade da

saúde pública. É representada como uma doença sem causa definida, portanto,

atribuída à psicossomática, personalidade e causas associadas ao estresse da vida

urbana. Para o médico, seu controle depende da boa vontade do paciente. Aponta

fatores individuais e predisposição familiar na incidência da hipertensão entre os

negros, associando à complexidade dos mecanismos da hipertensão, como por

exemplo, os fatores socioeconômicos (FIGURA 1).

42

Figura 1 – Representações sociais de hipertensão

Fonte: Spink, 2013, p. 267

O discurso médico envolve as práticas contendo duas questões da medicina, o

saber tratar a hipertensão com medicamentos, mas não saber dar atenção às

manifestações psicológicas, evidenciando as RS da hipertensão como estruturas

cognitivas/afetivas e ambientais (FIGURA 2).

Figura 2 – A Medicina face à hipertensão

Fonte: SPINK, 2013, p. 270

Spink (2013) considera as soluções particulares na experiência clínica do

médico, na qual se vê a contraposição com o aprendido na universidade, levando em

consideração os aspectos psicossociais, o emprego da criatividade, o afeto e uma

conduta correta na prescrição do medicamento, o que significa que controla os efeitos

43

colaterais e adequa a prescrição as condições econômicas do indivíduo (motivos da

não aderência ao tratamento) (FIGURA 3).

Figura 3 – A prática cotidiana

Fonte: SPINK, 2013, p. 272

Essa relação médico-paciente demonstra a criação de um vínculo de confiança

que traz à tona informações sobre a arquitetura relacionada a causa da hipertensão,

bem como, um caminho às explicações para conscientizar sobre a cooperação com o

tratamento, visando minimizar os riscos, controlar a pressão e modificar o EV.

Spink (2013) analisa a pesquisa sob a perspectiva teórica construcionista e

enfatiza a complexidade da formação das RS, explica que por meio do contexto social,

das interações no cotidiano, da reconstrução científica e dos variados tempos da

história da hipertensão arterial se formam as teorias do senso comum.

3.1.2 Educação em Saúde para favorecer o autocuidado

A Educação em Saúde é um processo que utiliza um conjunto de práticas com

o objetivo de construir conhecimentos e promover a autonomia dos indivíduos para o

cuidado pessoal. É voltada à dialética entre profissionais e usuários do SUS, para o

desenvolvimento de debates entre população, gestores e trabalhadores com o

objetivo de potencializar o controle populacional e incentivar a gestão social da saúde

(BRASIL, 2013b). É também um serviço oferecido na ESF norteado pelos princípios

da integralidade, universalidade, equidade e autonomia para garantir o acesso da

população aos determinantes e condicionantes básicos, como o alimento, meio

44

ambiente, atividade física, bens e serviços e aos direitos dispostos na legislação

(BRASIL, 1990).

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), por exemplo, reforça o

papel de educador das práticas de saúde, uma vez que objetiva melhores condições

nutricionais, de alimento e saúde. Promove ações que envolvam alimentos saudáveis

e adequados, submete a área alimentar à vigilância, previne e cuida dos agravos

relacionados à alimentação e nutrição (BRASIL, 2013b).

Contudo, entende que sem possibilidade de controlar, vigiar e melhorar todos

os setores e indivíduos envolvidos na área alimentar e nutricional brasileira, a PNAN

propõe:

[…] investir em instrumentos e estratégias de comunicação e educação em saúde que apoiem os profissionais de saúde em seu papel de socialização do conhecimento e da informação, sobre alimentação e nutrição e de apoio aos indivíduos e coletividades na decisão por práticas promotoras da saúde (BRASIL, 2013b, p. 23).

Nessa direção, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) destacam-se como

uma conexão que favorece a educação em saúde. Eles são preparados para estar,

lado a lado, com a população registrada na ESF, atendendo as necessidades locais

com atividades de promoção da saúde e orientações quanto ao uso correto de

medicamentos, conscientização para o autocuidado e incentivo aos indivíduos, às

famílias, aos grupos sociais e à coletividade visando a integralidade de atenção

(BRASIL, 2013b).

A abordagem dialética, com abrangência nas relações construídas entre

indivíduos, dedica-se à complexidade, a especificidade e as diferenças que os

problemas sociais apresentam. No campo das ciências sociais e humanas, os

significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, representam a essência

do ser humano, aspectos que estão no lugar mais profundo da mente e que não se

quantifica. Os motivos pelos quais se faz algo, para si e em relação ao outro,

permeiam as relações entre os seres humanos dando significados subjetivos a eles

(DESLANDES et al., 2002).

As pessoas e grupos que convivem em uma dinâmica de interação social,

ocupam o lugar principal em estudos de pesquisa social. São personagens de uma

história que sob investigação desvelam “manifestações de intersubjetividades” e

interações pessoais que convergem na construção de novos conhecimentos. Nesse

45

campo de envolvimento respeitoso entre pesquisador e pesquisado se dá a

comunicação verbal e a compreensão das experiências de vida. No caso de

portadores de hipertensão, a exploração e o entendimento do que se quer, vinda da

própria pessoa, dão pistas ao pesquisador sobre os aspectos da doença, seu contexto

cultural, reflexos em sua vida cotidiana e as influências para viver um EV que promova

bem-estar e controle da hipertensão, sem equívocos e ilusões (DESLANDES et al.,

2002, p. 54).

Um estudo para verificar a compreensão de profissionais da área de saúde,

sobre as práticas de educação, realizado no Centro de Saúde do município de Antônio

Martins – RN, concluiu que as ações praticadas pela equipe se mostram principiantes,

carecendo de aprofundamento metodológico baseado em práticas participativas que

propiciem a construção de conhecimento e transformação da realidade vivida pelos

usuários, conforme o que preconiza o Ministério da Saúde (FIGUEIREDO et al., 2015).

Almeida (2014), relata o estudo fundamentado em uma visão dialética

relacionado com as doenças crônicas, realizado em uma ESF de Minas Gerais, cujo

objetivo foi analisar a prática de educação na saúde, a partir da percepção do usuário

sob estímulos de técnicas pedagógicas. Os resultados revelaram que houve

visibilidade às trocas de experiências, sobre o enfrentamento da doença crônica e

sobretudo às mudanças de EV favorecendo a autonomia para um cuidar de si mesmo.

O estudo de Friedrich, (s.d) cujo objetivo foi compreender as motivações para

o desenvolvimento e manutenção de ações grupais na Atenção Básica, na percepção

de usuários e profissionais, revela que algumas das motivações para aderirem às

práticas de atividades coletivas é o próprio grupo, que proporciona o encontro de

pessoas em um mesmo espaço e por meio dele, o estabelecimento das relações

interpessoais, a construção de saberes e o cuidado integral aos participantes. Os

resultados positivos foram relacionados às atividades grupais desenvolvidas e

impactantes para as condições clínicas, sociais e afetivas dos participantes.

A pesquisa de Freitas et al. (2015) na mesma linha de conhecimento, objetivou

identificar os motivos da adesão e permanência dos participantes de grupos de

Promoção de Saúde (PS) de uma ESF. Os resultados demonstram que ao aderirem

às atividades grupais, os indivíduos buscam melhores condições de saúde,

desempenho físico e melhora na autoestima. Quanto aos fatores destacados para a

permanência aos grupos foram: manter a saúde, receber atenção e incentivo do

professor e dos funcionários e por último, reduzir o nível de estresse.

46

Einloft et al. (2016) enfatizaram em um estudo de intervenção longitudinal e

comparativo, realizado com 212 portadores de HAS, cadastrados nas unidades da

ESF de um município de Minas Gerais, as influências das intervenções educativas

com foco na percepção de saúde e doença dos participantes. Nesse estudo, foram

realizados encontros uma vez por mês, durante 12 meses, e a atenção prioritária foi

dada para a educação nutricional praticada dialogicamente com os portadores de

hipertensão durante os doze meses de pesquisa. Os resultados demonstram que

houve melhoras nas avaliações clínicas, bioquímicas e antropométricas com

diferenças significativas. Os participantes reconheceram a importância da mudança

de hábitos para o controle da HAS.

Os portadores de HAS apresentam dificuldades para adotarem as mudanças

de hábitos necessárias para o controle e prevenção da doença. Dias et al. (2015)

apontam que as maiores dificuldades, citadas pelos próprios pacientes, estão ligadas

exatamente aos fatores que promoveriam a sua saúde: redução e/ou controle do peso

corporal; ingestão de dieta adequada incluindo verduras, frutas e legumes e a prática

sistemática de atividade física moderada. Ainda de acordo com Dias et al. (2015) as

mudanças de hábitos somadas a atividades de lazer e controle emocional fazem parte

do tratamento não farmacológico no controle da HAS. Ressaltam, ainda, que a

incorporação dessas práticas é necessária para a qualidade de vida, embora elas

estejam entre as principais dificuldades para a adoção de um EVS.

No estudo avaliação de hábitos de vida saudáveis em pacientes atendidos em

um ambulatório de nutrição Rigodanzo et al. (2015) mencionam sobre a dificuldade

dos pacientes em adotar as orientações recebidas no aconselhamento oferecido por

profissionais da saúde e indicam que a inatividade física e a utilização de frituras uma

vez por semana são os hábitos mais arraigados.

Por outro lado, Figueiredo et al. (2015) citam o aparecimento de um modo de

vida alienante e potencialmente nocivo ao aparecimento de doenças crônicas, surgida

da relação estabelecida entre a sociedade capitalista contemporânea e indivíduos,

onde a prescrição de produtos e serviços sujeita os indivíduos a uma postura não

crítica, dominante e de exploração, de uma forma que a realização de ações

vinculadas à um EVS é relegado a segundo plano.

Seguindo essa linha de pensamento, Lefèvre e Lefèvre (2015) afirmam que a

sociedade é regida por princípios baseados na produção de uma infinidade de

mercadorias e serviços, consumidos por uma gama cada vez mais alta de indivíduos.

47

Tanto a saúde como a doença, são vistas pelas pessoas, como objetivos de consumo,

portanto, comportam-se como consumidores. Assim, como consomem objetos de

vestimentas e locomoção, pensam que devem consumir medicamentos, consultas

médicas, cirurgias, etc. O pensamento de consumo desenfreado e descontrolado do

indivíduo pode mudar se as doenças forem vistas como consequências de erros,

desequilíbrios, injustiças, escolhas erradas, etc. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2015, p. 40-

41).

Para Sevalho (2018, p. 177-184) o conjunto das práticas criadas na saúde

coletiva, quando se destaca a “complexidade do jogo político” há um enfraquecimento

do pensamento crítico relacionado aos direitos básicos da sociedade, enaltecendo o

sistema capitalista que não atinge o objetivo da justiça e da igualdade social.

O movimento da educação popular em saúde nos anos setenta, foi influenciado

por Paulo Freire (1977; 1978; 1996), que propunha a transformação social com

percepções críticas sobre a vulnerabilidade social. Ou seja, transformação de uma

população oprimida, sem liberdade e nem direito a autonomia. Porém, o que

prevaleceu foi a educação em saúde tradicional, cujas ideias e práticas são

subordinadas às ciências biomédicas de caráter autoritário e conservador. Mesmo

com um legado interno freireano de humanização em educação na saúde, a saúde

coletiva brasileira segue, de lá para cá, os passos da educação neoliberal, com

modelos “limitados e limitantes de educação preventiva” (SEVALHO, 2018, 182-184).

Para se contrapor a essa condição de vulnerabilidade, traz-se o conceito de

autonomia de Paulo Freire (1996), que é constituída a partir de uma educação

libertadora, cujo foco é o diálogo crítico que problematiza e constrói novos saberes,

na interação entre memória e história vivida uns dos outros. Trata-se de provocar uma

interação e o compartilhamento de ideias diferentes, porém imbuídas no mesmo

objetivo. Nesse encontro há a construção de um ser que cresce em si mesmo e em

relação a um outro.

Por outro lado, um ser oprimido, que reconhece sua dependência e entra em

contato com suas próprias fragilidades e vulnerabilidades, se torna capaz de assumi-

las para enfrentar os determinantes sociais, em suas lógicas hegemônicas. Uma vez

conscientes de quem são, tornam-se seres humanizados e representam relações de

consciência, das quais não se trata de ignorantes ou sábios, mas da interação de

homens que se reconhecem como tais e buscam o saber e o fazer constantes

(FREITAS et al., 2013; SEVALHO, 2018).

48

Braga, Fiuza e Remoaldo (2017, p. 375, 388) estudaram os diferentes pontos

de vista para o termo “modo de vida” considerando as traduções da língua inglesa e

francesa para o português, constataram que embora tenham equivalências, existe

ambiguidades e imprecisões. Para as Ciências Sociais o termo “modo de vida”

expressa os processos de mudanças pelas quais as sociedades tradicionais passam.

Já os termos em inglês “way of life” ou “mode of life”; e em francês “mode de vie”,

associam-se às ideias e práticas coletivas e às condições de vida determinadas e

condicionadas pela sociedade. Refutam a ideia de que o termo “modo de vida” e “estilo

de vida” sejam sinônimos. O EV, reflete a subjetividade dos indivíduos no coletivo,

abrangendo os hábitos, conhecimentos, valores e práticas sociais expressos por cada

pessoa. Perspectiva que circula, também, no meio da saúde.

O EV é definido no DeCS como “modo de viver que caracteriza um indivíduo

ou grupo”, está relacionado com comportamento saudável que significa “proteger,

manter e promover o próprio estado de saúde” que é influenciado por fatores

socioeconômicos, educacionais e culturais. O EV abrange cuidados que influenciam

o estado de saúde, tais como: dieta e exercícios físicos (BIBLIOTECA VIRTUAL EM

SAÚDE/DeCS, 2018).

Silva et al. (2011, p. 150) consideram que ter um bom EV corresponde ao

indivíduo estar “ativo socioespiritualmente”, ter autonomia, independência e saúde

física, ter uma vida que faz sentido e ter papéis definidos, sentir-se pertencendo e

acolhido, ter laços afetivos nos relacionamentos e direcionar sua vida com elevada

autoestima.

Em uma concepção mais abrangente, Costa et al. (2011) relacionam EV a uma

transformação na maneira de pensar da população como um todo e consideram que

cabe aos profissionais de saúde a promoção de processos participativos, envolvendo

governo e instituições públicas e privadas no sentido de ampliar as resoluções e a

capacidade de decisão frente à complexidade que envolve os problemas de saúde.

Gois et al. (2016) apontam que o EV das pessoas portadoras de riscos

cardiovasculares foi gradualmente sendo modificado, considerando questões

subjetivas como: processo de amadurecimento psicológico, responsabilizar-se pelo

tratamento, tornar-se autor das próprias decisões; tomada de decisão baseada nos

valores e preferências pessoais; adoção de mecanismos voltados para mudanças de

pensamento; convívio familiar como propulsor para o autocuidado; percepção dos

sintomas físicos e consciência dos medos e limites de finitude; crenças religiosas

49

reconhecidas como primordiais; superação de influências negativas de pessoas

afetivamente próximas foi favorável para as mudanças. Outros aspectos relacionados

as mudanças como perda de peso; redução de glicemia, colesterol e estresse;

melhora no sono e na autoestima e aumento na disposição, também foram

reconhecidos.

3.1.3. “Oito Remédios Naturais”: terapia complementar para Promoção da Saúde

O tratamento não medicamentoso (TNM), para a prevenção e controle da

hipertensão, segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),

consiste em reduzir o peso corporal e adotar medidas nutricionais, como: assumir um

padrão alimentar saudável e sustentável; reduzir o consumo diário de sal para 2g;

incluir os alimentos a base de ômega 3 (ácidos graxos insaturados), ricos em fibras,

oleaginosas, vitamina D, alho, verduras e frutas; evitar gordura saturada; incluir

atividade física ou exercício físico aeróbico ou estruturado, cinco dias por semana;

abandonar o tabagismo e a ingestão de álcool; controlar o estresse e tratar a apneia

obstrutiva do sono (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016, p. 30-32).

Na população negra portadora de HAS há uma situação especial para seu

tratamento. “Respondem menos à monoterapia com betabloqueadores, Inibidores da

Enzima Conversora da Angiotensina (IECA) e aos demais medicamentos. Terapias

não medicamentosas apresentam melhores resultados” (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIA, 2010, p. 52). Vale destacar que, a despeito dessa afirmação, a

SBC atribui valor às alternativas de tratamento não medicamentoso, para o

desenvolvimento de programas de controle da hipertensão arterial entre a população

afrodescendente.

Em um Estudo de Caso conduzido por Vargas e Cardoso (2016), na cidade de

São Luiz – MA com a população negra, portadores de HAS, despertou o interesse dos

integrantes do Núcleo de Extensão e Pesquisa com Populações e Comunidades

Rurais, Negras Quilombolas e Indígenas (NuRuNI) no sentido de estudar sobre a

saúde dessa população no Brasil e no Maranhão. Este relato foi encaminhado para o

estado de São Paulo, conforme nota técnica ao Centro de Vigilância Sanitária (CVS),

alertando às autoridades e operadores do SUS sobre pontos relevantes, como: os

afrodescendentes tem quadros mais graves e de maior resistência aos protocolos

terapêuticos em uso; eles não respondem bem aos medicamentos que são utilizadas

50

para os demais casos; na lista de medicamentos da Atenção Básica não existem

remédios específicos para essa população. Entretanto, a Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo (SES SP) desde 2006 tem protocolo terapêutico específico para

essa população. Os autores consideraram, ainda, que a pesquisa apontou os

obstáculos a serem superados e favoreceu às reflexões das autoridades públicas da

saúde em geral com a repercussão que causou no estado de São Paulo.

O surgimento de uma proposta de EVS, remonta os anos de 1830. Sylvester

Graham1 citado por Shryock (1931) foi considerado o pioneiro a difundir a ideia que

associava a saúde com os hábitos saudáveis. Aponta seis hábitos, tais como:

alimentação equilibrada, preferir verduras, frutas, pão integral, mastigação dos

alimentos e evitar carnes; peixes, gorduras, condimentos e bebidas a base de cafeína.

Enfatizava ainda, a importância do sono e repouso adequados; atividade física

sistemática; exposição ao ar livre; ingestão de água pura e por último, abstinência dos

excessos.

Segundo Wheeler (1989), White denominou originalmente estes elementos

como “remédios da natureza” e a medida que o seu uso foi se consolidando como

hábitos saudáveis e como prevenção e tratamento de doenças, esses elementos

naturais passaram a compor um EVS e a serem denominados de ORN.

Para White (2007, p. 127) “os verdadeiros remédios são: ar puro, luz solar,

abstinência, repouso, exercício, dieta adequada, o uso de água e confiança no poder

divino. Aqueles que os utilizam com rigor serão recompensados na saúde do corpo e

da mente”.

Segundo White (2007), todas as pessoas deveriam conhecer os meios

terapêuticos naturais e compreender os princípios que envolvem as formas de

tratamento, ou seja, como o doente deve utilizá-los. O processo de cura é uma

construção gradual e requer abandono de agentes nocivos ao organismo. A mesma

autora diz ainda que “bem pouca é a atenção dada em geral a conservação da saúde”

(WHITE, 2007, p.127-129).

Abdala et al. (2015, p.17-52) propõem a utilização dos ORN em programas

educativos operacionalizados por meio das OES (ANEXO A) e apresentam

sinteticamente o significado para cada remédio natural e seus respectivos benefícios:

1 Um dos precursores da alimentação vegetariana. Criou alguns remédios à base de vegetais para combater o alcoolismo.

Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Sylvester_Graham

51

Ar puro - inspirar um ar com maior teor de oxigênio e livre de poluentes. Uma boa

respiração acalma os nervos, estimula o apetite, promove uma digestão adequada e

conduz a um sono profundo e tranquilo; Luz solar - exposição adequada à luz natural

que auxilia as funções biológicas cerebrais e autorregulação corporal. Influência na

produção de hormônios, auxilia no metabolismo da vitamina D, melhora o humor e

combate a depressão; Temperança ou abstinência - evitar o que prejudica a saúde

e utilizar o que é saudável e nutritivo; Sono e repouso - dormir e descansar de forma

equilibrada. A privação total ou parcial do sono pode causar diversas alterações

endócrinas, metabólicas, físicas, cognitivas, neurais e modificações na arquitetura do

sono; Atividade física - exercícios planejados, estruturados e sistemáticos, como por

exemplo: caminhada, corrida, bicicleta, natação, entre outros esportes que fazem suar

e elevar os batimentos cardíacos; Alimentação - nutritiva e saudável, acessível e de

baixo custo, abundância na variedade e cores, preparação simples sem condimentos

industrializados, harmonia entre a quantidade e qualidade; Água - o líquido mais

perfeito para limpar internamente os tecidos do organismo. O uso externo regula a

circulação do sangue, o banho frio ou fresco tonifica o corpo, o banho quente abre os

poros, auxilia na eliminação das impurezas, acalma os nervos e equilibra a circulação;

Confiança em Deus - fé em um Ser supremo ou sagrado. A

Religiosidade/Espiritualidade tem sido associada com melhor saúde física, mental e

para a qualidade de vida (QV).

Abdala et al. (2018), apresenta um instrumento de pesquisa cujo conteúdo foi

analisado e apresentou evidências de validade de conteúdo, para avaliar a adesão a

hábitos saudáveis correspondentes à proposta de Ellen White para um EVS. O

instrumento denominado “Questionário Oito Remédios Naturais” (Q8RN) foi

desenvolvido para aplicação em adultos e adolescentes e envolve 22 itens e oito

domínios representados por Nutrição, Exercício, Água, Luz solar, Temperança, Ar

puro, Sono/Descanso e Confiança em Deus.

Outras pesquisas, citadas a seguir, associam alguns destes “remédios

naturais” como benéficos e complementares ao tratamento de doenças crônicas.

Ar puro

O estudo de Prince (2017) revela que desde os fins do século XIX, há o

reconhecimento da classe médica e pesquisadores sobre a influência do clima na

saúde das pessoas. Com elevado número de mortes devido a proliferação da bactéria

mycobacterium tuberculosis, causando a tuberculose, um dos itens do protocolo de

52

tratamento e cura da doença estava vinculado ao isolamento dos doentes em

Estâncias Climáticas, ou seja, o doente era afastado das áreas de infestação e

mantido em regime de internato em estações climáticas, onde seria tratado,

juntamente com outros elementos da natureza, como repouso e boa alimentação.

A cidade de Campos do Jordão sempre foi considerada ideal para o tratamento

das doenças de trato respiratório, uma delas é a tuberculose, por ser uma região de

altitude, 1600 metros acima do nível do mar, portanto, região de clima frio, pode

chegar a temperaturas de até 16º C abaixo de zero. Além das condições climáticas

possui alto teor de ozônio atmosférico, camada de ozônio, protetora de raios

ultravioleta. Por essas condições Campos do Jordão é considerada a “Região de

Saúde”, havendo outras regiões que também são próprias para o restabelecimento da

saúde respiratória, por ter o clima favorável são consideradas estâncias climáticas,

como Teresópolis, Friburgo, Petrópolis, Pindamonhangaba, etc (PRINCE, 2017, p.

72).

Para evidenciar este elemento da natureza, Sinharay et al. (2018), recrutaram

para um estudo do tipo randomizado e cruzado, 40 homens e mulheres com idade de

60 anos ou mais, com doença cardíaca isquêmica estável, da clínica de cardiologia

respiratória e ambulatorial no Royal Brompton & Harefield NHS Foundation Trust; e,

40 voluntários saudáveis recrutados por publicidade e de bancos de dados existentes.

O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos sobre as respostas respiratórias e

cardiovasculares de andar em uma rua movimentada com altos níveis de poluição em

comparação com a caminhada em uma área livre de trânsito com níveis mais baixos

de poluição em adultos mais velhos.

No estudo de Sinharay et al. (2018) se evidenciou que em casos de

caminhadas longas em ritmo normal com exposição à poluição, há comprovação de

declínio na taxa da função pulmonar, principalmente nos indivíduos mais velhos e com

doença pulmonar obstrutiva crônica. Com tempo reduzido de exposição à poluição,

não há os benefícios dos efeitos cardiopulmonares da caminhada em pessoas com

doença pulmonar obstrutiva crônica, com doença cardíaca isquêmica e nem em

pessoas saudáveis. Por outro lado, com tempo reduzido de caminhada e exposição a

níveis mais elevados de poluição, as evidências mostram aumento das taxas de

mortes por doença cardíaca isquêmica e exacerbação da doença pulmonar obstrutiva

crônica. Foi aconselhado que as pessoas evitem a caminhada em lugares com altos

níveis de agentes poluentes e que as políticas públicas controlem os níveis ambientais

53

de poluição do ar em lugares com grande movimento para conter os efeitos

indesejáveis. As atividades aeróbicas devem ser realizadas em áreas verdes e longe

do tráfego intenso e com nível alto de agentes de poluentes ambientais (SINHARAY

et al., 2018).

Luz solar

A luz solar se destaca entre os remédios naturais pelo poder que tem na

elaboração da vitamina D, por meio da sua produção na pele quando exposta aos

raios solares. Ela fixa o cálcio e estimula o sistema imunológico afastando o risco de

desenvolver alguns tipos de câncer. Em casos de atraso de crescimento, raquitismo,

anemias, tuberculose dos ossos e das articulações, focos infecciosos, problemas

nervosos, etc, os raios infravermelhos e ultravioleta se fazem necessários nas

aplicações e cura dessas enfermidades. Outros benefícios dos raios solares estão

presentes no processo de nutrição, na digestão e na ativação do metabolismo no

sentido de revigorar as energias vitais, atuar nas defesas orgânicas e no sistema

nervoso (VAZ, 2014).

Outro estudo comprova a potência da vitamina D no equilíbrio do sistema

imunológico e metabolismo do fosfocálcico. Ela pode ser ativada na pele por meio da

exposição à luz solar. Após a ativação da vitamina D na pele, depois da exposição

aos raios ultravioletas, ocorre a interação com a expressão de receptores (VDR)

presente no interior das células beneficiado com ações biológicas. A deficiência dessa

ação no organismo e baixos níveis séricos de vitamina D foi a causadora das doenças

esclerose múltipla (EM) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) na população

portuguesa. Segundo estudo a insuficiência desta vitamina afeta entre 60% a 95%

desta população, é provável que não se expõem à luz solar o tempo de 10 a 15

minutos ao dia (BETTENCOURT et al., 2018).

Temperança

Vaz (2014, p. 25) refere-se ao mundo moderno como influenciador dos

excessos, como alimentos industriais, bebidas alcoólicas e refrigerantes, cigarros,

conservantes, gordura animal, açúcar, drogas, etc. Por meio dos excessos as pessoas

transformaram-se em “compulsivas e deformadas no pensar, agir, no vestir e na

maneira de influenciar outros iniciantes à prática irracional de viver”. Elege a

abstinência como essencial para a vida, “abster-se do orgulho, da avareza, da solidão,

da individualidade, do ódio e do rancor”. Diz que a abstinência, embora quase extinta

da vida diária, pode transformar a vida humana em uma vida melhor e de qualidade.

54

No dicionário Aurélio online (FERREIRA, 2018) é atribuído à temperança o

significado de:

[…] o hábito de moderar os apetites sensuais, os desejos, as paixões; sobriedade no comer e no beber; comedimento, moderação; economia, parcimônia, modéstia; por sociedade de temperança, entende, associação que tem por fim combater o uso das bebidas alcoólicas.

No novo dicionário Aurélio o significado se apresenta como “qualidade ou

virtude de quem é moderado, ou de quem modera apetites e paixões; sobriedade,

moderação, comedimento, temperamento, economia e parcimônia” (FERREIRA,

1975, p. 1363)

Já no dicionário informal de sinônimos online temperança significa “moderar a

atração dos prazeres, assegurar o domínio da vontade sobre os instintos e

proporcionar o equilíbrio no uso dos bens criados”.

A temperança é considerada por White (2005) como equilíbrio, dar limites para

todos os prazeres da vida, é o domínio das vontades sobre a impulsividade de ir além

do necessário. A escritora cita nos seus escritos sobre o apetite, o álcool, o fumo, a

poluição, o desperdício do dinheiro, estimulantes narcóticos, cafeína e os efeitos

psicológicos da intoxicação dos excessos e abusos.

White (2008) descreve que o médico deve ser um educador, sobretudo, deve

orientar e esclarecer a todos a quem tem acesso, no sentido de a mente deste estar

preparada para prevenir a doença, o sofrimento, propensões e mortes prematuras.

Nesse sentido, os registros das evidências relacionadas ao papel da

espiritualidade na saúde e o bem-estar dos doentes. Saltam aos olhos dos médicos,

que estão a favor, aperfeiçoar a maneira de como lidam com os cuidados de seus

pacientes e como devem tornar possível o alívio e conforto deles durante o tratamento

(OLIVEIRA et al., 2013).

A investigação dos problemas do sono apresentados por 37 idosos (71,2%)

pode se referir ao alto consumo de produtos cafeinados que “interfere na capacidade

de conciliar ou manter o sono”, demonstrado no estudo de Clares (2012, p.57).

Repouso/sono

Uma das necessidades básicas na vida de uma pessoa é o sono. Para chamar

a atenção a este elemento significativo na vida da população, com doença crônica ou

saudável, este item da pesquisa inicia com trechos do artigo de um jurista do Ministério

55

do Trabalho em defesa da segurança de motoristas nas estradas, devido a retirada

das horas de descanso aos mesmos:

[…] o viés mais nocivo dessa regra se dá sobre a saúde do motorista profissional. […] O ser humano possui necessidades fisiológicas básicas que não podem ser ignoradas por lei alguma, não foi por outra razão que o debate que levou à edição da Lei n. 12.619/2012 teve como causa eficiente o fato, devidamente comprovado pelo Ministério Público do Trabalho, de que os motoristas brasileiros tinham que lançar mão do uso de drogas em larga escala para que pudessem suportar as longas jornadas de trabalho deles exigidas (MORAES, 2015, p.53).

Silva e Braz (2017) discorrem sobre a jornada de trabalho que são exigidas dos

caminhoneiros, de forma ilícita. As respostas dos motoristas a essa cobrança são: não

dormir o suficiente para o descanso do corpo e mente; utilizar drogas para driblar uma

imposição do próprio organismo; não dar o movimento ao corpo por meio de

atividades físicas, desencadeando o sedentarismo e por fim, atingir a obesidade.

[…] O que a indeterminação da jornada impõe é a insana exigência de que o motorista aja de modo contrário às condicionantes do seu próprio corpo, exige que o trabalhador permaneça acordado quando o corpo pede o sono e que durma quando não há sono (MORAES, 2015, p. 65).

Segundo Silva e Braz (2017) o EV dos motoristas de estrada, está totalmente

prejudicado devido às consequências da privação do sono, má alimentação, estresse

e outros fatores acarretados pela rotina de trabalho.

O sono influencia na qualidade de vida do idoso, o estudo de Clares (2012)

revela que com o passar do tempo e o envelhecimento a qualidade do sono se

modifica chegando a prejudicar a vida dos idosos devido a privação e perturbações

do sono. Indicou, ainda, que 51,9% dos indivíduos estudados apresentaram algum

tipo de problema com o sono e repouso e que as causas mais citadas se relacionam

com as doenças crônicas como: a hipertensão arterial, 48,1%; osteoporose, 34,2%;

alcoolismo, 21,2%; diabetes, 19,2%; gastrite, 15,4% e incontinência urinária, 15,3%.

Por outro lado, os principais problemas relacionados à necessidade de dormir foram

o dormir menos de 4 horas por noite (84,6%); sonolência diurna (71,2%); despertares

noturnos frequentes (71,2%); não possuir um ambiente calmo para dormir (23,1%) e

o uso de medicação para dormir (21,2%) (CLARES, 2012).

56

Exercício físico

Bocalini et al. (2008) argumentam que um programa de exercício físico melhora

a aptidão e a capacidade funcional para atividades diárias promovendo independência

e bem-estar psicossocial e melhorando a QV em pacientes com insuficiência cardíaca

de diferentes etiologias, sugerindo a inclusão de atividades físicas como parte do

plano de tratamento.

White escreve que o exercício físico bem orientado é um remédio eficaz, e que

em alguns casos, ele é indispensável à restauração da saúde (WHITE, 2007, p. 239).

Nessa direção, Dias et al. (2015) reforçam que prática da atividade física e

atividades de lazer fazem parte do tratamento não farmacológico e quando adotadas

pelos portadores de hipertensão, melhoram a QV e contribuem para um melhor

controle da PA.

Alimentação

Os princípios da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) estão

relacionados com os direitos à saúde, tendo a alimentação como elemento de

humanização das práticas de saúde, e a segurança alimentar e nutricional com

soberania (BRASIL, 2013c, p. 22-24).

Além disso, a PNAN é regida por ações que devem ser “capazes de modificar

os determinantes de saúde e promover a saúde da população” (BRASIL, 2013c, p.

25), sendo assim, algumas ações são realizadas por meio de pesquisas, objetivando

esclarecer pontos a serem melhorados, relacionados a saúde populacional e sua

complexidade.

A alimentação desprovida de nutrientes aliado ao sedentarismo,

gradativamente geram riscos à saúde levando ao desenvolvimento de doenças

crônicas, entre as quais se destaca a HAS, que assola cada vez mais as populações

do mundo todo, em idades variadas (PINTO; SILVA, 2015).

Água

Costa et al. (2017) relatam que os exercícios aquáticos aeróbicos para

indivíduos acima de 50 anos e portadores de hipertensão promovem, dentre outros

benefícios, a redução da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e tem sido

utilizado para a prevenção da hipertensão. Os resultados encontrados demonstram

uma diminuição aproximada de 12mmHg na PAS e 5mmHg na PAD, ainda reduziu a

frequência cardíaca.

57

Guimarães et al. (2013) preocupados com os casos clínicos ambulatoriais, de

riscos com doenças cardiovasculares em consequência da pressão arterial (PA)

elevada, demonstram pesquisa realizada com pacientes portadores de hipertensão

em piscina com água aquecida. O estudo foi realizado considerando que a atividade

física regular controla a HAS, a partir desse dado, o estudo foi realizado com 16

pacientes com idade entre 50 e 61 anos, acrescentando a água aos exercícios físicos,

em piscina aquecida, pelo tempo de 60 minutos, três vezes por semana, com

monitoramento ambulatorial 24 horas. O período de estudo durou duas semanas. Os

resultados demonstram que após treinamento, a PA sistólica e diastólica foi reduzida

significativamente. Concluíram que exercícios realizados na água aquecida não só

reduzem a PA diurna e noturna, em 24 horas, como a carga cardiovascular da PA,

tanto de dia quanto de noite foi reduzida e pode ser uma nova abordagem terapêutica

com pacientes portadores de hipertensão.

Complementando, em uma revisão de literatura, Arca et al. (2012), citam que

modificações fisiológicas ocorrem no sistema cardiovascular, renal, hormonal,

musculoesquelético e nervoso central, durante a imersão parcial de pessoas com

hipertensão, em estado de repouso com água ao nível tóraco-cervical em piscina

aquecida. Essa medida terapêutica pode ser adotada como controle da HAS. Tanto

em uma pesquisa como na outra, houve o cuidado de sugerir novas investigações

antes de serem disponibilizadas como terapêutica aos portadores de hipertensão.

Outra pesquisa apresentou o caso de um Centro de Balneoterapia, onde se

aplica água mineral com enxofre. O estudo consistiu no tratamento, de 53 indivíduos

portadores de hipertensão e não portadores, com água e enxofre para verificar se a

aplicação dessa mistura resultava na redução da PA. A duração do tratamento foi de

10 dias. O resultado da medição clínica foi favorável a diminuição da PA, sendo a PA

sistólica de 133,0 ± 13,9 mm Hg antes das aplicações e no final do estudo, redução

para 126,5 ± 12,3 mm Hg; a diastólica de 78,5 ± 7,8 mm Hg antes, para 75,9 ± 6,5

mm Hg no final do estudo. Confirmando que a redução da PA automonitorada, após

o tratamento foi de 2,3 mm Hg, menor do que a PA inicial, antes do tratamento

(P=0,008) (MARTÍNEZ GUILLAMÓN et al., 2013).

Martínez Guillamón (2018) publicou o estudo “La balneoterapia y su influencia

sobre la Presion Arterial”, cujo objetivo foi analisar se o tratamento com água mineral

sulfuradas por via tópica em balneoterapia se correlacionam com mudanças na PA. O

resultado foi comprovado, a estadia de portadores de hipertensão em um balneário

58

de águas sulfuradas seguindo um tratamento por 10 dias, está relacionado com a

redução da pressão arterial, principalmente para redução da PA sistólica.

Confiança em Deus

Koenig (2012), quando faz a relação entre R/E e saúde física, relata que

estudos que abordam à hipertensão indicam que pessoas mais religiosas tendem a

apresentar uma PA significativamente mais baixa do que os portadores de hipertensão

não religiosos. Como conclusão de sua pesquisa, descreve que em todos os trabalhos

incluídos na revisão foram relatados que há necessidade de integrar a espiritualidade

ao cuidado ao paciente.

Koenig é um autor que se destaca pela qualidade e quantidade de estudos

sobre R/E. Seus estudos demonstram comportamentos positivos de pessoas que sob

influência da confiança em um ser supremo e superior, melhoram sua saúde. Aborda,

também, as influências de crenças e práticas religiosas que podem interferir em

tratamentos psiquiátricos, por exemplo. Na pesquisa de revisão sistemática realizada

entre os anos de 1872 e 2010, Koenig (2012) enfatiza as ligações entre a R/E e os

cuidados com o corpo. Entre os estudos analisados, 121 relatam que a abstinência de

fumo de cigarro reduz o risco de hipertensão entre outras doenças; 25 dizem respeito

ao valor do exercício físico; 21 relatam que a adesão a uma dieta saudável e o baixo

consumo de alimentos processados, gordurosos e lanches reduzem o nível de

colesterol no sangue.

3.1.4 Oficina de Espiritualidade e Saúde como estratégia de Educação em Saúde

O estudo de Souza et al. (2014), aponta grande número de pacientes que

utilizavam medicamentos anti-hipertensivos e mesmo assim não tinham a pressão

arterial controlada. O maior desafio e preocupação dos profissionais das unidades de

saúde, que atuam no HiperDia, é alcançar os usuários portadores de hipertensão e

fazer o acompanhamento dos níveis pressóricos. São vários os fatores relatados para

a não adesão ao tratamento, mesmo sabendo dos riscos à saúde e tendo

conhecimento sobre a importância de adotar ações continuas que privilegiam a saúde.

Abdala et al. (2015) propõem como técnica de educação em saúde as OES.

Trata-se de uma intervenção educativa que estimula a prática de hábitos saudáveis

relacionados aos ORN, os quais podem se sobrepor às crenças e comportamentos

59

disfuncionais existentes, despertando as motivações intrínsecas que podem levar o

indivíduo a reconhecê-las como eficazes para adoção de um estilo de vida saudável.

Sobre a motivação, Imaginário et al. (2014, p. 93), Ryan e Deci (2000) e

Guimarães e Bzuneck (2002) definem como “fator interno que dirige e integra o

comportamento de um indivíduo”. Classificam-na em dois tipos: intrínseca e

extrínseca. A intrínseca é determinada pela satisfação das necessidades psicológicas

básicas de autodeterminação e uma tendência natural para buscar novidade/desafios

e exercitar as próprias capacidades. A extrínseca se caracteriza pela associação às

rotinas aprendidas ao longo da vida e direcionadas para um elemento externo com

intuito de obter recompensas.

Para Maron (2015) a motivação seria um estado interno ativado mediante uma

necessidade, que por sua vez aciona uma ação comportamental para sanar o

desconforto, voltando para o estado de satisfação. Significa tendência à estabilidade

interna do organismo, ou busca pelo equilíbrio. Tendo o corpo padrões de referência

para um estado ótimo, por meio dos genes ou experiência, ativa-se um alerta de

necessidade ou motivo, quando o corpo se afasta desses padrões e assim busca a

autorregulação ou homeostase.

Alves et al. (2016) relatam a implementação de OES em uma pesquisa

intervencional descritiva, com cinco mulheres hipertensas e pré hipertensas de uma

comunidade de fé (confessional), cuja base para os procedimentos de enfermagem

foi a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. As participantes foram

acompanhadas e monitoradas, durante todo o processo. Foi aferida a pressão arterial,

medição de peso e altura e a mensuração dos resultados das aferições, antes e

depois de cada oficina. No final da intervenção, que totalizou oito semanas, foi

constatado uma redução da pressão arterial sistólica em 20 mmHg e do peso corpóreo

de 1,1 kg. Concluíram que as influências das OES utilizando os ORN foram

mensuráveis e houve benefícios no controle da hipertensão arterial, embora

estatisticamente pouco significativos (p>0,05).

Koenig (1998), afirma que uma redução em 4 mmHg de pressão arterial

sistólica favorece o setor público no que diz respeito aos gastos públicos, além dos

benefícios para o portador de hipertensão.

No estudo de caso realizado por Vargas e Cardoso (2016), com portadores de

HAS, incluindo população negra do Maranhão e São Paulo, os autores sugerem

60

algumas providencias relacionadas a oficinas, especificamente, a oficina de

espiritualidade:

[…] que o Ministério da Saúde passe a realizar, a curtíssimo prazo, oficinas de construção e atualização de um consenso terapêutico sobre controle da hipertensão arterial na população negra; que promova oficinas de capacitação e atualização em saúde da população negra para todas as equipes da ESF no país; trazer outros autores que já utilizaram as oficinas e valorizam para mudanças de hábitos; e, valorizar as oficinas de espiritualidade como estratégia complementar da educação na saúde (VARGAS; CARDOSO, 2016, p. 669).

Recente estudo intervencional, desenvolvido no contexto do projeto “matriz”

mencionado nesta pesquisa, aponta que as OES influenciaram de maneira positiva

nos marcadores biológicos, especialmente no colesterol total que foi a melhora mais

significativa. Esclarece que as OES contribuíram na mudança dos níveis pressóricos

e favoreceram as mudanças de comportamentos relacionados ao autocuidado,

refletindo na saúde física, mental e espiritual (SANTOS, 2018).

61

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fim de contextualizar o perfil dos portadores de hipertensão, será apresentado

a caracterização sociodemográfica dos participantes deste estudo. Em seguida serão

expostas as perguntas norteadoras das entrevistas e a representação gráfica das IC

correspondentes aos DSC construídos e analisados com base na Teoria das

Representações Sociais dos portadores de hipertensão.

Os DSC resultantes da análise serão apresentados e discutidos em duas

etapas, sendo que a primeira corresponde às entrevistas realizadas na semana

consecutiva ao termino da intervenção educativa e a segunda três meses após.

4.1 Caracterização sociodemográfica da amostra

O estudo incluiu oito portadores de HAS essencial, moradores da Zona Sul do

Município de São Paulo e em acompanhamento médico na UBS de uma regional da

ESF, sem outras comorbidades. As variáveis consideradas na composição sócio

demográfica foram o sexo (feminino e masculino), faixa etária de acordo com estudos

da Vigitel (BRASIL, 2017a), cor da pele referida, escolaridade e religião.

No perfil sócio demográfico de portadores de hipertensão (TABELA 1) houve

uma predominância do sexo feminino (87,5%), com idade entre 45 e 64 anos (25,0%)

e 65 e 80 anos (62,5%) em relação ao sexo masculino (12,5%) na idade entre 25 e 34

anos (12,5%). Predominância da cor da pele referida branca (62,5%) em detrimento

as cores indígena, parda e preta que tiveram 12,5% cada uma. Na escolaridade houve

uma predominância do 1º. grau completo (62,5%) em relação ao 1º. grau incompleto,

2º. grau incompleto e pós-graduação que obtiveram a minoria (12,5%) cada.

62

Tabela 1. Caracterização segundo sexo, idade, cor da pele referida, escolaridade e religião dos participantes (n=8).

VARIÁVEL n %

SEXO Feminino 7 87,5 Masculino 1 12,5 IDADE 25 a 34 1 12,5 45 a 64 2 25,0 65 a 80 5 62,5 COR DA PELE REFERIDA Branca 5 62,5 Indígena 1 12,5 Preta 1 12,5 Parda 1 12,5 ESCOLARIDADE 1º grau completo 5 62,5 1º grau incompleto 1 12,5 2º grau completo 1 12,5 Pós-graduação 1 12,5 RELIGIÃO Católica 4 50,0 Evangélica 3 37,5 Espírita 1 12,5

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.

Segundo a caracterização apresentada na tabela 1, percebe-se a maior

prevalência de HAS em idade acima de 65 anos (62,5%) confirmando o

envelhecimento como um dos fatores de risco. Segundo estudos da SBC, a medida

que a faixa etária vai aumentando, as mulheres superam os homens no que tange a

prevalência da HAS, as explicações estão no fato de que ao atingirem os 50 anos as

mulheres perdem a proteção dos hormônios, ficando mais predispostas à hipertensão;

se alimentam pior e fazem menos exercício físico do que os homens (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).

Houve predominância da cor branca (62,5%) em relação à preta (12,5 %). Este

resultado surpreendeu os pesquisadores, pois segundo a SBC a etnia preta apresenta

um antecedente genético que favorece a incidência da HAS e lhes impõe

complicações mais graves, como por exemplo, a diminuição rápida da função renal.

Outro ponto em relação a etnia preta é o fator socioeconômico educacional ser mais

baixo, o que lhes restringe o acesso aos cuidados de saúde (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).

Outra variável estudada foi a religião sendo constatada uma predominância da

religião católica (50%), seguida da evangélica (37,5%) e espírita (12,5%). O

63

predomínio de católicos vem ao encontro dos dados publicados no último censo

realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando que a

população do município de São Paulo em 2010 chegou a 11.253.503 habitantes, com

uma estimativa para 2017 de 12.106.920, destes, mais da metade são pessoas

católicas com 6.549.775, seguido da religião evangélica com 2.487.810 e em terceiro

lugar a religião espírita com 531.822. Esta variável demonstra que 100% da

amostragem são de pessoas religiosas, equiparado com os 85% demonstrado no

estudo do IBGE com 9.569.407 de habitantes religiosos (BRASIL, 2017b).

A região Sul do Município de São Paulo, local onde os participantes residem e

onde a pesquisa “matriz” foi desenvolvida, apresenta condições de saúde, educação

e renda consideradas no nível médio e, com um Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH) de 0,782 de acordo com os dados de 2012 (SÃO PAULO, 2013). Entretanto, é

uma região que cresceu de forma descontrolada, o que gerou grandes bolsões de

pobreza e considerada uma das regiões com maior incidência de violência do

munícipio de São Paulo, impactando nas condições de saúde da população (SÃO

PAULO, 2018).

4.2 Primeira etapa: Representação social dos portadores de hipertensão após

intervenção educativa

A proposta de conhecer o que pensam os portadores de hipertensão sobre a

doença, no seu cotidiano, foi de aproximar opiniões individuais em torno das suas

práticas de vida e reconstituir categorias de sentidos parecidos, incluindo nelas as

sínteses das expressões verbalizadas de diferentes pessoas (LEFÈVRE, F.;

LEFÈVRE, A. M. C. 2014). Nos discursos do coletivo pesquisado estão as histórias

de vida de pessoas com hipertensão, assim como a reprodução da RS no contexto de

um grupo.

Ao serem contactados pelo pesquisador, os portadores de hipertensão foram

receptivos e demonstraram alegria em terem sido chamados a participar das OES.

O DSC diz respeito à representação de um grupo de pessoas que pensam de

forma semelhante, em um determinado espaço e tempo. O espaço visa a socialização

entre pessoas com o mesmo perfil de comorbidade e que contam suas histórias. A

medida que compartilham seus pensamentos, geram um significado que faz sentido

e alcançam também as RS construídas no coletivo a partir das manifestações de

64

pensamentos do senso comum, sejam opiniões, julgamentos, avaliações,

posicionamento ou postura (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. 2014, p. 503;

LEFÉVRE, 2017, p. 38).

A seguir serão apresentadas as questões norteadoras da primeira etapa, os

gráficos correspondentes com a representação das IC categorizadas a partir das EC

que compuseram os DSC e as percepções coletivas interpretadas à luz das RS

presentes no conteúdo discursivo.

Com os participantes totalmente a vontade para se expressarem, a primeira

pergunta propôs uma reflexão comparativa entre dois tempos, antes e depois das

OES, no qual vivenciaram ativamente durante oito semanas a ação dos ORN. A Figura

4 apresenta o resultado da análise de suas narrativas.

Pergunta 1 – Como você se sentia sendo uma pessoa com pressão alta, antes das

oficinas de saúde? E agora, o que mudou?

Figura 4 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da primeira pergunta (n= 8).

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.

Legenda: IC A - Antes das oficinas a qualidade de vida era ruim (6 EC); IC B - Negação da Hipertensão

Arterial (2 EC); IC C - Conscientização do que é a hipertensão e motivação para usar os remédios,

inclusive os naturais (7 EC); IC D - Percepção de benefícios físicos e emocionais após as oficinas (6

EC).

As duas primeiras barras (IC A e B) do gráfico (FIGURA 4) representam a

percepção sobre como era ser portador de hipertensão antes da participação nas

oficinas. Seis EC (75%) apresentam que a qualidade de vida era ruim e duas EC (25%)

demonstram negação dos participantes quanto a doença. As duas barras posteriores

75%

25%

88%

75%

0

1

2

3

4

5

6

7

8

IC A IC B IC C IC D

No

. P

arti

cip

ante

s

Ideias Centrais

65

(IC C e D) representam a percepção do grupo após as OES, sendo que sete EC (88%)

denotam conscientização do que é a hipertensão e motivação para usar os remédios,

inclusive os naturais. Por último seis EC (75%) mostram a opinião dos participantes

sobre benefícios físicos e emocionais decorrentes das novas práticas adotadas.

IC A - Antes das oficinas a qualidade de vida era ruim (6 EC)

DSC - Quando o médico falou que eu estava com pressão alta, eu me senti, por exemplo, sozinha. Antes desse grupo acho que eu não estava muito assim... estava um pouco com astral baixo. Eu ficava meio angustiada, eu era muito tensa, sem esperança, sem vontade das coisas. A pressão estava sempre alta. Eu vim de cidade pequena e lá a gente não se cuida muito bem a respeito de sal, a gente exagera, come carne seca. Senti que estava me envenenando com sal e carne seca, porque ficava com dor de cabeça, eu não sabia que problema da pressão tem a ver com o sal. Eu não tinha uma orientação para alimentação, para comer pouco sal e gordura, eu não sabia... Prá mim só a medicação era o suficiente. A comida era toda bagunçada. Eu almoçava tarde, tinha o hábito de comer muitas coisas depois do almoço. Eu comia besteira, muito doce que sempre foi meu fraco. Tinha dia que eu não tomava nem um copo de água ou tomava um pouco quando tomava algum remédio. Eu tomava o copo cheio de café, e também o chá mate que tem cafeína, eu tomava porque eu não sabia.... Eu nunca tive uma vida muito sedentária, mas não sabia da importância da atividade física, não tinha o hábito de fazer exercício. Eu não tinha conhecimento de tantas técnicas de relaxamento e da importância de elementos tão simples como os oito remédios naturais.

O DSC acima apresenta representações sobre costumes alimentares; crença

sobre alimentos estimulantes como compensação e comportamento sedentário,

sendo que o discurso está em conformidade com as referências apresentadas a

seguir.

Participantes do estudo de Einloft et al. (2016) demonstraram ter conhecimento

que o sal em exagero e estresse são prejudiciais e elevam a pressão arterial. Os

autores ressaltaram que os aspectos subjetivos e equilíbrio emocional estão

relacionados com qualidade de vida e controle da HAS.

A OPAS (2003, p. 15) em concordância com as representações acima,

registrou que as principais causas modificáveis da HAS são: a alimentação, atividade

física, obesidade e consumo de álcool. Em relação ao controle da hipertensão, Torres

et al. (2011, p. 1784) sugerem que o aconselhamento dietético pode estar associado

ao controle da pressão alta. O estudo de Lin e Chu (2014, p.147) destaca os efeitos

66

positivos da dieta alimentar equilibrada e um programa de exercícios físicos para a

promoção da saúde (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003).

Nesse recorte discursivo as EC são representativas da relação com a cultura

local e a desinformação sobre a doença, fatores de risco e tratamento da HAS, bem

como depressão, conforme referências.

Alguns fatores que colaboram para a falta de adesão ao tratamento são as

condições socioeconômica e culturais, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e

o grau de conhecimento a respeito da doença. Além destes, destacam-se as crenças,

valores, costumes e práticas relacionadas à saúde, assim como, percepções sobre a

própria doença e seu tratamento (BRAGGION-SANTOS et al., 2014).

Fatores descritos como a ansiedade e os níveis elevados de estresse físico,

mental e psicológico contribuem para a elevação da HAS, os quais tem indicação para

controle com tratamento medicamentoso e não medicamentoso baseado no EVS.

Inclusive no caso de depressão, o foco do tratamento é a promoção do bem-estar e

autoconfiança (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).

IC B – Negação da Hipertensão Arterial (2 EC)

DSC - Olha, na realidade minha pressão não é alta, isso eu nunca tive, né? mas tenho histórico na família. Eu não tô no quadro que estão aquelas senhoras que tem a pressão bem alta. Eu nem tenho pressão alta e eles me chamaram (para participar das oficinas), mas na realidade eu tenho, porque eu tomo “lozartana” (medicamento para hipertensão) e se eu fico sem remédio ela sobe. É que eu não queria aceitar, mas minha família toda tem diabetes e pressão alta, vem da minha mãe isso. Então, a gente tem que prevenir... Melhor do que remediar, né? De uns dois anos pra cá tá tranquilo, graças a Deus, tá ótimo. A oficina veio na hora certa, eu tenho só que agradecer por tudo.

Neste discurso foram identificados três momentos que antecedem a aceitação

de um tratamento: a negação da doença, expressada na fala “Eu nem tenho pressão

alta”; negação com uma certa abertura para tomada de consciência, em seguida toma

consciência e aceita a hipertensão, sendo que tudo sucede no pensamento, uma vez

que a HAS é considerada uma doença silenciosa e agressiva, a equipe de saúde

emprega esforços para realizar ações terapêuticas e educacionais, contudo, para

obter um efeito positivo, o controle e a adesão ao tratamento depende da atitude

colaborativa do paciente (MANTOVANI, 2016).

67

Lefèvre, F. e Lefèvre, A. M. C. (2015) descrevem a doença como uma

agressão, ameaça ou ataque, por isso há necessidade de defender-se e evita-la,

sendo que a força que a ameaça exerce sobre uma pessoa dependerá de uma pessoa

para outra, tanto quanto a resposta que cada indivíduo oferece a essa força ou

ameaça.

Na psicanálise freudiana a negação é um mecanismo de defesa, um processo

do qual há recusa inconsciente da percepção sobre a realidade que se impõe

(LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).

De acordo com Morin (2002), o pensamento é uma aventura de profundo

diálogo que não é trivial, não é previsível, é criador e inventor e é um processo

complexo. Ele está presente na vida cotidiana, é extremamente ativo. Para a ciência

há uma zona de não-pensamento, ou seja, há pensamentos, mas muitos estão

congelados no intelecto de cada um. Morin (2002) sugere, também, que o

conhecimento de nós mesmos se funda sobre um vasto desconhecimento interior,

que somos coprodutores dos objetos do mundo exterior e que a objetividade faz parte

da subjetividade. Enfim, tal qual a complexidade do ser humano é seu modo de vida

ou de viver.

IC C – Conscientização do que é a hipertensão e motivação para usar os

remédios inclusive os naturais (7 EC)

DSC - Eu participei de todas as oficinas, fui em todas e foram muito boas. Esse grupo me motivou, incentivou, aprendi muitas coisas boas com eles, eu me senti bem. Depois das oficinas mudou bastante, percebi diferença antes e depois. Abriu mais a minha mente, deu essa clareza de que para a gente viver bem a gente tem que se alimentar, fazer exercício físico, ter disciplina. Então, mudou tudo em minha vida. Tenho mais consciência do que é uma pressão alta e do que ela causa, né? E, daqui para frente, vou tomar os cuidados. Tô tomando direitinho as minhas medicações. Até falei para as meninas que a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi a oficina, ela veio na hora certa e eu agradeci a Deus. Aprendi que a pessoa tem que descansar um pouco, então eu melhorei o tempo de sono e foi muito benéfico! Eu diminuí o café, porque eu gosto do cafezinho né, tô tomando menos e com leite. Eu sinto falta ainda, eu tomo uma ou duas vezes por semana e eu tenho tomado chá natural de capim santo. Agora tenho mais disciplina nos horários da alimentação, eu procuro almoçar mais cedo. Eu também diminuí a comilança durante o dia, diminuí mais a comida e tô comendo mais legumes, assim, até salada. Eu já parei com aquele excesso de doces, parei um pouco com o sal, tô tirando fritura e tô eliminando gordura também. A minha comida

68

agora é muito mais sem sal hoje em dia, depois do grupo. Em casa o esposo tá reclamando que tudo está sem sal, e eu digo para ele pegar o sal e colocar no prato dele, porque eu vou ter que maneirar o sal da minha comida. Agora, também, eu tomo mais água, que eu não tomava. Eu tomo um copo cheio, de manhã. Tento não tomar água na hora da alimentação e prefiro ingerir líquidos entre as refeições. Eu tinha esse hábito, acabava de almoçar e tomava água, agora ou eu tomo bem antes ou bem depois. Eu quero fazer academia, mas ainda não dá. Faço caminhadas, procuro fazer exercícios e estou me movimentando mais. Aí quando vou no posto, no mercado vou caminhando e tô pegando mais Sol, porque eu quase não pegava, né? A Confiança em Deus eu sempre tive, mas agora leio mais a bíblia. Hoje evito de assistir mais televisão e vou para o meu quarto e pego a bíblia e leio uma coisa e outra. Ponho uma música lá no fundo e me sinto melhor. São esses detalhes que com o dia a dia corrido, estavam passando batido. Acho que você nota o que conseguiu mudar da sua rotina e o que você não mudou. Então, eu senti que mudanças simples de hábitos são difíceis, são bem difíceis! Mas eu tô mudando aos poucos, e agora, com fé em Deus eu vou melhorar.

Foi identificado no discurso acima a representação quanto à consciência sobre

ser um portador de hipertensão.

Na teoria psicanalítica o sistema “Percepção-Consciência” (Pc-Cs), situa-se no

aparelho psíquico e recebe informações tanto internas quanto externas. A consciência

é uma função do sistema Pc-Cs e o acesso a ela está vinculado às percepções

recebidas do mundo exterior pelos órgãos sensoriais. A consciência dá qualidade

psíquica às variadas e diferentes sensações vindas das relações estabelecidas com

o meio ambiente (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).

Para a Psicologia Histórico-Cultural a consciência é um ato psíquico que se

desenvolve por meio das relações interpessoais estabelecidas. O indivíduo atribui um

significado pessoal após compreender e apropriar-se dos significados sociais

relacionando-os com suas experiências, necessidades, motivações e sentimentos.

Sua estrutura se dá por meio do trabalho e concretiza-se por meio da linguagem

(AITA; TULESKI, 2017).

O discurso acima retrata a diferença entre o antes e o depois da participação

nas OES. Se conscientizaram quanto à utilização de sete dos “Oito Remédios

Naturais” (RN). O RN Ar puro não foi representado no DSC acima, contudo é um

elemento essencial para a vida. Houve representação dos seguintes RN: Alimentação

Saudável (RN1), Exercício físico (RN2), Temperança (RN3), Sono (RN4), Água (RN5),

Sol (RN6), Confiança em Deus (RN7) todos devidamente referenciados quanto aos

69

seus benefícios no item 3.1.3 deste estudo. O discurso acima está em consonância

com as referências indicadas a seguir.

Nessa direção, a integralidade na atenção à saúde está atrelada à construção

de projetos terapêuticos, considerando a “autonomia e a singularidade dos sujeitos”

como sendo determinados por uma complexidade de fatores que são influenciados

pelos contextos sociais, econômicos, políticos e culturais do território onde vivem e

esses, por sua vez, influenciam suas escolhas e modo de viver (BRASIL, 2014b, p.

8).

Destaca-se a representação da percepção do benefício de um dos ORN, o

sono, referenciado a seguir.

Um dos fatores do envelhecimento precoce, doenças degenerativas e morte

prematura é a redução do tempo do sono. Esse tempo reduzido, diminui a

concentração da enzima glutationa, responsável pela reorganização e metabolismo

dos radicais livres, sem esse trabalho não há formação de antioxidantes para

combater as toxinas que os radicais livres liberam. Outros males que a insuficiência

de sono pode causar são: a resistência à insulina, hipertensão, doenças do coração,

obesidade, dor crônica e baixa imunidade (VAZ, 2014).

No recorte do discurso acima foram identificadas representações sobre os

motivos para a utilização dos RN, as percepções do incentivo e o aprendizado por

meio do grupo de trabalho das OES, a tomada de consciência sobre o autocuidado,

além da fé que fortalece a motivação para mudar e melhorar. Esses aspectos são

devidamente retratados nos estudos apresentados a seguir.

A interação de uma pessoa com outra, suscita manifestações cognitivas e

emocionais que influenciam a ambas, resultando em um processo reflexivo na troca

de experiências. Essa troca só é possível por meio da percepção, impressão que se

tem de determinado objeto. As informações percebidas vão se organizando

cognitivamente, como uma ordenação do que foi captado com as experiências

anteriormente vividas, transformando-se em conhecimento consciente. Esta

organização facilitará o entendimento e a categorização de uma nova experiência ou

fato (RODRIGUES, 2003).

Segundo Lane (2009), as produções humanas resultantes das interações

sociais são capazes de construir a realidade social e ao mesmo tempo desenvolver o

indivíduo.

70

Considerar o paciente com toda sua complexidade social, econômica e cultural

no processo saúde-doença, pode ser uma alternativa para quebrar o modelo

biomédico hegemônico e articular redes intersetoriais de assistência. Esse processo

manejado por profissionais preparados poderá alavancar a saúde integral do

indivíduo, família, comunidade em sua dimensão biopsicossocioespiritual (SILVA et

al., 2018). Modelo este que se fundamenta no estudo de Sulmasy (2002, p. 24; 27)

que abrange os cuidados de pacientes considerando seus aspectos biológicos,

psicológicos, sociais e transcendentais, a saber “biopsychosocial-spiritual”.

O estudo de Gonçalves et al. (2017) aponta que o envolvimento religioso, tanto

a frequência de encontros religiosos, quanto de atividades religiosas privadas (oração,

meditação e leitura da bíblia) podem favorecer o enfrentamento dos conflitos mentais

desenvolvidos ao longo da vida.

Koenig (2007) menciona que investigações científicas datadas no início deste

século já indicavam que pessoas com fé religiosa apresentavam maior equilíbrio para

lidar com o estresse da vida cotidiana; melhor recuperação de depressão; menos

emoções negativas, comparadas com as pessoas não religiosas ou menos religiosas;

melhor socialização ou adaptação e menor chance de desenvolverem transtornos por

abuso de substâncias químicas.

Outra representação presente no discurso acima sobre o motivo para adotar

hábitos saudáveis é a designação e determinação frente à família devidamente

referenciada abaixo.

O estudo de Barreto e Marcon (2014), aponta que as famílias possuem um

papel fundamental de incentivar às ações ao tratamento não farmacológico vinculadas

ao autocuidado do portador de HAS. Ela atua como um canal facilitador da promoção

da saúde para um portador de hipertensão e tem influência direta na vida destes.

Benefícios como a prática de exercícios físicos, alimentação apropriada,

acompanhamento do itinerário terapêutico e acompanhamento ao médico, são alguns

cuidados que o paciente passou a ter quando se sentiu apoiado pela família. Outro

aspecto que o portador de hipertensão apresentou em relação à família, tem a ver

com a responsabilidade que sente ser dele, isto porque não se sente doente a ponto

de a família ter que ajudá-lo.

Por outro lado, é importante considerar que a experiência de mudar os hábitos

de vida, dentro da família também pode representar uma ameaça à adesão do doente

ao tratamento. No estudo de Barreto e Marcon (2014) alguns pacientes não sentiram

71

que a família representa um elo no tratamento, o motivo foi que a família entende que

o controle da doença, depende das atitudes e comportamento do portador de

hipertensão. Dentre os relatos, também aparecem descrições de situações

estressantes e preocupações em relação à família, sendo estas, um agravante para

o desequilíbrio pressórico.

Ainda no recorte do discurso acima, se apresenta a percepção sobre os

estímulos ambientais para as mudanças no estilo de vida. Arruda (2009) evidência

que esse tipo de mudança é o que busca a TRS de Moscovici (2010). Ela se detém

em desvendar o pensamento dos vários atores do cotidiano e revelar a base da

mudança do pensamento e das práticas sociais, pois o ato de mudar mostra uma

complexidade, ou seja, há os conformistas e os contrários ao conformismo, estes, se

revelam inovadores pelo fato de pensarem as mudanças, sem divisão disciplinar das

equipes de saúde para o tratamento.

IC D – Percepção de benefícios físicos, emocionais e espirituais após as

oficinas (6 EC)

DSC - Depois que comecei aqui (oficina) eu mudei o comportamento porque as vezes a gente tem aquela agitação, né? Aprendi algumas técnicas de relaxamento, simples e que qualquer um pode executar e é de grande benefício. Foi assim, senti uma melhora na disposição e uma melhora psicológica, estou mais calma, mais tranquila, senti redução das dores no corpo, estou dormindo melhor. Eu estou muito melhor e mais sensível, minha vida ficou mais tranquila, já não tenho mais aquela explosão de raiva, até minha cabeça melhorou. Percebi que a minha aparência tá mais alegre, tenho mais ânimo, mais vontade de fazer as coisas. Sinto paz espiritual sabe! As oficinas ajudaram muito no sentido da equipe ter dado apoio, suporte e controle da minha pressão. Eu percebi a diferença. A última vez que medi minha pressão estava 12x7, e eu diminui o peso, estava com 73kg e em um mês, quando voltei estava 72kg. Esse negócio de caminhada foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, porque eu perdi peso sem muito esforço com a boca, não precisei fazer tanto regime. Participar das oficinas me deu um ganho, não só no controle pressórico, mas o emocional, a pressão no final das contas foi só um detalhe. Senti um equilíbrio em todos os sentidos, a pressão arterial tá reguladinha, meu xixi agora está mais claro, antes era amarelo muito escuro. Outra coisa é que a gente conhece novas pessoas, porque a gente se via no posto, mais não conversava e agora a gente se encontra sempre, então mudou tudo isso. Levantou muito meu astral, prá mim foi muito bom. Minha família notou a diferença, notou que a gente não fica mais só, né? Agora estou mais confiante, sou mais de conversar,

72

estou mais confiante no total. Vou sentir falta desse grupo, por ter as pessoas do nosso lado.

O conteúdo discursivo apresentado no DSC acima demonstra as

representações sobre a mudança do comportamento agitado, benefício das técnicas

de relaxamento, melhora na disposição, redução das dores no corpo, melhor

descanso durante o sono, controle da pressão arterial, diminuição do peso, aparelho

urinário melhorado e a percepção de um semblante alegre, concomitante às

referências apresentadas a seguir.

Severo e Dias (2012, p. 414, 417) apresentam a estratégia de oficinas como

uma proposta de método que propicia a reflexão-ação, desafiando estrategicamente

o processo ensino-aprendizagem. Segundo os autores as oficinas não se limitam a

programas metodológicos, mas constituem um desafio a incerteza por permitir a

entrada de novos elementos que emergem da prática, gerando representações e

construções conceituais diversas.

Carrijo e Oliveira (2014) no primeiro Seminário internacional de pesquisa em

políticas e desenvolvimento social, discorrem sobre a atenção das políticas públicas

não estarem voltadas somente para a cura de doenças, porque o indivíduo doente é

atingido por vários fatores que prejudicam suas condições físicas, mentais e sociais.

Lefèvre e Lefèvre (2015) propõe sim uma postura que possa contribuir para

desconstruir a ideia de mundo sem doentes, modelo biomédico tradicional, para uma

visão de mundo sem doenças, modelo de Promoção da Saúde.

O discurso retrata, ainda, as representações sobre a percepção dos benefícios

psicológicos, bem-estar mental, emocional e espiritual, concomitante ao referencial

teórico apresentado por Silva et al. (2018) que sugerem ruptura no modelo biomédico

para que os olhares sejam ampliados considerando todas as dimensões de vida da

população, além dos determinantes sociais da saúde-doença. Agregar ao tratamento

uma postura holística, humanizada, respeitosa, cuidadosa, responsável e participativa

de todos envolvidos no processo de tratamento produz melhores resultados.

73

Pergunta 2: Quais Remédios Naturais você adotou com maior facilidade? Por que?

Figura 5 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da segunda pergunta (n= 8).

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - Ingestão de maior quantidade de água, devido ao incentivo das oficinas (6 EC); IC B - Exposição ao sol, ao ar puro e a prática de atividade física, devido a conscientização (4 EC); IC C - Alimentação saudável, por sentir os benefícios (3 EC); IC D - A confiança em Deus, por sentir gratidão (3 EC); IC E - O sono, por compreender a importância (1 EC)

Nesta pergunta a proposta foi de investigar o pensamento natural dos

portadores de hipertensão sobre a utilização dos RN e quanto a facilidade de os usar.

Na representação gráfica acima (FIGURA 5), a IC A com seis EC (75%)

demonstra que a água foi o elemento apreendido com mais facilidade devido ao

incentivo das oficinas, seguido da IC B, exposição ao Sol, Ar puro e a prática de

atividades físicas representaram quatro EC (50%) como elementos mais fáceis por

conta da conscientização. A IC C demonstra por meio de três EC (38%) que a

alimentação saudável foi a mais fácil por sentir os benefícios. Ao passo que a

Confiança em Deus demonstrada pela IC D também foi elegida a mais fácil por três

EC (38%) pelo fato de sentir gratidão. Já a IC E demonstra que o Sono foi elegido por

apenas uma EC (13%) por compreender a importância. No geral a Água teve maior

representatividade. Cabe ressaltar que a garrafinha foi um facilitador e por ter sido

incluída no seu campo de visão, os participantes lembravam-se da importância de

ingerir a água na quantidade recomendada durante as OES. Outra questão que vale

75%

50%

38% 38%

13%

0

1

2

3

4

5

6

7

8

IC A IC B IC C IC D IC E

No

. P

arti

cip

ante

s

Ideias Centrais

74

ressaltar é que o agrupamento dos elementos Sol, Ar puro e Exercício físico, deveu-

se ao fato dos três elementos serem usados ao ar livre.

Igualmente à questão anterior, sete dos ORN foram representados no

discurso, apenas a temperança ou equilíbrio não foi citado. Ela aparecerá como

elemento mais difícil de ser adotada no dia a dia.

IC A – Ingestão de maior quantidade de água, devido ao incentivo das oficinas

(6 EC)

DSC - Acho que principalmente a água foi a mais fácil. Sempre ouvi falar da água, mas nunca levei a sério, eu tinha o hábito de tomar pouca, eu só tomava água quando meu corpo pedia. Depois dos slides que o menino mostrou foi joia. Elas deram aquela garrafinha de brinde né? Então eu tomo duas garrafinhas daquelas no dia. Hoje em dia eu tomo bastante água, porque está me fazendo muito bem. Eu levanto cedinho e tomo um copo aí vou para caminhada, levo a garrafinha para saber a quantidade e completar os 8 copinhos do dia. Agora eu tô com o hábito, e também estou dando água pro meu pessoal lá de casa.

O DSC acima apresenta representações sobre incentivo e estímulos que

perpassa por um processo de autoentendimento abrindo um acesso facilitador para o

hábito diário até que este seja incorporado à rotina e naturalmente passa a envolver

à família, associando a outro RN, neste caso a caminhada, condizente com o

referencial teórico a seguir.

O estudo de Silva et al. (2016. p. 82) sobre os benefícios de oficinas

terapêuticas realizadas em uma instituição para idoso demostrou que as práticas

adotadas induziram melhora da qualidade de vida, possibilidade de maior

independência e autonomia, sentimento de prazer em realizar as atividades e

sobretudo que “o se sentir útil por estar ocupado acarreta prazer no ambiente em que

vivem”.

Abram (2000, p. 25; 26; 27) cita a teoria analítica winnicottiana que buscou a

consonância entre o indivíduo e o ambiente. O “ambiente de holding” possibilita ao

indivíduo a chance de desenvolver sua saúde, ou seja, nesse ambiente o cuidador se

coloca à disposição, inspira confiança, é presente e ativo. Por um período combinado,

se faz atento e preocupado; se interessa positiva e amorosamente; busca

compreender as questões apresentadas e comunica verbalmente o seu

entendimento; observa objetivamente tudo o que se passa ao redor e promove que

tudo isso seja em um lugar adequado. Já em 1952 Winnicott considerava condutas

75

relevantes para estabelecer empatia e oferecer suporte “egóico” nas orientações e

estímulos às pessoas assistidas (WINNICOTT, 1952).

Scorza e Cavalheiro (2013) abordam sobre o mecanismo de associação por

simultaneidade descrito pela psicanálise freudiana como um processo mental, quando

duas comunicações seguem juntas e atingem a consciência, elas tornam-se

associadas às conexões neuronais do cérebro. A essa associação dá-se o nome de

neuroplasticidade, uma vez que o cérebro pode alterar sua estrutura sob influências

de estímulos externos ou internos por meio do acréscimo de neurônios na estrutura já

existente.

Jotz e Seminotti (2014) trazem as instâncias: Id, Ego e Superego como uma

complexidade do ser humano, cada instância acomoda o indivíduo de forma distinta

em seu aspecto biológico, individual e social. A pessoa abstrai o que é tangível e o

intangível, organiza suas percepções de acordo com a realidade que assimila e credita

suas memórias e ideias preexistentes entre espaços percebidos para acomodar as

trocas e modificações existentes na interação com o meio.

Os registros da memória que se dão por meio de estímulos recebem o nome

de “traços mnêmicos” pela psicanálise, que são os registros que se instalam na

memória, podendo ser modificáveis ou atualizados a medida que novas

representações, em um determinado contexto associativo, transitam pelo sistema

neurofisiológico do aparelho psíquico. Os traços mnêmicos envolvem a memória e

são inconscientes, passam a ser conscientes quando se unem à representação verbal

(LAPLANCHE; PONTALIS, 2001; NAMBA, 2012; BOCCHI; VIANA, 2012).

A complexidade, segundo Morin, incentiva a busca do conhecimento por

intermédio do diálogo do homem com o meio, afasta-se do pensamento fragmentado

e passa a visualizar um ponto único que abrange a totalidade. As certezas e teorias

nascem e morrem constantemente e o que permanece são os verdadeiros

pensadores que promovem as mudanças, alimentam os sonhos e avançam rumo ao

imaginário que move a natureza humana. A solidão dá lugar ao compartilhamento de

ideias, saberes, descobertas, tolerância e esperança. Neste pensamento o homem é

tido como capaz de ser múltiplo em sua “unicidade” (MORIN, 2007. p. 17).

A TRS busca nomear fenômenos complexos individuais e coletivos,

psicológicos e sociais. Interpreta e organiza de maneira prática o funcionamento

cognitivo desenvolvido por indivíduos e grupos, sobre posicionamentos de

76

determinadas situações ou objetos. “É o processo pelo qual se estabelece a relação

entre o mundo e as coisas” (SÊGA, 2000, p. 129).

A educação piagetiana apresenta a motivação como resultado de um “desnível”

entre o processo de assimilação e o processo de acomodação, de tal modo, que a

continuidade do desequilíbrio desenvolva um desejo pela busca por novas

assimilações ou satisfações (CABRAL; NICK, 2013, p. 211).

Maron (2015) retrata a teoria das necessidades humanas ou pirâmides de

Maslow, como a capacidade de colocar-se no lugar do outro e entender seus anseios,

motivações e prioridades. Esta teoria fundamenta-se nas necessidades que o ser

humano tem durante a vida. Ao surgir uma necessidade, um estímulo volta-se para a

ação de sua satisfação, aliviando a tensão. Apoia-se em dois grupos: as necessidades

fisiológicas, segurança, afeto (social) e estima e as necessidades de crescimento

relacionadas com o autodesenvolvimento e autorrealização.

A dinâmica de satisfação prioriza as necessidades fisiológicas por serem vitais,

depois as de segurança, sociais, de autoestima e por último as de autorrealização. As

necessidades mais emergentes e que precisam ser satisfeitas em primeiro lugar, são

as de níveis inferiores e estão na base da pirâmide, como satisfazer a fome e sede

(fisiológicas), de se sentir protegido (segurança), de amar e ser amado, de pertencer

e ser aceito (sociais). Quando estas necessidades são satisfeitas, deixam de ser

motivadoras e o estímulo se volta para as de níveis superiores, que são as

necessidades de realização, competência e independência (autoestima) e de atingir

o potencial pleno (autorrealização) (MARON, 2015).

Cada pessoa tem o seu ritmo e suas necessidades, sendo que as mais

importantes são aquelas nas quais ela está investindo esforços para satisfazê-la

(GRIGGS, 2009).

IC B – Exposição ao sol, ao ar puro e a prática de atividade física, devido a

conscientização (4 EC)

DSC - O Sol, eu tinha mais dificuldade antes, agora não, depois da conscientização da importância da exposição solar, agora estou tomando o sol pela manhã, ou eu tiro uma parte do horário do almoço para exposição à Luz solar, aí pelo menos quinze minutos. Daí a respiração profunda, o ar puro e a caminhada, eu faço tudo junto. Eu consegui incluir porque vou para o parque todos os dias. Eu já praticava atividade física e tinha parado, mas retomei.

77

Neste DSC, a representação que se mostra é a conscientização a partir das

orientações que tiveram durante as OES e as práticas realizadas. Estes aspectos são

referenciados segundo os processos cognitivos apresentados a seguir.

A representação verbal, localizada no pré-consciente, são traços “mnêmicos",

cuja origem é perceptiva acústica. Para tornar-se uma percepção consciente deve se

associar a uma representação de coisa (visual ou imagem “mnêmica”) e a uma

representação de palavra (verbalização), acarretando dois registros de

representações conscientes (BERNAT, 1996; LAPLANCHE; PONTALIS, 2001, p.

665-668).

A palavra é composta por um tipo de som e de elementos gráficos que formam

a imagem mental e a consequência desta linguagem no psiquismo é a ligação que se

forma entre a palavra e a representação do objeto, ambas relacionadas com a origem

cultural (SANTOS, 2012).

Dentro dos estudos sobre a dinâmica sociocultural e sua influência nos

fenômenos mentais, Santos (2012) relata a compreensão da linguagem na

consciência baseado em três eixos: a construção sociocultural dos fenômenos

mentais só se tornam conscientes por meio da linguagem; a complexidade do acesso

ao inconsciente só é possível por meio da linguagem, ela é subjetiva e pode levar o

indivíduo dizer uma coisa, mas inconscientemente crê em outra e, por último, a

relação entre o indivíduo detentor de uma linguagem e outra pessoa que apresenta

uma linguagem e escuta interpretativa, tem aspectos conflituosos. O entendimento

entre ambos, só é possível por meio do fator compreensão, existente na mediação

entre as linguagens distintas.

Os traços “mnêmicos” são os elementos internos indispensáveis para o contato

com a consciência. Os processos internos do pensamento transformam-se em

percepções por meio da representação verbal. Nesse caso, os pensamentos são

percebidos e tomados como verdadeiros, como se viessem do exterior (BERNAT,

1996; LAPLANCHE; PONTALIS, 2001, p. 665-668).

A tomada de consciência depende dos processos geradores de pensamentos,

que para serem de qualidade sensorial associam-se a todos os processos vinculados

às representações, recordações verbais ou de raciocínio. Esse processo de

pensamento é regulado pela atenção (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).

78

IC C – Alimentação saudável, por sentir os benefícios (3 EC)

DSC - A alimentação eu tive mais consciência. Agora compro fruta prá

fazer suco de fruta pura, como elas me ensinaram a fazer. E também

eu estou só almoçando e não janto, eu como uma fruta, uma bolacha,

e está sendo bom. Tô sentindo diferença, porque com o estômago

cheio eu tinha muitos pesadelos.

Também tô fazendo chá de ervas caseiras. Às vezes minha vizinha

me chama para tomar um café e eu falo que café eu não quero, mas

que se ela tiver um chazinho pode me dar, eu prefiro! As vezes ela

chega do trabalho e eu falo “ôh você está muito cansada, tá muito

estressada toma esse chazinho” pra relaxar um pouquinho.

O único que não tirei lá de casa foi o doce, o açúcar para adoçar as coisas, porque agora eu uso pouco. Quando meu filho adoça as coisas, eu falo: “olha que a diabete está aí dentro!”. Então, eu estou influenciando minha família e minha vizinha também.

O DSC apresentado acima traz evidências de representações ligadas à

consciência do benefício do RN, coincidindo com o referencial abaixo.

Dos encontros e interações das pessoas nos diferentes espaços nos quais

transitam, resultam as RS. O pensamento coletivo se individualiza a medida que as

RS influenciam o comportamento do indivíduo, orientando as suas práticas

(MOSCOVICI, 2010).

O pensamento coletivo se caracteriza em polifasia cognitiva, imagem mental

das diferentes modalidades do pensamento e conhecimento. Essas modalidades são

extraídas das culturas específicas, das experiências sociais, suas intenções, suas

expectativas e sua compreensão da situação. Na TRS a relação entre essa

complexidade harmoniza as capacidades intelectuais das pessoas, além disso,

formam padrões de interdependência exercendo influência mútua uns sobre os outros

e juntos geram novos padrões de conhecimento, crenças e imagens (MARKOVÁ,

2017).

O mesmo recorte traz a representação da consciência da percepção do ensino

e aprendizagem, conforme demonstrado a seguir.

A memória é uma função cognitiva fundamental no processo ensino e

aprendizagem, bem como para a definição da identidade de uma pessoa. É na

memória que se registra as vivências, por meio dela acontece a interação e

socialização entre as pessoas pela possibilidade de transmitir experiências

(CASEMIRO et al., 2018).

79

No estudo de Casemiro et al. (2018) as mulheres com idades entre 60 e 75

anos predominaram na pesquisa. As participantes foram impactadas pelas ações das

intervenções educativas pautadas nas estratégias ativas e de dinâmicas de grupo

evidenciando melhora e desempenho cognitivo em relação à memória, linguagem e

orientação.

A proposta da educação na saúde trazida por Carvalho e Gastaldo (2008)

refere-se a estimular as pessoas em práticas educacionais individuais ou em grupo,

com incentivos para fortalecer o despertar do autocuidado por meio do conceito de

empoderamento. Este conceito preconiza autonomia e, ao mesmo tempo

responsabilidade para viver a vida em diferentes momentos, sobretudo, momentos de

limitações por ocasião de alguma enfermidade, podendo tirar proveito dos benefícios

aprendidos em diferentes ambientes sociais.

Algumas das estratégias propostas no estudo acima é a criação de ambientes

facilitadores e sustentáveis que desenvolvam nas pessoas as capacidades cognitivas

para restabelecer hábitos e estilos de vida vinculados à saúde. A incrementação dos

serviços deve estar de acordo com as necessidades das pessoas em todos os

sentidos e em conformidade com suas culturas, compartilhando responsabilidades e

parcerias entre todos os envolvidos no processo saúde-doença (CARVALHO;

GASTALDO, 2008).

IC D - A confiança em Deus, por sentir gratidão (3 EC)

DSC - A confiança em Deus eu sempre tive, esse (remédio) é o maior de todos, está em primeiro lugar! Né? E depois de ver as meninas participando com a gente eu fiquei mais apegada. Eu tenho muita fé em Deus. Esse já vive na mente, porque se não fosse Deus eu não existia, acho que eu não estava nem aqui viu. Agradeço todos os dias e digo, obrigado Senhor.

Neste discurso, a espiritualidade emergiu porque houve a escuta qualificada

que fica evidente na expressão “E depois de ver as meninas participando com a gente

eu fiquei mais apegada”. Maynart et al. (2014) apresentam este recurso como sendo

uma técnica de estabelecimento de vínculos respeitosos, de acolhimento, de cuidado

integral, foco na integralidade de uma pessoa, é uma escuta ativa e responsável pelas

ações de saúde. Por meio desta ferramenta o participante se sente ouvido e isso os

fazem gostar de quem os escutam, facilita a manifestação de um corpo e mente

80

saudável e pode ser decisiva no tratamento por se sentirem apoiados. Além disso se

torna um tratamento humanizado.

Outro recorte do DSC acima traz a representação do envolvimento com a saúde

por utilizar a fé como um recurso positivo.

Hefti e Esperandio (2016, p. 14) com uma visão holística do paciente, discorrem

em seu estudo sobre as questões do “cuidado espiritual como componente importante

a ser integrado na atenção ao paciente”. Instituído pela Joint Commission no processo

de acreditação das instituições interessadas na espiritualidade como prática no

processo saúde-doença. Citam o exemplo da Clínica SGM Langenthal, na Suíça, que

trabalha com as dimensões existencial e espiritual na doença física, definindo metas

a partir da compreensão do paciente sobre doença ou cura e considerando suas

convicções religiosas e espirituais.

Caldeira (2009) apresenta o aspecto espiritual como um cuidar do espírito por

meio de orações conscientes no sentido de obter o favor de um “Ser Superior”

envolvendo a melhora da saúde. O autor alerta que é fundamental, no cuidado da

enfermidade do paciente, levar em consideração o respeito pelas crenças do enfermo

e negar o fazer saúde somente por meio das intervenções planejadas como instituição

de saúde, sobretudo, valorizando o sentido da vida e o bem-estar de cada um.

IC E – O sono, por compreender a importância (1 EC)

DSC - Dos oito elementos, o que eu adotei com mais facilidade foi a higiene do sono. Esse horário eu via como lazer, mas eu estava estragando o momento de descanso, pois eu começava a ficar mais

ligado e agora eu tô ficando mais relaxado, por tomar consciência

quando foram expostos os elementos e a importância do sono.

Este DSC tem como representação o aprendizado e a compreensão dos

benefícios do sono, concomitante ao referencial apresentado a seguir.

Clares et al. (2012) evidenciam que o sono fragmentado durante a noite ou a

insuficiência dele deixam idosos sonolentos durante o dia, isso ocorre devido ao

prejuízo do sono restaurador da noite. Evidenciam ainda que a má qualidade do sono

pode acarretar prejuízos à saúde e à qualidade de vida. No caso dos idosos desse

estudo eles eram submetidos à medicamentos para dormir por não considerarem

como distúrbio do sono noturno, achavam normal pelo fator velhice.

81

Corrêa et al. (2018) descrevem a importância da conscientização da higiene do

sono sobre o risco de desenvolver e ou agravar doenças cardiovasculares, acidentes

de trabalho, desempenho acadêmico entre outros agravantes. O estudo mostra que é

alta a prevalência dos distúrbios do sono nos EUA e que no Brasil pelo menos 76%

da população são acometidas por um sintoma, porém com pouco conhecimento da

população e dos profissionais de saúde.

Pergunta 3: Quais remédios naturais você teve maior dificuldade em adotar? Por

que?

Figura 6 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da terceira pergunta (n= 8).

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - A temperança e o sono, pela dificuldade em romper com velhos hábitos (4 EC); IC B - A atividade física e o sol, devido a limitações pessoais (3 EC); IC C - A alimentação e água, por conta da rotina de trabalho (2 EC)

A terceira pergunta teve como objetivo desvendar as dificuldades para a

utilização dos ORN e se seria possível a continuidade no cotidiano dos participantes,

bem como o motivo da não continuidade.

O gráfico (FIGURA 6) mostra que na IC A, quatro EC (50%) trazem a

representação de que a Temperança e o Sono foram os elementos de maior

dificuldade em adotar, pela dificuldade em romper com velhos hábitos. Percebe-se

também que a IC B representou três EC (38%) apontaram a Atividade física e o Sol

como sendo os RN mais difíceis de serem incorporados aos hábitos do cotidiano,

50%

38%

25%

0

1

2

3

4

5

6

7

8

IC A IC B IC C

No

. P

arti

cip

ante

s

Ideias Centrais

82

devido a limitações pessoais. Os recursos naturais Alimentação e Água também foram

apontados como difíceis de serem adotados, devido a rotina de trabalho ser intensa,

representados pela IC C por duas EC (25%).

IC A – A temperança e o sono, pela dificuldade em romper com velhos hábitos

(4 EC)

DSC - Acho que não adotar, mas abolir alguns que não eram naturais. É difícil a temperança. O mais difícil foi deixar de tomar café. Comecei alguns dias com chazinho, mas aí... não consegui deixar o cafezinho. Café é vício, eu acho. Eu tenho uma grande dificuldade de deixar de usar estimulantes, e o café é algo do meu dia a dia. Antes era raríssimo eu tomar café, mas acho que pela pressão dos horários de trabalho, os estimulantes passaram a fazer parte da minha vida, então a dificuldade é maior. Então, o sono também foi difícil porque o meu sono fica descontrolado. Quando eu penso muito, o sono some. Eu quero deixar de fazer algumas coisas, digo que não vou fazer e de repente eu vou e faço! Por exemplo: A abstinência do cigarro, porque é assim, você vai me entender: eu só fumo quando estou em crise, então eu fiquei praticamente um ano inteiro depressiva, então eu fumei um tempo maior e ficou um pouco mais difícil, eu não parei totalmente.

No DSC acima as representações giram em torno de crenças cristalizadas a

favor de velhos hábitos como demonstram as referências a seguir.

Uma das diretrizes da SBC (2016) propõe incentivar, em todos os estágios de

atendimento, os portadores de hipertensão a aderirem ao Tratamento Não

Medicamentoso (TNM) baseado nas práticas de um EVS. Reconhece como simples

e aparentemente de fácil adesão, porém constatam forte resistência por esbarrar em

mudanças de hábitos antigos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).

Carrijo e Oliveira (2014) entendem que as crenças arraigadas em torno de uma

determinada doença limitam a busca por conhecimento e influenciam diretamente no

enfrentamento da mesma ocasionando prejuízos lastimáveis aos seus portadores.

Dias et al. (2015) relatam que um tratamento não medicamentoso pode

incentivar os portadores de hipertensão a reduzir a ingestão excessiva de álcool e sal,

abandonar o sedentarismo e incluir em seu cardápio o consumo de vegetais e

consequentemente controlar o peso, contudo para adotar um EVS as mudanças

comportamentais são fundamentais. Relata ainda que esse tipo de intervenção é de

baixo custo, não oferece riscos e são eficazes como medidas para redução da pressão

arterial.

83

IC B – A atividade física e o sol, devido a limitações pessoais (3 EC)

DSC - Prá mim está sendo a atividade física o mais difícil, ainda não dá pra fazer, meu marido depende de mim pra tudo. As caminhadas ainda não consegui fazer, me movimento, mas tenho dores nas pernas. Eu também não estou tomando sol, porque fica ardendo um pouco. É que eu não gostava de jeito nenhum do sol, porque eu peguei muito sol lá no Norte e fiquei receosa do sol daqui também.

Neste recorte a representação envolve os fatores pessoais e emocionais como

limitantes à adoção de novos hábitos para a saúde, como demonstram as referências

a seguir.

Pinheiro et al. (2017) apontam o estresse emocional como um dos fatores do

desencadeamento e manutenção da hipertensão, atua também como barreira para a

adesão ao tratamento e às mudanças de hábitos. No caso de idosos com PA algumas

vulnerabilidades podem ser melhoradas com o auxilio de intervenções adequadas e

eficazes.

Segundo estudos sobre psicossomática, o ambiente em que uma pessoa vive,

principalmente se for permeado de pressões vivenciais, pode ocasionar abalos na sua

estrutura emocional e leva-la a um determinado conflito psíquico dificultando no

enfrentamento dos limites impostos pela doença, nos sentimentos de impotência e em

uma autoavalição de menos valia (CARRIJO; OLIVEIRA, 2014).

IC C – A alimentação e água, por conta da rotina de trabalho (2 EC)

DSC - A alimentação foi difícil também por conta da minha profissão. É que às vezes eu tô sem fazer nada e chega alguém bem na hora do almoço, daí eu não dispenso a pessoa, eu atendo. Então eu passo muito da hora do almoço e aí vou almoçar 4 horas da tarde. Ou às vezes eu atendo muita gente e não tomo nem água e vou direto até 9 horas da noite. Tem dia de comer só meia noite. E aí o médico falava: deixa uma fruta e fala com a cliente que vai ali... e come alguma coisa. Mas, ainda não consegui pôr em prática.

A representação deste DSC está atrelada às influências da vida

contemporânea que envolve a pessoa em prioridades materiais podendo ser um

impeditivo para adesão a um EVS, deixando em segundo plano a saúde, concordando

com as referências a seguir.

Para Barreto e Marcon (2014); Lopes et al. (2015) e Mantovani (2016), a

hipertensão por ser uma condição multifatorial, não pode ser atribuída toda a

responsabilidade da não adesão ao portador de hipertensão. A adesão depende de

84

fatores que vão além da própria doença, como o tratamento, os serviços de saúde,

profissionais de saúde, sociedade, família, trabalho, enfim.

Um estudo qualitativo demonstrou que a percepção de feirantes com

hipertensão sobre a doença é que ela é crônica, silenciosa, traiçoeira, que mata; que

viver atarefado e estressado provoca hipertensão e que leva a morte, além disso, que

viver com HAS exige mudanças de hábitos (SILVA et al., 2015).

Pergunta 4 - O que mais motivou você a participar das oficinas?

Figura 7 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da quarta pergunta (n= 8).

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - O acolhimento e o apoio social (3 EC); IC B - A motivação foi aprender sobre os remédios naturais (5 EC); IC C - A confiança em Deus motiva e aumenta a vontade de aprender a se cuidar (5 EC)

A proposta desta pergunta foi levantar a importância que as OES fizeram na

vida diária dos pacientes portadores de hipertensão acompanhados pela ESF da Zona

Sul de São Paulo.

A demonstração gráfica (FIGURA 7) apresenta três motivos que levaram os

pacientes a participarem das OES até seu final. Na IC A três EC (38%) apontam para

o acolhimento e o apoio social como fatores motivadores, enquanto na IC B com cinco

EC (63%) mostra o aprender sobre os remédios naturais como o ponto de motivação

e a IC C também com cinco EC (63%) demonstra que o motivo da participação foi a

Confiança em Deus que aumenta a vontade de aprender a se cuidar.

38%

63% 63%

0

1

2

3

4

5

6

7

8

IC A IC B IC C

No

. P

arti

cip

ante

s

Ideias Centrais

85

IC A – O acolhimento e o apoio social mobilizam a motivação (3 EC)

DSC – Foi muito bom ter aceito participar da pesquisa, não tinha nada a perder. Vi que seria uma coisa legal. E foi muito bom. Eu acho que o grupo foi a maior força, acho que o benefício maior foi o companheirismo, esse convívio. A dona Geralda (nome fictício), por exemplo, falou ontem que se não fosse a carona que ela tinha do grupo para voltar para casa, ela não teria vindo. Foi muito bom mesmo! Me fizeram esquecer as preocupações. As amizades, as meninas todas foram muito legais mesmo. Exatamente isso, foi o apoio social mesmo! Eu achei fantástico!

O recorte discursivo apresenta como representação o acolhimento e o apoio

social como fatores motivacionais para participar do aprendizado nas oficinas dos

ORN, tendo o aparato da fundamentação teórica a seguir.

A Política Nacional de Humanização (PNH) conceitua o acolhimento na área

da saúde como a construção de interações interpessoais solidárias e contagiantes

fundamentada na escuta atenta, comprometida com a humanização e focada no

interesse aos aspectos subjetivos e objetivos de cada pessoa, bem como a

coletividade. Não está restrito a um determinado setor e nem a determinados

profissionais, o acolhimento está relacionado a uma postura ética dotada de

determinada atitude que todos os gestores, colaboradores e usuários da rede do SUS

e do campo da saúde deveriam adotar (BRASIL, 2010).

Sato e Ayres (2015) estudaram o acolhimento diferenciado praticado em uma

UBS que, por meio da arte, restaurou o significado do acolhimento humanizado

proposto pela PNH (BRASIL, 2010) desmistificando o fazer saúde somente por meio

do pensamento tecnicista. Além disso o trabalho baseado na arte e humanização

resgatou a dignidade dos participantes e enriqueceu recursos subjetivos para a

percepção ampliada de novas possibilidades do cuidado à saúde.

Para Maron (2015) a motivação, baseado na teoria davidoffiniana, seria um

estado interno, também chamado de impulso, que é ativado mediante uma

necessidade, que por sua vez aciona uma ação comportamental para sanar o

desconforto, voltando para o estado de satisfação e busca do equilíbrio e estabilidade

interna do organismo.

IC B – A motivação foi aprender sobre os remédios naturais (5 EC)

DSC - Eu gostei muito de participar das oficinas, foi uma benção na minha vida, eu amei, e aprendi muito. Gostei das palestras, das

86

explicações de tudo, né? Foi fantástico! Tudo foi assim, muito bom, sem preocupação na cabeça. Os remédios naturais que eles (os profissionais) passaram pra gente, são tudo coisa fácil que a gente tem em casa, e a gente não usa. Olha... Vou ser sincera... O que foi falado a gente até já sabe, só que é muito bom alguém bater na tecla falando... principalmente por profissionais, pois a gente só vê remédio, a droga... e, o remédio natural a gente não vê. São coisas fáceis, basta querer praticar, porque que a gente tem muito remédio ao redor. Quando a gente tem consciência aí a gente dá valor. Valeu a pena! E eu até faria de novo. Pena que foi pouco, gostaria de ter isso mais vezes, para aprender ainda mais. Quem desistiu é quem perdeu, né?

Neste discurso, a representação focaliza o aprender sobre os RN como um

forte motivo para participar das oficinas, estando em conformidade com as referências

apresentadas a seguir.

O resultado do estudo de Pinheiro et al. (2017) apontou que quando a

curiosidade e o interesse natural pelo aprendizado são utilizados como estratégias de

ensino para que os alunos se sintam motivados em estudar e aprender. A pesquisa

mostrou que as motivações mais relevantes nos alunos foram as intrínsecas, ou seja,

aquelas ligadas à fatores internos, como vontade de conhecer e aprender assuntos

novos e o esforço para resolver tarefas independente de notas. São motivações que

não exigem recompensa exterior, pois elas são focadas na execução da ação.

Sobre profissionais da saúde, o estudo de Sá et al. (2018) identificou que em

98% dos enfermeiros, a motivação para participarem das atividades de educação

permanente foi a necessidade de aprender e aprimorar a qualificação nos serviços

prestados aos pacientes.

Outro estudo, nessa direção, demonstrou que um dos motivos para o

desenvolvimento e a manutenção de ações grupais está representado pela

construção de saberes, devido a troca de experiências, ao aprendizado e o

empoderamento quanto ao cuidado com a saúde enfatizado por usuários e

profissionais da Atenção Básica. O aprendizado ocorreu devido à comunicação de

orientações, informações, esclarecimentos de dúvidas e interação entre os

participantes do estudo, essa construção se mostrou significativa para ambos os lados

possibilitando mudanças na vida dos usuários e na prática dos profissionais da saúde

(FRIEDRICH et al., 2018).

87

IC C – A confiança em Deus motiva e aumenta a vontade de aprender a se

cuidar (5 EC)

DSC- O que de fato me motivou a continuar nas oficinas foi a confiança em Deus, e essa vontade imensa que eu tô de mudar de vida. Eu tô com pressão alta. Eu fiz as oficinas eu queria aprender as coisas e mudar para melhor. Então, foi o comprometimento com a saúde que me motivou a participar, e gostei muito de tudo. A confiança de Deus é um dos remédios mais importantes na minha vida! Eu participei das oito oficinas. Se estava chovendo eu estava aqui, se estava frio ou com vento de rachar, eu vinha porque eu queria ficar no grupo prá poder saber mais. É bom na vida a gente aprender! Eu fico muito agradecida porque “eles” (os profissionais) realmente ensinaram o que é bom para a vida da gente, e esse aprendizado vou levar comigo.

O DSC demonstra que a confiança em Deus representou o motivo para

participar das oficinas e aprender sobre o autocuidado, ou seja, a crença em um Ser

Superior move-os para o cuidado com a saúde.

Pesquisas demonstram que a população mundial gostaria de abertura e espaço

nas práticas clínicas de saúde para abordarem sobre seus valores, crenças e

experiências religiosas e espirituais e que houvesse sensibilidade e respeito

independente da orientação religiosa dos médicos (MOREIRA-ALMEIDA, et al.,

2016).

De acordo com Moreira-Almeida et al. (2016), a World Psychiatric Association

(WPA) publicou o seu posicionamento sobre a influência relevante da R/E na saúde

mental, destacando o rigor científico nos estudos dessa natureza em mais de 3000

pesquisas investigativas sobre o assunto. A WPA expressa formalmente a importância

de incluir o tema sobre espiritualidade e saúde nos currículos de ensino psiquiátrico,

além de torna-lo uma diretriz norteadora para as práticas da clínica psiquiátrica em

todo mundo.

A WPA incluiu a R/E como uma amplitude significativa para o bem-estar nos

casos de transtornos mentais, além disso estudos epidemiológicos demonstram seu

predomínio nos casos existentes, principalmente na depressão, comprovando

aderência ao tratamento e melhora clínica da saúde mental (MOREIRA-ALMEIDA, et

al., 2016).

Tomkins et al. (2015) realizaram um estudo comparativo e explicativo sobre a

influência e o efeito dos ensinamentos da religião nos cuidados com a saúde e

ressaltaram a importância da compreensão dos profissionais de saúde quanto às

88

diferenças entre as religiões para aplicação na medicina clínica, nos programas de

saúde pública e nas políticas de saúde. Destacaram ainda que todas as atividades de

fé religiosas creem que Deus ou uma força maior pode influenciar na prevenção e

tratamento da doença. Em alguns países, juntamente com o apoio psicossocial, os

aspectos espirituais, como uma oração, são oferecidos aos pacientes e aceitos de

bom grado, entretanto em outros países ainda não são aceitos e, portanto, excluídos

dos cuidados com a saúde.

4.3 Segunda etapa: Representação Social dos portadores de hipertensão após

três meses da intervenção educativa

A finalidade da segunda etapa, foi identificar se os participantes da pesquisa

deram continuidade aos hábitos aprendidos por meio das OES e se ocorreram

mudanças no EV. Conhecer também os fatores que influenciaram na mudança de EV,

caso tenha ocorrido, e se influenciaram no controle da hipertensão arterial.

Como na primeira fase, será construído um único discurso coletivo, a partir das

semelhanças de sentido dos discursos individuais (LEFÈVRE E LEFÈVRE, 2014)

quanto a continuidade dos hábitos aprendidos durante as OES realizadas há três

meses atrás.

Nessa segunda fase foram três as perguntas direcionadas aos participantes e

seguiram a sequência da fase anterior, compreendendo as perguntas 5, 6 e 7 com os

respectivos gráficos que representam as IC, os DSC e por fim as percepções e

interpretações do DSC.

89

Pergunta 5 - Você continuou utilizando os “Remédios Naturais” que foram

apresentados durante os encontros educativos que você participou? Quais?

Figura 8 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da quinta pergunta (n= 8).

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A – Conquista de novos hábitos, utilizando quase todos os remédios naturais (6 EC); IC B - Dificuldades para adoção de alguns hábitos (6 EC); IC C - Fatores impeditivos para mudança de hábitos (3 EC)

A quinta pergunta teve como proposta investigar se os participantes

incorporaram os hábitos aprendidos nas intervenções educativas e se deram

continuidade após decorridos três meses do término das OES.

O gráfico acima, representativo das ideias centrais desta questão (FIGURA 8),

demonstra três modalidades de respostas com a representação dos RN mais

utilizados pelos participantes. A IC A aponta seis EC (75%) quanto à conquista de

novos hábitos, utilizando quase todos os remédios naturais; a IC B com seis EC (75%)

mostra o percentual dos que apresentaram dificuldades para adoção de alguns

hábitos e a IC C com três EC (38%) demonstrou os fatores impeditivos para mudança

de hábitos.

IC A – Conquista de novos hábitos, utilizando todos os remédios naturais (EC

6)

DSC - Sim, tô utilizando quase tudo: a água, luz solar, exercício físico, ar puro, repouso e confiança em Deus. A alimentação está bem, o

75% 75%

38%

0

1

2

3

4

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IC A IC B IC C

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Ideias Centrais

90

sono está melhor e na temperança eu tirei o álcool, até porque não posso. Olha, eu tô tomando a minha água. Antes eu tomava bem pouquinha água, só era para tomar o remédio, né? Agora eu bebo bastante! Ainda mais agora, que está quente. Agora tô dormindo bem. Antes eu tinha o hábito de tomar alguma bebida alcóolica por causa do cansaço antes de dormir... Pra poder relaxar, né? Agora com a prática da “higiene do sono”, que eu aprendi, eu estou conseguindo dormir melhor. Eu me deito mais cedo, e às vezes custo a dormir, mas eu vejo que estou dormindo mais. Tinha noite que eu não dormia e agora está normal, graças a Deus. Estou tendo mais descanso também. O tempo que tenho de sono é de qualidade. A alimentação tá muito bem também. O refrigerante foi abolido, não tomo mais. Reduzi a cafeína em 50%. Café só uso no período da manhã. Eu também tirei bastante o açúcar, porque... Nossa! Eu era demais... Era chocolate, doces... Dei uma maneirada bem significativa. Estou comendo aveia, tomando suco verde que eu gosto, folha de couve com a maça, tô viciada. Estou comprando meu arroz integral. Lá em casa o pessoal não gosta, mas eu faço o meu. Agora é normal ter em casa as verduras, legumes, saladas, rúcula, brócolis. Como uma banana, faço um suco de limão ou uma vitamina de frutas... Tô me cuidando! Então, a comidinha está mais balanceada. Participo da atividade física. Faço alongamento em casa, na hora que eu me levanto, e faço minhas caminhadas duas vezes por semana. Eu tô indo fazer os exercícios físicos na quarta e na sexta-feira. A gente faz atividade pela Prefeitura, e isso eu não vou parar. Ajuda muito! Temos um professor que caminha com a gente, então eu tô me movimentando mais, como se diz, não fico muito tempo parada. Agora, estou fazendo isso por mim mesma, né? Também... durante as minhas caminhadas, automaticamente, eu pego sol todos os dias. Luz solar é uma prática que tenho... Até porque identifiquei a vitamina D baixa. Então, tomo o banho de sol, pelo menos de 5 minutos, todos os dias na luz do meio dia. Passei no médico outro dia e ele me disse que eu não tô com cara de doente. O ar puro, a respiração está boa graças a Deus, pois o ar puro já entra na caminhada todo dia, né? Uma respiração mais profunda, com troca gasosa do ar, faz aquela preparação para o sono... Então, tô trabalhando essa parte. O remédio natural que mais me apeguei foi a confiança em Deus, eu oro muito. Eu tenho Deus em minha vida, e a gente tem que ter muita fé! A gente precisa ter Confiança em Deus, né? Tô seguindo a igreja, orando... E, tô aí... na luta!

O DSC acima apresenta representações vinculadas à conquista de novos

hábitos por meio de uma relação diferenciada com os Remédios Naturais (RN),

trazendo como destaque a Confiança em Deus que potencializa a ação de todos os

demais RN (Água, Luz Solar, Exercício Físico, Ar Puro, Repouso, Alimentação e

Temperança), sendo que o discurso se encontra em conformidade com as referências

apresentadas a seguir.

91

As crenças e práticas religiosas podem ser incentivadoras de atitudes

promotoras de saúde, de ações que melhorem o enfrentamento do estresse e redução

de emoções negativas interferindo positivamente nos índices elevados de mortalidade

por doenças crônicas (KOENIG, 2012).

Cervelin e Kruse (2014) destacam em sua pesquisa que pacientes que se

apoiam na religiosidade e espiritualidade e conduzem suas atitudes de vida por meio

do relacionamento com Deus apresentam menos problemas de saúde e melhor

qualidade de vida.

O modelo “Interdisciplinar de Cuidado Espiritual” descrito por Hefti e

Esperandio (2016) surgiu para agregar ao modelo biopsicossocial a dimensão

espiritual como parte da existência do ser humano. Este modelo traz uma visão

holística para os cuidados com a saúde, olhando a pessoa e a doença como um todo

para alcançar a saúde integral. Os autores citam, ainda, o modelo

“biopsicossocioespiritual” estudado por Sulmasy (2002) como proposta de

restabelecimento das relações rompidas por ocasião de doenças e sofrimento,

reforçando a crença da antropologia filosófica de que o ser humano é intrinsicamente

espiritual e direcionado para o relacionamento.

Outro modelo mencionado no estudo de Hefti e Esperandio (2016) é o modelo

“biopsicossocial ampliado” que considera a religiosidade e espiritualidade como um

mediador dos resultados biológico, psicológico e social, amortecendo a reação de

estresse fisiológico, visto que é considerado independente e relacional. Nesse modelo

uma pessoa é vista como um ser que necessita de esperança, de um propósito que

dá sentido à vida, de estar ligado à transcendência, a si mesmo e aos outros e de se

sentir amado e amar, assim, a medida que vivencia os fundamentos básicos dessas

necessidades, ativa o processo de enfrentamento e recuperação.

No estudo de Lin e Chu (2014) os resultados apontam que os participantes do

grupo de estratégias para a síndrome metabólica “Diet and Exercise Programme”

(DEP) apresentaram conquistas de comportamentos positivos para promover a saúde

quando comparados ao grupo que não vivenciou o DEP, o que significa que as

estratégias de apoio foram eficazes em potencializar os recursos internos para a

mudança de estilo de vida dos pacientes com síndrome metabólica.

Santos (2018) demonstrou em seu estudo que participantes de intervenções

educativas que utilizaram a estratégia de OES tiveram melhorias na saúde e qualidade

92

de vida e isso pode ser um indicativo das conquistas de mudanças de hábitos e sua

influência no controle das HAS.

IC B – Dificuldades para adoção de alguns hábitos (EC 6)

DSC - A atividade física é uma falha que eu tenho, não tô conseguindo encaixar na minha rotina. Essa parte aí está desequilibrada, eu tô burlando bastante essa parte, muito trabalho e pouco investimento na saúde, né? Nem caminhada e nem corrida na rua... Quando começou as oficinas eu estava praticando, mas esse mês eu dei uma diminuída... Mas, ainda assim, eu estou fazendo mais do que antes. Os remédios naturais mais difíceis são a atividade física e alimentação e por consequência o equilíbrio, que é a parte da temperança. A gente tem vontade, mas não tem disposição, né? A vontade não falta, o que falta é disposição! E aí, vem as desculpas. Então tem que ter objetivo, em tudo devemos ter objetivo. A alimentação, eu tenho tentado regrar... Mas, essa é a parte mais difícil. Tô tirando as guloseimas, não tem mais aquelas guloseimas da tarde e da manhã. Agora só tem as refeições. Mas, onde eu mais escapo é na alimentação. A água, eu não bebo o tanto que é pra beber, mas bebo... sabe? Só não consegui tomar as quatro garrafinhas no dia, mas tomo umas três por dia. Às vezes eu não durmo as 8 horas por noite não. O Sol eu tomo pouco. Eu sinto que eu estou precisando melhorar.

No recorte deste DSC a representação se concentra nas dificuldades em

incorporar alguns hábitos na vida cotidiana, como a falta de tempo por excesso de

trabalho, limitação pessoal ou culpabilidade por não conseguir. O discurso é

referendado a seguir.

Devido às realidades complexas que se apresentam como fatores

preponderantes ou até mesmo determinantes do processo saúde-doença, a

Promoção da Saúde, enquanto Política Pública, requer uma condição de estímulos a

comportamentos inovadores e produção de elementos que facilitam a autonomia de

uma pessoa ou população para transformarem os hábitos do cotidiano, costumes e

regras de comportamento, considerando a escolha do indivíduo entre as alternativas

que lhe são apresentadas. A pessoa deve ser respeitada em seus valores, crenças,

expectativas, manifestações, necessidades e prioridades (LEFÈVRE, F; LEFÈVRE,

A. M. C. 2015).

No estudo de Falcão et al. (2018) com idosos portadores de hipertensão na

região do Piauí, manifestações relacionadas às dificuldades para realizar atividade

física surgiram devido a idade e a falta de motivação para mudar os hábitos de vida já

instalados. No mesmo estudo foi encontrado um mecanismo compensatório por parte

93

dos participantes no sentido de ingerir alimentos saudáveis e não saudáveis,

sugerindo a busca pelo controle da HAS sem, contudo, abandonar os alimentos de

riscos, como fritura, doces e alimentos industrializados. Outro achado neste estudo

alegou redução da ingestão de alimentos de risco, restringindo ao consumo de sal,

gorduras e doces como os mais referidos pelos participantes. Outro, ainda,

demonstrou que pelo menos 85,2% dos participantes mantiveram um hábito não

saudável, contudo, esses estudos evidenciam que mesmo em condições de

dificuldades, os participantes conseguem consumir alimentos saudáveis (FALCÃO et

al., 2018).

IC C – Fatores impeditivos para mudança de hábitos (3 EC)

DSC - Ainda tomo café, não consegui deixar de comer o pão branco sem tomar o café. É difícil! Também não estou fazendo caminhada. Meu marido ficou o mês de agosto inteiro no hospital. Então, eu não tive tempo de praticar o que aprendi. Eu não estava conseguindo controlar a alimentação e tudo que eu pegava, eu comia, era uma comilança só! Não era fome, era ansiedade, nervoso e estresse, porque eu vou te dizer, eu ando ansiosa, não sei o que está acontecendo. A pressão está desregulada. Eu testei ficar sem o sal... Mas, não é isso, é o nervosismo...

Neste discurso se mostram representações relacionadas a fatores impeditivos

para a mudança de hábitos, como referenciado a seguir.

Um doente em casa exige cuidados constantes para o enfrentamento da

doença e para manter sua qualidade de vida, principalmente se o doente não

apresenta a capacidade de se cuidar sozinho. Nesse caso um familiar assume os

cuidados com o doente e passa a fazer todo o trabalho por ele. Essa responsabilidade

pode ocasionar uma sobrecarga emocional e desenvolvimento de sintomas como

cansaço físico, fadiga, estresse, depressão, preocupações com a vida financeira,

abandono da vida pessoal, descuido com a própria saúde e sentimento de impotência

culminando em impedimentos à mudança do estilo de vida ou tratamento de doenças

(SANTOS, et al., 2017).

94

Pergunta 6 – Como você está se sentindo atualmente em relação a sua saúde?

Figura 9 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da sexta pergunta (n= 8).

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - A saúde está razoavelmente bem (5 EC); IC B - A saúde melhorou e refletiu na vida como um todo (2 EC); IC C - A vida pessoal interfere na saúde (2 EC)

A proposta da pergunta 6 foi de levantar informações a respeito da saúde dos

participantes entre a primeira fase, na qual se deu o aprendizado dos ORN, e a

segunda em que se esperava a consolidação dos hábitos incorporados. Foram três

meses de autonomia para continuar ou não com as práticas saudáveis.

A demonstração gráfica (FIGURA 9) apresenta três ideias centrais sobre a

saúde dos participantes. A IC A abarca a representação de cinco EC (63%) apontando

para uma saúde razoavelmente bem; a IC B com duas EC (25%) indica que a saúde

melhorou e refletiu na vida como um todo e a IC C também com a representação de

duas EC (25%) aponta que a vida pessoal interfere na saúde.

IC A – A saúde está razoavelmente bem (5 EC)

DSC - Tô razoável, na luta. Não tô bem, mas também não estou ruim! Tirando alguns problemas, que a gente tem, estou me sentindo até bem, né?! É que, na saúde como um todo, tenho um probleminha de uma perna que às vezes incha muito, e incomoda um pouco. Tô melhorando, tô melhorando.

63%

25% 25%

0

1

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Ideias Centrais

95

No DSC acima a representação gira em torno de uma saúde razoável após

decorridos três meses das intervenções educativas sendo concomitante à referência

a seguir.

No estudo de Borba et al. (2018) os participantes percebem que seu estado de

saúde está vinculado aos resultados obtidos na adesão às práticas educativas

orientadas. O idoso utiliza o termo “saúde razoável” como representação de como ele

se vê e compreende sua doença, é uma expressão de que o idoso não se entende

como um ser sem doença, mas como uma pessoa ativa e responsável pelo seu

tratamento.

IC B – A saúde melhorou e refletiu na vida como um todo (EC 2)

DSC - Eu tô me sentindo bem, posso dizer que estou ótima, maravilhosa. Bem mesmo! Em relação a tudo. O trabalho das oficinas contribuiu muito... Ajudou bastante mesmo! Principalmente por apresentar o mal que faz prá gente, se não usarmos os remédios da natureza. Os encontros me fizeram pensar que aquilo ali (os remédios naturais) tudo está na natureza. Me fez bem essa temporada que estava por aqui (posto de saúde), fez muito bem para mim. Olha, praticamente tudo a gente já sabia, só não colocava em prática, e de lá para cá acho que eu coloquei bastante em prática. Sinto diferença no corpo, me sinto mais leve... Mais “maneira”, né? Estas mudanças vieram prá ficar! Vou fazendo pouco a pouco. Fui ao médico e os exames deram tudo bom, ele falou que tava tudo bem... Tudo em dia. Baixou bastante o colesterol, os triglicérides e o sangue estava ótimo! O corpo tá bom! Sinto diferença também nessa parte espiritual... E isso é bom! Me faz mais calma... Mais tranquila...

O recorte do discurso acima traz representações sobre a melhoria da saúde e

os reflexos na vida, sendo que o discurso está em conformidade com o estudo de

Rêgo e Radovanovic (2018), que ressalta a importância do acompanhamento

periódico do portador de hipertensão pelo mesmo profissional, além do benefício da

interação, promove melhor adesão ao tratamento e consequentemente melhoras na

saúde. Corroborando o pensamento coletivo expressado pelos participantes, a

construção de um vínculo de confiança, respeitoso, humanizado, de acolhimento e

escuta, entre usuários e profissionais, favorece a prática do autocuidado refletindo na

melhora da saúde. Em relação à participação nos serviços assistenciais oferecido no

contexto da atenção à saúde holística, os autores argumentam que essa condição

favorece a construção de uma relação de empatia que pode reduzir sintomas de

tensão resultando na eficácia do tratamento.

96

IC C – A vida pessoal interfere na saúde (EC 2)

DSC - Na profissão estou muito bem! Eu sinto que estou cumprindo os compromissos profissionais. Na parte pessoal acho que a família tá meio abandonada, meio de lado, digamos... Eu tenho que pensar nisso também, e na minha saúde... Pois, a vida é primordial! Sempre que posso, faço isso, eu desligo o televisor para ler um pouco e para ficar um pouco sozinha no meu canto.

No discurso acima percebe-se a representação da importância do trabalho e

da satisfação profissional, que na perspectiva do participante se equipara ao bem-

estar promovido pelo estado de saúde. Nessa direção, ressalta-se que o trabalho é

um processo pelo qual o ser humano exercita sua capacidade de pensar, planejar,

objetivar o futuro, materializar os sonhos, interação social e é o que os diferenciam

dos animais (CAMPOS, 2017).

Por outro lado, o trabalho desmedido leva uma pessoa a inversão de valores a

medida que supervaloriza as coisas materiais alienando-se em si mesmo,

distanciando das relações sociais e familiares. Além disso a saúde mental é abalada

produzindo angústias, medos, agressividade, agitação, desânimo e estresse, sendo

estes os maiores vilões da saúde humana podendo inclusive ajudar a desencadear

doenças físicas (CAMPOS, 2017).

O estudo de Ferreira et al. (2017) com idosos destaca que os determinantes

sociais influenciam na qualidade de vida e na saúde. Aponta ainda a importância de

receberem apoio das relações familiares e sociais e sentirem-se pertencentes a um

grupo de convivência. Os conhecimentos adquiridos passam a ser transformados em

saberes que fazem sentido para o cotidiano, assim como as práticas aprendidas,

como a alimentação saudável, são transformadas em benefícios para a saúde.

Separar um momento para estar consigo mesmo expressa saúde e maturidade

emocional atrelado à capacidade de estar só, mesmo na presença do outro. Isso só

se torna possível em um ambiente acolhedor, compatível com as necessidades,

integrativo e que provém do direito de ser diferente (ABRAM, 2000).

97

Pergunta 7 - O que mais te influenciou a continuar usando os Remédios Naturais?

Figura 10 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da sétima pergunta (n= 8).

Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - A melhora da saúde e o bem-estar influenciam o uso dos RN (4 EC); IC B - A participação das oficinas foi um incentivo (3 EC); IC C - A percepção das mudanças na família foi um estímulo (1 EC)

Na sétima pergunta a proposta foi investigar a influência dos RN na vida dos

portadores de hipertensão e os motivos pelos quais continuaram utilizando.

A demonstração gráfica (FIGURA 10) indica que foram três as influências para

os participantes continuarem utilizando os RN. A IC A demonstra em quatro EC (50%)

que a melhoria da saúde e o bem-estar influenciam o uso dos RN, seguida da IC B

com três EC (38%) que indica a participação nas OES com um incentivo e por último

a IC C com uma EC (13%) indica que a percepção das mudanças na família foi um

estímulo para a continuidade dos hábitos saudáveis aprendidos.

IC A - A melhora da saúde e o bem-estar influenciam o uso dos RN (4 EC)

DSC - Ah, pelo meu bem-estar mesmo! Principalmente, a melhora da depressão que eu senti desde que comecei a colocar em prática os exercícios físicos. Comecei no início deste ano e não parei... E nem pretendo mais ficar sem... Pode estar frio ou calor. Eu vi o bem que faz, né? Então, o que mais influenciou foi sentir o bem-estar. Eu vi o bem de continuar fazendo as atividades. Tinha dias que eu nem conseguia sair da cama, pra mim era a morte. Então... Foram os benefícios mesmos! Né? Eu passei a dar mais atenção para o que eu estava falhando. E, além disso, passei a me policiar na alimentação,

50%

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Ideias Centrais

98

como ao temperar os alimentos. Outra coisa, foi que eu percebi o desequilíbrio que eu estava tendo com muito tempo no trabalho. Essa parte da ansiedade também melhorou bastante! Aliviou o problema dos nervos. O médico falava pra mim do exercício físico, porque o exercício faz controlar adrenalina e estimular a serotonina. Outra coisa que me influenciou foram os benefícios da água. Porque eu fazia xixi escuro... bem amarelo... E hoje, tomando mais água, o xixi está claro. Ainda não está bem clarinho, mas agora vou tentar fazer as coisas mais direitinho. Então, com o uso dos remédios naturais, diminuiu os riscos que eu corria. Estou menos preocupada. Valeu a pena sim usar! Acho que tudo foi um benefício!

O recorte do discurso acima apresenta representações sobre a melhora da

saúde e o bem-estar como motivadores para a continuidade da prática dos RN. O

discurso está em conformidade com a pesquisa de Silva et al. (2018) na qual foi

identificado que a proposta de exercícios físicos e acompanhamento psicológico para

idosos despertou a motivação, vontade e expectativas para o enfrentamento das

situações diferenciadas apresentadas no contexto do estudo. Os participantes

apresentaram disposição para novas relações sociais e novos projetos de vida,

favorecendo a resiliência, sentimentos de esperança e pertencimento.

IC B - A participação nas OES foi um incentivo (3 EC)

DSC - O que me influenciou mais foram as palestras que a gente teve aqui, né? Foi muito bom!! Os professores ligavam prá gente e a gente foi se sentindo melhor. Então, foi isso... Saber que isso dá certo mesmo! Então, vou continuar... Com fé em Deus! Inclusive, eu participaria de outra oficina, se tivesse...

No DSC acima a representação destacada foi perceber o incentivo por meio da

participação nas OES. Nesse sentido, Caldeira (2009) apresenta que o atendimento

dos cuidados da enfermagem para as necessidades psicológicas e espirituais dos

pacientes trouxe envolvimento relacional humanizado, holístico, eficiente e ainda

influenciou o paciente com sentimentos de bem-estar e ganhos no processo saúde-

doença, como a autonomia e o estado de saúde.

Alves et al. (2016) destacam que as intervenções educativas por meio da OES

promovem um espaço propício para estimular a adoção de hábitos saudáveis

relacionados aos ORN e eficaz na melhoria dos níveis de pressão arterial. Foi possível

mensurar os efeitos positivos de todas as médias da qualidade de vida, do estilo de

vida e dos valores pressóricos dos participantes.

99

IC C - A percepção das mudanças na família foi um estímulo (1 EC)

DSC - Digo que vou continuar com isso (a prática dos ORN) porque aprendi com vocês e vou levar isso pro caminho de meus netos, minha filha, meu filho. Por exemplo, carne em casa quase não tem mais.... Faço mais uma verdura, um ovo. Já tô conseguindo ver mudanças com meu filho, e isso que me motiva! Ver a saúde de cada um deles bem e melhorando... Fico feliz! E eu vou continuar com isso!

Nesse discurso as representações sobre a motivação estão relacionadas com

a influência das práticas dos ORN na família.

Cruz e Sampaio (2016) descrevem que 70% das práticas populares da

Medicina Alternativa e Complementar e da Medicina Tradicional na APS são

praticadas também pelas famílias devido a motivação por facilidade de acesso,

tradições familiares, baixo custo, insucesso do tratamento convencional, percepção

efetiva e mídia influenciadora. Além disso, se vincula a busca pela espiritualidade e

relações mais humanizadas. As famílias praticam juntamente com o tratamento

convencional outras formas que se ligam às tradições, como benzer, chás alternativos,

e etc.

Motta et al. (2014) reportam o estudo realizado com idosos de uma ESF em

Maringá, cujo processo se deu por meio de entrevista e cinco encontros informativos

com profissionais da saúde. A conscientização sobre alimentação saudável foi

estendida para toda a família evidenciando uma parceria entre os usuários, familiares

e profissionais da saúde. Os autores defendem que a família é fundamental neste tipo

de trabalho porque exerce grande influência sobre os idosos e consegue agregar

hábitos saudáveis aos cuidados prestados. As práticas de exercício físico foram

estendidas também para as famílias e, assim, esses aspectos proporcionaram a elas

melhor qualidade de vida, bem-estar físico, social e emocional. O programa das OES

foi construído passo a passo com o objetivo de levar o conhecimento às pessoas

promovendo uma reflexão e a busca pelo prazer de viver.

100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs a conhecer a percepção de portadores de hipertensão

de uma Estratégia Saúde da Família, quanto aos fatores motivacionais que

influenciaram na adoção de hábitos saudáveis para o restabelecimento da saúde e do

bem-estar.

O estudo perpassou por caminhos percorridos pelos portadores de hipertensão

que esbarram desde o reducionismo, em que o primeiro pensamento relacionava o

portador de hipertensão à grande responsabilidade em mudar seu EV até o

pensamento questionador de que se fosse assim tão simples, porque de cada dez

adultos com mais de 25 anos, quatro são portadores de hipertensão em todo o

mundo?

A maior parte do conteúdo deste estudo aborda o fato de que, o doente, a

família, a Atenção Básica na ESF, os profissionais da saúde, as Políticas Públicas e

todos que direta ou indiretamente se relacionam com a saúde, devem estar envolvidos

em detectar, tratar e controlar a hipertensão arterial, sobretudo envolver-se com as

intervenções para a Promoção da Saúde dos usuários nas unidades de saúde.

A corrida para melhores condições de vida econômica e social não depende

única e exclusivamente do cidadão ou da área da saúde, mas de todos os setores que

influenciam direta ou indiretamente na saúde ou na doença populacional.

As pessoas são totalmente dependentes das influências econômicas e sociais

que afetam a saúde, deteriorando-a cada vez mais por vinculá-la ao consumo de bens

e serviços alicerçados na doença, portanto ilusórios para o desenvolvimento do bem-

estar global. Enquanto as Políticas Públicas embasarem a qualidade de vida da

população nos fatores ligados ao adoecimento, continuarão colhendo doenças. Há

que se abrir espaço para um pensar crítico e refletir sobre: há quanto tempo buscam

a saúde integral sem alcançá-la? O que falta para alcançá-la? Qual o alicerce

fundamental que resultará progressivamente na integralidade da saúde?

O alicerce da Saúde Pública não parece atingir uma performance necessária

para um planejamento compartilhado com foco no bem-estar geral para uma saúde

integral do ser humano. Uma representatividade política, educacional e de outros

setores da saúde se faz premente, bem como, o envolvimento da população, no

sentido de construírem uma realidade social crítica e reflexiva em que o indivíduo

101

alcance melhores condições de vida, incluindo moradia digna, transporte, trabalho,

educação, segurança, saúde, entre outras.

Para tanto se questiona, o que de fato é preciso para se atingir a performance

necessária para minimizar as falhas existentes nos processos, procedimentos,

monitoramento, controle e redução das causas relacionadas com a hipertensão?

O portador de hipertensão ao ser protagonista desta pesquisa, respondeu aos

objetivos específicos deste estudo. Na percepção dos participantes os fatores que

motivaram a adoção de novos hábitos foram: os benefícios físicos, emocionais e

espirituais; incentivo das OES para ingestão de maior quantidade de água;

conscientização sobre a importância da exposição do sol, ar puro e prática da

atividade física; sentir os benefícios da alimentação saudável; compreender a

importância do sono; gratidão e Confiança em Deus.

Quanto aos hábitos saudáveis que, na opinião dos participantes, influenciaram

no controle da pressão arterial, os Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) mostraram

que terem participado das Oficinas de Espiritualidade e Saúde (OES) foi

preponderante, sendo que experimentaram vivências grupais que promoveram maior

equilíbrio emocional, mudança do comportamento agitado, benefício das técnicas de

relaxamento, melhora na disposição, redução das dores no corpo, melhor descanso

durante o sono, diminuição do peso e um semblante de alegria. Os discursos ainda

relataram que o controle da pressão foi só um detalhe mediante aos outros ganhos.

As dificuldades iniciais, na percepção dos portadores de hipertensão, surgiram

logo após terem conhecido e experimentado as novas práticas relacionadas aos Oito

Remédios Naturais (ORN) como: romper com crenças cristalizadas determinantes de

velhos hábitos, fatores pessoais e emocionais que limitam ações voltadas para o novo

e a rotina de trabalho que envolve as prioridades materiais.

Após o intervalo de três meses da OES, as dificuldades ficaram relacionadas à

falta de tempo devido à excesso de trabalho, limitação pessoal, culpabilidade por não

conseguir mudar e fatores impeditivos, como ter o tempo integral voltado a outras

prioridades de ordem pessoal.

A percepção dos participantes quanto aos motivos facilitadores em incorporar

os ORN como hábitos saudáveis, estão vinculados à conquista de novo estilo de vida,

à melhoria da saúde e aos reflexos obtidos na vida cotidiana, o sentimento de bem-

estar influenciado pelo uso dos Remédios Naturais, o incentivo obtido nas OES e ao

102

estímulo positivo por perceber as mudanças sendo multiplicadas na família. Assim, o

terceiro objetivo específico foi respondido.

A representação da fé em Deus, como um Ser Superior com poder de cura,

relatado nos discursos desperta uma linha de raciocínio de que por meio da Confiança

em Deus é possível mudar o pensamento e por meio dessa mudança pode se

modificar progressivamente as ações que levam à adoção de novos hábitos,

fisiológicos, emocionais e espirituais. Os demais elementos da natureza como o Ar

puro, Luz solar, Temperança, Repouso, Atividade física, Alimentação e a Água são

componentes dos ORN aliados e utilizados na continuidade das mudanças, reduzindo

assim as práticas prejudiciais e contribuindo para alcançar gradativamente os hábitos

saudáveis para um viver com qualidade.

Se verificou que a complexidade que envolve os doentes e a doença é muito

mais abrangente do que se imagina. Os motivos para adoção de um Estilo de Vida

Saudável, assim como as dificuldades relatadas pelo grupo estudado, se ligam a

fatores de autocensura ou a impedimentos circunstanciais próprios de cada pessoa e

que impossibilitam uma análise crítica das situações da vida cotidiana. A não ser que

tenham incentivo, apoio, escuta ativa, qualificada e visão ampliada para o todo da

pessoa, as dificuldades tendem a se perpetuar e agravam ainda mais o problema em

questão.

A proposta da intervenção educativa por meio dos ORN aplicada nas OES,

como uma terapia complementar, foi de dar continuidade aos esforços para minimizar

os efeitos e agravos que a hipertensão arterial representa na vida dos participantes

desta pesquisa. As evidências apresentadas nos discursos demonstraram, em um

período de três meses, a eficácia do processo.

Além das respostas aos objetivos propostos no estudo, um outro aspecto da

pesquisa que vale destacar é que foi a equipe de saúde da regional da ESF que

elaborou e validou o Plano de Ação (APÊNDICE B), no qual foi sugerido a aplicação

da OES em um grupo de portadores de hipertensão, como projeto piloto.

Hierarquicamente o aprendizado dos profissionais de uma ESF está centrado

nos ideais das Políticas Públicas que articulam o pensamento de Promoção de Saúde

baseado no modelo biomédico com vistas a atuar sobre a doença e, talvez, em outras

propostas de intervenção chamar a atenção para uma mudança de pensamento.

Questiona-se então: seria possível um esforço da equipe interdisciplinar analisar as

103

experiências vivenciadas pelo grupo participante desta pesquisa e os resultados

alcançados?

O rompimento com os modelos assistenciais eugênicos, mecanicistas e

biomédicos deveria ser a base para desestabilizar a assistência à saúde hierarquizada

e sofisticada baseada em aparatos de diagnósticos e prescrição de medicamentos de

última geração. Dessa forma, rompe-se, também, com o descaso quanto à prescrição

de métodos terapêuticos naturais e menos onerosos.

Os resultados desta pesquisa relatam sobre um método simples e de baixo

custo que comprovadamente atuou com efeito sinérgico e que poderá promover a

saúde dos portadores de hipertensão, prevenindo complicações e Doenças Crônicas

Não Transmissíveis e, consequentemente, devolver à população o direito à força de

trabalho.

Aliada ao rompimento com as Políticas Públicas preconceituosas, a Promoção

da Saúde propõe intervenções que vão além da saúde física. Ela propõe o resgate da

consciência crítica; do pensar e agir lógico e agregador; do senso da subordinação

equivocada e das contradições da vida moderna imposta. Assim, promove o

discernimento sobre o que é bom ou ruim; a interrelação pessoal provinda do diálogo

para a busca do saber e a constância no fazer; a consciência de mundo, de si mesmo

e do outro e restabelece a voz para o enfrentamento dos determinantes sociais e o

resgate da dignidade humana.

O envolvimento das instituições públicas e privadas para esse resgate

necessita de um envolvimento cognitivo e massificador, imbuído de uma

espiritualidade crescente, demonstrado nas relações entre as pessoas que deram voz

aos questionamentos levantados neste estudo.

A saúde espiritual, cognitiva e física deve sobrepor a todos os determinantes

impositivos que promovem a doença para representar melhorias quanto a força de

trabalho, moradia digna, distribuição de renda justa, educação de qualidade e gratuita,

melhores condições ambientais, comida saudável e preço justo e uma medicina mais

voltada ao natural, determinando o percurso de vida da população.

A partir das discussões dos resultados deste trabalho, emergiram algumas

proposições às Políticas Públicas com foco na Promoção da Saúde que levaram os

participantes à satisfação e desejo de recuperar sua saúde. Os indivíduos foram

influenciados por uma corrente condutora da espiritualidade e por ações capazes de

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incentivar os portadores de hipertensão arterial a adotarem um estilo de vida saudável

para promover sua saúde e controle da pressão arterial.

Aliadas ao interesse dos governos em ações interventivas intersetoriais, as

ações educativas por meio das Oficinas de Espiritualidade e Saúde, com base nos

Oito Remédios Naturais, relacionam-se a um Estilo de Vida Saudável que pode

conduzir à construção de uma base sólida e acessível à população, como técnica

educativa para melhorar o controle da hipertensão e promover a saúde. O Estilo de

Vida que se desenvolveu a partir dessa intervenção, representado nos discursos dos

participantes desta pesquisa, refletiu a subjetividade de cada pessoa, ancorada no

coletivo, e abrangeu hábitos, conhecimentos, valores e práticas sociais.

No contexto pesquisado foram geradas transformações na maneira de pensar

a saúde e, neste sentido, os resultados foram considerados relevantes para que os

profissionais de saúde promovam esse processo participativo. Assim, deve envolver

não só os usuários da ESF, mas também as instituições públicas e privadas,

ampliando a capacidade de decisão frente à complexidade relacionada aos problemas

de saúde. Depreende-se que, a partir deste estudo piloto, um novo grupo possa ser

formado, utilizando as estruturas da ESF, para seguir o passo a passo das OES para

novas avaliações dos benefícios conquistados e assim seguirem sucessivamente a

multiplicação dos conhecimentos adquiridos.

Conhecer a percepção de portadores de hipertensão de uma Estratégia Saúde

da Família, quanto aos fatores motivacionais que influenciaram na adoção de hábitos

saudáveis veio ao encontro da premissa de que o aprendizado prático sobre o uso

dos ORN, no dia a dia, foi significativo e pode levar os portadores de hipertensão a

perceberem os seus benefícios em uma evolução progressiva para o

restabelecimento da saúde e do bem-estar, contribuindo sobremaneira para o controle

da hipertensão.

Acrescenta-se, ainda, que mesmo esbarrando em fatores complexos que

limitam a mudança de hábitos, os portadores de hipertensão poderiam passar por este

processo como uma condição a mais que amplia as escolhas para uma saúde integral.

Uma limitação encontrada na condução deste estudo, foi não ter dado

continuidade no processo para obter o comparativo entre o antes e o depois das OES,

assim, detectar se houve a consolidação dos hábitos saudáveis ao longo do tempo,

bem como, a conscientização da importância do uso dos ORN para o

restabelecimento da saúde e controle da hipertensão.

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123

APÊNDICE A – Desenho Metodológico

Fonte: Abdala et al. (2014)

124

APÊNDICE B – Plano de Ação

125

126

APÊNDICE C - Formulário de dados sócio demográficos e Roteiro para a Entrevista

Código da Família _________-__________

Código de Identificação _____________

Nome_________________________________________________________

Endereço_____________________________________________________

Data de nascimento _________________Idade _________, Sexo __________

Cor da pele referida ( ) Branca ( ) Parda ( ) Preta ( ) Indígena ( ) Amarela

( ) Ignorada

Escolaridade ____________________

Peso ______Kg Altura ___________ IMC_______

Religião referida ________________________Profissão_________________

Há quanto tempo é hipertenso______________________________________

Faz acompanhamento médico sistemático? Sim ( ) Não ( ) Nem sempre ( )

Faz uso de quais medicamentos para controle da pressão arterial, prescritos pelo

seu médico? _______________________________________________

Deixa de usar ou esquece de tomar os medicamentos prescritos? Sempre ( )

Quase sempre ( ) Quase nunca ( ) Nunca ( )

Questões norteadoras

Após as OES:

1. Como você se sentia sendo uma pessoa com pressão alta, antes das Oficinas

de Espiritualidade e Saúde? E agora, o que mudou?

2. Quais remédios naturais você adotou com maior facilidade? Por que?

3. Quais remédios naturais você teve maior dificuldade em adotar? Por que?

4. O que mais te motivou a participar das oficinas?

Três meses após as OES:

1. Você continuou utilizando os “Remédios Naturais” que foram apresentados

durante os encontros educativos que você participou? Quais?

2. Como você está se sentindo atualmente em relação à saúde?

3. O que mais te influenciou a continuar usando esses Remédios Naturais?

127

APÊNDICE D - Cronograma de Trabalho das OES

128

APÊNDICE E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa sobre Percepção dos

profissionais de saúde do PSF quanto à assistência espiritual aos usuários, sob

a responsabilidade da pesquisadora Profa. Dra. Maria Dyrce Dias Meira. Os

pesquisadores serão os alunos que fazem parte do grupo de pesquisa

Religiosidade/Espiritualidade na Integralidade da Saúde (REIS) e os docentes: Prof.

Dr. Carlos Antônio Teixeira e Profa. Dra. Gina Andrade Abdala. O objetivo desta fase

da pesquisa será “analisar a associação entre estilo de vida de portadores de

hipertensão essencial e os níveis da pressão arterial e do biomarcador interleucina-6,

mediados pela Religiosidade/Espiritualidade”. A sua participação na pesquisa

ocorrerá da seguinte forma: No inicio e final da intervenção você responderá a quatro

questionários: “índice de religiosidade Duke-Durel”; “Estilo de Vida Fantástico”;

“Qualidade de Vida do Hipertenso – Minichal” e “Índice de Stress de Lipp”. Você

também poderá participar de grupos terapêuticos com reuniões semanais em que

serão abordados temas relacionados ao controle e tratamento da Hipertensão. Serão

coletadas três amostras de sangue, duas durante o período das reuniões e a outra de

dois a três meses após para dosagem de substâncias que podem estar alteradas em

pessoas com problemas de pressão alta. Durante a coleta do sangue você poderá

sentir pequena dor devida a picada da agulha e também poderá surgir uma manchinha

roxa que desaparecerá em poucos dias sem nenhuma complicação. Sua participação

não envolve outro risco físico relacionado à coleta dos exames laboratoriais, pois os

mesmos serão colhidos por profissionais da Unidade Básica de Saúde na qual você

já é atendido e continuará sendo acompanhado pelo seu médico. Você terá também

a garantia de receber esclarecimentos sobre qualquer dúvida relacionada à pesquisa.

Sua participação nessa pesquisa poderá trazer como benefício o conhecimento de

novas maneiras de controlar os níveis da pressão arterial. Sua participação não é

obrigatória e você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento

sem ser prejudicado por isso. Você não receberá pagamento pela sua participação no

estudo e nem pagará pelos procedimentos efetuados pelos pesquisadores. Os

resultados da pesquisa serão divulgados, mas você terá total garantia de que seu

nome não será revelado. Caso você tenha dúvidas sobre o comportamento dos

pesquisadores ou sobre possíveis mudanças ocorridas na pesquisa que não constam

129

neste termo e caso se considere prejudicado(a) de alguma forma você poderá entrar

em contato com as pesquisadoras responsáveis Maria Dyrce Dias Meira – 11- 98289-

1433 e Gina Andrade Abdala – cel: 19-98389-3330 ou também pode consultar o

Comitê de Ética em Pesquisa do UNASP, pelo telefone (11) 2128-6230. Você poderá

também em caso de qualquer questão, dúvida, esclarecimento ou reclamação sobre

os aspectos éticos desta pesquisa entrar em contato com o Comitê de Ética em

Pesquisas da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo CEP/SMS, Rua General

Jardim, 36, 1º andar. Telefone: 3397-2464 - e-mail: [email protected]. Diante do

exposto, eu concordo em participar desta pesquisa, e sei que terei uma cópia deste

termo, que será assinado por mim e pelos pesquisadores em duas vias.

Local e data: _____________________________________/_______/_______

Nome do (a) participante: __________________________________________

Assinatura: _____________________________________________________

Docentes orientadores: Componentes do Grupo de Pesquisa:

Maria Dyrce Dias Meira Daniela C. Santos Cel: 11- 98289-1433 Cel: 19-98285-7209 Assinatura_____________________ Assinatura ___________________

Gina Andrade Abdala Marli Rosangela Cres Cel: 19-98389-3330 Cel: 19-99179-7720 Assinatura____________________ Assinatura ____________________

Carlos Antônio Teixeira Evelson Silva Cel: 1199368-0604 Cel: 11-99789-5417 Assinatura___________________ Assinatura ____________________

JocimarWruck Cel: 11-99608-4239 Assinatura ____________________

Guilherme Ramos Sens Cel: 49-9919-3840 Assinatura____________________ Fabiana Colimoide

Cel:11981101200 Assinatura ____________________

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ANEXO A – Programa das Oficinas de Espiritualidade e Saúde

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ANEXO B - Autorização do CEP/UNASP

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141

ANEXO C - Autorização do CEP/SMS

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