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9 Índice Agradecimentos.................................................................................17 Prefácio............................................................................................ 21 Quem te inspira?................................................................................ 23 Introdução........................................................................................27 1 . COMO DANÇAR COM A MAIS BONITA?...............................................31 Desafio n.º 1: Como converter os imprevistos em oportunidades...............35 Desmancha‑prazeres?........................................................................36 Resolver ou dissolver?........................................................................37 Como faço para converter um imprevisto numa oportunidade?.................37 Três perguntas‑chave para fazer frente a um imprevisto..........................39 Dicas para que os imprevistos tenham medo de ti.................................43 O teu minuto de coaching...................................................................44 2. TÁXI COACHING............................................................................45 Desafio n.º 2: como fazer com que as coisas aconteçam quando ninguém quer mudar........................................................................52 De onde retirar entusiasmo para continuar a apostar e a investir..............53 Como ser perseverante apesar das adversidades.....................................55 A que velocidade estás a liderar a tua vida?.............................................56 O teu minuto de coaching...................................................................57

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Índice

Agradecimentos.................................................................................17 Prefácio............................................................................................ 21Quem te inspira?................................................................................ 23 Introdução........................................................................................27

1 . COMO DANÇAR COM A MAIS BONITA?...............................................31 Desafio n.º 1: Como converter os imprevistos em oportunidades...............35 Desmancha‑prazeres?........................................................................36 Resolver ou dissolver?........................................................................37 Como faço para converter um imprevisto numa oportunidade?.................37 Três perguntas‑chave para fazer frente a um imprevisto..........................39 Dicas para que os imprevistos tenham medo de ti.................................43 O teu minuto de coaching...................................................................44

2. TÁXI COACHING............................................................................45Desafio n.º 2: como fazer com que as coisas aconteçam quando ninguém quer mudar........................................................................52 De onde retirar entusiasmo para continuar a apostar e a investir..............53 Como ser perseverante apesar das adversidades.....................................55 A que velocidade estás a liderar a tua vida?.............................................56 O teu minuto de coaching...................................................................57

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3. O FRIGORÍFICO.............................................................................59 Desafio n.º 3: como transformar um grupo numa equipa.......................63 Como se faz uma telenovela?...............................................................65 Temos duas orelhas e uma boca, para ouvir o dobro daquilo que falamos, mas... .............................................................................67 Ouvir primeiro..................................................................................68 Eu, o centro do mundo........................................................................69 O teu minuto de coaching....................................................................70

4. QUAL O LADO CERTO PARA MONTAR UM CAVALO?..........................73Desafio n.º4: como abrir a porta para seres o que quiseres ser....................78 Relutante a aprender?..........................................................................79 Como saber se te estás a transformar num dinossauro?............................80 Decatlo de atitudes dinossauro para não aprender e resistir à mudança......81 Como domar os teus dinossauros?.........................................................84 O teu minuto de coaching....................................................................85

5. ENCANTADOR DE SERPENTES........................................................89Desafio n.º 5: como lidar com pessoas difíceis.........................................95 Como estou a traduzir a minha realidade?..............................................96 Traduzir a minha vida em código de vítima.............................................99 Transforma‑te no protagonista da tua vida.............................................101 O teu minuto de coaching....................................................................102

6. VOLTAR AO RUMO........................................................................105Desafio n.º 6: Como mudar mais rapidamente e com menos stress............111 Alguma vez te aconteceu...................................................................112 Voltar ao rumo................................................................................113 O teu minuto de coaching...................................................................118

7. SER A VARIÁVEL...........................................................................121 Desafio n.º 7: como mudar os resultados na equação da tua vida?..............130 A mosca e a janela..............................................................................131 Se não sou parte da solução, sou parte do problema.................................132 Não há melhor cego do que aquele que opta por ver com o coração............134 Pretendes mudar a tua vida sem mudar a tua vida?.................................135 O teu minuto de coaching...................................................................137

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8. PLUMA BLANCA (PENA BRANCA)..................................................139Desafio nº 8: como usar o que mais te inspira para encher a tua vida de sentido.................................................................................145 Um mundo de significados.................................................................147 Descobrindo o significado oculto de Pluma Blanca (Pena Branca)..............148Como fazer o teu próprio vídeo motivacional.........................................149 Amarrar o teu coração ao cometa dos teus sonhos..................................150 O teu minuto de coaching..................................................................152

9. CARTA AO MEU SÓCIO..................................................................153Desafio n.º 9: como construir quando o boicote vem do interior da tua equipa....................................................................................158 As lutas internas...............................................................................160 De chefe autoritário a coach inspirador................................................164Põe‑te nas ferraduras do teu cavalo......................................................165 O teu minuto de coaching..................................................................166

10. JIAO LIAN E O SEGREDO MILENAR DO COACHING.......................169Desafio n.º 10: como libertar o teu potencial quando a vida te asfixia..........174 Para que tenha mérito tenho de fazer sozinho........................................175 O grupo dos quarenta........................................................................177 Outra vez os quarenta!.......................................................................179 Relacionamentos e resultados.............................................................180 O teu minuto de coaching..................................................................182

11. A RECICLAR PINÓQUIOS..............................................................183Desafio n.º 11: como dizer coisas incómodas de forma agradável...............192 Relações lotaria................................................................................193 O que elas pensam.............................................................................195 Detetar e reciclar pinóquios...............................................................196 O teu minuto de coaching...................................................................199

12. ENTREVISTA COM O FUTURO......................................................201Desafio n.º 12: como ter uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão.............................................................208 Falar comigo no futuro......................................................................210 Oferecendo olhos de futuro.................................................................211 Óculos para ver antecipadamente........................................................213 Quatro passos até ao futuro.................................................................215 O teu minuto de coaching..................................................................216

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13. O SEGREDO DO CLARK KENT......................................................219Desafio n.º 13: como desenhar e redesenhar a tua vida............................225 Como fazer com que as coisas comecem a mudar?..................................227 Porque eu o digo...............................................................................229 Usar as minhas declarações para mudar o meu mundo...........................230 O teu minuto de coaching..................................................................231

14. RUÍDOS DENTRO DA ARCA DE NOÉ...............................................233Desafio n.º 14: como dominar os teus pensamentos em vezde ser escravo deles..........................................................................238 Como mudar a tua vida sem mudares de sítio.......................................240O top ten dos pensamentos térmita mais destrutivos.............................241Antídoto para pensamentos térmita....................................................245O teu minuto de coaching..................................................................246

15. UM ÁS NÃO CONHECIDO..............................................................249Desafio n.º 15: como crescer profissionalmente quando ninguém reconhece o teu valor........................................................................253 Mas como faço para conseguir que considerem as minhas propostas?.......254 Como construir uma identidade que apoie as tuas propostas?..................255 Propor com efetividade para evitar que fiques com o tira‑nódoas.............257 O teu minuto de coaching..................................................................257

16. COACHING COM A BETINA..........................................................259Desafio n.º 16: como identificar e desativar as crenças que te estão a impedir de triunfar.................................................................267 A casa do meu avô............................................................................268 Perguntas inclusivas e perguntas insolentes.........................................270 Melhor rico e saudável do que pobre e doente.......................................271 Limpando o êxito das minhas crenças sujas..........................................272 Leme oxidado..................................................................................274 Como detetar a posição do meu leme e direcioná‑lo para os meus objetivos.................................................................................274 O teu minuto de coaching..................................................................275

17. A CANÇÃO DE QUEM SEMEIA.......................................................277Desafio n.º 17: como criar o microclima que os teus sonhos precisam........283 Revendo os nossos rituais, hábitos e costumes......................................284 O poder de um microclima................................................................286

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Cuidado com os espanta‑sonhos!........................................................288 Apodera‑te do teu microclima emocional............................................288 O teu minuto de coaching..................................................................291Epílogo.............................................................................................293

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COMO DANÇAR COM A MAIS BONITA?

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Estava numa escola profissional a dar um seminário de Supervi‑são e Coaching quando a luz se apagou. A sala não tinha janelas e a escuridão foi total. De seguida, ouviram‑se as expressões de surpresa dos presentes e vozes que chegavam de salas contíguas à nossa onde estavam a decorrer outros seminários. Eu, que há tempos que vinha treinando para interpretar os imprevistos como oportunidades, respirei fundo ao mesmo tempo que perguntei: que oportunidade é esta para o seminário?

E enquanto esperava que chegasse uma resposta melhor do que a típica reação de me queixar ou matar o tempo até que o pro‑blema passasse, perguntei ao grupo se continuavam ali e se esta‑vam bem. Responderam todos ao mesmo tempo, um pouco cons‑trangidos com a situação.

Estava a pedir‑lhes que nos escutássemos, quando, de repen‑te, chegou a resposta à minha pergunta. Se o propósito deste en‑contro é treinar a habilidade de fazer com que as coisas aconteçam, por que não transformar a escuridão numa oportunidade para pra‑ticar isto de ser maior do que as circunstâncias?

Então, convidei o grupo a continuar a discutir o assunto em que estávamos antes do apagão.

Acabei de dizê‑lo e fez‑se um silêncio total. Uma das partici‑pantes respondeu que parecia boa ideia, mas o resto continuava calado. Senti que a escuridão os desorientava e continuei a falar com naturalidade com a mulher que tinha tido a coragem de fa‑lar. De seguida, juntou‑se a voz de um homem que se identifi‑cou e entrou no diálogo. Pouco a pouco, foram aparecendo o resto das vozes. Um bocado depois, a conversa ficou animada e apesar de sermos vários interlocutores, a comunicação fluía com toda a claridade.

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Estávamos a navegar nesse intercâmbio de ideias, contagiados pela emoção que sentíamos por termos superado um obstáculo, quando fomos surpreendidos com o regresso da luz. Assumimos que o problema tinha sido resolvido, mas ninguém disse nada. A experiência de termos conversado às cegas tinha tido um grande impacto.

— Sinto que, neste bocado de escuridão — disse uma pessoa rom‑pendo o silêncio —, comunicámos como não tínhamos feito até agora.

— Eu também — acrescentou outra pessoa. — O facto de não poder ver as caras das outras pessoas levou‑me a estar muito mais atento ao que cada um dizia e como o dizia.

— A mim, o facto de estar na escuridão, tenho de reconhecer que não me entusiasmou muito e ao princípio estava muito inco‑modado — começou a dizer um homem à mulher que começou a falar no início do exercício e que até esse momento quase não tinha participado no seminário. — Mas ouvi a tua voz tão segura que me pus a falar como se os estivesse a ver.

— Confesso que ouvi as vossas vozes pela primeira vez — disse outra pessoa.

— Foi um diálogo impecável. Não nos interrompemos uns aos outros em nenhum momento — disse admirada uma das participan‑tes. E acrescentou: — Vou fazer o exercício com a minha equipa.

Por um momento ficámos todos a olhar uns para os outros, como que a dizer: E agora o que fazemos?

Estava disposto a continuar, quando uma participante me in‑terrompeu para me propor algo que noutro contexto teria soado a loucura, mas que todos aceitámos de imediato...

Foi a primeira vez que terminei um encontro às escuras.Despedimo‑nos até à semana seguinte, juntei as minhas coi‑

sas, deixei a sala e, quando estava a chegar à porta para sair, o porteiro deteve‑me:

— Quase ficavam fechados até amanhã — disse. — É que por causa do apagão todos os outros cursos foram suspensos e pensei que já se tinham ido todos embora... Ficaram às escuras?

Já estava quase a deixar o edifício quando um dos participan‑tes, que tinha esperado para fazer umas perguntas em privado, me perguntou se o apagão tinha sido planeado por mim para os trei‑nar. Surpreendeu‑me completamente que me tivesse perguntado isto e tive de confessar que de alguma forma sim. O meu plano

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como Fazer acoNTecer

tinha sido que tudo, até o inesperado, acrescentasse alguma coisa aos objetivos do seminário.

As suas palavras fizeram‑me tomar consciência de que essa noite tínhamos dançado tão harmoniosamente com o imprevisto que se tinha convertido na mulher mais bonita: essa dama chama‑da Oportunidade.

DesaFio N.º 1: como coNverTer os imprevisTos em oporTuNiDaDes

Chaves para fazer com que as coisas aconteçam

Há uns dias, passei pela escola profissional onde a luz se apagou e pus‑me a recordar como superámos o imprevisto e, inclusiva‑mente, como conseguimos ir mais além até transformá‑lo numa oportunidade única de aprendizagem.

E vê‑se que, a partir desse momento, a minha cabeça conti‑nuou a perguntar: Que oportunidade pode ser esta para os meus objetivos? Porque com o tempo surgiu: E se escrevo a história do apagão?

Publiquei a história na internet e a resposta dos leitores foi muito boa. Enviei‑a através da minha newsletter e uma em‑presa contratou‑me. E ainda mais, passou a ser uma das his‑tórias‑chave para explicar de maneira simples a essência deste livro: aconteça o que acontecer, como fazer com que as coisas aconteçam.

Tantas coisas surgiram a partir desse e de outros imprevistos, que, às vezes, pergunto‑me que outros rumos teria tomado a mi‑nha vida nestes últimos anos se, em vez de aproveitar esses impre‑vistos, os tivesse visto como problemas a evitar.

Através destas chaves, quero transmitir‑te o que aprendi, ex‑plorando a arte da oportunidade, para que possas descobrir possi‑bilidades onde antes só parecia haver problemas.

Gostaria de poder aprender com as experiências que tives‑te, transformando imprevistos em oportunidades, e por isso vou agradecer‑te muito se as partilhares comigo, enviando‑as para: [email protected]

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DesmaNcha‑prazeres?

Estava a coordenar uma equipa de trabalho num hotel no meio das montanhas de Córdoba. Tínhamos planeado realizar os de‑safios da manhã dentro do hotel e à tarde ir trabalhar ao ar livre. A chefe dos Recursos Humanos da empresa que me contratou estava muito preocupada com as nuvens negras que se iam for‑mando à medida que se aproximava o meio‑dia. Ao chegar a tarde, começou a chover torrencialmente e eu tive esta conver‑sa comigo:

O que quero que aconteça?Que as pessoas façam os exercícios sem se molharem.E porquê sem se molharem?Emmmm... não sei. Porque é o que me disseram na empresa.Mas para que te contrataram? Para que não se molhem?Não, contrataram‑me para coordenar jogos e desafios para

que este grupo se transforme numa equipa de trabalho de alto rendimento.

E se incluirmos a chuva como um desafio a superar pela equipa?Bem, mas... E se alguns não se quiserem molhar?Bem, terão de decidir... em equipa!Claro, vou pedir‑lhes para tomarem a primeira decisão em

equipa da tarde.Tiveram de negociar entre eles e finalmente improvisaram vá‑

rias capas de chuva a partir de uns sacos de lixo para os que não queriam molhar‑se. Apenas uma hora depois, a equipa tinha con‑seguido superar o desafio que eu lhes tinha proposto e parou de chover.

A sensação de triunfo era generalizada e ouvi alguns deles a comentar: «Demos tudo por tudo. Sem a chuva não teria sido a mesma coisa.» Então pensei: Quanto nos teria custado ge‑rar artificialmente aquela chuva que este dia nublado nos tinha oferecido?

Fica alerta. Enquanto vires só problemas numa situação, é possível que te estejas a defender das oportunidades!

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como Fazer acoNTecer

resolver ou Dissolver?

Os problemas são tentadores porque nos convidam a resolvê‑los, sem que perguntemos se haverá outra maneira de colocar a situa‑ção. Como quando nos pomos a resolver um jogo de Sudoku. Não nos interrogamos acerca das regras do jogo e simplesmente, ten‑tamos jogar o melhor possível dentro das regras estabelecidas. Na situação do apagão, eu podia ter‑me interrogado: Como faço para voltarmos a ter luz?

E seguramente, poderia ter encontrado muitas maneiras de resolvermos a falta de luz com um isqueiro, com os telemóveis, ou poderíamos ter combinado continuar a atividade no bar da esqui‑na. Todas seriam boas soluções para voltar a ter luz, mas não nos interrogávamos acerca da premissa inicial que tem por adquirido que a falta de luz é um problema.

Frente a um problema, não podemos somente resolvê‑lo, também podemos dissolvê‑lo.

«O Quê?!» Sim. Perguntando: Quem disse que isto é um pro‑blema? Ou, como estou a interpretar esta situação para que pareça um problema para mim? E, como precisaria de colocá‑la para que deixe de ser um problema para mim?

«Mas como é possível dissolver um problema que, até há cinco minutos, estava a enlouquecer‑nos?» É possível porque os problemas não são coisas, são a maneira como interpretamos as coisas. E é por isso que podemos reconsiderá‑los! De facto, os problemas não existem independentemente de nós. Somos nós que chamamos problema a uma situação que não esperávamos encontrar.

Não há problemas sem perspetivas problemáticas.

como Faço para coNverTer um imprevisTo Numa oporTuNiDaDe?

Podemos gastar o dinheiro da indemnização enquanto choramos pela injustiça de termos sido despedidos, esquecendo, por exem‑plo, que sempre quisemos ter uma empresa própria. Hoje temos o

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dinheiro e o tempo, mas não podemos ver que, entre outras coi‑sas, não queremos aceitar que ocorreu o que ocorreu.

Ancorados nas queixas e na raiva, continuamos a lutar com a situação de despedimento e não damos espaço mental nem emo‑cional para perguntarmos: Que oportunidade pode ser esta para o meu crescimento pessoal e profissional?

Há já algum tempo que estou descontente como o meu traba‑lho? E se aproveitar para definir o que é que quero e onde gostaria de estar daqui a cinco anos? E se transformar este momento numa oportunidade para fazer a mudança no rumo que sempre quis dar à minha vida?

Eu chamo fazer um minuto de Coaching à pausa que fiz no momento do apagão, para rever a maneira como estava a ver a si‑tuação e para perguntar o que é que eu queria conseguir. É um momento em que saio do piloto automático para rever como estou a olhar para a situação, para olhar para os meus pensamentos à luz do que é mais importante para mim. Ou seja, para deixar de ser a minha mente e passar a ser a minha consciência que observa como está a pensar a minha mente.

Acontece que, enquanto estou a ser a mente, posso ter a sen‑sação de que os meus pensamentos são a única realidade. Mas ter um ponto de vista, no fim de contas, é olhar a situação desde um só ponto. Dizer que não nos vamos mover do nosso lugar, porque estamos encantados com o que vemos desde esse ponto.

Mas se estou tão apaixonado pelo meu ponto de vista que não me permito ver outra coisa, tenho realmente um ponto de vista, ou deveria dizer que há um ponto de vista que me tem a mim?

Tomar consciência é alcançar a distância necessária para ver com nitidez o que estou a pensar e assim poder escolher os meus melhores pensamentos, em vez de ser pensado por qualquer um deles. Assim que tomo consciência de como estou a pensar, pos‑so escolher descartar um pensamento e substituí‑lo por outro que me sirva melhor.

Cuidado! Os pontos de vista podem ser muito perigosos. São autênticos Magos capazes de te hipnotizar e fazer com que con‑fundas os seus truques de ilusão com a verdade.

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como Fazer acoNTecer

Três perguNTas‑chave para Fazer FreNTe a um imprevisTo:

1. O que digo que está a acontecer?2. O que quero que aconteça?3. Como poderia converter este facto numa oportunidade para

mim?

1. O que digo que está a acontecer?

Qual é o facto e qual é a minha primeira avaliação do facto?Para descobrir oportunidades, preciso de analisar a situa‑

ção, sem confundir o facto de que não há luz com interpretações do tipo: não haver luz é mau, ou sem luz não podemos trabalhar. A diferença radica em que os factos pertencem ao mundo e as in‑terpretações e avaliações que faço da situação pertencem a mim. E como me pertencem posso mudá‑las para outras que me sirvam melhor.

Saber diferenciar factos de opiniões teria sido muito útil quando comecei a realizar seminários de Liderança. Eram as mi‑nhas primeiras atuações em público e costumava sentir que alguns participantes me faziam perguntas maliciosas para tentarem aferir o que eu sabia sobre o tema que estava a partilhar. Com este diag‑nóstico da situação em mente, ficava nervoso, defendia‑me e re‑agia aos seus ataques com evasivas e, por responder rapidamente, poderia chegar a dizer coisas que mais tarde iria lamentar.

Nesse momento, eu não sabia distinguir entre:

● Fizeram uma pergunta (facto);● É maliciosa (minha avaliação do facto).

Agora, como poderia eu saber se a pergunta era maliciosa, se eu não estava no interior dessa pessoa? Anos mais tarde aprendi que, em todo o caso, essa era a minha suposição. Uma suposição que pintava o meu mundo de nervosismo e que, como era minha, podia mudá‑la por outra que servisse melhor os meus objetivos como coach e poderia perguntar, por exemplo: Se não houvesse maldade na pergunta, como é que responderia?

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Interpretar a situação desta forma simples tranquiliza‑va‑me e permitia concentrar‑me em compreender a inquieta‑ção do participante, em vez de me pôr à defensiva e de tentar neutralizá‑lo.

Depois de algumas experiências positivas tentei ir mais longe e perguntei: E se encarar estas perguntas como uma oportunidade para os meus objetivos como coach?

E, sim, descobri que podiam ser uma boa oportunidade para fortalecer o meu autodomínio exercitando a minha habilidade para fazer uma pausa para respirar, recordar as minhas priorida‑des e escolher a minha resposta. Precisamente o que eu estava a procurar transmitir nesses seminários!

Agora tinha a oportunidade de ser, na prática esse autodomí‑nio. Assim, para todos os presentes, ficava muito mais claro de que se trata isto de eleger a resposta frente a algo que, em primeira instância, se poderia considerar uma agressão. Já não importava o que me perguntavam. Bem, na realidade sim, porque desde que comecei a ver essas perguntas como oportunidades, agora estava desejando que me atirassem alguma bombinha verbal para poder mostrar, na prática, como dar uma resposta construtiva, desati‑vando a minha reação.

Além disso, em muitas ocasiões, explorando sem medo o que havia por trás das perguntas, descobri que não tinham sido for‑muladas com intenção de agredir. Algumas pessoas, por exemplo, refletiam em mim algumas más experiências que tinham tido nou‑tras formações, mas, ao permitir que se expressassem, tomavam consciência de que esta era uma situação diferente e as emoções acalmavam. Era a minha vez de ajudar os participantes a rever as avaliações automáticas que tinham feito de mim e a substituí‑las por outras que nos permitissem trabalhar melhor juntos.

É certo que houve casos em que comprovei que a intenção era agredir‑me, mas, mais uma vez, ao ouvir os motivos, apercebi‑me de que eu tinha dito algo ofensivo ou inadequado e depois de pedir desculpa, podíamos continuar o seminário em paz.

Escolher encarar as perguntas imprevistas dos participantes como uma porta para os compreender melhor, em vez de um peri‑go do qual devia defender‑me, fez com que passasse de um coach medroso para um mais confiante e mais próximo das necessidades das pessoas, o que me permitiu ser mais efetivo a ajudá‑las.

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como Fazer acoNTecer

2. O que quero que aconteça?

Qual era o meu objetivo? Quais são os meus propósitos mais altos? A primeira reação da mente frente a uma situação inesperada

é: Quero que as coisas voltem a ser como antes. Quando se apagou a luz, a minha mente disse: Quero que a luz volte! Essa maneira de pensar focava‑me no objetivo de recuperar a luz, mas quando me consegui distanciar, recordei que o meu propósito para o seminá‑rio era muito maior do que ter luz. Estes são os momentos em que precisamos de recordar as nossas prioridades originais, pergun‑tando por exemplo: Qual era o meu objetivo quando decidi vir a esta reunião? Quais eram as minhas prioridades e os meus propósi‑tos mais altos quando sonhei ser médico?

Mas... Para quem está a trabalhar a tua mente?Mesmo que não nos demos conta, somos muito habilidosos

para transformar imprevistos em oportunidades. «O quê!?» Isso mesmo.

Alguma vez aproveitaste o erro de outra pessoa para a criti‑car e para de alguma forma seres gentil com ela? Ou, por acaso não conhecemos alguém próximo de nós que aproveita algo que o seu companheiro não sabe fazer muito bem, ou qualquer coisa que não funciona no seu trabalho, para se autodesculpar por não se esforçar e dar o melhor de si mesmo?

O que acontece é que se nos distraímos, a nossa mente traba‑lha para os seus próprios objetivos. E o objetivo mental de ter razão quer manter‑se na nossa vida. Porque confirmar o que pensáva‑mos faz com que a nossa mente se sinta inteligente e superior à dos que estão enganados.

Mas, por mais que a tua mente goste de demonstrar que tens razão, é um jogo viciante e destrutivo. Pode levar‑nos a destruir amizades, relações de casal e projetos, com a necessidade de pro‑var que estamos a fazer a coisa certa, não dando o braço a torcer mesmo quando isso implique demonstrar que nunca vamos fun‑cionar como casal porque não me ouves ou porque não sirvo para trabalhar com a tecnologia ou que não nascemos para ser criativos, empreendedores, bons amigos, ou o que seja que estejamos empe‑nhados em demonstrar que não podemos.

Cada vez que as coisas não funcionam como esperávamos, apresenta‑se‑nos uma decisão:

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● Quero encontrar culpados ou quero encontrar oportunidades para melhorar?● Vou insistir defendendo o meu único método ou estou disposto a mudar para conseguir mais?

E definitivamente:

● Quero ter razão ou quero ter resultados?

Da resposta que escolhas vai depender o rumo do teu dia e, em definitivo, da tua vida. Contudo, mesmo que tenhas escolhido muitas vezes o caminho de ter razão — como eu mesmo fiz e faço cada vez que me desvio do meu rumo —, recordo‑te que este novo minuto presente é uma oportunidade para escolher algo novo. Vais deixar que a tua mente o use para sentir‑se e mostrar‑se inte‑ligente ou vais aproveitar para vivê‑lo melhor?

Se o apagão não me tivesse acontecido quando eu estava a treinar o músculo de transformar os imprevistos, quem sabe se, em vez de o ter aproveitado como uma oportunidade para apren‑der, o teria aproveitado como uma oportunidade para ir mais cedo para casa; de queixar‑me de como funcionavam mal as ins‑talações daquele lugar e também seria uma boa desculpa, caso os participantes dissessem que o seminário não tinha valido a pena.

Hoje, convido‑te a rever os objetivos que estás a alimentar no teu interior, porque vais ter de converter tudo o que aconteça numa oportunidade para os atingir. E se, em vez de um sonho construti‑vo, o teu objetivo principal for, por exemplo, aborreceres‑te com alguém porque estás ressentido pelo que fez, não te surpreendas se aproveitares qualquer situação para prejudicar essa pessoa ou para te prejudicares a ti próprio como forma de mostrar ao mundo o mal que te acontece na vida por culpa do que essa pessoa te fez.

As oportunidades que não estás a encontrar são uma conse‑quência dos sonhos que não estás a alimentar. Para ver grandes oportunidades é necessário ter grandes sonhos.

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como Fazer acoNTecer

3. O que vou fazer para converter este facto numa oportu‑nidade para mim?

De que maneira necessito de avaliar a situação para que contribua para os meus objetivos?

Já são muitíssimas as ocasiões em que, frente a um imprevisto ou um erro, pude escapar da primeira interpretação limitante que a minha mente reativa me dava. Hoje ouço as sugestões da mi‑nha mente, porém não as tomo como verdadeiras, mas sim, como aquilo que ela está a conseguir ver nesse momento e vou além do meu primeiro diagnóstico da situação perguntando: Isto é a úni‑ca coisa que posso ver ou sou capaz de ver a situação de um novo ângulo?

Hoje decido apostar em que há sempre outras interpretações possíveis e exploro essas possibilidades confiando no facto de que só preciso de encontrar uma maneira de ver ou um ângulo que me permita utilizar esse facto a favor dos meus objetivos.

Como o rio, que por entre as rochas encontra o curso que pode tomar, o que é que sim,

posso fazer nesta situação?

Dicas para Que os imprevisTos TeNham meDo De Ti

● Ver o que acontece somente como um problema é esquecer‑mo‑nos de que as circunstâncias em si mesmas não são boas nem más, mas sim neutras; simplesmente são.● Focar‑nos no facto de que as coisas deveriam ter sido de ou‑tra forma desgasta‑nos, porque nos convida a gastar a nossa energia em aborrecimentos, protestos, culpas e autocastigos, e assim deitamos por terra qualquer possível romance com a senhorita Oportunidade.● Os planos não se fazem para serem seguidos cegamente, mas sim para conseguirmos algo. Cuidado para não te agarrares ao plano e perder de vista o objetivo.● Quando as circunstâncias mudam abruptamente, a primei‑ra reação da mente é fazer o mesmo, mas mais rapidamente. Em vez disso, convido‑te a parar um pouco e a redesenhar o

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plano pedindo ajuda a mais pessoas ou a alterar o teu método de trabalho.● E se perguntares: Para qual dos meus objetivos poderia ser perfeita esta situação?● Transformar imprevistos em oportunidades não significa ser positivo negando‑se a ver o que não está a funcionar. Trata‑se de aceitar que algo não funciona como esperávamos e, per‑guntarmos: E se esta mudança for uma maneira de chegar ain‑da mais longe nos meus objetivos?

o Teu miNuTo De coachiNg

Quando a oportunidade tocar à tua porta, em vez de começares a espreguiçar‑te, recebe‑a calorosamente. Se neste preciso mo‑mento te desse a possibilidade de viveres o sonho da tua vida, es‑tarias pronto para a aproveitar?

Se o teu sonho é viajar pelo mundo, aconselho‑te a ter o pas‑saporte em dia!

Por isso convido‑te a perguntares: Que conhecimentos é que necessitaria adquirir para ter as malas prontas para a minha aven‑tura? E de que maneira poderia reinterpretar os factos do meu pas‑sado de modo a que se transformem numa oportunidade para me aproximar dos meus sonhos?

O que procuras está mais perto do que a tua própria jugular.

Provérbio Chinês

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TÁXI COACHING

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Acabava de dar um seminário na Universidade de Buenos Aires e saía para a rua para apanhar um táxi. Nem tinha passado um mi‑nuto, quando um taxista parou o carro justamente onde eu estava. Despedindo‑se com um beijo, saiu do táxi uma adolescente vesti‑da com uniforme da escola. Entrei no táxi e indiquei a morada da minha casa.

— A que acaba de sair é minha filha — disse. — Falta‑lhe um ano para acabar o secundário e veio inteirar‑se dos cursos universitários.

— Que bem — disse eu, enquanto todo o meu corpo come‑çava a desfrutar do assento como se se tratasse de um SPA. E es‑tava quase a perguntar se podia pôr alguma música, quando ele perguntou:

— E você estuda cá?— Não, estou a dar um seminário.Respondi, enquanto já estava meio em transe.— E de que se trata?Bem!, pensei, não devia ser permitido que os jornalistas con‑

duzissem táxis depois das seis da tarde.E tentando desencorajá‑lo dei uma resposta telegráfica:— Um seminário de Liderança para a pós‑graduação de Co‑

mércio Internacional.— Justamente, à minha filha, interessa‑lhe Comércio

Internacional!Zás!, disseram os meus músculos.— Mas diga‑me, o que se estuda para poder ensinar Liderança?— Bem... — comecei a dizer‑me que seria uma questão de uma

ou duas respostas mais — eu fiz uma Licenciatura em Marketing e depois formei‑me como Coach Ontológico.

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guillermo echevarría

— Perdão, mas o que é isso?— Coaching? — perguntei para ganhar tempo enquanto me re‑

criminava por ter dito a palavra mágica. Agora sentia que tinha de explicar o que se tratava. Então, ocorreu‑me que, em vez de dar a resposta de sempre, podia explicar de uma maneira nova.

— Basicamente é uma filosofia que ajuda a ver as coisas de uma maneira mais simples e eficaz.

— Ah... — disse, mas notava‑se que queria mais detalhes.— Eu aplico‑a nas empresas para desenvolverem a habilidade

de fazer com que as coisas aconteçam — acrescentei, na tentativa de tirar‑lhe a curiosidade — e, para mim, é uma filosofia de vida.

— Mas como é que se chama isso que faz?— Chama‑se Coaching — respondi — e, em poucas palavras,

serve para trabalhar com pessoas que querem superar‑se.— Deve ter muita sociologia... — disse o taxista, impedindo

que diminuísse o ritmo da conversa.— Bem... — disse, enquanto me acomodava no assento para

uma viagem que evidentemente ia ser diferente. — Mais filosofia do que sociologia — mas por respeito à sua curiosidade, decidi es‑tender o meu telegrama —; permite atingir coisas fora do comum que de outra maneira pareciam impossíveis de alcançar, porque, justamente o Coaching é a arte do sentido não‑comum.

— E você pode solucionar qualquer problema? — perguntou en‑tusiasmado, como se no banco de trás estivesse a viajar um mago.

Ri‑me com a pergunta. O tipo tinha uma arte para ir levando a conversa e ia‑me atraindo a ponto de que já nem me lembra‑va do cansaço. Estava para lhe responder qualquer coisa, quando notei uma mudança na expressão da sua cara e que me transmitiu preocupação. Então senti que essa não era uma pergunta para ir matando o tempo.

— O que é que está a passar? — perguntei.— Bem... — começou, fingindo que a minha pergunta o tinha

surpreendido. — Acontece que fiz umas trapalhadas, a minha mu‑lher soube e, desde então, está furiosa — confessou, olhando com uma cara envergonhada pelo retrovisor por onde nos olhávamos. E acrescentou: — Continuamos a viver juntos com a nossa filha, Guadalupe, a que saiu do táxi — acrescentou com um sorriso meio condoído —, mas desde esse momento, dormimos em camas se‑paradas porque ela não me perdoa por lhe ter mentido.

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como Fazer acoNTecer

Eu ouvia‑o com atenção e parece que isso o encorajou a sol‑tar‑se mais.

— Tentei consertar as coisas, mas não quer falar — queixou‑se. — E chega a um ponto em que uma pessoa já não sabe o que fazer. Também não vou viver a persegui‑la, não é?

— Porque não? — perguntei‑lhe e instantaneamente vi a sua cara de surpresa pelo espelho.

— Porque uma relação é 50 — 50 — protestou. — Ela também tem de pôr a sua parte.

— Ei! — respondi enquanto começava a sentir que agora ele estava a querer convencer‑se de que, por culpa dela, a relação não se ia poder recuperar.

— Mas parece que ela não se vai aproximar — continuou resig‑nado. — É demasiado orgulhosa para isso. E se não está disposta a apagar o que se passou, vai ser difícil que possamos funcionar juntos.

Fez‑se um silêncio, o taxista acelerou para não ficarmos reti‑dos pelo semáforo e eu fiquei a pensar como é habitual sentir que nenhum esforço faz sentido quando perdemos de vista os sonhos que nos levaram a embarcar num projeto. A menos que o taxista queira pôr em cima da mesa um sonho, pensei, não vejo grande hipótese de que possa sair da sua maneira problemática de pôr a situação.

— Posso fazer‑te uma pergunta? — retomei.Fez um gesto afirmativo com a cabeça.— Porque queres que ela volte a falar‑te?— Porque é a mãe da minha filha — respondeu surpreendido

com a minha pergunta. E acrescentou: — Porque sempre foi a mi‑nha companheira...

— Mas quão importante é para ti a relação com ela?— Muito importante.— Quanto?— Amo‑a — confessou.Olhei o reflexo da sua cara pelo espelho e notei que os olhos

estavam a encher‑se de lágrimas.— Ok... é bom ter isso presente — disse‑lhe.Parou o táxi na esquina. Tínhamos chegado ao destino, mas

nenhum de nós queria deixar a conversa que estávamos a ter.— E, para que queres que ela volte a falar‑te? — perguntei.

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— Como para quê?— O que quero dizer é, que futuro sonhaste e o que sentes que

será uma boa relação com ela?— Não entendo.— Imaginas‑te com ela dentro de uns anos? — perguntei. —

Sonhas construir e viver novas coisas com ela?— Ah, sim. Claro. Gostava que fossemos viver juntos para San‑

ta Clara del Mar.— A sério?— Sim, há uns anos que estamos a pagar um terreno junto ao

mar e aí é onde sempre sonhei viver um dia.— E estarias disposto a fazer algo diferente por esse sonho de

estarem juntos em Santa Clara?— Sim.— Inclusivamente algo que nunca fizeste?— O que for preciso, miúdo — ouvi‑o dizer.Tinha só um instante para lhe poder acrescentar alguma coisa.

Este vai ser o meu primeiro táxi Coaching — pensei. E deixando de lado qualquer explicação, disse‑lhe:

— Sendo assim, vou desafiar‑te.O homem voltou‑se para trás muito atento.— Se ontem ela tivesse dormido contigo — arranquei —, como

a tratarias hoje?— Muito bem... Estaria contente, seria atencioso... Não sei,

seria diferente.— Bem, então, convido‑te a que esta noite, quando chegues à

tua casa, a trates como se ontem tivessem dormido juntos. E que amanhã à noite voltes a fazer o mesmo. E assim por diante, todas as noites, enquanto continues a apostar na relação.

— Ui! Claro, isso pode funcionar — disse enquanto a cara se iluminava. Ficou a assentir com a cabeça e disse em voz alta: «Co‑meço a fazer as coisas como se já estivesse a funcionar!»

— Sim, é disso que se trata, de dar primeiro — disse‑lhe —, mas há uma maneira segura disto falhar, que é fazê‑lo para que ela mude. Só funciona se fizeres porque queres fazê‑lo, porque é o que decidiste que queres ser na relação com ela. Porque sentes que ela o merece e que a relação que poderias construir com ela no futuro merece isso.

O taxista estava a viajar, creio que imaginando como o iria le‑var a cabo.

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como Fazer acoNTecer

Senti que a sua mulher já não estava no banco dos acusados, que a luta tinha parado, e, que agora, começava a olhar para a sua vida desde o ponto de vista do que era mais importante.

— Quem sabe se ela vai mudar e quem sabe se não — acres‑centei. — A única coisa que podes escolher é que espaço lhe vais dar nesta relação como casal. Ela irá escolher se quer jogar nesse novo espaço.

— Bem, muito obrigado, miúdo! — Disse‑me agarrando‑me no ombro.

Tirei a carteira para lhe pagar e interrompeu‑me com um — «Nem penses!».

— Obrigado — disse‑lhe. — Gostava que um dia me contasses como correu este desafio.

Dei‑lhe o meu cartão de visita e despedi‑me. Procurei as cha‑ves e entrei em casa. Enquanto o elevador subia, eu ia a pensar na frase de Gandhi impressa na frente do cartão de visita que acabava de lhe entregar: «Sejamos a mudança que queremos ver no mun‑do.» Senti que resumia o que tínhamos estado a conversar.

Claro, o taxista queria ver união, paz e perdão na sua compa‑nheira e, em vez de continuar a queixar‑se de que isso não estava na relação, convidei‑o a entrar na sua vida de casal sendo união, paz e perdão.

Passou o tempo e a verdade é que o taxista nunca me telefo‑nou. De qualquer maneira, esta conversa de coaching marcou‑me e comecei a contar a história nos meus seminários e com uma grande repercussão. Prova disso, foi um e‑mail que recebi qua‑se um ano mais tarde, dias depois de ter dado uma conferência de Liderança a um grupo de jovens que acabava de entrar na universidade.

A mensagem dizia:

Sr. Guillermo Echevarría,Queria dizer‑lhe que a conferência teve um grande im‑pacto em mim. Sobretudo a história do taxista, com que me identifiquei por completo. Essa frase de Gandhi é precisamente uma das minhas preferidas.

Quando o ouvi a dizê‑la, pensei que fosse uma simples coincidência, mas estive todo o dia a pergun‑tar onde é que a tinha lido pela primeira vez. Chegou

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o momento de voltar para casa e, como sempre, o meu pai estava à minha espera à saída da universidade.. Entrei para o carro, começámos a conversar sobre qual‑quer coisa e esqueci‑me do assunto.

À noite, ao jantar, o meu pai perguntou‑me o que tinha feito na universidade e deu‑me vontade de lhe contar a história do taxista. Senti que não me estava a prestar grande atenção até que lhe disse a frase de Gandhi. Pousou os talheres, fez‑me duas perguntas e demo‑nos conta de que eu tinha de ser a filha do seu taxista!

A frase tinha‑a dito ele, uma vez que comecei a queixar‑me da universidade pública. Desde aquele momento, eu também tento contagiar todas as pessoas que posso com essa atitude.

Talvez ele nunca tenha telefonado, mas falou‑me daquela viagem emocionado. E quero dizer‑lhe que eu mesma o vi mudar de atitude e, literalmente, voltar a apaixonar‑se e a namorar a minha mãe.

Como você disse, obrigada por dar primeiro.

Guadalupe

DesaFio N.º 2: como Fazer com Que as coisas acoNTeçam QuaNDo NiNguÉm Quer muDar

Chaves para fazer com que as coisas aconteçam

Porque disse ao taxista que uma maneira segura de falhar era tratá‑la bem, esperando que a sua companheira mudasse? Por‑que, fazendo isso, ia estar dependente dela mudar ou não. E era possível que, se ela continuasse sem lhe falar após a terceira ou quarta tentativa, ele se desanimasse e abandonasse o sonho de recuperá‑la.

Mas, por outro lado, se ele se dedicasse a ser um bom com‑panheiro, o foco do esforço ia estar nele. No que ele sim, podia fazer pela relação. Ocupando‑se, por exemplo, de arrumar aque‑le armário que ela lhe vem pedindo há meses ou dedicando‑se a

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desenvolver a habilidade de estar em silêncio para aprender a es‑cutar o que ela sempre necessitou de um companheiro.

E, enquanto ele canalizava a sua ansiedade esforçando‑se por melhorar, em vez de continuar a tentar fazê‑la falar, ela podia ter um tempo para aceitar e superar o sucedido. Além disso, a alteração de atitude do taxista, sem pedir nada em troca, provavelmente, a ajuda‑ria a valorizar o seu esforço e tornaria um pouco mais simples a tarefa de reconsiderar a sua posição e começar a perdoá‑lo.

Definitivamente, eu não sabia se o taxista ia ter êxito a recu‑perar a sua companheira, mas sim, sabia, que se praticasse a dar primeiro, sendo um melhor companheiro, teria grandes possibili‑dades de ter êxito convertendo‑se num companheiro melhor.

E agora, como se eu estivesse sentado no banco de trás do táxi da tua vida, vou desafiar‑te:

● E se começares a estudar com o profissionalismo do profis‑sional que anseias ser?● E se te preparares como se te tivessem acabado de telefonar de um canal de televisão?● E se te dedicares a cuidar da tua imagem pessoal, dos teus comportamentos ou da tua casa, e se fores a pessoa que ima‑ginas que serias se já tivesses conhecido a(o) companheira(o) dos teus sonhos?

Dar primeiro é mágico porque a vida acende‑se na vida. O se‑gredo está em deixar de esperar que se verifiquem todas as con‑dições e como quer que seja que possas fazê‑lo, dar um passo em direção ao teu sonho. O segundo passo será muito mais simples, porque contarás com o balanço do primeiro.

Com estas chaves, quero dar‑te ferramentas e algumas razões para que possas começar a ser agora tudo isso que gostarias de ser na tua vida.

De oNDe reTirar eNTusiasmo para coNTiNuar a aposTar e a iNvesTir

O empregado pensa: «Se me aumentassem o ordenado, eu pode‑ria fazer um trabalho excelente.» Mas, ao mesmo tempo, o chefe

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pensa: «Se fizesses um excelente trabalho, eu poderia aumentar‑te o ordenado e inclusivamente, promover‑te a supervisor.»

E claro, se fosses o teu próprio chefe, irias promover uma pes‑soa que hoje não é, mas que diz que poderia ser um bom supervi‑sor, ou preferirias promover alguém que já se dedica ao seu traba‑lho como faria um supervisor?

E se trabalhasses como se já te estivessem a pagar o dobro do teu ordenado? (Juro que não coloquei esta pergunta a pedido do teu chefe.)

No teu trabalho, com a tua nova atitude de ordenado dobra‑do, provavelmente começarias a chamar a atenção dos que te ro‑deiam. Ao notar um maior compromisso da tua parte, poderiam delegar‑te tarefas mais importantes e, com o tempo, naturalmen‑te irias tornar‑te em alguém que traz grande valor ao quiosque, à multinacional, ou onde quer que seja que estejas a trabalhar hoje. E, nessas circunstâncias, conseguir um aumento de ordenado, provavelmente, seria algo bastante mais simples, não?

Mas o que acontece, se apesar do teu esforço, não te aumen‑tam o ordenado?

«Se não me aumentam, então perdi o meu tempo a esforçar‑me?»

Depende.«De quê?»Depende do que queres conseguir na tua vida e de quem pre‑

cisas de ser para consegui‑lo.Se o teu único objetivo era que te aumentassem o ordenado no

quiosque e aconteça o que aconteça não te aumentam, sim, é pro‑vável que estejas a perder o teu tempo nesse lugar. Mas, se no teu caso, sonhaste, por exemplo, em ter um dia o teu próprio quios‑que, o esforço que faças vai dar‑te experiência em quiosques por‑que com cada coisa nova que aprendas, vais estar a transformar‑te num melhor dono de quiosque. E, se apesar do teu crescimento, insistirem em não te valorizar, graças à tua maior experiência, se‑guramente terás mais oportunidades em conseguir trabalho num quiosque melhor. A excelência dá‑te independência. Os melho‑res podem escolher as empresas e os chefes com quem trabalham. A maior armadilha da vida é ficar pequeno por nos termos cruzado com gente pequena. Não estás a trabalhar para eles. Estás a traba‑lhar com excelência pelos teus valores e para poder viver os teus

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como Fazer acoNTecer

sonhos. O segredo está, literalmente, em ser maravilhoso para to‑dos os que te rodeiam dando o teu melhor e ir praticando e, assim, teres facilidade em seres a tua melhor versão.

como ser perseveraNTe apesar Das aDversiDaDes

Quando investimos todo o nosso esforço em ter um resultado concreto podemos ganhar ou perder, dependendo de se as coisas resultam ou não como esperávamos. Por outro lado, quando in‑vestimos o nosso esforço em ser alguém capaz de alcançar esse re‑sultado, além do facto de ganharmos ou perdermos a jogada atual, sempre ganhamos algum tipo de experiência que nos deixará mais bem preparados para o futuro que sonhamos.

Pessoalmente, o que me manteve oito anos a escrever este li‑vro e a ter aulas de todo o tipo, não foi só poder publicá‑lo um dia, mas poder tornar‑me um dia num escritor. Hoje não investiria oito anos num segundo livro, mas estou disposto a investir o resto da minha vida para poder escrever melhor, porque me apaixona transmitir.

Se ao sonho de ter um peixe, acrescentarmos o de nos tornar‑mos num pescador, vamos estar mais dispostos a aprender o ofício e teremos mais resistência às adversidades. Isso significa que te‑mos muito mais probabilidade de comer peixe.

Por isso, poderá ser inteligente rever se estamos a propor me‑tas a nós próprios, em campos nos quais gostaríamos de crescer e desenvolver‑nos pessoal e profissionalmente.

Ter um milhão e ser milionário.O sonho de ter um milhão de dólares pode durar muito pouco,

se antes não nos tivermos encarregado de tornar realidade o sonho de saber administrar esse milhão. Há pessoas que dois anos depois de ganhar a lotaria, se encontram novamente na ruína financei‑ra, porque o prémio não incluía a maneira de ser necessária para manter e fazer crescer esse milhão de dólares.

Ou, talvez tenhas sonhado toda a tua vida em formar um ca‑sal, mas, quem sabe, nunca pensaste por que motivo a tua com‑panheira iria querer continuar a teu lado. Ou seja, como a vais tratar? Que espaço lhe vais dar para que se possa realizar? Em definitivo, que companheiro vais oferecer à tua companheira?

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Seguramente, a tua afortunada companheira estará disposta a tolerar coisas de que não gosta muito e esperar até que consi‑gas melhorar outras, mas se, logo depois do primeiro beijo, a má notícia é que nunca fizeste nada para dominar essa mau humor constante ou esse costume de voltar às duas da manhã — um pouco bêbado — dos teus campeonatos de poker, então só me resta desejar‑te sorte.

Hoje pode ser um bom momento para começares a treinar para seres esse companheiro. Ou vais esperar que chegue a com‑panheira ideal, que te deem esse aumento de ordenado ou que te entreguem o diploma para começares a ensaiar ser essa melhor pessoa que gostarias de ser?

O que semeamos pode levar um bom tempo para nascer. Entretanto, vais ficar à espera ou

vais aproveitar esse tempo para aprenderes a colher?

a Que velociDaDe esTÁs a liDerar a Tua viDa?

Uma manhã, e logo depois de muito protestar, acordei a pergun‑tar: Quem disse que a vida é justa?

Estás à espera de que as coisas sejam justas desde a tua pers‑petiva ou estás à procura de conseguir algo e de o desfrutar? Eu sei que talvez os teus professores não sejam o que esperavas, que o teu presidente nem sempre investe no país o dinheiro do povo e que o teu chefe..., é melhor não falar do teu chefe, mas vais dei‑xar que a velocidade do teu crescimento dependa da qualidade dos teus professores, do presidente em funções ou do humor do teu chefe?

Por que não vais à tua velocidade máxima? Por que não ser a mu‑dança que queres ver à tua volta e transformares‑te em alguém capaz de mudar as coisas? Estudando e trabalhando como faria o presiden‑te, o médico que desejas ser, como se acabassem de te dar um prémio pela tua excelência académica, ou como se já tivesse chegado à tua vida, a pessoa com que sonhaste. Criando o espaço físico na tua casa, na tua agenda e no teu coração para que possa entrar na tua vida. Há uns anos, compus uma música para a mulher que iria chegar à minha

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vida. A canção chama‑se «Paz»; a mulher que ainda não chegou à minha vida2.

Que importa se, durante um tempo, não te dão a retribuição justa pelo teu esforço? Quem sabe esse seja precisamente o preço a pagar para comprar um carácter maleável, a integridade de um grande professor, a serenidade para desenvolveres o teu próprio negócio ou a capacidade para fazeres uma pausa para construir, em vez de reagires com a tua família.

Quem sabe, os teus amigos, o teu chefe ou a organização dos teus sonhos estejam à espera de que sejas grande primeiro para, depois, te oferecerem algo maior ou considerarem as tuas propos‑tas. Quem sabe, o mundo está à espera de que dês primeiro.

Eu acreditava que tinha direito a queixar‑me pelas coisas que não aconteciam na minha vida

e não me dava conta de que as coisas não funcionavam porque me tinha dedicado a queixar‑me.

o Teu miNuTo De coachiNg

Há áreas da tua vida que estão como que presas, apagadas ou de‑sérticas e nas quais estás a desejar que aconteça algo diferente? Convido‑te a que te perguntes em que consistiria investir e dar primeiro nessa área da tua vida.

Desafio‑te a dar um primeiro passo e que leves a cabo algo que mova a energia que te rodeia e que te mova. Escrevendo, por exemplo, uma simples carta de agradecimento a uma pessoa que fez algo valioso nesse âmbito da tua vida, convidar um velho cole‑ga — e porque não, também, a um antigo chefe? — para almoçar. Ajudar alguém que necessite, dar uma palestra gratuita ou o que quer que seja que te levante da cama, da televisão, da tua casa e da tua vida de sempre e que faça com que o mundo possa saborear toda a riqueza da tua pessoa.

2 Podes ouvir a canção «Paz», que fiz para essa mulher que irá chegar à minha vida em www.guillermoechevarria.net/herramientas/canciones.

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guillermo echevarría

Em vez de ficares à espera de veres evidências de que o teu sonho é possível, convido‑te a transforma‑

res‑te na primeira evidência.

A mudança não está longe de nós.Muitas vezes somos nós os que estamos longe

de ter uma verdadeira atitude de mudança.Ter uma atitude que facilite a mudança fará com

que a mudança seja mais fácil.

Para melhorar a comunicação, não há melhor do que melhorar a relação. Para melhorar a relação,

não há melhor do que nos melhorarmos a nós próprios.

A saudade é esquecer‑me de que te posso acompanhar.

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O FRIGORÍFICO

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Sábado de manhã, em Buenos Aires. O Vicente tinha acabado de regar o seu jardim e agora, como grande aficionado da carpintaria e outras bricolages, estava rodeado de ferramentas e dedicado a arranjar o portão da garagem.

— Desculpe... — interrompeu uma voz nas suas costas. O Vi‑cente voltou‑se sobressaltado, para ver quem era e reconheceu o seu vizinho centro‑americano.

— Desculpa, não te queria assustar.— Não há problema, em que te posso ajudar? — respondeu o

Vicente que estava sempre disposto a ajudar.— Queria pedir‑te um favor. Tenho de mudar o meu refrige‑

rador que...— O teu quê? — perguntou o Vicente, a rir‑se do sotaque

estrangeiro.— Este... — retomou o vizinho lembrando‑se de que estava

noutro país. — O refrigerador.— Ah! Queres dizer o frigorífico?— Isso mesmo.— Agora sim. Sabes uma coisa? — disse o Vicente enquanto

guardava as suas ferramentas e fechava o portão. — Encontraste a pessoa certa.

— Nos últimos dois anos mudei‑me três vezes — explicou o Vi‑cente, rindo‑se. — E isso sem contar com as mudanças de irmãos e amigos. Escolhem‑me sempre para estas coisas... Há pouco tempo, comprei um frigorífico e com o meu irmão que vive bastante próximo daqui, estivemos um bom bocado para conseguir pô‑lo no lugar.

— A sério?— É que com tudo o que os frigoríficos têm agora, máquina de

gelo e não sei que mais, são cada vez maiores.

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— E eu que estava a pensar que podia mudá‑lo sozinho... — suspirou o vizinho.

— Não te preocupes, juntos vamos mudá‑lo com dois «pontapés».

— Pontapés? — disse, rindo‑se. — Vocês, os Argentinos, resol‑vem tudo com futebol.

Atravessaram a sala de refeições e encontraram‑se com o tre‑mendo frigorífico branco que bloqueava o corredor.

— Bem... — ia dizendo o Vicente, enquanto fazia um diagnós‑tico da situação e estudava a forma mais rápida e prática de meter o frigorífico na cozinha.

— Vês? — apontou o vizinho. — O chão é de ladrilhos.— Sim, vamos ter de levantá‑lo — concluiu o Vicente.— Peço‑te para o mudarmos com extremo cuidado...— Não te preocupes, é super‑resistente.— Bem, na realidade, preocupo‑me mais se riscarmos a pare‑

de do corredor que foi pintada recentemente.— A sério, fica tranquilo... — insistiu o Vicente enquanto abria

a porta do frigorífico e dava uma olhadela pelo seu interior. — O do meu irmão é muito parecido. Olha — propôs o Vicente, que já tinha tido tempo mais que suficiente para delinear um plano de ação —, fazemos assim: eu agarro aqui em baixo. Tu vais pelo ou‑tro lado e contamos até três e levantamo‑lo.

O vizinho entrou para a cozinha pela porta que dava acesso ao lava‑loiça, pôs‑se do outro lado do frigorífico e agarrou‑o em baixo com ambas as mãos. Apesar de não se conseguirem ver um ao outro, ouviam‑se perfeitamente e, ao três, conseguiram levan‑tar uns centímetros. Mas fizeram apenas uma tentativa e riscaram logo uma das paredes do corredor.

— Vamos novamente — disse Vicente. — Estás pronto?— Sim...— Um, dois e força!Desta vez quase tocavam o teto. O vizinho arregaçou as man‑

gas e voltaram a levantá‑lo.— Um pouco mais à esquerda — dizia o Vicente. — Sobe. Es‑

pera. Agora à tua direita. Mais devagar. Cuidado com o teto. Assim não. Cuidado. Baixa. Vamos, novamente.

Tentaram várias vezes, mas não conseguiam avançar nem dois centímetros sem tocarem em algum sítio.

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como Fazer acoNTecer

— Descansamos um pouco. Não consigo mais — disse o vizinho.

— Bem... — suspirou o Vicente.De seguida, o vizinho entrou para a sala de refeições com

duas cervejinhas e enquanto faziam uma pausa, puseram‑se a conversar.

— Juro que... — disse o Vicente — não posso acreditar que nos esteja a custar tanto pôr o frigorífico na tua cozinha.

— Como pôr? — disse o vizinho surpreendido. — Eu quero é tirá‑lo!

DesaFio N.º 3: como TraNsFormar um grupo Numa eQuipa

Chaves para fazer com que as coisas aconteçam

Agora levantem‑se!3, disse uma vez frente a um auditório de mil pessoas em Espanha e, em vez de se porem de pé, continuaram todos sentados olhando para mim como estátuas. A imobilidade deles desconcertou‑me, mas já que lhes estava a tentar mostrar como, ao ouvir, transformamos e colorimos tudo o que nos dizem, aproveitei o mal‑entendido para lhes perguntar o que tinham ou‑vido quando disse: Levantem‑se!

«Então, pediu‑nos que nos detivéssemos e isso foi o que fize‑mos», disse um participante.

Mas como é que possível eu ter dito algo super‑claro e o outro ter entendido algo tão distinto? Porque nós, os seres humanos, não funcionamos como máquinas que enviam e que recebem dados, mas fazemos passar a informação que chega aos nossos ouvidos por uma série de filtros que transformam tudo e que podem chegar a mudar o significado de uma frase e até transformá‑la inclusiva‑mente no oposto do que nos quiseram dizer.

«Como espécie temos uma falha?» Não, essa capacidade de in‑terpretar é a que nos permite ouvir uma ironia em um eu também

3 No livro original: Ahora párense! — Em espanhol falado em Buenos Aires, a palavra significa «levantem‑se», mas em Espanha, onde o autor estava a dar o curso, a mesma palavra significa «fiquem quietos».