O Antigo Regime Francês

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EEEM “PROF. RENATO DA COSTA PACHECO”

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EEEM “PROF. RENATO DA COSTA PACHECO”

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A partir do século XII, ocorreram várias transformações na Europa que contribuíram para a crise do sistema feudal:

- O renascimento comercial impulsionado, principalmente, pelas Cruzadas;

- O aumento da circulação das moedas, principalmente nas cidades. Este fator desarticulou o sistema de trocas de mercadorias, característica principal do feudalismo;

- Desenvolvimento dos centros urbanos, provocando o êxodo rural (saída de pessoas da zona rural em direção às cidades). Muitos servos passaram a comprar sua liberdade ou fugir, atraídos por oportunidades de trabalho nos centros urbanos;

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- As Cruzadas proporcionaram a volta do contato da Europa com o Oriente, quebrando o isolamento do sistema feudal;

- O surgimento da burguesia, nova classe social que dominava o comércio e que possuía alto poder econômico. Esta classe social foi, aos poucos, tirando o poder dos senhores feudais;

- Com o aumento dos impostos, proporcionados pelo desenvolvimento comercial, os reis passaram a contratar exércitos profissionais. Este fato desarticulou o sistema de vassalagem, típico do feudalismo;

- No final do século XV, o feudalismo encontrava-se desarticulado e enfraquecido. Os senhores feudais perderam poder econômico e político. Começava a surgir as bases de um novo sistema, o capitalismo.

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A ascensão da burguesia trouxe a necessidade de se eliminar as autoridades e cobranças locais. Em seu lugar, um monarca teria a função de padronizar as políticas fiscais e monetárias de um mesmo território. Ao mesmo tempo, os grandes proprietários de terra se sentiam ameaçados pelas revoltas camponesas que ameaçavam seu antigo poderio político.

Os monarcas se fortaleciam a partir do expresso apoio dado por nobres e burgueses. Por um lado, a burguesia pagava impostos para o financiamento de exércitos capazes de impor a autoridade real e fixar os impostos e moedas utilizadas em um mesmo território. Por outro, os senhores feudais abriam mão de sua influência política local para que o monarca assumisse a função de preservar as terras e privilégios da classe nobiliárquica.

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Mediante essas mudanças de natureza política, observamos que alguns intelectuais se ocuparam de pensar as justificativas que explicassem a existência de um rei poderoso. Um dos primeiros a assumir essa tarefa foi o italiano Nicolau Maquiavel (1469 – 1527), que formulou vários conselhos que pensavam sobre o comportamento da autoridade real. Nesse sentido, ele apontou que as ações políticas deveriam estar apartadas dos valores morais vigentes.

Algumas décadas mais tarde, o inglês Thomas Hobbes (1588 – 1679) indicou que o governo centralizado nas mãos do monarca era uma ação necessária. Em sua opinião, a ausência de um governo forte abria caminho para que o “estado de natureza” do homem fosse dominante.

Elaborado desde os fins da Idade Média, o absolutismo predominou no continente europeu até o século XVIII. Nessa época, a disseminação dos valores iluministas e o advento da Revolução Francesa, refutaram a existência de uma estrutura de poder centralizada e assentada em justificativas religiosas. A partir daquele momento, o absolutismo perdeu seu espaço e ficou conhecido como o “Antigo Regime”.

Luís XIV – Rei-Sol

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A nobreza francesa foi se adaptando à centralização, pois seus privilégios, como as isenções de impostos, a prioridade na ocupação de postos no exército e na administração, continuaram assegurados. Por sua vez, a burguesia integrou-se ao Estado absolutista comprando cargos públicos, títulos de nobreza e terras, desviando, assim, seus capitais, do setor produtivo como o comércio e as manufaturas.

A alta nobreza da corte e as pequenas nobrezas das províncias representavam menos de 3% da população do país e gozavam de isenções de impostos, leis e tribunais especiais. Do 2º. Estado fazia parte também a alta burguesia mercantil urbana, que enriquecida com os lucros obtidos nos negócios, havia adquirido terras, títulos e cargos administrativos, transformando-se em nobreza togada, integrada ao Estado absolutista, com os mesmos privilégios e direitos da nobreza tradicional de sangue.

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Contundo, não podemos deixar de frisar o papel da burguesia, que via na unificação e nas padronizações político-adminstrativas um meio eficaz para ampliar seus ganhos comerciais. A descentralização política, o pagamento de tributos feudais e a falta de uma unidade monetária limitavam imensamente os ganhos comerciais. Com a criação de um território unificado, onde só o Estado cobrava impostos e existia uma mesma moeda, era possível aumentar os lucros da burguesia.

Para a criação dos estados, além do interesse da burguesia e da nobreza, também deveriam ser desenvolvidas um novo conjunto de valores culturais e ações geopolíticas que legitimassem a nova ordem estabelecida. Dessa forma, os Estados Nacionais procuraram definir seus territórios, promoveram a criação de símbolos nacionais, criaram uma única moeda, estabeleceram uma língua oficial e, até mesmo, recontaram as origens do povo pertencente àquela nação. Outro fator importante na construção do Estado Nacional foi a adesão da Igreja ao novo poder, proclamando o caráter divino do rei.

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No Período absolutista houve grandes transformações na organização religiosa do cristianismo, com o movimento reformista e a formação de novas doutrinas, iniciados por Lutero.

Apesar da quebra da unidade do cristianismo, dividido a partir de então em doutrinas diferentes, a religião continuou a ter um papel importante na formação cultural do homem europeu e, conseqüentemente, foi utilizada para apoiar e/ou justificar o poder real.

Ao analisarmos as estruturas do absolutismo em diversos países, percebemos a importância que a religião assumiu na organização do poder de Estado.

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Apesar dessa importância, os principais teóricos do absolutismo se utilizaram do discurso racional, de origem renascentista. Maquiavel defende a utilização de todos os meios ao alcance dos governantes para a centralização do poder; para Thomas Hobbes, o absolutismo era necessário para a organização social, superando o "egoísmo intrínseco ao homem". No século 17, Jacques Bossuet, bispo francês, estabelece a relação entre o poder do rei e o poder de Deus.

Na península Ibérica, o absolutismo formou-se antes do movimento reformista e contou com o apoio do clero católico, uma vez que os vínculos entre a nobreza real e o alto clero eram muito fortes. Na França e na Inglaterra, onde a formação do absolutismo coincide cronologicamente com a reforma religiosa, é que percebemos a utilização da religião ou da igreja na luta pelo poder.

Na França, a nova religião, calvinista, serviu de base para a organização do grupo que fez oposição ao absolutismo real, os huguenotes, e foi responsável pelo retardamento da formação do absolutismo.

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Você pode imaginar o ódio que grande parte da nação francesa sentia diante dos privilégios dos nobres. Os Camponeses pensavam: “É se não tivéssemos de pagar esses tributos feudais? E se esta terra fosse nossa? Será que passaríamos fome? Será que nossos filhos morreriam por causa de doenças?” Os Sans-Culottes também deviam se perguntar: e se nós não pagássemos tantos impostos para o estado? Não sobraria mais para comprar uma ferramenta ou pouco de carne? Por que viver na penúria enquanto os nobres levam uma vida tão rica?”

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A própria burguesia também sonhava:” “e se não pagássemos tantos impostos, não sobraria mais para podermos investir? E se um dia nós pudéssemos influenciar o governo, ele não faria leis favoráveis ao crescimento dos negócios?”.

Esses pensamentos se juntaram ás idéias iluministas. Durante décadas a fio, as novas idéias se espalharam pela França.

Escritores habilidosos criavam histórias engraçadas que transmitiam com humor e simplicidade o pensamento ilustrado.

Até mesmo pessoas desacostumadas a ler, como empregados do comércio, lavadeiras e criados liam essas obras e compreendiam a mensagem que elas continham, de luta contra a tirania.

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Luís XIV, o Grande, Rei Sol, rei da França de 1643 a 1715, nasceu em 5 de setembro de 1638 em Saint-Germain-en-Laye e faleceu em 1 de setembro de 1715 em Versailles, símbolo da monarquia absolutista, provocou uma série de guerras entre 1667 e 1697 a fim de estender as fronteiras da França para o leste, tomando terras do Sacro Império Germânico, e depois, de 1701-1714, para assegurar o trono espanhol para seu neto.

Filho de Luís XIII e Ana da Áustria, ele sucedeu seu pai em maio de 1643, com apenas quatro anos e oito meses, desde então saudado como uma "divindade visível".

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Conhecido como o "Rei Sol", Luís XIV foi o maior monarca absolutista da França.

Segundo o próprio rei, ele tinha recebido o seu poder de Deus, ou seja poder divino , e era o seu representante na Terra para poder governar sem contestações.

O Poder do rei era se centralizava nos três poderes:

Poder Legislativo;

Poder Executivo;

Poder Judicial;

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Rei de França entre 1715 e 1774, nasceu em 1710, em Versalhes. Bisneto de Luís XIV, era filho de Luís, duque de Borgonha, e de Maria Adelaide de Saboia. Tinha apenas cinco anos quando o trono ficou vago com a morte de Luís XIV. O reino teve dois regentes enquanto o príncipe não atingia a maioridade: o duque de Orléans e o duque de Bourbon. A partir de 1726 o jovem monarca confia a direção dos assuntos do reino ao seu antigo preceptor, o cardeal de Fleury. Depois da morte deste, em 1743, Luís XV assumiu verdadeiramente o poder.Apesar de tradicionalmente ser conhecido como homem votado ao prazer e aos caprichos, Luís XV proporcionou ao Reino prosperidade econômica e fez destacar no plano intelectual e das artes. Entre as amantes do rei, destacou-se a marquesa de Pompadour, que o influenciou fortemente, sobretudo na área da política externa.

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Luís XV levou a cabo uma dura campanha de perseguição aos protestantes quando iniciou o seu governo. Em termos sociais, no campo os agricultores tinham baixíssimos rendimentos e os privilégios ainda eram pertença de uma minoria de nobres e do alto clero. O monarca propôs reformas fiscais relativamente a estes privilégios, mas de uma forma autoritária, o que veio a refletir-se negativamente, porque se voltaram contra si quer os privilegiados quer as facções contrárias ao absolutismo. O agravamento da situação teve origem na política externa da França: a rivalidade com os Habsburgos e as necessidades impostas pela expansão marítima. O monarca não soube gerir simultaneamente com sucesso estes dois assuntos, dado que perdeu quase todas as colônias no tratado de Paris de 1763, conseguindo no entanto fazer uma aliança com os Habsburgos contra a Prússia. Uma nova tentativa de reforma a partir de 1770 provocará a oposição dos parlamentares.O rei morreu em Versalhes em 1774.

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Luís XVI nasceu em Versalhes e era filho de Luís XV e de Maria Josefa da Saxônia. Com a morte do seu pai, tornou-se rei de França entre 1774 e 1792, uma vez que era o único herdeiro do trono. Casou em 1779 com a arquiduquesa austríaca Maria Antonieta de Habsburgo, que era filha da imperatriz Maria Teresa da Áustria.

Em 1774, Luís XVI assumiu o trono e era conhecido como um rei de caráter fraco, uma vez que apenas usava o poder que possuía para satisfazer o Parlamento. Era dominado pela aristocracia, o que levou o reino quase à beira da falência.

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Em 1788, a produção de alimentos baixou, devido a condições climáticas. Conseqüentemente, os preços aumentaram assim como a fome, provocando mais descontentamento entre a população. Pediu auxílio ao ministro Turgot, incumbindo-o de arranjar uma solução para resolver a crise em que se vivia na altura. Mas Turgot sofreu uma forte oposição por parte das ordens privilegiadas e acaba por se demitir. É substituído por Necker, que convenceu o rei a convocar os Estados Gerais que se reuniram em Maio de 1789, em Versalhes. O desejo inicial era fazer com que todas as ordens pagassem impostos, mas o clero e a nobreza recusavam-se e usavam a estratégia do voto por ordem, e não por cabeça, para manterem os seus privilégios. Perante este impasse, Luís XVI decidiu pôr fim aos Estados Gerais. Os representantes do Terceiro Estado, insatisfeitos, decidiram reunir-se à parte, reunião conhecida como “Juramento da Sala do Jogo da Péla”, criando a Assembléia Nacional Constituinte (a esta caberiam, de futuro, todas as decisões que o monarca deveria executar).

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Perante a criação da Assembléia Nacional Constituinte e a recusa do rei em aprovar a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a população parisiense (liderada pelos burgueses) invadiu Versalhes e capturou a família real que tentava fugir do país. Luís XVI tencionava fugir do Palácio das Tulherias, em 1791, para comandar a contra-revolução a partir do exterior, onde contava com muitos apoios. Porém foi detido em Varennes e condenado à morte na guilhotina a 21 de Janeiro de 1793. Com a execução do rei, mais de um milênio de história monárquica chegou ao fim. Abria-se o caminho ao povo e à república…

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Professor: Marco Antônio Campo Dall'orto

Turma: 2ºM3

Ano: 2011