PARECER TÉCNICO CIENTÍFICO Cloridrato de … · 6 CONTEXTO O presente Parecer...

30
Curso de Especialização em Avaliação de Tecnologias em Saúde EAD Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde Universidade Federal do Rio Grande do Sul PARECER TÉCNICO CIENTÍFICO Cloridrato de Memantina para o Tratamento da Doença de Alzheimer moderada a grave Aluna: Ana Carolina de Freitas Lopes. Orientadora: Ana Flavia Barros da Silva Lima. 2015

Transcript of PARECER TÉCNICO CIENTÍFICO Cloridrato de … · 6 CONTEXTO O presente Parecer...

Curso de Especialização em Avaliação de Tecnologias em Saúde – EAD

Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

PARECER TÉCNICO CIENTÍFICO

Cloridrato de Memantina para o

Tratamento da Doença de Alzheimer

moderada a grave

Aluna: Ana Carolina de Freitas Lopes.

Orientadora: Ana Flavia Barros da Silva Lima.

2015

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Instituto de Avaliação de

Tecnologias em Saúde como requisito a

obtenção do título de Especialista em

Avaliação de Tecnologias em Saúde.

Aluna: Ana Carolina de Freitas Lopes.

Nutricionista (UnB), Mestre em Nutrição

Humana (UnB), servidora do Ministério da

Saúde como Analista Técnica de Políticas

Sociais.

Declaro ausência de conflitos de interesse na

elaboração deste Parecer Técnico-Científico.

RESUMO EXECUTIVO

Tecnologia: Cloridrato de Memantina 20 mg/dia.

Indicação: Doença de Alzheimer moderada a grave.

Caracterização da tecnologia: Medicamento que atua como antagonista dos receptores do

tipo N-metil-D-aspartato (NMDA), inibindo sua estimulação excessiva pelo neurotransmissor

glutamato. O custo estimado do tratamento na dose de manutenção é de R$ 24,30 a R$

55,00 por mês.

Pergunta: O uso de Cloridrato de Memantina (20 mg/dia), em monoterapia ou associação, é

seguro e eficaz na redução da velocidade de progressão da doença em relação aos

aspectos cognitivos, funcionais, comportamentais e globais em pacientes com Doença de

Alzheimer na fase moderada a grave, em comparação aos medicamentos Donepezila,

Galantamina e Rivastigmina, atualmente disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde?

Busca e análise de evidências científicas: Foram consultadas as bases de dados da

Biblioteca Cochrane, Medline, Lilacs, CRD e SISREBRATS em setembro de 2014, de acordo

com seus descritores específicos, em busca de revisões sistemáticas de ensaios clínicos

randomizados ou ensaios clínicos randomizados que avaliassem o tratamento da doença de

Alzheimer com memantina. Foram localizados 173 artigos, dos quais 53 foram excluídos

como duplicatas e após seleção por idioma. Assim, 120 foram triados por título e resumo,

com 99 exclusões e 21 artigos selecionados para avaliação do texto completo. O estudo que

embasou este parecer foi a revisão sistemática de Bond e colaboradores (2012) por ser a

mais recente, com melhor qualidade metodológica e que contemplou todos os estudos

incluídos e desfechos avaliados por revisões sistemáticas anteriores.

Resumo dos resultados dos estudos selecionados: A revisão sistemática de Bond e

colaboradores incluiu dois ensaios clínicos randomizados de comparação entre Memantina

em monoterapia e placebo, outros dois ensaios clínicos randomizados com associação entre

Memantina e inibidores da acetilcolinesterase e ainda conduziu uma comparação indireta

entre todos os medicamentos disponíveis com desfechos global e comportamental.

Memantina em monoterapia foi superior ao placebo nos desfechos de cognição em 12

semanas, funcionalidade em 24 a 28 semanas e efeito global em 24 a 28 semanas. Os

resultados da associação entre Memantina e inibidores da acetilcolinesterase foram

contraditórios entre instrumentos diferentes para um mesmo desfecho. A comparação

indireta indicou que a donepezila apresenta melhor efetividade que a Memantina nos

desfechos comportamental e global. A frequência de eventos adversos não foi superior à do

não tratamento.

Recomendações:

Recomendação fraca a favor da tecnologia quando houver impossibilidade de utilização dos

inibidores da acetilcolinesterase para pacientes com Doença de Alzheimer moderada a

grave. Recomendação fraca contra a tecnologia em associação com inibidores da

acetilcolinesterase para pacientes com Doença de Alzheimer moderada a grave.

ABSTRACT

Intervention: Memantine hydrochloride 20 mg / day.

Population: moderate to severe Alzheimer's disease.

Characterization of technology: Uncompetitive N-methyl-D-aspartate (NMDA) receptor

antagonist, inhibiting its excessive stimulation by the neurotransmitter glutamate. The

estimated cost of treatment in the maintenance dose is R$ 24.30 to R$ 55.00 per month.

Question: Is the use of memantine hydrochloride (20 mg/day), either alone or in combination,

safe and effective in reducing the rate of disease progression in relation to cognitive,

functional, behavior and global in moderate to severe Alzheimer's disease patients compared

to Donepezil, galantamine and rivastigmine, currently provided by the Brazilian National

Health System?

Search and analysis of scientific evidence: Electronic databases were searched in

September 2014 and included the Cochrane Library, Medline, Lilacs, CRD and

SISREBRATS, according to its specific descriptors, looking for systematic reviews of

randomized controlled trials or randomized controlled trials that had evaluated the treatment

of Alzheimer's disease with memantine. 173 articles were found. After excluding duplicates

and selection by language, 120 were screened by title and summary and 21 for full text. The

included study was the systematic review of Bond et al (2012), as the most recent, better

methodological quality, and included all studies and outcomes evaluated by previous

systematic reviews.

Summary of the results of the selected studies: A systematic review of Bond et al

included two randomized controlled trials comparing memantine monotherapy and the

placebo, two randomized controlled trials between memantine in association with

acetylcholinesterase inhibitors and also conducted an indirect comparison of all available

drugs with global and behavioral outcomes. Memantine monotherapy was superior to the

placebo in cognitive outcomes in 12 weeks, in functionality in 24 to 28 weeks and overall

effect within 24 to 28 weeks. The results of the association between memantine and

cholinesterase inhibitors were contradictory between different instruments for the same

outcome. Indirect comparison indicated that donepezil has better effectiveness than

Memantine in behavioral and global outcomes. The frequency of adverse events was not

superior to no treatment.

Recommendations:

Weak recommendation in favor of technology when there is impossibility of use of

acetylcholinesterase inhibitors to patients with moderate to severe Alzheimer's disease.

Weak recommendation against technology in combination with acetylcholinesterase inhibitors

for patients with moderate to severe Alzheimer's disease.

SUMÁRIO

Contexto .................................................................................................................... 6

Pergunta de pesquisa ............................................................................................... 7

Aspectos epidemiológicos ..................................................................................... 8

Descrição da tecnologia a ser avaliada: ................................................................. 9

Cloridrato de Memantina........................................................................................ 9

Descrição das tecnologias de comparação: ......................................................... 10

Donepezila, Galantamina e Rivastigmina ............................................................ 10

Desfechos ........................................................................................................... 11

Bases de dados e Estratégia de busca ................................................................... 14

Seleção de estudos ................................................................................................. 15

Síntese dos Resultados .......................................................................................... 18

Memantina monoterapia em comparação a placebo ............................................ 18

Memantina em associação com inibidores da acetilcolinesterase ........................ 19

Comparação indireta ........................................................................................... 21

Discussão ............................................................................................................... 22

Recomendação ....................................................................................................... 25

Bibliografia .............................................................................................................. 26

Apêndice A – Tabela de avaliação da qualidade das revisões sistemáticas ............ 29

6

CONTEXTO

O presente Parecer Técnico-Científico foi elaborado no âmbito do Curso de

Especialização em Avaliação de Tecnologias em Saúde do Instituto de Avaliação de

Tecnologias em Saúde (IATS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS). A temática abordada foi encomendada pela Comissão Nacional de

Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), órgão responsável por

assessorar o Ministério da Saúde nas questões relativas à incorporação, exclusão

ou alteração pelo SUS de tecnologias em saúde.

A escolha do tema foi baseada em uma estimativa do Conselho Nacional de

Justiça entre os medicamentos que apresentaram maior volume de demandas

judiciais em sete estados brasileiros: Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará,

Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro em 2013. Estes são os estados que possuem

sistemas ou mecanismos de monitoramento das demandas judiciais recebidas.

A Doença de Alzheimer (DA) possui Protocolo Clínico e Diretrizes

Terapêuticas (PCDT) estabelecido pelo Ministério da Saúde e publicado em 2013. O

documento estabelece o tratamento medicamentoso preconizado para o SUS, com

os medicamentos da classe dos inibidores da acetilcolinesterase Donepezila,

Galantamina e Rivastigmina para as fases leve a moderada. Entretanto, a

incorporação ou não do Cloridrato de Memantina não foi avaliada de forma

específica pela CONITEC e o grupo de pacientes classificados entre as fases

moderada a grave da Doença de Alzheimer não está contemplado no PCDT atual.

A grande demanda para a dispensação judicial do medicamento Cloridrato

de Memantina acarreta impactos econômicos e éticos importantes para o Sistema

Único de Saúde. Além disso, o arcabouço legal do SUS preconiza que a atenção

terapêutica integral, mediante PCDT, deve considerar todas as fases evolutivas da

doença ou agravo à saúde.

Dessa forma, as recomendações deste PTC devem embasar uma posição

objetiva e clara do Ministério da Saúde quanto à incorporação ou não do Cloridrato

de Memantina para pacientes nas fases moderada a grave no protocolo de

tratamento da Doença de Alzheimer. Essa avaliação é conduzida oportunamente,

uma vez que o Decreto n° 7.508/2011 determina a atualização dos Protocolos

clínicos e Diretrizes Terapêuticas a cada dois anos.

7

PERGUNTA DE PESQUISA

O objetivo deste Parecer Técnico-Científico é analisar as evidências

científicas sobre a eficácia e segurança do Cloridrato de Memantina para o

tratamento da Doença de Alzheimer nas fases moderada a grave, visando

apresentar uma recomendação sobre sua incorporação no Sistema Único de Saúde.

Para isso, foi formulada uma pergunta de pesquisa baseada nos critérios da

estratégia PICOS, cuja estruturação encontra-se na Tabela 1.

Tabela 1 - Pergunta de pesquisa estruturada de acordo com a estratégia PICOS.

População Pacientes com Doença de Alzheimer moderada a grave

Intervenção (tecnologia) Cloridrato de Memantina 20mg/dia em monoterapia ou associação

Comparadores Medicamentos atualmente disponíveis no SUS (Donepezila, Galantamina e Rivastigmina) ou placebo

Desfechos (outcomes) Reducao na velocidade de progressao da doenca em relação a desfechos cognitivos, funcionais, comportamentais e globais; eventos adversos.

Desenhos de estudo (study design) Revisões sistemáticas e Ensaios Clínicos randomizados

Assim, tem-se a seguinte pergunta de pesquisa: O uso de Cloridrato de

Memantina (20 mg/dia), em monoterapia ou associação, é seguro e eficaz em

pacientes com Doença de Alzheimer na fase moderada a grave, em comparação

aos medicamentos Donepezila, Galantamina e Rivastigmina, atualmente

disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde?

8

INTRODUÇÃO

Aspectos epidemiológicos

A Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo que se

inicia com déficits de memória recente e avança progressivamente para outros

comprometimentos cognitivos, neuropsiquiátricos e comportamentais [1] [2]. Com o

agravamento da doença, atividades simples da vida cotidiana tornam-se difíceis,

chegando à completa dependência e até a morte [3]. É uma doença ainda sem cura

e sem etiologia conhecida. Sabe-se que ocorre degeneração da membrana nervosa,

com perda de neurônios e sinapses, processamento anormal de proteínas,

acumulação de placas beta-amilóides e emaranhados neurofibrilares,

acompanhados por atrofia cerebral e dilatação dos ventrículos [4] [5].

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência na senilidade,

correspondendo a 60% a 70% dos casos. A Organização Mundial de Saúde estimou

em 35,6 milhões o número de pessoas vivendo com demência em 2011 no mundo,

sendo 8,5% na América Latina e 1 milhão só no Brasil [2]. O Protocolo Clínico e

Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde para a Doença de Alzheimer

estima em 1,1 milhão a população vivendo com demência no Brasil em 2013 [1].

No Brasil não há dados nacionais consolidados para a epidemiologia da

Doença de Alzheimer. Os dados disponíveis foram obtidos a partir de estimativas

com coortes locais, iniciadas na década de 1990 e com aferições nos anos 2000. A

prevalência de DA encontrada em Catanduva/SP foi de 3,9% [6], enquanto na

amostra comunitária de Bottino e colaboradores em São Paulo foi 7,7% [7] (Quadro

1). A incidência em Catanduva foi de 7,7 por 1.000 pessoas-ano durante o período

avaliado [6], chegando a 14,8 por 1.000 pessoas-ano no Rio Grande do Sul [8]

(Quadro 1).

Assim como nas meta-análises internacionais, a incidência de DA

demonstrou-se dependente da idade, apresentando 1,43 novos casos por 1.000

pessoas-ano entre a população com 70 a 74 anos, para 29,65 novos casos por

1.000 pessoas-ano na população entre 85 e 89 anos [9].

9

Estudo Localidade Prevalência Incidência

Herrera, 2002 [6] Catanduva/SP 3,9% 7,7 por 1.000 pessoas-ano

Bottino, 2008 [7] São Paulo 7,7% -

Chaves, 2009 [8] Rio Grande do Sul - 14,8 por 1.000 pessoas-ano

(IC 95% 9,04 - 22,94)

Quadro 1 - Estudos locais sobre a epidemiologia da Doença de Alzheimer.

A sobrevida de pacientes com DA acima de 65 anos foi estimada em 7,1

anos (95% IC 6,7–7,5 anos), contra 11 anos de sobrevida para pessoas com

cognição normal nessa faixa etária, a partir de uma coorte americana [10]. A

diminuição da sobrevida está relacionada às comorbidades associadas a esta

condição [2] [11].

O diagnóstico da Doença de Alzheimer é atribuído após exclusão de

depressão, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12 e identificação de alterações

cognitivas específicas [1] [11]. O PCDT em vigor adota os critérios do National

Institute of Neurologic and Communicative Disorders and Stroke and the Alzheimer

Disease and Related Disorders Association (NINCDS-ADRDA). O processo de

investigação diagnóstica inclui história completa, avaliação clínica, rastreio cognitivo,

exames laboratoriais e de imagem [1]. A classificação da gravidade do

comprometimento cognitivo é feito por meio do MiniExame do Estado Mental (Mini

Mental State Examination - MMSE). São classificados com Doença de Alzheimer de

gravidade moderada a grave os pacientes com pontuação abaixo de 20 no MMSE.

Descrição da tecnologia a ser avaliada:

Cloridrato de Memantina

O Cloridrato de Memantina é um medicamento que atua como antagonista

dos receptores do tipo N-metil-D-aspartato (NMDA). Durante o funcionamento

normal do cérebro, os receptores NMDA são ativados por glutamato, um

neurotransmissor excitatório necessário às funções de aprendizagem e memória. No

caso da Doença de Alzheimer, esses receptores são excessivamente estimulados

pelo glutamato, resultando em dano e morte neuronal. Assim, o bloqueio causado

pelo Cloridrato de Memantina inibiria o efeito de toxicidade, sem interferir nas

funções normais [11] [3].

O Cloridrato de Memantina possui registro no Brasil para o tratamento de

pacientes com doença de Alzheimer moderada a grave, sendo contraindicado

apenas nos casos de hipersensibilidade à fórmula [12]. Ele foi incluído em 2004 na

10

lista de substâncias sujeitas a controle especial (lista C1 da Portaria nº 344/98) da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

A posologia do medicamento é de 20mg/dia por via oral, obtida após

titulação de quatro semanas. Inicia-se com 5mg/dia e aumenta-se 5mg/dia a cada

semana. A dose de manutenção é de 20mg/dia. Recomenda-se que o paciente seja

reavaliado periodicamente e o tratamento deve ser mantido apenas enquanto forem

observados benefícios clínicos. Deve-se considerar descontinuação se o paciente

não tolerar o medicamento ou não forem observados benefícios [12].

As reações adversas comuns ao uso do Cloridrato de Memantina são dor de

cabeça, sonolência, prisão de ventre, tonturas, distúrbios de equilíbrio, falta de ar

(dispneia), pressão arterial elevada, hipersensibilidade ao medicamento e testes de

função hepática elevados [12].

O Cloridrato de Memantina é produzido por sete laboratórios, sob os nomes

comerciais Memontil®, Alois®, Heimer®, Ebix® e Zider®, além da formulação

genérica. É comercializado sob a forma de comprimidos revestidos de 10mg [13]. O

estado do Rio Grande do Sul e o município de Petrópolis fizeram aquisição pública

do Cloridrato de Memantina por meio de pregão, apresentando o menor valor

unitário de R$ 0,405 por comprimido e média ponderada por volume de compras de

R$ 0,9167 por comprimido [14]. Com esses valores, o custo do tratamento na dose

de manutenção seria de R$ 24,30 a R$ 55,00, considerando a administração de 60

comprimidos de 10mg por mês.

Descrição das tecnologias de comparação:

Donepezila, Galantamina e Rivastigmina

Os comparadores ao Cloridrato de Memantina são os demais medicamentos

registrados no Brasil para o tratamento da Doença de Alzheimer. São eles:

Donepezila, Galantamina e Rivastigmina, todos disponibilizados pelo Ministério da

Saúde, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de

Alzheimer [1].

Os três medicamentos pertencem à classe dos inibidores da

acetilcolinesterase. O mecanismo de ação dessa classe envolve a inibição da

degradação do neurotransmissor acetilcolina por meio do bloqueio da enzima

acetilcolinesterase. A acetilcolina é o neurotransmissor classicamente associado às

funções de memória [1].

11

A Donepezila é indicada para a Doença de Alzheimer de intensidade leve,

moderadamente grave e grave. Seu esquema de administração deve ser iniciado

com 5 mg/dia por via oral, podendo ser aumentada para 10 mg/dia após 4 a 6

semanas [12]. No âmbito do SUS, sua aquisição é feita de forma centralizada pelo

Ministério da Saúde por meio do Componente Especializado da Assistência

Farmacêutica (CEAF). Em 2013 foram dispensadas 12.933.939 unidades do

medicamento, a um custo de R$ 0,1497 para cada comprimido de 5mg e R$ 0,2060

para 10mg [15].

A Galantamina é registrada para o tratamento da DA leve a moderada, com

dose inicial de 8 mg/dia por via oral por 4 semanas, seguida de uma dose de

manutenção de 16 mg/dia [12] [1]. O financiamento ocorre por transferência de

recursos financeiros pelo Ministério da Saúde às unidades dispensadoras. O custo,

para o Ministério da Saúde, é de R$ 6,14 por cápsula de 8mg e R$ 7,08 para 16mg.

Foram registradas 3.293.316 dispensações em 2013 [15].

A Rivastigmina possui indicação para os casos com severidade leve a

moderadamente grave [12]. O PCDT indica uma posologia inicial de 3 mg/dia por via

oral, podendo ser aumentada para 6 mg/dia após 2 semanas [1]. Assim como a

aquisição da Donezepezila, a compra da Rivastigmina é feita pelo CEAF, de forma

centralizada. Em 2013 foram dispensadas 19.770.359 unidades do medicamento, a

um custo de R$ 1,89 a R$ 2,51 por cápsula, de acordo com a concentração do

fármaco [15].

A utilização desses medicamentos é contra-indicada apenas nos casos de

hipersensibilidade ao princípio ativo ou outros componentes da fórmula. Entretanto,

os medicamentos dessa classe requerem especial atenção e acompanhamento pois

podem afetar a frequência cardíaca (bradicardia), problemas gástricos (úlceras), dor

abdominal, alguns distúrbios do sistema nervoso central (como convulsão/epilepsia)

e doenças respiratórias que afetam a respiração (como asma ou doença pulmonar)

[12].

Desfechos

Enquanto não é possível oferecer a cura aos pacientes com Doença de

Alzheimer, assim como direcionar intervenções para sua causa, o tratamento atual

tem como objetivos mobilizar a capacidade cerebral e funções cognitivas, além de

retardar maiores declínios funcionais e psicológicos, ou seja, diminuir a progressão

da doença [3] [16]. Dessa forma, o acompanhamento do paciente pode ser realizado

12

por diversas escalas e em diferentes domínios. Os principais domínios são os

globais, cognitivos, comportamentais e funcionais. Além disso, em se tratando da

avaliação de intervenções, também são importantes a qualidade de vida e os

eventos adversos [16] [1].

Em relação à cognição, os principais e mais comumente utilizados em

pesquisa clínica são o Mini Mental State Examination (MMSE) e a Alzheimer’s

Disease Assessment Scale – Cognitive Subscale (ADAS-cog). O MMSE é

constituído de 11 questões sobre orientação, memória, concentração, linguagem e

práxis. O resultado é apresentado como um valor entre 0 e 30, em que quanto

maior, melhor é a capacidade cognitiva. Esse teste é mais utilizado para determinar

a gravidade da Doença de Alzheimer. Pontuações entre 21 e 26 são consideradas

de gravidade leve, entre 10 e 20 como moderada e abaixo de 10 como grave.

MMSE não é o mais indicado para ensaios clínicos, uma vez que é pouco sensível a

mudanças discretas [1] [11].

A ADAS-cog também avalia orientação, memória, linguagem e práxis, mas

com pontuações limites entre 0 e 70. Nesse caso, quanto maior o valor, maior a

deterioração cognitiva. Entretanto, sua sensibilidade é diminuída para verificar

mudanças nos casos mais graves. Dessa forma, foi criado o Severe Impairment

Battery (SIB) especialmente para avaliar déficits cognitivos associados à demência

grave. O SIB é composto por 40 comandos simples e pontuação entre 0 e 100, com

resultados positivos indicando melhora clínica [11].

Em relação ao domínio comportamental, o Neuropsychiatric Inventory (NPI) é

o mais comumente utilizado. A avaliação é geralmente feita pelo cuidador principal

em relação a 12 itens, quanto à frequência e gravidade, de comportamentos como

ansiedade, irritabilidade e mudança de apetite. Valores mais altos significam maior

frequência e/ou gravidade e, portanto, piora clínica [11].

A principal escala de avaliação global da DA que verifica mudanças ao longo

do tempo é a Clinician’s Interview-based Impression of Change – plus Caregiver

Input (CIBIC-plus). A CIBIC-plus avalia a mudança global do estado de saúde do

paciente, avaliado tanto pelo clínico quanto pelo acompanhante ou cuidador. O

resultado é expresso em uma escala de 7 pontos, em que 1 significa “melhorou

muito” e 7 “piorou muito” [11].

O domínio funcional é mais frequentemente avaliado por meio do Alzheimer’s

Disease Cooperative Study – Activities of Daily Living Index (ADCL-ADL), que avalia

atividades cotidianas em um escala de 19 ou 23 itens. A pontuação varia entre 0 e

78, em que quanto menor o valor, maiores são os prejuízos funcionais [3]. A

13

capacidade funcional também pode ser aferida pelo Functioning Assessment

Staging Tool (FAST), que avalia a magnitude da deterioração funcional a partir da

identificação de deficiências progressivas características. Varia entre o estado

normal, com pontuação igual a 1, e grave, com pontuação igual a 7 [11].

14

BASES DE DADOS E ESTRATÉGIA DE BUSCA

A busca por evidências científicas teve como foco a identificação de revisões

sistemáticas com meta-análise de ensaios clínicos randomizados que utilizaram o

cloridrato de memantina como intervenção na Doença de Alzheimer, publicados na

língua inglesa, portuguesa ou espanhola. Os descritores utilizados referem-se à

intervenção e à população. A identificação dos descritores oficiais em saúde foi feita

por meio do DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual em

Saúde. Os descritores oficiais estão apresentados no Quadro 2.

Descritor em Português Descritor em Inglês

Doença de Alzheimer Alzheimer Disease

Memantina Memantine

Quadro 2 - Descritores oficiais em Ciências da Saúde. Fonte: DeCS/BVS.

Os descritores foram utilizados nas bases de dados da Biblioteca Cochrane,

do Medline via Pubmed, do Lilacs via BVS, no Centre for Reviews and Dissemiation

da Universidade de York e no SISREBRATS em setembro de 2014, compreendendo

todo o período de indexação das bases, sem limites de datas. A estratégia de busca

realizada no Pubmed foi construída a partir dos seguintes termos MeSH: ("Alzheimer

Disease"[Mesh]) AND "Memantine"[Mesh]. A estratégia utilizada em cada base de

dados está apresentada no Quadro 3.

BASE ESTRATÉGIA

Medline (via PubMed)

systematic[sb] AND ("Alzheimer Disease"[Mesh] AND

"Memantine"[Mesh])

Biblioteca Cochrane

#1 "MEMANTINE"

#2 "Alzheimer Disease"

#3: #1 AND #2

Lilacs

(via BVS)

tw:(tw:( (tw:("alzheimer disease")) AND

(tw:("memantine")) AND ("SYSTEMATIC REVIEWS"

OR "Meta-Analysis") ) AND (instance:"regional"))

Centre for Reviews and

Dissemination (CRD)

(Alzheimer Disease) AND (Memantine) IN DARE,

NHSEED, HTA

SISREBRATS “Alzheimer” ou “memantina”

Quadro 3 - Estratégia de busca de evidências científicas para o tratamento da Doença de Alzheimer

com Cloridrato de Memantina.

15

SELEÇÃO DE ESTUDOS

Dentre os 173 artigos localizados, foram excluídas as duplicatas e os artigos

identificados nas línguas alemão, francês, chinês e japonês, restando 120 artigos.

Os critérios de exclusão foram: avaliação de outros tipos de demência sem a

apresentação individual dos resultados para Doença de Alzheimer, revisões

narrativas, avaliações econômicas e análises post hoc.

Os 120 artigos restantes foram avaliados inicialmente pelo título, restando

70, e posteriormente pelo resumo, restando 26. Não foi possível o acesso ao texto

completo de cinco artigos selecionados pelo resumo [17] [18] [19] [20] [21]. Vinte e

um artigos foram avaliados pelo texto completo, restando, finalmente, 10 artigos

incluídos para avaliação do rigor metodológico dos estudos individuais. O

instrumento utilizado para essa avaliação foi o AMSTAR (A MeaSurement Tool to

Assess systematic Reviews), desenvolvido pela agência canadense de avaliação de

tecnologias em saúde (Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health –

CADTH). O AMSTAR foi considerado uma ferramenta de boa concordância

interavaliador, confiável, válido e viável por meio de avaliação conduzida por Shea e

colaboradores (2009) [22].

O instrumento AMSTAR é composto por 11 perguntas, que abordam os

seguintes critérios: critérios de inclusão e pergunta de pesquisa estabelecidos à

priori; duplicação na seleção de estudos e extração de dados; realização de busca

bibliográfica abrangente (incluindo literatura cinza); fornecimento da lista de estudos

incluídos e excluídos, assim como as características dos estudos incluídos;

avaliação e documentação da qualidade dos estudos incluídos e sua relação com as

conclusões da revisão sistemática; adequação dos métodos de combinação dos

resultados; avaliação de possível viés de publicação; e declaração de conflito de

interesse.

A avaliação de qualidade de todas as revisões sistemáticas está compilada

no Apêndice A. As revisões sistemáticas de López-Arrieta (2006) [3] e Livingston &

Katona (2004) [23] foram excluídos devido a sua baixa qualidade metodológica. O

estudo de Livingston & Katona não contemplou nenhum dos critérios preconizados

pela ferramenta AMSTAR, enquanto a revisão de López-Arrieta foi satisfatória

apenas na descrição dos estudos incluídos.

O estudo de Bond e colaboradores (2012) [11] foi a revisão sistemática

completa mais recente, com maior qualidade metodológica (apresentou todos os

16

requisitos de qualidade preconizados pelo AMSTAR), e contemplou todos os

estudos incluídos e desfechos avaliados pelas revisões sistemáticas de Loveman e

colaboradores (2006) (pontuação 11/11) [24], Kirby e colaboradores (2006)

(pontuação 8/11) [25], Heinen-Kammerer e colaboradores (2006) (pontuação 8/11)

[16], McShane e colaboradores (2006) (pontuação 9/11) [26] e Lockhart e

colaboradores (2011) (pontuação 11/11) [27], sendo portanto o estudo principal que

irá embasar este parecer. A Figura 1 apresenta o fluxograma de seleção dos

estudos.

O estudo de Bond e colaboradores, publicado em 2012, refere-se a uma

revisão sistemática completa financiada pelo sistema de saúde do Reino Unido

(National Institute for Health Research) como uma atualização de um trabalho

anterior [24]. A primeira versão subsidiou a decisão do NICE (National Institute for

Health and Clinical Excellence) em relação a recomendação dos inibidores da

acetilcolinesterase e memantina para a Doença de Alzheimer. O estudo compreende

a comparação entre memantina em monoterapia e placebo, memantina em

associação com inibidores da acetilcolinesterase em comparação a placebo também

associado a inibidores da acetilcolinesterase, e uma comparação indireta entre

todos os medicamentos.

17

Inclu

são

E

lig

ibilid

ad

e

Referências selecionadas para análise do texto completo

(n = 21)

Referências excluídas, com justificativa

(n = 20): - Incluiu população fora da indicação em bula [31] [32] [33] [34]; - Revisão narrativa [35] [36] [37]; - Revisão sistemática sem meta-análise [38] [39] [40] [41]; - Baixa qualidade metodológica [3] [22]; - Resultados atualizados por revisão sistemática mais recente [42] [23] [24] [26] [16]

Estudo incluído (n = 1) [11]

Tri

ag

em

Id

en

tifi

caç

ão

Referências excluídas e/ou sem acesso ao

texto completo (n = 99)

Referências identificadas por meio da pesquisa nas bases de dados

(n = 173) MEDLINE (n = 52) Cochrane (n = 40)

CRD (n = 45) LILACS (n = 36) SISREBRATS (n = 0)

Referências duplicadas

e exclusão por idioma (n = 53)

Referências triadas por título e resumo

(n = 120)

Figura 1 - Fluxograma de seleção dos estudos.

18

SÍNTESE DOS RESULTADOS

Memantina monoterapia em comparação a placebo

Bond e colaboradores (2012) [11] apresentaram meta-análise com medida

de efeito da diferença da média ponderada dos resultados dos estudos de Reisberg

e colaboradores (2003) [28] e Van Dyck e colaboradores (2007) [29]. Ambos

incluíram pacientes com doença de Alzheimer moderada a grave e intervenção com

memantina 20 mg/dia, compreendendo 602 pacientes ao todo (304 no grupo

Memantina e 298 no grupo placebo). Os desfechos avaliados foram em relação à

cognição, à funcionalidade, ao comportamento, ao efeito global e aos eventos

adversos.

A medida de cognição utilizada foi o SIB, criado especialmente para estágios

graves, em que resultados positivos indicam melhora clínica, a partir de uma

avaliação entre 0 e 100. A funcionalidade foi avaliada por duas medidas. A ADCS-

ADL avalia atividades cotidianas e valores positivos indicam melhora funcional. De

forma inversa, no instrumento FAST, a diminuição do valor é que indica melhora

funcional.

O NPI, medida que avalia desfechos comportamentais, representa a

intensidade e frequência dos sintomas alterados e, portanto, quanto maior o valor,

mais grave é o quadro comportamental. Finalmente, a escala de avaliação global

CIBIC-plus também indica que valores maiores significam piora clínica, avaliada

tanto pelos profissionais quanto pelos cuidadores.

Os resultados da meta-análise estão descritos no Quadro 4, com destaque

para os resultados com diferença significativa.

Os resultados com efeito positivo para a memantina foram em relação à

cognição em 12 semanas, embora não mantido em 24 a 28 semanas; à

funcionalidade apenas em 24 a 28 semanas; e ao efeito global, observado apenas

em 24 a 28 semanas. Não foram observados efeitos favoráveis à memantina quanto

aos sintomas comportamentais. Não foi observada diferença na frequência de

eventos adversos entre o grupo intervenção e controle. Os principais eventos

adversos relatados foram agitação e hipertensão no grupo memantina e agitação e

quedas no grupo controle [11].

19

Desfecho Medida Resultado

(diferença da média ponderada [IC 95%])

Cognição SIB 12 semanas

4,147 (0,515 a 7,778)

p = 0,025 a favor da memantina

I2 = 75,1%

24 a 28 semanas

3,254 (-2,233 a 8,741)

p = 0,245 I2 = 85,6%

Funcionalidade ADCS-ADL 12 semanas

0,877 (-0,089 a 1,842)

p = 0,075 I2 = 4,1%

24 a 28 semanas

1,408 (0,036 a 2,78)

p = 0,044 a favor da memantina

I2 = 27,7%

FAST 24 a 28 semanas

-0,341 (-0,554 a -0,127)

p = 0,002 a favor da memantina

I2 = 0%

Comportamento NPI 24 a 28 semanas

-1,608 (-4,739 a 1,523)

p = 0,314 I2 = 23%

Efeito global CIBIC-plus 24 a 28 semanas

-0,3 (-0,471 a -0,129)

p < 0,001 a favor da memantina

I2 = 0%

Eventos adversos Qualquer EA 73,6% no grupo memantina e 72,7% no

grupo placebo p = 0,941

Qualquer EA grave 14,6% no grupo memantina e 16,9% no

grupo placebo p = 0,666

Quadro 4 - Resultados da meta-análise de comparação entre memantina e placebo [11].

Memantina em associação com inibidores da acetilcolinesterase

Os estudos de associação medicamentosa avaliados por Bond e

colaboradores [11] compararam dois grupos com doses estáveis de inibidores da

acetilcolinesterase, em que um foi adicionado placebo e outro memantina. O estudo

de Tariot e colaboradores (2004) [30] utilizou apenas a donepezila 5 a 10 mg/dia

enquanto Porteinsson e colaboradores (2008) [31] utilizaram qualquer medicamento

da classe. A meta-análise agrupou um total de 837 pacientes, sendo 420 no grupo

de associação entre Memantina e inibidores da acetilcolinesterase e 417 no grupo

de associação entre placebo e inibidores da acetilcolinesterase [11].

20

Os estudos avaliaram os mesmos desfechos da comparação anterior, mas

com as medidas ADAS-cog e MMSE de forma adicional quanto ao desfecho

cognitivo. No ADAS-cog, valores maiores, em uma escala entre 0 e 70, significam

deterioração cognitiva, enquanto no MMSE a gravidade aumenta com a diminuição

da pontuação (entre 0 e 30).

Desfecho Medida Resultado

Cognição SIB

(média dos mínimos

quadrados [erro

padrão])

24 semanas

Memantina: 0,9 (0,67)

Placebo: -2,5 (0,69) p < 0,001

ADAS-cog

(média [desvio padrão])

24 semanas

Memantina: 28,5 (12,8)

Placebo: 28 (11,9) p = 0,184

MMSE

(média [desvio padrão])

24 semanas

Memantina: 16,5 (5,38)

Placebo: 16,4 (5,08) p = 0,123

Funcionalidade ADCS-ADL 19

(média dos mínimos

quadrados [erro

padrão])

24 semanas

Memantina: -2,0 (0,5)

Placebo: -3,4 (0,51) p = 0,03

ADCS-ADL 23

(média [desvio padrão])

24 semanas

Memantina: 51,8 (11,9)

Placebo: 52 (15,7) p = 0,816

Comportamento NPI

(diferença da média

ponderada [IC 95%])

12 semanas

-1,83 (-6,436 a 2,776)

p = 0,436 I2 = 88,3%

24 semanas

-1,715 (-5,733 a 2,302)

p = 0,403 I2 = 81,6%

Efeito global CIBIC-plus

(diferença da média

ponderada [IC 95%])

24 semanas

-0,14 (-0,346 a 0,066)

p = 0,182 I2 = 54,4%

Eventos adversos Qualquer EA grave 12,4% no grupo memantina e 13,9% no

grupo placebo p = 0,762

Quadro 5- Resultados da meta-análise de associação da memantina com inibidores da acetilcolinesterase [11].

Os estudos foram contraditórios em relação aos desfechos de cognição e

funcionalidade, com efeitos positivos dependentes do instrumento utilizado. Em

relação aos desfechos comportamental e efeito global, as medidas sumárias da

meta-análise não apresentaram diferença estatística. Os grupos apresentaram ainda

frequência semelhante de eventos adversos, com maior frequência para quedas e

21

lesões [11]. Dessa forma, não foi encontrado benefício na terapia com memantina

em associação com inibidores da acetilcolinesterase.

Comparação indireta

Não há estudos disponíveis que comparem diretamente a memantina com os

demais medicamentos. Dessa forma, Bond e colaboradores conduziram uma

comparação indireta pelo método de Análise de Múltiplos Tratamentos (MTC) com

modelo bayesiano acoplado a simulações de Cadeias de Markov via Monte Carlo

(MCMC). Por esse modelo é possível ainda construir rankings dos tratamentos

avaliados.

As análises em que foi possível incluir dados relativos à memantina foram

para os desfechos comportamental (NPI) e efeito global (CIBIC-plus). Em ambos a

donepezila configura-se como o medicamento mais efetivo. Memantina foi a

segunda mais efetiva em relação ao desfecho comportamental e a terceira no efeito

global.

Ranking de

efetividade

Tecnologia Efeito

1º Donepezila -2,683 (-5,673 a 0,207)

2º Memantina -1,600 (-4,762 a 1,540)

3º Galantamina -1,462 (-3,438 a 0,526)

4º Rivastigmina -0,366 (-3,308 a 2,554)

Quadro 6 - Resultado da comparação indireta entre múltiplos tratamentos em relação ao desfecho comportamental (NPI) [11].

Ranking de

efetividade

Tecnologia Efeito

1º Donepezila -0,392 (-0,549 a -0,251)

2º Rivastigmina -0,354 (-0,508 a -0,203)

3º Memantina -0,300 (-0,507 a -0,100)

4º Galantamina -0,222 (-0,356 a -0,091)

Quadro 7 - Resultado da comparação indireta entre múltiplos tratamentos em relação ao desfecho de efeito global (CIBIC-plus) [11].

22

DISCUSSÃO

A melhor evidência científica atualmente disponível sugere que o tratamento

com Memantina 20 mg/dia em monoterapia em pacientes com Doença de Alzheimer

moderada a grave demonstrou pequena superioridade em comparação ao placebo

nos desfechos cognitivos e funcionais. Essa superioridade, entretanto, não foi

constante ao longo do tempo. Em relação ao efeito global, também demonstrou

diferença estatística frente ao placebo mas não em comparação a donepezila,

baseada em comparação indireta em modelo bayesiano.

A Memantina também não demonstrou benefício em relação aos sintomas

comportamentais e de humor, como agitação, ansiedade, depressão e delírios. A

falta de efeito foi observada tanto em monoterapia quanto em associação com

inibidores da acetilcolinesterase, além de não ter sido demonstrada sua

superioridade em relação à donepezila na comparação indireta. Os mesmos

resultados foram obtidos por Lockhart e colaboradores em 2011 [27] em revisão

sistemática semelhante e de boa qualidade metodológica.

Embora não façam parte dos sintomas que definem a doença, as alterações

comportamentais correspondem ao grande impacto negativo na qualidade de vida

dos pacientes e, em especial, aos familiares e cuidadores. Elas são relatadas como

a principal causa de institucionalização dos pacientes com Doença de Alzheimer [27]

[16].

Esses resultados, entretanto, são limitados por diversos motivos: escassez

de estudos primários (apenas dois em cada comparação), com reduzido número de

pacientes (entre 600 e 900), todos conduzidos com a população norte-americana,

com heterogeneidade estatística demonstrada em diversos desfechos e seguimento

máximo de 28 semanas. Além disso, não há disponível estudo de comparação direta

entre a memantina e os demais inibidores da acetilcolinesterase e tampouco de

avaliação de desfechos duros, como mortalidade ou qualidade de vida.

Ainda assim, não há benefício comprovado do tratamento com Memantina

em associação com os inibidores da acetilcolinesterase.

A evidência apresentada, embora baseada em ensaios clínicos controlados,

randomizados e duplo-cego, foi avaliada como de qualidade moderada para todos

os desfechos avaliados, uma vez que as conclusões provêm de poucos estudos e

com todas essas limitações apresentadas. Há pouca confiança na robustez dos

resultados e é possível que estudos futuros possam alterar as conclusões atuais.

23

Na impossibilidade de outra terapêutica, a revisão sistemática de Heinen-

Kammerer e colaboradores (2006) [16] (pontuação 8 na ferramenta AMSTAR)

apontou outros benefícios centrados no paciente proporcionados pelo uso da

Memantina: diminuição de 4 horas mensais no tempo de cuidados de enfermagem

(p = 0,02); aumento de 1,3 meses em 2 anos com manutenção da autonomia com

atividades cotidianas; adiamento em 1 mês a cada 5 anos da institucionalização; e

ganho de 0,61 QALYs em 2 anos (contra 0,57 QALYs observado no grupo placebo).

O National Institute for Health and Care Excellence (NICE), baseado na

mesma avaliação tecnológica apresentada aqui, recomendou a Memantina como

uma opção aos pacientes com DA moderada nos casos de contraindicação ou

intolerância aos inibidores da acetilcolinesterase e em pacientes com DA grave, uma

vez que ela é o único medicamento com esta indicação em bula. A recomendação é

de uso da Memantina em monoterapia, uma vez que não foram encontradas

evidências de superioridade do tratamento em associação aos inibidores da

acetilcolinesterase. O perfil de eventos adversos foi considerado como bem

conhecido e tolerável.

O Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (CADTH),

agência canadense de recomendações para incorporação de tecnologias,

recomendou a não incorporação da Memantina em 2005, alegando falta de

evidências científicas que caracterizassem a importância clínica do medicamento.

Após essa recomendação, foi publicado um relatório de respostas rápidas em 2012

sobre a eficácia da associação de Memantina com os inibidores da

acetilcolinestarase. Os estudos encontrados apresentaram resultados heterogêneos

e pouco expressivos.

Uma importante limitação desse PTC foi a falta de acesso oportuno ao texto

completo de cinco artigos selecionados pelo resumo. Dois deles não incluíram

estudos diferentes dos incluídos por Bond e colaboradores (2012) [11] e, portanto,

as conclusões não seriam alteradas. A revisão sistemática de Yang e colaboradores

(2013) [19], potencialmente de boa qualidade metodológica, é mais recente e incluiu

mais estudos que a avaliação feita por Bond e colaboradores (2012) [11]. Apesar de

concordarem que o benefício observado com o cloridrato de memantina esteja

restrito aos domínios cognitivos e de impressão global, os estudos adicionais podem

ter influenciado na magnitude e confiança nesse efeito.

Smith-Doody e colaboradores (2007) [20] concluíram em sua revisão

sistemática que a memantina beneficia consistentemente os pacientes com DA em

todos os estágios, além de ser bem tolerada. Esse artigo, publicado no periódico

24

Alzheimer's & Dementia, recebeu dois comentários em que os autores discutiram e

discordaram das conclusões originais.

De acordo com a meta-análise conduzida por Tan e colaboradores (2014)

[21], a memantina apresentou benefício apenas nos domínios de cognição e

comportamento, além da menor frequência de eventos adversos e perdas de

seguimento.

Diante das divergências observadas entre os resultados do estudo incluído e

dos estudos não incluídos nesse PTC, faz-se necessário que outras estratégias

sejam conduzidas a fim de obter os textos na íntegra, como a compra direta ou

contato com os autores. Além disso, são necessários novos estudos, especialmente

os de comparação direta entre o cloridrato de memantina e os inibidores da

acetilcolinesterase para embasar uma recomendação com mais segurança.

25

RECOMENDAÇÃO

Embora discretos, os benefícios observados da Memantina em monoterapia

quando comparada ao placebo sugerem uma recomendação fraca a favor da

tecnologia quando houver impossibilidade de utilização dos inibidores da

acetilcolinesterase para pacientes com Doença de Alzheimer moderada a grave.

Entretanto, esse benefício adicional deve ser comparado aos seus custos em

uma futura avaliação econômica completa de custo-efetividade, além da

necessidade de avaliação pelo gestor se a confiança limitada nos resultados de

eficácia são suficientes para justificar a oferta do medicamento, considerando cada

contexto de saúde.

Há ainda uma recomendação fraca contra a tecnologia quanto a sua

utilização em associação com inibidores da acetilcolinesterase.

Recomenda-se o monitoramento da tecnologia quanto a sua efetividade,

caso incorporada, uma vez que as recomendações foram baseadas em poucos

estudos e há pouca segurança quanto aos benefícios apresentados.

26

BIBLIOGRAFIA

[1] BRASIL, “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Doenca de Alzheimer,” Portaria

Nº 1298, de 21 de novembro de 2013., 2013.

[2] WORLD HEALTH ORGANIZATION, Dementia: a public health priority, Reino Unido,

2012.

[3] J. M. LÓPEZ ARRIETA, “Beneficios clínicos de la memantina en las alteraciones de la

capacidad para realizar actividades de la vida diaria en pacientes con enfermedad de

Alzheimer. Revisión sistemática de la bibliografía médica.,” Rev Esp Geriatr Gerontol,

vol. 3, pp. 183-9, 2006.

[4] R. MAYEUX e Y. STERN, “Epidemiology of Alzheimer Disease,” Cold Spring Harb

Perspect Med, vol. 2, p. a006239, 2012.

[5] C. REITZ, C. BRAYNE e R. MAYEUX, “Epidemiology of Alzheimer disease,” Nat Rev

Neurol, vol. 7, n. 3, p. 137–152, 2011.

[6] E. HERRERA, P. CARAMELLI, A. S. B. SILVEIRA e R. NITRINI, “Epidemiologic Survey

of Dementia in a Community-Dwelling Brazilian Population,” Alzheimer Disease and

Associated Disorders, vol. 16, n. 2, pp. 103-108, 2002.

[7] C. M. BOTTINO, D. J. AZEVEDO, M. TATSCH, S. R. HOTOTIAN, M. A. MOSCOSO, J.

FOLQUITTO, A. Z. SCALCO, M. Z. BAZZARELLA, M. A. LOPES e J. LITVOC, “Estimate

of dementia prevalence in a community sample from Sao Paulo, Brazil.,” Dement Geriatr

Cogn Disord, vol. 26, n. 4, pp. 291-9, 2008.

[8] M. L. CHAVES, A. L. CAMOZZATO, C. GODINHO, I. PIAZENSKI e J. KAYE, “Incidence

of Mild Cognitive Impairment and Alzheimer Disease in Southern Brazil,” Journal of

Geriatric Psychiatry and Neurology, vol. 22, n. 3, pp. 181-187, 2009.

[9] R. NITRINI, P. CARAMELLI, E. HERRARA JR., V. S. BAHIA, L. F. CAIXETA e N.

RADANOVIC, “Incidence of Dementia in a Community-Dwelling Brazilian Population,”

Alzheimer Dis Assoc Disord, vol. 18, pp. 241-246, 2004.

[10] A. L. FITZPATRICK, L. H. KULLER, O. L. LOPEZ, C. H. KAWAS e W. JAQUST,

“Survival following dementia onset: Alzheimer’s disease and vascular dementia,” Journal

of the Neurological Sciences, vol. 229, pp. 43-49, 2005.

[11] M. BOND, G. ROGERS, J. PETERS, R. ANDERSON, M. HOYLE, A. MINERS, T.

MOXHAM, S. DAVIS, P. THOKALA, A. WAILOO, M. JEFFREYS e C. HYDE, “The

effectiveness and cost-effectiveness of denepezil, galantamine, rivastigmine and

memantine for the treatment of Alzheimer's disease (review of Technology Appraisal No.

111): a systematic review and economic model,” Health Technol Assess, vol. 21, 2012.

[12] BRASIL, Ministério da Saúde. ANVISA, “Bulário eletrônico.,” 2014. [Online]. Available:

27

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/index.asp. [Acesso em 02 dezembro 2014].

[13] BRASIL, Ministério da Saúde. ANVISA, “Câmara de Regulacao do Mercado de

Medicamentos - CMED,” [Online]. Available: http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/5x. [Acesso

em 02 dezembro 2014].

[14] BRASIL, Ministério da Saúde., “Banco de Precos em Saúde,” [Online]. Available:

http://aplicacao.saude.gov.br/bps/login.jsf. [Acesso em 02 dezembro 2014].

[15] BRASIL, Ministério da Saúde., “TABNET: Assistência a Saúde,” [Online]. Available:

http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0202. [Acesso em 02 dezembro

2014].

[16] T. HEINEN-KAMMERER, H. RULHOFF, S. NELLES e R. RYCHLIK, “Added Therapeutic

Value of Memantine in the Treatment of Moderate to Severe Alzheimer's Disease.,” Clin

Drug Invest, vol. 6, pp. 303-314, 2006.

[17] Canadian Coordinating Office for Health Technology Assessment (CCOHTA),

“Memantine for treatment of moderate to severe Alzheimer's disease,” Ottawa, 2005.

[18] G. XIONG e P. M. DORAISWAMY, “Combination drug therapy for Alzheimer's disease:

what is evidence-based, and what is not?,” Geriatrics, vol. 60, n. 6, pp. 22-6, 2005.

[19] Z. YANG, X. ZHOU e Q. ZHANG, “Effectiveness and safety of memantine treatment for

Alzheimer's disease,” J Alzheimers Dis, vol. 36, n. 6, pp. 445-58, 2013.

[20] R. SMITH DOODY, P. N. TARIOT, E. PFEIFFER, J. T. OLIN e S. M. GRAHAM, “Meta-

analysis of six-month memantine trials in Alzheimer's disease,” Alzheimer's and

Dementia, vol. 3, n. 1, pp. 7-17, 2007.

[21] C. C. TAN, J. T. YU, H. F. WANG, M. S. TAN, X. F. MENG e C. WANG, “Efficacy and

safety of donepezil, galantamine, rivastigmine, and memantine for the treatment of

Alzheimer's disease: a systematic review and meta-analysis,” Journal of Alzheimer's

Disease, vol. 41, n. 2, pp. 615-631, 2014.

[22] B. J. SHEA, C. HAMEL, G. A. WELLS, L. M. BOUTER, E. KRISTJANSSON, J.

GRIMSHAW, D. A. HENRY e M. BOERS, “AMSTAR is a reliable and valid measurement

tool to assess the methodological quality of systematic reviews,” Journal of Clinical

Epidemiology, pp. 1013-1020, 2009.

[23] G. LIVINGSTON e C. KATONA, “The place of memantine in the treatment of Alzheimer's

disease: a number needed to treat analysis,” Int J Geriatr Psychiatry, vol. 19, n. 10, pp.

919-25, 2004.

[24] E. LOVEMAN, C. GREEN, J. KIRBY, A. TAKEDA, J. PICOT, E. PAYNE e A. CLEGG,

“The clinical and cost-effectiveness of donepezil, rivastigmine, galantamine and

memantine for Alzheimer's disease,” Health Technology Assessment, vol. 10(1), pp. 1-

176, 2006.

[25] J. KIRBY, C. GREEN, E. LOVEMAN, A. CLEGG, J. PICOT, A. TAKEDA e E. PAYNE, “A

28

systematic review of the clinical and cost-effectiveness of memantine in patients with

moderately severe to severe Alzheimer's disease,” Drugs Aging, vol. 23, n. 3, pp. 227-40,

2006.

[26] R. MCSHANE, S. A. AREOSA e N. MINAKARAN, “Memantine for dementia,” Cochrane

Database of Systematic Reviews, 2006.

[27] I. A. LOCKHART, M. E. ORME e S. A. MITCHELL, “The efficacy of licensed-indication

use of donepezil and memantine monotherapies for treating behavioural and

psychological symptoms of dementia in patients with Alzheimer's disease: systematic

review and meta-analysis,” Dementia and Geriatric Cognitive Disorders Extra, vol. 1, n. 1,

pp. 212-27, 2011.

[28] B. REISBERG, R. DOODY, A. STOFFLER, F. SCHMITT, S. FERRIS e H. J. MOBIUS,

“Memantine in moderate-to-severe Alzheimer's disease.,” N Engl J Med., vol. 348, n. 14,

pp. 1333-41, 2003.

[29] C. H. VAN DYCK, P. N. TARIOT, B. MEYERS e E. MALCA RESNICK, “A 24-week

randomized, controlled trial of memantine in patients with moderate-to-severe Alzheimer

disease.,” Alzheimer Dis Assoc Disord, vol. 21, n. 2, pp. 136-43, 2007.

[30] P. N. TARIOT, M. R. FARLOW, G. T. GROSSBERG, S. M. GRAHAM, S. MCDONALD e

I. GERGEL, “Memantine treatment in patients with moderate to severe Alzheimer

disease already receiving donepezil: a randomized controlled trial.,” JAMA, vol. 291, n. 3,

pp. 317-24, 2004.

[31] A. P. PORSTEINSSON, G. T. GROSSBERG, J. MINTZER e J. T. OLIN, “Memantine

treatment in patients with mild to moderate Alzheimer's disease already receiving a

cholinesterase inhibitor: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial.,” Curr

Alzheimer Res, vol. 5, n. 1, pp. 83-9, 2008.

[32] L. S. SCHNEIDER, K. S. DAGERMAN, J. P. HIGGINS e R. MCSHANE, “Lack of

evidence for the efficacy of memantine in mild Alzheimer disease,” Arch Neurol, vol. 68,

n. 8, pp. 991-8, 2011.

[33] S. G. DI SANTO, F. PRINELLI, F. ADOMI, C. CALTAGIRONE e M. MUSICCO, “A meta-

analysis of the efficacy of donepezil, rivastigmine, galantamine, and memantine in

relation to severity of Alzheimer's disease,” J Alzheimers Dis, vol. 35, n. 2, pp. 349-61,

2013.

[34] I. D. MAIDMENT, C. G. FOX, M. BOUSTANI, J. RODRIGUEZ, R. C. BROWN e C. L.

KATONA, “Efficacy of memantine on behavioral and psychological symptoms related to

dementia: a systematic meta-analysis,” Ann Pharmacother, vol. 42, n. 1, 200832-8.

[35] P. RAINA, P. SANTAGUIDA, A. ISMAILA, C. PATTERSON, D. COWAN, M. LEVINE, L.

BOOKER e M. OREMUS, “Effectiveness of cholinesterase inhibitors and memantine for

treating dementia: evidence review for a clinical practice guideline,” Annals of Internal

Medicine, vol. 148, n. 5, pp. 379-397, 2008.

29

[36] M. WOODWARD, “Aspects of communication in Alzheimer's disease: clinical features

and treatment options,” Int Psychogeriatr, vol. 25, n. 6, pp. 877-85, 2013.

[37] L. S. SCHNEIDER e M. SANO, “Current Alzheimer's disease clinical trials: methods and

placebo outcomes,” Alzheimers Dement, vol. 5, n. 5, pp. 388-97, 2009.

[38] J. B. STANDRIDGE, “Current status and future promise of pharmacotherapeutic

strategies for Alzheimer's disease,” J Am Med Dir Assoc, vol. 6, n. 3, pp. 194-9, 2005.

[39] B. RIVE, S. GAUTHIER, S. COSTELLO, C. MARRE e C. FRANCOIS, “Synthesis and

comparison of the meta-analyses evaluating the efficacy of memantine in moderate to

severe stages of Alzheimer's disease,” CNS Drugs, vol. 27, n. 7, pp. 573-82, 2013.

[40] C. HYDE, J. PETERS, M. BOND, G. ROGERS, M. HOYLE, R. ANDERSON, M.

JEFFREYS, S. DAVIS, P. THOKALA e T. MOXHAM, “Evolution of the evidence on the

effectiveness and cost-effectiveness of acetylcholinesterase inhibitors and memantine for

Alzheimer's disease: systematic review and economic model,” Age Ageing, vol. 42, n. 1,

pp. 14-20, 2013.

[41] I. MOLINO, L. COLUCCI, A. M. FASANARO, E. TRAINI e F. AMENTA, “Efficacy of

memantine, donepezil, or their association in moderate-severe Alzheimer's disease: a

review of clinical trials,” Scientific World Journal, vol. 2013, 2013.

[42] S. D. ROUNTREE, A. ATRI, O. L. LOPEZ e R. S. DOODY, “Effectiveness of

antidementia drugs in delaying Alzheimer's disease progression,” Alzheimers Dement,

vol. 9, n. 3, pp. 338-45, 2013.

[43] K. C. RIORDAN, C. R. HOFFMAN SNYDER, K. E. WELLIK, R. J. CASELLI, D. M.

WINGERCHUK e B. M. DEMAERSCHALK, “Effectiveness of adding memantine to an

Alzheimer dementia treatment regimen which already includes stable donepezil therapy:

a critically appraised topic,” Neurologist, vol. 17, n. 2, pp. 121-3, 2011.

29

APÊNDICE A – TABELA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS

PARÂMETROS Bond,

2012

Heinen-

Kammerer

2006

Di Santo

2013

Maidment

2008

Kirby

2006

Lockhart

2011

Livingston

2004

López-

Arrieta

2006

McShane

2009

Loveman

2006

1. Foi fornecido um projeto “a

priori”?

SIM SIM NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM

2. Houve uma duplicação na seleção

de estudos e extração de dados? SIM SIM NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM

3. Foi realizada uma pesquisa/busca

bibliográfica abrangente? SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM

4. O status da publicação (ou seja,

literatura cinzenta) foi utilizado

como um critério de inclusão?

SIM NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO SIM

5. Foi fornecida uma lista de

estudos (incluídos e excluídos)? SIM SIM NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO SIM SIM

6. As características dos estudos

incluídos foram fornecidas? SIM SIM NÃO SIM SIM SIM NÃO SIM SIM SIM

7. A qualidade científica dos

estudos incluídos foi avaliada e

documentada?

SIM SIM NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM

8. A qualidade científica dos

estudos incluídos foi utilizada de

forma adequada na formulação das

conclusões?

SIM SIM NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM

9. Os métodos foram usados para

combinar os resultados de estudos

adequados?

SIM N/A SIM SIM N/A SIM NÃO NÃO SIM SIM

10. A probabilidade de viés de

publicação foi avaliada? SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM

11. O conflito de interesses foi

informado? SIM SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM

PONTUAÇÃO 11 8 2 7 8 11 0 1 9 11