Redes Integradas Turismo

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1.1.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

ii

CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO

2. ENQUADRAMENTO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------1

2.1. CONCEPTUALIZAR O PRODUTO TURÍSTICO TEMÁTICO DIRECIONADO PARA O TURISMO RURAL 1

2.1. DEFININDO TURISMO RURAL 3

2.2. A PERSPETIVA EUROPEIA 4

2.3. O DESAFIO: DESENHAR MELHORES EXPERIÊNCIAS RURAIS 6

3. REDE RURAL NACIONAL – PROJETO 5X5, REDES TEMÁTICAS INTEGRADAS DE TURISMO RURAL-------------------------------------------------------------------------------------------- 8

4. MERCADOS PREFERENCIAIS------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 9

5. BENCHMARKS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12

4.1. A BICICLETA - MOBILIDADE SUSTENTÁVEL E MODA, E O CRESCIMENTO DO TURISMO EM BICICLETA 12

4.2.CAMINHADAS, “WALKING HOLIDAYS”, CONCEITOS TRADICIONAIS SEMPRE ATUAIS E EM GRANDE EXPANSÃO 14

4.3. TURISMO EQUESTRE, UM IMENSO POTENCIAL 16

4.4. VIAS PANORÂMICAS, UM VALOR INCONTORNÁVEL: PRELÚDIO, VIVÊNCIA E FINALE 17

4.5. DOCUMENTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS ANALISADAS 18

5 AUSCULTAÇÃO DOS PLAYERS E FORÇAS VIVAS ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------21

6 DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------22

6.1 DIAGNÓSTICO 22

6.2. FATORES CRÍTICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RURAL 24

6.3 ANÁLISE SWOT 30

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CAPÍTULO II - MODELO TEÓRICO DE APOIO À CRIAÇÃO DE OFERTA TURÍSTICA EM REDE

1. INTRODUÇÃO AO MODELO 5X5------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------31

1.1. COMO ESTÁ ORGANIZADO O MODELO 33

2. O CONCEITO, O EIXO ESTRATÉGICO, A INOVAÇÃO – ‘CINCO VEZES MAIS CAMPO’-------------------------------------------------------------------------------------------------------------36

2.1. A IDEIA CENTRAL/PROPOSTA DE VALOR 37

2.2. EIXOS PRINCIPAIS DA PROPOSTA DE VALOR 39

2.3. DESENVOLVENDO A PROPOSTA DE VALOR 40

3. AS REDES 5X5------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------43

3.1. CONTRIBUTOS DA REDE DE CAMINHOS PEDESTRES 43

3.2. CONTRIBUTOS DA REDE CICLÁVEL 45

3.3. CONTRIBUTOS DA REDE EQUESTRE 48

3.4. CONTRIBUTOS DA REDE DE VIAS PANORÂMICAS 50

3.5. CONTRIBUTOS DA REDE DE ALOJAMENTOS EM AMBIENTE RURAL 51

4. LINHAS ORIENTADORAS – CONHECER AS VALÊNCIAS PRÓPRIAS------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------55

5. CONHECER OS CLIENTES E DEFINIR O POSICIONAMENTO---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------56

6. DESCODIFICANDO O MODELO – OS PARCEIROS E O TERRITÓRIO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------61

7. BASES PARA INOVAR--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------69

7.1. PROMOTORES DE ALOJAMENTO RURAL 69

7.2. ENTIDADES COORDENADORAS DA OFERTA (ASSOCIAÇÕES QUE REPRESENTAM PROPRIETÁRIOS) 71

7.3. ALGUNS EXEMPLOS ADICIONAIS QUE ILUSTRAM O POTENCIAL DE INOVAÇÃO DO MODELO 5X5 72

8. O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------73

8.1. DEFINIR A ESTRATÉGIA 73

8.2. ORDENAMENTO E INFRAESTRUTURAS 74

8.3. ESTIMULAR E DINAMIZAR 75

8.4. COMUNICAR E DIVULGAR 76

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iv

CAPÍTULO III - PROJETO-PILOTO

1. A REGIÃO CENTRO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------75

2. O PROJETO PILOTO------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------78

CAPÍTULO IV - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

1. PANORAMA GERAL----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------81

2. BARREIRAS ADMINISTRATIVAS TERRITORIAIS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------81

3. BARREIRAS CULTURAIS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------82

4. MARCA TURISMO RURAL--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------82

5. OUTRAS MARCAS ÂNCORA------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------83

6. PRODUTO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83

7. GESTÃO----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 84

8. A PROCURA NÃO CORRESPONDE À OFERTA--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------85

9. OBJETIVO REDES 5X5--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------85

10. O MODELO PASSO A PASSO- COMO APLICAR----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 88

11. ESCALA, ESCALA, ESCALA---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------91

12. TURISMO É CULTURA------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 91

ANEXOS------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 92

1. BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------93

2. INQUÉRITO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------118

3. DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 124

4. AS CINCO REDES ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -126

5. ARTICULAÇÃO DAS 5 REDES COM OS 4 EIXOS DA PROPOSTA DE VALOR ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------147

6. PROJETO-PILOTO NA REGIÃO CENTRO / PRODUTOS TURÍSTICOS TEMÁTICOS--------------------------------------------------------------------------------------------------- -------------152

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1

-

1.1 Conceptualizar o Produto Turístico Temático direcionado para o Turismo Rural

O Turismo Rural é um vetor transversal no âmbito do turismo nacional,

mesmo que tradicionalmente tenha até hoje vivido muito virado para si

próprio, num claro alheamento relativamente às realidades envolventes.

É neste sentido, e numa tentativa de integração para a qualificação,

ampliação e melhoramento da oferta, procurando uma aproximação

consistente com a necessária sustentabilidade das atividades económicas,

que surge a necessidade clara de se criar o designado ‘Produto Turístico

Temático’ que, depois de existir, servirá os propósitos convergentes de

stakeholders e clientes, garantindo que eles próprios formam uma rede viva,

funcional e capaz de dar resposta às necessidades de todos.

O Turismo é claramente um dos principais sectores da economia portuguesa,

tendo o seu peso vindo a crescer nos últimos anos. No entanto, também não

é menos verdade que Portugal se encontra ainda muito dependente de

quatro grandes mercados emissores e do desempenho concentrado

fundamentalmente em três regiões (Algarve, Lisboa e Madeira), ao que

acresce uma elevada sazonalidade.

O forte crescimento do mercado mundial do Turismo Rural constitui uma

oportunidade para Portugal mas, de acordo com o Plano Estratégico Nacional

de Turismo (PENT), é necessário implementar-se uma estratégia de atuação

que permita responder à sofisticação da procura e ao número crescente de

ofertas concorrenciais.

Para desconcentrar a oferta para outras regiões do país, que não as

tradicionais, e, ainda, garantir que os canais de distribuição se fidelizam a

uma nova oferta, é necessário criar produtos de forma integrada, dando

resposta às linhas de desenvolvimento propostas no novo documento do

PENT para o horizonte de 2015, em particular as que defendem ‘o reforço da

qualidade dos produtos turísticos, complementando a oferta com

experiências marcantes como forma de oferecer aos turistas que nos visitam

vivências únicas e genuínas’; e que ‘Portugal deverá assumir o desafio de

liderar no desenvolvimento sustentável do Turismo lançando políticas de

desenvolvimento equilibrado’.

No âmbito programaRede Rural Nacional, no projeto ‘5x5 – Redes

Temáticas Integradas do Turismo Rural’, procuramos dar resposta ao

disposto no documento estratégico nacional para o turismo, através do

estudo, definição e difusão dos parâmetros basilares das redes temáticas

prioritárias que fornecem a base para o desenvolvimento do produto

turístico temático direcionado para o Turismo Rural. Consideramos que

esta é a aposta mais realista para a qualificação do turismo em espaço rural

em Portugal.

Indústrias fortes e primárias, tais como a pesca, agricultura e silvicultura têm

diminuído drasticamente nas últimas décadas. As áreas rurais em muitos

países têm enfrentado as pressões da transição económica. O turismo é

assimconsiderado como um instrumento para diversificar a economia nas

zonas rurais, eventualmente complementando os tradicionais meios de

subsistência rurais.

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2

Mas mais do que um pequeno complemento a outras atividades, o turismo

que tão bem consegue mostrar-se como escape ao stress urbano ressurge na

atualidade com renovado potencial de crescimento em face da diversificação

da procura. Importa saber capitalizar sobre esta oportunidade e adaptar a

oferta aos novos mercados.

Embora seja hoje reconhecido o potencial de crescimento do turismo nas

áreas rurais, só recentemente se afirma a necessidade de profissionalizar a

atividade, reconhecendo-a como uma indústria, e como tal como uma

atividade cujo sucesso depende da boa gestão e da forma como interage com

os mercados.

Um dos fatores críticos para o sucesso do turismo é inegavelmente a

capacidade de inovação. Contudo, é hoje assumido que a capacidade

inovadora da indústria do turismo nos espaços rurais é muito baixa e precisa

de ser melhorada.

Este pré-requisito para o crescimento da indústria do Turismo Rural é o

tema deste estudo: inovação e crescimento económico são aliados em

qualquer indústria. A nossa ambição é disponibilizar eixos para a sua

viabilização, juntamente com propostas de operacionalização.

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1.2 Definindo “Turismo Rural”

Não há uma definição consensual de Turismo Rural. Aceitemos como ponto

de partida que o Turismo Rural deve ser idealmente localizado em áreas

rurais. Além disso, embora aqui já as opiniões divirjam, consideramos que

idealmente…

O Turismo Rural deve ser desenvolvido por empresas pequenas

pertencentes a unidades familiares locais;

Os serviços devem relacionar-se com a cultura local, incluindo formas

de vida tradicionais e as economias agrárias;

As atividades devem ocorrer em ambientes relativamente naturais.

Na realidade, muitas formas de Turismo Rural ou de turismo em espaço rural

não estão em conformidade com estes princípios, seja porque as atividades

de Turismo Rural e lazer diferem pela sua localização, ou estilo de gestão ou

ainda pelavariação no seu grau de integração com o ambiente natural e

cultural.

Será talvez mais atual a seguinte definição de Turismo Rural: “o turismo que

ocorre no campo”. Esta definição, apesar de simples é abrangente e origina,

contudo, ambiguidades:

Em primeiro lugar, a definição de turismo em si pode variar,

especialmente no contexto do campo, porque os limites entre as

atividades de turismo (sentido estrito), lazer e desporto e aventura se

confundem;

Por outro lado, é difícil definir o que se entende por “campo” ou

“áreas rurais”. Muitos países têm diferentes critérios para definir

áreas rurais ou não rurais. O termo refere-se em alguns casos a uma

definição geográfica, mas noutros corresponde à descrição dos

aspetos culturais das comunidades no campo;

Finalmente, o termo "Turismo Rural" cruza-se com o ecoturismo, o

turismo ecológico, o turismo de natureza e o agroturismo.

Ao abordarmos a necessidade de criar valor e competitividade para o

Turismo Rural, a definição deve concentrar-se do lado da oferta, isto é, como

indústria do turismo. A indústria do turismo compreende as empresas,

organizações e instalações que se destinam a atender às necessidades e

desejos dos turistas.

Podemos, talvez então, classificar a indústria do Turismo Rural como a

indústria do turismo localizada em áreas rurais e com uma envolvente

natural, desenvolvida por empresas que são familiares em escala, ou seja,

empresas de pequena escala.

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1.3 A perspetiva europeia

“Vivemos onde os outros só podem ter férias”. Klaus Ehrlich, secretário

geral da EUROGITES, a Federação Europeia de Turismo Rural, enquadra

assim o desafio da diferenciação do Turismo Rural.

A Federação Europeia de Turismo Rural, criada em 1993, e de que a

PRIVETUR é membro fundador, representa os proprietários de alojamentos

reunidos em 38 associações em 28 países (15% do alojamento de Turismo

Rural europeu) e olha com ambição e otimismo para o potencial do sector.

A avaliação das tendências atuais do Turismo Rural europeu regista dados

firmes: a procura que tem sido sobretudo interna (mercado doméstico acima

dos 85%) mostra grande potencial de internacionalização; o turista volta-se

cada vez mais para os produtos oferecidos e o bom preço é um fator muito

valorizado.

A análise ao quadriénio 2009/12 anota como dados positivos do Turismo

Rural: produto de férias, destino reconhecido, imagem nítida da marca,

promoção proativa, boa relação qualidade-preço, segmentação,

especialização e canais comerciais operacionais. Entre os aspetos negativos:

o Turismo Rural apenas é usado para fins de semana ou pequenas férias, a

imagem rural é muito genérica, a promoção é geralmente atomizada, os

serviços aparecem isolados e desligados da inserção no território, faltam

padrões reconhecidos de avaliação, persiste a venda individual.

Uma constatação essencial: a confiança transitou para a internet. A escolha

deixou de passar pelo boca a boca, assenta nas redes sociais. A internet dá

poder ao cliente. O GPS é uma ferramenta indispensável.

O posicionamento estratégico para 2020 está ancorado numa ideia

principal: “ser ambicioso”. E a ambição passa por colocar na cabeça dos

potenciais visitantes que Turismo Rural é “verde”, é “saudável”, é “estar

bem”.

A ambição na visão da EUROGITES é a de conquistar para o Turismo Rural

europeu mais de 20% das pernoitas em férias na Europa e mais de 30% de

visitantes estrangeiros. Alcançar este objectivo passa por desenvolver com

clareza uma marca transnacional, com super-segmentação: criar produtos de

qualidade que satisfaçam a procura do visitante e propor experiências à

medida de cada cliente.

Tudo com eficaz comunicação e organização através da internet e, sempre,

preservando e valorizando a autenticidade da vida na comunidade rural.

Fazer Turismo Rural deve ser “ter uma história para contar”.

A estratégia da EUROGITES recomenda como fundamental uma aproximação

holística: o alojamento é um complemento, não é o produto. Há que ser

sustentável e, essencial, saber comunicá-lo. As novas tecnologias são

ferramentas imprescindíveis para a necessária inovação. É preciso promover

a qualificação e investir na formação. Há que “saber ouvir a erva a crescer”,

ou seja, há que, à cabeça, constantemente, conhecer as preferências do

turista. E saber antecipar as flutuações e as vagas da sociedade.

“O cliente compra sonhos, não apenas um quarto e uma dormida”, é outra

ideia âncora retomada na visão da Eurogites: a experiência ou atividade é o

principal, o lugar onde se fica vem a seguir.

É decisivo desenvolver muitos produtos de nicho e saber tirar partido da

especialização em algumas excelências. A autenticidade é sempre

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fundamental. A visibilidade é essencial – e favorecida, para os produtos de

nicho, nos motores de busca da internet.

E ter sempre em conta que a internet é a mais importante fonte de

informação. Também que a avaliação feita por outros turistas é um decisivo

fator de escolha.

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1.4 O desafio: desenhar melhores experiências rurais

Como definir na atualidade a experiência rural? Como identificar as

experiências rurais relacionadas com o turismo que terão um impacto

positivo na evolução do Turismo Rural em Portugal? O que queremos que

seja o Turismo Rural, a experiência de sentir o campo e a Natureza? Qual o

espaço de inovação no contexto social e económico atual? Como podemos

ajustar o Turismo Rural aos dias de hoje? Como evolui a nossa relação com o

campo e como podemos explorar isso para a produção de produtos

turísticos? Que mercados devem ser explorados? Que segmentos podem ser

explorados com novas abordagens?

Resumindo, a questão que se coloca e que corresponde à nossa ambição neste estudo é:

Quais os principais drivers que podem conduzir o crescimento do Turismo

Rural em Portugal no momento atual?

As respostas a estas questões passam pela inovação que é preciso trazer para

o Turismo Rural.

Importa desde logo diferenciar alguns termos operacionais:

inovação de produto;

inovação de processo;

inovação organizacional;

inovação no marketing.

No Turismo Rural, a base de conhecimento para a inovação dos serviços tem

geralmente como origem a experiência prática e a prática organizacional, não

estando devidamente sistematizada.

Além disso, os serviços são frequentemente moldados aos requisitos dos

clientes e, portanto, pode ser difícil distinguir entre a adaptação de serviços a

clientes, por um lado, e a inovação como um driver para a evolução de um

serviço. Qualquer indústria de serviços tem um carácter imaterial e interativo

e, por vezes, a inovação de um serviço é quase invisível. A inovação nos

serviços tipicamente ocorre como uma mudança contínua, através de

pequenas alterações aos produtos do serviço oferecido ou através de

ajustamentos nos procedimentos.

A indústria do Turismo Rural tem uma taxa muito baixa de inovação em

comparação com outras indústrias de serviços. Vários fatores ajudam a

explicar esta tendência:

A dimensão reduzida das empresas (a indústria do turismo inclui

muitas micro e pequenas empresas e a capacidade de inovação é

positivamente correlacionada com o tamanho do negócio);

A sua natureza familiar (com implicações na falta de sistemas

adequados de gestão de suporte ao desenvolvimento de atividades

inovadoras);

A falta de competências profissionais específicas;

Além dos fatores anteriores, muitas empresas de Turismo Rural não

estão envolvidas em estruturas de cooperação ou colaboração

dentro da sua área de atuação e que possam fortalecer a sua

capacidade de inovação.

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Há pouca confiança mútua entre as empresas de Turismo Rural. As pequenas

empresas não se envolvem ativamente na criação de parcerias com vista à

colaboração, um padrão que, por sua vez, restringe a transferência de

conhecimento e experiência e limita a sua capacidade inovadora.

De facto, muitas empresas de Turismo Ruraldificilmente podem ambicionar a

acrescentar inovação à sua oferta de serviços.

Tomando como fator crítico a dimensão da operação padrão de Turismo

Rural em Portugal, e a fim de aumentar a capacidade de inovação e

crescimento no sector, consideramos como ação vital o desenvolvimento

de uma estratégia de criação e fortalecimento de redes interorganizacionais

e de cooperação.

As redes de inovação influenciam os fluxos de informação e a troca de

experiências, assim como a capacidade de cooperação e colaboração. São

espaços preferenciais para a criação e afirmação de produtos turísticos

integrados.

Além disso, uma rede que estruture oferta de Turismo Rural pode dar

resposta a outro fator crítico principal do sector: a importância da orientação

para o mercado e a capacidade para obter informação relevante sobre os

mercados e recursos externos ao negócio.

Estas redes adquirem valor adicional enquanto clusters de informação

diferenciadora e, numa vertente mais operacional, por constituírem-se como

espaços de oportunidade para a criação de negócios em formato

colaborativo.

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2. Rede Rural Nacional – Projeto 5x5 / Redes

Temáticas Integradas de Turismo Rural

O presente estudo constitui a fase preliminar do ‘Projecto 5 x 5’ / 5 Mil Casas

em 5 Redes - Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural, desenvolvido

pela PRIVETUR – Associação Portuguesa de Turismo Rural.

O ‘Projecto 5 x 5’ define o turismo no espaço rural como âncora estratégica

do modelo de desenvolvimento rural, interpretando este sector segundo

uma perspetiva compósita e integrada no conjunto dos diferentes agentes do

desenvolvimento rural, quer se trate de institucionais (municípios, grupos de

ação local, espaços museológicos, entre outros), quer de empresariais

(promotores turísticos, empresários agrícolas, empresários da restauração e

bebidas, entre outros), quer ainda se trate de movimentos associativos

(culturais, recreativos, lúdicos, sociais, desportivos, entre outros).

Esta fase preliminar assume como objetivo a identificação e sustentação de

cada uma das redes temáticas definidas, assim como a respetiva articulação

que se deverá estabelecer entre elas, os diversos agentes de

desenvolvimento rural a envolver, levando à construção de um modelo

assertivo que determine os termos e as condições necessárias para

incorporar cada uma das redes.

O projecto 5x5 incorpora conceitos, fenómenos, tendências e práticas atuais

e presentes em diferentes mercados, mas que carecem ainda de

implementação prática no desenvolvimento dos produtos turísticos no meio

rural, e em particular no mercado português, sobretudo devido à inexistência

de um documento que auxilie os promotores a passarem dos conceitos para

a sua aplicação real.

Na sua essência, o projeto tem como principais características:

Abordagem integrada e em rede dos diferentes sectores

(alojamento, animação, restauração, cultura, etc.) e dos

váriosplayers (institucionais, ONG, privados, etc.) que interagem no

Turismo Rural;

Cooperação em rede dos diferentes players;

Articulação entre as práticas e oferta do Turismo Rural e os

principais drivers do turismo português e das marcas que

contribuem para a sua promoção;

Estruturação de produto turístico, encorajando novas formas de

cooperação entre os agentes nos territórios, com impactos positivos

na atração de novos investidores para explorar novas oportunidades

de negócio;

Concretização, a nível da NUT II Centro, de um projecto-piloto de

operacionalização das redes temáticas territoriais.

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3. Mercados preferenciais

Uma das características fundamentais do Turismo Rural prende-se com o

facto de, mesmo estando, em geral, associado a viagens mais curtas, estas

terem um gasto médio superior a produtos tradicionais como o sol e praia.

Por esta razão, os mercados emissores com maior potencial englobam países

desenvolvidos, ou em forte desenvolvimento, para os quais a

sustentabilidade, os patrimónios natural e cultural e a autenticidade são mais

valorizados. E é aqui que o Turismo Rural é mais relevante, surgindo como

agente aglutinador para todos os que querem usufruir deste tipo de oferta.

As boas acessibilidades para Portugal (Reino Unido, Espanha, França e

Alemanha possuem mais de 25 voos diários para Portugal), a partir de

aeroportos internacionais são também um aspeto fulcral na seleção dos

principais mercados a atrair.

Portugal é visto como um destino compacto (pouca distância entre cidades,

tempos de viagem reduzidos).

Como principais mercados emissores do turismo português no geral, a

Alemanha e Espanha serão sempre parte integrante de qualquer lista de

países a explorar. Se adicionarmos a esta lista o Reino Unido, a Holanda e a

França temos os principais mercados que, em maior ou menor grau, todos os

países europeus competem por atrair.

Segundo o recentíssimo ‘Estudo sobre a Internacionalização do Turismo no

Meio Rural – Modelos de Negócios e Estratégias de Desenvolvimento’,

elaborado pelo Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da

Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, os turistas da

Escandinávia, Europa Central e Reino Unido correspondem em geral a

turistas experientes e responsáveis, sendo que devido à sua alta escolaridade

são também mais exigentes na escolha do que compram. Procuram satisfazer

interesses especiais, principalmente no que toca a conhecer o tradicional e

menos explorado, o non-mainstream.

Também de acordo com um estudo recente da GFK Metris, para os turistas

germânicos e escandinavos, o clima e a paisagem são o factor impulsionador

na escolha de Portugal como destino de lazer. Portugal é considerado um

país seguro e pacífico, com uma oferta de alojamentos de qualidade face à

concorrência.

Os turistas franceses, à semelhança dos seus vizinhos do Norte, também

vêem em Portugal um destino com uma grande riqueza histórica e cultural e

um bom clima. No entanto, para os turistas deste país a gastronomia

nacional representa uma outra mais-valia que diferencia Portugal da

concorrência.

De acordo com o Plano Estratégico Nacional de Turismo, a notoriedade que

Portugal possui nesses países deve-se ao facto de ser considerado um

destino de preço baixo e mais hospitaleiro, onde os principais pontos fortes

estão na simpatia e animação. Os fortes valores culturais e naturais

portugueses são muito procurados pelos países do Norte e Centro da Europa.

Por outro lado, o grande atrativo para os países da bacia do

Mediterrâneo,onde as condições climatéricas são mais semelhantes às

nossas,é a gastronomia nacional, sendo no nosso país que muitos turistas

vêm alargar o seu espectro gastronómico.

No entanto, com a atual situação económica mundial que levou a um

desgaste do ponto de vista económico do velho continente, é importante que

seja feita uma adaptação e se apontem estratégias de marketing para outras

zonas do globo, nomeadamente para o Brasil e os EstadosUnidos que, de

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acordo com estudos recentes, têm vindo a aumentar o seu interesse por

Portugal.

O Brasil, porque vê em Portugal uma porta de entrada para a Europa, com

fortes ligações históricas e culturais e com uma grande facilidade linguística.

O “turismo das raízes” é uma tendência em crescimento. A ligação histórica

do Brasil a Portugal deve ser aproveitada de forma atenta.

Também os EstadosUnidos são emissores de turistas para o velho continente

de onde provêm e de tão mais longa História e incluem linhagens de

imigrantes que têm um desejo de conhecer o país dos seus ascendentes. Os

dados do Turismo de Portugal demonstram que o turismo norte-americano

foi o que mais cresceu em Portugal no primeiro semestre, com uma subida

de 17,5 por cento nos gastos de turistas norte-americanos.

O Brasil e os Estados Unidos dadas as dimensões destes mercados e à

elevada “capitação” por turista,são assim dois dos mercados com relevante

potencial turístico.

Como em todos os casos de sucesso na Europa, é importante perceber que,

mesmo com uma forte atração por parte dos mercados internacionais, sem

uma forte dinamização do mercado doméstico dificilmente Portugal terá um

sector dinâmico de Turismo Rural.

Portugal é também um mercado de Portugal e é no mercado nacional que

está o principal indutor de crescimento e de aumento da escala e

dinamização da oferta.

A escolha destes mercados emissores está interligada com as suas perceções

em relação a Portugal, ao património natural aos costumes, tradições e

condições climáticas.

Foi também tido em consideração o nível de desenvolvimento e qualidade de

vida nesses países, pelo que é importante que Portugal sobressaia como uma

das regiões do globo socialmente estáveis, favorecendo a receção de um

grande número de viajantesprovenientes desses países.

Os estudos de mercado apontam, contudo, para a necessidade de garantir

níveis de proximidade a equipamentos de saúde, particularmente em relação

a alguns segmentos de mercado.

As noções que os mercados possuem relativamente ao desenvolvimento

sustentável e à conservação da autenticidade do meio ambiente são também

um ponto forte potencial e os países do Norte da Europa,juntamente com o

Reino Unido, são bons exemplos de países onde os cidadãos têm um nível de

educação ambientaltal que, indiretamente, poderãopercepcionar a

ruralidade portuguesa como atrativa.

Igualmenteimportantes são os mercados do sul da Europa, apesar de

algumas semelhanças turísticas a Portugal, uma vez que existe a noção de

uma boa relação qualidade/preço relativamente ao nosso país, para além do

valor dagastronomia. Já Espanha, pela proximidade, continua a ser o

mercado mais relevante para Portugal.

Os mercados agrupam-se, assim, de acordo com as suas características

específicas, e de forma a dar resposta ao âmbito deste estudo, da seguinte

forma:

Escandinávia – Noruega, Finlândia, Suécia, Dinamarca

EU Central – Alemanha, Holanda e Bélgica

EU Sul – França, Itália, Espanha

Reino Unido

Portugal

Brasil

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Será com base nestes agrupamentos de mercados que será realizada a

análise e posterior construção do Modelo 5x5.

Este terá ainda por base, o conhecimento adquirido do intenso

benchmarking realizado, bem como as conclusões retiradas da auscultação às

forças vivas da região centro, onde se desenvolve o piloto, ao qual se aplica o

modelo na parte final deste estudo.

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4. Benchmarks

4.1 A bicicleta - mobilidade sustentável e moda, e o

crescimento do turismo em bicicleta

Nota sobre os termos usados:em Portugal, o conceito de cicloturismo está

associado à organização de eventos para ciclistas, razão pela qual neste

relatório utilizamos o termo alternativo Turismo em Bicicleta. Incluímos aqui

as bicicletas de estrada, híbridas, as de montanha e o BTT e abrangemos

todas as formas de fazer turismo que incluem passeios de bicicleta, extensos

ou curtos.

Tomando como ponto de partida a extensa literatura técnica disponível sobre

planeamento e requisitos do turismo em bicicleta, a nossa pesquisa centrou-

se sobre as tendências de crescimento atual da atividade: o mercado está

subdividido em segmentos que agrupam a oferta para diferentes tipologias

de utilizadores e segmentos económicos. Recolhemos benchmarks europeus,

dando especial atenção aos países emissores de turistas para Portugal. A

nossa análise consolida a aposta apontada pela PRIVETUR de que o turismo

em bicicleta, nas suas variadíssimas formas, é um mercado em crescimento e

relevante para Portugal, importando, portanto, encontrar formas de

operacionalizar infraestruturas que permitam criar produtos turísticos.

O detalhe da análise dos casos analisados constitui uma base de trabalho

extensa e robusta de projetos consolidados e de outros inovadores e recém-

chegados ao mercado, sobre a qual importa refletir na criação de produtos

turísticos temáticos integrados.

De facto, as oportunidades que o segmento do cicloturismo tradicional

oferece para o Turismo Rural podem ter uma dimensão pouco relevante, mas

quando agregamos o turismo em que a bicicleta como modo de mobilidade é

associada a drivers principais do turismo português como a gastronomia, o

enoturismo, a cultura e o património e o acesso privilegiado à Natureza,

surgem benchmarks extremamente interessantes para a realidade

portuguesa.

Consideramos que podem ser desenvolvidos micro-segmentos de valor

económico relevante, devidamente ancorados no investimento generalizado

no cluster turismo em bicicleta.

Destacamos três tendências em crescimento:

- CicloTurismoRural: A nossa pesquisa revelou a emergência deste conceito.

Recolhemos alguns benchmarks sobre este nicho, tanto na Europa como no

mercado brasileiro.

- “Bike hotels”: Trata-se de um hotel com serviços e produtos dedicados às

necessidades do turista de bicicleta. Este é um conceito em expansão na

Europa, e a despontar em Portugal. Recolhemos benchmarks sólidos sobre

redes de ‘bike hotéis’ que relevam o espaço rural. Destaca-se o caso da Itália.

- Produtos turísticos temáticos que incluem a bicicleta como forma de

mobilidade

Apesar de os Estados Unidos (EUA) e o Canadá constituírem uma realidade

distante, a sua abordagem ao Turismo Rural é extraordinariamente rica e

bem desenvolvida e, neste sentido, considerámos inspiradoras as boas

práticas de criação de destinos e gestão de turismo integrando as redes 5X5.

Em particular, destacamos dois benchmarks de destinos turísticos associados

às bicicletas: o caso do Oregon é particularmente relevante para a região

Page 18: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

13

Centro de Portugal, dada a sua também forte tradição no ciclismo tradicional.

Trata-se de uma região que assume o orgulho pela atividade, fator de imenso

valor para o turismo. O benchmark canadiano recolhido apresenta o esforço

de uma região para conceptualizar a sua estratégia para se afirmar também

como destino de turismo em bicicleta por osmose com uma região vizinha.

No que concerne à integração dos produtos de turismo de bicicleta com a

paisagem e eventuais rotas panorâmicas, todos os casos analisados, como

seria de esperar, reforçam a importância de se atender à qualidade da

paisagem na construção de produtos turísticos sólidos.

Outra recomendação recolhida dos benchmarks é a utilidade de uma

abordagem ao cliente tal como é tradicional no Turismo Rural. Esta é talvez

a principal mais-valia que o Turismo Rural pode trazer ao cruzar-se com o

turismo em bicicleta, a par com o geo-posicionamento do alojamento.

Em relação às Ecopistas / “Greenways”, foram amplamente analisados os

casos de boas práticas de turismo associado a este tipo de recurso turístico.

Recolhemos benchmarks que apontam para o seu potencial tanto para

ofertas de breaks como para ofertas para segmentos de utilizadores soft de

bicicletas e para os utilizadores com mobilidade reduzida. É, contudo, devida

uma nota de precaução relativamente a estes benchmarks porque

genericamente as redes de ecopistas analisadas têm uma extensão

assinalável, beneficiando de um efeito de escala ainda não possível em

Portugal.

Page 19: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

14

4.2 Caminhadas, “walking holidays”, conceitos tradicionais

sempre atuais e em grande expansão

Tal como para o turismo em bicicleta, a literatura técnica de suporte à

estruturação de produtos turísticos baseados na mobilidade a pé é extensa e

permite organizar produtos extremamente diversos.

De novo, tal como para a bicicleta, no tema turismo a pé concentrámos o

esforço de análise de boas práticas na procura de benchmarks orientadores

para a boa gestão e desenvolvimento de soluções que possam aportar

competitividade às economias locais,designadamente através da promoção

de novas dinâmicas locais de cooperação empresarial e da potenciação dos

valores turísticos locais através de formatos inovadores.

As questões principais para as quais procurámos resposta nos benchmarks

são

Como usar o turismo a pé como estratégia para potenciar o Turismo

Rural?

Como maximizar os benefícios do turismo a pé conjugando-o com o

Turismo Rural?

Que benefícios oferecidos pelo turismo a pé podem ser explorados

para enriquecer a experiência de Turismo Rural e para dar

visibilidade à oferta turística de uma região, de um local, de uma rota

ou de um recurso turístico?

A análise realizada revela que o mercado internacional para turismo a pé,

tomado como um driver em si mesmo, é sólido e tem uma dimensão muito

relevante. Recolhemos exemplos de regiões onde a dinâmica atribuída a

esta atividade de nicho é reconhecida como relevante para a economia

local. Em alguns casos, como na Irlanda, há inclusive regiões que se

posicionam hoje como destinos para o turismo das caminhadas.

A nossa análise de boas práticas revela também como na atualidade os

segmentos prioritários para investimento em turismo a pé já não estão

limitados ao turista de fracos recursos económicos, potenciando o interesse

por esta tipologia.

Por outro lado, as caminhadas, extensas ou curtas, são atualmente incluídas

como opção na generalidade das ofertas turísticas. As oportunidades para

andar a pé são vistas como fator potenciador da qualidade do Turismo Rural

e de descoberta da Natureza. Assim, a nossa atenção focou-se na procura de

fatores diferenciadores nas caminhadas e com maior valor para o Turismo

Rural em Portugal. A perspetiva mais interessante que recolhemos na análise

de boas práticas é a integração das caminhadas em produtos turísticos

complexos e estruturados em redor de interesses especiais ou motivações,

ultrapassando em originalidade a oferta de caminhadas cujo tema é um

qualquer recurso patrimonial em si.

Exemplificando, trata-se de usar o turismo a pé como modo de mobilidade

suave nas ofertas de enoturismo, de bem-estar e saúde, tourisng cultural,

sentir a ruralidade, acessibilidade privilegiada a valores naturais, melhoria

dos resultados no turismo de birdwatching, etc. Naturalmente, estes drivers

principais não invalidam, de acordo com os benchmarks analisados, a

relevância da riqueza patrimonial por si só para a atratividade turística dos

locais.

Page 20: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

15

Para um turista que desconhece o território que vai visitar, pode não ser

suficiente a informação sobre a existência de percursos pedestres nesse

local. O Turismo Rural prima pela atenção dedicada aos seus clientes e esta

mais valia pode,e deve, ser explorada de forma muito positiva no caso do

turismo das caminhadas.

Recolhemos dos benchmarks a noção da importância dos formatos

inovadores para fornecer informação a estes turistas, alguns baseados em

tecnologia digital, naturalmente, mas não é de descurar a inovação

associada à arte de bem receber e integrar o turista.

No mesmo sentido do ponto anterior, recolhemos também a recomendação

sobre o valor de serviços e produtos complementares à oferta turística que

inclui caminhadas.

Page 21: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

16

4.3 Turismo equestre, um imenso potencial

Tal como as outras formas de mobilidade apontadas como estratégicas pela

PRIVETUR, o cavalo, através do turismo equestre, permite ao visitante

desfrutar da natureza e da paisagem de forma privilegiada.

Mas o seu verdadeiro valor para o turismo e para o desenvolvimento das

regiões onde se desenvolve reside na especificidade do segmento de

mercado que capta e que só parcialmente se sobrepõe aos segmentos

motivados por passeios de bicicleta ou a pé.

A análise de benchmarks europeus revela o forte desenvolvimento deste tipo

de turismo em variados países, como a França, a Alemanha e a Espanha (que

são alguns dos principais países emissores de turistas para Portugal) e o seu

grande impacto positivo nas economias locais.

As boas práticas analisadas permitem recolher a informação técnica

relevante sobre as condições ideiais para o desenvolvimento de produtos

associados ao turismo equestre em espaços rurais e naturais.

Em Portugal, esta atividade encontra-se em desenvolvimento no momento

atual, encontrando-se em curso projetos para a estruturação de redes

equestres europeias, que permitirão captar turistas já praticantes de turismo

equestre noutros países e turistas urbanos que habitualmente praticam

equitação apenas em centros equestres localizados em espaços urbanos.

Page 22: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

17

4.4 Vias panorâmicas, um valor incontornável: prelúdio,

vivência e finale

Quando nos referimos a vias panorâmicas, habitualmente referimo-nos à

mobilidade automóvel ou por estrada. Importa, desde já, acrescentar a

importância da mobilidade por comboio e de barco. Mas, para além da rota

que serve o percurso de chegada e partida à região a visitar, no caso do

Turismo Rural as vias panorâmicas podem constituir um valor acrescido.

O Turismo Rural, ao contrário do turismo all-inclusive oferecido pelos resorts

turísticos, tem como suporte essencial a área ou região onde se desenrola a

experiência turística. A qualidade da paisagem, seja ela natural, rural ou

cultural, faz parte do produto oferecido. As pessoas que visitam destinos

rurais esperam encontrar autenticidade. A continuidade da qualidade da

oferta, em termos paisagísticos, contribui para a construção mental da

experiência rural.

De todos os elementos que constituem a matriz 5x5 definida pela PRIVETUR,

as vias panorâmicas são aquele que de forma menos individualizada contribui

para o objetivo geral do projeto.

As situações que analisámos e os estudos que consultámos confirmam que

apenas rotas panorâmicas excecionais constituem motivação por si só para

a visita. No entanto, é unânime a opinião de que elas são um fator

secundário extremamente relevante.

Alguns países têm redes de vias panorâmicas identificadas e que são

integradas na criação de produtos turísticos. No caso de Portugal, não tendo

ainda sido feito este esforço de desenvolvimento de vias panorâmicas, são

relevantes os benchmarks que destacam na promoção de produto a oferta

integral e que inclui a promessa de qualidade da paisagem atravessada pelo

turista em todo o seu percurso, ou seja, no decurso da experiência turística.

Neste sentido, constituem benchmarks relevantes as boas práticas na

descrição da envolvente e que conseguem, através do detalhe a da

valorização da paisagem cultural e natural dos itinerários, enriquecer a

proposta de experiência.

Page 23: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

18

4.5 Documentação de boas práticas analisadas

O conjunto de boas práticas, projetos, ações e experiências, apresentados

seguidamente, foram selecionados, de entre os muitos casos consultados e

analisados no decorrer deste estudo, para detalhar algumas das estratégias

de desenho da oferta e abordagem ao mercado, que adotamos como

contributos de elevado valor para o Turismo Rural português.

Não pretendem abarcar a diversidade de assuntos e temas tratados e

representam, efetivamente, uma ínfima parte da informação útil recolhida de

outros promotores. Tão pouco podem ser vistos como a nata das iniciativas

de Turismo Rural: na verdade, a realidade portuguesa é suficientemente

específica para que muitas das práticas desenvolvidas noutros países

pudessem ter aplicabilidade imediata ou previsível em Portugal e, neste

sentido, optou-se pela análise pragmática de bons exemplos a ter em conta.

Cada um dos estudos de caso apresentados (ver detalhe em anexo)é, em si,

exemplo inspirador de formas particularmente bem conseguidas de resolver

questões com as quais nos deparámos no decorrer do estudo e que são por

nós considerados fatores críticos de sucesso para a evolução do Turismo

Rural nos mercados nacional e internacionais nos próximos anos.

São 13 os casos apresentados em detalhe:

- Da Letónia, recolhemos de um dos membros da EUROGITES, a

profundidade no tratamento dos temas e a gama da oferta, que, apesar de

muito diversa, não deixa por isso de ser extremamente coerente e de dar

resposta uma bem delimitada proposta de valor: capitalizar sobre os valores

naturais e rurais do Báltico e sobre a extensa rede de trezentos alojamentos

que conferem proximidade aos recursos.

A associação fez o trabalho de casa na recolha de informação ultra-

detalhada, científica, sobre fauna, flora, agri-produtos, entre outros A oferta

reflete o domínio sobre os temas, que são convertidos em ofertas que só

poderiam ser postas em marcha por uma rede de promotores de base local.

Outro dos resultados interessantes é a capacidade gerada para lançar

propostas para combater a sazonalidade, sem fugir ao posicionamento

estratégico.

O formato de apresentação da oferta no site atribui maior visibilidade às

atividades do que ao alojamento, uma tendência que se instala.

- Na Geórgia, no leste europeu, um membro recente da EUROGITES, a

associação de produtores de agricultura biológica Elkana é um modelo de

total fidelidade a dois valores chave do Turismo Rural: a autenticidade e a

ruralidade.

Provavelmente o melhor caso de estudo que identificámos de ligação entre a

agricultura e o turismo,e que é centrado no turismo de imersão na ruralidade

vem de outro membro da EUROGITES.Em Itália, a associação Agriturist, que

reúne os membros da confederação italiana de agricultura com oferta de

alojamento rural. Este é um exemplo da arte de bem receber em territórios

de base agrícola. Mas o que nos traz ao benchmark da Geórgia é a

conjugação entre tradição e modernidade.

A Elkana promoveu recentemente a diversificação da atividade agrícola dos

seus associados, fazendo crescer rapidamente uma rede com 450 membros.

A celeridade do processo não impediu a associação de investir fortemente na

capacitação dos seus associados, assegurando a adoção do modelo de

Page 24: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

19

negócio escolhido. E assim foi organizada uma gama de serviços

especializados de turismo e oportunidades de consumo e aquisição de

produtos da terra em formatos modernos e que refletem a coordenação

nacional. Muitos dos produtos turísticos são ofertas estruturadas que não

estariam ao alcance da capacidade organizativa dos proprietários agrícolas.

Do mesmo modo, o packaging e promoção conjunta dos produtos agrícolas

dos associados foi alargado a novas opções de distribuição.

- Na oferta da Provence francesa (casos de estudo Provence e Mont

Ventoux), tudo está integrado, com a naturalidade, fluidez e elegância que

outros não conseguem atingir. Das dezenas consultados de sites de turismo

desenvolvidos em todo o mundo por entidades públicas, este é o caso que

consideramos mais bem conseguido. Todos os segmentos de turistas se

poderão rever aqui e encontrar com a maior facilidade possível as ofertas

que lhes são dirigidas. Mais até, a gestão inteligente do site tenta um

constante “piscar de olho” ao turista mais conservador e vai propondo

pequenas ousadias na escolha, envoltas por detalhes que contribuem para

eliminar a insegurança face à novidade.

Vários sites integram esta oferta estruturada: um destaque especial para as

propostas relacionadas com o turismo em bicicleta e que incluem

simultaneamente oferta para desportistas de montanha, utilizadores

regulares de bicicleta e para quem talvez use uma bicicleta uma vez por ano.

- Dos Estados Unidos, recolhemos um tremendo caso de sucesso na criação

de um destino turístico. O estado federal do Oregon, na costa oeste,

capitalizou sobre a tradição do uso da bicicleta para desenvolver um destino

turístico associado à atividade e que ultrapassa amplamente o valor de um

produto de nicho. O envolvimento das comunidades locais e dos praticantes

de ciclismo recreativo foi crucial.

- Na Irlanda a entidade nacional de turismo coordena desde 2011 um sistema

de categorização dos alojamentos rurais baseado nos interesses específicos

dos turistas. A adesão é voluntária e oferece aos proprietários a

oportunidade de mostrarem a sua identificação com áreas da sua

especialidade: caminhar, pescar, gastronomia, ecoturismo, entre outros. Esta

proposta de ultra-segmentação da oferta neste formato pragmático e de fácil

comunicação, tem um potencial claro para atribuir escala e visibilidade aos

produtos turísticos das unidades de alojamento.

- Para se posicionar como destino de turismo em bicicleta, uma região de

turismo no Ontário, Canadá, realizou um estudo profundo para

caracterização da atividade e do seu potencial de crescimento em formato

ultra-segmentado e diversificado.

- O Clube de Produto Birding in Extremadura, na vizinha Espanha, é

coordenado por uma entidade pública em articulação com parceiros públicos

e privados. A gestão agregada do turismo ornitológico confere eficácia à

gestão e escala à oferta. A ambição deste clube é penetrar os mercados

internacionais de birdwatching.

- Destacamos também um serviço, a rede de hotéis amigos das bicicletas,

que existe em vários países europeus e acaba de ser lançado em Portugal,

mas por enquanto apenas para a rede hoteleira. O potencial de clonagem

para a rede de alojamentos rurais é relevante.

- A via Algarviana, projeto de turismo de centrado numa ecovia que

atravessa todo o interior algarvio, é um exemplo positivo de integração da

oferta de atividades turísticas com a oferta de alojamento. Esta estratégia

orientou o projeto desde a sua origem. A via algarviana cruza na sua matriz o

desenvolvimento local, o ecoturismo e a promoção regional do turismo.

Page 25: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

20

- As ecopistas são ecovias desenvolvidas em antigas linhas de comboio agora

desativadas. Com declives constantes próximos do 0%, são um recurso

turístico de enorme potencial para o turismo desenvolvido em espaços

naturais. Em Portugal, começam a surgir exemplos de aproveitamento

turístico, que provavelmente serão reforçados à medida que a rede for

abrindo novos percursos ao público.

- A motivação e expectativas dos visitantes de uma adega podem não se

encontrar dentro de uma garrafa. Recolhemos da Austrália as

recomendações organizadas em fichas técnicas dirigidas aos promotores de

enoturismo sobre o desenho de uma oferta integrada de turismo enológico.

- Prove Portugal é uma iniciativa pública lançada para promoção da

gastronomia e vinhos portugueses e a que os promotores de Turismo Rural

devem estar atentos, procurando capitalizar sobre os efeitos no mercado das

campanhas realizadas em diferentes países.

Page 26: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

21

5. Auscultação dos Players e Forças Vivas

Para a realização deste estudo foram realizadas mais de 150 entrevistas a

diversos players do Turismo e da atividade no campo.

Foi lançado um inquérito, que decorreu entre 26 de setembro e 10 de

outubro de 2012, a diversos setores do turismo português, com foco na

criação de oferta estruturada com base no Turismo Rural. O inquérito teve

136 respondentes ativos.

Também foram promovidas dezenas de reuniões de trabalho com

instituições públicas e privadas, designadamente autarquias, associações de

desenvolvimento local e regional, associações e empreendedores de setores

como o vinho, a gastronomia, as bicicletas, os cavalos, a caminhada, os

desportos náuticos, o termalismo e as atividades de cultura, entretenimento

e património.

A pesquisa incluiu dois workshops e um co-lab criativo.

Finalmente, foram realizadas centenas de visitas a recursos e produtos

turísticos. Nestas deslocações de observação, o membro da equipa do estudo

apresentou-se sempre como turista.

A auscultação é detalhada nos Anexos deste Estudo.

Page 27: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

22

6. Diagnóstico participativo

Resumindo a informação e conhecimento recolhidos na auscultação aos

players e forças vivas, segue-se o diagnóstico da situação atual da oferta

turística relacionada com o espaço rural nacional, considerando então o

conhecimento do território, as fontes bibliográficas e as intervenções

retiradas da auscultação de diversos players deste sector turístico. Esta

situação é então comparada com as boas práticas internacionais, para então

avançarmos com a identificação das principais forças e fragilidades do

Turismo Rural em Portugal na atualidade.

6.1 Diagnóstico

O conceito de Turismo Rural é baseado na noção de território, com ênfase no

critério da destinação e na valorização da ruralidade. Se alavancado nas

potencialidades existentes, pode ser uma ferramenta poderosa de

desenvolvimento regional e rural.

As características mais gerais do meio rural, como a produção territorializada

de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e modos de vida, a

lógica familiar, a cultura comunitária e a identificação com os ciclos da

natureza são importantes fatores de atração. A agregação de valor também

pode ser feita através daverticalização da produção local, moldando os

produtos in-situ para que possam ser oferecidos ao turista sobre a forma de

alimentos, vestuário, artesanato, etc.

A sustentabilidade,enquanto grande tendência dos últimos anos, deve ser

vista como um dos principais factores de competitividade do sector. A

criação de pacotes que englobem as três dimensões da sustentabilidade

(económica, social e ambiental), onde a ligação à natureza, aos bio-produtos,

a um estilo de vida saudável ou a valorização de diferentes culturas, é

indubitavelmente um ponto a focar noplaneamento de oferta para este

sector.

Como alternativa ao turismo mainstream, o Turismo Rural tem um potencial

sub-explorado em Portugal, muitas vezes fruto do mau planeamento do

modelo de negócio e consequente má gestão. É necessárioreinventar a

imagem do Turismo Rural, atualmente saturada e em muitos casos obsoleta

neste século XXI.

Vários estudos sustentam que a motivação para o turismo está associada à

quebra de rotinas e à procura de novas experiências, onde a seleção do

alojamento não é o principal critério de escolha.

Deve-se assumir como principal fator de atração no Turismo Rural a noção de

“full agenda” onde, através de parcerias, cooperação e articulação entre

agentes, se oferecem produtos turísticos diversificados que produzem a

sensação de preenchimento temporal total ao turista em busca de novas

experiências. Ou seja, propostas integradas que articulam alojamento,

restauração, atividades de animação, vias de acesso, cultura local genuína e

as paisagens envolventes.

Existem infraestruturas de qualidade e genuínas que captam toda a

essência daquilo que deve ser o Turismo Rural de qualidade, pelo que é

imperativo que exista uma estruturação e comercialização de todas essas

propostas em conjunto.

Page 28: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

23

Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, afirma que a gastronomia,

o touring cultural e a paisagem são os pontos mais fortes desta zona.

Guilherme Almeida, vereador de Turismo e Desporto na câmara municipal de

Viseu, diz ainda que o turista vem cada vez mais pelos modos de vida

saudável ao ar livre. Como forma de rematar tudo isto, Andreia Roque,

presidente da IDESTUR (Brasil) enfatiza que “apesar dos processos de

desenvolvimento, o campo português ficou intacto, tendo por isso grandes

possibilidades de modernização, sem perder ruralidade... é preciso saber

oferecer experiências”.

Dentro do Turismo Rural e analisando as necessidades de todas as partes

interessadas, rapidamente se depreende que tanto para os proprietários de

alojamento, empresários de Turismo Rural, como para empresas de

animação turística e proprietários de produtos e serviços locais, os aspetos

de maior importância são a maior organização e maior visibilidade. “Fez-se

muito nos últimos anos, mas está tudo por interligar” (Guilherme Almeida),

“O que nos falta é organizarmo-nos...” (Paulo Castro, ex-director do Parque

Nacional Peneda-Gerês), “Falta cooperação e interligação entre as diferentes

partes” (Paula Matos Correia, dirigente na ADICES). Estes testemunhos

recolhidos no terreno espelham quais as principais necessidades do sector.

São necessários mecanismos que criem maior abertura de mercado para

que os produtos que de facto possuem qualidade tenham maior exposição

comercial, inclusive a operadores turísticos. Importa também que o

marketing seja direcionado para os públicos alvo do Turismo Rural (turistas

mais exigentes, mais informados e mais independentes).

Por outro lado, é notória a falta de confiança mútua entre as empresas de

turismo. As pequenas empresas não se envolvem ativamente no

desenvolvimento de colaborações, um aspeto que restringe a transferência

de conhecimento e know-how. Verifica-se, portanto, a necessidade de

estratégias de envolvimento e fortalecimento das várias partes interessadas

em torno do Turismo Rural.

Diversos estudos apontam como principais motivações dos turistas rurais o

relaxamento, a socialização, a aprendizagem, e o fator novidade. Por outro

lado, enquanto a criação de pacotes diversificados é uma opção para alguns

segmentos de clientes, as propostas abertas são as mais indicadas para o

share do mercado constituído por turistas mais experientes.

Page 29: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

24

6.2 Fatores críticos para o desenvolvimento do Turismo Rural

Como resultado principal deste diagnóstico obteve-se a identificação de sete

factores críticos ao desenvolvimento do Turismo Rural em Portugal, que se

apresentam se seguida:

6.2.1 Investir em produtos específicos e fortalecer a identidade dos

territórios

Percorrendo o país, sente-se uma forte diferenciação no investimento

realizado, ao longo dos anos, em produtos turísticos integrados e na criação

de destinos turísticos relacionados com o campo, os espaços rurais ou a

Natureza. É notório o esforço realizado nos últimos anos para criar marcas

turísticas territoriais associadas a recursos icónicos como o Douro vinhateiro,

o Douro navegável, a Natureza do Douro internacional ou o Alqueva.

Também no que respeita à criação de novos produtos turísticos, se tem

assistido a um considerável esforço, quer por parte de entidades públicas,

como por parte de promotores privados. Destes produtos, podemos destacar

os percursos pedestres, como por exemplo a recente a Via Algarviana, o

birdwatching, o ecoturismo ou as férias associadas a formas de mobilidade

suave (a pé ou de bicicleta).

Como seria de esperar, são notórias as diferenças entre os destinos que,

fazendo estandarte no turismo na natureza e ecoturismo, se desenvolveram

em períodos diferentes, sendo emblemáticos os casos das regiões

autónomas. Os Açores, tendo sido alvo de investimento e consequente

desenvolvimento mais recente evidenciam, como seria de esperar, uma

abordagem bastante mais atual à criação da sua oferta do que a Madeira.

No Centro, a serra da Estrela continua a ser explorada essencialmente como

destino neve, surgindo mais recentemente algumas propostas gastro-

etnográficas (queijo e transumância); Arouca e o Tejo Internacional exploram

o seu património geológico através do geoparques; alguns rios de montanha

como o Paiva, associados ao turismo ativo e representando recursos de

altíssima qualidade, continuam a não merecer o investimento devido em

produtos e serviços associados complementares para se tornarem em

destinos turísticos de excelência; as regiões vínicas do Centro investem, de

forma desigual, em enoturismo, mas apenas na infraestruturação direta

(adegas visitáveis e oportunidades de prova, espaços museológicos,

alojamentos em propriedades vinícolas).

Na análise da oferta turística do espaço europeu, nomeadamente nos países

membros da Federação Europeia de Turismo Rural, EUROGITES, na qual o

promotor deste estudo está inserido, é notória a enorme disparidade entre

os diferentes países, no desenvolvimento de destinos associados tanto ao

Turismo Rural, como a outras formas de turismo no campo (turismo de

Natureza, turismo ativo, ecoturismo, enoturismo).

Considerando as boas referências de produtos/destinos nacionais

mencionados anteriormente, uma das mais críticas diferenças entre estes e

os bons benchmarks europeus está na abrangência do conceito de destino

que os distingue.

Em concreto, salientamos algumas abordagens de excelência:

- A Irlanda, com a sua forte tradição rural, investiu na infraestruturação do

turismo para além do alojamento, criando redes de percursos pedestres e

cicláveis numa perspetiva turística, integrando os temas identificados como

motivadores do turista, e não apenas percursos de mobilidade suave urbana

e peri-urbana.

Page 30: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

25

- Regiões vinhateiras francesas, como Burgundy e Provença, investiram na

diversificação do enoturismo, de forma a abranger diferentes tipologias de

férias e perfis de turistas, resultando em ofertas de turismo a pé, de bicicleta,

a cavalo, para amadores, famílias, desportistas, turistas ativos, terceira idade,

em formatos do luxo ao budget.

- Em Itália, como em França, o conceito alemão de bikehotel alarga-se ao

alojamento rural e vem reforçar o esforço para a criação de destinos

integrados para o cicloturismo, a par com a marcação no terreno de

percursos e do investimento em informação em suporte digital ou em papel

para apoio ao turista.

De um modo geral, são muitos os países e as regiões europeias que se

afirmam como destinos para férias baseadas em caminhadas e percursos de

bicicleta e é assim que vemos surgirem propostas fortemente dirigidas a

segmentos específicos, como o caso de alojamentos que anunciam na

homepage do seu site o conteúdo do farnel que fornecem aos seus clientes

que fazem férias de bicicleta, entre outros detalhes que evidenciam uma

estratégia bem desenvolvida.

Como resultado, proprietários de alojamentos e operadores turísticos

encontram potencial para criar oferta turística de qualidade, e

diferenciadora no mercado global, destinada a públicos específicos, nos

quais investem em promoção muito dirigida, como é típico dos produtos de

nicho.

Portugal tem condições excecionais para ser competitivo nestas tipologias,

por diversos motivos:

o clima, que nos favorece nas épocas baixas em relação ao centro e

norte da Europa,

a diversidade biológica e paisagística e a ampla extensão de espaços

naturais, nomeadamente um conjunto assinalável de serras e de

linhas de água e respectivas galerias ripícolas,

a proximidade constante ao litoral,

a diversidade cultural e histórica, a riqueza e diversidade do seu

património construído, nomeadamente o de caráter religioso e a boa

preservação de povoações tradicionais, de norte a sul do país, onde

se encontram vastos recursos etnográficos interessantes na

perspetiva do turismo,

a ampla gama de recursos gastronómicos, nomeadamente os

associados à dieta mediterrânica

a qualidade da sua produção vínica, a imensa quantidade de castas

locais e a diversidade de paisagens vinícolas

a boa tradição do acolhimento.

Mas sente-se, na oferta portuguesa de produtos turísticos não urbanos, a

falta de aglutinação e de organização em torno de marcas territoriais

temáticas ou de clubes de produto. Falta um esforço de estruturação da

oferta que permita aos promotores de turismo “encaixarem-se” em algo

maior do que eles e que lhes permita beneficiarem da identidade ao

território.

No fundo, falta fazer todo um trabalho de desenvolvimento de destinos

turísticos que, ao nível do turismo de nicho é também, necessariamente, um

trabalho muito direcionado para segmentos e tipologias específicos.

Page 31: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

26

Mas, se o investimento em marcas territoriais será uma competência

essencialmente ao alcance de entidades públicas, ao nível do produto

turístico há todo um mundo de possibilidades que são pouco desenvolvidas

pela maioria dos promotores, tanto proprietários de alojamentos, como

empresários de animação turística, como produtores de recursos associáveis

ao turismo de campo.

Nas audições para este estudo, é notória a falência do modelo anterior

seguido para o Turismo Rural: as propostas de produtos turísticos aparecem

dispersas, mesmo quando acontecem em sobreposição no território e são,

no melhor dos casos, apenas elencadas em conjunto.

Após a fase inicial em que os proprietários de alojamento se aperceberam de

que, realmente, os turistas não se deslocam apenas para dormir, seguiu-se

aquele que é, ainda hoje, o modelo dominante. Os proprietários iniciaram o

trabalho, muito positivo, de referenciarem um conjunto de produtos e

recursos na esfera envolvente ao alojamento, juntamente com a

apresentação de descontos na compra de serviços de animação ou em

restauração.

Contudo, escasseiam ainda as situações de oferta estruturada em rede e

organizada na perspetiva do utilizador, propondo formatos diferentes para

usufruir de um mesmo território, traçando oportunidades que envolvam

distâncias superiores à das imediações do equipamento.

Esta situação foi evidenciada neste estudo principalmente pelos proprietários

que acolhem turistas estrangeiros e que sentem uma lacuna na falta de

conhecimento de outros proprietários de outras regiões do país. É habitual

no Turismo Rural a referenciação de outros alojamentos concorrentes em

face da lotação, mas a recomendação de alojamentos fora da área de

proximidade é praticada por operadores e não pelos proprietários. Esta é

uma relevante função a desempenhar no espaço associativo.

6.2.2 Escala, visibilidade, eficácia

Uma outra das questões críticas é a escala,ou seja, são praticamente

inexistentes ofertas que envolvam mais do que um fornecedor em volta de

um tema (disponíveis em pontos diversos do território ou numa região

apenas mas em variadas épocas - dias, semanas, meses, estações do ano) e

que permitam, pela escala adquirida, um esforço maior de promoção e venda

junto do público direto e de operadores turísticos. No limite, algo que se

assemelhe a um clube de produto.

Na Irlanda, a agência nacional para desenvolvimento do turismo defende que

as oportunidades de cooperação comercial são os meios mais eficazes e

rentáveis de aceder aos mercados externos. Com isto em mente, os grupos

de comercialização de produtos têm sido desenvolvidos em muitos produtos

diferentes, e incluem clubes de produto como o turismo equestre “Horse

Riding Ireland”, herdades ou quintas de bem-estar e saúde, “Health Farms of

Ireland”, alojamento associado ao turismo de pesca, “Great Fishing Houses of

Ireland”, Turismo Rural e do património construído, e promoção

internacional de turismo náutico, na versão Vela.

Nos Estados Unidos, o estado federal do Oregon decidiu apostar na criação

de uma marca territorial que identifica a região como “bike-friendly”. Para

desenvolver e fortalecer esta ideia, as autoridades apostaram no

envolvimento da sociedade civil, que assumiu com orgulho a forte tradição

local da bicicleta e se identificou com o conceito. Hoje, em muitos locais, há

referências a serviços e produtos para os ciclistas e são comuns saudações

Page 32: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

27

diretas em lojas, cafés, alojamento, desenvolveram-se negócios em torno da

atividade ao ponto de hoje se fazer referência ao cluster das bicicletas no

Oregon. A marca implantou-se e o impacto no incoming de turistas para

turismo em bicicleta é bastante significativo. Importa realçar que o

investimento público na criação de percursos não antecedeu o crescimento

deste movimento na comunidade.

Em Portugal, e nas várias tipologias do turismo no campo, a ausência de

parcerias como as descritas acima é a principal causa apontada pelos

promotores como responsável pela dificuldade que sentem em colocar no

mercado a sua oferta.

A dificuldade em agregar interesses comuns, para que se criemclusters

fortes e de promoção facilitada, faz com que se recorra ao mote do “cada um

por si”, tornando praticamente impossível chegar aos mercados de forma

efetiva, seja ao cliente final seja ao operador turístico.

6.2.3 Quebrar tabus

Sendo o turismo no espaço rural uma marca forte e do conhecimento geral

dos turistas, apesar da frequente falta de conhecimento sobre as

especificações legais que distinguem o Turismo Turalde outros tipos de

oferta, assistimos atualmente a uma tendência para a sua miscenização

funcional com outros tipologias de turismo:

os espaços de alojamento do Turismo Rural são também o ponto de partida

para produtos turísticos de turismo de natureza, enoturismo, birdwatching,

férias a pescar…

Esta tendência é sentida como benéfica por quem a pratica, mas na verdade,

para que um proprietário possa associar-se a estes conceitos sem ficar

excessivamente preso à exclusividade de uma escolha, em termos de gestão

da sua identidade corporativa, exige algum cuidado nas opções de

comunicação da marca. Naturalmente, para alguns proprietários esta

questão é irrelevante, dada a concentração temática do seu modelo de

negócio.

6.2.4 A questão crucial: estratégias de integração

A questão crucial: faltam estratégias claras que façam a integração dos

recursos e dos produtos e serviços turísticos e que promovam a cooperação

entre agentes do turismo.

Em Portugal, os diferentes tipos de agentes do Turismo Rural – alojamento,

empresas de animação turística, operadores de viagens, produtores de

produtos e serviços complementares, autoridades do turismo, queixam-se da

falta de integração que deveria aproximar os implicados em cada tipo de

oferta turística de modo a servir o turista com máxima qualidade e para

ampliar a visibilidade da oferta e conseguir economia de escala na gestão da

oferta.

Esta opinião está generalizada entre todos os agentes que auscultámos no

decorrer deste estudo e corresponde na atualidade ao diagnóstico inicial que

conduziu à identificação da necessidade de realizar este estudo.

Neste sentido, reitera-se o objetivo principal de formular uma estratégia

que facilite a articulação entre agentes.

Page 33: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

28

6.2.5 Perspetiva sobre o território

No desenho de produtos turísticos e na avaliação da sua atratividade, há que

tomar em consideração a perspetiva dos diferentes promotores e

utilizadores e o seu posicionamento no território.

Um dos casos mais flagrantes é o das barreiras administrativas territoriais

que causam descontinuidades na informação turística entre distritos,

municípios e regiões, com prejuízo para quem gere equipamentos

instalados e que pretende complementar a sua oferta com os recursos na

envolvente.

Num país imensamente diverso e de dimensões tão reduzidas, será uma

vantagem competitiva estruturar produtos que abarcam essa diversidade.

Esta mesma nota de precaução aplica-se igualmente à identificação de

parceiros e recursos que importa associar noutros pontos do território para

assegurar a viabilidade e atratividade de um produto turístico,

particularmente quando se trata de uma rota, mas não só nestes casos.

Existem variadas rotas temáticas mas não é comum em Portugal ver-se

produtos turísticos integrados associados às rotas e dirigidos a segmentos

específicos.

Exemplificando, se alguém pretender fazer a rota a pé ao longo de, digamos,

cinco dias, qual a oferta de alojamento recomendada para viabilizar esta

proposta? O mesmo para as férias de bicicleta ou a cavalo. E tomando a

perspetiva do proprietário de alojamento rural, por que não uma referência a

um conjunto de alojamentos que permitam optar por esta tipologia de

turismo e enquadrando a localização destas rotas? Trata-se de propostas que

implicam, acima de tudo, organização, mais do que investimento financeiro,

para poderem ser executadas. A oportunidade aqui está em segmentar e

assim diversificar a oferta que um determinado recurso turístico, como uma

rota, permite fazer.

6.2.6 Diversificar ou concentrar? Concentrar para diversificar

Quando confrontados com propostas para diversificar a oferta turística, os

proprietários e empresários reconhecem o interesse, mas levantam algumas

questões sobre a exequibilidade: necessidade de investir em mais

conhecimento para poder estruturar outros produtos, rede de

conhecimentos, custos associados e eventuais incompatibilidades com a

oferta atual e perfil de clientes.

De uma forma geral, todas estas preocupações podem ser resolvidas no

âmbito de um espaço de cooperação e colaboração entre promotores, com

competências e conhecimentos complementares.

É através da agregação da oferta de vários parceiros que a diversificação

pode ganhar maior escala e, consequentemente, abrir portas a maior

visibilidade nos mercados.

De todo o modo, importa sempre preservar a identidade corporativa e para

evitar que propostas que são compatíveis mas representam manifestações

marginais da marca, podendo ser uma boa solução apresentar esses

produtos fora do espaço corporativo próprio (site da empresa e material

impresso), em áreas de promoção geridas por outros (associações,

operadores).

Page 34: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

29

6.2.7 Encontro de interesses

Quem servem, afinal, as infraestruturas de mobilidade suave? Se numa

primeira impressão, os pontos de contacto entre perfis de utilizadores do

Turismo Rural e turismo ativo pareciam poucos, na verdade os mercados das

férias com bicicleta, das férias para caminhar, do turismo de natureza…,

evoluíram muito e não só as infraestruturas são preparadas na maioria dos

casos para receber famílias e pessoas que dificilmente classificaríamos como

desportistas, como se verifica também que o perfil de utilizadores que

procuram este tipo de ofertas é vasto.

O mercado nacional é ainda significativamente pouco atento a este fator:

é frequente os alojamentos de Turismo Rural anunciarem ofertas de

passeios a pé, de bicicleta ou a cavalo, geralmente operados por empresas

de animação turística, mas há menos ofertas estruturadas e adaptadas aos

diferentes perfis e motivações.

Do mesmo modo, na perspetiva da animação turística, faltam também

ainda ofertas diferenciadas pelo tipo de alojamento que oferecem e que é

uma outra forma de diversificar os clientes e de captar novos segmentos.

Page 35: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

30

6.3. Análise SWOT

OPORTUNIDADES FORÇAS

- Novas necessidades de consumo identificadas

- Procura indireta significativa

- Drivers do turismo português encaixam na oferta de TR

- Produtos inovadores que cruzam TR com T. Natureza, T. Aventura, Ecoturismo, Enoturismo, Birdwatching, T. de Bem-estar e Saúde…

-Criação de Produtos turísticos temáticos

- Engenharia de produto em rede multissectorial e trans-regional. Cross-selling

- Segmentação e híper-segmentação da oferta (produtos, atividades e experiências)

- Clubes de produto para temas especializados. Captar interesse de OT especializados

- Sistema voluntário de categorização do alojamento baseado em interesses específicos

- Agregação e coordenação da oferta

- Criação de marcas destino envolvendo TR e clusters de produto

- Portal nacional de TR

- Qualidade dos alojamentos rurais e boa cobertura territorial

- Campo e Natureza estão na moda

- Reconhecida a importância de parcerias

- Recursos turísticos (naturais, culturais, etnográficos, gastronomia e vinhos…) de interesse

- Bom clima, invernos curtos

- Campo, natureza, tradições rurais e aldeias relativamente bem conservados.

- Diversidade de recursos concentrada (vê-se muito em curtas distâncias);

- Boas acessibilidades

- Perceção de segurança

- Promoção turística externa focada em mercados prioritários para o TRe em drivers-chave para o TR (gastronomia e vinhos, Natureza…)

AMEAÇAS FRAQUEZAS

- Destinos concorrentes mais desenvolvidos (Espanha, Itália, França…). Portugal não é destino turístico de TR - Efeitos da crise económica global

- Operadores turísticos afastados do TR

- Massa crítica de oferta qualificada

- Não há boa segmentação da oferta (de acordo com perfis, mercados, temas)

- Nível de qualificação profissional do proprietário de TR (gestão e marketing turístico)

- Ausência de produtos de fácil comercialização (produto+serviços+atividades+propostas para alimentação)

- Falta de organização do sectores e clusters relevantes para o TR

- Imagem envelhecida do TR

- Fraca procura interna de TR

- Inexistência de massa crítica de oferta

- É difícil avaliar qualidade da oferta

- Visão e organização da oferta fragmentada

- Falta qualificação profissional para a criação de produtos turísticos temáticos integrados

- Má sinalização de caminhos e de acesso a percursos; má informação turística no terreno

- Falta de confiança mútua entre os operadores

- Algumas redes (redes 5x5) pouco desenvolvidas

- Algumas redes servem interesses recreativos e não turísticos

- Falta talento empresarial no TR

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

1

Page 37: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

31

1. Introdução ao Modelo 5x5

Ficou assim claro, ao longo dos capítulos anteriores, que a criação de parcerias

que aproveitem as redes infraestruturais existentes e que potenciem o

desenvolvimento de outras novas é assumida pelos pelos diferentes

stakeholders como um caminho fértil para a afirmação do papel que o Turismo

Rural deve assumir.

Partindo deste entendimento, da aprendizagem decorrente do intenso

benchmarking e da imersão no território e conhecimento prévio da equipa

relativamente ao território e temas em estudo, desenvolveu-se um modelo

teórico – Modelo 5x5 - que deverá servir de base à criação de oferta integrada

e qualificada, com vista à potenciação do Turismo Rural.

Dada a transversalidade, profundidade e abrangência do Projeto 5x5, é

imperioso apostar na criação de um modelo articulado que determine os

termos e as condições necessárias para que cada player, infraestrutura ou

valor possam incorporar devidamente os seus produtos turísticos temáticos,

garantindo-se deste modo a blindagem de cada uma das redes consideradas

estruturantes para o Projeto e assegurando a possibilidade da sua

monitorização.

O modelo serve três propósitos distintos e complementares:

Definir um espaço de atuação de base territorial que permita à

PRIVETUR oferecer apoio aos seus associados, criando mais-valia que

promova a adesão de novos membros e reforce a perceção de valor

aos membros atuais;

Fornecer um quadro de referência estratégica que sirva de apoio aos

promotores públicos e privados de turismo rural. Esta nova visão

introduz uma reorientação estratégica do Turismo Rural,

proporcionando:

o Às entidades públicas e associativas, um enquadramento

estratégico para o investimento de apoio ao turismo no campo;

o Ao promotor individual privado, apoio à análise das suas

potencialidades no mercado, posicionar-se de forma competitiva

face à concorrência e organizarou re-orientar o seu modelo de

negócio;

Criar programas-tipo que ilustrem e apliquem a lógica estratégica do

modelo, desmistificando o processo de criação de oferta integrada,

capaz de inserir cada alojamento numa oferta que vá para além de si

próprio.

Este modelo foi construído tendo por base a sua potencial aplicação a todo o

território nacional, tendo sido a aplicado no projeto piloto ao nível da NUT II

Centro, com extensões ao resto do país (ver Capítulo III deste estudo) - de

Page 38: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

32

forma a dar cumprimento ao previsto em fase de candidatura (projeto-piloto

de operacionalização das redes temáticas territoriais).

A estruturação de produto turístico, encorajando novas formas de

cooperação entre os agentes do território, com impactes positivos na

entrada de novos investidores para explorar novas oportunidades de

negócio, assim como a diferenciação relativamente a outras operações de

Turismo Rural, menos abrangentes e menos ancoradas no território, são

considerados dois elementos chave na construção deste modelo

(ficando a disseminação e capacitação dos players - através de workshops,

seminários e edição de materiais de difusão- para a fase final de

desenvolvimento do Projeto).

Page 39: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

33

1.1 Como está organizado o Modelo

O primeiro passo no processo de construção do Modelo 5x5 corresponde à

definição de uma proposta de valor para orientar a criação da identidade da

oferta a associar ao Turismo Rural em Portugal.

No seguimento dessa lógica, definiram-se vetores estratégicos de apoio ao

modelo e ao desenvolvimento das redes propriamente ditas e que funcionam

como o esqueleto de suporte do processo de brandinge de organização

consequente do modelo.

Esta é também a base conceptual para o processo de segmentação em

filigrana que se pretende promover com este projeto, dadas as

características particulares definidas para cada um dos vetores.

Após caracterização aprofundada de cada uma das cinco redes, segue a

componente prática de desenvolvimento do Modelo 5x5. Aqui, o primeiro

passo foi a criação de uma checklist para apoio ao proprietário na organização

e identificação dos elementos que compõem a sua oferta (disponível para os

sócios PRIVETUR) .

A checklist explora as potencialidades da articulação das cinco redes e, não

sendo exaustiva, incorpora os produtos, serviços e experiências que

consideramos estratégicos para a afirmação e diferenciação de um projeto de

Turismo Rural.

A organização da checklistem torno de temas que são drivers prioritários do

turismo português pretende ser inspiracional, mas também uma aposta segura

em tendências atuais.

Esta ferramenta, que une não só as valências de suporte fundamental às redes,

mas também temas chave que, esperamos, estimulem a imaginação dos

promotores de Turismo Rural, permitirá aos empreendedores posicionarem-se

de forma estruturada perante os mercados especialistas e perceber como é

que poderão potenciar melhor as suas valências, bem como as da região em

que se inserem.

O Modelo 5x5 assume, assim, uma base de atuação estratégica que aposta no

fortalecimento do modelo de negócio do Turismo Rural canalizado para o

desenvolvimento em formato filigrana de quatro vetores diferenciadores do

sector.

A operacionalização do modelo assenta em quatro grandes áreas de

desenvolvimento:

Perceber as Valências Próprias

Perceber o Território

Perceber o Cliente

Perceber os Parceiros

Para que tal aconteça, organizámos a informação de modo a ir de encontro à

lógica de operacionalização destas quatro áreas.

Assim, começamos por desenvolver a proposta de valor a associar ao modelo,

para depois se caracterizarem as redes e introduzirem as linhas orientadoras

da checklist, explicando a lógica subsequente e o seu funcionamento prático,

como base de tudo o que se seguirá.

Page 40: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

34

Seguidamente, focamos sobre o cliente,definindo os parâmetros selecionados

para apoio à criação da oferta, tendo por base as cinco redes, os vetores já na

forma de temas especializados e também características que importa ter em

conta, como o tipo de grupo, o perfil do cliente e a duração da sua estadia,

sempre levando em linha de conta a importância que a tipologia do(s)

alojamento(s) de Turismo Rural assume na estruturação dessa mesma oferta

direcionada para o Cliente.

Analisados os pré-requisitos, passamos da abordagem conceptual de

enquadramento para uma abordagem mais hands on, onde se definem os

procedimentos que um empreendedor deverá seguir para a aplicação do

Modelo 5x5,reforçando com as valências dos seus Parceiros a oferta que irá

desenvolver e promover.

Esta fase passa por:

conhecer o território de inserção;

saber como escolher os parceiros certos

saber criar e implementar a oferta integrada ouperceber qual o papel

que a associação que o representa pode assumir;

conhecer a importância de reconhecer o seu próprio potencial, inovando

para além dos exemplos descritos no modelo.

Neste sentido, é ainda importante realçar que foi criada uma ferramenta

desenvolvida em Google Earth (GE) que junta na mesma plataforma todas as

infraestruturas turísticas das cinco redes passíveis de virem a integrar uma

oferta em malha e que foram identificadas em fase de levantamento.

Esta é a fase em que o Território deixa de ter segredos e em que,de forma

muito simplificada, cada empreendedor poderá visualizar as diferentes

valências, os diferentes parceiros e otimizar itinerários de forma a responder

aos timingse motivações que melhor se ajustam ao seu cliente.

Figura 1 - Vista da ferramenta GE

Esta ferramenta de organização espacial da informação e de otimização da

perceção da distribuição das estruturas no território serviu de base ao projeto-

piloto que se trabalha neste relatório e deverá funcionar como ferramenta

dinâmica, passível de ser alimentada e melhorada no caso concreto com a

ajuda inclusivamente dos membros da associaçãoPRIVETUR.

Através deste modelo, como um todo, conseguiremos trabalhar numa lógica

de escala e de oferta agregada em que, uma vez mais, o todo é mais forte do

que as partes individualmente.

Page 41: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

35

Os objectivos últimos são:

- facilitar o desenvolvimento de produtos temáticos como verdadeiros

referenciais de integração da oferta, solução muito mais rica do que um

simples referenciar ou elencar de serviços isolados no território; e ainda

- garantir a abordagem espacial no território, em que recursos turísticos que

importa relacionar e rotas potencialmente já existentes são enriquecidos e

transformados em verdadeiro produto turístico, sendo que a mobilidade ganha

aqui uma enorme importância.

De facto, tendo também em consideração as necessidades e os fatores de

competitividade do sector, é essencial que se cumpram três objetivos

principais com estes produtos turísticos temáticos:

- A integração de todas as partes interessadas, possibilitando uma agenda

preenchida para os turistas e fazendo do Turismo Rural uma experiência mais

genuína e completa. E, ainda, o fortalecimento de laços entre empresas que a

priori seriam concorrentes.

- Maior escala e visibilidade, no sentido em que existe grande necessidade de

abertura de mercado para que os empreendedores desta área possam

colocar os seus produtos e serviços à disposição de um maior número de

potenciais clientes.

- Diversificação do produto que é vendido, sejam pacotes turísticos já criados

ou através da variabilidade geral da oferta existente.

Mais diversidade significa maior potencial para alcançar turistas e ampliar

mercados, o que ao fim e ao cabo é a principal intenção de qualquer estratégia

de marketing.

Page 42: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

36

2. O Conceito, o Eixo Estratégico, a Inovação – ‘Cinco

Vezes Mais Campo’

Pensando na realidade de Portugal, um país com uma área reduzida, mas rico

em história e tradições e dono de uma heterogeneidade paisagística ímpar,

seria normal questionarmo-nos sobre o que é que nos pode distinguir, ou de

forma mais direta, o que é que poderá fazer soar as campainhas na cabeça dos

turistas que queremos atrair, alertando-os de que Portugal deve ser o próximo

destino de férias.

O nosso país tem tudo, é verdade, mas o tudo gera caos e o caos é sinónimo de

confusão na mente daqueles que têm outros destinos altamente

identificativos, que não dão trabalho a perceber o value for money na altura de

escolher. A Áustria tem as montanhas, França tem o vinho e o champagne e

Portugal?...

Portugal tem o seu Campo preservado, não mumificado, mas vivo, pronto a

receber todos aqueles que querem saber como era antigamente, sem

abdicarem do conforto, segurança e tecnologia a que se habituaram nos dias

de hoje.

E quando falamos em Campo não estamos a ser redutores na perspetiva em

que o campo é sinónimo de ruralidade. Não. O Campo é construído pelas

vivências rurais e suas paisagens, mas é também construído pelas paisagens

naturais, pelas Áreas Classificadas – que em Portugal ocupam mais de 1/5 do

território – e pelo facto de grande parte do país é parte integrante do hotspot

de biodiversidade da Bacia do Mediterrâneo, com toda a riqueza que isso

representa.

Viver o Campo em Portugal é algoa explorar de norte a sul, sendo que a região

Centro pode e deve assumir também um papel de liderança na afirmação

desta intenção.

O Campo, na sua vertente de proximidade à terra, enquanto metáfora para as

origens, na sua proximidade à Natureza e na aproximação a um turismo mais

responsável e atento, pode ser a base de uma oferta turística de grande valor e

que, como já foi referido anteriormente, deve ser inovadora nosprodutos,

serviços, ao nível organizacional e, claro, na comunicação e sua promoção.

Mas a imagem de um Portugal Rural, envelhecido e deprimido, deve ganhar

nova vida, renascendo enquanto um Portugal onde o

Campo é sinónimo de oportunidade

…diversidade, autenticidade, tranquilidade, evasão, cultura, tradição e

modernidade.

Da depreciação nasce a inovação, num conceito onde Portugal poderá ser

claramente ganhador, pelo posicionamento, qualificação e diversificação da

sua oferta.

Page 43: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

37

2.1 A Ideia Central/Proposta de Valor

Tomando como ponto de partida as cinco redes que aqui se trabalham e o

empowerment que pode advir de um usufruto total do ambiente ‘campo’ em

Portugal,ancoramos a estratégia numa ideia central:

‘Acesso privilegiado’ (ao campo)

Explicada de forma simples: as redes, e a sua articulação, dão-nos acesso

privilegiado a tudo o que o campo tem de melhor.

E como?

Desde já, porque a rede de alojamentos rurais é uma rede de

proximidade e genuinamente ancorada no campo. Acrescem a tradicional

arte de bem receber que a caracteriza e o atendimento personalizado;

Depois, porque as três redes relacionadas com a mobilidade suave – a

pedestre, as ecovias e a equestre, permitem, efetivamente, garantir o

acessoa pontos de interesse no território e facilitam o contacto direto

com os habitantes locais;

Além disso, tanto o percorrer uma via panorâmica como a mobilidade a

pé, de bicicleta, ou a cavalo são experiências em si mesmo, merecedoras

de uma atitude de abertura aos cinco sentidos e de mais tempo para

desfrute integral;

Finalmente, ao agregar muitas formas de fazer turismo, a escala da oferta

é ampliada e assim se dá viabilidade à diversificação e consequente maior

encaixe nos interesses específicos e individuais dos turistas.

Este posicionamento estratégico orienta todo o esforço desenvolvido neste

estudo e que se quer consistente e focado, contribuindo para a organização

sólida da proposta, quer nos eixos estratégicos que dela derivam, quer na

atenção ao detalhe que enriquecerá a proposta de valor.

Este conceito alimenta-se de um melting pot de infraestruturas já fortemente

implementadas no terreno e que devem ser aproximadas ao Turismo Rural e

às hipóteses infindáveis de oportunidades novas que poderão surgir se a

imaginação e a vontade dos empreendedores e entidades públicas não faltar e

for constantemente renovada.

A proposta de valor ‘Acesso privilegiado ao campo’ dá lugar à assinatura

‘Cinco vezes mais campo’

A assinatura‘Cinco vezes mais campo’expressa aproposta de valor ‘Acesso

privilegiado’ de forma clara.

E orienta-nos para explorar todas as formas de evidenciar como, num país

moderno como o nosso, o Campo agrega tudo o que temos de melhor, sendo

que a melhor forma de dar vida a este conceito, passa pela operacionalização

das infraestruturais cinco ‘redes’:

Cinco Redes – ‘Cinco Vezes mais campo’ – Uma experiência cinco vezes melhor

São as redes as impulsionadoras da ideia central e são elas que darão força e

dimensão a uma proposta de valor que se quer singular, relevante, verdadeira

e clara.

Page 44: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

38

2.2 Eixos principais da Proposta de Valor

Desenvolvendo a proposta de valor, identificamos

quatro palavras-chave como eixos condutores:

Tempo

Caminhos

Hotspots

Momentos

Tempo, porque no campo a passagem do tempo ganha uma outra dimensão e

porque a gestão de toda uma experiência turística vive da mais criteriosa

gestão desse mesmo tempo, mas agora, indo de encontro à vontade específica

daqueles para quem estamos a trabalhar;

Caminhos, porque é de promover a mobilidade que estamos a falar,

garantindo que infraestruturas pedestres, cicláveis e até vias ferroviárias ou

automobilísticas sejam potenciadas pelo seu valor de atratividade turística,

quer seja de índole paisagística, desportiva, de observação da Natureza ou

qualquer outro. O caminho é parte da experiência.

Hotspots, porque são eles que dão integridade à experiência, conferindo-lhe

magia e unicidade, garantindo que mostramos o que temos de melhor, que

oferecemos os nossos melhores serviços e que providenciamos as melhores

experiências que um visitante pode desejar.

Momentos, são instantes e eventos a não perder, nascidos da sensação de

experiências únicas, que não se esquecem, contribuindo para a construção de

um destino sedutor e para a fidelização do turista, que regressa a casa com

uma história para contar.

Page 45: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

39

2.3 Desenvolvendo a Proposta de Valor

Por tudo isto, este Projeto enquadrado pela Rede Rural Nacional (RRN) surge

para orientar e dar o pontapé de saída a uma ideia que o transcende a si

próprio. De facto, pela mão da PRIVETUR, os empreendedores de alojamento

em ambiente rural podem funcionar em conjunto, formando a espinha dorsal

de toda a criação e desenvolvimento da oferta, uma vez que são eles os

‘condutores’ dos clientes ao longo de toda a experiência, seja ela mais ou

menos localizada no território.

Ao ousarem inovar, olhando em volta numa constante busca pelo que de bom

poderão adicionar à experiência dos seus clientes, garantirão que, passo a

passo, Portugal cimenta uma imagem sólida e fiável com base num Turismo

Rural de qualidade, solidamente ancorado nas oportunidades e desafios

criados pelo território e pelas pessoas.

No âmbito deste estudo, importa explorar o interesse, para o crescimento do

Turismo Rural, de produtos turísticos que integrem as cinco redes temáticas,

entendidas de forma abrangente:

I. alojamento rural

II. bicicletas como forma de mobilidade/ cicloturismo/ ecopistas/

ecovias/ciclovias;

III. pedestrianismo/ caminhadas/ férias e breaks caminhando/ percursos

pedestres;

IV. cavalos para montar/ percursos equestres/ picadeiros e rede de locais

para apoio logístico;

V. rotas panorâmicas e informação interpretativa.

Dito de outro modo, são dois os eixos estruturantes a que queremos dar

resposta:

Como é que a experiência de alojamento em Turismo Rural pode

beneficiar das restantes quatro redes temáticas?

Como é que os praticantes e utilizadores destas outras redes podem

beneficiar, enquanto turistas, do alojamento rural e da oferta de

experiências rurais?

Tomando em consideração a motivação do turista para a viagem,

quais são as oportunidades de negócio relevantes para se estruturar

uma oferta turística integrando estas redes?

Page 46: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

40

Naturalmente, dentro deste âmbito existem drivers que poderão ajudar na

definição do caminho que um empreendedor, ou até uma entidade pública,

quererá seguir no momento em que definir a estratégia para o seu negócio ou

território.

Neste relatório apresentamos oito desses drivers que consideramos

paradigmáticos na definição da oferta assente nesse novo conceito de

ruralidade portuguesa, sendo que seis deles são transversais a todo o

território nacional e dois direcionados especificamente para o cerne do piloto

associado ao modelo desenvolvido – a zona Centro:

1- Viajar devagar

Sob a égide da Tranquilidade este é o driver que associa o Turismo Rural ao

slow travel, uma emergente e pujante forma de viajar, para quem procura o

contacto com a autenticidade dos locais e não uma viajem desenfreada,

controlada por outros. O turista é encenador e ator da sua própria viagem e o

cenário que lhe vai ser proporcionado está preparado e qualificado para que

no final lhe restem apenas fantásticas memórias do nosso País.

Palavra-chave – Tranquilidade.

2- O campo faz-lhe bem

Este driver encontra-se direcionado para o público nacional. Pretende

estimular o conhecimento e descoberta do que é nosso, com espírito aberto

para realidades que são desconhecidas da maioria e que passam não só pelo

conhecimento de novos locais, mas também de outras vivências, que não as

citadinas a que a maioria se encontra adaptado. Em tempos conturbados como

os que atravessamos, em que a contenção é palavra de ordem, este é um vetor

onde a oportunidade é rainha.

Palavra-chave – Descoberta.

3- Portugal faz-lhe bem

Em contraponto ao driver anterior, este destina-se ao público estrangeiro. A

filosofia mantém-se, mas a exigência é maior, considerando que o público é

proveniente de outros países, escolhendo Portugal de entre uma vasta oferta.

Associa-se à busca de conhecimento, à contemplação e a uma experiência de

altíssima qualidade, onde as particularidades dos alojamentos farão toda a

diferença para o cliente.

Palavra-chave – Indulgência.

4- Gastronomia única

Comer diretamente da horta, ou provar petiscos únicos da gastronomia

portuguesa, tão fortemente enraizada na dieta mediterrânica, são atividades

claramente vencedoras para quem procura turismo em ambiente rural. Dar a

conhecer as suas cambiantes e mais-valias para a saúde, é uma linha de

negócio por si só e é seguindo essa linha que se cria um produto turístico forte,

onde a comida passa a assumir o papel principal.

Palavra-chave – Saúde.

5- Viver as sazonalidades

Este será talvez o mais abstrato dos drivers. Querendo-se contrariar o tão

conhecido problema do turismo português associado à sazonalidade, há que

trabalhar com ela no sentido de transformar o problema numa ou em várias

oportunidades. O que se pretende é demonstrar que cada época do ano tem

algo diferente para dar a conhecer e que cada uma dessas especificidades

podem ser transformadas em oferta que enriqueça a imagem do Turismo Rural

em geral, mas também de cada alojamento em particular. É abstrato porque

mais do que se exemplificar neste relatório, a riqueza estará na imaginação e

conhecimento que os empreendedores tenham do seu território, mas através

dele tentaremos demonstrar quais as mais-valias em se apostar em oferta

Page 47: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

41

associada às diferentes épocas do ano, como uma forma de promover a região

e até como meio de fidelização de clientes.

Palavra-chave – Diversidade.

6- Explorar a Natureza

O turismo em ambiente rural tem ainda uma característica incontornável – a

sua proximidade à Natureza. Os pontos de contacto entre o Turismo Rural e o

turismo de natureza são óbvias e para além das áreas de maior interesse e

expansão como o birdwatching, existem muitas outras para as quais começa

agora a despontar o interesse como os cogumelos, as orquídeas, os rios e os

geoparques. No nosso país praticamente não existe a chamada “Natureza

intocada”, o que existe é uma Natureza resultante dos milhares de anos de

interação entre o Homem e a natureza, que levaram à criação de habitats

únicos e extremamente ricos em biodiversidade.

Palavra-chave – Conhecimento.

7- O poder da água no Centro de Portugal

Na mesma linha do turismo na Natureza, uma outra marca forte que existe no

nosso país, em particular no Norte e no Centro é a Água. Este agente

modelador de paisagem é, para além disso, uma história por contar, podendo

funcionar como narrador de uma oferta rica em conceitos, em paisagens e em

atividades diferenciadas. Desde a mera contemplação, passando pelas

atividades radicais a realizar nos rios ou pela importância que o mar pode

assumir na diferenciação da oferta e terminando no seu poder curativo,

explorado nas termas, este é sem dúvida um vetor crucial, no âmbito deste

projeto.

Palavra-chave – Aventura.

8- Enoturismo revisitado no Centro de Portugal

O potencial associado ao turismo do vinho e da vinha é amplamente conhecido

em algumas regiões do nosso País, pelo que, sendo incontornável, é necessário

revisitá-lo, dando-lhe uma nova roupagem e encontrando formas de potenciar

os recursos existentes. Se a lógica que procuramos é uma lógica de redes,

criemos então a malha que una diferentes espaços e valências e que dinamize

infraestruturas na procura do desenvolvimento do seu próprio negócio. Com

esta oferta queremos que os clientes fiquem exaustos, mas felizes, porque a

pé ou de bicicleta conhecerão algumas das mais fantásticas vinhas e adegas do

centro do nosso país. Ou que, simplesmente, cheguem a uma adega já com os

cinco sentidos despertos para a fase seguinte da experiência enoturística.

Palavra-chave – Inovação.

Definidos os drivers estratégicos que conduzem a nova ruralidade em Portugal

e em particular na zona piloto, passaremos agora a explicar detalhadamente a

lógica associada ao modelo 5x5, de forma a que a ferramenta que se criou seja,

nas mãos da PRIVETUR, uma bandeira para o seu crescimento, garantindo a

perceção de valor que potenciais novos associados sentirão por fazerem parte

desta plataforma associativa.

Comecemos, então, seguidamente, por analisar as redes aprofundadamente,

uma por uma (ponto seguinte e Anexos).

Page 48: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

42

3. As Redes 5x5

Definida a proposta de valor que consideramos mais poderosa para cumprir os

objetivos do Projeto, importa aprofundar o contributo potencial de cada uma

das redes e as circunstâncias em que podem ser úteis para enriquecer o

modelo, no sentido de aumentar a escala e visibilidade da oferta e a robustez e

eficácia dos negócios de Turismo Rural.

3.1 Contributos da Rede de Caminhos Pedestres

“Vou dar uma volta a pé”…

Quanto vale um percurso pedestre? Qual o seu real valor turístico? Como

transformar recursos em produtos e componentes da oferta turística?

Existe em Portugal uma rede extensa de percursos pedestres. De Norte a Sul,

encontramos enorme diversidade de propostas, algumas homologadas, outras

amadoras, outras “em teste”, sendo que alguns destes são marcadamente

paisagísticos enquanto outros são temáticos e foram desenhados para serem

acompanhados por especialistas, podendo ainda possuir uma forte

componente cultural ou etnográfica.

Existem ainda percursos para todos os tipos de utilizadores – ocasionais, de

descoberta, desportistas, mobilidade suave, sendo que a maioria destes foram

promovidos por autarquias e refletem a organização territorial, mesmo

quando o percurso procura mostrar os recursos endógenos da região.

Alguns exemplos são casos assinaláveis de diversificação da oferta em função

de uma ultra-segmentação e adivinha-se o seu potencial de atratividade, como

por exemplo os associados ao geo-turismo, nomeadamente através dos

geoparques.

Finalmente, temos as grandes rotas que poderão ser encarados como

instrumentos indispensáveis para afirmação de regiões como destinos

turísticos, como está a acontecer no Algarve e na costa Vicentina.

Esta malha fina, rica e de difícil penetração para o promotor ou operador

turístico, tem também,fruto dessasmesmas características, fragilidades,

precisamente por ter na sua origem motivações diversas e não ter sido

orientada estrategicamente.

Não existe um trabalho de consolidação a nível nacional e para fins turísticos

desta rede, pelo que se confundem propostas de valor e avaliação do

potencial turístico.

Deste modo, o operador que procura destacar um conjunto de percursos

adaptáveis ao seu modelo de negócio, depara com uma tremenda dificuldade

na avaliação dos recursos disponíveis. Como saber se um percurso tem

potencial para vir a atrair turistas de outras zonas do país ou mesmo do

estrangeiro? Testando, claro, dir-se-á, mas o método da verificação no terreno

deveria ser aplicado não numa fase inicial de seleção, mas numa fase posterior

de operacionalização. A probabilidade maior é de escaparem ao olhar do

operador algumas das propostas mais valiosas – na voz dos promotores de

cada percurso, nunca encontrámos avaliações que não criassem grandes

expectativas.

Page 49: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

43

O Pedestrianismo e as férias a pé são uma oportunidade para:

Melhor gestão do turismo local;

Aumentar a atratividade do Turismo Rural;

Desenvolver oportunidades de negócio, quer em serviços básicos quer em serviços turísticos de suporte e especializados;

Desenvolver parcerias locais dinâmicas.

Na criação de produtos turísticos que envolvam um percurso pedestre,

importa distinguir os casos capazes de se afirmarem com uma proposta de

valor clara e diferenciadora. São estes, à partida, os percursos com potencial

de atratividade turística.

No entanto, nem todas as oportunidades aparentes para desenvolver este

tipo de oferta são realmente interessantes do ponto de vista turístico.

Antes do mais, é preciso avaliar se a região tem potencial turístico real. O

turista está interessado em mais do que ter um caminho para andar, sendo

que o valor de um percurso se cruza com a atratividade da região onde se

insere: paisagem, identidade cultural, serviços para o turista, bem como o

conjunto de produtos turísticos disponíveis antes, durante e depois da

atividade.

Num mercado muito segmentado, é essencial fazer o targeting do produto

turístico.

Só alguns percursos terão potencial para atrair turistas estrangeiros, sendo que

a maioria se destina sobretudo a um mercado local ou nacional. Escolhido um

posicionamento, importa adequar as restantes componentes para a criação de

um produto coerente e atrativo, sendo que nestas condições, a identificação

das necessidades de marketing fica muito facilitada.

Page 50: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

44

3.2 Contributos da Rede Ciclável

Muito mais do que conquistar uma performance,

trata-se de conseguir jornadas de prazer, relaxamento,

com o apoio de uma bicicleta na natureza que leva a todo o lado

A paisagem natural, a gastronomia com os vinhos e o clima ameno são três das

principais correntes que fazem rolar a crescente procura de férias ou mini-

férias em bicicleta. A principal ambição é a de pedalar rumo a jornadas de

bem-estar, em família, em grupo ou até em modo solitário, longe dos bulícios.

A ONG britânica Sustrans identifica dois formatos principais para turismo com

bicicleta:

Férias ciclistas: Em que o ciclismo é a principal motivação do turista e

em que existe um desejo desportivo central ligado à bicicleta.

Férias com bicicleta: Em que a bicicleta é um apoio ao programa de

férias. O prazer dos lugares por onde se vai pedalar sobrepõe-se

amplamente à ideia desportiva.

Entidades especializadas, como é o caso da EuroVelo e da Australian Bicycle

Council, convergem no referenciardo turismo em bicicleta como um dos

sectores em mais rápido crescimento na indústria turística, com potencial para

se tornar um mercado crucial e gerar significativo volume de negócios. Já

aSustrans estima que 7% dos turistas na Irlanda recorrem à bicicleta e que a

percentagem de turistas que recorrem à bicicleta em pelo menos uma parte

das férias sobe, no caso da Alemanha, para uma percentagem surpreendente

de 25%. A EuroVelodefende que o negócio do turismo em bicicleta venha a

movimentar na Europa, em 2020, 21,5 mil milhões de euros, havendo desde já

dados que podem suportar esta confiança: a indústria do turismo em bicicleta

está a produzir na Suíça receitas que multiplicam por dez o capital investido.

É indiscutível que o turismo em bicicleta representa valor acrescentado para

os mercados turísticos e para as economias locais.

Gera negócio, movimenta o comércio e os serviços locais, da restauração ao

artesanato, dos programas do campo às atividades culturais ou de lazer.

Acresce a tudo isto o tratar-se de uma forma sustentável de turismo, de

“pegada negativa” irrelevante sobre o ambiente ou as comunidades locais.

Por tudo isso, a bicicleta é, e deve ser, uma aliada do Turismo Rural. Muitos

alojamentos anunciam já percursos de bicicleta na sua envolvente, como

produto de animação turística complementar, alguns dos quais são explorados

por empresas de animação turística e outros criados para serem explorados de

forma autónoma.

Alguns alojamentos possuem bicicletas para os seus hóspedes e noutros casos

sabem referir onde se podem alugar equipamentos e situar as ecopistas e

percursos sinalizados na proximidade.

Mas que percursos são estes? Quem servem?

A verdade é que em Portugal o produto “férias de bicicleta” encontra-se muito

pouco explorado e é por essa razão que temos que nos questionar sobre que

oportunidades surgem quando associamos a rede de alojamentos às redes

para bicicleta (ecopistas, ecovias, ciclovias e traçados entre pontos de

interesse e/ou alojamentos para bicicleta). Especificamente:

Page 51: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

45

Que vantagens únicas pode a rede de alojamentos oferecer:

A pergunta que se coloca é de facto ‘o que pode o alojamento rural trazer de

novo e como pode contribuir para aumentar ou diversificar a oferta turística

através do cruzamento de redes de alojamentos com redes de ecopistas,

ecovias e ciclovias?’ e para essa questão há várias respostas que, em conjunto,

criam uma oferta com valor acrescido:

Ajudar a criar o produto turístico Ecopista: “A ecopista como um

destino turístico”;

Promover férias sem automóvel, no caso de alojamento nas

imediações da ecopista/ecovia;

Criar rotas que unem ecopistas e ciclovias ao alojamento;

Apoiar os cicloturistas – alojamento “amigo dos ciclistas” ou “bike-

friendly”;

Prestar serviço de informação de apoio;

Disponibilizar cesto de piquenique e refeições ligeiras para levar na

mochila;

Prestar serviço de pequenos transferes locais entre alojamentos e a

partir da estação de comboios ou autocarro mais próxima;

Prestar apoio em caso de necessidade de interrupção de percurso;

Promover a tematização da ecopista: itinerários temáticos que

diversificam a oferta com base num mesmo recurso turístico;

Promover o conceito de Viajar Devagar (Turismo slow);

Ultra-segmentação: diversificar segmentos, criando produto para

diferentes segmentos económicos e sociais;

Providenciar o aluguer/empréstimo de bicicletas (modelo homem,

mulher e criança), para passeios e especializadas para cicloturismo e

BTT.

Que produtos turísticos inovadores podem ser criados?

Há que considerar a motivação principal e secundária para andar de bicicleta

nas férias/breaks:

Produtos turísticos temáticos: percursos, rotas e pacotes temáticos;

Eno-bike-turismo;

Programas para Viajar devagar (Turismo slow);

Turismo de Natureza (ver o patrim;ónio de perto, birdwatching,

percursos ribeirinhos)

Ficar em forma/ turismo saudável;

Férias sem carro;

“Viajar leve”.

As oportunidades para se capitalizar sobre a integração da rede para bicicletas

no turismo no campo, em articulação com a rede de alojamento variam

substancialmente de região para região do país, por diversos motivos:

investimento público diferenciado, características geo-morfológicas do

território e distância aos grandes núcleos urbanos.

Quando queremos criar uma oferta de turismo de bicicleta, a primeira questão

que importa abordar é a relação do alojamento com as necessidades

específicas do ciclista (parqueamento da bicicleta, lavagem dos equipamentos,

etc.). De facto, existem já noutros países redes de alojamentos “bike-friendly”

e em Portugal, começou também já a ser estruturada uma rede de hotéis com

esta função, no entanto seria extremamente importante e positivo estender-se

conceito a alojamentos no campo que deverão estar assinalados de forma

clara e identificativa.

Page 52: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

46

Por si só, esta diferenciação deverá ser um pólo de atração para ciclistas,

independentemente de ser criada alguma oferta de produtos turísticos

específicos para este sector de mercado, como rotas ou percursos.

É extremamente importante para o desenvolvimento da estratégia de marca

escolhida – de forma a que esta se constituar como um “cluster”

incontornável quando se procura férias de bicicleta no campo - estruturar

uma oferta variada e simultaneamente dirigida a diferentes segmentos,

tipologias de férias/breaks e motivações principais para a viagem.

Neste formato, ainda que cada promotor possa até estar apenas envolvido

numa proposta oferecida por uma micro-região, o conjunto das propostas

permite criar a noção de volume e diversidade de oferta, mesmo quando os

produtos não estão todos disponíveis simultaneamente.

Deste modo, deve ser imediata para o utilizador a perceção de que existe

oferta dirigida ao seu perfil e interesse do momento, devendo ser

disponibilizada informação do tipo:

nível de dificuldade;

adultos / jovens / 3ª idade / família / casal / grupo de amigos;

budget;

mobilidade suave / turismo ativo / turismo aventura;

estilo clássico / estilo moderno / rústico /formal / descontraído;

turismo de Natureza / touring cidade+campo / turismo religioso /

turismo cultural / turismo eno-gastronómico / turismo de saúde /

ecoturismo

No cruzamento com a rede de alojamentos, importa compatibilizar o estilo

de alojamento, ou série de alojamentos, com o tipo de produto a ser

disponibilizado, de modo a estabelecer-se um perfil específico que seja

coerente com a oferta.

Page 53: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

47

3.3 Contributos da Rede Equestre

A trote e a galope, explorar as experiências

(inverter a tradição de escassa oferta)

O turismo equestre é reconhecido em diferentes países como um importante

segmento dentro das atividades de turismo e lazer, com número de adeptos

em grande crescimento, sendo que um exemplo disso é o número de

associados que compõem hoje a Associação Francesa de Turismo Equestre

(ANTE, criada em 1963) e que conta atualmente com 200 mil pessoas.

Foquemo-nos no raid equestre como passeio e atividade com base no alojamento em Turismo Rural: cruzando os campos complementares do turismo equestre e do Turismo Rural.

Os raids equestres, encontram-se em nítida expansão na Europa e na América

do Sul, nomeadamente no Brasil, onde o crescimento é mais expressivo. É uma

prática que requer cumplicidade entre cavalo e cavaleiro, boa dose de

preparação técnica e disponibilização de apoios logísticos especializados.

Uma sigla que aparece com frequência associada aos raids equestres é TREC.

As raízes desta expressão passam certamente pelo significado da sonoridade

da palavra que em inglês remete para “trilho” e em árabe para “caminho”. Na

prática equestre, TREC é a sigla de Técnicas de Rotas Equestres de Competição

e a sua prática desenvolveu-se em França, nos anos 80 do século XX, por

intermédio de grupos de cavaleiros desejosos de medir os seus cavalos e as

suas competências equestres. Nos Estados Unidos da América já nesse tempo

era desenvolvido o “trail ride” – em competição ou por passeio.

Portugal dispõe de recursos excepcionais para se tornar um destino de

excelência do turismo equestre.

Esses recursos passam pela tradição centenária da arte equestre portuguesa,

pelo património notável do cavalo português (o Puro Sangue Lusitano, o

Garrano e o Sorraia), e também pelo clima ameno e pela natureza diversificada

do território, de orografia diversificada. A simpatia das populações e a

reconhecida segurança são outros fatores que colocam Portugal como palco de

excelência para o Turismo Equestre.

Existem várias infraestruturas para apoio a passeios equestres, razoavelmente

distribuídas pelo território português e a qualificação de todos os principais

envolvidos com o sector equestre (as coudelarias, os centros hípicos, os

criadores, as escolas, os profissionais) constituem um valor precioso existente

para o consistente desenvolvimento do turismo equestre.

Alguns caminhos abertos pelos portugueses com as suas montadas, ao longo

dos séculos, para poderem ligar o litoral ao interior, o norte ao sul ainda

existem hoje em dia, embora muitos já só em pequenos troços ou vestígios,

podendo ainda assim constituir uma enorme mais valia do ponto de vista do

turismo equestre. E a verdade é que vários destes troços se localizam na

proximidade de alojamentos de Turismo Rural.

Assim, há enorme potencial para desenvolver um novo produto turístico

assente numa rede de percursos equestres, no entanto, importa dinamizar a

criação e marcação de percursos próprios, sinalizá-los, criar uma homologação

que garanta a sua qualidade e ainda garantir a sua manutenção. Importa

também desenvolver estudos, planear, apurar da qualificação profissional,

favorecer a criação de novos equipamentos em localização estratégica e

promover planos de marketing. Devem ser exploradas as mais ousadas

parcerias envolvendo o sector privado e o sector público, tendo em vista a

Page 54: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

48

dinamização integrada de produtos inovadores em torno do turismo equestre

em ambiente rural.

O turismo equestre, assentando no mundo do cavalo, desenvolve-se em dois

formatos principais:

o turismo a cavalo: baseia-se na convivência entre cavaleiro e cavalo,

com o desfrute de passeios, excursões a cavalo ou até lições de

equitação;

o turismo em torno do cavalo: remete-nos para feiras, exposições,

visitas a explorações e festivais equestres.

A nossa atenção nesta análise vira-se prioritariamente para a promoção de

jornadas de passeio a cavalo – passeios e raids - para turistas baseados na

rede de alojamentos rurais, por ser esta a componente geradora de negócio,

diretamente associável ao Turismo Rural.

O interesse no desenvolvimento desta rede de Turismo Equestre interligada

com o Turismo Rural é potenciado pela atração que é suscitada por várias das

raças autóctones de cavalo de Portugal, especificamente o Puro Sangue e o

Lusitano, bem como as raças Garrana e Sorraia. É um campo com enorme

potencial por explorar.

Page 55: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

49

3.4 Contributos da Rede de Vias Panorâmicas

Paisagens à vista

Onde tudo está por fazer

Quanto vale uma paisagem do ponto de vista turístico? Como se transforma

uma panorâmica incrível num recurso rentável do ponto de vista turístico?

Apesar de Portugal ser um país de paisagens riquíssimas e extremamente

diversas, que cria uma manta de retalhos paisagística de grande valor, não

existem ainda infraestruturas organizadas do ponto de vista turístico que

permitam dizer que temos uma oferta de turismo panorâmico. A oferta no que

respeita ao turismo panorâmico em Portugal limita-se, na realidade, aos

milhares de miradouros espalhados pelo país, mas que por si só,

desenquadrados, possuem um valor extremamente reduzido.

Podemos ter paisagens fantásticas e pontos de observação com panorâmicas

excecionais, mas não existindo informação específica e centralizada sobre

onde estão e quais as suas características, estes tornam-se quase impossíveis

de encontrar por quem não possui um bom conhecimento do território e por

isso não podem sequer ser considerados como recursos turísticos.

Para que se possa falar de uma rede de vias panorâmicas falta fazer

praticamente tudo.

Falta em primeira instância fazer um levantamento sistematizado das vias com

maior potencial para serem exploradas do ponto de vista turístico devido às

suas qualidades panorâmicas. Neste aspeto, apesar de que quando pensamos

em vias panorâmicas remetermos o nosso raciocínio diretamente para a

mobilidade automóvel ou por estrada, não devemos esquecer outras formas

de mobilidade que poderão constituir meios importantes para este tipo de

turismo, como o combóio e o barco.

Como no caso específico desta rede não existem ainda produtos operacionais

em Portugal, de seguida aborda-se de forma breve, as principais tarefas a

desenvolver para a criação da oferta de vias panorâmicas.

O primeiro passo no desenvolvimento de uma rede de vias panorâmicas é o

levantamento exaustivo e detalhado de todas as vias com potencial interesse

panorâmico e a avaliação das mesmas.

Estas vias podem ser avaliadas segundo diversas perspetivas,no entanto

existem critérios que têm de ser obrigatoriamente referidos como:

o tipo de via,

as características diferenciadoras da paisagem,

a diversidade de paisagens abrangidas,

a existência ou não de locais de paragem e estacionamento e

a quantidade de tráfego.

Depois de avaliadas as vias, há que selecionar as de maior interesse, na ótica

da estratégia de desenvolvimento definida, tendo também em consideração a

perspetiva de rede, ou seja, deve ao máximo tentar que haja pontos de

ocmunicação entre as diferentes vias, criando linhas de continuidade.

Feita a seleção, o próximo passo será a produção dos materiais informativos e

de divulgação, bem como da imagem associada às vias. Note-se que não é de

forma aleatória que se coloca esta produção dos materiais informativos numa

fase anterior à sinalização.

Page 56: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

50

De facto, do ponto de vista turístico, é mais importante criar a informação,

mesmo que a via não esteja sinalizada no terreno, do que sinalizar e depois

não ter informação disponível.

3.5 Contributos da Rede de Alojamentos em ambiente rural

O difícil é escolher, cada casa é um convite diferente para entrar no campo

Quanto vale um alojamento rural? Qual o seu real valor turístico?

E quanto pode valer esse mesmo alojamento se estiver inserido numa rede

que potencie a sua gestão turística?

Há um enorme grau de imprevisibilidade sobre a evolução da maioria dos

negócios de alojamento rural. Seguramente, uma percentagem dos cerca de

mil alojamentos existentes atualmente em Portugal consegue ter o negócio

consolidado, mas na maioria dos casos, será muito difícil articular as muitas

variáveis que influenciam o volume da atividade e quota de mercado, de modo

a conseguir-se uma previsão realista do volume de negócios. Isto deve-se à

natureza pulverizada da atividade, juntamente com a escala de micro-empresa

em que operam e à dependência de promoção própria, que limitam a

capacidade destes empresários para investir e procurar reduzir riscos.

Por outro lado, do ponto de vista do cliente, a incerteza é também um fator

crítico:

como avaliar a qualidade do alojamento e saber o que esperar, se não há um

sistema de classificação como na hotelaria tradicional?

Noutros países, foi já realizado este investimento, tendo sido canalizado

através das associações de Turismo Rural homólogas da PRIVETUR e que são

membros da EUROGITES, com resultados positivos do ponto de vista da

procura.

O mercado do alojamento no campo tem evoluído nos últimos anos, com

diversas casas a encerrarem atividade e outras, neste mesmo período, a abrir

ao público.

Muitas destas novas unidades encaram este negócio de uma forma mais atual

e fazem-no de origem, desde o desenho do seu modelo de negócio, sendo

assim unidades que procuram absorver as novas tendências do turismo, sendo

que, cada uma à sua escala, de forma mais profissional ou mais intuitiva,

deixam para trás o modelo de negócio que orientava há uns anos o alojamento

rural. E assumem que o turista não sai de casa para ir dormir.

Reconhecem, por isso, a importância dos serviços turísticos complementares,

serviços básicos e serviços especializados procurando associar à estadia algo

para fazer, eventualmente sob a forma de propostas relacionadas com

verdadeiras experiências de contacto com o campo, a ruralidade ou a

natureza.

Do ponto de vista deste estudo, interessa-nos particularmente analisar não

cada caso individualmente, mas sim o potencial turístico da afiliação dos

alojamentos em rede e da sua articulação com as outras quatro redes em

análise.

Ainda que sem valores comparativos para o cenário nacional, é intuitivo

pressupor que a integração numa rede operacional orientada para

desenvolver o Turismo Rural, diminuirá, à partida, alguns dos imponderáveis

e das fragilidades que resultam da micro-gestão de casas isoladas.

Page 57: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

51

O funcionamento dos alojamentos em rede surge assim como uma

oportunidade para:

Melhorar a gestão da oferta com mais robustez, escala e eficácia;

Providenciar maior visibilidade da oferta;

Criar oportunidades de negócio, quer em serviços básicos quer em serviços turísticos de suporte e especializados;

Desenvolver parcerias locais dinâmicas para melhorar a qualidade da oferta,

Desenvolver produtos turísticos inovadores;

Aumentar a atratividade do Turismo Rural;

Contribuir para a afirmação de destinos turísticos.

Algumas regiões do país apresentam maior concentração de alojamentos

rurais, posicionando-se, à partida, como áreas onde é mais fácil organizar

produtos com multi-alojamento, presumindo-se que haverá aí maior

diversidade de alojamentos e maior capacidade para corresponder a perfis na

segmentação:

Fonte: Turismo de Portugal. INE. 2011

Figura 2 – Distribuição nacional do alojamento

Num mercado muito segmentado, é essencial fazer o targeting do produto

turístico.

Depois de escolhido um posicionamento adequado à identidade que

caracteriza o espaço e o tipo de hospitalidade oferecida pelo alojamento,

importa adequar uma rede de serviços e produtos complementares, básicos e

especializados, que darão suporte à proposta de valor e contribuirão para a

qualidade da oferta global da casa.

Portugal tem custos muito competitivos para serviços, pelo que facilita a

criação de um bom pacote de serviços básicos e complementares, ainda a

preços aliciantes, que vem aumentar a qualidade da oferta e constituir-se

como um fator diferenciador em relação à concorrência de outros destinos de

Turismo Rural, como Espanha e França.

3.5.1 Identidade do alojamento

A diversidade e personalização é um dos aspetos mais interessantes que

distinguem o alojamento rural, mas para que este conceito se transforme num

benefício para o proprietário de um alojamento, é importante que este

dedique algum esforço na identificação clara da proposta de valor individual.

Naturalmente, na comunicação para o público, nos sites e folhetos de

apresentação, procura-se mostrar o que o alojamento tem de melhor – a

arquitetura e decoração da casa, a envolvente, os serviços turísticos, detalhes

sobre a hospitalidade, o ambiente geral. Contudo, tratando-se de um negócio

Page 58: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

52

onde há claro excesso de oferta em relação à procura, haverá mais a fazer pela

comunicação da proposta de valor em causa.

Qual é realmente o principal motivo para se escolher uma qualquer

determinada proposta em detrimento de outras?

Falta talvez alguma agressividade e vitalidade no marketing dos alojamentos

rurais, que se coíbem de usar todos os instrumentos à sua mão para

promover a sua oferta.

Existe uma outra razão para investir na definição de uma identidade para o

alojamento: esse trabalho é extremamente útil na operacionalização do

marketing. Efetivamente e antes do mais, essa é a base que ajudará o trabalho

de segmentação, de targeting e de clienting que deve orientar criação de

produtos turísticos complementares e a organização da oferta.

Este trabalho é também crucial para a composição de produtos turísticos em

formato rota e que envolvam a proposta de alojamento em mais do que uma

casa: importa estabelecer critérios de adequabilidade desses alojamentos ao

tipo de produto/experiência e ao segmento a que se destina.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

53

3.5.2 Motivação

O turista rural procura uma viagem experiencial de contacto com o campo e

que lhe permite quebrar rotinas urbanas, podendo estar mais interessado

numa viagem de relaxamento e tranquilidade, ou em alternativa, em

atividades mais participativas ou físicas que exploram ativamente o campo.

Do mesmo modo, durante a sua estadia no alojamento, o turista pode

valorizar mais a tranquilidade e a privacidade nos espaços exteriores da

propriedade ou gostar de sentir a vitalidade do espaço (atividades agrícolas,

horta, jardinagem, workshops para turistas, etc.).

Alguns destes turistas são particularmente exigentes em relação aos valores

paisagísticos da área de inserção do alojamento, mas este é um tipo de

turismo no qual a valorização da qualidade da paisagem é uma constante.

Existem, no entanto, alguns factores que podem ser apresentados como

diferenciadores da oferta em alojamento rural:

a ruralidade;

a proximidade a valores naturais como fauna, flora, elementos

geológicos, habitats específicos;

tradicionalidade das características do alojamento;

diferentes tipologias e graus de conforto.

Do mesmo modo, turistas provenientes de diferentes mercados valorizam de

forma diferenciada aspetos particulares a que importa estar atento na ultra-

segmentação da oferta.

Enquanto factores diferenciadores presentes na ultra-segmentação da oferta,

importa ainda comunicá-los de forma assertiva, facilitando o acesso direto ao

tipo de clientes a que se pretende chegar.

Page 60: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

54

4. Linhas Orientadoras – conhecer as Valências

Próprias

No desenvolvimento de uma oferta turística que seja integradora de diferentes

valências, mas ao mesmo tempo diferenciadora e direcionada a targets

específicos, é necessário, em primeira instância, fazer uma análise profunda e

detalhada do que são as valências próprias de quem desenvolve o produto e

dos recursos que o rodeiam.

É do correlacionamento desta análise com os aspetos diferenciadores do

alojamento rural que se tornam óbvios quais os pontos fortes do alojamento e

qual a melhor forma de os explorar.

De forma a facilitar esta análise, foi criada uma checklist (disponível para os

sócios PRIVETUR) que elenca um extenso leque de valências que os

alojamentos podem possuir ou ambicionar em possuir como forma de resposta

ajustada a cada uma das redes analisadas.

Estas valências encontram-se relacionadas com os fatores que consideramos

diferenciadores do alojamento rural. Servem para os potenciar.

São quatro os fatores críticos de sucesso para o Turismo Rural:

A arte de bem receber

A proximidade aos recursos

A autenticidade

A rede de parceiros locais

A checklist pode ser utilizada de duas formas distintas pelo promotor do

alojamento rural:

Como forma de identificação das valências estratégicas que possui e

definição da(s) rede(s) ou driver(s)do turismo que melhor se

adequa(m) à sua oferta e que, por isso, deverão desenvolver

Como forma de identificação das características que deverá possuir

para se apresentar como um ator de referência na rede ou driverdo

turismo no qual se pretende posicionar

Esta checklist, usada da forma correta deverá ter associada uma escala

temporal, considerada adequada pelo promotor, no sentido de entender quais

as valências que entende possuir no momento atual e quais aquelas que

pretende vir a criar ou trabalhar e em que espaço de tempo. Aliando a

informação que retirará desta ferramenta e aquela que advirá das restantes

ferramentas associadas ao Modelo 5x5, o promotor e empreendedor de

Turismo Rural poderá definir diferentes cenários, que levem em consideração

não só as valências próprias, mas também o território, o cliente e os parceiros.

Page 61: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

55

6. Conhecer os Clientes e definir o Posicionamento

No decorrer da identificação de todas as valências que vão caracterizara

aposta de posicionamento do alojamento empreendedor e conduzir a sua

potenciação, é essencial dedicar tempo a avaliar os mercados e a perceber

quais os que queremos trabalhar ou, em última instância, podemos

trabalhar.

O Produto Turístico Temático que emerge do Projeto 5x5 corresponde a

uma oferta de cariz transversal, sem barreiras territoriais e geopolíticas de

qualquer género. Pretende-se que a oferta traga luz às mais-valias

existentes na troca de experiências, de conhecimentos e até de clientes,

promovendo ‘o que é de todos’ e não apenas ‘o que é de cada um’.

Deverá portanto funcionar como uma ferramenta facilitadora que guiará os

empreendedores atuais e futuros no desenvolvimento ou consolidação do

seu negócio, uma vez que foi criada para definir quais os principais fatores a

ter em conta na altura de autonomamente desenvolverem a sua própria

oferta integrada.

Por estar fortemente assente na ótica de redes, estes novos produtos

surgem associados a uma base de dados ampla de ‘fornecedores de

serviços’ que em conjunto criarão então ‘A’ experiência (vide Base de Dados

Geográfica GE). A PRIVETUR passará a poder disponibilizar aos seus

associados uma plataforma dinâmica que a qualquer momento permitirá

dar resposta às suas necessidades de enquadramento territorial dos

produtos.

Depois de conhecidos os vetores estratégicos que regem o fortalecimento

de um conceito comum, apresentam-se agora os parâmetros que dão

seguimento a este novo modelo de construção de oferta para o turismo em

ambiente rural e que têm por objetivo funcionar como guia para os

empreendedores.

Assente no pressuposto do levantamento atualizado da oferta

complementar ao alojamento em Turismo Rural, no que concerne às redes,

mas também a outras valências de importância temática, de acordo com o

trabalhado apresentado no ponto anterior, este ponto surge como um

exemplo paradigmático de serviço que a PRIVETUR deverá prestar aos seus

associados.

Assim, e de acordo com a lógica das cinco redes, definiram-se cinco

parâmetros que importará ter em conta na altura da criação de uma oferta

integrada (vide Figura 3, página seguinte) quando se pretende analisar os

clientes potenciais.

Estes parâmetros são:

5 Redes

Advém da designação do projeto propriamente dita e da importância

que as redes já identificadas - Casas de Turismo Rural, vias Cicláveis,

vias Pedestres, vias Panorâmicas e vias Equestres - podem assumir na

estruturação da oferta e na afirmação da marca associada à Ruralidade.

É nelas que se colocará o enfoque, pois são elas que estruturam o

território numa lógica que permita definir o que é mais interessante

para cada público-alvo, mas também para cada alojamento, tendo em

conta as suas características e valências específicas, sendo que estas

nos remetem para a Tipologia.

Page 62: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

56

Tipologia

5 Redes

Grupos

Duração

Perfil

Figura 3 – Infografia de base para o modelo 5x5, na lógica do cliente

Tipologia

A Tipologia refere-se essencialmente ao ambiente e experiência

intrínseca que um determinado alojamento de turismo em ambiente

rural proporciona aos seus clientes e que por si só poderá ajudar a fazer

uma primeira segmentação dos turistas que o procuram, de modo a

que dele retirem a melhor experiência. Não se seguiu, portanto, uma

lógica estritamente legislativa.

Optámos estrategicamente pela classificação como ‘Turismo de

Habitação’, ‘Traça Rústica’, ‘Design’, ‘Hotel Rural’, ‘Agroturismo’ e

‘Cabanas/Ninhos’. Todas estas designações têm cabimento conceptual

na lógica da Ruralidade, enquanto conceitos que queremos potenciar.

- Turismo de Habitação: Solares ou casas apalaçadas localizadas em

ambiente rural, habitadas pelos proprietários, e que assumem um

cariz familiar mas requintado, onde a vivência do antigamente é

transmitida pela riqueza patrimonial e cultural do imóvel. De

dimensões reduzidas estará principalmente orientado para

pequenos grupos ou casais.

Page 63: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

57

- Traça Rústica: Correspondem a imóveis ostensivamente rurais, onde a

traça foi preservada para trazer à vida tempos de antigamente.

Correspondem a alojamentos de pequena dimensão que por vezes

sacrificam espaço de dormidas para garantir a manutenção de

determinados espaços-museu, como eiras, casas de gado ou lagares

que são preservados para memória futura. Será talvez, a mais

consensual das tipologias, pois terá alma e estrutura suficientemente

elástica para receber todos os tipos de público. Enquadram-se aqui a

maioria dos alojamentos de turismo rural.

-Design: O princípio desta tipologia é aliar o ambiente rural de uma

casa no campo, com a modernidade e design que hoje tão

pacificamente podem coabitar em determinados espaços. Preservando

a traça original, mas providenciando uma nova vida e glamour aos

espaços, estes correspondem a alojamentos que estimulam os sentidos

a todos os níveis. O minimalismo poderá contrastar com a rudeza dos

materiais tipicamente usados nas construções de antigamente e o

contacto com o exterior é muitas vezes estendido para o interior como

se o cliente fizesse parte da natureza envolvente.

- Hotel Rural: De traça antiga ou moderna, mas necessariamente

integrado na paisagem rural, correspondem a empreendimentos de

maiores dimensões e portanto perfeitamente adaptáveis a grupos mais

alargados.

- Agroturismo: Esta tipologia agrega as valências de um alojamento em

ambiente rural com as atividades agrícolas propriamente ditas, que

nele decorrem, não como atividades turísticas complementares mas

como atividades de negócio principais, nas quais os turistas deverão ser

integrados e envolvidos. Assume um carácter muito pedagógico e o

contato com a terra atinge aqui o seu auge.

- Cabanas e ninhos: O carácter particular desta tipologia é por si só

bastante segmentador. São claramente uma minoria quando

comparados, em número, com as restantes tipologias, mas são

suficientemente atrativos para constituírem uma categoria por si

próprios. Desde casas de madeira isoladas no meio da floresta, a yurts

ou moinhos, correspondem a espaços de algum isolamento, plenos de

conforto, onde o convite à introspeção é uma das principais

características.

Duração

A duração da estadia é fundamental na segmentação dos mercados, e

na altura de decidir qual a oferta integrada que se vai oferecer aos

clientes é fundamental perceber como é que a oferta se constrói tendo

em conta as limitações temporais. Na lógica deste estudo, definiram-se

quatro classes temporais: duas noites (fim-de-semana); três noites (fim-

de-semana prolongado); seis noites (mini-férias); e catorze noites

(férias alargadas).

Grupos

A mesma atenção que se terá que ter para com a Duração da estadia é

essencial que venha a ser tida para o tipo de grupos de clientes que

procuram a oferta. Neste modelo distinguimos os grupos mais

conspícuos, que são os Casais, as Famílias e os Grupos, enquanto

classes propriamentes ditas. As necessidades de cada tipo são muito

distintas, pelo que os pontos a ter em conta para criação de oferta para

cada um terão que ser igualmente diferentes, como pode ser verificado

na checklist apresentada anteriormente.

Page 64: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

58

Perfil

Este parâmetro, podendo assumir uma complexidade difícil de

ultrapassar, foi dividido em apenas duas classes: Contemplativos e

Ativos. A lógica de associar o factor idade a um determinado perfil

encontra-se hoje em desuso, sendo inclusivamente um erro usá-la, pois

a chamada golden age consegue muitas vezes assumir um carácter

mais ativo do que as classes mais jovens. Este é portanto um

compromisso que servirá o propósito de segmentar clientes e

consequentemente as atividades que lhe serão propostas, sem que se

recorra ao espartilho da idade, mas que deve ser entendido numa

perspetiva de prática ocasional em oposição a uma prática mais

dedicada das atividades ou motivações para a viagem. Corresponde

ainda a um parâmetro cujo entendimento viverá muito da capacidade

de leitura dos clientes que se apresentam perante o empreendedor,

mas é igualmente uma forma de personalizar a oferta e, com isso,

garantir a satisfação dos clientes.

Partindo do pressuposto de que existe um aprofundado autoconhecimento

acerca das características da casa que se gere e que se conhece igualmente

o público com quem se trabalha maioritariamente, ou ainda um novo

mercado que se quer atrair, conseguiremos posicionar-nos de modo a

melhor enquadrar cada tipo de oferta nos vetores estratégicos.

A tabela seguinte resume os parâmetros que o empreendedor deve ter em

conta na fase inicial de organização da oferta para cada driver do turismo

em que aposte e que irá adaptar ao seu cliente-tipo ou gama de clientes-

tipo.

Tabela 1 – Parâmetros para a organização da oferta

Posto isto, para além dos parâmetros indicados até aqui, importa ainda

referir que o modelo foi construído tendo por base as características dos

mercados emissores que, de uma forma genérica, apresentam maior

potencial e interesse de captação.

Tal como já foi referido anteriormente estes são:

Escandinávia – Noruega, Finlândia, Dinamarca

EU Central – Alemanha, Holanda e Bélgica

EU Sul – França, Itália, Espanha

Reino Unido

Portugal

Brasi

5x5 Tipologia Duração Grupos Perfil

Pedestre T. Habitação 2 noites Casais Ativos

Ciclável Traça Rústica 3 noites Famílias Contemplativos

Panorâmica Design 6 noites Grupos

Equestre Hotéis Rurais 14 noites

Casas Agroturismo

Cabanas/ ninhos

Page 65: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

59

6. Descodificando o Modelo – os Parceiros e o

Território

Conhecendo os pressupostos que servem de base ao modelo 5x5, na ótica do

cliente, ou seja a hiper-sementação por temas em função dos drivers ou

vetores estratégicos, e os parâmetros que guiarão o posicionamento de cada

alojamento na oferta que melhor responde aos seus clientes-tipo, é

importante que os agentes promotores de um novo Turismo Rural

conheçam, à partida e de forma aprofundada, os parceiros e o território com

quem vão trabalhar e onde se pretendem movimentar.

Esse território é caracterizado paisagisticamente, demograficamente,

logisticamente, administrativamente e ainda,sujeito a instrumentos de

classificação territorial e de desenvolvimento turístico, e é importante que a

PRIVETURforneça informação assertiva aos seus sócios, de acordo com cada

realidade.

No fundo, se motivados para a criação da oferta em rede, que se diferencie

pelas características de cada cliente ou grupos de clientes, os empresários de

alojamentos em ambiente rural conseguirão de forma facilitada ter acesso a

informação privilegiada, recorrendo à PRIVETURque, com base na sua

ferramenta de Google Earth poderá em tempo útil descrever de forma macro

as características da região que o seu associado pretende trabalhar.

Há várias características do território a tomar em consideração:

Áreas classificadas

Como já foi referido anteriormente, 1/5 do território nacional encontra-se

classificado de alguma forma, o que significa que a conservação da Natureza

assume um papel preponderante nesses locais. Essa classificação alia a Rede

Nacional de Áreas Protegidas (RNAP) e ainda a Rede Natura 2000, a rede

europeia criada especificamente para esse fim.

A RNAP, atualmente regulada pelo Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho,

é formada por diversas tipologias de áreas protegidas, umas de âmbito

nacional, outras de âmbito regional-local e ainda outras de âmbito privado.

Essas tipologias são:

Parque Nacional

Parque Natural

Reserva Natural

Paisagem Protegida

Monumento Natural

As AP de âmbito regional-local podem assumir qualquer uma das quatro

últimas formas, seguida do epíteto local ou regional, sendo que as privadas

se designam por Área Protegida Privada.

Já a Rede Natura 2000 correspondea ‘uma rede ecológica para o espaço

Comunitário da União Europeia resultante da aplicação das Diretivas nº

79/409/CEE (Diretiva Aves) e nº 92/43/CEE (Diretiva Habitats) e tem como

finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats

mais ameaçados da Europa, contribuindo para parar a perda de

biodiversidade’.

Constituindo o principal instrumento para a conservação da Natureza na

União Europeia, a Rede Natura 2000abrange territórios terrestres e marinhos

e é composta por:

Page 66: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

60

Zonas de Proteção Especial (ZPE), que se destinam essencialmente a

garantir a conservação das espécies de aves, e seus habitats, listadas na

Diretiva Aves;

Zonas Especiais de Conservação (ZEC), que têm como objetivo

‘contribuir para assegurar a Biodiversidade, através da conservação dos

habitats naturais (anexo I) e dos habitats de espécies da flora e da fauna

selvagens (anexo II), considerados ameaçados no espaço da União

Europeia’.

Em Portugal, as ZEC que se encontram formalmente classificadas são

ainda em número reduzido, no entanto, a proposta de Sítios de

Importância Comunitária, que conduzirão à criação formal dessas ZEC, é

tida como de extrema relevância para a conservação desses locais.

Estas áreas classificadas são ex-libris naturais que não podem ser ignorados

na altura de criar uma oferta turística, daí que todas elas tenham sido

identificadas na ferramenta em Google Earth, especificamente para a zona

piloto do estudo.

Entidades com influência no território

Outra questão que deve ser tida em conta na hora de criar uma oferta

integrada pretende-se com ter a perceção de quais as entidades que poderão

estar envolvidas na gestão de um determinado local ou recurso turístico.

A PRIVETURpode assumir aqui, uma vez mais, um papel preponderante

enquanto elo de ligação, entre a força de ação no terreno e essas entidades

supra, ganhando uma vez mais ascendente na sua utilidade percebida por

potenciais associados.

Importa que os empreendedores conheçam as entidades que gerem o

território e qual o seu papel nessa gestão.

As entidades que importa salientar são:

▪ Entidades Regionais de Turismo

A publicação do Decreto-Lei n.º 67/2008, de 10 de Abril, criou cinco

áreas regionais, que refletem as áreas abrangidas pelas NUTS II – Norte,

Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve. Para além disso,

encontram-se ainda definidos os pólos de desenvolvimento turístico,

integrados nas áreas regionais – Douro, Serra da Estrela, Leiria-Fátima,

Oeste, Litoral Alentejano e Alqueva. Estas entidades, de acordo com o

Turismo de Portugal, ‘são responsáveis pela valorização turística e pelo

aproveitamento sustentado dos recursos turísticos das respectivas

áreas’.

▪ Câmaras Municipais

As Câmaras Municipais são, a par com as ADL, as entidades que estão

mais próximas dos empreendedores. Os processos de licenciamento de

novos projetos de alojamento correm sob a sua supervisão, mas acima

de tudo deverão ser elas as principais dinamizadoras de qualquer nova

oferta turística, potenciadora do desenvolvimento sustentável do seu

território, enquanto agentes macro de comunicação. Cabe-lhes ainda

analisar e eventualmente integrar projetos que tragam valor à região na

sua estratégia de promoção turística, englobando estruturas já

existentes e avaliando a hipótese de criação de outras que se

justifiquem dentro do quadro dessa mesma estratégia.

Page 67: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

61

▪ Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)

Ao ICNF, I.P.compete a gestão das Áreas Classificadas definidas no ponto

anterior. Revela-se particularmente importante como fonte de

informação na hora de criar uma oferta que integre, e deve integrar

sempre que possível, essas áreas.

▪ Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico

(IGESPAR)

O IGESPAR, I.P. foi criado através do Decreto-Lei nº 96/2007 de 29 de

Março tendo por missão ‘a gestão, a salvaguarda, a conservação e a

valorização dos bens que, pelo seu interesse histórico, artístico,

paisagístico, científico, social e técnico, integrem o património cultural

arquitectónico e arqueológico classificado do país’.

Tal como o ICNF, deve ser considerado como um excelente local de

pesquisa acervo de informação que permitirá consolidar a informação,

relativa ao património edificado e arqueológico, que se poderá associar

à nossa oferta.

▪ Associações de Desenvolvimento Local (ADL)

Estas são entidades altamente conhecedoras do território em que se

inserem. Conhecê-las é, em muitos casos, conhecer o que de mais

genuíno existe na região e é uma excelente forma de conhecer os

melhores parceiros para a nossa oferta integrada, quer sejam artesãos,

produtores locais ou caminheiros, que conhecem os segredos da região

melhor do que ninguém. Não serão as únicas, mas através das ADL

conseguir-se-á com grande facilidade selecionar determinadas atividade

que confiram um cariz de híper-segmentado e diferenciador à nossa

oferta.

Marcas de importância turística

Na altura de desenvolver a oferta existem outras questões que não podem,

nem devem ser ignoradas. No panorama do turismo português existem

marcas turísticas que, quer estejam associadas a infraestruturas simples -

como os Caminhos de Santiago ou a Via Algarviana - ou a outras mais

complexas como: os Polos Turísticos (de que são exemplos a Serra da Estrela

ou o Alqueva); projetos já desenvolvidos e trabalhados (como as Aldeias do

Xisto e as Aldeias Históricas); as Áreas Classificadas Naturais e o Património

Mundial da UNESCO; ou até cidades emblemáticas (como Coimbra), não

podem nem devem ser ignoradas.

Estes valores turísticos vivem por si só, e podem contribuir para alavancar o

desenvolvimento do Turismo Rural que os rodeia, pelo que é crucial que

sejam tidos em conta.

Acessibilidades

Por último, existe ainda uma outra questão à qual conferimos grande

importância na construção da oferta baseada no Modelo 5x5 e que diz

respeito à mobilidade. De tal forma que, quatro das cinco redes estão

diretamente associadas a este aspeto. Na ferramenta de GE são identificadas

as infraestruturas mais conspícuas já existentes no território associado ao

projeto-piloto, mas naturalmente, qualquer aporte fornecido pelo

conhecimento muito particular que os empreendedores tenham da sua

envolvente irá criar valor à sua oferta. Em redor da rede das casas gravitam

as redes pedestres, equestres, cicláveis e panorâmicas, todas elas

Page 68: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

62

promovendo a abolição de fronteiras e impossibilidades na satisfação das

necessidades particulares dos clientes.

Conhecendo os acessos que servem o alojamento, desde caminhos

pedestres, a vias de bicicleta, a estradas panorâmicas ou de acesso a

hotspots, passando por vias ferroviárias de interesse, todas elas devem fazer

parte da estratégia de desenvolvimento da oferta.

Reside aqui um dos maiores segredos de todo o modelo: é através das

acessibilidades que as palavras chave – tempo, caminho, hotspot e

momento – se fundem para criar a oferta, de forma qualificada e eficaz.

Numa perspetiva de experiência integral de turismo rural, será

particularmente relevante incluir na criação da oferta a ponderação sobre o

acesso do turista desde o momento de início da viagem.

A mobilidade suave e o driver Viajar Devagar criam, por si só, oportunidades

para a inovação na oferta.

Parceiros

Ora se é de redes que estamos a falar, e depois de analisadas todas as

condicionantes e potencialidades do território em causa, há que definir de

forma ponderada quem são os parceiros que cabem no conceito que

estamos a desenvolver e quais aqueles que respondem mais diretamente às

necessidades e desejos que queremos ver respondidos no que toca aos

nossos clientes. Estes são especiais nas suas particularidades e é por elas que

importa construir uma rede de parceiros o mais alargada possível.

A PRIVETUR pode aqui servir uma vez mais de base de informação,

providenciando uma resposta rápida a qualquer um dos seus associados que

a determinado momento queira dar uma resposta integrada a uma

solicitação particular de um cliente. Independentemente disso, já discutimos

a importância que as ADL podem assumir no que a este ponto em particular

diz respeito, mas cabe a cada empreendedor identificar também parceiros

que não estão cobertos por nenhuma associação, mas que poderão fazer

toda a diferença na sua oferta, desde enoturismos de maiores dimensões, a

outros alojamentos rurais que, numa lógica complementar, permitam alargar

a extensão do itinerário, garantindo que a oferta responde ao mais ínfimo

pormenor aos desejos dos clientes. É ainda importante não esquecer o papel

fundamental que as Empresas de Animação Turística locais podem

igualmente assumir na qualificação desta oferta.

Figura 4 – Iconografia representativa das parcerias potenciais

Como ferramenta facilitadora, a par da checklist de enquadramento e de

avaliação de potencial face às infraestruturas disponíveis, e com o Google

Page 69: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

63

Earth onde aparecerão os recursos turísticos associados a cada uma das

redes, desenvolvemos ainda a seguinte tabela a ser preenchida pelos

promotores para cada produto turístico temático que desenvolverem e que

agrega cada valência associada às redes, mas também a outros interesses,

como é o caso das áreas classificadas.

Tabela 2 - Quadro orientador da distribuição temática que compõe a oferta, por parceria

Esta matriz providenciará uma leitura rápida da capacidade de resposta

oferecida pelos diversos stakeholders relativamente à oferta integrada que se

PRODUTO TURÍSTICO TEMÁTICO X

TER ADL Outras

Associações

Empresas

de AT

Câmaras

Municipais Outros

Percursos

Pedestres

Ciclovias/

Percursos Cicláveis

Pólos de Equitação

Vias Panorâmicas

Outros Interesses

Nº unidades TER Associadas - Y

Page 70: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

64

quer apresentar, para além de permitir avaliar lacunas que poderão ser

colmatadas previamente ao lançamento do produto.

Acrescenta ainda a informação relativa a quantos parceiros de alojamento se

juntam ao produto.

Relativamente às unidades de Turismo Rural que lhe servem de base, poderá

ainda revelar-se útil levar em linha de conta parâmetros como

Proximidade

Oferta Paralela

Qualidade Verificada

Aproximação aos Valores da Sustentabilidade

Page 71: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

65

Mas é no cruzar da matriz anterior com os drivers que compõem a

resposta aos diversos clientes que se encontra a inovação e a força do

Modelo.

Do cross-chart, em formato de matriz dupla, que se apresenta

seguidamente, retira-se assim toda a informação essencial sobre ‘Como

Fazer?, O Que Fazer? E Quem Faz?’.

Surge assim uma matriz de dupla entrada, a preencher para cada

Produto Turístico Temático que o empreendedor pretenda

desenvolver, de acordo com a tabela seguinte. A oferta ficará assim

caracterizada, tornando-se fácil identificar pontos fortes e lacunas a

colmatar, em particular no que refere aos parceiros, já que a

componente de análise do cliente deverá derivar em grande parte do

correto preenchimento da checklist.

Tabela 3 – Matriz dupla de iteração entre o Produto Turístico e os parâmetros focados no Cliente e entre esse mesmo Produto Turístico e a caracterização dos Parceiros

Cliente

Driver/ Vetor Estratégico

Parceiros

5x5 Tipologia Duração Grupos Perfil Produto Turístico Temático X TR ADL AT CM Outros

Pedestres T Habitação 2 noites Casais Activos

Nome do Produto

Bikes Traça Rústica 3 noites Famílias Contemplativos

Panorâmico Design 6 noites Grupos

Equestre Hotéis Rurais 14 noites

Casas Agroturismo

Cabanas/ ninhos

Page 72: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

66

7. Bases para Inovar

Depois de, nos pontos anteriores, se ter mostrado o caminho proposto para

os promotores do alojamento rural no processo de criação de uma oferta

diversificada, integrada e adequada ao que serão à partida as valências

disponíveis, os principais mercados emissores, bem como os principais

públicos alvo e também os potenciais parceiros disponíveis, é importante

reforçar o papel da iniciativa individual, a ambição, coragem e imaginação

para fazer algo novo.

7.1 Inovação associada aos Promotores de alojamento rural

Cada Casa é um caso e, cada um dos promotores deverá ter a capacidade de

olhar para a sua realidade e para o que o rodeia e perceber e articular vários

fatores: onde se encontra, a identidade comum da região ou destino turístico,

o que deve caracterizar a identidade do seu próprio negócio e os fatores que

podem ser diferenciadores. Muito possivelmente, ocorrer-lhe-ão diversas

hipóteses para caminhos a seguir. Algumas serão mais tradicionais, outras

serão mais inovadoras. Mesmo procurando diferenciar-se de algum modo da

sua concorrência, importa ter em vista qual a relevância que pode ter o

distanciamento em relação a outras propostas de valor e qual o caminho que

poderá escolher de forma segura, sem arriscar colocar em causa a qualidade

da sua oferta.

Existem diversos campos em que um alojamento pode procurar diferenciar-se

ou evidenciar no mercado, com maior ou menor grau de sucesso, custos e

eficácia:

7.1.1 Produto

Fatores diferenciadores do produto:

Programas exclusivos e programas com qualidade adicional deserviços

especializados (mais conhecimento, mais autenticidade, mais

singularidade da experiência)

Experiências únicas. O fator imprevisibilidade na entrega do serviço em

toda a sua extensão pode aumentar, sem que isso seja um fator negativo,

desde que esteja previsto um nível aceitável de cumprimento – é o caso

do birdwatching ou da expectativa de contacto não agendado com

habitantes locais

Prestação de serviços complementaresde apoio únicos, ou

extremamente completos, ou muito personalizados (antes, durante e

após o consumo), ou, ainda, de preço competitivo, abrindo a

oportunidade a novos mercados que habitualmente não os podem

adquirir (democratização do luxo)

Destacam-se ainda os serviços e conteúdos destinados a reduzir a

perceção de risco pelo cliente e a sensação de que o produto não se

ajusta ao seu perfil

Page 73: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

67

Alteração de uma ou várias das componentes que tipicamente integram

um determinado produto turístico, de forma a diversificar o mercado

potencial

Recurso a tecnologias inovadoras

Produto baseado num recurso turístico pouco explorado, mas que apela

a algum segmento de mercado

7.1.2 Parcerias/ Networking

Fatores potenciados pelo trabalho em rede:

Integração num produto turístico temático específico e englobando multi-alojamento

Visibilidade no mercado por integrar um cluster de produto ou um clube de produto (associado a um tema ou a uma região ou a ambos)

Acesso à rede de clientes de um dos parceiros

Posicionamento exclusivo e válido dentro de um cluster reconhecido.

7.1.3 Ancoragem estratégica

Ancoragem a marcas turísticas que adquiriram já valor no mercado: destinos

turísticos associados a micro-destinos, rotas temáticas,regiões, países.

Em Portugal, há um longo caminho a percorrer neste campo, o que fragiliza

o pequeno negócio de Turismo Rural.

Importa destacar o trabalho realizado de promoção interna e externa e o

potencial direto,em cada caso, para ser potenciado pelo Turismo Rural, quer

seja de forma individual e desagragada ou em rede.

7.1.4 Mercado: segmentação, ultra-segmentação e targeting

No caso de negócios que já amadureceram o seu contacto com os mercados:

a capacidade de diferenciação pode resultar da auscultação preferencial junto

destes mercados e da captação antecipada de oportunidades para a inovação

(tipicamente, serão ajustes no produto ou melhoramentos no pacote de

serviços).

De todo o modo, a possibilidade de retenção de clientes no Turismo Rural

poderá não ser significativa na maioris dos casos, mas o efeito recomendação

boca-a-boca, esse sim, é expressivo.

7.1.5 Fatores críticos de sucesso

Quais são então os requisitos fundamentais para que esta diferenciação seja

bem sucedida?

Conhecer muito bem, não só os clientes atuais, mas também e

sobretudo, aqueles que se pretende alcançar com esta diversificação,

de forma a ir de encontro aos seus interesses e expectativas

Page 74: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

68

Tentar tornar os fatores diferenciadores o mais específicos possível

(quase de forma cirúrgica) para não desperdiçar tempo e recursos a

construir uma oferta tão ampla que depois é muito difícil de ser

percebida

Criatividade. Muitas vezes não é preciso tornar a inventar a roda para

criar algo de novo, é preciso sim conseguir olhar para o que já existe

sob uma nova perspetiva

Saber como vai comunicar esta diferenciação. Não serve de nada ter

uma oferta altamente criativa e bem estruturada se depois ninguém a

ficar a conhecer porque os canais de divulgação não foram bem

selecionados.

Page 75: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

69

7.2 Inovação associada às entidades coordenadoras da oferta (associações que representam proprietários)

Algumas das opções que o proprietário de um alojamento pode tomar para

inovar e procurar afirmar-se nos mercados revelam-se pouco ou nada eficazes

e nem sempre será fácil analisar as causas para o insucesso de uma medida.

A escala de uma operação de Turismo Rural é ingrata e desaconselha a

dependência de grandes e profundas análises dos mercados.

Nos capítulos anteriores foram amplamente mencionadas as oportunidades

que resultam do associativismo neste negócio, para a robustez, visibilidade,

escala e eficácia da oferta. Esta é uma mais-valia principal que uma associação

como a PRIVETUR pode trazer ao mercado: agregar oferta, conferir-lhe escala

e desenvolver ela própria oportunidades de híper-segmentação.

Através da concentração da oferta de produtos similares ou dirigidos a um

mesmo mercado, é possível criar escala para o negócio e para os de tinos

turísticos de Turismo Rural sem sobrecarregar as unidades de alojamento

com o investimento na diversificação.

Deste modo, e contribuindo para a afirmação de uma marca associada ao

Turismo Rural português, a PRIVETUR pode apostar na construção de clusters

específicos e com potencial de robustez e afirmação nos mercados.

Destacamos aqui o potencial a explorar pela criação de um sistema de

classificação, (certificação e selo), baseado na categorização por interesses

específicos: trata-se de um tipo de classificação ainda pouco usada, como

referimos anteriormente, a Irlanda é o nosso benchmark para esta solução.

Mas acima de tudo, num país que tão pouco fez ainda pela criação de

destinos turísticos sobre os quais o Turismo Rural possa efetivamente

capitalizar (excluindo-se aqui o percurso da marca Portugal, na sua

constelação de vetores), importa criar âncoras capazes de conduzir a atenção

e o interesse dos mercados. Assim, independentemente de se recomendar a

aposta das autoridades públicas na criação de marcas que estimulem, de

forma concentrada, o crescimento do Turismo Rural – procura nacional e

internacional, desde já se recomenda fortemente a adoção, pela PRIVETUR de

um sistema de classificação voluntária dos alojamentos porcategorias de

interesse específico, por estar essa iniciativa ao alcance de uma associação

privada.

Este sistema deve ir ao encontro da procura do mercado, mas não menos

importante é a correspondência com as valências do território e motivação e

capacidades dos promotores de Turismo Rural. Os aderentes devem sentir

identificação com alguma das categorias propostas e poder cumprir com os

critérios de qualidade exigidos para que se constituam clusters temáticos de

valor.

A imaginação e a aderência aos mercados são os limites que se impõem à

criatividade inovação nesta matéria. Alguns temas poderão ser

particularmente interessantes enquanto fatores de diferenciação de Portugal

no mercado global do Turismo Rural.

Uma iniciativa desta natureza permite à PRIVETUR contribuir para o processo

de fortalecimento de uma marca comum de promoção da qualidade do

Turismo Rural português, baseada em redes de utilizadores.

Page 76: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

70

7.3 Alguns exemplos adicionais que ilustram o potencial de inovação do Modelo 5x5

Para além dos casos que iremos desenvolver no piloto, apontamos ainda mais

alguns exemplos, a considerar:

Rota de Santiago com paragem em vários alojamentos de Turismo Rural a

realizar de bicicleta. A diferentes tipologias de Casa corresponderão

diferentes perfis de utilizadores. Passagem por Fátima e outras marcas da

religiosidade, no caso de turistas estrangeiros. Os detalhes da rota são

desenhados para dois tipos de públicos – os que estão habituados a

pedalar muitos quilómetros e outros menos treinados.

O exemplo anterior, mas em fly&drive&walk, especialmente para

mercados estrangeiros. De novo, a escolha de hipóteses de alojamento é

criteriosa; carro+bicicleta no aeroporto e todas as informações de

percursos pedestres, guiados ou não, logo à partida.

Enoturismo de bicicleta. Aplicam-se os raciocínios anteriores, mas até é

possível que o alojamento seja sempre o mesmo e os passeios partam de

lá em mais do que uma direção. Na opção Rota, mais do que um local de

alojamento, importa ter em conta todas as limitações técnicas

(distâncias, qualidade dos percursos, bicicleta própria ou não, e até a

hipótese de viajar de comboio com a bicicleta), e a hipótese de nas casas

de TR existir quem providencie assistência às bicicletas, etc.

Férias a pé ou escapadas com caminhadas: rede de alojamentos com

percursos pedestres de determinado tipo associados (seja pelo tipo de

paisagem, por elementos naturais ou culturais…), ou com parcerias com

entidades públicas ou privadas que providenciem esse serviço.

Mais do que querer criar muita oferta, é importante que os

empreendedores se foquem e percebam onde podem ser melhores, e isso

muitas vezes resulta de um cocktail de fatores e da capacidade para

comunicar a atratividade da oferta resultante junto dos mercados certos.

O empreendedor provavelmente não detém o conhecimento total de todos

os elementos necessários para compor um produto turístico temático

integrado, mas o que realmente é importante é a sua capacidade de se

articular com outros fornecedores e de criar parcerias que vão enriquecer a

sua capacidade para o desenvolvimento e entrega dos produtos.

Outros parceiros terão provavelmente uma visão diferente da dele em

relação às potencialidades do território e da fusão do conhecimento e

ambição de ambos poderá surgir a necessária capacidade de inovar.

Na base de tudo estão os fatores críticos de sucesso de qualquer alojamento

de Turismo Rural: as questões de hospitality não devem ser descuradas

também quando se pensa em formatos de inovação. Aliás, esta deverá ser

sempre uma preocupação constante dos proprietários de Turismo Rural,

porque eles próprios são parte integrante da experiência que pretendem

proporcionar aos seus hóspedes.

Surpreender é meio caminho andado para garantir satisfação e até

fidelização, pelo que, uma vez mais, o mais importante é prestar atenção aos

mercados e ao que o território oferece e saber inovar, na altura certa.

Page 77: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

71

8. O papel das Instituições Públicas

Todo o modelo aqui apresentado está estruturado segundo o ponto de vista

dos promotores privados, ou mais especificamente, dos promotores de

unidades de alojamento rural.

No entanto, é importante não esquecer que as instituições públicas possuem

também (ou deverão possuir) um papel importante no desenvolvimento

destas redes, sendo que, destas instituições, se dá particular relevo às

autarquias e Entidades Regionais de Turismo.

Então porque é que estas entidades devem estar presentes nas diferentes

etapas da criação das redes em Turismo Rural e qual os principais papéis a

desempenhar?

8.1 Definir a Estratégia

Uma das principais tarefas das instituições públicas quando se fala em

turismo é a definição da estratégia de desenvolvimento turístico.

É sobre estas instituições que recai a responsabilidade de realizar um

diagnóstico profundo do estado de desenvolvimento turístico da sua

região/município, identificar os players, definir vetores de desenvolvimento,

objetivos e ações que levam a que estes sejam atingidos.

Qualquer que seja a abrangência territorial destas estratégias, o mais

importante é tentar que estas estejam bem integradas nas estratégias

nacionais e/ou regionais e quevão de encontro às necessidades e

especificidades do seu território.

Esta estratégia não é só importante para definir as ações a realizar por estas

entidades públicas para a prossecução dos objetivos definidos, ela serve

também de âncora aos promotores privados a definição da sua própria

estratégia de mercado, considerando as mais valias do território onde se

encontram.

•Entidades isentas do ponto de vista comercial

•Funcionam como entidades reguladoras

•Vasto conhecimento do território

•Visam a promoção do território

•Facilidade de acesso a financiamento externo

Autarquias

•Possuem informação sobre os recursos turísticos disponíveis

•Responsáveis pela dinamização do sector turístico na sua área de actuação

•Capacidade de divulgação e comunicação de novos produtos/ serviços turísticos

Entidades Regionais de

Turismo

Page 78: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

72

8.2. Ordenamento e Infraestruturas

Se existe atividade económica que esteja completamente dependente do

território para o seu sucesso, é a turística. Sem um território bem ordenado e

dotado das infraestruturas necessárias, não é possível oferecer um bom

produto turístico.

Portugal possui vasto património natural, histórico e arquitectónico, no

entanto, muitas das vezes o seu pobre estado de conservação e os maus

acessos, tornam-no impossível de ser usufruído por quem nos visita.

É também neste aspeto que as instituições públicas possuem um papel

determinante. A elas cabe-lhes a responsabilidade de avaliar o território e

verificar quais as lacunas do ponto de vista das infraestruturas de apoio

turístico e traçar planos para as suprir.

Destacamos algumas funções cruciais para o desenvolvimento do Turismo

Rural e do modelo 5x5 em particular:

a criação e sinalização de rotas temáticas

a regularização do estacionamento junto a pontos de interesse turístico

a criação de pontos de descanso em locais estratégicos

a criação e manutenção de acessos aos pontos de interesse turístico

a produção de sinalética de identificação e interpretação dos pontos de

interesse turístico

a definição de regulamentos específicos que visem a manutenção da

traça tradicional das habitações em locais específicos dos aglomerados

urbanos

a capacidade de ultrapassar barreiras geográficas administrativas,

associando-se a entidades suas congéneros quando a expressão

geográfica de um recurso turístico assim o dita

Há que ter ainda em atenção que estas ações deverão ser priorizadas por

ordem de importância para o desenvolvimento do território e de forma a ir

de encontro à estratégia definida.

É vital não cair na tentação de tornar como critério único de priorização os

financiamentos que poderão estar disponíveis para esta ou aquela ação,

submetendo-se ao risco de construir o “telhado” da casa antes das “paredes”,

o que poderá levar, em última instância, ao desperdiçar de todo o

investimento realizado.

Page 79: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

73

8.3 Estimular e dinamizar

Como já foi anteriormente referido, um dos principais obstáculos ao

estabelecimento de parcerias e à criação de redes integradas de serviços e/ou

produtos é a falta de confiança entre as diferentes entidades envolvidas e o

velho mote que “o segredo é a alma do negócio”.

Um outro aspeto relevante é que, com frequência, os promotores privados

possuem um enorme desconhecimento sobre quem são os restantes players

que atuam no seu território e quais as infraestruturas disponíveis que

poderão levar à potenciação do seu negócio através do estabelecimento de

parcerias.

É neste aspeto que as instituições públicas têm um papel fundamental na

promoção e dinamização de parcerias.

Considerando a estratégia adotada, estas instituições podem assumir a

liderança na reunião dos players locais que considerem relevantes e nas

negociações para atingir o estabelecimento de parcerias que levem à criação

de clusters locais detentores das valências e escala necessária para a criação

de uma oferta integrada e forte, com criação de mais valias tanto para os

negócios, como para o desenvolvimento territorial.

Caso existam promotores privados ou associações interessados em liderar

este processo, as entidades públicas continuam a desempenhar um papel

importante como facilitadores, tanto pela sua isenção, como pelo vasto

conhecimento da realidade local/ regional.

8.4. Comunicar e divulgar

Por último, mas certamente não menos importante, é a função de apoio à

divulgação dos produtos criados.

As instituições públicas, e neste caso as Entidades Regionais de Turismo em

particular, possuem um conhecimento alargado dos mercados emissores

atuais e potenciais, bem como dos públicos-alvo para este sector do turismo,

pelo que se encontram numa posição privilegiada para apoiarem a definição

da estrutura de comunicação dos diferentes produtos e a dos melhores canais

de divulgação.

Estas instituições possuem ainda, na maioria dos casos, canais de distribuição

já definidos, que poderão ser aproveitados para estes novos produtos, bem

como acesso a feiras especializadas onde estes poderão ser dados a conhecer.

Page 80: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

74

Page 81: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

75

- -

1. A Região Centro

O território onde desenvolvemos esta rede integrada de redes situa-se

predominantemente entre rios, o Douro e o Mondego, numa vasta faixa

central de Portugal, limitada a oeste pelo Oceano Atlântico e a leste pelas

terras espanholas de Castela. É um território das beiras: beira-mar e beira-

serra(s). A serra da Estrela à cabeça da cordilheira central domina

soberanamente toda esta região, com outras massas de terras altas no

Caramulo, na Arada e em Montemuro, a que se junta, a sudoeste, o maciço do

Buçaco e, mais a norte, os planaltos da Nave e de Leomil, e a serra da Lapa. O

lábio sul do território que focamos extende-se com incursões por porções da

Beira Baixa e do Alto Ribatejo, como as Serras de Aires e Candeeiros, as

colinas de xisto por onde serpenteia o vale do Zêzere ou as terras de

Belmonte.

É um território suavemente inclinado para sudoeste. No rebordo setentrional

nascem dois rios principais que atravessam este território, o Paiva e o Vouga.

Outro rio marcante deste território, o Dão, nasce nos planaltos de Trancoso e

Aguiar da Beira e corre para sudoeste ao longo de 92 quilómetros até se

encontrar (confluir) com o Mondego em plena barragem da Aguieira. O vale e

as encostas do Dão, em terreno granítico acolhem, admite-se que desde 500

anos antes de Cristo, amplos vinhedos hoje integrados na Região Demarcada

do Dão: são 20.000 hectares onde nascem alguns dos melhores vinhos

portugueses.

Mais para oeste está outra região clássica de vinhos, a Bairrada, terra de

“bairros” em que este termo não remete para “parte de uma povoação” mas

para terrenos onde o barro ou argila predomina. É o que acontece nos

campos de Oliveira do Bairro, Óis do Bairro, Ventosa do Bairro, São Lourenço

do Bairro, Vilarinho do Bairro ou Barrô.

A norte da Bairrada começa a área estruturada pela bacia hidrográfica do

Vouga, a leste elevam-se o Buçaco e o Caramulo, a ocidente espraia-se o

litoral que vai de Ovar à Figueira.

As praias marítimas, nos cerca de 100 quilómetros que separam Esmoriz/Ovar

da Serra da Boa Viagem/Figueira da Foz, estão cheias nos meses do Verão. É o

que acontece no Areinho, na Torreira, em S.Jacinto, na Barra de Aveiro, na

Vagueira, em Mira, Tocha e Quiaios. São lugares de muito bom peixe embora

as comunidades de pescadores tenham expressão reduzida. Em Mira e na

Tocha, na Vagueira e em Vagos ainda é possível assistir à grande perícia de

pescadores que enfrentam com o esforço do corpo a força das vagas, em

manobras com séculos de experiência, por entre algazarra e o peixe a saltar

nas redes. A Costa Nova é uma das últimas memórias de formas tradicionais

de vida piscatória. A Costa Nova e a fábrica de cerâmica da Vista Alegre são

duas das imagens de marca de Aveiro. Mas a principal é a Ria (“o mar

interior…por onde correm para terra muitas calas ou rias… que divididas em

braços e retalhadas em esteiros ocupa mais de quinze léguas de circuito,

ficando, se tivera melhor barra, o mais capaz e mais tranquilo porto da costa

atlântica, melhor sem comparação que as rias da Galiza”, caracterizou em

1707 o padre Carvalho da Costa). Vários rios afluem à laguna, separada do

Atlântico por uma estreita restinga. São lugares de eleição para desportos

náuticos, em particular a canoagem. Também um território privilegiado para a

observação de aves.

Page 82: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

76

Ainda há oportunidade para visitar as marinhas de sal. Também para viajar

nos barcos típicos da Ria, os moliceiros que eram usados para recolher o

moliço e assim arejar o fundo da ria e dragar os canais da Ria que penetram e

levam vida marítima ao centro da cidade de Aveiro.

Atravessando todo este território sobre o qual incide a nossa rede de redes,

no extremo oposto, a nordeste, está o grande sistema do Côa, com as

gravuras paleolíticos na pedra. É a Beira trasmontana, uma das portas para a

região vinhateira do Douro. Para oeste do Côa fica a cidade de Lamego, com

as festas de tradição popular da Senhora dos Remédios, as bolas de presunto

ou de bacalhau e mais caves vinícolas, como a Raposeira ou a Murganheira,

estas na Varosa. É uma porção de território que pede visita aos mosteiros

cistercienses de S.João de Tarouca e de Salzedas. Num salto se chega à

Ucanha onde está a torre com características raras na construção medieval

portuguesa.

Assim, entramos numa região que tem no seu coração a velha cidade de

Viseu, já por duas vezes eleita nos últimos cinco anos como a melhor cidade

para se viver em Portugal. Em Viseu, há que subir e descer ruelas, espreitar

casas, palacetes e igrejas, entrar na imponente Sé com sete séculos,

contemplar os painéis quinhentistas no museu Grão Vasco e saborear a rica

gastronomia. Viseu é uma das portas de acesso à Ecopista do Dão, é um

abrigo do Caminho de Santiago e outro ponto de partida para a Rota do Vinho

do Dão, com visitas a vinhas, adegas e solares. Para noroeste de Viseu fica o

território de Lafões, por onde se pode chegar até Arouca, onde a

extraordinária riqueza geológica está enquadrada pelo Geopark. É o território

do Paiva, típico rio de montanha, com águas bravas que correm quase sempre

no fundo de desfiladeiros de vertentes abruptas. A “Garganta do Paiva”, em

Alvarenga, é o mais famoso percurso de águas bravas em Portugal, com uma

sucessão de rápidos impressionante.

As encostas das montanhas do Vouga são lugares preciosos. Pode-se penetrar

nesse mundo avançando pelo vale do Vouga. Em Sever do Vouga, sobretudo

junto à cascata da Cabreia, a vegetação é luxuriante. São vales férteis onde,

em altitude, aparecem carvalhos e pinheirais, e encontram-se as vinhas de

enforcado, já a entrar pela região de Lafões. Depois emerge a rocha escalvada

da serra da Freita e do maciço da Gralheira. A área de Vale de Cambra e a de

São Pedro do Sul é rica em monumentos megalíticos e gravuras rupestres.

Voltando a Viseu, a nossa rede de redes prolonga-se. Segue para sudeste,

verde e camponesa, em direcção a Seia e à Serra da Estrela. Segue para Leste,

em direcção a Espanha, com uma paisagem que se modifica progressivamente

: “As matas tornam-se mais raras, o horizonte abre-se e afasta-se para longe,

a ondulação dos contornos torna-se mais regular, a distância entre as aldeias

aumenta e em cada lugar as casas concentram-se em malha mais apertada,

multiplicam-se as aglomerações amuralhadas como memória quase imóvel

dos recuados tempos da fronteira perto com os mouros, ou de outros, mais

recentes, em que as incursões castelhanas ainda eram frequentes”, tal como

descrevem José Mattoso, Suzanne Daveau e Duarte Belo em Portugal – O

Sabor da Terra, edição Círculo de Leitores. Alguns desses lugares, mais

isolados e alcandorados, perderam quase todos os seus habitantes, como

acontece em Numão ou Castelo Rodrigo. Outros têm a população guardada

dentro das muralhas, como acontece em Trancoso, vila do sapateiro-profeta

Bandarra. Há os lugares em sítios escarpados com as casas misturadas com a

penedia, como acontece em Linhares ou na Sortelha. Mas sempre com as

muralhas a envolver a povoação, como em Castelo Mendo, Castelo Bom ou na

grande praça militar de Almeida, imponente com os enormes baluartes à

beira da fronteira. É o extremo leste de um território que tem o extremo

ocidental entre a foz do Mondego na Figueira e a Ria de Aveiro.

Page 83: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

77

Todo este território tem generosa ligação à água ou às águas: seja a das

praias, a dos rios ou a das várias nascentes termais. Água com tranquilidade

ou água para actividades radicais. Tem locais para a pesca mas também para a

vela, canoagem, kayak, canyoning ou surf. Tem rios e ribeiras com margens

apetecíveis para piquenicar. E tem termas com diferentes propriedades e

indicações: termas do Luso(Mealhada) , da Curia, do Vale da Mó (Anadia), de

Sangemil (Tondela), de São Pedro do Sul, de Alcafache (Viseu), da Felgueira

(Nelas), do Carvalhal (Castro Daire) ou da Cavaca (Aguiar da Beira).

Claro está que a bicicleta é uma parceira excepcional para este território. Há

lugares míticos do ciclismo de estrada, como a escalada da Torre na Serra da

Estrela e há o moderno e sofisticado Velódromo Nacional, em Sangalhos, terra

de grande tradição no ciclismo. Mas, para além do ciclismo de competição

(com o Velódromo de Sangalhos a atrair figuras internacionais de topo), este

território também convida ao passeio ciclista, seja o passeio em grupo

familiar, seja a experiência de pedalar por entre vinhas com paragens para

visitar adegas ou simples circuitos por lugares à beira de rios com etapas em

lugares do património natural e monumental. A Ecopista do Dão, com 50

quilómetros, é a maior de Portugal, traçada num antigo percurso ferroviário

com paisagens deslumbrantes, liga Santa Comba Dão a Viseu, com passagem

por Tondela. Também não faltam oportunidades para BTT ou ciclocross.

Mas há ainda um outro potencial a explorar: o cavalo. Identificámos neste

território infraestruturas que confortam ao desenvolvimento de itinerários e

programas de Turismo Equestre. É uma oferta a explorar, em associação com

a oferta de Turismo Rural, a ritmo que nos parece dever ser de galope, como

adiante se detalhará neste nosso estudo. Os circuitos a cavalo ou passeio a

cavalo por exemplo entre adegas são parte da oferta que também poderá

passar pela cavalgada por toda a região.

Caminhos pedestres e estradas panorâmicas são outros elementos

potenciadores da oferta deste território tão por descobrir e desfrutar.

Uma das delícias é a gastronomia: A cozinha tem lugares irresistíveis, do leitão

na Bairrada ao bacalhau podre ou feijocas com todos em Almeida, passando

pelo cabrito da Gralheira, a vitela de Lafões, o rancho em Viseu, a caldeirada

de enguias na ria de Aveiro, o peixe na grelha em qualquer das praias ou a

chanfana em panelas de barro em Tondela.

Enfim, toda esta vasta faixa territorial engloba grande diversidade de

paisagens, ricas em espaços naturais, com montanha, rios, regatos, terra

plana, campo de cultivo, muita vinha, fauna e flora rica, amplo coberto

vegetal com carvalhais, castanheiros, pinhais, sobreiros, bosques de bétula.

Tem os caminhos na falda de colinas na beira do Vouga, com paisagem sobre

campos de arroz, baixos alagados e quintas de viçoso verde, para contemplar

depois de amanheceres em que paira uma bruma à altura da copa das

árvores.

Tem a mata do Buçaco, bosque incomparável que nos envolve de frescura,

com árvores magníficas e onde os musgos se agarram às pedras ou sobem

pelos enormes troncos acima. O Buçaco é a porta da entrada para a região do

Dão. A serra e a mata prolongam-se a nordeste para o Caramulo, fazendo

barreira aos ventos atlânticos.

É uma região com trilhos e costumes ancestrais, que nos coloca, por exemplo,

na serra de Montemuro, na rota da última transumância, que nos leva por

paisagens amplas, montanhosas, de grandes vales abertos, encostas

verdíssimas ou paisagens áridas marcadas pelo osso da pedra, que tem

lugares de calma milenar nas montanhas de Arouca, ou por entre os vinhedos

Page 84: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

78

nas margens do Dão, ou junto aos desenhos paleolíticos na pedra do Côa, ou

nas faldas da serra da Estrela.

2. O Projeto-piloto

A região Centro está aquém de poder ser entendida, em termos de marketing

turístico, como um destino turístico. Não foi ainda desenvolvida uma marca

turística suficientemente consistente na qual se possas ancorar propostas de

desenvolvimento associadas, por exemplo, ao Turismo Rural.

Ou seja, não há uma identidade criada para a qual se poderia orientar as

ofertas do Turismo Rural, de modo a estabelecer-se uma qualquer vantagem

competitiva do Turismo Rural no acesso ao que se entenderia que o Centro

tem de melhor, enquanto região, para ser desfrutado e sentido ou

experienciado.

Há, sim, contudo, vários eixos de promoção turística: a serra da Estrela, as

termas, o litoral na Costa Nova e na Figueira da Foz, as regiões demarcadas da

produção vinícola da Bairrada e a do Dão, os desportos de aventura no rio

Paiva, Fátima e Coimbra - ambas as cidades são destinos turísticos maduros

por si só, as Aldeias Históricas e as Aldeias de Xisto, o património geológico de

Arouca e o geoparque no Tejo Internacional,… estes são os principais eixos,

existem outros. Mas, efetivamente, não podemos referir-nos a uma marca

que distinga o território dos restantes e que possa ser operacionalizada para

fins turísticos. Muito menos ainda se considerarmos a concorrência com

outras marcas territoriais de regiões europeias com características mais ou

menos similares.

Alguns dos eixos referidos têm um potencial de desenvolvimento turístico

bastante relevante e deles resultam, realmente, fluxos turísticos importantes

mas, precisamente porque não identificam uma região, nunca mereceram o

investimento público e privado suficiente para lhes dar consistência, escala,

visibilidade e grande atratividade a ponto de poderem cumprir as

funcionalidades de uma marca territorial abrangente.

A criação dessa marca territorial, começando pela identificação de uma

proposta de valor singular, inequívoca, diferenciadora e enquadrada na

realidade subjacente, é algo que extravasa o âmbito deste estudo e que

compete, na verdade, a entidades públicas. Compreende-se que o Centro é

uma região vasta e com diversas fronteiras administrativas; acresce que a

diversidade do território não torna necessariamente esta tarefa mais simples.

Mas referimos esta lacuna pelas implicações que tem para o Turismo Rural na

região. Se estivesse identificada uma proposta de valor para a região, e na

probabilidade de ela não colidir com a filosofia adjacente ao Turismo Rural,

então faria todo o sentido procurarmos capitalizar sobre a orientação

estratégica tomada e sobre os investimentos em promoção turística que lhe

seriam, por princípio, inerentes.

Nessa circunstância, em termos formais, teríamos como meta principal

identificar os eixos de desenvolvimento da proposta de valor que permitiriam

dar uma vantagem competitiva ao Turismo Rural, aqueles que provocariam a

diferenciação pela positiva e a consequente atratividade da indústria Turismo

Rural na região.

Na ausênciade uma marca turística consolidada que conduza a identidade

do território Centro, o percurso de definição estratégica das prioridades

deve centrar-se sobre a avaliação conjunta do potencial, na região, dos

recursos endógenos, da oferta turística atual e da adaptabilidade dos eixos

gerais de desenvolvimento turístico estratégicos para o país (touring cultural

e paisagístico, gastronomia e vinhos, turismo de natureza, sol e mar, saúde e

Page 85: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

79

bem-estar, turismo náutico…). A boa conjugação dos pontos referidos é um

fator crítico de sucesso para a competitividade do Turismo Rural no Centro.

De modo muito claro, neste estudo tentámos contribuir para obviar essa

questão, de forma que se encontra sintetizada na Figura seguinte:

Figura 5 – Estruturação do modelo 5x5 aplicado à zona Centro, com extensão ao

resto do território nacional

Precisamente para demonstrar as potencialidades da aplicação do Modelo

5x5, apresentam-se neste projeto-piloto dois exemplos distintos de

Programas Turísticos Temáticos (PTT) com enquadramento em cada vetor.

Pretende-se explorar uma das características fundamentais do modelo: cada

driver do turismo português ou vetor estratégico pode ser trabalhado de

inúmeras formas, consoante, claro está, o tipo de segmentação e targeting

de produto (verchecklist de análise de valências próprias).

Cada um dos PTT terá associada uma matriz dupla de caracterização e o

descritivo sintético com sugestões concretas para aplicação no terreno.

De todo o modo, conforme foi já referido anteriormente, em particular no

subcapítulo sobre inovação de produto, o modelo pretende constituir uma

base de inspiração para a diversificação de produtos turísticos híper-

segmentados, cuja capacidade de penetração no mercado dependerá de

múltiplos fatores, nomeadamente das oportunidades de agregação de oferta

resultantes da existência de coordenação nacional ou regional.

Importa ainda referir que se procurou trabalhar a zona Centro de forma

abrangente, não só a nível geográfico, mas também temático, dando

prossecução ao proposto para a construção da checklist.

Assim, apresentamos 16 programas trabalhados e analisados nas mais

diversificadas vertentes que vão desde Foz Côa, às serras de Aire e

Candeeiros, e desde Aveiro, à serra da Estrela, passando por temas que

trabalham a água, a gastronomia, os vinhos, a geologia ou a avifauna.

Apresentam-se nos Anexos os PTT organizados por driver ou vetor estratégico

e as respetivas matrizes, sendo que se encontram igualmente disponíveis em

formato digital na ferramenta GE:

Page 86: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

80

Page 87: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

81

-

1. Panorama geral

Uma das recomendações que abarcámos ao longo do processo de

desenvolvimento deste estudo, aplicável em particular aos esforços de

internacionalização do Turismo Rural, é a consciência de que, embora

Portugal reúna inúmeras qualidades que tornam o país muito atrativo para a

prática de Turismo Rural - com todas as suas especificidades, diversidade

concentrada, pelas peculiaridades que advêm do seu processo de

desenvolvimento desfasado em relação a outros países europeus e, enfim,

pela feliz influência conjunta do Atlântico e Mediterrâneo, ou

multiculturalidade milenar, a verdade é que também os seus concorrentes

diretos são interessantíssimos destinos para o Turismo Rural e de Natureza e

Enoturismo e Ecoturismo e touring cultural...

Recomenda-se, portanto, e especificamente quando se pensa em mercados

internacionais e exportação do Turismo Rural, realismoe ambição na

ponderação do valor efetivo de atratividade dos nossos recursos turísticos,

mais ainda em face do pouco esforço realizado de construção de destinos

turísticos que encaminhem o turista para o Campo português.

Percorrendo o país dos alojamentos de turismo rural, é difícil formar uma

imagem das boas e excelentes vias, percursos ou rotas que efetivamente

existem e que deveriam servir de suporte à operação Turismo Rural. Na

melhor das hipóteses, ficamos a saber que se localizam perto desta ou

daquela casa, mas é totalmente fragmentada a informação sobre o que são,

que valor podem ter enquanto recurso turístico e que potencial têm para dar

origem a uma oferta turística qualificada.

Este facto limita o alcance a mercados internacionais, reduzindo-o aos perfis

mais aventureiros e que procuram destinos pouco explorados e

desenvolvidos e aos utilizadores de produtos turísticos com

acompanhamento por um operador turístico, tipicamente proveniente do

país de origem do turista.

2. Barreiras administrativas territoriais

Falta continuidade geográfica ou territorial à oferta de turismo no campo em

Portugal.

A fragmentação resulta da não coordenação ao nível nacional do setor (seja

por entidades públicas ou por entidades de caráter associativo privadas). O

investimento sobre os recursos é aplicado ou ao nível municipal ou de

comunidades intermunicipais ou ao nível regional e peca pela ausência de

uma visão integrada.

Dificilmente, o promotor individual conseguirá ultrapassar as limitações que

daqui advêm, tendo em conta a dimensão típica do negócio de Turismo

Rural.

Page 88: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

82

As principais consequências da atomização da oferta são o isolamento e a

ausência de um referencial de qualidade.

Fica, deste modo, também limitada a possibilidade de se estruturar produtos

turísticos em formato rota, não nos casos das rotas temáticas, mas no caso

das rotas onde deve haver continuidade territorial.

E, contudo, a oportunidade deve ser explorada, como observamos pelo

esforço de operadores turísticos independentes que apostam no

desenvolvimento de produtos tailor-made para seu consumo.

3. Barreiras culturais

Se é verdade que os players no terreno reconhecem a necessidade de se

articularem com os outros fornecedores, não é menos verdade que neste

campo está quase tudo por fazer.

Uma das principais barreiras é cultural: a imersão no território que

desenvolvemos no decorrer deste estudo evidenciou-o de forma horizontal:

inquérito, entrevistas, workshops, participação em atividades turísticas,

visitas a postos de turismo, consulta de sites de empresas de animação

turística, consulta aos sites dos alojamentos rurais e até o laboratório criativo

em que participaram de forma colaborativa diversos intervenientes com vista

à reflexão sobre formatos colaborativos de turismo no campo, todos, sem

execeção, mostram exatamente isso: são insípidas as ligações entre Turismo

Rural, Turismo de Natureza, Cicloturismo, Turismo em Bicicleta, Turismo de

Bem-estar, Ecoturismo, Enoturismo, Turismo Gastronómico, Turismo

Equestre, Turismo de Aldeia, Agroturismo, etc.,etc.

Falta conhecimento aprofundado e falta experimentar as propostas

oferecidas pelos outros. Falta, consequentemente, capacidade para integrar

e recomendar e bem receber no seu território.

Há todo um mundo de oportunidades que se abre quando os agentes locais

dialogam entre si e exploram em profundidade o que os seus potenciais

parceiros podem oferecer e, eventualmente, fornecer para a construção de

produtos turísticos integrados.

4. Marca ‘Turismo Rural’

A imagem do Turismo Rural nacional está essencialmente alcantilada numa

tipologia fechada sobre si própria.

Apesar de envelhecida, há contudo sinais positivos de investimento na

alteração desta situação por parte de vários investidores que sentem esta

dificuldade na aproximação ao mercado nacional, mas que apostam também

em mercados internacionais onde este problema não é sentido.

Portugal não é ainda um destino internacional de Turismo Rural. Mas pode

ambicionar a sê-lo. A qualidade do alojamento rural não será um entrave, é

necessário agora progredir para a estruturação de produto ajustado aos

mercados.

Page 89: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

83

5. Outras marcas âncora

O investimento geral das entidades promotoras de turismo na marca

Portugal deve ser capitalizado pelo Turismo Rural.

Importa tirar partido dos drivers da marca Portugal que sejam ajustáveis ao

modelo do Turismo Rural (Natureza, touring paisagístico e touring cultural,

Gastronomia e Vinhos, e Sol são os pricipais) e ter em conta os detalhes da

promoção nos mercados nacional e externos.

6. Produto

No que toca à oferta de produtos turísticos, ela sofre de falta de

estruturação temática e qualificação de acordo com as necessidades

específicas e motivação para a viagem dos múltiplos segmentos que

constituem o mercado interno e os mercados externos.

Esta desestruturação tem variadas consequências negativas:

- A primeira e mais relevante é a fraca inter-penetração do Turismo Rural

com tipologias que lhe são tão próximas como o Turismo de Natureza, o

Enoturismo, o Turismo Religioso.

- É incipiente o aproveitamento peloTurismo Rural da gama potencial de

produtos turísticos relacionados com cada uma das redes infraestruturais de

mobilidade.

Tomando um exemplo, o do turismo em bicicleta, a rede nacional de ecovias,

ecopistas e ciclovias, juntamente com a histórica tradição do ciclismo

associado à Volta a Portugal em Bicicleta, favorece a criação de PTT para

diferentes segmentos: cicloturistas amadores e profissionais, turistas que

usam a bicicleta com frequência ou apenas muito ocasionalmente, jovens e

adultos casais e grupos de amigos,assim como para os perfis golden age.

As ecopistas permitem ainda estruturar produtos para cidadãos com

mobilidade reduzida e famílias com crianças. Identificámos uma série de

drivers do turismo português (viajar devagar, gastronomia e enoturismo,

birdwatching, etc.) que podem servir de âncora temática a produtos para

todos estes segmentos, ao que acresce a diversidade regional da oferta em

termos de atributos especiais de interesse reconhecido pelo turista nacional

(planícies alentejanas, águas límpidas dos rios portugueses e rede de praias

fluviais, alguns parques naturais, a serra algarvia, aldeias históricas, regiões

vinícolas, etc. etc.). Falta tornar popular os passeios em bicicleta fora dos

meios urbanos para segmentos alargados, tal como já acontece em

segmentos do Turismo Aventura.

Falta também mostrar que se percebe do que se está a falar e ser capaz de

estruturar produtos bem desenhados e atrativos.

Do lado das redes de mobilidade, os utilizadores não encontram ainda no

Turismo Rural uma vantagem acrescida para a prática destas atividades

turísticas e modalidades desportivas.

Anos de investimento em desenvolvimento local traduzem-se, na

generalidade dos casos, no aumento da rede de oferta de alojamento e na

criação de produtos turísticos, por vezes de elevadíssimo valor etnográfico,

mas que tendem a ser operacionalizados como eventos pontuais em

Page 90: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

84

momentos comemorativos que se repetem anualmente, mas que pouco

trazem à oferta operacionalizável de Turismo Rural. No Centro do país,

encontrámos diversas rotas relacionadas com os produtos da terra e rurais –

o azeite, o pão, a broa, os mirtilos, o mel, etc., mas tal como estão

estruturados não constituem efetivamente um produto turístico relevante ou

operacionalizável sem esforço considerável, apesar do enorme interesse dos

seus conteúdos.

7. Gestão

O Turismo Rural ainda não soube posicionar-se como o parceiro

incontornável para nenhuma das atividade que se praticam e desenvolvam

no espaço rural ou nos espaços naturais.

E, portanto, entende-se que não consiga competir com hotéis budget ou

mesmo com outros hotéis que mantêm um nível igual de aproximação pouco

ambiciosa aos praticantes das modalidades.

Encontrámos uma dificuldade adicional no modelo de negócio de várias

empresas de animação turística e que afastam à partida a possibilidade de as

fazer interagir com o Turismo Rural: é frequente os produtos mais

interessantes e que incluem serviços complementares ou especializados

estarem dimensionados apenas para grupos grandes.

Falta à dinâmica da operação turística de base territorial encontrar

estratégias de redução dos custos da operação que permitam diversificar os

segmentos e incluir casais com capacidade para gastar um pouco mais.

Esta situação aplica-se não apenas à oferta de matriz etnográfica, mas

também à oferta cultural e na generalidade a todos os serviços

especializados (birdwatching, guias de Natureza, etc.).

O turista é vaidoso – somos todos – e gosta de ter uma história para contar:

falta à promoção do Turismo Rural a promessa de uma história interessante.

O marketing do Turismo Rural é pouco ambicioso. Mostra o que há, mas não

faz sonhar. Falta-lhe o tom aspiracional.

Aos promotores de turismo rural falta ambição na definição dos produtos

turísticos: são vagos e generalistas, não parecem falar para ninguém

diretamente.

Mas mais ainda, a sua identidade digital parece frequentemente incompleta,

por se basear no elencar de recursos turísticos e não em alguma forma de

expressão de uma identidade própria. Quando recomendam um

percurso,uma atividade, referem o nome atribuído ao percurso, é frequente

faltar a capacidade para explicar por que é que aquele percurso é

verdadeiramente interessante e em que circunstâncias.

Page 91: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

85

8. A procura não corresponde à oferta

Quatro características da procura atual abrem o caminho para a renovação e

reorganização do Turismo Rural em Portugal e justificam o reforço do

investimento na atividade:

i. Há crescente procura por atividades e experiências e não de uma casa

para dormir

A oferta deve organizar-se em torno de produtos turísticos temáticos;

ii. Os agentes do turismo rural têm hoje consciência da absoluta

necessidade de trabalhar em rede com os outros fornecedores dos

componentes de um produto turístico

Há condições objetivas para que a oferta se organize em diálogo

permanente com os players com quem se partilha o território;

iii. A visibilidade nos mercados depende da escala e robustez da oferta,

assim como capacidade de falar diretamente a certos segmentos

específicos

A engenharia de produto é um ato complexo e que deve ser realizado

de forma integrada:

iv. Verifica-se procura significativa por mercados externos, a procura

pelo mercado nacional é insuficiente

a oferta deve dirigir-se de forma segmentada e diversificada aos

mercados, com o objetivo de ganhar dimensão.

9. Objetivo Redes 5x5

Como respondemos ao desafio abordado neste estudo que, como

relembramos, tem dois eixos?

i.- Como é que a experiência de Turismo Rural pode beneficiar das

restantes quatro redes temáticas

(Resumindo a amplitude das quatro redes: 1. bicicletas/ cicloturismo/

ecopistas/ ecovias; 2. pedestrianismo/ caminhadas/ férias e breaks

caminhando/ percursos pedestres; 3 – cavalos para montar/ percursos

equestres/ picadeiros e rede de locais para apoio logístico; 4- rotas

panorâmicas e informação interpretativa).

E

ii.- Como é que os praticantes e utilizadores destas outras redes podem

beneficiar, enquanto turistas, do alojamento rural e da oferta de

experiências rurais?

Ou, tomando em consideração a motivação do turista para a viagem,

quais são as oportunidades de negócio que se oferecem ao empresário de

Turismo Rural para estruturar uma oferta turística integrando estas

redes?

A oportunidade para capitalizar sobre a articulação destas redes é, na nossa

opinião, robusta e credível.

Page 92: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

86

Mas implica um trabalho aprofundado de criação de produtos turísticos

muito dirigidos a interesses e motivações específicasque são, afinal, as

tendências atuais do mercado.

Acresce que, dada a dimensão e características dos negócios de Turismo

Rural, a engenharia de produto deve procurar robustecer-se com base

numa estratégia ambiciosa, bem segmentada e bem dirigida.

Na figura seguinte, resume-se a estratégia desenvolvida para dar resposta a

estas questões:

Page 93: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

87

Figura 6 – Estratégia de desenvolvimento do Modelo 5x5 resumida por cinco níveis de ação

Page 94: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

88

10. O Modelo passo a passo. Como aplicar

O modelo final reflete toda a informação e conhecimento acumulados no

decorrer deste estudo e que resumimos aqui passo a passo:

Passo 1:

Começámos por identificar os quatro eixos principais para o

posicionamento competitivo do Turismo Rural, em roda dos quais se

deve organizar a oferta, uma vez que é no quadro destes fatores

diferenciadores do Turismo Rural que o empresário tem maior espaço de

manobra para ser ambicioso na criação da identidade do seu negócio.

Os fatores que dão vantagem competitiva ao Turismo Rural

relativamente àsua concorrência são:

- A arte de bem receber;

- A proximidade aos recursos turísticos;

- A oferta de autenticidade;

- O contacto permanente com uma rede de potenciais parceiros

locais

O promotor de Turismo Rural deve fortalecer a sua proposta de valor

atendendo, cumulativamente, à relevância destes quatro fatores críticos

de sucesso.

A ausência de qualidade em qualquer um destes quatro fatores tende

adar vantagem competitiva a pelo menos alguma das outras tipologias de

alojamento (hotéis, alojamento budget, alojamento não qualificado,

pousadas de Portugal e resorts).

Passo 2:

Para dar consistência e permitir um desenvolvimento robusto da

estratégia, foi definida uma proposta de valor baseada numa ideia central

ambiciosa:

“Acesso privilegiado ao Campo”

Ou seja, o modelo 5x5 será orientado para fortalecer a capacidade do

Turismo Rural cumprir esta promessa.

Esta ideia traduz-se numa “assinatura” que identificará o objetivo de

forma clara:

5 Redes – ‘5 vezes mais campo’ – uma experiência 5 vezes melhor

A identidade própria de cada negócio de Turismo Rural pode ser

facilmente derivada a partir desta linha de orientação estratégica.

Dependerá da capacidade de cada promotor evidenciar-se perante a

concorrência e encontrar os seus pontos de contacto preferenciais com

o mercado.

Page 95: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

89

Passo 3:

Seguidamente, cruzámos os quatro eixos genéricos identificados para o

Turismo Rural com quatro eixos específicos para o desenvolvimento da

articulação das 5 redes-tema do estudo, porque são estes os parâmetros

que definem a qualidade da experiência de mobilidade no campo:

- Tempo;

- Caminho;

- Hotspots;

- Momentos

Passo 4:

A análise profunda do potencialde cada uma das cinco redes para

alavancar ou desenvolver cada negócio de Turismo Rural é um trabalho

exigente.

Procurámos identificar os elementos chave para o sucesso no

aproveitamento das redes de mobilidade e da rede de alojamentos para a

criação de produtos integrados e ajustados às motivações do turista e

especificidades dos perfis e tendências dos mercados.

Vários aspetos a considerar são tecnicidades associadas às modalidades

(consultar Anexos neste Estudo) e recomenda-se o desenvolvimento de

parcerias para a partilha de conhecimento e experiência.

Passo 5:

Em face do objetivo principal, estruturar a oferta em torno de produtos

turísticos temáticos integrados, torna-se clara a necessidade de apostar

no desenvolvimento em formato filigrana, a que pode então

corresponder uma oferta muito bem organizada e canalizada para

responder de forma acutilante à procura nos mercados.

Para operacionalizar essa ambição, identificámos quatro vetores de

desenvolvimento:

- Perceber as Valências Próprias;

- Perceber o Território;

- Perceber o Cliente;

- Perceber os Parceiros.

Passo 6:

No decurso do estudo, e para apoio ao desenvolvimento do modelo,

foram então desenvolvidas ferramentas de suporte a este trabalho: uma

checklist de valências próprias / chave para o posicionamento; uma matriz

para identificação dos clientes potenciais por produtos turístico temático;

uma matriz para identificação dos parceiros a incluir nos produtos

turísticos temáticos; e uma ferramenta em Google Earth com

levantamento da oferta (projeto piloto desenvolvido para a zona Centro

do país).

Page 96: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

90

Para aplicação do modelo 5x5, o investidor deve identificar os

elementos que vão compor a sua oferta e assegurar que são coerentes

entre si esse ajustam aos clientes com quem pretende trabalhar. Muito

possivelmente, nesta fase não estará na posse de toda a informação e

conhecimento necessários para tomar decisões totalmente

fundamentadas.

Nos vários capítulos deste estudo foram elencados os principais

componentes e especificidades a ter em conta quando se pretende

construir produtos turísticos temáticos. Recomenda-se a atenção a estes

detalhes para o desenho de uma oferta de qualidade.

Esta é mais uma fase em que se recomenda a procura de parceiros e,

eventualmente, de consultores, públicos ou privados, para apoio. A

PRIVETUR será um parceiro privilegiado a consultar para apoio nesta fase

do projeto.

Passo 7:

Como sabemos, a motivação para a viagem de turismo não é o

alojamento em si mesmo. Por isso, seguidamente ancorámos a estratégia

nos drivers atuais do turismo português, porque são valores seguros e

alvo de investimento.

Mas, naturalmente, chamamos a atenção para a importância de saber

adaptar a situação à realidade do Turismo Rural. Este trabalho de

seleção e de modelação deverá constituir um dos fatores de

diferenciação da oferta.

Exemplificámos no projeto piloto desenvolvido para a zona Centro como

aplicar esta abordagem. Foram identificados oito drivers para ancoragem

da oferta de Turismo Rural nesse território: Viajar devagar; O Campo faz-

lhe Bem; Portugal faz-lhe bem; Cozinha única; Explorar a Natureza; Viver

as Sazonalidades; Enoturismo revisitado; O poder da Água.

Ou seja, recomenda-se a opção, no caso do centro, destes oito temas por

se considerar que eles criam a oportunidade para soluções ambiciosas,

competitivas, únicas, singulares, exequíveis, facilmente comunicáveis, e

que será simples explicar o seu valor aos mercados.

Resumindo:

Através de um esforço dedicado e minucioso, poderá ser organizada

oferta turística canalizada para dar resposta a estas motivações,

tirando partido do potencial das redes de mobilidade para a criação de

produtos turísticos originais e de particular atratividade, muito bem

ajustados a diversos perfis de turistas, e capitalizando sobre as

vantagens únicas que o alojamento em espaço rural tem para

enriquecer a entrega da experiência turística estrategicamente

escolhida pelos promotores.

Page 97: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

91

11. Escala, Escala, Escala

Não é possível repetir em excesso o quanto é necessário desenvolver

estratégias de negócio que aumentem a escala da oferta de Turismo

Rural, a todos os níveis: é importante para o promotor individual, para as

entidades privadas e associativas que queiram assumir algum papel na

promoção do Turismo Rural e para as entidades públicas que entendam o

potencial do Turismo Rural e procurem desenvolvê-lo.

Como foi amplamente referido e exemplificado ao longo deste estudo,

algumas das potencialides oferecidas pela constelação de fatores que

compõem a engenharia de produto só estarão ao alcance do promotor

que integra uma rede de parceiros capaz de lhe dar visibilidade e de abrir

as portas à estruturação de produtos mais abrangentes.

A isto está associada a robustez do negócio: é reconhecida a fragilidade

das operações de Turismo Rural, particularmente agravada em período

de crise económica. A sobrevivência de muitas empresas de Turismo

Rural estará facilitada no quadro de uma rede colaborativa.

Uma das recomendações que destacamos de entre as propostas para a

renovação do Turismo Rural é a adoção de um sistema voluntário de

categorização dos alojamentos de Turismo Rural tendo por base

interesses específicos e capacidade para atender às necessidades do

turista que organiza a sua viagem em função desses formatos

especializados. Esta proposta permite dar visibilidade às valências

individuais de um alojamento através da atribuição de um selo que atesta

a participação do alojamento naquela rede “amiga” de determinado tipo

de turista.

12. Turismo é cultura

Turismo é, acima de tudo, cultura. É uma forma de nos manifestramos, de

consumir e absorver o que os territórios têm de melhor.

O Turismo Rural tem a vantagem extraordinária de ser marcado, desde

sempre, pela autenticidade. E tem aqui a sua âncora principal, que deve

saber aproveitar de forma exigente e ambiciosa.

E se os agentes do Turismo Rural quiserem tirar partido da outra

poderosa característica a que o setor está associado, a arte de bem

receber, tem aqui uma oportunidade única de personalizar o atendimento

para o turista exigente.

Para isso, o promotor tem de perceber como é que hoje as pessoas

querem consumir cultura e saber adaptar a sua oferta. E tem de sentir a

palpitação da cultura viva para a saber servir com arte a cada um dos seus

clientes.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

1. Letónia

O Turismo Rural tradicional revisitado

Figura 7 – Caso da Letónia

Latvian Country Tourism Association, apresentada na versão em inglês

como “Férias no campo no Báltico”, é uma associação de Turismo Rural,

membro da EUROGITES. Representa um benchmark de uma associação

que divide a sua atividade entre a promoção de ofertas de Turismo Rural

e o apoio aos seus sócios com vista à criação de produtos turísticos

integrados. Esta associação conta com cerca de 300 membros -

proprietários dealojamentos rurais.

Tomando como ponto de partida uma base de recursos turísticos

fortemente ancorada no património natural, rural e etnográfico, a

associação desenvolve um trabalho intenso de conversão destes recursos

em produtos turísticos, em parceria com especialistas em matérias que

podem ser tão específicas como a botânica, a coleta de cogumelos,

espécies da fauna e em particular, especialistas em birdwatching de

diversas regiões do país.

O resultado é uma franca diversidade de propostas, ancoradas em

hotspots turísticos e percursos, rotas e pacotes de produtos e serviços

associados, preparada para cobrir todas as épocas do ano, numa tentativa

de combater a sazonalidade da procura.

Os produtos deste esforço de criação de produtos turísticos traduzem-se

não apenas em oferta, mas também em recursos técnicos para

operadores de Turismo Rural, tanto proprietários de alojamento como

operadores de animação turística. Estes produtos incluem, para citar um

caso paradigmático, documentos comparativos entre como organizar um

produto de birdwatching para a primavera e outro para o inverno.

Outro dos serviços prestados pela associação é o apoio ao desenho de

roteiros personalizados para viagens de cicloturismo, caminhadas, tours

fluviais, birdwatching, touring cultural, entre outros. Este serviço inclui:

Criação depacotespersonalizadospara grupos e indivíduos

Reservade serviços de alojamento

Reservadeguias especializados

Aluguerde carro,autocarros, bicicletas e embarcações

Transfer de bagagementre alojamentos

Mapas e folhetos b2b derotas turísticas

Como encontrar este exemplo na internet: http://www.celotajs.lv/en

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

2. Elkana, Country holidays in Georgia

Modelo de Turismo Rural integrado. Autenticidade e modernidade

Figura 8 – Agroprodutosomercializados também

pela rede de Turismo Rural

Elkana, na Geórgia, é um dos parceiros da EUROGITES. Esta associação de

450 produtores de agricultura biológica é responsável pelo

desenvolvimento recente de um projeto integrado de Turismo Rural.

Tomando como ponto de partida o desenvolvimento rural, a associação

traçou caminhos que se cruzam, entre a promoção em rede de produtos

agrícolas em formatos inovadores e a criação de uma rede de oferta de

Turismo Rural baseada não apenas no alojamento e oportunidades para

comercialização e promoção da produção agrícola dos membros da

associação, mas também na estruturação de uma rede de passeios e

atividades de animação turística que têm como suporte os valores

endógenos que a associação promove.

Este é um modelo de cruzamento de autenticidade com modernidade.

Embora tendo na sua origem os valores tradicionais da agricultura, a

associação não se deteve em modelos antiquados e toda a oferta dirigida

ao público é promovida em formatos atuais. As propostas incluem

passeios a pé, de bicicleta, fluviais, a cavalo, em veículos TT, enoturismo.

O que torna relevante este caso de estudo é a origem dos recursos da

rede: trata-se, efetivamente de um projeto de base rural agrícola e que foi

expandido para incluir uma forte componente turística para diversificação

da atividade, processo esse que tem sido conduzido com base em

investimentos relevantes em formação dos operadores da rede,

nomeadamente para as componentes turísticas, como a hospitalidade e a

articulação de informação em rede e sistema de recomendações e cross-

selling.

Lela Khartishvili lidera o departamento de Turismo Rural desta associação

e explicou-nos, no decurso deste estudo, como as redes de produção

agrícola e de turismo se enriquecem mutuamente, referindo a absoluta

necessidade de condução do processo pela associação, que organiza a

estratégia corporativa e operacionaliza a atividade turística.

Figura 9 - Grupos de trabalho

Como encontrar este exemplo na internet: www.ruraltourism.ge

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

3. Alojar-me, Saborear e Mexer-me

- a tentadora oferta proposta pela Provença francesa

A região de Provence, no sueste francês adjacente a Itália, lançou o

programa “La Provence selon vos envies” - Como é que se desenvolve

este programa “a Provença conforme os vossos desejos”?

O portal http://www.provenceguide.com encaminha-nos logo para a

resposta: “Je me loge”, “Jesavoure”, “Je me bouge” – fico, saboreio,

mexo-me.

Figura 10 – O caso provençal francês

A porta “Je me loge” remete para todo o tipo de alojamentos.

Em “Jesavoure”, estão diferentes modos de saborear: petiscos, propostas

gourmet, produtos da agricultura e da gastronomia local, encontros com

chefes de cozinha creditados com estrelas de qualidade, tascas e

restaurantes, feiras e mercados e visitas a quintas e adegas. É uma

proposta que também inclui proporcionar cursos de cozinha e fornecer

receitas (com o saber da tradição local).

Quando se entra em “Je me bouge”, a oferta é de grande diversidade:

bicicletas, percursos pedestres, percursos florestais, rotas equestres,

propostas em volta da água, canoagem e kayak, escalada, espeleologia ou

golfe.

Ao escolher “mexer-me”, no programa “Je me bouge”, a bicicleta tem

função primordial, transportando o visitante para três outros grandes

programas-oferta: vinsetvignobles, em que o turista em bicicleta se

adentra pelos prazeres do vinho e da vinha, “La Provence à vélo”, que

propõe a descoberta da região ao ritmo da bicicleta e da natureza.

La Provence à vélo é atualmente um site autónomo, onde se multiplicam

as propostas mais variadas – a Provence investiu fortemente na

associação da identificação da região como um destino paradisíaco para

os ciclistas em férias.

Na gama da oferta de passeios em bicicleta, aimaginação não tem limites:

em “LaplusbellescèneduSud” vemos a motivação teatral para um

percurso ciclista não só pela paisagem cultural da região mas, também,

especificamente, com incursão na cena criativa local: abre a possibilidade

de participar numa pequena representação teatral (que pode ser

encomendada com pequena antecedência), num programa musical, de

dança ou outro.

Page 103: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

97

Figura 11 – Exemplos de circuitos

Este é um programa com alto potencial para ser replicado em Portugal,

com a sua malha fina territorial de verdadeiros tesouros etno-culturais.

Tomando por exemplo o território do Centro de Portugal: o grupo Trigo

Limpo, em Tondela, com 30 anos de pesquisa, produção e animação

teatral, os festivais ACERT, também em Tondela, o Teatro Regional da

Serra de Montemuro, espantosa experiência cénica gerada na aldeia de

Campo Benfeito, o Teatro Viriato, em Viseu, com fértil oferta profissional

nos campos do teatro, da dança ou do circo, a empreendedora Escola da

Noite, bem como O Teatrão ou o Centro de Dramaturgia

Contemporânea/Teatro Académico de Gil Vicente, tudo em Coimbra, são

alguns de muitos outros exemplos de parcerias a explorar, integrando

com benefícios mútuos a experiência de Turismo Rural e a criação

artística: algum turista pode esquecer a experiência de se tornar

protagonista num espectáculo do Teatro Montemuro que tem palco no

cenário real de uma aldeia?

Parcerias deste tipo podem ser ampliadas a vários outros campos das

artes: da música de expressão local (da balada ao folclore, passando pelo

fado) ao artesanato ou até a novos criadores de moda ou audiovisuais. Os

programas na Provence incluem ofertas como “Jazz na vinha”, “show de

modelismo e miniaturas” em Avignon, festivais musicais, de teatro e de

cinema, encontros gastronómicos (do festival das sopas ao festival das

trufas) e tanto mais.

Os programas de turismo de Natureza na Provence são desenvolvidos

igualmente da mesma forma cuidada e extensa, características essenciais

para aumentar a atratividade de um território associada a temas. O tema

água é tratado como um tema por si só, abrindo para um conjunto de

propostas de atividades ribeirinhas e fluviais.

Figura 12 – Exemplos de circuitos em bicicleta

Como encontrar este exemplo na internet:

http://www.provenceguide.com; http://www.provence-a-velo.fr

Page 104: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

98

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

4. Destination Ventoux

A comunidade uniu-se para tornar inesquecível o acolhimento aos

turistas que vão de bicicleta descobrir recantos da mítica

montanha do Tour de France

Figura 13 – logótipo DestinationVentoux

Etapa mítica do Tour de France, a escalada do MontVentoux contribuiu

para fazer deste território no sueste francês um destino apetecido por

ciclistas de todo o mundo.

Contexto: Este benchmark enquadra a perspetiva de uma equiparação ao

caso português da Volta a Portugal em Bicicleta nas escaladas das Penhas

e da Torre, na serra da Estrela, lugares também míticos para o ciclismo. O

Centro tem, ademais, em Sangalhos e Águeda, uma âncora da tradição

ciclista portuguesa, com uma indústria de fabrico de bicicletas

reconhecidas a nível nacional.

Diferentes interesses locais uniram-se para desenvolver o programa

“Découverte à vélo autor duVentoux”. É uma descoberta em bicicleta de

múltiplos percursos e lugares daquela montanha.

Várias dezenas de parceiros subscreveram a carta “AccueilVélo”.

Comprometeram-se com a rede de acolhimento de ciclistas.

Em torno da criação de um destino para turismo em bicicleta cresceu uma

indústria de serviços e produtos: a rede envolve mais de 70 profissionais,

designadamente de serviços de transportes, seja de pessoas ou de

bagagens, está montado um serviço que garante que qualquer compra

feita pelo turista no seu passeio ciclista é prontamente entregue no local

por este indicado, há serviços de apoio aos acompanhantes, há equipas

de piquete para assistência e manutenção das bicicletas, há serviços de

restauração (cafés e restaurantes) com horários e ementas conformes à

preferência dos turistas e há serviço de merendas disponibilizado aos

ciclistas todas as manhãs antes do começo da jornada em duas rodas.

Toda a logística é garantida, com simplicidade, sem complicações.

Em suma: as entidades públicas, os comerciantes, os diferentes

profissionais uniram-se para potenciar o valor de um local que já era

lendário no mundo do ciclismo, agora aproveitado para fins turísticos.

Taxistas, lojistas, hoteleiros, estalajadeiros, proprietários rurais, artesãos,

os profissionais da restauração, dos bares, das enotecas, todos, cada um

no seu domínio, estão comprometidos com um serviço de qualidade no

melhor acolhimento aos turistas que se dispõem a conhecer o

MontVentoux em bicicleta.

O programa prevê diferentes circuitos para diferentes interesses, em

função de temáticas e níveis de prática. Os programas disponíveis são:

o programa Família,

o programa Descobertas, e

o programa Desportivo.

Page 105: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

99

Ou seja: ofertas para todos. A rede “AccueilVélo” enriquece os itinerários

com propostas de visitas às vinhas e adegas da região, às quintas, aos

santuários da gastronomia e doçaria, para além de promover visitas aos

ateliês dos artistas e artesãos locais. Sempre em bicicleta.

Figura 14 – Mapa de circuitos para bicicleta em Veloux

Estão desenhados treze circuitos no MontVentoux. Passam por vales,

colinas, aldeias medievais, monumentos, vinhas, pomares, hortas,

bosques; há o cuidado de prever circuitos com diferente grau de

dificuldade, alguns deles facilmente acessíveis para todos.

Um dos programas, “EscapadeenAmoureux”, propõe 66kms em dois dias,

entre lagos, vales e planaltos com visitas a vinhas, adegas, museus, e

pastelaria artesanal – um dos museus visitados é o museu das trufas.

Outro programa, o “Découvertes”, é uma aventura ciclista junto ao canal

de Carpentras.

Os programas “Sportif” convidam a explorar porções da deslumbrante

paisagem de altitude por onde pedalam os ciclistas no Tour. Na

competição da Volta à França, os ciclistas mal têm tempo para

contemplar a paisagem e nem podem pensar em desfrutar os prazeres

locais. Nestes programas, tudo é proporcionado. Sempre com boa

gastronomia, bons vinhos e excelente acolhimento.

Assim, através de uma oferta estruturada, os parceiros desta iniciativa no

MontVentoux promovem a qualidade do seu ambiente excepcional e o

gosto de um modo de vida que cruza tradição e modernidade.

Existem vários sites interligados que apoiam esta oferta:

www.destination-ventoux.com; www.smaemv.fr; www.ventoux-

comtat.com; www.provenceguide.com

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

100

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

5. Ride Oregon Ride

Figura 15 – O caso do Oregon

Em 2012, 4.5 milhões de turistas no estado federal do Oregon, nos

Estados Unidos, usaram a bicicleta durante a sua viagem. Se este número

por si só parece assinalável, o que destacamos como facto impressionante

é que ele representa 74% do total de turistas a este estado em 2012.

Destes, 33% tinha, antes da viagem, planeado usar a bicicleta.

Inquirindo os utilizadores frequentes, 64% responderam que a prática de

turismo em bicicleta foi a motivação principal para a viagem.

Neste mercado, 78% dos turistas dormiram na região durante a sua visita.

A análise revelou que se trata de um turista com nível económico e

cultural elevado, com gasto médio superior a outro tipo de turistas e com

estadia mais prolongada.

O Oregon é um destino turístico consolidado e maduro para utilizadores

de bicicleta que soube aproveitar a tradição da utilização da bicicleta na

região (Portland tem a maior taxa dos EUA de utilizadores de bicicleta nas

deslocações para o trabalho), e investiu no desenvolvimento de um

destino turístico fortemente ancorado numa marca consistente e que

ultrapassa largamente o alcance de um produto de nicho. Por inerência, o

Oregon tem como segunda motivação para deslocações turísticas o

turismo outdoor (e, como terceira, o golf).

A oferta é dirigida a todo o tipo de utilizadores de bicicleta: de estrada, de

montanha, ciclistas dedicados, utilizadores ocasionais, incluindo uma

gama diversificada de temas para passeios.

A estratégia desta operação com muitos anos de desenvolvimento incluiu

a intervenção em vários planos de atuação. Desde já, importa fazer notar

que o investimento em comunicação promocional só agora assume

valores significativos (um milhão de dólares em 2012). Antes, houve um

trabalho de malha fina realizado com o envolvimento dos praticantes de

ciclismo e que ampliaram e adaptaram a rede de percursos existentes e

que ajudaram a criar uma rede de locais públicos (cafés, restaurantes,

lojas, etc.) que mostram identificar-se com os utilizadores de bicicletas e a

tornar amigável a receção aos turistas em bicicleta. Atualmente, os

percursos estão interligados formando uma rede de percursos sinalizados

no terreno e que inclui uma rede de vias cicláveis panorâmicas.

Page 107: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

101

As autoridades de turismo investiram na visibilidade da oferta de turismo

em bicicleta mesmo no site oficial do turismo (traveloregon.com) e não

apenas no site nicho (rideoregonride.com), tal como nas outras

plataformas de promoção turística do estado.

Para potenciar para o Turismo Rural o valor turístico do destino para

turistas em bicicleta, foram organizados em 2012 workshops dedicados,

em vários locais, com o objetivo de capacitar as comunidades e os seus

membros para capitalizarem sobre este binómio.Os objetivos

operacionais foram: criar redes de parcerias para a o desenvolvimento de

oferta integrada, desenvolver produtos turísticos, formação especializada

nas várias componentes do negócio.

Figura 16 – Aposta clara na comunicação do turismo em bicicleta

Figura 17 – Ilustração do turismo apoiado na bicicleta

Como encontrar este exemplo na internet: www.traveloregon.com;

www.rideoregonride.com; www.cycleoregon.com

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

102

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

6. Turismo Rural na Irlanda

Esquema de categorização dos alojamentos por afinidade com

temas de interesse especial descobrir

Figura 18 – O caso da Irlanda

Desde 2010, a Irlanda possui um sistema de classificação do alojamento rural (Bed&Breakfast), baseado em critérios para avaliação da qualidade do alojamento, como a arquitetura e traça tradicional, mas também a hospitalidade e qualidade das refeições. O sistema prevê as classificações de 5, 4 e 3 estrelas e “aprovado”.

Mas mais recentemente, em 2011, a autoridade nacional para o desenvolvimento do turismo, a FÁILTE IRELAND, adicionou um esquema adicional de classificação das casas, baseado em categorias de interesses especiais.

O objetivo principal desta estratégia é combater a perda de turistas rurais para a concorrência direta dos hotéis budget, que provocaram nos últimos cinco anos uma quebra no mercado do alojamento rural na Irlanda.

As categorias acomodam as características do mercado e a estratégia nacional para o desenvolvimento do Turismo Rural no país: “Eco-amigo”, “Interessado em Aventura”, “Pedestrianistas bem-vindos”, “Pescadores bem-vindos”, “Estadia numa Quinta”, “Amantes da Gastronomia”, “Praticantes de Golf bem-vindos”, “Amigos de animais de estimação” e uma nona categoria, adicionada no Verão de 2012, a “Experiência Gaeltacht” ou “Experiência Céltica” (turismo dedicado ao reencontro com as origens celtas do turista).

Figura 19 – Selos por tipologia ‘userfriendly’

A adesão a este esquema de classificação é voluntária. Até agosto de

2012, 500 alojamentos tinham aderido.

A entidade de turismo irlandesa considera o esquema como um

instrumento de marketing para os proprietários dos alojamentos, que

podem melhorar a sua estratégia de promoção tanto para o público em

geral como para turistas de grupos nicho. Com este selo, os alojamentos

podem mostrar quais são as suas áreas de especialidade e com que se

identificam.

Page 109: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

103

É esta a relação de classificações dos alojamentos nas categorias de

interesses especiais (agosto de 2012):

AdventureSeekersWelcome 189

AnglersWelcome 195

Eco Friendly 22

Farmstays 63

FoodLoversWelcome 40

BlaiseadhGaeilge 27

GolfersWelcome 228

PetFriendly 50

WalkersWelcome 386

(Fonte: Failte Ireland. 2012)

Os alojamentos aderentes podem utilizar na sua comunicação os símbolos

que identificam cada categoria e recebem autocolantes impressos.

Os alojamentos passam a figurar no site oficial do turismo nas categorias

que os identificam e recebem da autoridade de turismo da Irlanda apoio e

aconselhamento técnico e informação sobre boas práticas nessas

categorias.

Figuram também em campanhas promocionais nacionais sobre Turismo

Rural e naquelas dirigidas aos mercados nicho.

São várias as categorias onde se exige que o alojamento assegure níveis

de qualidade e atendimento específicas para dar conforto ao turista:

Armazenamento e capacidade de parqueamento que garanta a

manutenção e segurança dos equipamentos

Equipamentos para situações especiais: capas impermeáveis

para pedestrianistas, kits de reparação para bicicletas…

Serviços de lavagem de equipamentos e de lavandaria

Alimentação: horários especiais para pequeno almoço, refeições

ligeiras para levar, cesto de piquenique, serviço de jantares

Designação de uma pessoa no alojamento para dar informação

específica sobre a atividade na zona (percursos, guias

especializados serviços adicionais, aluguer de equipamentos,

serviços de transfer)

Informação sobre a atividade e informação sobre outros

recursos turísticos, mapas adequados ao tipo de atividade

Conhecimento e informação sobre os prestadores de serviços

especializados

Kit básico de primeiros socorros

Onde encontrar este exemplo na internet:

http://www.failteireland.ie/FailteIreland/media/WebsiteStructure/Docu

ments/eZine/FI-BB-Category-Brochure-FINAL-06-07-11.pdf

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

104

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

7. Canadá, Ontário

Fazer da “Tourism Region 8” um destino de férias amigo das

bicicletas

Na sequência de um estudo estratégico encomendado pelas autoridades

responsáveis pelo turismo na denominada Região de Turismo 8 no

Ontário, Canadá, foi lançado um projeto para tornar a região conhecida

nacional e internacionalmente como um destino turístico para férias em

bicicleta.

A área abrangida inclui duas cidades, Peterborough e KawarthaLakes, e as

suas envolventes que, no conjunto delimitam a Região de Turismo 8.

O ciclo do produto turístico é subdividido em três componentes: rotas,

trilhos e infraestrutura, serviços de negócios e eventos, e informação e

marketing.

Tendências de mercado

aumento do número de turistas em bicicleta. No futuro

provavelmente haverá um aumento significativo do turismo em

bicicleta.

diversificação dos segmentos de turistas que utilizam a bicicleta

em férias

são turistas que procuram atividades recreativas saudáveis e têm

o tempo e os recursos para desfrutar a viagem

os turistas em bicicleta procuram cada vez mais ofertas que lhes

permitem manter os níveis de conforto a que estão habituados

a internet é a chave para a promoção e venda deste tipo de

turismo

o turista procura não apenas pistas e estradas para andar de

bicicleta: é a experiência no seu todo que o motiva. Viagens

únicas, lugares com autenticidade e culturalmente interessantes

Segmentos de Mercado de turismo em bicicleta

O mercado de ciclismo não é homogéneo e isso deve ser tomado em

consideração no desenho de percursos, na informação a fornecer

previamente e no grau de complexidade e conteúdos a incluir nesta

informação, consoantes se trate de cicloturistas ou de utilizadores

ocasionais de bicicleta.

Dentro do cicloturismo, os promotores destacam a dimensão do turismo

em bicicleta de montanha na região. Praticado tipicamente por turistas

com menos de 40 anos, é um segmento que merece a atenção dos

investidores em turismo.

O turismo em bicicleta é referido como uma atividade com particular

interesse económico, por recorrer a serviços e produtos de base local.

Segmentos identificados:

1- O ciclista ocasional

- Jovens adultos, famílias com crianças e adultos +50 anos

- Andam de bicicleta poucas vezes por ano.

- Duração ideal de um passeio: 1 a 2 horas

Page 111: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

105

- Pedalam a uma velocidade próxima da de uma caminhada e

fazem paragens frequentes

- Motivação: Fitness, entretenimento, convívio social e com a

família

- Vias preferidas: Caminhos próximos do alojamento, parques

ou áreas de lazer

- A evitar: vias onde passam automóveis e subidas

2- O ciclista dos passeios de curta distância

- Adultos no segmento golden age. Passeio com a família, em

casal, com amigos ou sozinhos

- Passeios regulares, semanais ou mensais

- Distâncias habituais: 30-40km

- Velocidade, um pouco mais rápida do que a de caminhar (20-

25km/h), com paragens frequentes

- Motivação: fitness e contacto social

- Passeios frequentes na zona de residência, deslocam-se em

excursões internacionais de férias em bicicleta

- A evitar: declives acentuados e estradas com movimento

automóvel

3- O Ciclista de longas distâncias

- Adultos e adultos no segmento golden age. Passeio com a

família sem crianças, em casal, com amigos ou sozinhos

- Passeios regulares, semanais ou mensais

- Distâncias habituais: 65-100km

- Velocidade: 25-30km/h), com poucas paragens

- Motivação: fitness e a experiência do ciclismo

- Gostam de trilhos com boa manutenção e estradas

pavimentadas com pouco tráfego. Gostam de percursos que

duram vários dias

- Deslocam-se em excursões internacionais de cicloturismo

- A evitar: ecopistas com ciclistas ocasionais

4- Ciclistas de competição

- Jovens ciclistas, sozinhos ou em grupo

- Fazem ciclismo regularmente, como parte do seu treino

desportivo

- Distâncias: 100-160km.

- Velocidade: 30km ou mais

- Motivação: fitness, a experiência do ciclismo, desafios e

competições

Os diferentes segmentos de mercado têm interesses e necessidades

específicas diferentese procuram experiênciasdiferentes:

- Em família, são relevantes as questões de segurança das crianças e

atividades de lazer para a família;

- Ciclistas profissionais procuram desafios relacionados com o grau de

dificuldade dos percursos;

- Ciclistas ocasionais procuram experiências autênticasque

envolvemcultura, eventose oportunidadesrelacionados.

Oportunidades para aproximar tornar o destino “amigo das bicicletas”

Cada vez mais, os turistas em bicicleta procuram mais conforto e

serviços complementares: alojamento confortável e com uma gama

variável de preços, parking seguro para as bicicletas, transfer de bagagem

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

106

e acesso a serviços de alimentação no alojamento e para levar durante o

dia. Gostam de uma boa refeição ao final do dia e talvez uma massagem

ou experiência de spa.

Muitos ciclistas viajam durante vários dias, ficando alojados em diferentes

alojamentos e não permanecem num local único. Este tipo de turista

necessita normalmente de um serviço de transporte de bagagem.

Recomendações sobre o alojamento adaptado às necessidades do

turista em bicicleta:

- Restrições a reservas para apenas uma noite não se adapta a este perfil

de turista;

- Parking seguro para bicicletas. As bicicletas podem ser muito caras e a

perda de uma bicicleta significa o fim de uma viagem de bicicleta;

- Serviço de alimentação nas proximidades (menos de 2 km). Um bom

pequeno almoço é importante para os ciclistas, assim como o

fornecimento de uma refeição ligeira para levar;

- Lavagem e secagem de equipamento técnico;

- Informação de apoio (rotas, mecâncio para pequenas reparações;

- Kit para pequenas reparações;

- Serviço de transfer de bagagens entre alojamentos. O turista tem

dificuldade em organizar este serviço por si só. Os proprietários do

alojamento podem fixar um custo para este serviço, limitando a distância

máxima;

- Assistência em viagem para casos em que é necessário interromper a

viagem.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

8. Clube de Produto BIRDING IN EXTREMADURA

Figura 20 – O caso da Extremadura

Um Clube de produto turístico é uma estrutura que reúne e coordena a

gestão de um conjunto de serviços turísticos organizados. Oferece como

vantagem para o turista uma garantia de qualidade (há um sistema de

regulação da atividade e controle da qualidade e prestação dos

membros). A sua visibilidade traduz-se num selo/marca indicador de

pertença das empresas, do produtos e dos serviços ao clube.

O Clube de Produto Birdingin Extremadura permite articular a oferta turística relacionada com o turismo ornitológico de acordo com critérios de qualidade. Tem por objetivo principal gerir a aposta da Extremadura como destino turístico de birdwatching. O clube promove a integração de serviçose produtos diversos em torno do turismo ornitológico – serviços turísticos especializados, serviços turísticos de apoio, serviços complementares e serviços básicos de suporte.

Através desta aliança para o planeamento, gestão e promoção de um produto turístico, há um benefício comum e potenciação do negócio para todos os envolvidos. O resultado é um conjunto de serviços de turismo ornitológico competitivos e aumento da visibilidade do destino. O Clube de Produto “Birdingin Extremadura” é promovido pela direção geral do turismo da Junta da Extremadura e conta com o apoio de entidades e associações empresariais. O objetivo é desenvolver o turismo ornitológico na região da Extremadura espanhola de forma estruturada e acompanhando a evolução dos mercados espanhol e internacionais para a atividade. A Comunidade Autonómica da Extremadura é, à semelhança dos territórios contíguos em Portugal, uma região de elevado valor para a observação de aves e tem realizado um esforço continuado de investimento na sua identificação como destino turístico de birdwatching. Consciente do valor cultural e paisagístico da Extremadura, as autoridades promovem a região como um paraíso para o turismo ornitológico. Os habitats de interesse para a observação de aves e inseridos na Rede Natura 2000 como Zonas de Proteção Especial para as Aves apresentam enorme diversidade, são, de facto, um mosaico natural, entre serra, alta montanha, pastagens de média-altitude e paisagens agrícolas, formações de bosque mediterrânico bem conservadas, galerias ripícolas numa densa rede de cursos fluviais e planos de água abertos, o que permite a organização de férias com a duração de vários dias e observação de grupos de aves diferenciados. Na atualidade, a atividade profissional de birdwatching na região é desenvolvida por um número significativo de empresas de turismo ornitológico, agências de viagens especializadas, empresas que prestam serviços de apoio complementares à atividade e uma rede de alojamentos que se especializaram no tema.

Page 114: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

108

Para garantir o desenvolvimento sustentável da atividade, foram associados agentes de desenvolvimento local (equivalentes aos GAL portugueses) e realizados investimentos públicos. Tanto estas empresas como as entidades de desenvolvimento local foram integradas no Clube de Produto de turismo ornitológico. O Clube está direcionado para a atividade profissional de birdwatching, mas também para a componente recreativa, abrangendo diversos tipos de público. A gestão do produto turístico ornitológico em todas as áreas designadas como de interesse para a observação de aves na Extremadura é feita através do Clube de Produto. A aplicação dos normativos do clube são assegurados nas várias zonas abrangidas pelos GAL. O clube propõe-se estruturar e organizar toda a oferta turística relacionada com a observação de aves na região e canalizar fluxos turísticos, assegurando qualidade da oferta e sustentabilidade na conservação dos valores naturais. Instrumentos de gestão do clube:

- gestão centrada numa entidade - análise qualitativa de propostas de adesão de novas áreas geográficas - controle de qualidade e de cumprimento dos normativos - plano de formação para os membros´ - ações de marketing

Papel das entidades de coordenação local:

- planear e organizar o acesso de novos membros ao clube - ações de promoção e apoio à comercialização - aconselhamento técnico - promover o trabalho em rede

Benefícios para os membros: - As empresas e serviços que integram o clube têm direito a usar o logótipo da marca para diferenciar e dar credibilidade à sua oferta - oportunidades para desenvolver produtos em rede - maior competitividade da oferta - acesso facilitado a informação técnica especializada - participação em ações de promoção nacionais e internacionais conjuntas - selo de qualidade - benefício indireto à medida que a região se afirma como destino de turismo ornitológico

O crescimento do clube é feito por etapas, sendo gerida em separado a adesão de cada área geográfica. Por exemplo, na área do Parque Nacional de Monfrague, o clube conta atualmente com:

- 2 pontos de informação turística e 2 centros de interpretação

- 4 guias especializados

- envolvimento de 3 grupos de ação local

- 8 alojamentos especializados

Características do alojamento especializado para birwatching no clube

de produto:

- Serviços de secagem de roupa

- Adaptar os horários às necesidades dos observadores de aves

(que podem querer sair para o campo antes do amanhecer)

- Refeições ligeiras para levar para o campo

- Informação sobre a lista de aves identificadas para a zona de

proximidade ao alojamento

Como encontrar este exemplo na internet:

http://www.birdinginextremadura.com

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

109

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

9. Bikotel – Bike Friendly Hotéis

Figura 21 – Bikehotels, conceito em consolidação

O projecto BIKOTEL é promovido em Portugal pela empresa A2Z

Consulting (byYtravel, Lda) e conta com o apoio do Turismo Centro de

Portugal. Lançado em 2012, o projeto oferece uma forma simples de

encontrar hotéis certificados como Bikotels e vários tipos de rotas para

passeios de bicicleta.

O modelo de negócio não é original. A Alemanha foi pioneira; é

interessante a consulta ao mais recente projeto de bikotels na Itália.

Serviços como lavar a bicicleta e a roupa técnica, garagem para armazenar

com segurança bicicletas, lojas para pequenas reparações de bicicletas e

refeições adequadas para os ciclistas são algumas das comodidades

adicionais de um Bikotel.

Este projeto é baseado numa rede de unidades de alojamento que

possuem um rótulo/label BIKOTEL reconhecendo as suas boas práticas em

sete aspetos distintos obrigatórios (parqueamento, garagem, menu,

lavagem, oficina, percursos) e vários opcionais que representam

necessidades dos ciclo-turistas.

Esta filosofia de rede merece ser transposta para a rede de alojamentos

rurais.

A opinião da consultora é a de que a escala do alojamento rural, mais

reduzida do que a de um hotel, não é impedimento à estruturação desta

rede, que terá, naturalmente, características diferentes da rede associada

aos hotéis, mas poderá cumprir igualmente os objetivos para que é

desenhada.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

110

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

10. “Wine Tourism Development Information” Fichas Técnicas “Providing a total visit or experience” e “Know

your tourism market”

Tourism New SouthWales (2000)

A motivação e expectativas dos visitantes de uma adega podem não se

encontrar dentro de uma garrafa

Nestas fichas técnicas dedicadas ao organizador de enoturismo são

apresentadas diversas recomendações para criar uma experiência

turística integral baseada no enoturismo e no estabelecimento das

parcerias certas com outros intervenientes na experiência global desde a

chegada do turista à região.

São várias as razões que levam um turista a visitar uma adega ou a quinta

de um produtor de vinho:

a expectativa de uma experiência agradável

aprender algo mais sobre vinhos e, em particular, sobre os

vinhos daquela região

provar vinhos e talvez comprar alguns.

Uma adega é um ponto de venda, mas para o enoturista, é muito mais do

que isso. Para ele, é uma experiência e integra a experiência mais

alargada que são as suas férias na região.

Esta experiência não pode ser vivida numa loja de vinhos na cidade,

mesmo que o produtor se tenha deslocado lá para uma sessão de provas.

O turista espera descobrir algo especial naquela visita, talvez um novo

sabor ou um vinho para levar consigo.

Cada interveniente na experiência turística, seja o proprietário do

alojamento, seja o dono de uma adega, seja o operador de animação

turística, não operam no vácuo, todos fazem parte da experiência, todos

servem, naquele fim de semana ou férias o mesmo turista. Quer se

conheçam pessoalmente, quer não, fazem arte de uma equipa que

promove a região através dos seus produtos e serviços.

Para contribuir para a satisfação do turista, é importante conhecer os

padrões de qualidade e propostas de valor dos outros fornecedores e que

se ajustam a cada tipo de cliente e tentar que o turista faça as escolhas

vão ao encontro das suas expectativas.

O proprietário de um equipamento ou fornecedor de um serviço deve

conhecer pessoalmente as ofertas: já jantou no restaurante que

recomenda, já dormiu no alojamento, já usou os serviços de animação, já

visitou as adegas e já participou nos seus programas de provas. A

recomendação que faz é baseada na sua avaliação pessoal. Tem a

credibilidade de uma opinião fundamentada.

Além do mais, conhecendo os vários recursos, podem ser feitas parcerias

comerciais que contribuam para valorizar a experiência do seu

cliente/turista.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

111

O que é o enoturismo?

Trata-se de um conjunto de experiências relacionadas com a vista a

adegas e regiões vinícolas e que incluem:

provas

gastronomia e vinhos

touring na região e na envolvente às adegas

viagens de um dia ou estadias mais prolongadas

experiências culturais e de turismo de natureza

complementares

Quem são os enoturistas?

Subdividem-se em três categorias:

ocasionais

interessados

dedicados

As expectativas variam nestes três segmentos: os enoturistas dedicados

têm, na visita a uma adega, a sua motivação focada pelo vinho aí

produzido, enquanto que os outros dois tipos de enoturista estão em

visita à região para passar um dia ou uma temporada no campo, ao que

acrescentam o prazer de uma visita a uma adega. Para que a sua

experiência seja gratificante, precisam de se sentir à vontade na adega e

não intimidados. Estão interessados em aprender algo mais sobre vinhos,

mas num ambiente descontraído.

Para que a experiência do enoturista dedicado seja gratificante, é preciso

que descubra algo sobre vinhos que não estaria disponível numa loja de

vinhos na cidade. No final, terá novidades ou uma história para contar aos

seus amigos. Idealmente, terá tido uma oportunidade para desenvolver o

seu palato e ser reconhecido como conhecedor e provou um vinho raro

ou acabado de chegar ao mercado. Este tipo de turista pode fazer viagens

de enoturismo internacionais.

Quem são os enoturistas?

Quatro tipologias associadas a valores psicográficos estão associadas

positivamente com enoturistas. Correspondem a perfis diversos e

representam oportunidades para desenvolver experiências de enoturismo

ajustadas aos clientes potenciais:

Sinais exteriores de sucesso: Procuram reconhecimento e

estatuto social, procuram qualidade, viagens tipo “o lado bom

da vida” e que confirmem o seu nível de sucesso. Respondem

a mensagens de um marketing inteligente e provocador;

Atentos aos sinais sociais: modernos e progressistas,

interessados em estilos de vida estimulantes, bem informados,

frequentemente são apreciadores de arte e têm consciência

social e ambiental. Respondem a mensagens de marketing

com estilo, bom gosto e inteligentes;

Vida de família tradicional: casais sem crianças, também

golden age, procuram lugares interessantes para as suas férias,

rejeitam propostas inovadoras mas respondem a mensagens

claras;

Aspirantes a um estilo de vida melhor: focados na carreira

profissional, casais jovens, recorrem acredito para financiar o

seu estilo de vida aspiracional. Respondem a mensagens do

marketing que os posicionam no estilo de vida a que

ambicionam chegar.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

112

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

11. Via Algarviana

Um projeto estruturante para o interior algarvio e para a

identidade do Algarve como destino de turismo de Natureza

Organizada como Grande Rota Pedestre (GR13), a via Algarviana tem

cerca de trezentos quilómetros de caminho com sinalização turística.

Atravessa o interior do Algarve, Alcoutim ao Cabo de S. Vicente. A GR

funciona também como ponto de partida para a rede regional de

percursos pedestres.

Figura 22 – O caso da via algarviana

Desenvolvida como projeto de ecoturismo ancorado numa grande rota

(GR) e não como uma GR à qual se adiciona informação sobre alojamento

e animação, é um exemplo de um projeto de desenvolvimento turístico

integrado, direcionado para a promoção do turismo de Natureza no

Algarve.

A via está sinalizada de acordo com as normas internacionais para as

grandes rotas pedestres. Inclui também informação turística ao longo dos

catorze sectores em que se subdivide: painéis interpretativos mostram o

património natural e cultural em presença e os locais de alojamento e

alimentação mais próximos.

Figura 23 – Sinalização da via algarviana

Posicionando-se como projeto de turismo sustentável e responsável, as

linhas estratégicas incluem a dinamização da economia local e atenção

aos territórios desfavorecidos do interior algarvio, e também a

preservação de valores naturais e culturais.

O principal recurso a potenciar é a prática do pedestrianismo, mas são

também promovidas outras formas de ecoturismo, tendo em vista a

diversificação da oferta turística, o combate à sazonalidade do turismo, o

combate à desertificação das serras algarvias e um esforço para

consolidar micro-iniciativas económicas em curso e estimular a criação de

novas.

A agenda de atividades em volta do pedestrianismo inclui frequentes

propostas de caminhadas, algumas temáticas, outras dirigidas para a

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

113

descoberta geral do património do troço do percurso. Inclui também

propostas originais, como caminhadas noturnas.

O turismo ornitológico é uma das componentes estratégicas para o

aproveitamento turístico da via Algarviana, procurando capitalizar sobre a

presença de turistas estrangeiros no Algarve, e em particular de mercados

emissores de turistas de birdwatching, como o Reino Unido, a Alemanha,

a Holanda e a França.

O produto birdwatching está focado em quatro pontos territoriais chave:

Vila do Bispo, Loulé, São Brás de Alportel e Castro Marim, que funcionam

como hotspots para a observação de aves na GR. Para além de algum

investimento de infraestruturação, estão a ser preparados roteiros de

birdwatching específicos para cada um destes locais.

A via algarviana pretende ser um projeto estruturante pata o interior do

Algarve. Pela sua dimensão e estrutura coordenada e coerente, desde já

está facilitado o seu aproveitamento para a construção da identidade do

território algarvio como destino de turismo de Natureza e como destino a

explorar forma da época alta para o turismo.

É importante destacar a forma integrada como neste projeto se potencia

o valor turístico da enorme riqueza paisagística e cultural do interior

algarvio nos dois eixos turísticos específicos do pedestrianismo e turismo

ornitológico.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

114

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

12. Greenways: via verde para as ecopistas como parte da

promoção de produtos turísticos

Figura 24 – O caso das Ecopistas

Em 1994 foram abertas as primeiras “vias verdes” na Península Ibérica. A

designação espanhola de “vias verdes”, que acompanha directamente o

conceito britânico de “greenways”, evoluiu em Portugal para “ecopistas”.

No essencial: antigos caminhos de ferro que se tornaram novos caminhos

verdes para o desfrute das rotas em bicicleta ou a pé – e, em certos casos,

também cavalo.

A sua criação foi impulsionada pelo abandono de milhares de quilómetros

de linha ferroviária que tinha entrado em desuso.

O pioneirismo de 1994 foi em Espanha, com a abertura dos 38

quilómetros da “Via Verde de LaSierra” entre Puerto Serrano (Cádiz) e

Olveras (Sevilha), na Andaluzia, e os 54 quilómetros no antigo “carrilet”

catalão entre Girona e Olot. Dez anos depois, em 2004, Espanha já tinha a

funcionar 1200 quilómetros de ecopistas em 68 “vias verdes” por todo o

território, nas Astúrias como em Jaén, em Toledo como em Castellón.

Em 1998, no decurso de uma reunião em Namur, na Bélgica, foi criada a

EuropeanGreenwaysAssociation (EGWA), com a missão de promover e

difundir as “vias verdes”(ecopistas) , em particular na Europa. A EGWA

agrega hoje 42 organizações de 11 países, com o secretariado baseado,

desde 2009, em Espanha, incluindo Portugal.

A EGWA-Greenways, para além de promover a melhor acessibilidade para

todos, designadamente pessoas com mobilidade reduzida, às novas vias

criadas, propõe-se e tem conseguido resultados reconhecidos, usar as

ecopistas como plataforma para a promoção de produtos turísticos

temáticos no âmbito do turismo sustentável, com valorização da

paisagem natural, cultural, histórica e humana no trilho da ecopista.

A experiência espanhola ilustra – como documenta CarmenAycartLuengo,

Diretora de Atividades Ambientais e VíasVerdes naFundación de

losFerrocarrilesEspañoles – como as “vias verdes” têm sido instrumento

para a dinamização do Turismo Rural e de práticas de bem-estar na

natureza. O Diário de Cadiz, na edição de 11 de Abril de 2010, colocava

em destaque na primeira página que “La via verde se consolida como

revulsivo de laSierracon 100.000 visitas anuales. La demanda turística

propicia lacreación de empleos”. A “Via verde de laSierra” é assim

reconhecida como locomotiva do turismo (100 mil visitantes) e do

emprego, nos sectores do alojamento, restauração, guias turísticos,

aluguer e reparação de bicicletas, transferes, etc.

Page 121: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

115

Os agora 120 quilómetros de via verde que ligam os Pirenéus ao

Mediterrâneo têm 1.800.000 utilizadores por ano, tendo gerado a criação

de um “ConsorciGironaGreenways”. Este consórcio envolve actualmente

54 empresas. Multiplicam-se as actividades para todos, dos mais jovens à

chamada golden age, com o conforto de vias acessíveis, seguras, fáceis. O

turismo ornitológico (birdwatching), considerado como um dos

segmentos turísticos com maior crescimento em Espanha, encontrou na

rede de vias verdes um forte apoio.

Algumas antigas estações ferroviárias tornaram-se estalagens rurais,

centros de informação turística e locais de venda de produtos regionais. O

êxito desta estratégia é reconhecido.

Em Portugal, o Plano Nacional de Ecopistas foi lançado em 2001 por

iniciativa da REFER: visou a requalificação e reutilização das linhas e canais

ferroviários sem exploração em algumas áreas do Norte, Centro e

Alentejo. O desenvolvimento deste plano tem sido suportado por acordos

contratuais com os municípios que são atravessados por essas linhas e

canais desativados, responsabilizando-se a REFER (ramo Património) por

promover a elaboração de estudos prévios de projetos de arranjo

paisagístico, base para os projetos de execução de cada Ecopista. Tudo

passou pela adoção e registo da Marca Nacional e Europeia (ECOPISTAS),

bem como pela integração da REFER como membro da Associação

Europeia das Vias Verdes.

Foi então formalizada a seguinte definição de ecopistas, a partir da

“Declaração de Lille”, de Setembro de 2000, para uma “Rede Verde

Europeia”: vias de comunicação autónomas, reservadas às deslocações

não motorizadas, realizadas num quadro de desenvolvimento integrado,

que valorize o meio ambiente e a qualidade de vida, e que cumpra as

suficientes condições de largura, inclinação e qualidade de pavimentação,

de forma a garantir uma utilização em convivência e segurança por parte

de todos os utentes, independentemente da capacidade física dos

mesmos.

Nesta dúzia de anos a REFER já promoveu a criação em Portugal de dez

ecopistas:

Ecopista de Mora: É o trajeto entre Évora e Mora, correspondente

ao antigo Ramal de Mora. Os 20 quilómetros já concluídos ligam

Évora a Sempre Noiva. Esta Ecopista está inserida na Rede Verde

Europeia do Espaço Mediterrâneo Ocidental, que, aquando da sua

conclusão, se estenderá do sul de Portugal ao sul de Itália

Ecopista do Tâmega: O trajeto de 10 quilómetros realiza-se entre as

estações de Amarante e Chapa, passando por Gatão,

correspondente ao antigo canal ferroriário. Existe também

iluminação pública no troço entre as estações de Amarante e

Gatão, com características mais urbanas, para possibilitar a prática

de jogging.

Ecopista do Rio Minho: São 14 quilómetro que compõem o trajeto

entre Valença e Monção, ladeado pelo rio Minho. Este percurso é

rico em ilhotas, matas ripicolas e veigas férteis,

Ecopista Guimarães – Fafe: O percurso de 14 quilómetro liga

Guimarães a Fafe, ainda que esteja projetado o seu aumento para

28 quilómetros, terminando em Creixomil.

Ecopista do Ramal de Famalicão: O percurso liga Famalicão à Póvoa

de Varzim, estando implantada numa zona rural e florestal, bem no

coração do Verde Minho. São 10,2 quilómetros de beleza e

serenidade.

Page 122: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

116

Ecopista do Corgo: Esta ecopista tem na sua totalidade 71

quilómetros, mas apenas 9 estão neste momento disponíveis,

fazendo o percurso de Vila Pouca de Aguiar.

Ecopista do Sabor: Os 12 quilómetros de trajeto, correspondentes

à antiga Linha do Sabor, ligam Torre de Moncorvo a Larinho.

Ecopista do Montado Montemor-o-Novo: Com cerca de 13

quilómetros, este caminho liga Torre da Gadanha e Montemor-o-

Novo.

Ecopista do Dão: Este percurso de cerca de 49 quilómetros liga

Santa Comba Dão a Viseu e permite a passagem na ponte

metálica ferroviária do Mosteirinho com uma extensão de cerca

de 300 metros, um dos locais mais emblemáticos deste percurso.

Ecopista do Vouga: O trajeto realiza-se entre Sernada e Viseu com

96 quilómetros, dos quais 9 estão já disponíveis, correspondendo

ao percurso do Sever do Vouga.

Estas duas últimas – Ecopista do Dão e Ecopista do Vouga – inserem-se no

território que é foco do estudo piloto deste estudo. São recursos de

valioso potencial para o desenvolvimento do sistema de redes que

analisamos.

Em Portugal também, como noutros países, o uso das ecopistas é

partilhado entre as comunidades locais, para fins recreativos, e os turistas

de outras localizações. Como evidência da capacidade das ecopistas de

contribuírem para as economias locais, destaque-se o exemplo na

ecopista do Dão, que tem como serviços complementares ancorados nela

um posto de restauração numa das antigas estações de comboio, uma

empresa de animação turística e aluguer de bicicletas, também localizada

na ecopista e um recente alojamento rural e empresa de animação

turística.

Page 123: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

117

ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS

13. PROVE PORTUGAL

Promover o país que tem “o melhor peixe do mundo”

Figura 25 – O caso Prove Portugal

O programa “Prove Portugal” foi lançado pelo Turismo de Portugal em

colaboração da Academia Portuguesa de Gastronomia, com a intenção de

promover “o bom sabor de Portugal”. Visa afirmar Portugal como destino

gastronómico, sensibilizando, nacional e internacionalmente.

Um portal na internet (http://www.proveportugal.pt/), disponível por

agora em português e em idioma inglês, trata de “construir uma imagem

convincente do que temos de melhor no domínio da gastronomia e

vinhos”.

Restaurantes, produtos e gastronomia são as três grandes secções que

alimentam o portal onde é visível o dedo autorizado de um rosto

reconhecido como é José Bento dos Santos.

Para o programador turístico, esta é uma fonte de recursos de elevado

interesse e qualidade, que diferenciam as regiões e também o país,

conferindo-lhes densidade cultural e capazes de criar expectativas

elevadas sobre a experiência turística que envolva estes recursos.

Na área “restaurantes” são propostos ao visitante 82 restaurantes

seleccionados, do Minho ao Algarve mais Açores e Madeira. Numa pasta

dedicada a “chefs” de eleição, cinco deles aguçam o apetite do visitante

para as suas escolhas de “cozinha portuguesa de vanguarda, moderna e

criativa que recria sobre produtos excepcionais, novos gostos

memoráveis, e combinações qvue nos transmitem emoções

gastronómicas”: Albano Lourenço, da Quinta das Lágrimas, em Coimbra,

propõe uma carne de porco à portuguesa; Henrique Sá Pessoa, do

restaurante Alma, opta por ameijoas à Bulhão Pato; José Avillez, do

Tavares, escolhe um bacalhau à Brás; José Cordeiro, do Altis Belém,

propõe-nos um arroz de tamboril; Leonel Pereira, do Sheraton Lisboa,

aposta numa cataplana de lavagante.

A escolha maioritária destes “chefs” remete-nos para a mais tentadora

sugestão logo no topo do portal: “o melhor peixe do mundo e mariscos

estupendos”.

É precisamente esteum dos temas desenvolvidos noutra das secções do

portal, a dos produtos: desfilam peixes, vinhos, azeites, queijos de

montanha e frutos e legumes. Abrindo cada uma destas propostas,

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

118

saltam-nos em tentação o robalo de Sagres, o peixe-galo de Peniche, o

salmonete de Armação de Pera, mais o cherne fresquíssimo, o camarão

de Espinho ou da Quarteira, os lagostins de Cascais, os percebes das

Berlengas ou as ameijoas cristãs da Ria Formosa; não poderia faltar ampla

oferta de vinhos, é a porta aberta a seguir; logo ao lado estão os azeites,

depois os queijos, o da Serra da Estrela, de Serpa, de Azeitão, Terrincho,

Rabaçal, Niza e Açorinos com o queijo curado de S. Jorge à cabeça; na

pasta Prove Portugal de frutos e legumes, as propostas vão das cerejas da

Cova da Beira ao ananás dos Açores.

Uma outra das secções principais conduz-nos pela diversidade da

gastronomia, com a cozinha regional, a cozinha contemporânea e a dieta

mediterrânica.

Este desfilar de tentações gastronómicas torna-se irresistível, mostra-se

poderosamente eficaz. Corrobora o que David Lopes Ramos atesta na

introdução do portal: “o sabor de Portugal é requintado, sofisticado e

cosmopolita”. José Bento dos Santos dá a seguir o mote para o que este

Prove Portugal pretende provar: “Portugal é um destino gastronómico de

eleição”.

O portal, naturalmente, não nos fala de paellas, risotos, gaspachos ou coq

au vin. Fala-nos de pratos, produtos e sabores que entram para o menu

da identidade portuguesa na gastronomia e vinhos.

Ao entrar-se no portal Prove Portugal, o desejo de provar fica irresistível.

Dependerá da competência e imaginação do criador de produtos

turísticos a capacidade de tirar partido da grande qualidade e diversidade

da gastronomia portuguesa.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

119

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

120

ANEXO 2 - Inquérito

Entre os dias 26 de Setembro e 10 de Outubro de 2012 foi realizado um

inquérito a diversos sectores do turismo português, com relevância para a

criação de oferta estruturada com base no Turismo Rural, para o qual

foram recebidas 136 respostas. Este inquérito teve como objectivo

averiguar a existência e o nível de cooperação entre as várias empresas

do sector, bem como os procedimentos em torno das parcerias, tais como

a divulgação, operacionalização e grau de satisfação das entidades

envolvidas.

Parcerias

Os dados do inquérito são elucidativos quanto à importância atribuída à

criação de parcerias entre organismos do sector, já que mais de 80% dos

inquiridos considera as parcerias positivas, sendo que sensivelmente a

mesma percentagem costuma trabalhar recorrendo a este tipo de

compromissos.

A satisfação do cliente e uma melhor promoção do território são vistas

como as principais vantagens das parcerias, com mais de 50% dos

inquiridos a atribuírem a importância máxima a estas respostas. O

aumento do volume de negócios, a manutenção da etnografia local e a

conservação dos valores naturais e culturais já são colocados num nível

secundário.

Percebe-se que a popularidade das parcerias se deve principalmente a

uma questão económica, a canalizar através da satisfação dos clientes e

da promoção do território como um todo, revelando uma clara perceção

sobre a importância destas questões para o desenvolvimento turístico

sustentável.

Os parceiros mais populares são o binómio unidades de alojamento e

empresas de animação turística, com respectivamente 30% e 26% das

respostas. Naturalmente, o cruzamento de ambos os dados denota que

esta parceria bilateral é atualmente a mais explorada.

Há ainda quem faça parcerias simultaneamente com associações e

artesãos locais, empresas de animação turística, restaurantes e unidades

de alojamento, num total, ainda assim baixo, de 8% dos inquiridos. É de

notar que grande parte das parcerias (85%) são organizadas pelo próprio

inquirido e não pelo potencial parceiro. Existe portanto uma preferência

pelas parcerias com empresas que ofereçam um serviço (alojamento) ou

uma atividade que complemente a oferta já existente (empresas de

animação turística).

A sazonalidade existente no turismo português vem ao de cima quando se

evidencia como a maioria das parcerias existentes (36%) correspondem a

atividades pontuais, muito provavelmente fruto de acontecimentos

especiais não relacionados diretamente com o promotor mas sim com

eventos decorrentes nas diferentes regiões. Quando se observa que 33%

dos inquiridos possuem parcerias permanentes, possivelmente de longa

data, e que são raras as parcerias com uma periodicidade semanal ou

mensal, percebe-se que os dois extremos (permanentes e pontuais)

refletem realidades muito diferentes.

Redes sociais

A importância dos mercados internacionais aliada ao avanços

tecnológicos torna praticamente obrigatório recorrer a uma plataforma

Page 127: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

121

virtual para aa divulgação dos serviços e produtos oferecidos. As redes

sociais e website próprio são apontadas como as opções onde mais de

50% das respostas têm classificação máxima. Desta forma, com um custo

mais reduzido é possível aos vários stakeholders alcançarem um maior

espectro de clientes nacionais e internacionais. Os meios de comunicação

mais tradicionais como os panfletos ainda são utilizados, mas são

claramente uma opção secundária.

Temas para as parcerias

De entre os serviços oferecidos em parceria, os mais comuns são as

experiências gastronómicas e o enoturismo (total de 50%), os passeios

pedestres e programas organizados com 45% e 41% das respostas,

respectivamente. As atividades com bicicletas (22%), equestres (22%) e

aquáticas (31%) também são realizadas, mas com uma frequência menor.

É através de parcerias, mesmo que pouco estruturadas e meramente

bidirecionais, que muitas empresas conseguem trabalhar, com um nível

de interesse superior, aqueles que consideram ser os maiores valores da

ruralidade portuguesa.

Quando se comparam os serviços existentes com os que os stakeholders

gostariam de oferecer, verifica-se que a parceria mais desejada é a criação

de descontos para os clientes, com 42% das respostas, seguida pelos

programas organizados (39%) e pelas experiências gastronómicas(37%).

Os passeios equestres apresentam a mesma percentagem (22%),

enquanto que as atividades aquáticas são menos desejadas do que as

atualmente praticadas (29% contra os 31% que já as realizam), assim

como os passeios pedestres (31% contra os 41% que já os realizam).

A criação de descontos não torna uma oferta mais completa, mas torna-a

mais competitiva e economicamente interessante. Naturalmente, o

desejo de realizar mais parcerias para a criação de descontos prende-se

com a necessidade de tornar mais apelativo o serviço oferecido.

Estes resultados revelam-se muito interessantes porque, ao darem

enfoque principal às parcerias via descontos, os inquiridos demonstram

algum facilitismo na perspetiva que têm acerca do estabelecimento de

parcerias, mas também um olho clínico para aquela que é, nos dias de

hoje, uma tendência pronunciada, principalmente no que respeita ao

mercado português – a busca pelos descontos.

Tal não é tão verdade quando analisamos os mercados estrangeiros, pelo

que ao optarem em 2º lugar pela resposta relacionada com os programas

organizados, dão um sinal de que há vontade de mudar e seguir uma via

mais proativa do que a que têm vindo a seguir até aqui.

Tanto nas parcerias existentes como nas desejadas, as atividades com

bicicletas, equestres e aquáticas assim como os percursos pedestres,

obtiveram, apesar de tudo, percentagens consideráveis, demonstrando

que o património natural é considerado por todos os stakeholders como

um dos pontos fortes do nosso país.

Entidade coordenadora

A existência de uma entidade gestora que promova e dinamize a criação

de redes de parcerias locais é considerada importante por 68% dos

inquiridos contra 14% que não veem qualquer utilidade nela. As principais

justificações para esta falta de utilidade prendem-se com a falta de

parceiros disponíveis e com o pouco dinamismo na região.

Page 128: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

122

Curiosamente, as razões apresentadas para a falta de utilidade de uma

entidade gestora são precisamente aspetos que seriam desenvolvidos

com o auxílio dessa entidade - fortalecimento de uma rede de parceiros,

que consequentemente levaria a um aumento do dinamismo da região.

Estes dados denotam alguma falta de informação destes 14% de

inquiridos, inclusivamente nas novas formas de abordar os mercados, mas

é de realçar a maioria e a importância que esta resposta tem para a

potenciação da atividade da PRIVETUR.

Por último, para os inquiridos, o fortalecimento do negócio, a

diversificação da oferta, o aumento da atração de clientes, a otimização

de custos e a promoção da região correspondem a vantagens claras de

uma rede de parceiros. Apenas a possibilidade de criação de novas

infraestruturas de apoio não se mostra como uma contrapartida positiva

tão forte.

Esta última pergunta vem mais uma vez demonstrar que existe a

consciência de que uma rede de parceiros traria muitas vantagens,

principalmente numa vertente de competitividade económica.

Gráfico 1 – Opinião sobre o desenvolvimento de parcerias em Turismo Rural

Gráfico 2 – Percentagem de agentes que possuem parcerias

Gráfico 3 – Tipologias de entidades parceiras dos agentes de Turismo Rural

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Gráfico 4 – Motivos para consiferar as parcerias positivas (Escala de valores)

Gráfico 5 – Periodicidade de funcionamento das parcerias actuais

Gráfico 6 – Tipos de serviços oferecidos em parceria

Gráfico 7 – Tipo de serviços que gostaria de oferecer em parceria

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Gráfico 8 – Meios de divulgação dos produtos/ serviços

Gráfico 9 – Promotor das parcerias actuais

Gráfico 10 – Opinião sobre importância da existência de uma entidade gestoras das redes

de parcerias locais

Gráfico 11 – Motivos para não considerar importante a existência de uma entidade

gestora das redes de parceiras locais

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Gráfico 12 – Opinião sobre vantagens da existência de uma rede de parceiros no Turismo

Rural

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127

ANEXO 3 - Diagnóstico participativo

No que se refere à auscultação dos players, foram ouvidos interlocutores

de entidades públicas, como o secretário de Estado para o Turismo,

vereadores de diversas autarquias e o presidente do Turismo do Centro,

consultores, proprietários de alojamentos de Turismo Rural,

investigadores e técnicos especializados, mestres e estrategas, e alguns

turistas, podendo-se assim afirmar que foi recolhido um considerável

número de opiniões válidas relativamente às necessidades e fatores de

competitividade deste sector em Portugal.

1. Entrevistas técnicas

No decorrer deste estudo foram realizadas mais de 150 entrevistas a

diversos playersdo turismo, designadamente a:

45 proprietários/empreendedores turismo em espaço rural (27

portugueses, 10 brasileiros, 8 espanhóis);

26 empresários e agentes de animação turística;

25 proprietários ou dirigentes de enoturismos ou de propriedades

vinícolas e adegas com potencial turístico;

16 responsáveis por centros hípicos ou equestres;

14 autarcas eleitos da região Centro (Almeida, Anadia, Arouca,

Figueira de Castelo Rodrigo, Montemor-o-Velho, Nelas, Oliveira do

Hospital, Santarém, São Pedro do Sul, Sever do Vouga, Tábua,

Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu, Vouzela);

sete empresários e agentes de animação cultural;

três federações desportivas (Federação Equestre Portuguesa,

Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas,

Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada).

Foram realizadas duas entrevistas ao presidente do Turismo do

Centro, designadamente as publicadas no portal PRIVETUR News

(www.PRIVETUR.pt)

2. Reuniões e processos de consulta

2.1 Foram realizadas reuniões de trabalho com:

três associações de Desenvolvimento Local (ADICES,

ADDLAP e ADRIMAG);

duas entidades coordenadoras vinícolas (Comissão

Vitivinícola Regional do Dão, Rota do Vinho da Bairrada);

vários representantes de associações, media e outras forças

vivas locais e regionais.

Foram efetuadas consultas aos parceiros internacionais da

PRIVETUR na EUROGITES e no IDESTUR (Brasil).

2.2 Participação em eventos

Houve participação e reuniões em eventos como a BTL 2012 (Lisboa),

EXPO.TUR (Santarém), INTUR (Valladolid, Espanha), INVTUR 2012 (Aveiro)

e Feira do Vinho do Dão (Nelas).

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

128

2.3 Mergulho no território

Foi realizado um laboratório criativo - Co-lab “Serviços Colaborativos

para Espaços Criativos: Inovação no Turismo Rural”, em Viseu, sob

coordenação da professora Teresa Franqueira da Universidade de Aveiro

(departamento de Design) e envolvimento de três professores de Turismo

(Universidade de Aveiro e Instituto Politécnico de Viseu).

Tendo contado com cerca de trinta participantes de diferentes faixas

etárias e de diferentes áreas profissionais (designers, empresários de

Turismo Rural, animadores culturais, agentes turísticos, etc., este

workshop permitiu uma troca de experiências intensa entre os vários

intervenientes.

Foram também realizados os seguintes workshops temáticos:

- A importância das parcerias estratégicas no território para a inovação

no Turismo Rural (Santa Comba Dão);

- Internacionalização do Turismo Rural português – o caso do Brasil

(Santarém)

É ainda de destacar as visitas a recursos e produtos turísticos localizados

na região Centro, com cerca de 4000km percorridos e a realização de

visitas (o membro da equipa do estudo apresentou-se sempre como

turista nestas visitas) e consultas a 21 postos municipais de turismo.

Todo este trabalho de auscultação e imersão no território permitiu

identificar várias questões críticas para o desenvolvimento do Turismo

Rural em Portugal e fazer o diagnóstico que se apresenta de seguida.

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ANEXO 4 - As cinco redes

1. Contributos da rede de caminhos pedestres

1.1 Tipologias de clientes

Formalmente, os mercados associáveis ao tema “férias com caminhadas”

estão seccionados em dois grandes blocos de utilizadores: os

pedestrianistas que têm como motivação principal e por vezes única, fazer

caminhadas; e os turistas que têm outras motivações para a escolha do

destino, mas que gostam de fazer um percurso, uma caminhada,

tipicamente de nível de dificuldade mais baixo. No entanto esta divisão

pode ser redutora, já que existem atualmente bastantes turistas-

caminheiros, que estão interessados em caminhar e utilizam percursos de

nível mais avançado, mas que também possuem as motivações mais

típicas de um turista tradicional, como seja o contato com património

cultural e arquitectónico, a gastronomia, a paisagem, entre outras.

Os percursos e as rotas pedestres apelam a públicos muito variados e os

mercados de turismo de Natureza estão ultra-segmentados, o que faz com

que seja de extrema importância criar um produto coerente e capaz de

satisfazer o interesse do tipo de turistas que projetamos receber, com

serviços adequados.

O pedestrianismo é, de facto uma atividade que não deve ser ignorada,

sendo praticada por um número crescente de pessoas, quer como

atividade física de desporto, quer em férias ou como motivação principal

para um break. Alguns números indicativos da dimensão do mercado

potencial são: 3 milhões de praticantes de pedestrianismo em Itália e

França, 10 milhões no Reino Unido, 30% dos suecos passeiam

frequentemente em floresta ou em trilhos, metade das pessoas no Reino

Unido faz caminhadas periodicamente.

Independentemente disso, não se pode dizer que haja um perfil típico do

caminhante ou do pedestrianista, no entanto salientam-se aqui algumas

tendências:

mais de 50% são mulheres,

é crescente a participação de famílias,

tem crescido também a popularidade do pedestrianismo entre

pessoas na 3ª idade;

tendencialmente, predominam as classes média e alta.

1.2 Tipologias de Pedestrianismo

São muito variados os significados de caminhada, havendo inclusive

pessoas que caminham regularmente e não se consideram caminhantes ou

pedestrianistas.

A principal questão que deve ser clarificada é a que concerne às diferenças

entre caminhada desportiva, recreativa e turística. Na realidade, grande

parte dos percursos pedestres a nível nacional foram criados e desenhados

pelos gabinetes de desporto das autarquias, mostrando por isso uma

maior valência desportiva que turística, independentemente de possuírem

alguma interpretação associada que poderá funcionar como forma de

informação turística. Só mais recentemente se começou a perceber a

importância dos percursos pedestre enquanto recurso turístico e a

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

131

entender a necessidade de estes serem desenhados como tal, constituindo

verdadeiros produtos que complementam a oferta turística de cada

região.

A análise da oferta turística de percursos evidencia a predominância de

percursos de pequena e média distância (2-3 horas e 5-6 horas) em relação

a percursos com graus de dificuldade mais elevados. Constatou-se também

que a maioria dos turistas prefere não contratar serviços de guia ou

pacotes de serviços, preferindo realizar os percursos de forma autónoma.

No entanto, a percentagem de percursos organizados aumenta

consideravelmente no caso de turistas estrangeiros, apresentando valores

variáveis consoante o seu país de origem e os perfis do turista. A título de

exemplo este valor é mais elevado para os turistas alemães do que para os

turistas franceses, que preferem fazer percursos de forma independente.

A ter em conta:

Fazer uma rota implica, por vezes, que esta leve vários dias a

concluir, o que é diferente de uma caminhada de algumas horas;

Percursos com características técnicas bem definidas e que

permitem um ritmo constante ou que têm um perfil mais ou

menos acidentado, é diferente de caminhos para se dar uma volta

a pé;

Caminhar como desporto é diferente da atividade recreativa.

1.3 Motivação

O pedestrianismo é mais do que desporto. Quem adere às caminhadas

escolhe percursos onde haja o que olhar e conhecer. A qualidade da

paisagem é fundamental para a escolha.

Idealmente, numa região deve existir uma rede de percursos que permita

aos turistas escolherem entre várias opções.

Aos alojamentos, interessa a existência de mais do que um percurso nas

suas imediações, podendo assim promover o alargamento do tempo de

estadia.

Quais serão então as principais motivações associadas?

- Contacto com a natureza

Fatores relacionados com a natureza estão sempre presentes: a busca de

um ambiente bem preservado, associado à oportunidade para contemplar

belas paisagens, é um dos fatores mais relevante em especial no que toca

aos turistas alemães, austríacos e escandinavos.

- Um sentido de recuperar bem-estar físico e fitness

A busca de um sentido de bem-estar físico é uma procura comum e

fundamental e andar a pé é um modo de avançar em direção a essa

ambição. É um progresso com nível moderado de esforço, sem

preocupações competitivas. Não há confronto com um ambiente

envolvente duro como é o experimentado por exemplo por escaladores de

montanha. Não há desafios agrestes.

As mulheres e pessoas com mais idade são particularmente motivadas por

essa ambição de bem físico, que se torna também mental.

A caminhada faz ficar bem.

- Descoberta

A descoberta faz parte do passeio. As pessoas caminham para descobrir

uma região e diferentes formas de vida: a natural, a cultural e a do

património histórico. Qualquer pormenor pode ser pretexto para a

Page 138: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

132

descoberta, desde que o seu objeto seja ‘autêntico’. São exemplos disso

passeios a explorações agrícolas onde os caminhantes podem saborear o

queijo ou desfrutar uma compota feita no local, de forma artesanal, com o

saber da tradição; ou a descoberta de percursos que cruzam vales e

aldeias.

No entanto, essa curiosidade não deve ser exagerada: para os

caminhantes, esta motivação é real, mas secundária. Os turistas talvez não

se desloquem desde casa até São João de Tarouca para ver os retábulos de

Vasco Fernandes. Mas, chegadas lá, tendem a querer saber da escola de

pintura de mestre Grão Vasco.

1.4 Principais componentes da oferta turística – os ingredientes

básicos

- Percursos lineares e percursos circulares

Os percursos circulares têm a logística facilitada (dispensam o transfer de

pessoas e de bagagens), mas podem não ser a melhor forma de ficar a

conhecer um território. Por norma, os percursos de pequenas extensões,

ou pequenas rotas (até 20 ou 30Km), tentam ser construídos de forma

circular, pois o objectivo é dar a conhecer pequenas áreas, com a

facilidade de voltar ao lugar de partida, enquanto que os de maior

extensão tendem a ser lineares, porque têm como objectivo cobrir mais

território. Para assegurar o interesse de diferentes tipos de produtos e de

diferentes segmentos, é importante ter uma gama de percursos com

características variáveis.

- Grau de dificuldade

O grau de dificuldade de um percurso pedestre, embora seja uma

classificação altamente subjetiva e que varia muito consoante quem a

pessoa ou entidade que atribuiu essa classificação, encontra-se

geralmente associada à extensão e aos desníveis quer isolados, quer

acumulados que estão associados ao percurso.

1.5 Principais componentes da oferta turística - serviços

complementares

É determinante que haja uma eficaz coordenação entre o alojamento de

Turismo Rural e todos os outros parceiros intervenientes para que a

resposta às aspirações do turista pedestre sejam as ideais (articulação

perfeita com o transferista, conforto no transporte das bagagens, cuidada

oferta de mapas, eficiente guia de recomendações, boa embalagem de

refeições bem escolhidas, pontualidade em todo o serviço de apoio -

designadamente o de transportes - gama de preços aceitáveis para

diferentes níveis de serviço). A especificação destes serviços

complementares na oferta do alojamento de Turismo Rural é um valor

diferenciador.

- Alojamento

Diferentes tipos de alojamento identificam produtos para diferentes

segmentos, ainda que associados ao mesmo percurso pedestre.

Os alojamentos podem adicionar um serviço de piqueniques ou de

refeições ligeiras para levar durante a atividade.

Page 139: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

133

No alojamento deve estar disponível informação completa sobre os

percursos da região. Conforme a tradição de bem receber que caracteriza

o alojamento rural e os proprietários deverão ser capazes de dar, eles

próprios, informações sobre os percursos na proximidade.

Aos alojamentos, interessa a existência de mais do que um percurso nas

suas imediações, podendo assim promover o alargamento do tempo de

estadia.

- Restaurantes e ofertas de gastronomia

Esta componente é muito importante na avaliação da atratividade de uma

região.

Inclusive, no desenho de percursos para caminhantes ocasionais, deve-se

procurar incluir a restauração no itinerário e promover pontos de paragem

e etapas tranquilas para a realização de um percurso. As pequenas aldeias

e povoações têm um papel crítico e estratégico a desempenhar.

- Serviços de apoio

Acautelar locais para satisfação de necessidades: cafés receptivos ao

turista caminheiro (muitas vezes associado à imagem de turista que não

consome), onde se pode reencher uma garrafa de água e eventualmente

comprar um snack energético ou utilizar o WC (mesmo que seja preciso

pagar esse serviço).

- Guias ou informação para percursos auto-guiados

No caso de alguns percursos temáticos, a qualidade dos guias é

particularmente relevante. Nestes casos, importa fornecer informação

prévia sobre as credenciais dos guias. É o caso de percursos de observação

de fauna e flora e de percursos de touring cultural com foco em temas

específicos

- Serviços de transfer de bagagens ou de pessoas para percursos não

circulares

O transporte a partir da estação de comboios ou de autocarros mais

próxima é um tipo de serviço que poderá ser contratado a operadores ou

ser providenciado pelos proprietários dos alojamentos, de forma

autónoma ou organizados em rede.

1.6 Informação sobre o percurso

Um percurso só se transforma em produto turístico se tiver informação

que o contextualize associada: a região onde se insere, o tipo de paisagem,

as tradições culturais, o património histórico, arquitectónico e etnográfico.

O proporcionar de boa documentação promocional sobre os principais

locais de interesse que o caminheiro deverá descobrir no percurso é o

primeiro fator de escolha. A informação da descrição e apoio a um

percurso deve variar em complexidade, conforme se trate de um percurso

para pedestrianistas ocasionais ou experientes. Esta diferenciação é

fundamental para uma correta segmentação da oferta.

1.7 Aspetos críticos

Providenciar a boa sinalização dos locais: importa mostrar como é

fácil chegar à zona e aceder aos percursos pedestres.

Nem toda gente sabe ler um mapa ou usar uma bússola.

Só algumas pessoas têm acesso a um GPS.

Pedestrianistas inexperientes tendem a sentir mais insegurança e

poderão ter maior receio de se perderem.

Page 140: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

134

1.8 Distribuição

- Mercado nacional

Os produtos turísticos associados ao tema “Férias a pé” são hoje

apelativos para alguns operadores turísticos independentes e

especializados, alguns de base local e outros, menos frequentes, que

cobrem grandes regiões ou a totalidade do país.

A oportunidade existe para o desenvolvimento de parcerias que

promovam a especialização da oferta em produtos fortemente ancorados

na articulação com o Turismo Rural, situação que nem sempre é

devidamente explorada em todo o seu potencial por estes operadores,

mesmo quando recorrem ao alojamento rural. O mercado já existe e é

bem desenvolvido por alguns empresários de Turismo Rural, mas importa

desenvolvê-lo e aprofundar o seu potencial de atratividade.

Em particular, tendo em conta o perfil do turista do Turismo Rural, diverso

e que abrange também segmentos que não têm sido a prioridade

estratégica no targeting realizado pelos operadores nacionais de percursos

pedestres, importa explorar esta associação positiva, promovendo o

lançamento de produtos muito focados no tema e ultra-segmentados.

É particularmente benéfica a estruturação de pequenos clusters de

produto que dão visibilidade à oferta e ampliam a sua atratividade no

mercado. Para isso, é estratégica a organização em formato associativo,

que permita agrupar ofertas promovidas por pequenos empresários de

turismo e dar-lhe a consistência de uma gama – seja na associação a uma

região ou micro-região, seja na associação a recursos turísticos endógenos

(rios, montanha, etc.), seja na especialização temática (birdwatching, férias

em família, enoturismo…) e na oferta de um mesmo tipo de produto para

diversas áreas do país ou épocas do ano (embora tendo o cuidado de não

descurar a capitalização sobre a diversidade e individualidade que

caracteriza o Turismo Rural e que é uma das suas características mais

positivas e diferenciadoras).

- Mercado internacional

Ao nível da oferta internacional, as “Férias a pé” figuram em catálogos de

operadores especializados, que incluem na sua gama produtos muito

variados, desenvolvidos por si, ou em parceria com operadores locais.

No mundo do turismo globalizado, as férias a pé são apresentadas ao

cliente como uma gama de ofertas internacionais marcada pela

diversidade de destinos e de temas a desfrutar em diferentes épocas do

ano. Aqui, insere-se uma seleção aprumada dos produtos disponíveis em

destinos também eles escolhidos criteriosamente em função da estratégia

de marketing de cada operador.

Desde já, importa relevar a diferenciação entre operadores que baseiam a

sua oferta em destinos maduros e outros que se posicionam como

operadores que exploram destinos ainda não frequentados pelas massas e

que têm como proposta de valor a promessa de férias, de algum modo

inovadoras.

Tipicamente, estes operadores desenvolvem ofertas para o mercado

nacional onde se inserem, atendendo assim aos gostos específicos dos

turistas nacionais, que preferem muitas vezes comprar produtos

distribuídos nas agências e pequenos operadores independentes do

retalho nacional.

A oportunidade existe, contudo, para a elaboração de produtos, ou criação

de parcerias para o seu desenvolvimento, dedicadas a estes operadores,

Page 141: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

135

seja diretamente, no caso de pequenos operadores, seja através dos seus

intermediários. As vantagens são, para além, está claro, das oportunidades

de distribuição, a adaptação do produto aos gostos e necessidades

operacionais do turista internacional.

A articulação da oferta nacional em redes, que lhe dão escala suficiente,

pode ser estruturante para criar oportunidades de exportação dessa oferta

que, de outro modo, dificilmente adquirem visibilidade nos mercados

exteriores.

São vários os fatores de sucesso a ter em conta para a promoção

internacional de férias a pé associadas ao Turismo Rural:

- Sobre o Destino turístico:

Portugal como um destino pouco explorado em termos turísticos -

“Já conhece o Algarve, Lisboa e o vinho do Porto, agora imagine o

resto”

Uma ruralidade genuína, com aldeias intocadas pelo progresso e

espaços naturais de qualidade

Boa oportunidade para capitalizar sobre alguns dos produtos

turísticos estratégicos identificados para Portugal (Touring cultural

e paisagístico, Gastronomia e vinhos…), incluindo-os na oferta

associada aos percursos e rotas pedestres

- Sobre os Serviços:

Organizar e destacar serviços de suporte especialmente

desenvolvidos para apoio a este tipo de produtos

Desenvolver a perceção de acessibilidade e segurança, essenciais

para a maioria dos turistas que se deslocam fora do seu país

Procurar capitalizar sobre alguns serviços que sejam

diferenciadores

- Aspetos críticos

Definir uma mensagem consistente. Tornar claro que o nosso

destino é a escolha de excelência, que leve os públicos do

pedestrianismo a concluir imediatamente que o nosso destino é

feito à sua medida, sejam simples curiosos, iniciados ou

entusiastas.

Conceptualizar a oferta de percursos numa perspetiva temática e

de marketing. Cada percurso deve ter uma identidade bem

definida, ainda que os percursos possam ser complementares.

Exemplo: numa zona vinhateira, um percurso foca-se nas novas

adegas, outro leva a um passeio tranquilo pela vinha.

Assegurar que os produtos, individualmente, contribuem para

fortalecer a mensagem e comunicar com acutilância a proposta de

valor.

Existência de vários percursos e desde que seja possível identificar

um de impacto superior, ancorar a promoção nesse percurso.

Conseguir estimular a imaginação dos mercados de turistas

caminheiros.

Encorajar e promover a instalação de serviços “amigos do

caminheiro” em locais estratégicos. Criar a sensação de que aquele

tipo de visitante é bem-vindo.

Page 142: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

136

ANEXO 4 - As cinco redes

2. Contributos das redes cicláveis

2.1 Tipologias de clientes

Os clientes para este tipo de turismo são, genericamente, turistas que

procuram atividades recreativas saudáveis e têm o tempo e os recursos

para desfrutar a viagem.

Cada vez mais, os turistas em bicicleta procuram mais conforto e serviços

complementares: alojamento confortável, associado a uma gama variável

de preços, parking seguro para as bicicletas, transfer de bagagem e acesso

a serviços de alimentação no alojamento e para levar durante o dia.

Apreciam uma boa refeição ao final do dia e talvez uma massagem ou

experiência de spa para relaxar depois de um dia a pedalar.

Muitos ciclistas viajam durante vários dias, ficando alojados em diferentes

alojamentos e não apenas num único local. Este tipo de turista necessita

normalmente de um serviço de transporte de bagagem.

Os produtos turísticos a desenvolver, além da base comum relacionada

com a bicicleta, devem conter propostas específicas que antecipem a

resposta à diversidade de interesses e necessidades dos distintos grupos

de procura:

Adultos com ou sem filhos em idade infantil - são relevantes as

questões de segurança das crianças e atividades de lazer para a

família;

Grupos de turistas ciclistas - procuram experiências autênticas que

envolvem eventos, tradições, cultura e oportunidades relacionadas;

Grupos de praticantes habituais do cicloturismo - procuram desafios

relacionados com o grau de dificuldade dos percursos;

Adultos golden age - frequentemente turistas com exigência cultural e

capacidade económica.

A grande maioria dos turistas em bicicleta funciona de modo autónomo,

independente dos operadores turísticos tradicionais. Para além disso, os

turistas em bicicleta tendem a viajar em grupo – familiares ou amigos -

frequentemente com quatro ou cinco pessoas. É um coletivo heterogéneo

quanto à sua composição, o que remete para um tipo muito segmentado

de interesses, cujo tratamento turístico é complexo e merece um enfoque

especial, em termos de serviços e estratégias de promoção e de

comercialização.

É também importante realçar que existe uma tendência para este ser um

turista fiel, que repete com frequência o destino, eventualmente

procurando produtos complementares (por exemplo: depois de ter feito o

percurso das adegas, escolhe o percurso de observação de aves).

Por este motivo, a procura de locais é feita habitualmente pela internet,

sendo este um dado que reforça a importância crucial de um portal web

que reúna a oferta e que seja uma ferramenta eficaz de informação,

persuasão e venda.

O desenvolvimento da imagem das ciclovias, ecovias ou ecopistas como

destino turístico, integrando alojamento, gastronomia, vinhos, outros

Page 143: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

137

lazeres, lojas e serviços especializados vai, naturalmente, dar grande

projeção a esta oferta.

Um estudo sobre os 1600 quilómetros de rede de ecopistas em Espanha

revela que 41,5% do alojamento tem base em turismos rurais.

2.2 Tipos de percurso do turismo em bicicleta

Há a considerar:

- Percursos já desenhados

- Ciclovias

Vias destinadas exclusivamente para a circulação de pessoas utilizando

bicicletas (há em Portugal, reconhecidas, mais de 70, distribuídas por

quase todos os distritos e Regiões Autónomas dos Açores e Madeira).

- Ecopistas

Designação adoptada, em Portugal, pela Refer para identificação a

requalificação de canais ferroviários desativados (Ex: Ecopista do Dão) que

se caracterizam por ser uma via ininterrupta, fácil, segura, de acesso

universal, agradável de percorrer e cujo traçado proporciona paisagens

sugestivas.

- Ecovias

Infraestrutura destinada à circulação a pé ou em bicicleta e que tem como

principal característica a ligação - tanto a nível local como regional - entre

áreas de interesse ambiental.

- Percursos a desenhar pelo anfitrião do Turismo Rural ou por parceiros

locais

O desenho de percursos para turismo em bicicleta requer:

ponderação sobre como fazer um percurso com início num

alojamento quando já existe um traçado numa zona próxima;

definição clara do ponto de partida e ponto de chegada e multi-

pontos de interesse chave;

opção por percurso circular ou percurso linear (este implica

serviço de transfer/transporte associado);

consideração de criação de percursos multi-alojamento (diferentes

etapas, diferentes alojamentos; implica transfer de bagagem);

conhecimento para definir o perfil ideal de utilizador adequado ao

nível de dificuldade do percurso (solicitar apoio de especialistas no

caso de não haver habilitações para tal);

preparação de informação ultra-técnica para especialistas e forte

redução do nível de informação nos outros casos.

O desenho de um percurso organiza-se, quanto ao tipo de terreno, em três

categorias:

Percursos de estrada – seguem por estradas asfaltadas (100%).

Devem sempre ser evitadas estradas com muito tráfego, dando-se

por isso preferência a estradas secundárias;

Percursos híbridos - seguem predominantemente (pelo menos

70%) por caminhos asfaltados, mas incluem alguns caminhos de

terra batida. Estes percursos podem ser guiados ou realizados em

autonomia;

Percursos de montanha (BTT) - desenvolvem-se maioritariamente

por trilhos de terra (mais de 70%), por vezes técnicos, com muito

Page 144: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

138

pouco asfalto. Necessitam de alguma destreza e de boa forma

física.

2.3 Motivação

Corresponde a um turista que, para além do alojamento, procura uma

descoberta “inteligente” do território visitado, seja em bicicleta, a pé ou -

podemos propor - também uma iniciação a cavalo. Seja de que modo for,

este é um público com apetência por percursos temáticos.

Destacam-se como motivações principais:

- o aproveitar de uma oportunidade para a família estar reunida;

- as férias partilhadas com grupo de amigos; e ainda,

- as férias em casal, onde a procura de momentos a dois é facilitada pela

mobilidade oferecida pelas bicicletas.

Temos ainda que considerar os cicloturistas, com motivação

essencialmente desportiva, embora não competitiva. O cicloturista não

pedala para conseguir recordes nem para andar à maior velocidade que

consegue. Pelo contrário, procura uma pedalada média que lhe satisfaça a

motivação para apreciar tudo o que a paisagem tem para oferecer.

Ambiciona, no entanto, aumentar progressivamente a sua capacidade

física, o que lhe dá um maior alcance em distância. O cicloturista gosta de

pedalar 50 a 100 quilómetros por dia.

Por fim, existe um número crescente de ciclistas que opta por uma versão

que requer mais energia: o BTT, com bicicletas de todo o terreno, aptas

para terreno mais agreste, seja com saltos numa encosta ou incursões no

curso de um ribeiro. Usam “pistas” próprias para a atividade,

desenvolvidas formal ou informalmente.

A osmose com a economia local é muito relevante para a oferta de um

produto rico e estruturado que supere a motivação do turista.

2.4 Principais componentes da oferta turística

- Ingredientes Básicos

- Vias

Ecopistas (utilização fácil, acesso universal, rede internacional de

ecopistas mapeada, serviços e equipamentos complementares,

conflitos com utilização por locais não turistas e em eventos para

grupos grandes);

Ciclovias públicas;

Ecovias “crowdsourcing”;

Estrada;

Caminhos de terra batida;

Trilhos marcados por operadores turísticos e associações de

ciclistas.

- Equipamentos e serviços básicos

Bicicleta própria

- Adequação do tipo de bicicleta face ao percurso

- Transporte em carro ou em transportes públicos; transferes

Cedência de bicicletas pelo alojamento

Bicicleta alugada. Importa considerar onde recolher e como chegar

ao local das férias.

Page 145: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

139

A escassez na oferta de serviços de aluguer de bicicleta é um défice que

importa superar. É importante que possa existir um serviço com esta

oferta de alcance fácil -idealmente a menos de 5 km dos alojamentos

aderentes a esta rede - e garantia de disponibilidade, mediante reserva, de

bicicletas com modelo para homem, mulher e criança.

- Assistência e serviço de desempanagem

Os serviços de assistência e reparação de bicicletas são outro ingrediente

fundamental para a satisfação do turista em bicicleta. A resposta a uma

avaria na bicicleta de um turista deve poder ser o mais pronta possível.

A satisfação do turista será ainda maior se estiver providenciado um

serviço de bicicletas de substituição para o caso de reparações que

demorem mais de duas horas.

O anfitrião do alojamento rural bike-friendly deve ter sempre disponível

um kit para reparação de pequenas avarias na bicicleta e deve poder

assegurar ao turista que em caso de avaria a uma distância razoável (até

20/25kms) promove a assistência e, se necessário, o transporte, seja

diretamente, seja através de intermediários (mecânico de bicicleta, taxista,

etc), podendo este ser um serviço gratuito ou pago.

- Transfer de bagagens entre alojamentos

O turista tem dificuldade em organizar este serviço por si só. Os

proprietários do alojamento podem fixar um custo para este serviço,

limitando a distância máxima. Este serviço pode ser diferenciador, por

permitir ao turista reduzir os custos da viagem dispensando o apoio de um

operador turístico para esta função.

2.5 Serviços complementares

- Alojamento

O objetivo que temos para concretizar é o de criar produtos turísticos

focados no turista em bicicleta, garantindo-lhe base com acomodação

ideal no Turismo Rural.

As férias em bicicleta requerem do anfitrião a melhor hospitalidade e

flexibilidade, para além da oferta de serviços e atividades de apoio.

Existe, certamente, em qualquer alojamento rural, ampla margem de

oportunidade para criação de alternativas que vão satisfazer o turista mais

exigente, adequando um espaço às necessidades do turista:

- Parqueamento e manutenção das bicicletas

É raro os alojamentos existentes estarem adaptados às necessidades

específicas do turista em bicicleta. O turista que se faz acompanhar da sua

bicicleta e que lhe custou provavelmente vários milhares de euros não

quer separar-se dela e tende, em muitos casos, a querer levá-la com ele

para o quarto – há condições para que tal aconteça?

- criação de um espaço fechado, seguro, para parque de bicicletas.

- criação de um espaço para lavagem e oficina das bicicletas.

- Equipamento técnico

A lavagem e secagem com rapidez da roupa deve estar assegurada.

- Para os grupos

Preparação de um espaço que possa ser utilizado para convívio e reunião

de grupos de turistas em bicicleta.

Page 146: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

140

- Refeições

Um bom pequeno almoço é importante para os ciclistas, assim como o

fornecimento de uma refeição ligeira para levar. O anfitrião deve acautelar

a preparação de uma bebida quente ou fria para oferecer ao ciclista logo

que este regresse ao alojamento.

- Apoio em todas as fases da experiência

O alojamento deve ser uma âncora para as necessidades específicas deste

turista. Há que organizar os serviços nas suas várias fases de consumo.

Para se afirmar como peça-chave de suporte à atividade, deve haver:

antes do consumo: eficiente informação na web e em folhetos, boa

presença em centrais de reservas, modalidades facilitadas para

pagamento, conformidade das reservas, ofertas de transporte até

ao alojamento;

durante o consumo: boa recepção, check-in facilitado, check-out

eficaz, acesso a piscina, spa e ginásio;

fornecimento de piqueniques e de refeições ligeiras prontas a

transportar;

acesso a mapas detalhados, guias, roteiro de tascas;

informação sobre recursos que possam ser úteis ao cliente: lojas de

equipamentos especializados, farmácias e postos de enfermagem

para o caso de qualquer acidente.

após o consumo: envio para a residência de pacotes postais (o

turista em bicicleta tem maior dificuldade em transportar souvenirs).

Nota relevante: restrições a reservas para apenas uma noite não se adapta

a este perfil de turista.

- Alimentação e Gastronomia

Neste sector existe também uma importante complementaridade com a

gastronomia e restauração da região. O ciclista, após cada jornada, tende a

desejar um apetitoso repasto. Importa prever boa oferta e há claramente

que evitar a monotonia. A degustação gastronómica e enológica deve

surgir como uma tentação irresistível, onde a qualidade dos produtos é

decisiva. A oportunidade para oferta de menus típicos na tradição local

tem potencial para efeito multiplicador de interesse.

Este tipo de visitante tende ainda a fazer passa-palavra aos amigos, para

além de comprar produtos da excelência local.

- Cultura, Natureza, Aventura

Outra das complementaridades que deverá ser trabalhada está

relacionada com a possibilidade de oferecer visitas especiais, fora de

horário de rotina, a museus, adegas igrejas e conventos.

É desejável associar a possibilidade de ofertas complementares de turismo

de aventura, seja escalada, canyoning, outras atividades aquáticas, provas

de orientação, provas de resistência ou outras. Neste sentido, as

experiências equestres são uma oportuna via complementar e um

eventual atrativo para um regresso no futuro.

2.6. Informação disponibilizada

O objectivo que temos que perseguir constantemente é o de criar

produtos turísticos focados no turista que escolhe usar a bicicleta,

garantindo-lhe base com acomodação ideal no Turismo Rural. Para tal,

Page 147: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

141

uma das características fundamentais para o seu bem estar é a

disponibilização de informação no momento certo:

antes do consumo: eficiente informação na web e em folhetos

sobre a região e percursos; ofertas de transporte até ao

alojamento:

durante o consumo: serviço de restauração; atividades

complementares; recursos patrimoniais e culturais.

A documentação deve ser atraente, clara e completa. É relevante que

estejam preparados dossiês para cada percurso que deverá incluir a ficha

técnica do percurso, a ficha técnica dos pontos de paragem, lista de

telefones de urgência e recomendações práticas. A informação sobre os

percursos deve ainda incluir mapas, coordenadas GPS ou

preferencialmente, disponibilizar informação sobre georreferenciação de

percursos e permitir que o turista os descarregue para o seu equipamento

de GPS (importa ter em conta a diversidade de sistemas de coordenadas

utilizadas). Em alternativa poderá fornecer impressões dos percursos

disponíveis.

Na maioria dos casos, o anfitrião não é o especialista que desenvolve a

informação sobre o percurso auto-guiado. Quando há um folheto

descritivo e/ou mapas disponíveis, a situação está facilitada, mas o

anfitrião pode acordar igualmente com o fornecedor de serviços mais

especializados uma recepção ao turista no próprio alojamento.

O anfitrião deve ainda ter sempre acessível a informação sobre o estado

do tempo e a previsão para as próximas horas/dias, sendo que os serviços

de meteorologia via web satisfazem facilmente essas necessidades.

Page 148: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

142

ANEXO 4 - As cinco redes

3. Contributos da rede equestre

3.1 Tipologias de clientes

O turista que quer passear a cavalo com base no alojamento no Turismo

Rural é o centro do nosso negócio. É um cliente que está presente na hora

de consumir, mas com elevados padrões de exigência, pelo que é de

extrema importância conhecê-lo melhor e apurar o atendimento às suas

solicitações.

Há que saber receber segmentos de clientes bastante diferenciados, sejam

casais jovens e grupos de amigos (idade predominante: 35/45 anos), sejam

grupos familiares com clientes predominantemente golden age.

Os clientes mais jovens têm em regra maior pressão de tempo e apontam

para estadas mais curtas.

A idade dos turistas/cavaleiros é muito variável. Há que estar preparado

para acolher uma família com elementos de 6 ou 7 anos, outros na casa

dos 30 e ainda, pessoas da chamada golden age, por exemplo, à volta dos

60 anos, sendo as necessidades de cada um altamente variáveis. Tendo em

conta estes casos de grupos não homogéneos, juntando jovens e adultos,

é importante ter disponíveis atividades paralelas, introduzindo, por

exemplo, banhos num rio ou num lago, provas de produtos locais, vinhos

etc.

O mercado de turistas/cavaleiros divide-se genericamente em dois tipos:

Cavaleiros autónomos ou independentes: O cavaleiro autónomo

organiza-se com uma certa independência, apenas quer encontrar

boas infraestruturas. Conta com o proprietário do alojamento rural

para lhe dar “dicas” que acrescentem informação à que recolheu por

si próprio . Importa preparar para esse cavaleiro autónomo um bom

mapa com as opções de alojamento rural (com as respectivas

coordenadas identificadas com simplicidade) no percurso programado

e em itinerários alternativos.

Cavaleiros em grupo: No caso de grupos organizados, importa

mobilizar um profissional equestre como guia acompanhante (cenário

ideal: um guia por cada dez cavaleiros adultos). A imprevisibilidade do

programa e percurso é baixa e assim, existe uma maior oportunidade

para organizar eventos ou visitas que possam surpreender cada

membro do grupo visitante.

É importante considerar que cada grupo tem personalidade própria, já que

cada cavaleiro tem os seus próprios gostos e interesses, sendo que a

interação entre todos leva à maior ou menor harmonia dentro do grupo.

Para unificar expectativas é essencial que o cliente esteja muito bem

informado sobre tudo o que tem a ver com o percurso. O guia tem papel

fundamental na coesão do grupo e na prevenção de eventuais conflitos.

3.2 Tipos de percursos do turismo equestre

Segundo o documento “Itinerários de Turismo Equestre – Metodologia de

implementação” emitido pelo Turismo de Portugal em Fevereiro de 2012,

as rotas ou itinerários equestres desenvolvem-se em três modelos

principais:

Page 149: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

143

- Rotas circulares ou em estrela

Percurso em que as jornadas diárias começam e terminam no mesmo

local. Os locais de pernoita do cavaleiro e do cavalo são comuns,

favorecendo a comodidade do utilizador que fica livre da mudança diária

de alojamento. É um formato mais confortável para cavaleiros que

preferem menor grau de dificuldade, mas tem o inconveniente de conter

baixa diversificação.

- Rotas em margarida

As jornadas começam e terminam diariamente no mesmo local mas

seguem, em cada dia, por percursos diferentes. Obriga o organizador ao

mais vasto mapeamento da zona envolvente, mas proporciona o maior

contacto com todas as atividades e particularidades da região.

- Rotas lineares

Saída de um ponto e chegada a outro. Implica mudança diária do local de

pernoita, portanto implica a necessidade de um serviço de transfer.

O nível da rota deve ser adequado ao nível do cavaleiro.

3.3 Motivação

As férias a cavalo representam uma forma distinta de fazer turismo. O

praticante ambiciona sobretudo:

Desfrutar a liberdade montado num cavalo

Descanso e evasão

Uma experiência com sabor a aventura

O gosto de estar na natureza

Descoberta novos destinos

Descobrir lugares históricos e saborear a gastronomia e os vinhos

da região

Recuperar o sonho rural/rusticidade e requinte

3.4 Principais componentes da oferta turística

Numa rede de turismo equestre o cliente interage com vários

profissionais: os serviços de informação, reserva e venda, os

transportadores/transferistas, guias, tratadores, etc. Todos fazem parte da

experiência turística, a par com a qualidade das instalações, dos

equipamentos, dos percursos, dos serviços e dos recursos que fazem parte

da rota. Trata-se de um tipo de cliente exigente, logo é fundamental

assegurar uma qualidade de topo no fornecimento destes serviços.

- Ingredientes Básicos

A prática de turismo equestre requer alguns elementos imprescindíveis:

um cavalo, um caminho transitável a cavalo, alojamento e comida para o

cavalo e para o cavaleiro. E, frequentemente, um guia/acompanhante.

É um serviço que, envolvendo pelo menos uma pernoita, requer uma

organização complexa:

Procura de itinerários/percursos, definição de etapas e

seleção de cavalos adequados para o programa.

Localização de serviços de proximidade (pontos de

abastecimento, médico veterinário, etc).

Neste sistema, o cavaleiro é a figura central, mas em torno dele gravitam

vários outros atores.

Page 150: Redes Integradas Turismo

Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

144

Os proprietários ou empreendedores do Turismo Rural são protagonistas

incontornáveis do turismo equestre, pois depende deles a qualidade do

acolhimento e do serviço. Outros serviços centrais são os centros

equestres, tal como todos os serviços de apoio equestre, pois são eles que

devem garantir a qualidade das atividades e a concretização dos produtos

equestres.

Uma questão fundamental para o bom funcionamento de rotas equestres

é o assegurar da boa circulação nos percursos identificados e selecionados.

O estabelecimento de acordos com proprietários de terrenos

atravessados, o envolvimento de entidades públicas, designadamente

autárquicas e, desejavelmente, o desenvolvimento de associações de

utilizadores, são contributos decisivos para o eficaz funcionamento do

sistema.

O modelo das jornadas a cavalo requer duas bases indispensáveis para o

seu bom funcionamento:

que todos os componentes necessários na oferta turística funcionem

com coerência perfeita, satisfazendo as expectativas do cliente;

que as interações entre as diferentes partes sejam ajustadas ao

conceito do serviço global fornecido, seja perante as aspirações do

cavaleiro, o conforto do cavalo e, se esse for o caso, dos

acompanhantes.

- Alojamento para o cavalo

No desenvolvimento de modelos de turismo equestre ligados ao Turismo

Rural, um fator essencial é a garantia de alojamento para o cavalo em

articulação com o alojamento do cavaleiro. Quanto mais facilitada estiver

esta acomodação, maior será o conforto, a segurança e a autonomia do

cavaleiro.

O cenário desejável remete-nos para um espaço de Turismo Rural

capacitado para acolhimento e pernoita equestre. O mínimo expectável é

a existência de uma possibilidade de amarração do cavalo, com ponto de

água potável, manjedoura e espaço de armazenamento para os

equipamentos. Deve haver um espaço fechado, paddock ou baia (espaço

mínimo: 30m2) onde o cavalo possa pernoitar confortavelmente e em

segurança. A estrutura ideal oferece boxes, baias fixas e todas as

instalações necessárias ao bom trato dos cavalos (chuveiro, ferros, etc.).

- Serviços complementares

- Alojamento

O alojamento deve ser uma âncora para as necessidades específicas do

cavaleiro, através da organização dos serviços nas suas várias fases de

consumo. Para se afirmar como peça-chave de suporte à atividade, deve

haver:

Antes do consumo: eficiente informação na web e em canais

específicos destinados aos cavaleiros, divulgação eficaz dos serviços

especificamente desenhados a pensar neste tipo de turista, como

parcerias com centros de acolhimento de cavalos.

Durante o consumo:acomodação para cavalos ou parceria com uma

entidade que a faça tranfer do alojamento para o local de

acomodação do cavalo, serviço de transporte de bagagens para o

próximo alojamento no caso de um itinerário de vários dias, mapas de

itinerários com interpretação, locais de paragem e indicação de

restaurantes, contactos de médicos veterinários e lojas de

equipamento especializado.

Após o consumo: envio para a residência de pacotes postais (o turista

a cavalo tem maior dificuldade em transportar souvenirs).

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

145

- Alimentação e Gastronomia

O objectivo primordial do turismo equestre é descobrir, ver e visitar

pontos de interesse, não apenas etiquetados como mais turísticos, mas

também outros aspetos relevantes e menos acessíveis como paisagens,

fauna, flora, elementos culturais e patrimoniais, os usos e tradições locais

ou regionais. Tudo com a sedução e aventura de ser visitado a cavalo.

Naturalmente e uma vez mais existe uma importante complementaridade

com a gastronomia e restauração locais. As rotas equestres organizam-se

mais frequentemente segundo itinerários de um dia, três dias ou sete dias

e o cavaleiro, durante e após cada jornada, tende a desejar um apetitoso

repasto, pelo que importa prever uma boa oferta, sendo importante evitar

a monotonia. A degustação gastronómica e enológica deve surgir como

uma tentação irresistível e a qualidade dos produtos é igualmente decisiva

para este público.

A oportunidade para oferta de menus típicos na tradição local tem

potencial para efeito multiplicador de interesse.

3.5 Informação disponibilizada

No que respeita à informação disponibilizada ao cliente é importante

organizar os serviços antes do consumo (eficiente informação na web e em

folhetos, boa presença em centrais de reservas, modalidades facilitadas

para pagamento, conformidade das reservas, ofertas de transporte até ao

alojamento); durante o consumo (boa recepção, check-in facilitado, boa

apresentação de ofertas, disponibilização de serviço de restauração,

menus especiais e piqueniques, oferta de excursões e atividades

complementares, acesso a spa e ginásio, piscina, check-out eficaz, etc); e

ainda depois do consumo (transfer para o aeroporto, comunicações

posteriores com o cliente, etc).

A documentação deve ser eficaz. O dossiê de cada percurso fornecido a

cada cliente deve incluir a ficha técnica do percurso, a ficha técnica dos

pontos de paragem, a ficha técnica sobre os cavalos, a ficha técnica sobre

a alimentação dos cavalos, lista de telefones de urgência e recomendações

práticas.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

146

ANEXO 4 - As cinco redes

4. Contributos da rede de vias panorâmicas

4.1 Motivação e tipologias de clientes

As vias panorâmicas raramente são vistas como um produto turístico por si

só, com a exceção de raros casos de vias de valor paisagístico

extremamente elevado, no entanto, se pensarmos nas motivações gerais

dos turistas, a contemplação da paisagem é um dos principais interesses. É

só uma questão de deixar de pensar apenas em pontos de paragem

isolados para essa contemplação e passar a considerar a experiência

contemplativa ao longo de todo um trajeto ou via.

Neste tipo de turismo associado a vias panorâmicas podem diferenciar-se

dois tipos fundamentais de turistas:

- O turista que vem com a motivação de percorrer vias panorâmicas como

forma de ficar a conhecer o seu destino. Este turista viaja com a finalidade

de conhecer novas paisagens e normalmente fez já um trabalho de

preparação prévia da viagem, escolhendo quais os tipos de paisagem que

pretende conhecer e em que época do ano. Para este turista é

fundamental que o esforço de informação seja feito ainda antes da

compra do alojamento, porque irá certamente influenciar a escolha do

mesmo;

- O turista que tem qualquer outra motivação principal, mas que dispõe

de algum tempo para explorar as paisagens do local que visita. Este turista

estará à partida menos informado sobre os tipos de paisagem que pode

encontrar e necessitará de uma maior ajuda para escolher as vias com

panorâmicas mais apetecíveis.

4.2 Tipologias de vias panorâmicas

As vias panorâmicas não possuem uma definição específica, implicam

apenas que haja um caminho, uma forma de o percorrer e que esteja

associado a excelentes sistemas de vistas sobre a paisagem que nos

rodeia. Assim, podemos de forma empírica separar vário tipos de vias, que

se podem por sua vez associar a diferentes tipos de mobilidade.

- Estradas e caminhos – Encontra-se normalmente associadas a

mobilidade automóvel. Permite cobrir largas distâncias e passar por

paisagens diferentes num curto espaço de tempo. No entanto este

tipo de vias pode também associar-se a tipos de mobilidade mais

suave como a bicicleta ou o cavalo, que ainda assim permitem

percorrer distâncias assinaláveis, ao contrário da via pedestre, em

ritmo mais calmo que de automóvel, permitindo apreciar certos

aspetos da paisagem que facilmente passariam despercebidos numa

viagem de automóvel.

- Ferrovias – Algumas linhas ferroviárias funcionam como verdadeiros

miradouros. A viagem de combóio pode assim tornar-se mais do que

uma forma de ir de um lugar ao outro, funcionando como uma

janela para conhecer uma determinada paisagem

- Cursos de água – Os cursos de água navegáveis, como rios e ribeiras,

podem também funcionar como vias panorâmicas. Percorridos de

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

147

barco ou canoa, estas vias oferecem uma perspetiva da paisagem

que é impossível ter de qualquer outro ponto.

4.3 Principais componentes da oferta turística

- Serviços básicos

No caso específico desta rede são poucas os serviços básicos que

compõem o produto turístico.

Numa rede de vias panorâmicas apenas é necessário que exista

informação sobre a localização e extensão das vias, informação sobre os

tipos de paisagem que se podem observar e quais as suas particularidades

e elementos diferenciadores.

As vias deverão ainda estar sinalizadas no terreno de forma identificativa,

para que seja mais fácil segui-las.

As vias panorâmicas podem ser usufruídas de forma independente, o que

será o caso mais frequente, ou poderão ainda recorrer a guias

especializados que acompanhem a viagem e façam a interpretação da

paisagem.

- Serviços complementares

- Alojamento

Não existe uma tipologia ou característica própria de alojamento que

sirvam preferencialmente este ipo de turismo, no entanto, algumas

características como a autenticidade ou a proximidade às vias panorâmicas

podem influenciar a escolha do turista.

No alojamento deve estar disponível informação completa sobre as vias

panorâmicas disponíveis na região, devendo os responsáveis conseguir

aconselhar sobre qual a melhor via a realizar e de que forma, inclusive

tendo em atenção as estações do ano.

- Restaurantes e ofertas de Gastronomia

Como para todas as redes turísticas, a existência de restauração e

gastronomia de qualidade é essencial para a crição de uma boa oferta. O

facto de os restaurantes recorrerem a produtos locais e regionais poderá

também apelar ao turista das vias panorâmicas, já que, sobretudo num

país onde a paisagem é altamente influenciada pelas actividades humanas,

como a agro-pecuària, lhe permitirá uma melhor compreensão das

paisagens que vai observando.

- Guias ou informação sobre as vias

Numa fase inicial de implementação de um produto sobre vias

panorâmicas, em que, pode já existir informação disponível mas não existir

ainda marcação ou sinalética específica destas vias, é de extrema

imporância existir a disponibilização de informação tanto interpretativa

como cartográfica sobre as vias disponíveis. Um serviço que poderá

igualmente constituir uma mais valia para este tipo de turismo é a

disponibilização ou aluguer de dispositivos GPS com tracks das vias, de

forma a garantir que os turistas conseguem, de forma eficaz, seguir as vias

em todo o seu traçado, mesmo que estas não estejam sinalizadas no

terreno.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

148

4.4 Informação sobre o percurso

Uma paisagem possui muito mais que valor estético, mas se este é

facilmente absorvido e interpretado de forma diferenciada por cada um,

existem outros valores que precisam de apoio para serem corretamente

interpretados. Estamos a falar de valores como o ecológico, o patrimonial,

o histórico e etnográfico e a forma como todos eles se interligam em

evolução conjunta. Para que estes valores possam ser apreendidos e

compreendidos é necessário que haja informação disponível sobre os

mesmo e só assim podemos dizer que estamos a oferecer um produto

turístico.

4.5 Aspetos críticos

- Identificar, selecionar e identificar as principais vias com valor

panorâmico;

- Nem todos os turistas estão informados sobre as qualidades panorâmicas

das vias

- Criar pontos de paragem e descanso.

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 4 - As cinco redes

5. Contributos da rede de alojamentos rurais

5.1 Principais componentes da oferta turística

O acolhimento típico do alojamento rural é um dos fatores de sucesso

deste tipo de turismo: personalizado, atento aos gostos e necessidades

pessoais do turista, baseado no acolhimento em casa própria, pelo que há

um característico orgulho na arte de bem receber.

Este tipo de tratamento personalizado leva a que o turista espere

encontrar no seu anfitrião alguém que conhece bem o território e que

pode fornecer informação especializada e dar a conhecer as atividades que

se podem realizar, bem como as pessoas que as organizam. Contudo, na

realidade nacional não se pode esperar encontrar muitos proprietários que

tenham experimentado eles próprios as atividades que recomendam. É

esta lacuna na colaboração entre promotores que frequentemente reduz a

sua capacidade de recomendação.

- Ingredientes Básicos

As unidades de alojamento podem assumir um papel diferenciador ao

nível dos serviços de turismo básicos que garantem a funcionalidade e a

qualidade das atividades turísticas complementares:

- Transporte

Transporte do turista - Organização de serviços de transfer; recolha

do turista na estação de comboio ou de autocarros mais próxima;

Transporte de bagagens - Este serviço pode ser crítico para o turista

que faz férias com caminhadas ou de bicicleta ou a cavalo em modelo

self-drive sem o apoio logístico de um operador. Os alojamentos

podem organizar uma rede de transfer de bagagens para viagens com

multi-alojamentos. Este serviço pode ser operado pelo próprio

alojamento ou organizado por contratação.

Apoio ao turista em caso de necessidade de interrupção de uma

atividade em curso;

Envio de produtos tradicionais pelo correio.

- Alimentação

No caso da alimentação é muito importante haver um ajustamento às

necessidades especiais para uma determinada atividade: refeições ligeiras,

refeições energéticas, refeições servidas em horários diversos

Outra forma de diferenciação pode passar pela preparação de refeições

para levar (cesto de piquenique, piquenique servido no campo; refeições

para levar) ou pelo serviço de reserva de refeições especiais em

restaurantes ou noutros lugares (sob encomenda).

- Serviços complementares

Sugerem-se, neste caso:

Serviço de baby-sitting diurno: permite libertar os pais durante umas

horas para a prática de outras atividades;

Aluguer de equipamentos especializados;

Apoio no planeamento, organização, reserva e aquisição de atividades

ou viagens internas: este tipo de serviço pode ser interessante

especialmente para turistas estrangeiros - pode ser prestado durante

a estadia ou após a reserva do alojamento e antecedendo a viagem.

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150

- Serviços especializados

O alojamento é uma excelente base para a organização ou hosting de

eventos tailor-made para os hóspedes, dos quais apresentamos aqui

alguns exemplos:

Workshops e provas: cedência de espaço ou organização própria de provas (vinhos, gastronomia) e de workshops (culinária, artesanato, fotografia, etc.);

Recitais (música, literatura, outras artes): o alojamento pode

estabelecer parcerias com profissionais ou amadores e conseguir

preços competitivos que permitam a organização de uma noite

artística. Estes eventos podem ser diferenciadores em mercados,

como o brasileiro, que procuram experiências culturais;

Atividades para crianças: nem todas implicam a contratação de

serviços para grupos. O alojamento pode organizar atividades menos

estruturadas e que dispensam a contratação de serviços de animação,

como leitura de uma história à noite (libertando os pais para um

momento de descanso depois do jantar), pequenos passeios ou

atividades simples na propriedade.

5.2 Tipos de parcerias com outros alojamentos e outros

prestadores de serviços

O funcionamento em rede permite ampliar largamente a oferta e o seu

alcance. Os benefícios de escala aportam visibilidade à oferta, acesso a

novos serviços e produtos, eficácia, maior expressão territorial da oferta,

contribuição para a afirmação das marcas relacionadas com produtos,

serviços e tipos de experiência, e redução de custos. As redes podem ainda

ser organizadas como espaços que facilitam a colaboração entre parceiros

e a criatividade na organização de produtos envolvendo vários prestadores

de serviços.

O funcionamento em rede de parcerias pode assumir dois tipos principais:

uma rede da mesma categoria de serviços, como é o caso específico, de

uma rede de alojamentos, ou então, uma rede com serviços de várias

categorias e que se complementam entre si.

A criação de redes de alojamentos pode ser facilitada através da criação ou

filiação dos estabelecimentos numa associação do sector, como a

PRIVETUR, que pode assim funcionar como dinamizadora e facilitadora do

trabalho em rede. Já a criação de redes de parcerias com outros sectores

de atividade, embora possa trazer vantagens mais óbvias do ponto de vista

da estruturação da oferta, também não é fácil de operacionalizar pois cada

parceiro procura atingir os seus próprios objectivos.

Beneficiando de um efeito de escala, a integração numa associação

permite novas formas de gestão e de organização da oferta a vários níveis:

Contratação e prestação de serviços básicos e complementares;

Aluguer de equipamentos;

Rede de informação sobre o território;

Elaboração de programação de itinerários/viagens no território;

Dando maior visibilidade: por exemplo, multiplicando a mesma oferta

em várias regiões, em várias alturas do ano, ou numa mesma região

ou micro-região e, eventualmente, permitindo um contínuo temporal

na oferta (presença sequencial do serviço em diversos alojamentos,

compartilha de custos de produção e contratação);

Multiplicação da diversidade de oferta dentro de cada tema (ultra-

segmentação).

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ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor

1. Rede Pedestre

As cinco redes foram avaliadas sobre o seu potencial para projetarem as mais-valias dos eixos Tempo, Caminho, Hotspots e Momentos.

Consideramos esta avaliação como um fator decisivo para introduzir ambição na criação de produtos turísticos temáticos integrados

:

Figura 26 – Caracterização da Rede Pedestre, de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor

2. Rede Ciclável

Figura 27 – Caracterização da Rede Ciclável, de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’

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ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor

3. Rede Equestre

Figura 28 – Caracterização da Rede Equestre, de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor

4. Rede de Vias Panorâmicas

Figura 29 – Caracterização da Rede de Vias Panorâmicas de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’

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ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor

5. Rede de Alojamentos

Figura 30 – Caracterização da Rede de Casas de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

1.1 Vetor Estratégico: ViajarDevagar| PTT1.1: Dolce fare niente, we do it better

Tabela4 – Matrizdupla PTT ‘Dolce fare niente, we do it better’

Tabela5 – PPT ‘Dolce fare niente, we do it better’ aplicado ao território da Serra do Açor

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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural Projecto 5x5

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

1.2 Vetor Estratégico: Viajar Devagar | PTT1.2: Campos e Recantos, o que Portugal tem de melhor

Tabela 6 – Matriz dupla PTT ‘Campos e Recantos, o que Portugal tem de melhor’

Tabela 7 – PTT ‘Campos e Recantos, o que Portugal tem de melhor’ aplicado ao território do xisto, Lousã

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

2.1 Vetor Estratégico: O Campo faz-lhe bem | PTT2.1: No tempo das nossas Avós

Tabela 8 – Matriz dupla PTT ‘No tempo das nossas Avós’

Tabela 9 – PTT ‘No tempo das nossas Avós’ aplicado ao território de Belmonte

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

2.2 Vetor Estratégico: O Campo faz-lhe bem | PTT2.2: Mãos à terra

Tabela 10 – Matriz dupla PTT ‘Mãos à terra’

Tabela 11 – PTT ‘Mãos à terra’ aplicado ao território do vale do Dão

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

3.1 Vetor Estratégico: Portugal faz-lhe bem | PTT3.1: Regresso às origens

Tabela 12 – Matriz dupla PTT ‘Regresso às Origens’

Tabela 13 – PTT ‘Regresso às origens’ aplicado ao território das Aldeias Históricas

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

3.2 Vetor Estratégico: Portugal faz-lhe bem | PTT3.2:Findyourselfin portuguese lands

Tabela14 – Matrizdupla PTT ‘Find yourself in Portuguese lands’

Tabela 15 – PTT ‘Findyourselfin Portuguese lands’ aplicado ao território Zêzere - Pinhal Interior

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

4.1 Vetor Estratégico: Gastronomia única | PTT4.1: Segredos da cozinha portuguesa

Tabela 16 – Matriz dupla PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’

Tabela 17 – PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’ aplicado ao eixo Estrela – Tejo

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

4.2 Vetor Estratégico: Gastronomia única | PTT4.2: Saúde pela boca, a cozinha mediterrânica

Tabela 18 – Matriz dupla PTT ‘Saúde pela boca, a cozinha mediterrânica’

Tabela 19.1 – PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’ aplicado ao território nacional de sul para norte (1as seis noites)

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Vetor Estratégico: Gastronomia única | PTT4.2: Saúde pela boca, a cozinha mediterrânica (continuação)

Tabela 19.2 – PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’ aplicado ao território nacional de sul para norte (2as sete noites)

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

5.1 Vetor Estratégico: Explorar a Natureza | PTT5.1:Birdwatchingde lés a lés

Tabela 20 – Matriz dupla PTT ‘Birdwatchingde lés a lés’

Tabela 21 – PTT ‘Birdwatchingde lés a lés’ aplicado ao território desde a fronteira até à ria de Aveiro

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

5.2 Vetor Estratégico: Explorar a Natureza | PTT5.2:Geossítios para que vos quero

Tabela 22 – Matriz dupla PTT ‘Geossítios para que vos quero’

Tabela 23 – PTT ‘Geossítios para que vos quero’ aplicado ao território de Arouca

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

6.1 Vetor Estratégico: Viver as Sazonalidades | PTT6.1: Cogumelos de Outono, Orquídeas de Primavera

Tabela 24 – Matriz dupla PTT ‘Cogumelos de Outono, Orquídeas de Primavera’

Tabela 25 – PTT ‘Cogumelos de Outono, Orquídeas de Primavera’ aplicado ao território das Serras de Aire e Candeeiros

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

6.2 Vetor Estratégico: Viver as sazonalidades | PTT6.2: Inverno de neve, Verão de águas frescas

Tabela 26 – Matriz dupla PTT ‘Inverno de neve, Verão de águas frescas’

Tabela 27 – PTT ‘Inverno de neve, Verão de águas frescas’ aplicado ao território da Serra da Estrela

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

7.1 Vetor Estratégico:Enoturismo revisitado - Centro | PTT7.1:Winesbybiketour, Dão, Bairrada e Varosa

Tabela 28 – Matriz dupla PTT ‘Winesbybiketour, Dão, Bairrada e Varosa’

Tabela 29 – PTT ‘Winesbybiketour, Dão, Bairrada e Varosa’ aplicado ao eixo Dão-Varosa-Bairrada

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

7.2 Vetor Estratégico:Enoturismo revisitado - Centro | PTT7.2: Bairrada, modernidade e tradição nos vinhos de Portugal

Tabela 30 – Matriz dupla PTT ‘Bairrada, modernidade e tradição nos vinhos de Portugal’

Tabela 31 – PTT ‘Bairrada, modernidade e tradição nos vinhos de Portugal’ aplicado ao território da Bairrada

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

8.1 Vetor Estratégico: O poder da água - Centro | PTT8.1: Caminhos da água, aventure-se

Tabela 32 – Matriz dupla PTT ‘Caminhos da água, aventure-se’

Tabela 33 – PTT ‘Caminhos da água, aventure-se’ aplicado ao território do Vouga e Paiva

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ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos

8.2 Vetor Estratégico: O poder da água - Centro | PTT8.2: Saúde pela água, termas e contemplação

Tabela 34 – Matriz dupla PTT ‘Saúde pela água, termas e contemplação’

Tabela 35 – PTT ‘Saúde pela água, termas e contemplação’ aplicado ao território das termas do Centro

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Novembro de 2012