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REPÚBLICA DO ZIMBABWE RELATÓRIO CONJUNTO (Integra os 11º, 12º, 13º, 14º e 15º Relatórios) AO ABRIGO DA CARTA AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS E RELATÓRIO CONJUNTO (Integra os 1º, 2º, 3º e 4º Relatórios) AO ABRIGO DO PROTOCOLO SOBRE OS DIREITOS DAS MULHERES ANEXO À CARTA AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS

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REPÚBLICA DO ZIMBABWE

RELATÓRIO CONJUNTO (Integra os 11º, 12º, 13º, 14º e 15º

Relatórios)

AO ABRIGO DA CARTA AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E

DOS POVOS

E

RELATÓRIO CONJUNTO (Integra os 1º, 2º, 3º e 4º Relatórios)

AO ABRIGO DO PROTOCOLO SOBRE OS DIREITOS DAS

MULHERES ANEXO À CARTA AFRICANA DOS DIREITOS

HUMANOS E DOS POVOS

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ÍNDICE

Lista de participantes à elaboração do relatório ................. Error! Bookmark not defined.

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ............................................................................................... ix

Parte A: Introdução geral ........................................................................................................................ 1

1. Introdução ............................................................................................................................. 1

2. Artigo 2: O Princípio da Não Discriminação .............................................................. 2

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................... 2

Discriminação com Base no Género e Sexo ............................................................................................ 3

Discriminação com Base em Deficiências Físicas .................................................................................... 4

Medidas Administrativas ........................................................................................................................ 4

Desafios ................................................................................................................................................... 5

Respostas ................................................................................................................................................ 6

3. Artigo 3: Igualdade perante a Lei e Protecção Igual da Lei ................................ 6

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................... 6

Medidas Administrativas ........................................................................................................................ 7

Medidas Judiciais .................................................................................................................................... 9

Desafios ................................................................................................................................................. 10

Respostas .............................................................................................................................................. 10

4. Artigo 4: O Direito à Vida e Integridade das Pessoas .......................................... 10

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 10

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 11

5. Artigo 5: O direito à dignidade, e à Liberdade contra a Tortura, tratamento

ou castigos Desumanos ou Degradantes e escravatura. .................................... 14

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 14

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 15

Formação de Agentes Policiais em Direitos Humanos ......................................................................... 16

6. Artigo 6: O Direito à Liberdade e Segurança das Pessoas ................................. 17

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 18

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 18

Inspecções Prisionais ............................................................................................................................ 21

Medidas Judiciais .................................................................................................................................. 22

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Desafios ................................................................................................................................................. 22

Respostas .............................................................................................................................................. 23

7. Artigo 7: O direito a que uma causa seja ouvida; Presunção de inocência

até prova de culpa; Proibição de leis penais retroactivas e castigos ............. 23

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 23

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 24

Medidas judiciais................................................................................................................................... 25

Desafios ................................................................................................................................................. 25

Respostas ................................................................................................................................................... 25

8. Artigo 8: Liberdade de Consciência e Religião ....................................................... 26

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 26

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 26

Medidas judiciais................................................................................................................................... 26

Desafios ................................................................................................................................................. 27

Respostas .............................................................................................................................................. 27

9. Artigo 9: O Direito de receber Informações e a Liberdade de Expressão .... 27

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 27

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 28

Desafios ................................................................................................................................................. 29

Respostas .............................................................................................................................................. 29

10. Artigos 10.º e 11.º: Liberdades de Associação e de Reunião ........................... 29

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 29

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 30

11. Artigo 12.º: Liberdade de Circulação e Residência; Direito de Requer e de

Beneficiar de Asilo e a Proibição de Expulsão em Massa de Cidadão não

Nacionais .............................................................................................................................. 30

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 30

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 31

Medidas Judiciais .................................................................................................................................. 31

Desafios ................................................................................................................................................. 32

Respostas .............................................................................................................................................. 32

12. Artigo 13.º: O Direito de participar livremente no Governo do seu País e o

Direito de Igualdade de Acesso à Função Pública do seu País ......................... 32

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Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 32

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 33

Desafios ................................................................................................................................................. 34

Respostas .............................................................................................................................................. 34

13. Artigo 14.º: O direito de propriedade ........................................................................ 34

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 36

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 36

Desafios ................................................................................................................................................. 37

Respostas .............................................................................................................................................. 37

14. Artigo 15.º: Direito ao Trabalho .................................................................................. 38

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 38

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 39

Desafios ................................................................................................................................................. 40

Resposta ................................................................................................................................................ 41

15. Artigo 16.º & 18.º: Família, Padrão de Vida Adequado e Nível de Saúde

Mais Alto Possível .............................................................................................................. 41

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 41

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 42

Sistema de Prestação de Cuidados de Saúde ....................................................................................... 42

Financiamento dos Cuidados de Saúde ................................................................................................ 42

Programa Alargado de Vacinação ......................................................................................................... 42

Prestação de Assistência Médica e Cuidados de Saúde para Crianças ................................................. 43

VIH e SIDA ............................................................................................................................................. 43

Desafios ................................................................................................................................................. 44

Respostas .............................................................................................................................................. 44

16. Artigo 17.º Educação e Ensino Primário Obrigatório ........................................... 44

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 44

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 45

Desafios ................................................................................................................................................. 48

Respostas .............................................................................................................................................. 49

17. Artigo 17.º (2): Direito de Participar na Vida Cultural ............................................................. 49

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 49

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 50

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Diversidade Cultural .............................................................................................................................. 51

Desafios ................................................................................................................................................. 51

Respostas .............................................................................................................................................. 51

18. Artigo 19.º: Igualdade de todos os Povos ............................................................... 51

Medidas Constitucionais ....................................................................................................................... 51

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 52

19. Artigo 20.º: Direito à Autodeterminação ................................................................................. 52

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 52

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 53

Desafios ................................................................................................................................................. 53

Respostas .............................................................................................................................................. 53

20. Artigo 21.º & 22.º: Direito de dispor livremente da Riqueza ou Recursos

Nacionais; Direito ao Desenvolvimento .................................................................... 53

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 53

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 54

Direitos de Mineiração .......................................................................................................................... 55

Fundo Público de Desenvolvimento (CDF) ............................................................................................ 56

Direito à Terra ....................................................................................................................................... 56

Desenvolvimento de Infra-estruturas ................................................................................................... 57

Barragens .............................................................................................................................................. 57

Modernização dos Projectos de Abastecimento .................................................................................. 57

Estradas ................................................................................................................................................. 58

Geração de Energia ............................................................................................................................... 58

Desafios ................................................................................................................................................. 58

Respostas .............................................................................................................................................. 58

21. Artigo 23.º: Direito dos Povos à Paz e Segurança Nacional e Internacional

................................................................................................................................................. 59

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 59

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 60

Desafios ................................................................................................................................................. 61

Respostas .............................................................................................................................................. 61

22. Artigo 24.º: Direito dos Povos a um Ambiente Satisfatório .............................. 62

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 62

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Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 62

Desafios ................................................................................................................................................. 63

Respostas .............................................................................................................................................. 63

23. Artigo 25.º: Dever de Promover o Conhecimento da Carta ............................... 63

Medidas Administrativas ...................................................................................................................... 64

Desafios ................................................................................................................................................. 66

Respostas .............................................................................................................................................. 66

24. Artigo 26.º: Dever de Garantir a Independência dos Tribunais ....................... 66

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 66

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 68

Desafios ................................................................................................................................................. 68

Respostas .............................................................................................................................................. 68

25. Artigos 27.º, 28.º e 29.º Obrigações individuais ................................................... 68

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 68

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 69

Desafios ................................................................................................................................................. 70

Respostas .............................................................................................................................................. 70

26. Discriminação racial ......................................................................................................... 71

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 71

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 71

27. Promoção geral dos direitos humanos ...................................................................... 71

28. Eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres .......... 72

PARTE C: O RELATÓRIO DE ESTADO DO Zimbabwe SOBRE O PROTOCOLO À CARTA AFRICANA DOS

DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS SOBRE OS DIREITOS DAS MULHERES EM ÁFRICA ........ 72

1. Introdução ........................................................................................................................................ 72

O processo de redacção de relatórios .................................................................................................. 73

Quadro Jurídico Internacional .............................................................................................................. 73

Quadro jurídico regional ....................................................................................................................... 74

Quadro Constitucional e Jurídico Nacional ........................................................................................... 74

Quadro legislativo e político nacional: .................................................................................................. 75

IGUALDADE/NÃO DISCRIMINAÇÃO ...................................................................................................... 76

2 Artigo 2.o: Eliminação da discriminação contra as mulheres ............................ 76

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 76

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A Lei do Direito Penal (Codificação e Reforma) [Capítulo 9:23]. .......................................................... 77

Medidas Administrativas, Instituições e Políticas ................................................................................. 77

Política Nacional de Género .................................................................................................................. 78

Estrutura de Empoderamento de raparigas e mulheres jovens ........................................................... 79

Desafios ................................................................................................................................................. 79

3 Artigo 8.o: Acesso à justiça ............................................................................................ 79

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 79

Medidas administrativas ....................................................................................................................... 80

Programas de Alfabetização sobre Legislação ...................................................................................... 80

Desafios ................................................................................................................................................. 81

Respostas .............................................................................................................................................. 81

4 Alíneas a) e c) do número 2 do artigo 4.º, Alínea c) do artigo 5.º: Protecção das mulheres

contra a violência ..................................................................................................................... 82

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 82

5 A Lei da Violência Doméstica ................................................................................................... 82

Lei penal (codificação e reforma) ......................................................................................................... 82

Recursos Judiciais .................................................................................................................................. 83

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas ................................................................................. 83

Desafios ................................................................................................................................................. 86

Respostas .............................................................................................................................................. 86

6 Artigo 9.o: Participação política e tomada de decisões ....................................... 86

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas ................................................................................. 87

Desafios ................................................................................................................................................. 90

Respostas .............................................................................................................................................. 91

7 Artigo 12.o: Educação e formação ............................................................................... 91

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 91

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas ................................................................................. 91

8 Artigos 6-7: Direitos relativos ao casamento ......................................................... 93

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 93

Medidas Judiciais .................................................................................................................................. 94

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas ................................................................................. 95

9 Artigo 14.o: Saúde e Direitos Reprodutivos ............................................................. 95

DIREITOS ECONÓMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS ................................................................................... 96

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10 Artigo 13.o: Direitos de Bem-Estar Económico e Social e Artigo 19.o Direito

ao Desenvolvimento Sustentável ................................................................................ 96

Medidas Constitucionais e Legislativas ................................................................................................. 96

Medidas administrativas, políticas e instituições ................................................................................. 97

Desafios ............................................................................................................................................... 103

Resposta .............................................................................................................................................. 103

11 Artigos 20.º a 24.º: Direitos dos grupos de mulheres especialmente

protegidas .......................................................................................................................... 103

Medidas Constitucionais e Legislativas ............................................................................................... 103

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas ............................................................................... 104

Desafios ............................................................................................................................................... 106

12 Conclusão ........................................................................................................................... 106

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LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

AIPPA Lei sobre o Acesso à Informação e Protecção da

Privacidade

BEAM Modelo de Assistência Básica ao Ensino

CEDAW Convenção para a Eliminação de todas as formas de

Discriminação Contra as Mulheres

CERD Convenção para a Eliminação de todas as formas de

Discriminação Racial

CITES Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies

da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção

ESC Comissão de Supervisão Eleitoral

EUA Estados Unidos da América

GdZ Governo do Zimbabwe

MDC Movimento para a Mudança Democrática/Movement for

Democratic Change

MERP Programa de Recuperação Económica do Milénio

MIC Comissão para a Comunicação Social e Informação

MTERP Programa de Recuperação Económica a Médio Prazo

NCA Assembleia Constitucional Nacional

NEC Conselhos Nacionais para o Emprego

NER Taxa Nacional de Matrículas

NERP Programa Nacional de Recuperação Económica

NU Nações Unidas

ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

OIT Organização Internacional do Trabalho

ONG Organização Não Governamental

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OSC Organização da Sociedade Civil

OVC Órfãos e Crianças Vulneráveis

PASS Inquérito-Estudo de Avaliação da Pobreza

PIB Produto Interno Bruto

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

POSA Lei sobre a Ordem e Segurança Pública

SADC Comunidade de Desenvolvimento da África Austral

SAHRIT Fundo da África Austral para os Direitos Humanos

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

UA União Africana

SEDCO Corporação para o Desenvolvimento de Pequenas

Empresas

STERP Programa de Recuperação Económica a Curto Prazo

TCPL Total de Consumo e Linha de Pobreza

TRIP Aspectos do Acordo sobre Propriedade Intelectual

Relacionados com o Comércio

UNCITRAL Comissão das Nações Unidas para a Lei do Comércio

Internacional

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação,

Ciências e Cultura

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

VCT Aconselhamento e Exames Voluntários

VIH/SIDA Vírus da Imunodeficiência Humana-Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida

ZANU-PF União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica

ZDHS Inquérito sobre a Saúde Demográfica do Zimbabwe

ZEC Comissão Eleitoral do Zimbabwe

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Zim-Asset Agenda do Zimbabwe para a Transformação Sócio-

económica Duradoura

ZIMPREST Programa do Zimbabwe para a Transformação Sócio-

económica

ZMDG Objectivos do Zimbabwe para o Desenvolvimento do

Milénio

ZUNDAF Assistência ao Desenvolvimento do Zimbabwe pelas

Nações Unidas

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Parte A: Introdução geral

1. Introdução

1.1. É com prazer que o Governo do Zimbabwe (GdZ) apresenta o

Relatório Conjunto que integra os 11º, 12º, 13º, 14º e 15º

Relatórios (doravante o “Relatório”) ao abrigo da Carta Africana

dos Direitos Humanos e dos Povos. O relatório pormenoriza os

progressos alcançados na promoção e protecção dos direitos

humanos do povo do Zimbabwe de 2007 até à presente data. São

fornecidas informações respeitantes a cada artigo no âmbito das

medidas constitucionais, legislativas e administrativas

empreendidas pelo GdZ com vista a cumprir os seus deveres e

obrigações decorrentes da Carta Africana. A par disso, são

fornecidas informações sobre quaisquer desafios enfrentados pelo

GdZ no cumprimento desses deveres e obrigações.

1.2. Quando necessário, o Relatório, nas suas observações finais sobre

os 6º, 7º, 8º, 10º e 10º relatórios do Zimbabwe apresentados em

2006, fornece respostas às recomendações feitas pela Comissão

Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (doravante a

"Comissão"). De referir que a maioria das preocupações

levantadas pela Comissão obteve resposta com a entrada em vigor

da Revisão (№ 20) da Constituição do Zimbabwe de 2013

(doravante a “Constituição”).

1.3. A Constituição abarca um sistema de valores claramente

definidos.1 Por conseguinte, a presente Constituição reflecte a

alma da nação. Além disso, contém os Princípios Orientadores do

Estado que são efectivamente os objectivos e aspirações da

nação.2 De igual importância, o fortalecimento de uma estrutura

de direitos humanos muito ampla e abrangente, que incorpora não

apenas direitos civis e políticos; direitos socioeconómicos e

culturais, mas também direitos ambientais.3 Estes direitos aplicam-

1Secção 3 da Constituição

2Ver os aspectos gerais do Capítulo 2 da Constituição

3 Recomendação 29 c) das Observações Finais

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se de forma vertical e horizontal.4 Trata-se de uma significativa

alteração à Constituição da Lancaster House de 1979, que apenas

previa direitos civis e políticos. Em conformidade com as melhores

práticas internacionais e instrumentos pertinentes de âmbito sub-

regional, regional e internacional, a Constituição trata ainda de

certos direitos e liberdades relativos a mulheres5, crianças6, idosos7

e pessoas portadoras de deficiências.8 Estes direitos e liberdades

podem apenas ser restringidos nos termos de uma lei de aplicação

geral e contanto que as restrições sejam justas, razoáveis,

necessárias e justificáveis numa sociedade democrática. Todavia,

há determinados direitos que não podem ser limitados,

designadamente os que tratam do direito à vida,9 do direito à

dignidade humana, do direito de uma pessoa não ser torturada ou

sujeita a tratamentos ou castigos cruéis, desumanos ou

degradantes, do direito de uma pessoa não viver em regime de

escravatura ou servidão, do direito a um julgamento justo e do

direito a uma decisão de habeas corpus.

1.4. Uma outra trajectória significativa da Constituição de 2013 tem a

ver com a devolução de poderes e responsabilidades aos escalões

inferiores de governo no Zimbabwe com vista a melhorar a

preservação da unidade, a participação democrática de todos os

cidadãos e comunidades no governo, e a atribuição equitativa de

recursos nacionais.

2. Artigo 2: O Princípio da Não Discriminação

Medidas Constitucionais e Legislativas

2.1. As leis do Zimbabwe proíbem a discriminação. Todas as pessoas

são iguais perante a lei e têm o mesmo direito à protecção e

4Ver Secção 45 da Constituição

5Secção 80 da Constituição

6Secção 81 da Constituição

7Secção 82

8Secção 83 da Constituição

9Aplicação da pena de morte conforme o disposto na Secção 48 da Constituição.

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benefício da lei. A Secção 56 da Constituição proíbe todas as

formas de discriminação com base na nacionalidade, raça, cor,

tribo, local de nascimento, origem étnica ou social, idioma, classe,

crença religiosa, filiação política, opinião, costumes, cultura, sexo,

género, casamento, idade, gravidez, deficiência ou estatuto

económico ou social, ou se as pessoas nasceram dentro ou fora do

casamento.

2.2. A Constituição atribui ainda ao Estado o mandato de tomar

medidas legislativas e outras que sejam razoáveis, com vista a

promover o alcance da igualdade e a proteger ou fazer progredir

pessoas ou classes de pessoas que tenham sido prejudicadas por

medidas discriminatórias e injustas.10

2.3. Por conseguinte, a discriminação com base em certas categorias

como as acima descritas é abordada em termos de uma série de

medidas constitucionais, legislativas e administrativas, conforme

adiante descrito.

Discriminação com Base no Género e Sexo

2.4. A Constituição recomenda que o Estado garanta que

mulheres e homens tenham o direito à igualdade de tratamento,

incluindo o direito à igualdade de oportunidades nas esferas

política, económica, cultural e social.11 Além disso, a Secção 17 da

Constituição impõe ao Estado a obrigação de promover o equilíbrio

total de género na sociedade zimbabweana e, em particular, o

Estado deve garantir que ambos os sexos estejam igualmente

representados em todas as instituições e agências do governo a

todos os níveis.12 A Constituição proíbe todas as leis, costumes,

tradições e práticas culturais que violem os direitos das mulheres e

que sejam garantidos por essa mesma Constituição, e confere às

mulheres os mesmos direitos que os homens, relativamente aos

costumes e tutela da família.13 A par disso, a Constituição garante

10Secção 56 (6) da Constituição

11Secção 56 da Constituição

12Secção 17 da Constituição

13Secção 80 da Constituição

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a igualdade de direitos e obrigações dos cônjuges durante o

casamento e no momento da sua dissolução.14

2.5. Além disso, a Comissão de Género do Zimbabwe (ZGC) é

mandatada, entre outras coisas, para fiscalizar a execução da

igualdade e dos programas no âmbito de género, conforme

previsto na Constituição.15 A Lei da Comissão de Género do

Zimbabwe [Capítulo 10:31] foi promulgada em 2016 com vista a

regulamentar a ZGC.

Discriminação com Base em Deficiências Físicas

2.6. As secções 22 e 83 da Constituição estabelecem os direitos das

pessoas portadoras de deficiências. A não-discriminação com base

em deficiências físicas é garantida constitucionalmente, uma vez

que é imposta ao Estado a obrigação de conceber programas

inclusivos que considerem requisitos específicos destinados a

melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de todas as

formas de deficiências.

2.7. A Leis das Pessoas Portadoras de Deficiências16 proíbe e penaliza a

discriminação contra pessoas portadoras de deficiências. Além

disso, a Secção 120 da Constituição e a alínea a) da Secção 45 da

Lei Eleitoral 17 prevêem a existência de um Colégio Eleitoral como

medida para garantir que pessoas portadoras de deficiências se

façam representar no Parlamento.

Medidas Administrativas

2.8. O governo adoptou várias políticas e medidas específicas que

tratam de questões de discriminação, designadamente a Política

Nacional de Género e a Política Nacional de Deficiências.

2.9. Outras medidas administrativas que promovem a não-

discriminação:

14 Secção 26 da Constituição

15Secção 245 da Constituição

16 [Capítulo 17:01]

17 [Capítulo 2:13]

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a. A impressão e divulgação da Constituição em todas as línguas

reconhecidas pela Secção 6 da Constituição.

b. O ensino e a aprendizagem em escolas primárias e em

diferentes idiomas reconhecidos oficialmente na Constituição.

c. O estabelecimento de Comissões independentes, como a

Comissão de Direitos Humanos do Zimbabwe (ZHRC), a

Comissão de Género do Zimbabwe (ZGC), a Comissão Eleitoral

do Zimbabwe (ZEC), a Comissão de Comunicação Social do

Zimbabwe (ZMC) e a Comissão Nacional de Paz e Reconciliação

(NPRC).

2.10. Nas suas observações finais, a Comissão recomendou ao

Zimbabwe que realizasse uma revisão abrangente da aplicação das

leis estatutárias e consuetudinárias do país, com o objectivo de

garantir a existência de salvaguardas adequadas visando proteger

os direitos humanos de mulheres e raparigas de práticas

discriminatórias e garantir o exercício justo da justiça. A

Constituição consagra uma Declaração de Direitos abrangente que

trata adequadamente dos direitos de mulheres e crianças. Ao

contrário da Constituição de Lancaster House, a actual

Constituição declara claramente no artigo no.° 3 da Secção 80 que

todas as leis, costumes e práticas culturais que violem os direitos

das mulheres são nulos em função do que é infringido. Além disso,

o governo deu início ao alinhamento de todas as leis à

Constituição, estando esse processo na sua fase final. Isso foi feito

no âmbito de um esforço visando dar pleno efeito aos direitos e

liberdades garantidos pela Constituição.

Desafios

2.11. O GdZ tomou nota dos seguintes desafios:

a. Pessoas portadoras de deficiências continuam a não ter acesso

a certos edifícios particulares. Todavia, a maioria dos edifícios

públicos foi ajustada para promover o acesso por pessoas

portadoras de deficiências.

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b. Registaram-se atrasos limitados no que se refere ao

alinhamento da legislação visando combater a discriminação,

devido à grande rotatividade de especialistas técnicos na área

das deficiências.

c. As operações das Comissões Independentes que fiscalizam a

discriminação são limitadas por restrições de recursos.

Respostas

2.12. O governo tem vindo a adoptar as seguintes medidas como forma

de lidar com os desafios acima mencionados.

a. O governo do Zimbabwe adoptou uma política para garantir

que as pessoas portadoras de deficiências tenham acesso a

todos os edifícios.

b. Decorre o alinhamento da legislação à Constituição. A Lei de

Prevenção da Discriminação será revista com vista a garantir a

sua conformidade com essa mesma Constituição.

c. O governo aumentou o apoio orçamental que presta às

comissões independentes. Além disso, as dotações são agora

obtidas por essas comissões directamente junto do Tesouro.

Obtêm ainda apoio técnico e financeiro de parceiros de

cooperação.

3. Artigo 3: Igualdade perante a Lei e Protecção Igual da Lei

Medidas Constitucionais e Legislativas

3.1. A Constituição prevê a igualdade de todas as pessoas perante a lei

e o direito a igual protecção e benefício da lei, incluindo a

igualdade de direitos e obrigações dos cônjuges durante o

casamento e no momento da sua dissolução.18 A fim de garantir a

igualdade perante a lei e o acesso à justiça por todos, a Secção 31

da Constituição confere ao Governo o mandato de disponibilizar

advogados oficiosos em casos cíveis e criminais a pessoas que

18Secções 26 e 56 da Constituição

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deles necessitem e que não possuam meios para contratar

advogados de sua escolha.

3.2. As alíneas a) a h) da Secção 319 da Lei do Processo Penal e

Probatório prevêem a protecção de testemunhas vulneráveis que

são protegidas por lei e poderão apresentar provas num ambiente

de liberdade, sem intimidação ou influência imprópria.

Medidas Administrativas

3.3. Tendo em vista melhorar o acesso dos indigentes aos serviços

jurídicos, o governo descentralizou as operações da Direcção de

Assistência Jurídica em todas as províncias. Além disso, a

Comissão de Serviços Judiciários criou 11 tribunais em todo o país

para garantir o acesso de todos os zimbabweanos ao sistema de

justiça.19

3.4. O Zimbabwe continua a garantir a igualdade perante a lei, como

foi relatado anteriormente. Em resposta às preocupações da

Comissão e às observações por ela feitas nas observações finais,

foram criados Tribunais Amigos das Vítimas (VFC) tendo em vista

a protecção de testemunhas vulneráveis, por conseguinte

melhorando uma mesma protecção da lei para todos os indivíduos.

3.5. A Tabela 1 ilustra as estatísticas dos VFC referentes ao período

2018-2019

ESTATÍSTICAS REFERENTES A TRIBUNAIS AMIGOS DAS

VÍTIMAS – JANEIRO DE 2018 A MAIO DE 2019

O relatório fornece um resumo dos casos VFC a nível

nacional, de Janeiro de 2018 a 31 de Maio de 2019. A seguinte

tabela fornece um resumo dos casos:

19Recomendação 29 m das Observações Finais

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Mês Casos do Período

Anterior

Casos Recebidos Total de

Casos

Casos Concluídos Situação de

Casos

em

Atraso

Jan-18 78 95 173 106 67

Fev-18 67 269 336 233 103

Mar-18 103 314 417 314 103

Abr-18 103 184 287 206 81

Mai-18 81 211 292 204 88

Jun-18 88 186 274 180 94

Jul-18 94 173 267 180 87

Ago-18 87 237 324 227 97

Set-18 97 245 342 231 111

Out-18 111 261 372 255 117

Nov-18 117 208 325 190 135

Dez-18 135 146 281 156 125

Jan-19 125 234 359 189 170

Fev-19 170 247 417 229 188

Mar-19 188 268 456 278 178

Abr-19 178 207 385 264 121

Mai-19 121 284 405 268 137

Total - 3769 - 3710 -

Tabela 1: Casos VFC de Janeiro de 2018 a Maio de 2019

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Em 2018 a nível nacional, os Tribunais Amigos das Vítimas

receberam 2,529 casos. Durante o mesmo ano, os tribunais

concluíram 2,482 casos. Em 30 de Maio de 2019, os tribunais

receberam 1,240 processos, tendo ficado concluídos 1,228

processos no mesmo período.

Tabela 2: Número de casos envolvendo crianças abrangidas

pelos VFC

Ano

Rapazes Raparigas Total

2007 49 1010 1 059

2008 51 935 986

2009 62 1011 1 073

2010 76 1354 1 430

2011 108 1725 1 833

2012 128 1 822 1 950

2013 108 2 094 2 202

2014 118 2 117 2 235

2015 143 2 063 2 206

2016 116 2 180 2 296

Total 959 16 311 17 270

Medidas Judiciais

3.6. Relativamente à recomendação 29k contida nas observações

finais, os tribunais do Zimbabwe pronunciaram-se sobre o célebre

caso Margaret Dongo vs Registrar-General e Anor SC

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06/10, defendendo que as mães têm o mesmo direito e

capacidade de ajudar os filhos a obter passaportes.

Desafios

3.7. O GdZ tomou nota dos seguintes desafios:

a. Recursos limitados para a completa descentralização da Direcção

de Assistência Jurídica a nível distrital.

b. A maioria dos clientes não pode fazer face às custas judiciais,

designadamente as respeitantes a oficiais de diligências,

estampilhas fiscais, e taxas de justiça.

Respostas

3.8. Em resposta, o Governo contratou parceiros de desenvolvimento

para trabalharem num programa de assistência jurídica destinado

a capacitar a Direcção de Assistência Jurídica e acelerar a

respectiva descentralização em curso em todos os distritos das dez

províncias.

3.9. O governo incrementou a colaboração com outras organizações

que prestam serviços de assistência jurídica, emitindo licenças

limitadas de exercício de actividades profissionais para que possam

agir como mandatárias dos que necessitam de assistência jurídica

em tribunais.

4. Artigo 4: O Direito à Vida e Integridade das Pessoas

Medidas Constitucionais e Legislativas

4.1. A Constituição garante o direito à vida e esse direito não pode ser

limitado e ninguém pode violá-lo, excepto nos casos especificados

na secção 48 da Constituição. Em virtude do disposto nessa

cláusula constitucional, a pena de morte só pode ser aplicada a

pessoas condenadas por homicídio cometido em circunstâncias

agravantes. É também importante referir que o Zimbabwe

caminha gradualmente em direcção à abolição total da pena de

morte, tal como demonstrado pelo facto dessa sanção não poder

mais ser aplicada a pessoas com menos de 21 anos ou mais de 70

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anos no momento em que o delito tenha sido praticado, o mesmo

aplicando-se a mulheres. Esta nova disposição constitucional

representa uma clara mudança em relação à Constituição de

Lancaster House de 1979. A pena de morte foi igualmente

proscrita relativamente a delitos tais como traição, espionagem e

crimes militares.

4.2. O artigo 1.° da Secção 3 da Lei da Interrupção da Gravidez, as

secções 337 e 338 da versão revista da Lei do Processo Penal e

Probatório [Capítulo.], e a secção 47 da Lei Penal (Codificação e

Reforma) [Capítulo.], dão efeito à secção 48 da Constituição.

Medidas administrativas

4.3. Não obstante o facto de o Zimbabwe não ter eliminado por

completo a pena de morte dos seus estatutos, é importante notar

que o país observa uma moratória relativamente a execuções. Há

quase duas décadas que não se registaram execuções, e certos

casos são examinados periodicamente pelo Conselho de Ministros

tendo em vista a comutação de sentenças de morte em prisão

perpétua.

4.4. O governo, conjuntamente com entidades não estatais, continua a

realizar seminários destinados a agências de segurança, tais como

a Polícia, agentes penitenciários, tribunais e membros das Forças

de Defesa para promover o direito à vida, a integridade da pessoa

e a dignidade. Em particular, o programa inclui:

a. Princípios da Constituição, incluindo a declaração de direitos e

responsabilidades constitucionais gerais.

b. Direitos humanos fundamentais destinados a entidades

responsáveis pela aplicação da lei, que incluem conceitos

fundamentais e direitos humanos no comando, gestão e

organização da polícia.

4.5. Nas suas observações finais, a Comissão aprovou uma

recomendação, instando o governo do Zimbabwe a abolir a pena

de morte, a erradicar a violência policial e as execuções

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extrajudiciais, e a de imediato investigar o que é reportado,

levando os responsáveis a juízo, e a criar mecanismos para

indemnizar as vítimas de forma adequada.20

4.6. A abolição da pena de morte continua em estudo pelo governo do

Zimbabwe. De qualquer forma, há mais de 10 anos que governo

no Zimbabwe não leva a cabo quaisquer execuções. Assim, o

Zimbabwe passou a ser de facto um país abolicionista. Embora

tenha havido um grande número de apelos para que a pena de

morte seja abolida, a Constituição ainda permite essa prática em

circunstâncias limitadas, de acordo com a Secção 48, conforme

vem explicado no parágrafo 4.1 supra.

4.7. Embora a violência policial e as execuções extrajudiciais não sejam

um fenómeno vulgar no Zimbabwe, torna-se imperativo observar

que o país possui leis e instituições adequadas para investigar,

processar e levar os autores de tais práticas a juízo,

independentemente do seu estatuto, nos termos do artigo 1 da

Secção 56 da Constituição que trata todas as pessoas como sendo

iguais perante a lei.

4.8. De notar com tristeza que em 1 de Agosto de 2018, logo após as

eleições gerais, o Zimbabwe passou por um período sombrio

quando um protesto público resvalou para a violência. Ficou

provado que os protestos públicos que ocorreram de forma

violenta foram organizados pelo principal partido político da

oposição, que agitava para que os resultados das eleições fossem

divulgados prematuramente.

4.9. Agindo de forma violenta, os manifestantes começaram por

destruir bens públicos, ameaçando a paz e a segurança da maioria

20Recomendações 29 (i) e (k) (Observações finais)

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dos zimbabuanos amantes da paz, acção que justificou o

desdobramento do exército para ajudar a polícia a debelar a

violência que se havia tornado descontrolada.

4.10. O uso da força pelo exército e pela polícia resultou na lamentável

perda das vidas de seis indivíduos nesse dia fatídico.

4.11. Em resposta a esta invulgar e lamentável ocorrência, o Presidente

da República do Zimbabwe nomeou uma Comissão de Inquérito

internacional para analisar os eventos de 1 de Agosto de 2018.

4.12. Nas suas conclusões, a Comissão de Inquérito demonstrou que os

protestos violentos haviam sido instigados pelo principal partido

político da oposição, cujo objectivo era forçar de forma ilegal a

divulgação prematura dos resultados eleitorais.

4.13. Além disso, a Comissão demonstrou que o desdobramento do

exército justificava-se, uma vez que os protestos se haviam

tornado violentos e representavam uma ameaça às vidas e bens

da maioria dos zimbabweanos amantes da paz.

4.14. O Governo do Zimbabwe lamenta a perda das vidas de 6

indivíduos e de bens pertencentes a outros cidadãos como

resultado dos protestos ocorridos nesse dia; a comissão

recomendou um quadro de indemnizações para as famílias dos

finados. Desde então, o governo nomeou um Comité Especial para

pôr em prática esse quadro de indemnizações.

4.15. Além disso, a Comissão de Inquérito sobre a violência registada

em 1 de Agosto recomendou que se edificasse a paz através do

diálogo e da reconciliação. Até ao momento, o governo facilitou a

convocação de 7 (sete) sessões do Diálogo entre as Partes,

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embora o principal partido da oposição tenha evitado comparecer

a essas reuniões.

4.16. O Governo do Zimbabwe reitera que os eventos de 1 de Agosto de

2018 que deram azo a graves perdas de bens e de vidas não

podem ser classificados de acto de execuções extrajudiciais, tal

como alegado por certos sectores da comunicação social

estrangeira.

5. Artigo 5: O direito à dignidade, e à Liberdade contra a

Tortura, tratamento ou castigos Desumanos ou Degradantes

e escravatura.

Medidas Constitucionais e Legislativas

5.1. Relativamente ao direito à dignidade, a Constituição estabelece

que toda pessoa tem dignidade inerente à vida privada e pública,

e o direito a que essa dignidade seja respeitada e protegida. Além

disso, também afirma que nenhuma pessoa pode ser submetida a

tortura física ou psicológica ou a tratamentos ou castigos cruéis,

desumanos ou degradantes. A Constituição garante ainda o direito

das pessoas serem livres da escravidão ou servidão, e o direito das

pessoas detidas serem tratadas de forma humana e com

dignidade.21

5.2. A alínea c) do artigo 8.° da Secção 41A da Lei do Processo Penal e

Probatório estabelece as condições de detenção que devem

conformar com a dignidade humana.22

5.3. O governo também promulgou a Lei do Tráfico de Pessoas, que

prevê a proibição, prevenção e a instauração de processos contra

21 Secções 51,53,54,50 da Constituição

22 [Capítulo 9:07]

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o crime de tráfico de pessoas e a protecção das vítimas de

tráfico.23

5.4. Além disso, a Lei de Direito Penal (Codificação e Reforma),

promulgada em 2004, consolida todas as leis relacionadas com

infracções de natureza criminosa. A parte V dessa lei penaliza

actividades que violem a liberdade e a dignidade de uma pessoa.

Tais actividades incluem o rapto ou a detenção ilegal.24

5.5. A Lei de Saúde Mental foi revista a fim de alterar e consolidar a lei

relativa aos cuidados, detenção e assistência a pessoas

mentalmente desequilibradas ou com deficiências intelectuais, seja

para efeitos de tratamento ou de protecção.25

5.6. Em 2007, o governo promulgou a Lei de Violência Doméstica

tendo em vista a protecção das vítimas de violência doméstica.26

Medidas administrativas

5.7. Nos termos da Lei do Tráfico de Pessoas, o governo criou um

Comité Interministerial de Combate ao Tráfico, conferindo-lhe o

mandato de fiscalizar e de apresentar relatórios sobre a aplicação

de medidas contra o tráfico e de prestar assessoria no âmbito da

investigação e instauração de processos relacionados com o tráfico

de pessoas. Isso representa um esforço acrescido visando reduzir

o tráfico de pessoas, pois tal prática conduz à escravidão,

servidão, tortura, e castigos desumanos e degradantes.

5.8. O Sector de Justiça, Lei e Ordem (JLOS), através dos esforços

envidados pelo Ministério Público (NPA), pela Direcção de

23 [Capítulo 9:25]

24 [Capítulo 9: 23]

25 [Capítulo 15:12]

26 [Capítulo 5:16]

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Assistência Jurídica (LAD) e pela Comissão para os Serviços

Judiciários (JSC), realiza visitas periódicas de fiscalização de

prisões. O programa de formação dos Serviços Prisionais e

Correccionais do Zimbabwe (ZPCS) instituído pela Polícia da

República do Zimbabwe (ZRP) incorpora agora questões de

direitos humanos e de Estado de Direito, incluindo a proibição da

tortura. Desde Janeiro de 2014, a ZRP deu formação a mais de

30,000 agentes em matéria de direitos humanos.

Formação de Agentes Policiais em Direitos Humanos

5.9 Para a Polícia da República do Zimbábue, a formação em

direitos humanos é uma disciplina independente que os

recrutas seguem durante o programa de formação. A disciplina

faz igualmente parte de cursos convencionais ministrados pela

Academia Militar. Os Centros de Reciclagem Profissional [PUC]

ministram vários cursos de formação nas respectivas províncias,

estando a disciplina de “Direitos Humanos” incluída nos cursos

de reciclagem e outros.

5.10. Em 2018, os PUC realizaram cursos de formação destinados a

todos os agentes da polícia em preparação para as eleições

nacionais. A disciplina de direitos humanos fazia parte do

programa do curso. A seguinte tabela mostra o número total de

Agentes/Membros da Polícia que beneficiaram de formação que

incluía direitos humanos.

5.11. A Tabela № 3, adiante reproduzida, mostra o número de

agentes da ZRP que beneficiou de formação em direitos

humanos em 2018 e 2019

Instituição № de Formados

em 2018

№ de Formados

em 2019

Centro de 1090 5480

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Recrutamento

Academia Policial 428 188

PUC 47066 1552

TOTAL 48584 7220

5.12. O nosso sistema judicial tem sido consistente na forma como

condena as práticas de tortura. Esse ponto ficou claro no célebre

caso, S vs J. Mukoko27 em que o sistema judicial reiterou que

nenhuma pessoa devia ser sujeita a tortura física ou psicológica,

nem a tratamentos ou a castigos cruéis, desumanos ou

degradantes.

5.10 Nas suas observações finais, a Comissão fez uma

recomendação ao Zimbabwe no sentido de revogar leis que

consentiam o recurso a castigos corporais.28 O Tribunal de

Primeira Instância do Zimbabwe declarou que os castigos

corporais eram inconstitucionais no caso S vs Chokuramba, HH

718/14. Esta decisão foi confirmada pelo Tribunal

Constitucional, que declarou que o castigo corporal judicial é

por natureza um castigo desumano e degradante, tal como

disposto na Secção 53 da Constituição. O tribunal sublinhou

ainda que os castigos corporais infligidos em jovens nas escolas

e em lares pelos pais, encarregados de educação, ou tutores

eram inconstitucionais. Portanto, esse caso clássico proíbe

efectivamente qualquer forma de castigo corporal de jovens no

Zimbabwe.

6. Artigo 6: O Direito à Liberdade e Segurança das Pessoas

27 2009 ZLR 93

28Recomendação (l) (Observações Finais)

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Medidas Constitucionais e Legislativas

6.1. A Constituição garante a todas as pessoas o direito à liberdade

pessoal, incluindo o direito de não serem detidas sem julgamento,

de não serem privadas de liberdade arbitrariamente ou sem justa

causa, e de não serem presas por incapacidade de cumprir uma

obrigação contratual. Além disso, o direito à integridade física e

psicológica, que inclui o direito de não serem submetidas a

quaisquer formas de violência perpetradas por entidades públicas

ou privadas; o direito de tomar decisões relativas à reprodução e

de não serem submetidas a experiências médicas ou científicas; ou

à extracção ou utilização de tecidos corporais, sem o seu

consentimento é salvaguardado pela Constituição.29

6.2. É proibida a detenção de pessoas que tenham sido presas, por

mais de 48 horas antes de comparência perante um tribunal. A Lei

do Processo Penal e Probatório foi posteriormente alterada para

incorporar essa disposição constitucional que exige que um

acusado seja levado a tribunal 48 horas após a prisão.30

6.3. A versão revista da Lei do Processo Penal e Probatório revogou as

disposições que permitiam ao Estado prorrogar o prazo em que

uma pessoa acusada poderia ficar detida sem ordem judicial.

Agora, o Ministério Público pode recorrer num espaço de 48 horas,

mas o recurso não suspende a decisão tomada pelo Magistrado.

Medidas administrativas

6.4. A fim de concretizar a Constituição e a Secção 32 da Lei do

Processo Penal e Probatório na sua versão revista, a Comissão

para os Serviços Judiciais determinou que todos os tribunais

permanecessem abertos aos sábados e feriados para permitir que

29 Secção 50 (2) da Constituição

30Secção 50 (2) da Constituição, artigo 2.° da Secção 32 da Lei do Processo Penal e Probatório [Capítulo 9: 07]

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os acusados sob detenção policial comparecessem perante os

tribunais antes de expirado o prazo de 48 horas.

6.5. Em 2013, o governo introduziu o Programa de Redireccionamento

antes do Julgamento. O programa tem como objectivo desviar

crianças que tenham cometido infracções, do sistema convencional

de castigos previstos na justiça penal, onde passariam a estar em

contacto com a lei. O jovem infractor é desviado apenas nos casos

em que tenha sido cometido um pequeno delito.

6.6. Periodicamente, o Zimbabwe concede amnistias presidenciais a

reclusos condenados, tendo em vista diminuir o congestionamento

em prisões. A Tabela 4* adiante reproduzida mostra o número de

presos que beneficiaram de amnistias presidenciais nos últimos

anos.

Tabela 4 Número de reclusos restituídos à liberdade no âmbito

de amnistiais presidenciais

ANO RECLUSOS RESTITUÍDOS À

LIBERADE

2005 420

2006 0

2007 2979

2008 1884

2009 2182

2013 0

2014 3345

2015 0

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2016 4091

2017 0

2018 5111

* NOTA DO TRADUTOR: Tabela 3, na versão original em língua inglesa do presente Relatório.

6.7. O governo criou uma prisão aberta em Connemara para homens,

tendo em vista promover o direito à liberdade em ambiente

prisional.

6.8. A Tabela 5 que adiante se reproduz ilustra o número de

presos que beneficiam do sistema prisional aberto

Número de reclusos detidos na prisão aberta de Connemara

Ano № de Reclusos

2012 66

2013 38

2014 84

2015 58

2016 33

2017 73

2018 44

2019 29

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6.9 Houve recomendações de que o actual sistema convencional de

encarceramento não era o ideal, dado que determinados reclusos

necessitavam de viver com bebés na prisão. O governo aprovou a

criação de prisões abertas, em particular para reclusas.

6.10 Em 2019, a dotação orçamental para as Serviços Prisionais e

Correccionais do Zimbabwe (ZPCS) registou um aumentou com

vista a garantir a manutenção e a reabilitação da infra-estruturas

existentes, e ainda melhorar a qualidade e a quantidade das

necessidades diárias dos reclusos.

6.11 O GdZ continuou a estabelecer parcerias com diversas entidades

técnicas e de desenvolvimento num esforço para melhorar as

condições prisionais. As áreas abrangidas por tais parcerias

incluíam formação de agentes em direitos humanos, reabilitação

de reclusos, melhoria da dieta, necessidades de reclusos, e

melhorias no sector da produção.

Inspecções Prisionais

6.12 De acordo com a Constituição e as melhores práticas

internacionais, continuaram a ter lugar inspecções ad hoc e

regulares em recintos prisionais por via do sistema judicial, de

Comissões Parlamentares e da ZHRC.

6.13. Doentes mentais que alegadamente cometeram crimes são detidos

em instituições especiais para assim beneficiarem de tratamento.

As pessoas acusadas que demonstraram padecer de perturbações

mentais aquando da prática do delito são tratada nos termos da

Lei de Saúde Mental,31 que concede aos tribunais poderes para

decidir que um réu é culpado, mas todavia padecendo de doença

mental. Os funcionários das prisões recebem formação para

tratamento e prestação de cuidados a transgressores com

problemas mentais.

31Capítulo 15:12

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6.14. As medidas acima mencionadas obedecem às seguintes

recomendações feitas pela Comissão:

a. Que o Zimbabwe garanta que as condições de prisão,

interrogatório preliminar e detenção de suspeitos cumpram os

princípios das Directrizes da Ilha de Robben;32 e

b. Que o Zimbabwe deve adoptar uma abordagem abrangente em

relação ao descongestionamento de prisões e às condições de

detenção em prisões, e garantir que a política planeada de

Redireccionamento antes do Julgamento destinada a jovens

faltosos não comprometa o direito de alguém ser considerado de

presumível inocente.33

Medidas Judiciais

6.15. Conforme o acima mencionado, as leis do Zimbabwe proíbem a

detenção de pessoas acusadas em celas da polícia por mais de 48

horas. Este princípio foi confirmado pelo Tribunal de Primeira

Instância no caso S vs Panganai Daveson Madondo e Anor.34 De

acordo com o tribunal a detenção, por mais de 48 horas, de uma

pessoa acusada viola a Constituição sendo, portanto, ilegal.

Desafios

6.16. Embora o direito à liberdade e segurança das pessoas seja

reconhecido no Zimbabwe, o país enfrenta os seguintes desafios

no âmbito dos esforços que visam proteger e promover na íntegra

esse mesmo direito:

a. A escassez de recursos dificulta a reabilitação completa e a

normal reintegração de crianças que tenham cometido delitos.

b. A rejeição de ex-presos pela sociedade, afectando a sua

segurança e reintegração.

c. A segurança da sociedade é comprometida em alguns casos

pela restituição à liberdade de ex-prisioneiros a quem foi

32Recomendação 29 (f) (Observações finais)

33Recomendação 29 (g) (Observações finais)

34HH 512/15

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concedida amnistia, uma vez que alguns deles são propensos a

reincidir.

d. Recursos limitados para alargar o sistema prisional aberto.

Respostas

6.17. Tendo em vista lidar com os desafios que foram identificados:

a. Conjuntamente com parceiros de desenvolvimento, o governo

trabalha na reabilitação e reintegração efectiva dos infractores

na sociedade.

b. Os reclusos recebem apoio moral, espiritual e material de

organizações religiosas e de outras instituições.

c. O governo está em vias de criar uma prisão aberta para

mulheres.

d. Estão a ser realizados programas de sensibilização

constitucional com vista a uma tomada de consciência pelas

comunidades das disposições da Constituição referentes à

necessidade de respeitar o usufruto dos direitos fundamentais

por todos os cidadãos do país.

7. Artigo 7: O direito a que uma causa seja ouvida; Presunção

de inocência até prova de culpa; Proibição de leis penais

retroactivas e castigos

Medidas Constitucionais e Legislativas

7.1. A Constituição prevê o direito a um julgamento criminal e civil, que

seja justo e rápido, dentro de um prazo razoável e perante um

tribunal independente e imparcial; e o direito de presunção de

inocência com base no princípio de que uma pessoa não pode ser

condenada por um acto ou omissão que não constituía delito no

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momento em que tenha ocorrido.35. Desde então, essas

disposições foram incorporadas na versão revista Lei do Processo

Penal e Probatório36 para dar corpo às disposições constitucionais

a que se faz referência. A Lei do Processo Penal e Probatório37 foi

alterada por via da inserção da Parte 14A com vista a garantir a

protecção de testemunhas vulneráveis.

7.2. A Constituição também obriga o Estado a tomar todas as medidas

práticas, dentro dos limites dos recursos disponíveis, para que

sejam designados mandatários em casos cíveis e criminais,

relativamente a pessoas que deles necessitem e que não podem

arcar com as custas de advogados de sua escolha. A Lei de

Assistência Jurídica inclui o Programa de Assistência Jurídica

previsto nos termos da Constituição.38

Medidas administrativas

7.3. Em aditamento à estrutura do sistema judiciário, tal como referido

no relatório anterior, a Constituição também criou o Tribunal

Constitucional que trata de questões constitucionais, o que vem

reforçar o direito de uma pessoa ser ouvida. Desde 2013, o

Governo do Zimbabwe descentralizou o mecanismo de Assistência

Jurídica, permitindo o seu funcionamento em todas as 10

províncias do país.39 Está em curso a descentralização a nível

distrital.

7.4. Tal como referido em artigos anteriores e em aditamento ao

sistema formal de tribunais, a criação da ZHRC, do NPA, da ZACC

e de outras comissões ampliou os mecanismos nacionais de

queixas, reforçando o direito de uma pessoa ser ouvida.

35Secções 69 e 70 da Constituição

36Secção 167 da Lei do Processo Penal e Probatório

37Capítulo 9:07

38Secção 31

39Recomendação 29m

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7.5. Com o apoio de parceiros de desenvolvimento, o governo

concebeu uma estratégia nacional de assistência jurídica a

crianças. A estratégia visa apoiar crianças que, por qualquer

motivo, estão a contas com a lei. Essa estratégia permite que as

crianças recebam assistência jurídica e participem activamente no

processo judicial e colham resultados mais justos e assentes em

direitos.

7.6. O governo também adoptou o sistema de Tribunal Amigo da

Vítima visando a protecção de testemunhas vulneráveis. O sistema

presta igualmente assistência a crianças em conflito com a lei.

Medidas judiciais

7.7. O Tribunal Constitucional teve a oportunidade de reiterar o

princípio da imparcialidade no caso S vs Konson.40 No âmbito

deste caso, o tribunal de última instância considerou que a

imparcialidade do julgamento havia sido claramente prejudicada,

pois o juiz não era imparcial, tendo o processo sido posteriormente

anulado.

7.8. Os tribunais também fizeram notar de forma consistente o seu

desagrado face às demoras em dar por concluídos os casos que

lhes eram apresentados. No caso S vs Josephine Sibanda SC

44/07, o processo perante o Tribunal Judicial foi sistematicamente

adiado devido a atrasos excessivos em levar os réus a juízo.

Desafios

7.9. São limitados os recursos para se descentralizar a Direcção de

Assistência Jurídica a nível de todos os distritos.

Respostas

7.10. O governo está a trabalhar com parceiros de desenvolvimento

para garantir que a Direcção de Assistência Jurídica dê

continuidade ao processo de descentralização. Além disso, foram

40CC7/15

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criados tribunais de primeira instância em mais duas províncias,

estando em curso o processo de descentralização.

8. Artigo 8: Liberdade de Consciência e Religião

Medidas Constitucionais e Legislativas

8.1. A Constituição41 confere a cada pessoa o direito à liberdade de

consciência, que inclui a liberdade de pensamento, opinião,

religião ou crença; e a liberdade de cada pessoa praticar a religião,

em privado ou em público, quer só, quer acompanhado.

Medidas administrativas

8.2. O governo adoptou uma política concedendo liberdade total ao

funcionamento de organismos religiosos no Zimbabwe, sendo os

cidadãos autorizados a criar, participar, aderir ou sair livremente

de tais organismos. O governo também permite que vários

organismos religiosos utilizem serviços e infra-estruturas do sector

público para reuniões e sessões de convívio, sujeito a

regulamentos de ordem pública e segurança. As importações para

fins religiosos estão isentas de impostos

Medidas judiciais

8.3. Os tribunais do Zimbabwe também salvaguardam a liberdade a

que se refere o parágrafo anterior, por meio de pronunciamentos

judiciais. No caso Dzvova vs Ministro da Educação, Desportos,

Artes e Cultura,42 um aluno foi expulso da escola por usar tranças

em conformidade com a religião rastafari. O Tribunal Supremo

considerou que ao não permitir que o aluno frequentasse o

estabelecimento ensino, este havia violado o direito constitucional

de liberdade de consciência do aluno, conforme previsto na secção

19 da Constituição de Lancaster House.

41Secção 60 da Constituição

42 2007 (2) ZLR 195

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Desafios

8.4. Determinadas seitas religiosas promovem práticas nocivas, como

casamentos forçados e precoces, que têm impacto no direito à

educação. Proíbem ainda o acesso a unidades de saúde.

Respostas

8.5. A Lei do Processo Penal e Probatório [Capítulo 9:23] e a Lei da

Violência Doméstica proíbem o comprometimento de pessoas do

sexo feminino. O governo lançou diversas campanhas tendo em

vista a educação e sensibilização das comunidade sobre a

necessidade de se pôr termo a práticas culturais prejudiciais, tais

como o comprometimento de mulheres e os casamentos forçados.

Além disso, foram tomadas medidas para garantir que as seitas

religiosas permitam o acesso das crianças à saúde e à educação. A

Lei de Saúde Pública,43 foi revista com o objectivo de incluir a

vacinação obrigatória para todas as crianças.

9. Artigo 9: O Direito de receber Informações e a Liberdade de

Expressão

9.1. Relativamente à recomendação da Comissão para que o Zimbabwe

proceda a uma revisão abrangente das leis que restringem o

usufruto da liberdade de expressão, acesso à informação e

liberdade de reunião,44 o governo adoptou várias medidas

constitucionais, legislativas e administrativas que abordam essa

recomendação da seguinte forma:

Medidas Constitucionais e Legislativas

9.2. O direito à liberdade de expressão e à liberdade de

imprensa, bem como o acesso à informação são garantidos.45 Além

disso, a Constituição cria a Comissão para a Comunicação Social

43 [Capítulo 15:09]

44Recomendação 29 (d) (Observações finais)

45Secções 61 e 62 da Constituição

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do Zimbabwe (ZMC), cujas funções incluem a manutenção,

promoção e desenvolvimento de uma comunicação social livre,

garantindo que o povo zimbabweano tenha acesso justo e amplo à

informação, além de realizar pesquisas sobre questões

relacionadas com a liberdade de imprensa e de expressão.46

9.3. A Lei de Acesso à Informação e da Protecção da Privacidade

(AIPPA)47 foi revogada com vista a eliminar as disposições que

impediam o acesso à informação e a liberdade de expressão. A Lei

de Serviços de Radiodifusão48 também prevê o planeamento,

gestão, dotação, regulamentação e protecção do espectro de

frequências de radiodifusão.

Medidas Administrativas

9.4. Em 2015, o Zimbabwe licenciou oito (8) estações de rádio

comerciais locais nas oito (8) principais cidades do país, além das

seis (6) estações de rádio comerciais nacionais existentes.

9.5. O Zimbabwe executou o projecto de migração digital para

enfrentar os desafios do Acesso Universal à Informação no país. O

Zimbabwe possui agora uma maior cobertura geográfica da

população no que se refere a emissões de rádio e televisão. O

governo, em conjunto com as agências executoras desse projecto,

também levou a cabo campanhas de sensibilização em massa no

âmbito do projecto de migração digital.

46Sections 248 e 249

47 [Capítulo 10:27]

48 [Capítulo 12:06]

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Desafios

9.6. Existem poucos recursos financeiros para finalizar o projecto de

digitalização.

Respostas

9.7. O Governo assinou uma Parceria Público-Privada (PPP) com a

Huawei Technologies e prevê-se que o Projecto de Migração para

a Radiodifusão Televisiva Digital do país esteja concluído em 2019.

10. Artigos 10.º e 11.º: Liberdades de Associação e de Reunião

Medidas Constitucionais e Legislativas

10.1. A Constituição garante o direito à liberdade de reunião e de

associação, bem como o direito de não se reunir ou de não se

associar com terceiros49. Ninguém pode ser obrigado a pertencer a

uma associação ou a assistir a uma reunião ou encontro. A

Constituição salvaguarda ainda mais o direito dos trabalhadores,

empregadores, sindicatos e organizações de trabalhadores ou de

empregadores de formar e aderir a federações de tais sindicatos e

organizações50.

10.2. No entanto, é importante referir que, para respeitar plenamente

esses direitos consagrados na Constituição e implementar várias

recomendações de direitos humanos que foram aprovadas pelo

Grupo de Trabalho de Exame Periódico Universal (EPU) do

Conselho de Direitos Humanos, o Governo do Zimbábue revogou a

a Lei da Ordem Pública e da Segurança (POSA) e a Lei de Acesso à

Informação e Protecção da Privacidade (AIPPA). Estes dois textos

legislativos foram substituídos por uma nova legislação.

49Secção 58 da Constituição

50Secção 65 da Constituição

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10.3. A Lei do Trabalho confere o direito de constituir sindicatos e

organizações de empregadores 51 e consubstancia a Secção 65 da

Constituição.

Medidas Administrativas

10.4. O Governo incorporou a Convenção n.º 87 da OIT está

actualmente a rever as suas leis do trabalho para as alinhar com a

Constituição e as convenções da OIT que o Zimbabwe ratificou.

10.5. Com vista a promover o direito de reunião e de associação no

mercado de trabalho, o Governo, com a assistência de parceiros

de desenvolvimento, formou dezassete (17) juízes, trinta e dois

(32) Magistrados, noventa e sete (97) assessores, cento e setenta

(170) inspectores do trabalho e quarenta (40) juristas sobre as

Normas Internacionais do Trabalho e os direitos à liberdade de

associação e reunião.

11. Artigo 12.º: Liberdade de Circulação e Residência; Direito de

Requer e de Beneficiar de Asilo e a Proibição de Expulsão em

Massa de Cidadão não Nacionais

Medidas Constitucionais e Legislativas

11.1. A Constituição garante a liberdade de circulação e residência a

todos os cidadãos do Zimbabwe, incluindo os estrangeiros que têm

o direito de circular livremente no Zimbabwe, residir em qualquer

parte do Zimbabwe e sair do país. O direito de cada cidadão do

Zimbabwe a um passaporte ou outro documento de viagem e à

imunidade de expulsão do Zimbabwe está também garantido52.

11.2. Além disso, a Lei sobre os Refugiados confere direitos aos

requerentes de asilo e aos refugiados e estabelece igualmente o

procedimento que deverá ser seguido para determinar o estatuto

51 [Capítulo 28:01]

52Secção 66 da Constituição

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dos requerentes de asilo e dos refugiados53. A Lei sobre a

Imigração também prevê a regulamentação da entrada e saída

gratuita de imigrantes legais no Zimbabwe.

Medidas Administrativas

11.3. Num esforço para melhorar o acesso aos passaportes de modo a

promover ainda mais a liberdade de circulação, o Governo reduziu

as taxas dos passaportes. Além disso, o Governo e o Alto

Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados facilitaram a

aquisição de passaportes para refugiados e outros cidadãos não

nacionais.

11.4. Em conformidade com as disposições da Lei sobre os Refugiados,

o Zimbabwe criou e operacionalizou um Comité Interministerial

para os Refugiados, cujo mandato é receber e analisar os pedidos

de asilo de requerentes e refugiados, promovendo assim o direito

de circulação e residência54.

11.5. O Governo, em parceria com os parceiros de desenvolvimento,

criou centros de acolhimento para acolher imigrantes irregulares

em diferentes postos fronteiriços do país. O Zimbabwe mantém o

Campo de Refugiados de Tongogara, em Manicaland, como o lar

oficial dos refugiados.

Medidas Judiciais

11.6. Os tribunais condenaram condutas que equivalem a restringir a

liberdade de circulação. No caso Chipo de Nyamanhindi e 8 Outros

vs. o Estado, um grupo de mulheres foi detido pela polícia sob

alegações de aliciamento para fins de prostituição55. Notou-se que,

nas circunstâncias do caso, a conduta da polícia equivalia

efectivamente a recolher obrigatório para as mulheres após o pôr-

do-sol. O Tribunal Constitucional declarou que a prática de prender

53 [Capítulo 4:03]

54Secção 5 da Lei sobre os Refugiados Capítulo 4:03

55

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mulheres após as horas de trabalho era discriminatória, uma vez

que visava mulheres devido ao seu género.

Desafios

11.7. Continua a ser difícil regularizar a estadia de alguns estrangeiros

que não estão dispostos a que a sua estadia seja conhecida

oficialmente pelas autoridades responsáveis. O país continua

também a ter problemas de cidadãos que atravessam ilegalmente

fronteiras.

Respostas

11.8. O Governo está a trabalhar num projecto de Gestão Integrada das

Fronteiras, bem como na Assistência ao Desenvolvimento de

Capacidades sobre a documentação dos Migrantes Trabalhadores

do Zimbabwe.

11.9. O Governo está a trabalhar em colaboração com a Organização

Internacional para as Migrações (OIM) e o ACNUR em vários

projectos para facilitar a liberdade e a residência de refugiados,

migrantes ilegais e irregulares.

12. Artigo 13.º: O Direito de participar livremente no Governo

do seu País e o Direito de Igualdade de Acesso à Função

Pública do seu País

Medidas Constitucionais e Legislativas

12.1. A Constituição prevê direitos políticos, nomeadamente o direito de

constituir, aderir e participar nas actividades de um partido político

ou de uma organização de opção. Além disso, confere a todos os

cidadãos do Zimbabwe com idade igual ou superior a dezoito anos

o direito de votar em todas as eleições e referendos e de o fazer

em segredo; de se candidatar a um cargo público e, se for eleito,

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de exercer esse cargo56. A Constituição também obriga o Governo

a assegurar que todos os cidadãos elegíveis tenham a

oportunidade de votar e devem facilitar o voto das pessoas com

deficiência ou necessidades especiais57.

12.2. A Constituição prevê o acesso dos cidadãos ao serviço público,

obrigando o Estado, a administração pública em todos os níveis de

poder, incluindo as instituições e agências do Estado e as

entidades controladas pelo Governo e outras empresas públicas a

prestar um serviço imparcial, justo e equitativo num período de

tempo razoável e de forma transparente58.

12.3. A Lei Eleitoral59 consubstancia as Secções 67.º e 155.º da

Constituição.

Medidas Administrativas

12.4. Todos os zimbabueanos participaram do processo de elaboração

da Constituição liderado pela Comissão Selectiva Parlamentar

(COPAC), que deu início em 2009 e no referendo subsequente de

2013. Esses processos resultaram na adopção da Constituição em

Maio de 2013. O povo do Zimbabwe também participou livremente

nas eleições harmonizadas.

12.5. O Governo criou um ambiente propício à participação dos cidadãos

através de organizações como as Associações de Moradores. Das

91 (noventa e uma) Autoridades Locais, há vinte (20) Associações

de Moradores em todo o país. Através destas associações, os

moradores das diferentes cidades podem participar e contribuir

para os assuntos das suas cidades.

12.6. O Governo consulta os cidadãos antes da adopção de leis e

políticas importantes que tenham tido um amplo impacto na vida

ou nos meios de subsistência da população. Por exemplo, o

56Secção 67 da Constituição

57Secção 155 da Constituição

58Secção 194 da Constituição

59 [Capítulo 2:13]

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Governo criou o Grupo de Trabalho Interministerial (IMT) sobre o

alinhamento das leis para consultar as partes interessadas antes

da adopção de opiniões; o Parlamento através das suas Comissões

Parlamentares de Especialidade também realiza audiências

públicas antes da aprovação de projectos de lei.

12.7. Como indicado no último relatório, as eleições gerais continuaram

a ser realizadas de cinco em cinco (5) anos. O Zimbabwe realizou

as suas eleições harmonizadas em 2008, 2013 e 2018, com a

participação das autoridades a nível presidencial, parlamentar e

local. Nestas eleições harmonizadas, os boletins de voto estavam a

ser contados e os resultados apresentados fora de cada mesa de

voto. Estas eleições foram declaradas pacíficas, justas e credíveis e

reflectem a vontade do povo do Zimbabwe por parte da

Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), da

União Africana (UA), da União Europeia (UE), da Commonwealth e

da Comissão Eleitoral do Zimbabwe (ZEC) e de observadores

locais.

Desafios

12.8 Há uma tendência de os dirigentes dos partidos políticos da

oposição que perdem as eleições declararem vitória

unilateralmente sem o envolvimento da Comissão Eleitoral do

Zimbabwe, causando assim agitação civil.

Respostas

12.9 Com vista a promover a responsabilidade política e a

responsabilização dos cidadãos, o Zimbabwe encetou um diálogo

político multipartidário com vista à resolução destes desafios.

13. Artigo 14.º: O direito de propriedade

13.1. No que se refere à preocupação da Comissão quanto aos efeitos

adversos sobre o exercício dos direitos garantidos pela Carta

Africana na sequência da aplicação da Operação de Restauração

da Ordem (Murambatsvina), destinada a descongestionar as zonas

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densamente povoadas das cidades, bem como a remover

estruturas ilegais e instalações comerciais não licenciadas que

provaram ser uma sobrecarga para as instalações sanitárias:60 O

Governo levou a cabo a Operação Garikai/HlalaniKuhle para

proporcionar habitação digna e acessível às famílias que tinham

sido deslocadas. Além disso, atacou o problema dos membros das

comunidades com baixo rendimento que estavam nas listas de

espera de moradias das autoridades locais. Por outro lado, o

Governo construiu unidades habitacionais em todo o país na fase

um (1) do programa. A Fase dois (2) da Operação Garikai

forneceu terrenos a indivíduos, empregadores, cooperativas e

construtores privados para desenvolvimento.

13.2. No que se refere à preocupação da Comissão quanto à

persistência do impasse para resolver a questão da terra no

país,61o Governo atribuiu, desde o ano 2000, mais de 40 000

hectares de terrenos estatais no interior nas zonas urbanas e seus

arredores para fins de desenvolvimento urbano. Na sequência do

programa de reforma agrária, foram criados mais de vinte mil

setecentos e setenta e oito (20 778) estandes residenciais em seis

(6) explorações agrícolas adquiridas pelo Governo para

urbanização. Em Julho de 2012, o Governo aprovou a Política

Nacional de Habitação Revista e, actualmente, estão em curso

esforços para operacionalizar a política através da elaboração de

estratégias adequadas e de novos programas para disponibilizar

um milhão duzentas e cinquenta mil (1 250 000) unidades

habitacionais até 2020. Esta política baseia-se igualmente no

Programa de Estabilização Transitória (TSP), o plano económico do

país, que prevê projectos para a disponibilização de casas a

centenas de milhares de cidadãos até 2020.

60Área de Preocupação Número 20 (observações finais)

61Área de Preocupação Número 23 (Observações Finais)

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Medidas Constitucionais e Legislativas

13.3. A Constituição garante o direito de qualquer pessoa, em qualquer

parte do Zimbabwe, de adquirir, deter, ocupar, utilizar, transferir,

hipotecar, arrendar ou alienar todas as formas de propriedade,

individualmente ou em associação com outros62. A Constituição

confere ainda o direito a terras agrícolas e também obriga o

Governo a adquirir essas terras sem obrigação de pagar qualquer

compensação por terras agrícolas adquiridas compulsivamente

para reassentamento63. A manutenção dos direitos dos ocupantes

de terras adquiridos pelo Estado para fins agrícolas é também

garantida nos termos da Secção 290, que prevê que, nos termos

da Constituição, qualquer pessoa que, imediatamente antes da

data efectiva, estivesse a utilizar ou a ocupar, ou tivesse direito a

utilizar ou a ocupar, quaisquer terras agrícolas por força de um

contracto de arrendamento ou de outro contracto com o Estado

continua a ter direito a utilizar ou a ocupar essas terras na data

efectiva ou após a data efectiva, nos termos desse contracto de

arrendamento ou de outro contracto.

13.4. Com vista a assegurar que os zimbabueanos usufruam do seu

direito à terra agrícola, o Governo promulgou a Lei de Aquisição de

Terras64 que consubstancia a Secção 72 da Constituição. O direito

de propriedade como todos os outros direitos não é absoluto. Por

conseguinte, este direito está sujeito à cláusula de limitação e

pode ser derrogado no interesse da defesa, da segurança pública,

da moralidade, da saúde e da ordem pública, entre outros.

Medidas Administrativas

13.5. Para obter os máximos benefícios da terra, o Governo promulgou

legislação subsidiária, como a alocação de prazo de 99 anos, o

62Secção 71 da Constituição

63Secção 72 da Constituição

64Capítulo 20:10

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Instrumento Estatutário 53 de 2014 sobre o Povoamento Rural

(Termos e Condições da Licença) para aumentar a viabilidade

bancária das terras agrícolas e, subsequentemente, aumentar a

produção nas mesmas. A Comissão de Terras do Zimbabwe (ZLC)

também foi criada nos termos da Constituição para assegurar a

responsabilidade, justiça e transparência na administração das

terras conferidas ao Estado65 e a Lei da Comissão de Terras do

Zimbabwe66foi promulgada em 2018 para operacionalizar a ZLC.

Os Comissários para a Comissão de Terras foram nomeados e o

Secretariado está a funcionar. A ZLC também foi descentralizada

para todas as oito províncias agrícolas.

Desafios

13.6. A capacidade limitada das cooperativas de habitação e dos

promotores imobiliários privados para gerir e desenvolver estandes

atribuídas nas zonas urbanas e seus arredores causou o

planeamento, desenvolvimento, atribuição e utilização ilegais de

terrenos urbanos. Além disso, existem fracos sistemas de

propriedade fundiária que ainda não foram melhorados e

reforçados para melhorar a viabilidade bancária das terras no

sector agrícola.

Respostas

13.7. O Governo está a trabalhar na melhoria do sistema de propriedade

fundiária e na criação de um quadro institucional para melhorar os

sistemas de gestão e responsabilidade da terra.

13.8. O Governo continua a mobilizar recursos para apoiar o sector

agrícola através de subsídios e regimes como o Programa Especial

de Produção de Milho e de Substituição de Importações

65Secção 296 da Constituição

66Capítulo 20:29

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(Command Agriculture) para as explorações agrícolas A1 e A2 e o

Regime Presidencial de Produtos Agrícolas para as explorações

agrícolas comunitárias. Isto garantiu que Quatro Cento e

Cinquenta e Seis Mil, Setecentos e Trinta (456 730) hectares

fossem cultivados com milho durante a época agrícola de 2016,

com o objectivo de produzir Dois Milhões Dois Cem e Oitenta e

Três Mil e Seis Cem e Cinquenta (2 2 283 650) milhões de

toneladas métricas face a um requisito nacional de 1,5 milhões de

toneladas métricas para consumo humano.

13.9. O Governo instituiu uma auditoria de terras que está a ser liderada

pela ZLC. A auditoria incidirá sobre questões de responsabilidade e

transparência na administração das terras agrícolas. Além disso, os

resultados da auditoria serão úteis para reforçar a política de uma

única pessoa para uma única exploração agrícola, melhorando

assim o acesso às terras agrícolas e a distribuição equitativa da

propriedade.

14. Artigo 15.º: Direito ao Trabalho

Medidas Constitucionais e Legislativas

14.1. A Constituição prevê o direito ao trabalho. Além disso, a

Constituição obriga o Estado e as instituições do Governo, a todos

os níveis, a adoptar políticas e medidas razoáveis para assegurar

que os seus cidadãos gozem do direito ao trabalho, de práticas e

normas jurídicas seguras e de receberem um salário justo e

razoável67.

14.2. A Lei do Trabalho regula o direito ao trabalho para todas as

pessoas, com excepção daquelas cujas condições de emprego são

regidas pela Constituição. A lei procura promover a justiça social e

a democracia no local de trabalho. Não há restrições legais à

67Secções 24 e 65 da Constituição

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escolha do trabalho. A legislação em vigor protege e respeita o

direito ao trabalho68.

14.3. A Lei do Trabalho também proíbe o trabalho forçado, garantindo

assim a todos o direito de empenharem-se livremente no emprego

da sua escolha. A violação desta disposição implica a aplicação de

uma multa e/ou prisão por um período máximo de dois anos. A lei

incorpora assim as disposições das duas convenções fundamentais

da OIT sobre a eliminação do trabalho forçado69 que o Zimbabwe

ratificou em 1998.

14.4. A Lei institui ainda o Tribunal do Trabalho, que tem competência

para apreciar recursos e requerimentos e pode exercer as mesmas

competências que o Tribunal Supremo em matéria laboral. Os

recursos das decisões do Tribunal sobre questões de direito cabem

ao Tribunal Supremo.

14.5. A lei proíbe a rescisão arbitrária do contracto de trabalho e

descreve as circunstâncias em que um contracto pode ser

rescindido mediante aviso prévio. Além disso, protege os

trabalhadores contra o despedimento sem justa causa, prevendo,

nomeadamente, o direito de serem notificados, ouvidos e

representados nos processos disciplinares.70

14.6. Na função pública, as relações laborais são regidas pela Lei da

Função Pública e pela Lei dos Serviços de Saúde. O Poder

Judiciário é regido pela Lei dos Serviços Judiciais. O recrutamento

para a Função Pública é voluntário e baseado no mérito. Os

trabalhadores na função pública também estão protegidos contra a

rescisão arbitrária e o despedimento sem justa causa.

Medidas Administrativas

14.7. O Governo criou o Conselho Conjunto de Negociação (JNC)

através do Instrumento Estatutário 141 de 1997. O JNC é

68 Capítulo 28:01

69 Convenção nº 29 de 1930 sobre o Trabalho Forçado e Convenção nº 105 de 1957 sobre a Abolição

do Trabalho Forçado.

70 SI 15/2006 e Secções 12 e 12B da Lei do Trabalho

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composto pelo Governo como empregador e pelos representantes

dos funcionários da função pública. O papel do JNC é negociar e

de forma colectiva para a melhoria dos salários e as condições de

serviço dos trabalhadores da função pública. No sector privado,

são criados Conselhos Nacionais de Emprego e Comissões de

Trabalhadores para promover o direito à negociação colectiva

entre o empregador e os trabalhadores nos termos da parte X da

Lei do Trabalho.

14.8. O Governo implementou o Quadro Nacional de Política de

Emprego do Zimbabwe, que procura estimular o crescimento do

emprego e ultrapassar o desemprego e o subemprego.

Actualmente, o mercado de trabalho caracteriza-se por um

importante sector informal com numerosos desafios, alguns dos

quais relacionados com défices de trabalho digno e problemas de

segurança social. Não obstante os desafios da economia informal,

o Governo está a trabalhar para um maior acesso dos operadores

do sector informal ao financiamento, facilidades de crédito, espaço

de trabalho, infra-estruturas e formação, através do Ministério das

Pequenas e Médias Empresas.

14.9. O Governo, através do Programa Integrado de Divulgação de

Competências (ISOP), financiou até à data 2 166 projectos e

foram criados 3 660 postos de trabalho através destas empresas

desde a criação do Fundo da Juventude em Outubro de 2006.

Além disso, importa realçar que o reforço de capacidades do ISOP

formou, desde 2006, 4 262 jovens em todas as províncias. A

formação inclui cabeleireiro, costura, carpintaria, colocação de

tijolos e blocos, horticultura, saúde e produção animal, apicultura,

avicultura, gestão de gado, panificação e confeitaria, entre outros.

Desafios

14.10. Existem limitações de recursos na implementação do Quadro

Nacional de Política de Emprego e na sensibilização para a

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"Declaração Kadoma Rumo a uma Visão Económica e Social

Nacional Partilhada (2009)".

Resposta

14.11. O Governo continua a trabalhar com os parceiros de

desenvolvimento e o sector privado de modo a assegurar que haja

uma abordagem multissectorial às questões de emprego.

15. Artigo 16.º & 18.º: Família, Padrão de Vida Adequado e

Nível de Saúde Mais Alto Possível

Medidas Constitucionais e Legislativas

15.1. A Constituição obriga o Governo a proteger e promover a

instituição da família através da prestação de cuidados e

assistência às mães, pais e outros membros da família que tenham

a seu cargo as crianças. O Governo está também mandatado para

adoptar medidas destinadas à prevenção da violência doméstica.71

A Constituição obriga o Governo a tomar todas as medidas

práticas para assegurar a prestação de serviços de saúde básicos,

acessíveis e adequados em todo o Zimbabwe.72

15.2. A Lei da Saúde Pública consubstancia estas disposições

constitucionais na medida em que prevê a protecção da saúde

pública, incluindo a prevenção e a supressão das doenças

infecciosas e sexualmente transmissíveis, bem como a

regulamentação do abastecimento de água potável e de alimentos

e a melhoria do saneamento básico.

71Secção 25 da Constituição

72Secção 76 da Constituição

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Medidas Administrativas

Sistema de Prestação de Cuidados de Saúde

15.3. Os serviços de cuidados de saúde no Zimbabwe consistem em

quatro níveis: do estabelecimento de saúde, distrital, provincial e

central. A implementação dos serviços de saúde é feita

principalmente a nível distrital e das unidades sanitárias, com

formulação de políticas e administração a nível provincial e central.

Financiamento dos Cuidados de Saúde

15.4. Os serviços de saúde são financiados a partir de várias fontes,

incluindo dotações governamentais, ajuda médica privada e

voluntária / planos de seguro de saúde, pagamentos directos e

ajuda ao desenvolvimento de organizações bilaterais e

multilaterais. O Governo continua a ser a principal fonte de

financiamento da saúde no sector público, sendo a fiscalidade a

principal fonte de receitas.

15.5. O Zimbabwe fez progressos no domínio dos Cuidados de Saúde

Primários desde 1996 até à data. Desde a apresentação do

Relatório Inicial, o Governo, através do Ministério da Saúde e dos

Cuidados Infantis, tem continuado a implementar intervenções

eficazes para a sobrevivência da criança, tais como o Programa

Alargado de Vacinação (PAV).

Programa Alargado de Vacinação

15.6. O programa PAV foi adoptado no Zimbábue em 1982 e tremendos

progressos foram feitos nas últimas 3 décadas, incluindo a

melhoria da cobertura vacinal de 28% (DPT3) em 1982 para 97%

(Pentavalente) até 2010. A cobertura total da vacinação aumentou

de 53% em 2005/6 para 65% em 2010/11. (ZDHS) (ZDHS)

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Prestação de Assistência Médica e Cuidados de Saúde para

Crianças

15.7. Crianças menores de 5 anos recebem tratamento gratuito em

instituições públicas de saúde e também têm acesso a tratamento

gratuito para doenças relacionadas ao VIH e tuberculose. De

acordo com a política actual, todos os cidadãos devem viver num

raio de oito quilómetros (8 km) de um estabelecimento de saúde.

Prevenção de Doenças e da Desnutrição

15.8. O Governo gere programas de prevenção da malária, tais como a

pulverização de mosquitos, o fornecimento de redes mosquiteiras

tratadas e de comprimidos contra a malária, bem como

campanhas de sensibilização. O Zimbabwe é signatário da

Declaração de Abuja, que exorta os países a envidarem esforços

concertados para alcançar indicadores de progresso provisórios

com vista aos objectivos de luta contra a malária (Roll Back

Malaria-RBM) de 2010. O Programa Nacional de Controlo da

Malária, com o apoio de vários parceiros, implementa intervenções

como a pulverização no interior das habitações (IRS), o

Tratamento Preventivo Intermitente na Gravidez (IPTP) e o uso de

redes mosquiteiras insecticidas de longa duração (LLIN). Como

resultado destas intervenções, registou-se uma redução notável da

taxa de incidência da malária.

VIH e SIDA

15.9. O Governo desenvolveu a Política Nacional sobre o VIH e SIDA.

Esta política foi desenvolvida para promover e orientar as

respostas presentes e futuras ao SIDA no Zimbabwe. A política

salvaguarda os direitos das crianças e dos jovens no que diz

respeito à protecção contra a infecção pelo VIH e à discriminação

com base na infecção pelo VIH. Também consagra o direito das

crianças e dos jovens ao acesso ao conhecimento e às

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competências para a vida necessárias para evitar a infecção pelo

VIH.

15.10. O Zimbabwe envidou igualmente esforços positivos para

criar um ambiente político favorável à melhoria da saúde pública.

Isto foi feito através da Estratégia Nacional de Saúde para o

Zimbabwe 2016-2020 e de uma estratégia robusta de resposta ao

VIH. A Estratégia Nacional de Saúde procura alcançar equidade e

qualidade na saúde, não deixando ninguém para trás. A estratégia

para o VIH inclui a mobilização de recursos internos através da

taxa sobre a SIDA para assegurar a sustentabilidade.

Desafios

15.11. O principal desafio enfrentado é a falta de recursos para

executar plenamente todos os programas.

Respostas

15.12. O Governo continua a colaborar com os parceiros de

desenvolvimento para complementar os seus esforços nos

programas relacionados com a saúde.

16. Artigo 17.º Educação e Ensino Primário Obrigatório

Medidas Constitucionais e Legislativas

16.1. A Constituição obriga o Estado a tomar todas as medidas práticas

para promover o ensino básico gratuito e obrigatório para as

crianças, incluindo o ensino superior e terciário. O Estado é ainda

mandatado para tomar medidas para garantir que as raparigas

tenham as mesmas oportunidades que os rapazes para receber

educação a todos os níveis.

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16.2. A Constituição garante a todos os cidadãos e residentes

permanentes do Zimbabwe o direito a uma educação básica

financiada pelo Estado, incluindo a educação básica de adultos; e

a educação contínua que o Estado deve disponibilizar e tornar

progressivamente acessível.73.

16.3. A Constituição prevê dezasseis (16) línguas, incluindo a língua

gestual, que são oficialmente reconhecidas e estão em curso

planos concretos para garantir que sejam utilizadas como meio de

ensino nas escolas74.

16.4. A Lei da Educação estabelece que a nenhuma criança será

recusada a admissão em qualquer escola ou discriminada e que o

ensino primário para cada criança em idade escolar será

obrigatório. A Lei da Educação estabelece ainda que as propinas

devem ser mantidas ao nível mais baixo possível, mantendo ao

mesmo tempo os elevados padrões de educação75.

Medidas Administrativas

16.5. O Governo implementou várias medidas administrativas para

reforçar o direito à educação, incluindo o ensino primário

obrigatório, o desenvolvimento da primeira infância, o apoio às

propinas escolares, a criação de escolas num raio de 5 km - 8

km e de escolas satélite em zonas rurais. Existem instalações

especiais para crianças com necessidades especiais e crianças

com deficiência.

16.6. As políticas e estratégias nacionais incluem a Política de Acesso

Universal ao Ensino Primário e a implementação de programas

como o Módulo de Assistência à Educação Básica (BEAM), o

Fundo de Desenvolvimento da Educação e o Sistema de

73Secção 27 da Constituição

74Secção 6 da Constituição

75Capítulo 25:04

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Cadetes para promover o acesso à educação para os

desfavorecidos, incluindo pessoas com deficiência.

16.7. Além disso, o Governo introduziu a iniciativa de aprendizagem

de segunda oportunidade, cujo principal objectivo é

proporcionar uma educação de segunda oportunidade às

crianças em idade escolar que abandonaram a escola para

regressarem à escola. O objectivo da iniciativa não é apenas

académico, mas também leva em conta a formação técnica e

profissional para equipar as crianças para a vida depois de

terem deixado a escola.

16.8. O Governo lançou a iniciativa Ciência, Tecnologia, Engenharia e

Matemática 263 (STEM 263) que contribui para a concretização

do direito ao ensino gratuito. O apoio financeiro à iniciativa

provém do Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra do

Zimbabwe (ZIMDEF). O principal objectivo é apoiar os alunos

que se teriam inscrito no programa. O quadro abaixo mostra o

número de alunos matriculados no Programa STEM

16.9.

Quadro 6 Superior 6 Inscrição no âmbito da iniciativa STEM

(2017) - actualização

Sexo Combinações de

Temas

Província N.º de

Escolas

Homens Mulheres Total MPC MBC MPB MPBC Total

Bulawayo 27 310 169 479 273 158 29 19 479

Hararé 41 585 321 906 568 313 10 15 906

Mash 16 189 67 256 153 96 6 1 256

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Central

Mash

Leste

32 408 250 658 373 272 4 9 658

Mash

Oeste

16 206 91 297 173 122 2 0 297

MatNorth 13 88 58 146 69 49 8 20 146

Tapete

Sul

15 166 115 281 139 88 16 38 281

Midlands 39 523 242 765 553 186 6 20 765

Manicalan 36 473 248 721 436 270 3 12 721

Masvingo 26 369 186 555 384 148 9 14 555

Total 261 3317 1747 5064 3121 1702 93 148 5064

Legenda: MFQ – Matemática, Física, Química

MBQ – Matemática, Biologia, Química

MPB – Matemática, Física, Biologia

MFBQ – Matemática, Física Biologia, Química

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Quadro 7 Inferior 6 Inscrição no âmbito da Iniciativa STEM

(2017)

Sexo Combinações de Temas

Província N.º d

Escolas

Homens Mulheres MFQ MBQ MFB MFBQ Total

Bulawayo 27 296 237 224 271 14 24 533

Harare 40 527 310 604 205 10 18 837

MashCentral 12 149 97 175 56 13 2 246

Mash East 29 348 235 550 20 12 1 583

Mash West 17 201 77 191 63 20 4 278

Mat North 13 113 69 112 35 16 19 182

Mat South 16 173 168 239 80 22 0 341

Midlands 39 530 316 502 291 40 13 846

Manicaland 38 550 336 420 391 70 5 886

Masvingo 29 430 269 312 330 54 3 699

Total 260 331

7

2114 3329 1742 271 89 5431

Legenda: MFQ – Matemática, Física, Química

MBQ – Matemática, Biologia, Química

MPB – Matemática, Física, Biologia

MFBQ – Matemática, Física Biologia, Química

Desafios

16.10. O principal desafio enfrentado é a falta de recursos

financeiros. A procura por assistência educacional supera os

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fundos disponíveis. Houve também um desembolso tardio

dos fundos do BEAM, o que afecta o funcionamento

administrativo das escolas.

Respostas

16.11. O Governo continua a mobilizar recursos para apoiar o

exercício do direito à educação.

17. Artigo 17.º (2): Direito de Participar na Vida Cultural

Medidas Constitucionais e Legislativas

17.1. A Constituição obriga o Estado e todas as instituições e

agências governamentais a todos os níveis a promover

valores e práticas culturais que reforcem a dignidade, o

bem-estar e a igualdade dos zimbabueanos, a preservar e

proteger o património do Zimbabwe e a tomar medidas para

assegurar o devido respeito pela dignidade das instituições

tradicionais76.

17.2. A Constituição também alargou as línguas oficiais do país de

forma a incluir as línguas minoritárias, nomeadamente:

Chewa, Chibarwe, Kalanga, Koisan, Nambya, Ndau,

Shangani, Sotho, Tonga, Tswana, Venda, Xhosa e

linguagem gestual. Isso facilita a comunicação entre as

pessoas em todas as partes do país e também promove a

unidade cultural77.

76Secção 16 da Constituição

77Secção 6 da Constituição

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17.3. A Constituição estabelece que todas as pessoas têm o

direito de utilizar a língua de sua escolha e de participar na

vida cultural de sua escolha.

17.4. A Lei sobre o Conselho Nacional de Artes do Zimbabwe

entrou em funcionamento em 1985 e visa garantir uma

administração viável e eficiente da Indústria das Artes e da

Cultura78. Desde então, o papel do Conselho expandiu-se,

principalmente devido às inúmeras actividades que

desenvolve e às expectativas dos artistas e do público.

Portanto, há muitas mudanças que devem ser feitas;

portanto, uma nova lei para abranger todas as mudanças

está em andamento.

17.5. A Lei sobre o Serviço Nacional de Biblioteca e

Documentação criou o Serviço Nacional de Biblioteca e

Documentação, cujas funções incluem a promoção do

exercício generalizado de publicações de valor educativo,

científico, cultural, recreativo ou desportivo no Zimbabwe79.

Medidas Administrativas

17.6. No que respeita às artes e à cultura, o Governo conseguiu

que todas as escolas criem um departamento de artes e

cultura e que estes sejam devidamente calendarizados e

supervisionados pelo Director, pelo Distrito e pelas

Direcções Provinciais. Os concursos internos de artes e

cultura também foram introduzidos nas escolas. Os

concursos destinam-se a motivar e incentivar os alunos a

perceberem as Artes e a Cultura como uma componente

importante do sistema escolar.

78 Capítulo 25:07

79Capítulo 25: 10

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Diversidade Cultural

17.7. O Zimbabwe ratificou a Convenção da Organização das

Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

(UNESCO) sobre a Protecção e Promoção da Diversidade da

Expressão Cultural de 2005 em 2007.

17.8. A Constituição proíbe práticas culturais nocivas. Vários

diplomas legislativos, incluindo a Lei da Criança, a Lei contra

a Violência Doméstica e a Lei Penal (Codificação) e a Lei da

Reforma, consubstanciam estas disposições constitucionais

e proíbem a mutilação genital feminina, os testes de

virgindade e os casamentos infantis, entre outros.

Desafios

17.9. Tem havido falta de recursos para levar a cabo campanhas de

sensibilização contra práticas culturais nocivas e para implementar

plenamente todas as iniciativas.

Respostas

17.10. O Governo, em colaboração com os parceiros de

cooperação, continua a mobilizar recursos para a implementação

da luta contra as práticas culturais nocivas.

18. Artigo 19.º: Igualdade de todos os Povos

Medidas Constitucionais

18.1. A Constituição obriga o Estado a promover a representação justa

de todas as regiões do Zimbabwe em todas as instituições e

agências governamentais a todos os níveis. Além disso, o Estado é

mandatado para tomar medidas práticas para assegurar que todas

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as comunidades locais tenham acesso equitativo aos recursos para

promover o seu desenvolvimento80.

Medidas Administrativas

18.2. O Governo tomou a iniciativa de traduzir a Constituição em todas

as línguas oficialmente reconhecidas do Zimbabwe e a emissora

nacional oferece agora boletins informativos na maioria dessas

línguas.

19. Artigo 20.º: Direito à Autodeterminação

19.1 O Zimbabwe é signatário do Pacto Internacional sobre os Direitos

Civis e Políticos e do Pacto Internacional sobre os Direitos

Económicos, Sociais e Culturais, que prevêem o direito à

autodeterminação.

Medidas Constitucionais e Legislativas

19.2 A Constituição do Zimbabwe tem devidamente em conta o direito

à autodeterminação no preâmbulo, que reconhece que o povo do

Zimbabwe está unido pelo seu desejo comum de liberdade, justiça

e igualdade. Reconhece o marco e as conquistas históricas por que

o país passou, incluindo a luta de libertação e a consolidação da

democracia e da boa governação.

19.3 O Governo promulgou a Lei de Indigenização e Empoderamento

Económico [Capítulo 14:33] que confere 51% de participação de

cada empresa pública e qualquer outra actividade comercial aos

indígenas do Zimbábue.

80Secção 18 da Constituição

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Medidas Administrativas

19.4 O Zimbabwe reivindicou o seu direito à autodeterminação através

da luta de libertação que trouxe independência política. O país

continua a afirmar a sua independência económica e

empoderamento através da implementação do programa de

indigenização e empoderamento.

19.5 O Zimbabwe realiza eleições periódicas para eleger um governo

de escolha através do qual o povo afirma o seu direito à

autodeterminação.

Desafios

19.6 Tem havido constantes tentativas por parte da Europa e do

Ocidente de interferir na convivência democrática do Zimbabwe,

através da imposição e manutenção de sanções ilegais. Além disso,

o Ocidente não reconheceu os resultados dos processos eleitorais

do Zimbabwe contra a vontade do povo do Zimbabwe e de outras

nações e organizações progressistas, como a SADC e a UA.

Respostas

19.7. O Zimbabwe continua a dialogar com a comunidade internacional

no sentido de pôr termo a todas estas tentativas desnecessárias

de subverter o direito dos zimbabueanos à autodeterminação.

20. Artigo 21.º & 22.º: Direito de dispor livremente da Riqueza

ou Recursos Nacionais; Direito ao Desenvolvimento

Medidas Constitucionais e Legislativas

20.1. A Constituição estabelece que qualquer pessoa tem o direito, em

qualquer parte do Zimbabwe, de adquirir, deter, ocupar, usar,

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transferir, hipotecar, arrendar ou alienar todas as formas de

propriedade, individualmente ou em associação com outros81.

20.2. Além disso, a Constituição também prevê os direitos ao

desenvolvimento nacional, à autodeterminação, à liberdade

económica, à terra agrícola e a um ambiente seguro e limpo82.

20.3. A Lei sobre as Minas e Minerais também prevê a transferência,

locação e hipoteca, bem como o abandono do título mineiro. Pode-

se transferir a sua reivindicação quando vende o seu título

mineiro.

Medidas Administrativas

20.4. Para promover o direito ao desenvolvimento nacional, o Governo,

entre outras iniciativas, lançou a Agenda do Zimbabwe para a

Transformação Socioeconómica Sustentável (Zim-ASSET) em

2013, que foi o seu principal projecto económico que visava

alcançar um desenvolvimento económico e social sustentável e

equitativo, impulsionado pela utilização criteriosa e optimizada dos

recursos naturais do país. A ZIM-Asset foi implementada através

de um sistema de cluster envolvendo a participação dos

Ministérios de tutela, do Sector Privado, da Sociedade Civil e dos

Parceiros de Desenvolvimento. A concretização do direito ao

desenvolvimento nacional no âmbito da ZIMASSET foi sustentada

por políticas de desenvolvimento nos programas de mineração,

agricultura, água e saneamento implementados pelo Governo.

20.5. Após o termo do Programa ZIMASSET em 2018, o Governo

introduziu o Programa de Estabilização Transitória (TSP) que

contém e expressa as aspirações do povo do Zimbabwe e retira a

sua componente política da Visão 2030. Os objectivos globais do

81Secções 71 e 72 da Constituição

82Secção 13,16,64 e 73

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Programa de Estabilização Transitória incluem os seguintes:

melhoria da governação e do Estado de direito, reorientação do

país para a democracia, defesa da liberdade de expressão e de

associação, paz e unidade nacional, reatamento do diálogo político

e económico com a comunidade mundial, criação de um ambiente

empresarial competitivo e favorável, reforço do investimento

interno e estrangeiro e luta agressiva contra todas as formas de

corrupção.

20.6. O Governo da Zimbabwe está empenhado em implementar

plenamente todas as reformas incorporadas no Orçamento

Nacional de 2019, conforme delineado no programa de

estabilização transitória. O programa de estabilização transitória

inclui o reatamento dos contactos com a comunidade

internacional. O Governo está a seguir uma abordagem

bifacetada, que implica um reatamento dos contactos com os

credores externos a fim de resolver a acumulação da dívida

externa, incluindo a regularização dos pagamentos em atraso, e,

por outro lado, a contenção da dívida interna a níveis sustentáveis.

Direitos de Mineiração

20.7. O Zimbabwe é membro do Sistema de Certificação do Processo de

Kimberley, que é uma convenção internacional para o comércio

livre de diamantes em bruto. Esta associação com outros

Estados-Membros permitiu estabelecer uma norma

internacionalmente aceite para o comércio de diamantes de

aluvião. Em Setembro de 2016, o Zimbabwe recebeu luz verde do

Sistema de Certificação do Processo de Kimberley para regular a

sua indústria diamantífera e este último comprometeu-se a não

interferir na decisão do primeiro de consolidar as empresas

mineiras numa entidade gerida pelo Estado. O Zimbabwe também

conseguiu ter políticas de mineração obrigatórias para a

beneficiação e adição de valor de minerais estratégicos. Isto

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promove a livre disposição dos recursos diamantíferos do

Zimbabwe no mercado internacional.

Fundo Público de Desenvolvimento (CDF)

20.8. O Governo criou o Fundo Público de Desenvolvimento (CDF) que

foi criado em 2010 nos termos da Lei de Gestão das Finanças

Públicas83. O objectivo do fundo é financiar projectos de

desenvolvimento nas circunscrições da Assembleia Nacional com o

objectivo de aliviar a pobreza e melhorar o nível de vida dos

cidadãos. O objectivo primordial do CDF é capacitar os Membros

do Parlamento para responderem rápida e directamente às

necessidades e às lacunas de desenvolvimento das suas

circunscrições, conseguindo assim uma melhor governação a nível

local.

20.9. Estes esforços contribuem para melhorar a observância dos

direitos socioeconómicos e promover o direito ao desenvolvimento,

uma vez que muitas circunscrições beneficiam da reabilitação de

escolas, clínicas, poços, tanques de imersão, jardins e outras

instalações geradoras de rendimentos.

Direito à Terra

20.10. No que respeita ao desenvolvimento nacional decorrente do

direito à terra, a Comissão remete-se para o parágrafo 13 (direito

à propriedade) do presente Relatório.

83Capítulo 22:19

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Desenvolvimento de Infra-estruturas

20.11. No âmbito da ZIMASSET, o Governo tem implementado

vários projectos de desenvolvimento nacional que incluem a

construção de barragens, redes rodoviárias, sistemas de geração

de energia e reticulação de água.

Barragens

20.12. Assim, o Governo assistiu à conclusão das barragens de

Bubi-Lupane e Tokwe-Mukosi, que foram construídas para aliviar

os problemas de escassez de água nas cidades de Lupane,

Masvingo, Chiredzi e Mwenezi. A conclusão dos projectos de

barragens contribuirá para a adaptação aos efeitos das alterações

climáticas e para o aumento do abastecimento de água. Espera-se

que a vulnerabilidade do Zimbabwe às alterações climáticas seja

em termos de choques de água (inundações e secas). Os projectos

de desenvolvimento da água têm sido considerados fundamentais

para aumentar a capacidade de armazenamento do país para

satisfazer as necessidades actuais e futuras. Os projectos serão

utilizados para diferentes funções, incluindo o abastecimento de

água, a irrigação, a produção de energia hidroeléctrica e o

controlo das inundações. As barragens de Gwayi-Shangani,

Marovanyati, Mutange são alguns dos projectos em que o Governo

está a trabalhar.

Modernização dos Projectos de Abastecimento

20.13. A reabilitação e modernização de projectos de abastecimento

de água está a ser feita em Harare (Morton Jeffrey Waterworks),

Beitbridge, Victoria Falls, Lupane e Binga, bem como nos

gasodutos Mtshabezi e Wenimbi. Estes projectos estão a ser

realizados para reduzir o aumento da pressão da população sobre

os serviços limitados. As pessoas ganham directamente com a

melhoria do acesso aos serviços básicos de água e saneamento

através da melhoria da saúde, evitando os custos dos cuidados de

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saúde e aumentando a produtividade e o tempo poupado. Os

projectos são financiados principalmente no âmbito dos programas

de investimento do sector público.

Estradas

20.14. O Governo lançou um programa para renovar a rede

rodoviária. Consequentemente, foi concluída a estrada para o

posto fronteiriço de Plumtree-Forbes e o Governo está a trabalhar

na reabilitação da auto-estrada Beitbridge-Chirundu.

Geração de Energia

20.15. O Governo concluiu o trabalho na Extensão Hidroeléctrica de

Kariba South e o trabalho nos projectos de geração de energia

térmica de Batoka e Hwange ainda está em andamento.

Desafios

20.16. Foram assinalados os seguintes desafios:

a. As actividades de mineração ilegais que conduzem a fugas e

ao comércio ilegal de recursos minerais, prejudicando assim

o Estado das suas tão necessárias receitas.

b. Políticas comerciais económicas mundiais distorcidas

constituem uma desvantagem para o crescimento económico

de países em desenvolvimento como o Zimbabwe.

c. Recursos financeiros limitados para completar os programas

de desenvolvimento a tempo.

Respostas

20.17. Foram adoptadas em resposta aos desafios enfrentados, as

seguintes medidas:

a. O Governo está a organizar e a empoderar mineiros de

pequena escala em entidades formais para que possam

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livremente e legalmente prospectar e comercializar recursos

minerais com o Governo.

b. O Governo continua a participar em plataformas comerciais

internacionais como o Processo de Kimberley.

c. O Governo continua a estabelecer parcerias com a comunidade

internacional e parceiros de desenvolvimento para apoiar estes

projectos.

21. Artigo 23.º: Direito dos Povos à Paz e Segurança Nacional e

Internacional

Medidas Constitucionais e Legislativas

21.1. A Constituição obriga o Estado e todas as pessoas, incluindo

juristas, e todas as instituições e órgãos do Governo a todos os

níveis, a promover a unidade nacional, a paz e a estabilidade.

Além disso, a política externa do Zimbabwe tem em conta o

respeito pelo direito internacional, a coexistência pacífica com

outras nações e a resolução de litígios internacionais por meios

pacíficos, através da cooperação cultural, económica e política

regional e pan-africana e da integração e participação em

organizações internacionais e regionais que defendem a paz, o

bem-estar e o progresso da humanidade84.

21.2. A Constituição também prevê a segurança nacional do Zimbabwe,

que deve reflectir a determinação dos zimbabueanos em viverem

em pé igualdade em liberdade, paz e harmonia, livres do medo e

em prosperidade. A este respeito, os serviços de segurança do

Zimbabwe são constituídos pelas Forças de Defesa, Polícia, Prisões

e Serviços Prisionais e qualquer outro serviço de segurança

estabelecido por uma lei do Parlamento. O objectivo subjacente a

84Secção 12 da Constituição

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todos estes serviços de segurança é a defesa do direito à paz e à

segurança nacionais.85

21.3. A Constituição permite que o Serviço de Polícia participe nos

órgãos regionais e internacionais de combate ao crime. O

Presidente é igualmente autorizado a enviar as Forças de Defesa

fora do Zimbabwe para operações de manutenção da paz, no

âmbito das Nações Unidas ou de quaisquer outras organizações

internacionais ou regionais de que o Zimbabwe seja membro, e a

defender a integridade territorial de um país estrangeiro.86

Medidas Administrativas

21.4. O Zimbabwe continua a cooperar nas missões de manutenção da

paz no âmbito das NU, da SADC e da Arquitectura de Paz e

Segurança da UA. O Serviço de Polícia da República do Zimbabwe

também continua a promover campanhas de sensibilização sobre a

consolidação da paz, coesão e unidade no país, através de

mecanismos de policiamento comunitário inclusivos.

21.5. O Governo continua também a manter e a apoiar as suas missões

no estrangeiro em todo o mundo e tem representantes em

organizações internacionais estratégicas como a UA e as NU para

promover o respeito pelo direito internacional, a coexistência

pacífica com outras nações e a resolução de litígios internacionais

por meios pacíficos, através da cooperação e integração cultural,

económica e política regional e pan-africana e da participação em

organizações internacionais e regionais que defendem a paz e o

bem-estar e progresso da humanidade.

85Secções 206 e 207 da Constituição

86Secção 213 da Constituição

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Desafios

21.6. Embora o Zimbabwe não esteja sob ameaça de ataques terroristas

directos, a região continua a representar uma ameaça potencial de

insegurança humana e económica por causa das secas periódicas

e fome.

21.7. A situação em alguns pontos críticos da sub-região, como a

República Democrática do Congo e da região, como a situação de

conflito no Corno de África, Norte da Nigéria, Líbia, Mali, Sudão e

Sudão do Sul, continua a ser uma grande ameaça para o

Zimbabwe através de repercussões e conflitos transfronteiriços.

21.8. Tem havido interferência por parte dos EUA, da Grã-Bretanha e

dos seus aliados através de suas políticas externas hostis, tais

como sanções ilegais por via de Lei da Democracia e do Zimbabwe

(ZIDERA) aprovada pelos EUA de 2001.

Respostas

21.9. Como membro do Comité Inter-estatal de Defesa e Segurança

(ISDSC) que é da competência do órgão da SADC para a

Cooperação Política, Defesa e Segurança (SADC OPDSC) e através

da realização de Comissões Permanentes Conjuntas (JPC) com

outros Estados -Membros da SADC, o Zimbabwe continua a

desenvolver esforços e cooperação extensiva para minimizar e

prevenir todos os actos de terror e ameaças à segurança da

região.

21.10. O Zimbabwe continua a cooperar nas missões de

manutenção da paz no âmbito das NU, da SADC e da Arquitectura

de Paz e Segurança da UA.

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21.11. O Zimbabwe continua a apoiar as suas missões e

embaixadas estrangeiras no estrangeiro e participa em

plataformas internacionais para levantar os embargos ilegais

impostos pelo Ocidente.

22. Artigo 24.º: Direito dos Povos a um Ambiente Satisfatório

Medidas Constitucionais e Legislativas

22.1. A Constituição garante o direito de cada pessoa a um ambiente

que não seja prejudicial à sua saúde ou bem-estar e a ter o

ambiente protegido em benefício das gerações presentes e

futuras, através de medidas legislativas razoáveis e outras que

previnam a poluição e a degradação ecológica, promovam a

conservação; e assegurem o desenvolvimento ecologicamente

sustentável e a utilização dos recursos naturais, promovendo

simultaneamente o desenvolvimento económico e social87.

Medidas Administrativas

22.2. Em Maio de 2013 foi lançada uma Política Nacional de

Abastecimento Doméstico de Água e Saneamento para orientar o

Governo no abastecimento de água e saneamento básico

adequados.

22.3. Além disso, a Política Ambiental Nacional foi adoptada em

Novembro de 2005. O objectivo geral da política consiste em evitar

danos ambientais irreversíveis, manter os processos ambientais

essenciais e preservar o amplo espectro da diversidade biológica,

de modo a manter a longo prazo a capacidade dos recursos

87Secção 73 da Constituição

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naturais para satisfazer as necessidades básicas das populações,

aumentar a segurança alimentar, reduzir a pobreza e melhorar o

nível geral de vida dos zimbabueanos.

22.4. Para além do que foi referido anteriormente, o Zimbabwe é agora

signatário dos seguintes Acordos, Tratados e Convenções:

a. O Protocolo de Quioto, que foi ratificado em Junho de 2009;

b. O Acordo sobre Aves Aquáticas Africanas-Eurasiáticas

(AEWA), que foi ratificado em Junho de 2012;

c. A Convenção de Roterdão, ratificada em Maio de 2012;

d. A Convenção de Ramsar sobre Zonas Húmidas de Importância

Internacional, ratificada em 3 de Maio de 2013;

e. O Tratado da Zona de Comércio Preferencial (PTA);

f. A Convenção de Lomé;

g. O Protocolo da SADC sobre Florestas;

h. O Protocolo de Pesca da SADC; e

i. Protocolo da SADC sobre Conservação da Fauna e Aplicação

da Lei

Desafios

22.5. Foram assinalados os seguintes desafios: alterações climáticas,

caça furtiva, incêndios descontrolados, cultivo de ribeiras, poluição

ambiental e desflorestação.

Respostas

22.6. O Governo criou uma Autoridade de Gestão Ambiental para tratar

das questões ambientais.

23. Artigo 25.º: Dever de Promover o Conhecimento da Carta

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Medidas Constitucionais e Legislativas

23.1. A Constituição de 2013 incorporou as disposições da Carta na

Declaração de Direitos e nos objectivos nacionais. Além disso, o

Governo, nos termos da Constituição, é obrigado a promover a

Constituição através da sensibilização do público, promovendo

assim os direitos consagrados na Carta. A Comissão dos Direitos

Humanos do Zimbabwe está igualmente mandatada para

promover a sensibilização e o respeito pelos direitos humanos e

pelas liberdades a todos os níveis da sociedade.

Medidas Administrativas

23.2. De acordo com o seu mandato constitucional, o Governo

desempenha um papel activo e contínuo de promoção da

consciência pública sobre a Constituição. Isto é conseguido através

da sua tradução para todas as línguas oficialmente reconhecidas e

da sua difusão tão ampla quanto possível. A Constituição deve

também ser ensinada nas escolas e como parte dos currículos para

a formação dos membros dos serviços de segurança, da função

pública e dos membros e funcionários das instituições públicas. O

Governo também encoraja todas as pessoas e organizações,

incluindo as organizações cívicas, a sensibilizar e disseminar o

conhecimento da Constituição em toda a sociedade.

23.3. O Governo conduz Reuniões Provinciais e Distritais de

Sensibilização nas dez províncias do país. Isto dá ao Governo a

oportunidade de sensibilizar a opinião pública para a Constituição

e para as disposições relevantes relacionadas com vários grupos,

melhorar o conhecimento dos cidadãos sobre o conteúdo da

Constituição e promover o seu sentimento de pertença da

Constituição. As reuniões também ajudam a promover uma cultura

de constitucionalismo e a aumentar a participação dos cidadãos

nos processos cívicos, políticos e eleitorais. Além disso, as reuniões

ajudam a aumentar a capacidade dos cidadãos de analisar, avaliar,

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tomar e defender posições sobre questões públicas e facilitar o

debate constitucional construtivo entre os cidadãos.

23.4. O Governo distribui material promocional simplificado relevante

sobre os direitos e obrigações constitucionais dos cidadãos na

forma de livros e panfletos durante as exposições anuais na Feira

Internacional do Zimbabwe (ZITF), Feiras Provinciais do Livro,

Feiras Agrícolas e outras Exposições. Estas plataformas permitem

ao Governo lançar uma rede mais ampla e chegar a um público

maior em todos os cantos do país. As cópias da Constituição em

várias línguas vernáculas são também distribuídas durante estas

exposições.

23.5. Estes esforços contribuem para a popularização da Constituição,

cujas disposições reflectem as da Carta Africana dos Direitos

Humanos e dos Povos.

23.6. O Zimbabwe continua a promover a sensibilização para os direitos

humanos em geral, através da formação de funcionários públicos.

23.7. A Comissão dos Direitos Humanos do Zimbabwe (ZHRC)

comemora anualmente o Dia Mundial dos Direitos Humanos. Esta

foi uma oportunidade para sensibilizar o público para a existência

e as funções da Comissão Independente, bem como para a

importância dos direitos humanos em geral.

23.8. A Comissão Interministerial de Direitos Humanos e Direito

Internacional Humanitário (CIM), cuja criação foi previamente

comunicada, desenvolveu em 2010 um programa de sensibilização

para os direitos humanos. As actividades levadas a cabo incluem

a exposição em eventos nacionais, tais como exposições agrícolas

e comemorações dos direitos humanos.

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Desafios

23.9. As restrições financeiras limitaram a realização de campanhas de

sensibilização.

Respostas

23.10. O Governo continua a trabalhar com os parceiros de

desenvolvimento a fim de implementar plenamente todos os

programas de sensibilização.

24. Artigo 26.º: Dever de Garantir a Independência dos

Tribunais

Medidas Constitucionais e Legislativas

24.1. A Constituição garante a independência do Judiciário e o

Judiciário tem poderes para exercer as suas funções sem qualquer

interferência do Estado ou de quaisquer instituições88. Além disso,

uma decisão do tribunal vincula todas as pessoas, incluindo o

Estado e as instituições governamentais.

24.2. A Constituição garante a transparência na nomeação dos juízes. A

Comissão do Serviço Judicial é obrigada a anunciar as vagas

disponíveis e, posteriormente, convida o público e o Presidente a

fazer nomeações. São realizadas entrevistas públicas aos

potenciais candidatos, sendo em seguida enviada uma lista de 3

candidatos qualificados para selecção pelo Presidente89.

24.3. Os juízes têm um mandato garantido, o que garante a

imparcialidade do poder judicial. Os juízes são nomeados para um

88Secção da Constituição

89Secção 180 da Constituição

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mandato não renovável não superior a 15 anos. Além disso, o

cargo de juiz não deve ser abolido durante o seu mandato.

24.4. Um salário fixo e adequado para os membros do Judiciário é

indispensável para assegurar sua independência. A Constituição

prevê salários fixos e subsídios para os juízes e outros oficiais de

justiça90.

24.5. Para manter a sua imparcialidade, os membros do poder judicial

estão proibidos de aceitar quaisquer ofertas ou favores destinados

a interferir na sua conduta judicial. 91

24.6. No que diz respeito à Lei dos Serviços Judiciais, os magistrados

estão actualmente sob a alçada da Comissão dos Serviços

Judiciais, o que consolida a sua independência em relação ao

poder executivo do Governo92.

24.7. O Zimbabwe tem um dos sistemas educativos jurídicos mais

progressivos do continente, que foi criado para proteger os

direitos humanos e das pessoas, e respeitas o Estado de direito.

A Lei dos profissionais do direito 93prevê o estabelecimento de um

Conselho de Educação Jurídica, implementado para regulamentar

a educação e formação jurídica no Zimbabwe. Esse Conselho

assegura que a formação jurídica no Zimbabwe produza

advogados independentes que se esforcem por defender o Estado

de direito.

90Secção 188 da Constituição

91Secções 165 (5) da Constituição

92Capítulo 07:18

93Capítulo 27:07

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Medidas administrativas

24.8. A CSJ tem por missão facilitar a independência e a

responsabilização do poder judicial e a administração eficiente,

eficaz e transparente da justiça no Zimbabwe. A CSJ se apropria o

financiamento directo do Tesouro, o que reforçou a independência

da Comissão em relação ao Executivo.

Desafios

24.9. Há recursos financeiros limitados para atender ao bem-estar dos

oficiais de justiça. Isto poderia contribuir para o aumento da

corrupção e o incentivo, comprometendo assim a independência.

Respostas

24.10. O Governo aprovou a retenção de 32% de todas as taxas e

multas dos utilizadores dos tribunais para as operações da

Comissão do Serviço Judicial. Além disso, o Zimbabwe lançou em

2015 a campanha "Juntos Contra a Corrupção", que intensificou a

luta contra a corrupção no sector da justiça.

25. Artigos 27.º, 28.º e 29.º Obrigações individuais

Medidas Constitucionais e Legislativas

25.1. A Constituição exige que todos os cidadãos do Zimbabué sejam

leais ao Zimbabwe, observem a Constituição e defendam os seus

ideais e instituições, respeitem a bandeira nacional e o hino

nacional e defendam a independência e soberania do Zimbabwe.

Além disso, todas as pessoas, incluindo as juristas, devem

respeitar, proteger, promover e cumprir todos os direitos e

liberdades consagrados na Constituição.94 O Governo promulgou a

Lei da Bandeira do Zimbabwe para dar efeito à Constituição.

94Secção 35

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25.2. Além disso, a Constituição prevê a obrigação de o Estado tomar

medidas razoáveis, incluindo medidas legislativas, para assegurar

o respeito, o apoio e a protecção dos idosos e para lhes permitir

participar na vida das suas comunidades. Esta obrigação é

também alargada às pessoas portadoras de deficiência e obriga o

Estado e todas as instituições e agências governamentais a todos

os níveis a reconhecerem os direitos das pessoas portadoras de

deficiência física ou mental, em especial o seu direito a serem

tratadas com respeito e dignidade. O Governo promulgou a Lei das

Pessoas portadoras de deficiência e a Lei das Pessoas Idosas para

dar efeito a estas disposições constitucionais95.

25.3. No que se refere à obrigação do Estado para com os veteranos da

luta de libertação, a Constituição obriga o Estado e todas as

instituições e organismos governamentais a todos os níveis a

conceder o devido respeito, honra e reconhecimento a todas as

classes de veteranos da luta de libertação.

Medidas administrativas

25.4. O Governo criou um Conselho para as Pessoas Idosas em

conformidade com as disposições da Lei das Pessoas Idosas.

Existem também Conselhos para os deficientes, para as crianças e

um para operacionalizar as disposições contra a violência

doméstica. Há também uma série de programas de redes de

segurança social para atender a todas estas categorias de

pessoas, como o BEAM para atender à educação infantil, doações

e cotas para veteranos da luta de libertação na alocação de terras,

e medidas especiais temporárias das mulheres nas matrículas nas

universidades, representação no Parlamento e importação livre de

95Capítulo 17:01 e Capítulo 17:11

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impostos de equipamentos essenciais para melhorar seu padrão

de vida, tais como carros.

25.5. O Governo está a realizar programas na rádio e na televisão para

promover o patriotismo dos cidadãos. Existe também um

Programa do Serviço Nacional da Juventude que inculca um

sentimento de nacionalismo e patriotismo entre os jovens. O

prgrama Estudos Estratégicos Nacionais em todas as faculdades é

agora parte do currículo e o Compromisso Nacional introduzido nas

escolas, todos trabalham para inculcar o patriotismo entre os

cidadãos.

Desafios

25.6. Foram assinalados os seguintes desafios:

a. As limitações de recursos limitam os esforços do Governo para

abordar as preocupações dos grupos de pessoas acima

mencionados.

b. Os efeitos da globalização degradaram os valores morais e

culturais dos jovens.

c. Há ressentimento contra alguns dos programas de incultação do

patriotismo, como o penhor nacional e o serviço nacional de

juventude.

Respostas

25.7. As seguintes medidas foram adoptadas em resposta aos desafios

assinalados:

a. Os currículos das escolas primárias e secundárias agora incluem

educação cultural em todos os níveis e a conscientização sobre o

patriotismo – programas estimulantes continuam a ser realizados.

b. O governo continua a encorajar a fraternidade mediática a ter um

viés editorial que dê destaque à promoção e protecção das

práticas culturais locais.

.

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26. Discriminação racial

Medidas Constitucionais e Legislativas

26.1. A Secção 56 da Constituição proíbe a discriminação com base

numa miríade de fundamentos, incluindo a raça. A Lei de

Prevenção da Discriminação [Capítulo 8:16] dá efeito a essa

disposição constitucional.

Medidas administrativas

26.2. Na formulação e implementação de políticas em todos os sectores

da economia, o Governo tem devidamente em conta a

necessidade de assegurar que essas políticas respeitem os ditames

das disposições constitucionais e legislativas acima referidas sobre

a proibição da discriminação racial.

26.3. Os sectores críticos em que o Governo se concentrou na proibição

da discriminação racial incluem minorias, refugiados, educação,

agricultura, questões matrimoniais e desporto.

27. Promoção geral dos direitos humanos

27.1. Nos termos da Secção 44 da Constituição, todos os organismos

e instituições governamentais, a todos os níveis, têm o dever

de respeitar, proteger, promover e cumprir os direitos humanos

e as liberdades fundamentais.

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27.2. O Governo criou uma Comissão específica para lidar com

questões de direitos humanos – a Comissão de Direitos

Humanos do Zimbabwe, nos termos da Secção 243 da

Constituição. As funções da Comissão são as indicadas no

ponto 23 do presente relatório. O Governo também criou uma

série de outras Comissões Independentes, tais como a

Comissão de Género do Zimbabwe, a Comissão dos Media do

Zimbabwe, a Comissão Nacional de Paz e Reconciliação e a

Comissão Eleitoral do Zimbabwe, encarregadas de funções

quase-judiciais e do mandato para promover direitos

específicos no âmbito das respectivas pastas.

28. Eliminação de todas as formas de discriminação contra as

mulheres

28.1. A Comissão remete para o Relatório sobre o Protocolo à Carta

Africana dos Direitos da Mulher (Parte C do presente Relatório)

que contém informações detalhadas sobre as medidas tomadas no

Zimbabwe para concretizar os direitos das mulheres.

PARTE C: O RELATÓRIO DE ESTADO DO ZIMBABWE SOBRE O

PROTOCOLO À CARTA AFRICANA DOS DIREITOS

HUMANOS E DOS POVOS SOBRE OS DIREITOS DAS

MULHERES EM ÁFRICA

1. Introdução

1.1 Em 2008, o Zimbabwe ratificou a Carta Africana dos Direitos

Humanos e dos Povos sobre os Direitos da Mulher em

África (doravante designada por "Protocolo de Maputo"). O

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Zimbabwe tem o prazer de submeter o seu relatório inicial nos

termos do presente Protocolo. Desde a ratificação, o Zimbabwe

continuou a tomar medidas para assegurar a realização dos

direitos consagrados no Protocolo. Estas medidas incluem medidas

constitucionais, legislativas e administrativas.

1.2 O presente relatório apresenta um resumo das medidas tomadas

pelo Governo em cumprimento das suas obrigações nos termos do

Protocolo. O relatório está estruturado de forma a responder a

cada uma das disposições específicas sobre as quais o Governo é

obrigado a prestar contas. A primeira parte apresenta um contexto

para o relatório, que inclui uma breve descrição do quadro jurídico

geral do país no que se refere aos direitos das mulheres, uma

explicação da aplicação do Protocolo ao abrigo da legislação

nacional e um esboço das instituições estatais relevantes para o

Protocolo.

O processo de redacção de relatórios

1.3 Este Relatório foi preparado em consulta com e incluindo a

participação de organizações não governamentais, agências das

Nações Unidas, instituições académicas e organizações de base

infantil. Estes últimos foram incluídos para garantir que a voz da

criança do sexo feminino é representada. Cópias do Relatório, em

forma de rascunho, foram disponibilizadas a todas as partes

interessadas relevantes, seguidas de discussões do Relatório em

seminários organizados para o efeito.

Quadro Jurídico Internacional

1.4 O Zimbabwe é um Estado Parte numa série de convenções e

tratados internacionais que prevêem a igualdade de género. Estas

incluem a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de

Discriminação contra as Mulheres (CEDAW) que ratificou em 1991;

a Convenção sobre os Direitos Civis e Políticos; a Convenção sobre

a Igualdade de Remuneração; a Convenção sobre a Proibição da

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Discriminação nas Profissões; a Convenção sobre a Eliminação das

Piores Formas de Trabalho das Crianças; e a Convenção sobre os

Direitos Económicos, Sociais e Culturais. O Zimbabwe adere

igualmente à Declaração de Pequim e à sua Plataforma de Acção

(1995).

Quadro jurídico regional

1.5 A nível regional, o Zimbabwe ratificou uma série de instrumentos

que visam especificamente a eliminação da discriminação em

razão do sexo e a promoção da igualdade entre homens e

mulheres.

1.6 Em 2008, o Zimbabwe ratificou o Protocolo à Carta Africana dos

Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos da Mulher, de

2003. Em 2009, o Zimbabwe ratificou o Protocolo da SADC sobre

Género e Desenvolvimento que foi adoptado pela SADC nesse

mesmo ano. O Protocolo da SADC foi revisto em 2016 para o

alinhar com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e a

Agenda 2063 da UA. O Protocolo Revisto defende a igualdade de

género em todos os sectores e estabelece metas substantivas para

alcançar a igualdade de género até 2020. O Zimbabwe também

adere à Declaração Solene de 2004 sobre Género e Igualdade em

África.

Quadro Constitucional e Jurídico Nacional

1.7 Como foi referido anteriormente, em 2013 entrou em vigor a nova

Constituição do Zimbabwe. Esta Constituição é um produto de um

processo consultivo que foi caracterizado por um extenso exercício

de divulgação conduzido para solicitar opiniões e contribuições de

cidadãos zimbabuenses de todas as esferas da vida. As mulheres

também tiveram a oportunidade de contribuir para o documento,

quer individualmente, quer através dos amplos esforços do

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movimento de mulheres que trabalha com o Ministério dos

Assuntos das Mulheres, Género e Desenvolvimento Comunitário. O

resultado foi que a Constituição refletiu amplamente as demandas

feitas pelas mulheres durante os processos de consulta e,

portanto, possui um quadro mais amplo de direitos humanos. A

Constituição prevê uma ampla cobertura dos direitos das

mulheres, incluindo os direitos previstos no Protocolo de Maputo;

a esse respeito, difere grandemente da anterior dispensa

constitucional. Prevê, entre outras coisas: O respeito do Zimbabwe

pela igualdade de género, o respeito pelos direitos das mulheres

por todas as agências das instituições estatais e a consolidação

dos direitos das mulheres.

1.8 A fim de concretizar estes ganhos, o Governo concluiu o processo

de alinhamento de toda a legislação relacionada com o género

com a Constituição.

Quadro legislativo e político nacional:

1.9 A nível nacional, o Governo sempre tomou medidas para assegurar

a promoção dos direitos das mulheres em diferentes esferas. O

Governo promulgou vários textos legislativos e políticas que visam

o avanço da igualdade de género e a promoção dos direitos das

mulheres. Estes incluem: a Lei da Idade da Maioria Legal; a Lei

das Causas Matrimoniais; a Lei da Manutenção; a Lei da

Administração das Propriedades; a Lei da Codificação e Reforma

do Direito Penal; a Lei da Educação; a Lei do Trabalho; a Lei da

Violência Doméstica96; e a Política Nacional de Género.

1.10 Uma breve descrição das instituições do Estado, se for relevante

para o Protocolo, e informações sobre suas alocações

orçamentárias

1.11 Orçamentação por Género

96 Capítulo 5:13 , Capítulo 6:01 , Capítulo 25:04 , Capítulo 28:01 e Capítulo 5:16 16

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IGUALDADE/NÃO DISCRIMINAÇÃO

2 Artigo 2.o: Eliminação da discriminação contra as mulheres

Medidas Constitucionais e Legislativas

2.1 O Zimbabwe tomou medidas para eliminar a discriminação contra

as mulheres através da Constituição, bem como da adopção de

legislação subsidiária.

2.2 A Constituição obriga o Estado a promover o pleno equilíbrio de

género e a participação das mulheres em todas as esferas da

sociedade, com base na igualdade com os homens97. Também

estabelece que o Estado deve tomar todas as medidas necessárias

para assegurar que ambos os sexos estejam igualmente

representados em todas as instituições e agências do Governo em

todos os níveis e que as mulheres constituam pelo menos metade

dos membros de todas as Comissões e outros órgãos

governamentais eleitos e nomeados estabelecidos pela

Constituição ou por qualquer Lei do Parlamento.

2.3 A Constituição também estabelece que todas as mulheres gozam

de plena e igual dignidade da pessoa com os homens, o que inclui

a igualdade de oportunidades nas esferas política, económica e

social. Além disso, proíbe a discriminação por uma miríade de

motivos, incluindo sexo, género, gravidez e estado civil98.

97Seção 17 da Constituição

98 Secção 80 e secção 56 da Constituição

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A Lei do Direito Penal (Codificação e Reforma) [Capítulo 9:23].

2.4 Esta Lei, que entrou em vigor em Julho de 2006, reconhece tanto

as raparigas como os rapazes como potenciais vítimas de abuso

sexual. Proíbe o tráfico de pessoas para fins de prostituição e

impõe penas severas para as violações. A Lei também proíbe a

transmissão intencional de infecções sexualmente transmissíveis,

incluindo o VIH. Acima de tudo, a lei proíbe o estupro conjugal,

principalmente para proteger as mulheres contra o VIH.

2.5 A Parte V da Lei também criminaliza práticas culturais prejudiciais,

incluindo a promessa de pessoas do sexo feminino como

compensação pela morte de familiares ou por outras razões.

2.6 A Lei de Prevenção da Discriminação, a Lei de Violência

Doméstica, a Lei da Comissão de Género do Zimbabwe e a Lei da

Administração de Propriedades também dão efeito às disposições

constitucionais acima descritas99.

Medidas Administrativas, Instituições e Políticas

2.7 O governo criou a Comissão de Género do Zimbabwe, cujas

funções incluem o monitoramento e a investigação de possíveis

violações de direitos relacionados a género e a garantia de

reparação em caso de violação de direitos.

2.8 Existem várias outras comissões independentes que

complementam o trabalho da Comissão de Género do Zimbabwe e

que incluem a Comissão de Direitos Humanos do Zimbabwe, a

Comissão Nacional de Paz e Reconciliação, a Comissão de Media

do Zimbabwe e a Comissão Eleitoral do Zimbabwe.

99Capítulo 8:16, Capítulo 5:16, Capítulo 10:31, Capítulo 6:01

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Política Nacional de Género

2.9 O Governo do Zimbabwe adoptou em 2017 uma Política Nacional

de Género que é o quadro orientador para a integração do género

em todos os sectores. A Política Nacional de Género assenta em

10 áreas temáticas, nomeadamente:

Direitos Constitucionais e Legais

Empoderamento Económico

Política e tomada de decisão

Saúde

Educação e formação

Violência Baseada no Género

Meio ambiente e alterações climáticas

Média e TIC

Deficiência

Cultura e Religião

2.10 As áreas temáticas cobertas pela Política Nacional de Género

incluem de forma abrangente todas as áreas críticas que afectam

as mulheres e raparigas e que são essenciais para o seu

empoderamento.

2.11 A Política Nacional de Género fornece estratégias para

implementar, monitorizar e avaliar a eficácia dos vários actores e

políticas na abordagem da desigualdade de género. Esta Política

prevê ainda um quadro institucional para monitorizar e avaliar a

igualdade de género e as questões de empoderamento das

mulheres em todos os sectores.

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Estrutura de Empoderamento de raparigas e mulheres jovens

2.12 A fim de consolidar e reforçar a coordenação de várias iniciativas

que visam proteger e eliminar todas as formas de discriminação

contra as raparigas, o Governo desenvolveu o primeiro Quadro de

Empoderamento de raparigas e mulheres jovens. Esse quadro está

ancorado em cinco áreas estratégicas de intervenção, a saber:

educação, capacitação económica, direitos à saúde reprodutiva,

segurança e protecção e desenvolvimento de lideranças. A este

respeito, foi criado um Gabinete das Mulheres Jovens no Ministério

dos Assuntos das Mulheres, da Comunidade, do Desenvolvimento

das Pequenas e Médias Empresas. A mesa coordena todas as

iniciativas de empoderamento dirigidas a crianças e raparigas com

o objetivo de eliminar todas as formas de discriminação.

Desafios

2.13 Até à data, o Zimbabwe ainda não enfrentou quaisquer desafios

na aplicação deste artigo.

3 Artigo 8.o: Acesso à justiça

Medidas Constitucionais e Legislativas

3.0 A Constituição reconhece a importância da assistência jurídica para

garantir o acesso à justiça e, por conseguinte, insta o Estado a

assegurar que a representação jurídica seja assegurada, tanto em

matéria civil como penal, às pessoas que dela necessitem mas que

não possam dispor. Além disso, a Constituição prevê o direito à

justiça administrativa, ou seja, a conduta administrativa que é

legal, rápida, eficiente, razoável, imparcial e tanto processual

como substantivamente justa100.

100Secções 31, 68 e 69 da Constituição

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Medidas administrativas

3.1 O governo reconhece que um aspecto importante do acesso à

justiça é ter a infraestrutura física em vigor. Para este fim, a

Comissão do Serviço Judicial, com o apoio dos parceiros de

cooperação internacional, empreendeu um programa extensivo de

construção de salas de audiências em áreas que anteriormente

não dispunham de tais infraestruturas. Estes tribunais estão ao

nível dos Tribunais de Magistrados e isto em reconhecimento do

facto da maioria das pessoas ter acesso à justiça ao nível do

Tribunal de Magistrados.

3.2 O Governo criou a Direcção de Assistência Jurídica que está

mandatada para prestar assistência jurídica aos indigentes. A

Comissão remete para a informação fornecida ao abrigo do Artigo

3.o do Relatório sobre a Carta Africana para informação

relacionada com os serviços de assistência jurídica aos indigentes.

3.3 O Governo está também a trabalhar com os actores da sociedade

civil para facilitar a prestação de serviços jurídicos através de um

sistema de encaminhamento.

Programas de Alfabetização sobre Legislação

3.4 O Governo realiza campanhas de consciencialização com base na

comunidade sobre Violência Baseada no Género (VBG) que se

concentram na sensibilização sobre a violência doméstica,

popularizando a Lei da Violência Doméstica, construindo activismo

comunitário contra a violência doméstica, fortalecendo a

capacidade da comunidade para estabelecer mecanismos de

prevenção e resposta à violência doméstica.

3.5 Campanhas de sensibilização são realizadas para que os líderes

tradicionais assumam o papel principal na discussão da

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masculinidade transformadora, abordando normas sociais e de

género rígidas e os efeitos negativos do patriarcado.

3.6 A Tabela 8 abaixo mostra o número de programas de

sensibilização realizados entre 2008 e 2019

Campanhas baseadas na Comunidade sobre a VBG e formações

em Direito da Família

ANO NÚMERO TOTAL DE

CAMPANHAS

NÚMERO DE

MULHERES

NÚMERO DE

HOMENS

2012 8 554 270 849 96 823

2013 8 912 279 780 99 566

2014 9 788 288 386 101 284

2015 11 692 291 534 103 568

2016 12 354 295 040 104 256

TOTAL 51 300 1 425 824 505 515

Desafios

3.7 Há recursos limitados para implementar plenamente todos os

programas destinados a melhorar o acesso dos indigentes à

justiça.

3.8 Algumas comunidades não estão plenamente conscientes do

Programa de Assistência Jurídica

Respostas

3.9 O Governo continua a trabalhar com os parceiros de

desenvolvimento a fim de mobilizar recursos para a execução dos

programas.

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3.10 O Governo está também a levar a cabo vários programas de

sensibilização sobre a prestação de assistência jurídica, a fim de

aumentar o acesso à justiça.

4 Alíneas a) e c) do número 2 do artigo 4.º, Alínea c) do artigo

5.º: Protecção das mulheres contra a violência

Medidas Constitucionais e Legislativas

4.1 A Constituição garante o direito à segurança pessoal,

reconhecendo que "toda pessoa tem direito à integridade física e

psicológica, o que inclui a protecção contra qualquer forma de

violência de fontes públicas e privadas".101”

5 A Lei da Violência Doméstica

5.1 A Lei define a violência doméstica de forma suficientemente ampla

para cobrir a maioria dos casos de violência de género e

criminaliza os actos de violência doméstica. A Lei também prevê

várias formas de alívio para os sobreviventes da violência

doméstica. Um aspecto fundamental da Lei é a disposição que

permite que terceiros denunciem a violência doméstica, quando a

própria pessoa vítima de violência doméstica não puder denunciá-

la.

Lei penal (codificação e reforma)

5.2 A lei define o âmbito dos crimes sexuais puníveis, incluindo a

violação conjugal. Além disso, a Lei do Processo Penal e da Prova

foi alterada para prever o apoio às vítimas de abuso sexual

durante os processos judiciais. Em caso de gravidez como

101Seção 52 da Constituição

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resultado de estupro, o término da Lei de Gravidez prevê a

rescisão legal da gravidez, sem custo para o sobrevivente.

Recursos Judiciais

5.3 No caso de o Governo não fornecer profilaxia pós-exposição,

contraceptivos de emergência ou interrupção da gravidez, é

possível apresentar um pedido de indemnização através dos

tribunais, como aconteceu no caso de Mildred Mapingure c. o

Ministro do Interior, Ministro da Saúde e Bem-estar da Criança e

Ministro da Justiça, Assuntos Jurídicos e Parlamentares102. O

Governo foi condenado a pagar indemnizações. Este caso ilustra a

atitude dos tribunais em relação à protecção das mulheres.

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas

5.4 O Governo desenvolveu a Estratégia para a violência baseada no

género (2012-2015) como um quadro orientador para todas as

partes interessadas na prevenção e resposta à violência baseada

no género. Esta abordagem multissectorial coordenada envolve

também a sociedade civil e os parceiros de desenvolvimento.

5.5 Foi criado o Conselho de luta contra a violência doméstica (Anti-

Domestic Violence Council) nos termos da secção 16 da Lei da

Violência Doméstica para assegurar a implementação efectiva da

Lei. O Conselho é actualmente composto por 13 membros de

departamentos governamentais seleccionados, representantes dos

líderes tradicionais e religiosos e organizações da sociedade civil

que se preocupam com o bem-estar das vítimas de violência

doméstica.

5.6 A nível executivo, o Governo criou um Comité do Gabinete

Interministerial para a Violência Baseada no Género (VBG) que

102SC 22/14

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está encarregado de coordenar e implementar políticas e

estratégias governamentais em vários ministérios de tutela.

5.7 Desde 2013, o Governo tem vindo a lançar a campanha 4Ps

(Prevenção, Protecção, Participação através do compromisso

pessoal e desenvolvimento de Programas para acabar com a

violência contra mulheres e raparigas). A campanha é um

programa de consciencialização com base na comunidade que se

concentra na sensibilização sobre a Lei da Violência Doméstica e

no reforço da capacidade das comunidades para estabelecerem

mecanismos de prevenção e resposta à violência doméstica.

5.8 O Sistema Amigo da Vítima (Victim Friendly System – VFS) foi

criado como uma resposta multissetorial à violência doméstica.

Esse sistema compreende as Unidades Amigas da Vítima dentro da

polícia e os Tribunais Amigos da Vítima que protegem as

testemunhas vulneráveis em casos de abuso sexual. Embora

inicialmente destinado às crianças vítimas de abuso sexual, foi

agora alargado às vítimas adultas de violação do sexo feminino. A

nível nacional existem 419 esquadras de polícia amigas das

vítimas, situadas a nível nacional, provincial e distrital.

A Tabela 9 ilustra um aumento nos casos de violência doméstica

declarados

ANO CASOS DECLARADOS

2012 12 043

2013 12 052

2014 13 919

2015 18 001

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2016 19 666

5.9 O Governo estabeleceu 3 Centros de balcão único em 3 províncias

e estão em curso esforços para criar tais centros em todas as

províncias. Estes centros oferecem serviços de saúde, apoio

psicossocial, agentes amigos das vítimas e prestação de

assistência jurídica.

5.10 Os dados recolhidos através do Zimbabwe Demographic and

Health Survey (ZDHS) e de outros estudos de prevalência mostram

que a violência entre parceiros íntimos (VPI) entre esses 15-49

anos é a forma mais prevalente de violência sofrida. Trinta e cinco

por cento das raparigas e mulheres de 15 a 49 anos sofreram

violência física desde os 15 anos de idade; 14% sofreram violência

sexual pelo menos uma vez na vida; e 32% das mulheres casadas

já sofreram violência emocional conjugal.

5.11 Através da Spotlight Initiative, estão em curso esforços para elevar

a campanha Ending Violence against Women and Girls (EVAWG)

no discurso político e público no Zimbabwe.

5.12 Além disso, o Governo do Zimbabwe desenvolveu um Programa

Nacional de Prevenção e Resposta à VBG 2016-2020 (Tolerância

Zero para VBG 365) para assegurar a coordenação de todos os

actores da VBG no Zimbabwe. O programa procura reduzir a

duplicação de esforços ao mesmo tempo que proporciona maior

acesso a serviços para as sobreviventes da VBG à escala nacional.

5.13 As estatísticas de 3 centros de balcão único estabelecidos ao

abrigo do programa nacional em Gwanda, Gweru e Rusape

mostram que 3.102 casos de VBG foram declarados em 2017;

3.232 casos em 2018 e 742 casos no primeiro semestre de 2019.

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5.14 A declaração de incidentes de violência doméstica e de género

varia devido a vários factores, por exemplo, a notificação de

aumentos após a realização de campanhas de conscientização.

Para este fim, o Governo do Zimbabwe continua a fazer esforços

para disseminar informação e aumentar a consciencialização sobre

as leis da família e a VBG. Estima-se que pelo menos 8 milhões de

pessoas foram alcançadas através de fóruns de VBG, como

programas de rádio e exposições.

Desafios

5.15 Existem recursos inadequados para apoiar os Programas de VBG.

Além disso, a condenação dos perpetradores não tem sido

coerente nem dissuasiva.

Respostas

5.16 O Governo continua a trabalhar com os parceiros

de desenvolvimento a fim de mobilizar recursos para a

implementação de programas de VBG. Além disso, o Governo está

a formular directrizes de sentença para questões de violação.

6 Artigo 9.o: Participação política e tomada de decisões

Medidas Constitucionais e Legislativas

6.1 O Zimbabwe reconhece que a participação das mulheres na

política e na tomada de decisões em todos os processos de

desenvolvimento é um pré-requisito fundamental para a

consecução da igualdade de género e do empoderamento das

mulheres. A Constituição estipula que as mulheres devem

constituir pelo menos metade dos membros de todas as Comissões

e outros órgãos governamentais electivos e nomeados

estabelecidos por ela ou ao abrigo dela ou de qualquer Lei do

Parlamento. A Constituição confere ainda às mulheres o direito à

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igualdade de oportunidades nas esferas103política, económica,

cultural e social.

6.2 Além disso, a Constituição prevê a representação e participação

das mulheres na política através de uma quota reservada às

mulheres na Assembleia Nacional e de uma representação

proporcional no Senado104. Como resultado, o país tem assistido a

um aumento da representação das mulheres no Parlamento, que

representam 34% da 8.a Legislatura, ou seja, 32% na Assembleia

Nacional e 48% no Senado. O Vice-Presidente da Assembleia

Nacional do Zimbabwe e o Presidente do Senado são ambos do

sexo feminino. A eleição de senadores sob um sistema de

representação proporcional por listas partidárias favorece

inerentemente as mulheres, na medida em que os candidatos

femininos e masculinos são listados alternadamente, sendo a lista

chefiada por uma candidata feminina.

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas

6.3 A fim de criar um ambiente de apoio à paridade de género na

política e nas posições de tomada de decisão, o Governo tomou

uma série de medidas. O governo iniciou um processo para rever e

alinhar a legislação que cria Comissões, Conselhos, Autoridades e

Instituições para reflectir a representação 50/50 de homens e

mulheres em todos os conselhos electivos e não electivos e em

todas as instituições governamentais.

6.4 O Governo está também a finalizar o desenvolvimento da

Estratégia das Mulheres na Política e na Tomada de Decisão. Esta

estratégia é um quadro de acção afirmativa que fornece

103Secções 17 e 80 da Constituição

104Secções 120 e 124

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estratégias para alcançar o equilíbrio de género na política e nas

posições de tomada de decisão. A estratégia está em

conformidade com a Constituição e prevê medidas para assegurar

a representação de 50:50 homens e mulheres na política e noutras

posições-chave de tomada de decisão.

6.5 O governo está a implementar programas de capacitação para

mulheres líderes que assumem cargos e aspirantes a líderes. Estes

programas destinam-se a reforçar a assertividade e a confiança

das mulheres na liderança, a fim de assegurar uma participação

igualitária na liderança. O Governo aplicou medidas especiais

temporárias destinadas a aumentar a representação das mulheres

em ambas as câmaras do Parlamento. Como resultado destas

medidas, a representação das mulheres na Função Pública

aumentou notavelmente, tal como ilustrado na Tabela 10 abaixo.

Tabela 10 Ilustração da Representação das Mulheres na

Função Pública - em Julho de 2017

Cargo Mulheres Homens Total %

Subsecretário Principal Adjunto 3 4 0

%

Chefes de Ministérios

(Secretários

Permanentes):

11 26 37 29

,

7

%

Directores Principais Seniores: 1 5 6 16

,

6

%

Directores Principais: 12 37 49 24

,

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4

%

Directores: 72 190 262 27

,

4

%

Directores Adjuntos: 151 442 493 30

,

6

%

Conselheiros (em autoridades

locais):

313 1649 1962 16

%

Quadros de Empresas para-

estatais

/estatais:

29 71 100 29

%

Directores Executivos de

Empresas para-

estatais/estatais:

23 77 100 23

%

Vice-Reitores - Universidades

de Estado:

3 8 11 27

%

Reitores de colégios de

professores públicos

8 6 14 57

%

Reitores de colégios de

agronomia públicos

2 6 8 25

%

Reitores de colégios

politécnicos públicos

2 6 8 25

%

Directores de escolas primárias

públicas:

776 2168 2944 8,

7

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%

Directores de escolas

secundárias públicas:

416 1940 2356 17

6

%

Embaixadores: 10 36 46 27

%

Presidente da Comissão da

Função Pública

0 1 1 0

%

Auditor Geral 1 0 1 10

0

%

Comissários (na função

pública):

2 1 3 66

,

6

%

Comissários em Outras

Comissões do Estado:

24 33 57 42

%

Estatísticas actuais necessárias

Desafios

6.6 A ausência de medidas especiais para as eleições autárquicas

contribuiu para o declínio da representação feminina nas

autarquias locais, rurais e urbanas de 19% para 16% nas eleições

gerais de 2013. Além disso, a maioria das mulheres tem acesso

limitado a recursos financeiros, o que diminui sua participação

efetiva na política.

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Page | 91

Respostas

6.7 O Governo está a formular a estratégia "Mulheres na Política" e

continua a procurar formas de apoiar as mulheres na política.

7 Artigo 12.o: Educação e formação

Medidas Constitucionais e Legislativas

7.1 A Constituição confere o direito a uma educação básica financiada

pelo Estado, incluindo a educação de adultos e a educação

contínua, a todas as pessoas, incluindo as mulheres, numa base

de igualdade com os homens105. Além disso, a Secção 5 da Lei da

Educação prevê a escolaridade obrigatória para todas as crianças

em idade escolar.

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas

7.2 O governo encoraja a inscrição das raparigas em disciplinas de

Ciências e Matemática como forma de a encorajar a seguir

carreiras nas áreas científicas, técnicas e vocacionais. Além disso,

o novo currículo enfatiza o ensino de disciplinas de Ciências e

Matemática para todos os alunos desde o nível de educação

infantil. O novo currículo também capacita todos os alunos a se

esforçarem para se destacar de acordo com suas capacidades.

7.3 Para promover essa diversidade, Matemática, Ciência e

Acampamentos Técnicos e Profissionais para raparigas são

realizados durante as férias escolares de Abril e Agosto. Os

campos são geridos e supervisionados por professoras que

também servem de modelo para o empoderamento das raparigas.

Para este fim, a Orientação de Carreira e Aconselhamento tem

sido reforçada e é uma das áreas temáticas enfatizadas no novo

currículo.

105Secções 27, 56, 75 e 81 da Constituição

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7.4 Além disso, para promover um ambiente de educação seguro para

as crianças, especialmente as raparigas das zonas rurais, o

Governo está a tomar medidas para reduzir as distâncias a pé até

às escolas, aumentando o número de escolas, assegurando que

haja uma escola secundária para cada três escolas primárias.

7.5 A construção de escolas é levada a cabo pelo Governo através do

Programa de Investimento do Sector Público (PSIP), Parcerias

Público-Privadas (PPP) e apoio de parceiros de desenvolvimento. O

objectivo é garantir que nenhuma criança da escola primária ande

mais de 5 km e nenhuma criança da escola secundária ande mais

de 10 km para chegar à escola e que a dupla sessão seja

erradicada.

7.6 O Governo está a implementar o conceito de Escolas Amigas da

Criança, concentrando-se na criação de um ambiente de

aprendizagem saudável, seguro, amigável e protector para todas

as crianças independentemente do sexo. Isto implica, entre outras

coisas, proteger todas as crianças de danos, seja por negligência,

abuso, violência ou exploração, para que os seus outros direitos à

sobrevivência, ao desenvolvimento e à participação possam ser

plenamente satisfeitos.

7.7 O Governo também incorporou o Sistema Amigo da Vítima no

sector da educação, com vista a capacitar os alunos para

denunciarem os abusos. Além disso, foram criados Comités de

Protecção da Criança nas escolas para lidar com casos de abuso

infantil e fornecer aos alunos informações sobre os canais de

denúncia de abuso. O governo criou equipas de psicólogos

educacionais que oferecem aconselhamento psico-educativo aos

alunos afectados, a fim de minimizar o trauma do abuso e seus

efeitos sobre o processo de aprendizagem.

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7.8 Uma directiva do Governo viu a inscrição de mulheres em colégios

técnicos e colégios de professores aumentar para 30 e 50%

respectivamente. A este respeito, os colégios de professores têm

feito progressos significativos no sentido de alcançar os níveis de

paridade.

7.9 A educação não formal também tem sido uma das ferramentas

utilizadas para capacitar as mulheres na educação. O governo tem

testemunhado a paridade de género nos níveis de ensino primário

e secundário, no que diz respeito às taxas de matrícula. Há

também uma paridade de género nas taxas de literacia de 96%,

tanto para as mulheres como para os homens. A taxa líquida de

frequência no ensino primário em 2011 foi de 87,3% para as

mulheres e 86,6% para os homens e a taxa líquida de

escolarização no ensino secundário é de 45,9% para as mulheres

e 43,1% para os homens (Relatório ODM). Verificar as estatísticas.

8 Artigos 6-7: Direitos relativos ao casamento

Medidas Constitucionais e Legislativas

8.1 A Constituição proíbe a discriminação por vários motivos, incluindo

sexo, estado civil, gravidez, género, nascimento dentro ou fora do

casamento e deficiência física, todos eles com impacto directo nos

direitos das mulheres em relação à família, casamento e divórcio.

Além disso, a mesma Constituição confere às mulheres os mesmos

direitos que aos homens relativamente à guarda e tutela das

crianças. A Constituição prevê ainda a protecção da família, o

casamento e os direitos do casamento, respectivamente,

salientando que deve haver igualdade de direitos e obrigações dos

cônjuges durante o casamento e na sua dissolução e que o

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casamento deve ser celebrado com o consentimento livre e pleno

dos futuros cônjuges106.

8.2 O Zimbabwe está actualmente a rever todas as leis que regem os

casamentos a fim de assegurar a sua conformidade com a

Constituição. As leis matrimoniais estão sendo revistas com o

objetivo de se chegar a uma legislação abrangente e consolidada

que aborde todas as questões matrimoniais.

8.3 A Lei dos Registos de Títulos 107estipula que as mulheres casadas

têm o direito de adquirir e registar bens em seu próprio nome; A

Lei do Matrimónio108 estabelece que o casamento no Zimbabwe

está fora da comunidade de bens, o que significa que as partes

podem legalmente possuir bens individualmente, mas também

podem decidir conjuntamente possuir bens que são depois

tratados como bens matrimoniais;

8.4 A Lei da Administração de Heranças109 protege os cônjuges

sobreviventes em caso de morte. A Lei de Causas Matrimoniais 110protege os direitos das mulheres e crianças em caso de divórcio.

Medidas Judiciais

8.5 O Tribunal Constitucional do Zimbabwe, num acórdão histórico no

processo Mudzuru e Tsopodzo contra Ministro da Justiça, Assuntos

Jurídicos e Parlamentares e Outros111, proibiu o casamento de

106 Secções 56, 80, 25, 25, 25 e 78 da Constituição

107Capítulo 20:05

108Capítulo 05:11

109 Capítulo 6:01

110 Capítulo 05:13

111CC 2016

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crianças e esclareceu que pessoas com menos de 18 anos de

idade não podem celebrar um casamento reconhecido por lei, nem

os pais ou tutores poderiam sancionar tal união, como era o caso

anteriormente.

8.6 Num outro caso, Margaret Dongo c.The Registrar General112, o

tribunal decidiu que as mulheres Zimbabweanas estão agora em

posição de requerer passaportes para os seus filhos menores sem

o consentimento de um pai/responsável relutante ou indisponível.

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas

8.7 O Governo em conjunto com a CSJ estabeleceu o Sistema de

Tribunal de Direito de Família que visa assegurar que os casos

resultantes de disputas matrimoniais sejam tratados neste tribunal

especializado e não no sistema de tribunal ordinário.

8.8 O governo em parceria com líderes tradicionais, parceiros de

desenvolvimento e organizações da sociedade civil está a lançar a

Campanha 18+ Contra o Casamento infantil. A campanha visa

acabar com os casamentos infantis. Este lançamento permitiu a

sensibilização das estruturas tradicionais de liderança (Chefes)

sobre a Constituição e as disposições legais que proíbem os

casamentos infantis.

9 Artigo 14.o: Saúde e Direitos Reprodutivos

9.1 É feita referência aos artigos 16.º e 18.º do presente relatório

sobre família, nível de vida adequado e saúde máxima possível.

112CITAÇÃO

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Para além do que já foi referido anteriormente, o Governo também

empreendeu programas destinados a reforçar os direitos das

mulheres ao mais alto nível de saúde possível.

9.2 Incluir informação sobre rastreio do cancro do colo do útero,

rastreio do cancro da mama, reserva gratuita de maternidade,

provisão gratuita de pensos higiénicos para raparigas rurais,

imunização da rapariga contra o cancro do colo do útero,

programas de controlo de natalidade de baixo custo.

DIREITOS ECONÓMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS

10 Artigo 13.o: Direitos de Bem-Estar Económico e Social e

Artigo 19.o Direito ao Desenvolvimento Sustentável

Medidas Constitucionais e Legislativas

10.1 A Constituição obriga o Estado a tomar medidas apropriadas para

criar emprego para todos os zimbabuenses, especialmente

mulheres e jovens, e ainda insta o Governo a promover a

igualdade de representação de homens e mulheres em todas as

instituições e agências do Governo a todos os níveis e a plena

participação das mulheres em todas as outras esferas da

sociedade zimbabuense, com base na igualdade com os homens.

A Constituição também estabelece que qualquer empregado tem

direito a condições de trabalho justas, equitativas e satisfatórias e

que homens e mulheres têm direito à igualdade de remuneração

por trabalho similar e ao direito a três meses de licença

maternidade remunerada113.

10.2 A Constituição obriga o Governo a assegurar que todas as pessoas

tenham o direito de escolher e exercer qualquer negócio ou

profissão. Em matéria de direito à segurança social, a Constituição

torna imperativo que o Estado tome todas as medidas práticas

113Secções 14,17 e 65 da Constituição

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para garantir a segurança social e a assistência social aos

necessitados114.

10.3 A Constituição prevê ainda os direitos ao desenvolvimento

sustentável, à alimentação, à habitação, à água potável e aos

direitos ambientais115.

10.4 Além disso, a Lei do Trabalho e a Lei da Função Pública garantem

os mesmos direitos de remuneração igual para trabalho similar.

Medidas administrativas, políticas e instituições

10.5 Em Junho de 2015, o Governo adoptou e aceitou a recomendação

204 da OIT sobre a transição da economia informal para a

economia formal. E como seguimento disso, a estratégia de

formalização está agora a ser concluída. Para tal, o Governo está a

trabalhar numa política de segurança social acessível, benefícios

fiscais, infra-estruturas, finanças, saúde, pensões, habitação e

cobertura de maternidade para as PME e as cooperativas, cuja

maioria são mulheres.

10.6 O Governo, através das Cooperativas de Desenvolvimento de

Pequenas e Médias Empresas (SMEDCO) está a desembolsar 50%

dos empréstimos para Pequenas e Médias Empresas às mulheres.

Esta política está em vigor de forma a incluir financeiramente as

mulheres de acordo com a estratégia de inclusão financeira, dado

que 52% da população do Zimbabwe é constituída de mulheres,

de acordo com o censo de 2012.

114Secções 24,64 e 30 da Constituição

115Secções 13 e 17 da Constituição

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10.7 O governo reconhece plenamente os direitos das mulheres a

possuir terras, insumos agrícolas e outras propriedades. As

mulheres também foram beneficiárias do programa de reforma

agrária que o país havia empreendido. O programa de reforma

agrária introduzido na viragem do século procurou, entre outras

coisas, mitigar o acesso limitado das mulheres aos recursos

através da introdução de quotas no acesso das mulheres à terra. A

posição política é que as mulheres devem constituir 20% de todas

as terras agrícolas atribuídas em grande escala, também

conhecidas como terras agrícolas A2. Além disso, as mulheres têm

também o direito de requerer terras agrícolas por direito próprio

ao abrigo dos regimes de aldeia A1, uma derrogação à norma

tradicional segundo a qual as mulheres só acedem a terras através

dos seus maridos, pais ou outros parentes do sexo masculino. Isto

deu poder às mulheres para terem controlo sobre a terra como

meio de produção.

10.8 O governo adoptou uma abordagem de Empoderamento

Económico das Mulheres de Base Ampla. A abordagem

proporciona uma forma sistemática de integrar as mulheres nos

principais sectores económicos através do estabelecimento de

metas de capacitação, da mobilização de recursos financeiros e do

reforço das capacidades para a participação económica efectiva

das mulheres. O quadro foi concebido para servir as mulheres de

todas as origens e para ser aplicado em todos os sectores,

portanto, de base ampla.

10.9 Um Fundo de Desenvolvimento das Mulheres foi criado em 2010

como forma de abordar a falta de garantias entre as mulheres e as

altas taxas de juro cobradas pelos bancos. Até à data, foram

pagos 2 887 991,00 dólares a 1 854 grupos de mulheres. Os

projectos financiados provinham dos seguintes sectores:

mineração, cultivo, padaria, criação de cabras, frangos indígenas,

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agrocomercialização, processamento da produção de mel,

confecção de roupas, produtos de couro, artesanato,

beneficiamento, compra e venda de gado e venda de frutas.

Foram adquiridos nove veículos para efeitos de acompanhamento

e avaliação dos projectos financiados.

10.10 O governo criou um Banco das Mulheres. Os objectivos do Banco

das Mulheres são melhorar o acesso das mulheres a capital

acessível e a financiamento operacional. Além disso, o banco

facilita a inclusão da maioria das mulheres que residem em áreas

remotas do país que não estão formalmente empregadas.

Mecanismos de apoio e promoção do empreendedorismo

10.11 O Governo do Zimbabwe reconhece a importância de promover o

empreendedorismo, uma vez que a maioria dos zimbabuenses se

encontra no sector informal. O governo criou uma série de balcões

financeiros para promover o empreendedorismo e facilitar o

acesso das mulheres ao capital e aos serviços financeiros. Alguns

dos balcões são os seguintes:

a) O Banco de Micro-Finanças das Mulheres

O Governo do Zimbabwe criou em 2018 um Banco de Micro-Finanças

das Mulheres do Zimbabué, cujos objectivos são:

Melhorar o acesso das mulheres a capital acessível e a

financiamento operacional.

Facilitar a inclusão financeira através da descentralização do

sistema bancário para que este se torne acessível à maioria

das mulheres que residem nas zonas rurais ou remotas.

b) O Fundo de Desenvolvimento das Mulheres.

O Governo continuou a implementar o Fundo de Desenvolvimento das

Mulheres, que é uma facilidade de crédito para as mulheres

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marginalizadas, particularmente as que vivem nas áreas rurais. A

facilidade de crédito flexibilizou os requisitos em matéria de

garantias, segundo os quais as mulheres beneficiárias se garantem

mutuamente. As taxas de juro para os empréstimos também são

muito baixas para atrair e permitir o acesso de mulheres

marginalizadas.

c) Mecanismo de Empréstimo do Banco Central do

Zimbabwe (RBZ)

Em 2016, o Banco Central do Zimbabwe lançou a Estratégia de Inclusão

Financeira e criou os seguintes mecanismos de empréstimo

destinados a melhorar o acesso das mulheres ao capital, meios de

produção e oportunidades de emprego:

i. 15 milhões de dólares do Fundo de Empoderamento

das Mulheres;

ii. 10 milhões de dólares de Facilidade de horticultura;

iii. 40 milhões de dólares de Facilidade de Mobilização de

Ouro;

iv. 50 milhões de dólares de Facilidade de exportação;

v. 10 milhões de dólares de Facilidade de associação de

negócios;

vi. 15 milhões de dólares de Facilidade Transfronteiriça.

10.12 O acesso a estas facilidades é feito através de instituições de

microfinanciamento, instituições de microfinanciamento que aceitam

depósitos e bancos comerciais. As instituições bancárias cobram uma

taxa de juro global não superior a 10% ao ano, enquanto as

instituições de microfinanciamento cobram um máximo de 2% ao

mês. Uma quota de todas as facilidades acima mencionadas está

reservada para as mulheres rurais, enquanto que o Fundo de

Empoderamento das Mulheres, no valor de 15 milhões de dólares

americanos, se destina exclusivamente às mulheres.

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10.13 Além disso, em conformidade com a Estratégia de Inclusão

Financeira, o Banco Central do Zimbabwe prevê que cada banco

deve:

i. Ter uma balcão especial para as mulheres e melhorar

o seu acesso ao financiamento.

ii. Ter uma mesa de mulheres para lidar com pedidos de

empréstimo de mulheres.

iii. Apresentar obrigatoriamente dados desagregados por

sexo dos beneficiários do empréstimo para monitorar o

cumprimento das metas de empoderamento financeiro

das mulheres.

Participação das mulheres em sectores-chave da economia

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Tabela 11: Distribuição dos estabelecimentos por maioria de capital e tipo de

propriedade em 30 de Junho de 2014.

Tipo de

Proprie

dade

Maioria do Capital Social Total % de

propriedade

de

mulheres

Propriedade de

homens

Propriedade de

mulheres

Propriedade

paritária Desconhecido

Proprietário

único 16 221 4 786 1 284 362 22 653 21,1

Sociedade

Limita

da

Priva

da 4 040 729 2 256 1 053 8 078 9,0

Parcerias 475 124 1 304 30 1 933 6,4

Cooperativas 603 147 101 17 868 16,9

Total 21 339 5 786 4 945 1 462 33 532 17,3

Fonte: ZIMSTAT, Zimbabwe Women and Men Report, 2016.

10.13 Para garantir a plena participação das mulheres no sector agrícola,

o Governo está a promover a agricultura por contrato, a cultura, a

criação de gado, a agro-indústria a criação de valor acrescentado

pelas mulheres agricultoras. O desenvolvimento de capacidades

também está sendo realizado. O Governo facilitou a formação do

Conselho de Mulheres na Agricultura Apex para ajudar a coordenar

as actividades das agricultoras e mobilizar as mulheres para

participarem na agricultura. O Apex tem estruturas desde o nível

nacional até ao nível das enfermarias.

10.14 De acordo com o LFS 2011, 78 por cento dos agregados familiares

utilizaram água potável para beber e cozinhar. Trinta e quatro por

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cento dos agregados familiares tinham a sua fonte de água nas

instalações. O inquérito também revelou que 63% dos agregados

familiares usaram saneamento seguro, ou seja, usaram qualquer

uma das seguintes instalações sanitárias: autoclismo, latrina ou

latrina com laje. 26% dos agregados familiares não tinham

instalações sanitárias.

10.15 O governo contratou parceiros de cooperação para fornecer

assistência alimentar e outras medidas de segurança social,

incluindo transferências de renda para mitigar os efeitos dos

desafios económicos que o país enfrenta.

Desafios

10.16 Existe um desequilíbrio de género na participação em sectores-

chave da economia, tal como ilustrado no quadro do parágrafo

37.11 supra.

Resposta

10.17 O Governo continua a formular e a implementar políticas que

promovem os direitos das mulheres em todas as áreas

económicas, sociais, culturais e de desenvolvimento.

11 Artigos 20.º a 24.º: Direitos dos grupos de mulheres

especialmente protegidas

Medidas Constitucionais e Legislativas

11.1 A Constituição prevê os direitos das pessoas idosas, incluindo as

mulheres idosas, e prevê o seu direito a cuidados e assistência,

cuidados de saúde e assistência médica do Estado e o direito de

receber apoio financeiro através da segurança social e da

assistência social116.

116Secção 82 da Constituição

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11.2 Além disso, a Constituição obriga o Estado a tomar todas as

medidas para assegurar que as pessoas portadoras de deficiência,

incluindo as mulheres portadoras de deficiência, realizem todo o

seu potencial mental e físico, incluindo medidas que lhes permitam

tornar-se auto-suficientes, viver com as suas famílias e participar

em actividades sociais e outras, protegê-las da exploração e abuso

e proporcionar educação e formação financiadas pelo Estado onde

for necessário, entre outros direitos117.

11.3 Além disso, a Constituição prevê que a composição do Senado

deve incluir dois membros que representam as pessoas portadoras

de deficiência118. Actualmente, uma senadora representa os

direitos das mulheres portadoras de deficiência.

11.4 O Governo também promulgou a Lei das Pessoas Idosas, que

prevê o bem-estar das pessoas idosas, incluindo as mulheres, e a

criação de um Fundo para as Pessoas Idosas119.

Medidas, Políticas e Instituições Administrativas

11.5 As viúvas recebem assistência na administração das propriedades

dos seus falecidos maridos e isso é feito administrativamente

através dos escritórios do Mestre do Supremo Tribunal, bem como

nos tribunais dos magistrados civis do país. Além disso, a Direcção

de Assistência Jurídica ajuda as mulheres vulneráveis com

representação legal na apresentação de queixas e no registo de

propriedades. Incluir informação sobre o programa de

empoderamento das mulheres da Primeira-Dama, estatísticas da

LAD e Juiz do Tribunal Supremo

117Secção 83 da Constituição

118Secção 120 da Constituição

119Capítulo 17:11

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11.6 O governo, Comunicação o apoio de parceiros técnicos e

trabalhando em colaboração com ONG e Organizações de pessoas

portadoras de deficiência embarcou em iniciativas que garantem

que as mulheres e raparigas portadoras de deficiência tenham

acesso à saúde de qualidade e recebam tratamento igual ao dos

seus homólogos com deficiências físicas. Por conseguinte, existe

formação contínua em Língua Gestual para os profissionais de

saúde, a fim de garantir o acesso a serviços de saúde eficazes e

de qualidade às mulheres e raparigas portadoras de deficiência.

Registaram-se progressos notáveis nas instituições de saúde

centrais e provinciais. Quatorze (14) instituições centrais e

provinciais têm pelo menos um profissional de saúde capaz de

comunicar em linguagem gestual. O programa está actualmente a

ser implementado a nível distrital.

11.7 O treinamento de conscientização sobre a deficiência e reabilitação

para profissionais de saúde é um programa em andamento e até o

momento o treinamento foi realizado em todos os 6 Hospitais

Centrais do Zimbabwe. O resultado é um maior conhecimento e

consciencialização dos profissionais de saúde sobre as questões da

deficiência, uma compreensão mais profunda das questões da

deficiência em relação à provisão de saúde e o gozo dos direitos

de saúde pelas pessoas portadoras de deficiência.

11.8 O governo está a abordar questões-chave sobre o VIH e os

direitos de saúde reprodutiva sexual entre as mulheres e raparigas

portadoras de deficiência através de workshops de formação de

competências, diálogo e reuniões. Isto permite que as mulheres

portadoras de deficiência interajam abertamente sobre questões

de VIH/SIDA e saúde reprodutiva sexual, aumentando assim o seu

conhecimento e reduzindo o risco.

11.9 O Governo continua a aumentar os programas de formação de

pessoas portadoras de deficiência, incluindo mulheres e raparigas

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sobre o uso, promoção e distribuição de preservativos. Isso

reforçou a motivação no uso do preservativo por parte das

pessoas portadoras de deficiência que defendem ainda mais as

práticas sexuais seguras.

11.10 Através do programa de reabilitação baseado na comunidade, o

Governo está a trabalhar com parceiros para apoiar projectos de

subsistência para pessoas portadoras de deficiência, incluindo

mulheres, como base para a melhoria da saúde.

Desafios

11.11 A provisão efectiva do Governo para os direitos e o bem-estar dos

idosos e das pessoas portadoras de deficiência tem sido

gravemente prejudicada pelos desafios económicos significativos

que o país enfrentou ao longo da última década.

12 Conclusão

12.1 O Zimbabwe continua a envidar esforços para erradicar a

discriminação contra as mulheres através da adopção da legislação

e dos quadros políticos necessários, da elaboração e execução de

programas e projectos, da criação de parcerias com organizações

nacionais e multinacionais e da criação de um mecanismo nacional

para abordar as questões da desigualdade entre os sexos e da

emancipação das mulheres na sociedade. O Governo é também

signatário e ratificou vários instrumentos regionais, continentais e

globais que não só procuram definir melhor a discriminação contra

as mulheres, mas também comprometem o Governo a tomar

medidas para abordar as questões de género no desenvolvimento

socioeconómico nacional.

12.2 Ao consagrar uma cláusula de não discriminação na Constituição

que proíbe especificamente a discriminação com base no género,

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sexo ou estado civil, o Governo estabeleceu uma plataforma para

o desenvolvimento de medidas legais e administrativas para

eliminar ainda mais a discriminação contra as mulheres. A

implementação efectiva da Política Nacional de Género e de outras

políticas que promovam o progresso das mulheres não só

complementará como também reforçará estes esforços. No

terreno, a aplicação de acções afirmativas garantirá que mulheres

e homens sejam tratados igualmente em todos os aspectos da

vida. Em sectores como a educação e o serviço público, já foram

feitos esforços para o avanço da condição feminina.

12.3 O Governo, através do ZIMSTAT, já começou a compilar Dados

Desagregados por Género para facilitar a monitorização da

situação das mulheres no Zimbabwe. No entanto, estes esforços

devem ainda ser alargados a todos os sectores da sociedade, a fim

de garantir que as estatísticas oficiais apresentem uma imagem

clara da situação das mulheres.

12.4 Apesar destes esforços significativos para promover os direitos das

mulheres, este relatório demonstrou que muito mais há ainda a

fazer para reforçar o estatuto das mulheres e melhorar a sua

qualidade de vida em geral. As desigualdades e os desequilíbrios

de género continuam a manifestar-se em vários sectores. Na

política e na tomada de decisões, as mulheres continuam a ficar

atrás dos seus homólogos masculinos, apesar do empenho do

Governo. As mulheres têm consistentemente possuído menos de

20% da terra desde 1980, apesar dos esforços através de medidas

legislativas e administrativas para garantir que mulheres e homens

tenham acesso igual e/ou equitativo ao controlo e à propriedade

da terra ao longo dos anos. Além disso, as mulheres continuam a

suportar o peso da pandemia de VIH. Elas não só continuam a ser

desproporcionadamente infectadas pelo vírus, como também

suportam o peso do impacto da epidemia do VIH, uma vez que

suportam uma parte desproporcionada do fardo de cuidar dos

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seus familiares doentes e dos membros doentes da comunidade

através de cuidados domiciliários. Tudo isto é feito com pouca ou

nenhuma remuneração. As mulheres e raparigas constituem a

maioria das vítimas de violência de género e doméstica e de abuso

sexual.

12.5 É em reconhecimento da necessidade de esforços contínuos e

sustentados para abordar estas e muitas outras formas de

discriminação contra as mulheres que o Governo reviu a Política

Nacional de Género de 2004, a Estratégia Nacional para a

Violência Baseada no Género, o Plano Estratégico Nacional para a

Educação de Raparigas, Órfãos e Outras Crianças Vulneráveis,

entre outros. Espera-se que estas estratégias desempenhem um

papel de liderança na resposta às preocupações relativas à

eliminação da discriminação contra as mulheres no Zimbabwe.