Revista Científica - IAMSPE · Heitor Pons Leite (Pediatria) João Aparecido P. de Almeida...
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Revista Científica
ISSN 2316-817XRevista Científica volume 1 número 2 set/dez 2012
• Avaliaçãodorisconutricionalempacientesinternadosnacardiologia
• Acantosenigricanteassociadaàpitiríaseversicolor
• HPV
• A descompressão do nervo fibular na correção dedeformidadesealongamentodosmembrosinferiores
• Protocolos da endocrinologia: doenças da tireóide:hipotireoidismo,hipertireoidismo,nódulosdetireóide
• Protocolo: como realizar profilaxia de nefropatia porcontraste em pacientes submetidos à tomografiacomputadorizada
• “Qualodiagnóstico?”seringoceledeCowper
PublicaçãodoInstitutodeAssistênciaMédicaaoServidorPúblicoEstadualHospitaldoServidorPúblicoEstadual“FranciscoMoratodeOliveira”
Governador do Estado GeraldoAlckmin
Secretário de Gestão Pública DaviZaia
Superintendente Iamspe LatifAbrãoJunior
Chefe de Gabinete Iamspe RobertoBaviera
Diretoria IamspeAdministração - MariadasGraçasBigalBarbozadaSilva
HSPE - “FMO” - RobertoDantasQueiroz Decam -Luciana Andrea Accorsi Berardi
Cedep -AbrãoEliasAbdallaPrevenir - MiriamMatsuraShirassu
Expediente
3Revista Científica. 2012; 1(2)
CEDEP: Centro de Desenvolvimento de Ensino e Pesquisa
Editora responsável:MariaÂngeladeSouza
Editor cientifico:OsírisdeOliveiraCamponêsdoBrasilI
Editora técnica:EdnaTerezinhaRother
EDITORES EXECUTIVOS
REVISTA CIENTÍFICAPublicaçãodoInstitutodeAssistênciaMédicaaoServidorPúblicoEstadual
HospitaldoServidorPúblicoEstadual“FranciscoMoratodeOliveira”
Diretor:AbrãoEliasAbdalla
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FlavioAugustoSekeffSallen(Neuroclinica)GrazielaSantosR.Ferreira(ProntoSocorro)HeitorPonsLeite(Pediatria)JoãoAparecidoP.deAlmeida(Cardiologia)JoaquimA.deSouzaJr.(CirurgiaPediátrica)JoseEduardoGonçalves(GastroCirúrgica)LiviaNascimentodeMatos(ClinicaMedica)
CONSELHO EDITORIAL
AdrianeCristinaReis(ProntoSocorro)AlcidesGalloJunior(MedicinaNuclear)AnaBeatrizMiklos(Endocrinologia)AndréTadeuSugawara(MedicinaFísica)AndreiBorin(Otorrinolaringologia)AntonioCarlosBonadia(GastroClínica)AntoniaElviraTonus(Psiquiatria)BettyGuz(GastroClínica)CarloAlbertoKomatsu(CirurgiaPlástica)CarlosA.Nagashima(LaboratórioClínico)CarlosN.Lehn(CirurgiadeCabeçaePescoço)DanielRinaldidosSantos(Nefrologia)EugenioAlvesVergueiroLeite(Radioterapia)FabianoR.Ribeiro(OrtopediaeTraumatologia)FabioPapaTaniguchi(CirurgiaCardíaca)FernandoCamposGomesPinto(Neurocirurgia)FernandoK.Yonamine(Otorrinolaringologia)GeorgeC.XimenesMeireles(Hemodinâmica)GiseldaM.daSilva(Áreamultiprofissional)GustavoRibeiroPifaia(Otorrinolaringologia)HelenicedePaulaFiodCosta(Neonatologia)HenriqueCarreteJr(Radiologia)
HugoHipolito(Urologia)IsraelFerreiradaSilva(Anestesia)JoséAlexandredeSSittart(Dermatologia)JoseF.deMattosFarah(CirurgiaGeral)JoseMarcusRotta(Neurocirurgia)JoseRobertoMartins(Gastrocirurgia)JulioCesardeCosta(Neonatologia)KiokoTakei(LaboratórioClínico)LeonardoPiovesanMendonça(Geriatria)LimirioLealdaFonsecaFilho(Urologia)LuisAugustoRios(Urologia)LuizHenriquedeSouzaFontes(Endoscopia)MarcioFaleirosVendramini(Endocrinologia)MariaGorettiMaciel(CuidadosPaliativos)MariaLuciaBaltazar(Psiquiatria)MarianaSilvaLima(Pneumologia)MarioClaudioGheffer(CirurgiaTorácica)MauricioL.Oliveira(CirurgiaBucomaxilofacial)MauricioMartinsAthie(CirurgiaPlástica)MauroSergioM.Marrocos(Nefrologia)MileideZuimDanmtasSouza(ProntoSocorro)MoisesdaCunhaLima(MedicinaFísica)
IAMSPE(InstitutodeAssistênciaMédicaaoServidorPúblicoEstadual)Av.Ibirapuera,981–V.ClementinoSãoPaulo/SP–Brasil–CEP:04029-000www.iamspe.sp.gov.br
HSPE-FMO(HospitaldoServidorPublicoEstadual–FranciscoMoratodeOliveira)RuaPedrodeToledo,1800-V.ClementinoSãoPaulo/SP–Brasil–CEP:04039-004
NeyValente(Cardiologia)OtavioCansançãodeAzevedo(Gastrocirurgia)QuirinoC.Meneses(CirurgiaPediátrica)RaquelA.Martins(GinecologiaeObstetrícia)ReginaldoG.C.Lopes(GinecologiaeObstetrícia)RenatoLuzCarvalho(Endoscopia)RicardoGuerraAyello(Endocrinologia)RicardoVieiraBotelho(Neurocirurgia)RichardA.Borger(OrtopediaeTraumatologia)RobertoBernd(ClinicaMédica)RobertoD.Queiroz(OrtopediaeTraumatologia)RobertoSacilotto(CirurgiaVascular)RuiManoelPovoa(Cardiologia)SergioKreimer(Hemodinâmica)SilviaCarlaSousaRodrigues(Pneumologia)UlaLindosoPassos(Radiologia)UmbertoGaziLippi(GinecologiaeObstêtricia)ValterHiromiTanaka(AssistenciaDomiciliar)VeridianaAunR.Pereira(AlergiaeImunologia)WalterNelsonCardoJunior(Neonatologia)
MariaElizaBertoccoAndrade(Alergia)MariaIseteF.Franco(AnatomoPatológica)OtavioGampel(Oncologia)OtavioJFVerreschi(Psiquiatria)RodrigoChavesRibeiro(CirurgiaPediátrica)SandraMRLaranja(Nefrologia)
ThaisGuimarães(MoléstiasInfecto-ContagiosaS)
Aresponsabilidadeporconceitosemitidoséexclusivamentedeseusautores.Permitidaareproduçãototalouparcialdesdequemencionadaafonte.
ComissãoCientífica-CEDEP(CentrodeDesenvolvimentodeEnsinoePesquisa)Av.Ibirapuera,981–2ºandar-V.ClementinoSãoPaulo/SP–Brasil-CEP:04029-000Secretaria:SandraVequetini
Email:[email protected]
Diagramaçãodosartigos:Cedep-SandraVequetini
Periodicidade:quadrimestral
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Avaliaçãodorisconutricionalempacientesinternadosnacardiologia..................................................................6Nutritional risk assessment in patients in cardiologyÉricaMouraFernandes,LucienedeOliveira,IvaniMariaMoraes
SUMÁRIO
PerguntaserespostassobreHPV...........................................................................................................................15Questions and answers about HPVIlzoViannaJunior,MariaLuciadeMIglesias
Adescompressãodonervofibularnacorreçãodedeformidadesealongamentodosmembrosinferiores...........18Peroneal nerve decompression in deformity correction and lower limb lengtheningMonicaPaschoalNogueira
Diagnóstico:seringoceledeCowper .......................................................................................................................23Diagnosis: syringocele of CowperCarlosFelipedoRegoBarrosMilito;RenatodeNovaFriburgoCaggiano
Comorealizarprofilaxiadenefropatiaporcontrasteempacientessubmetidosàtomografiacomputadorizada.....30How to perform prophylaxis of contrast-induced nephropathy in patients undergoing computed tomographyCarlosFelipedoRegoBarrosMilito,TatianeCantarelliRodrigues,CarolinaSasakiVergílio
Maláriagraveempacientesgestantesinternadasemunidadedeterapiaintensiva..............................................34
Correlaçãoentreachadosdeexamesdeimagemeintra-operatóriosdatríadeportalemdoadoresadultosvivosdefígado.......................................................................................................................................................................35
Correlaçãodosindicadoresantropométricosemidentificarasensibilidadeeresistênciainsulínicas....................36
Ainfluênciademanifestaçõespsíquicasecomportamentaisnaadesãoaotratamentodepacientessubmetidosàintervençãocoronáriapercutânea.........................................................................................................................33
Resumos de Teses
Editorial
Artigo Original
Qual o diagnóstico?
Acantosenigricanteassociadaàpitiríase versicolor............................................................................................. 12Acantosis nigricans associated with pityriasis versicoloCarolinaOliveiraCosta,AnnaCecíliaAndriolo,ThaísHelenaYasuda,LuizadeQueirozOttoni,MarioCezarPires,JoséAlexandredeSousaSittart
Artigo de Atualização
Doençasdatireóide:hipotireoidismo,hipertireoidismo,nódulosdetireóide.......................................................25Thyroid diseases: hypothyroidism, hyperthyroidism, thyroid nodulesEvandroDeSouzaPortes,RicardoAyelloGuerra,AnaBeatrizPinotti,PedroMiklos,MarianaR.NevesCouto,LíviaMarceladosSantos,MelinadaCostaBarelliRamalho,KelliMonteiro
Protocolo
5Revista Científica. 2012; 1(2)
É commuita satisfaçãoque convido a todospara a leituradesta “RevistaCientífica”. Relançada
em setembro/2012, após um hiato de cinco anos, chega agora ao segundo número, cumprindo sua
quadrimestralidade.
Resultado do trabalho científico de servidores públicos do Estado, a revista é um mecanismo
eficientedeatualizaçãoemsaúde,comartigosinéditos,protocolosdeatendimento,revisõesdetemas
médicospalpitantes,relatosdecasos,resumosdetesesediscussõesclínicas.Apublicaçãocumpreopapel
deabrirasportasdoIamspeaomundo,apresentandoaboamedicinaqueaquisepraticaepermitindo
queoconhecimentosedissemine.Estesegundonúmerotraz,entreoutrosassuntosinteressantes,uma
atualizaçãosobreHPV,oconhecidoPapilomaVírusHumano,responsávelpelainfecçãodecentenasde
milhõesdehomensemulheresemtodoomundo.
OInstitutodeAssistênciaMédicaaoServidorPúblicoEstadualéreconhecidoemtodooBrasilcomo
centrodeexcelêncianaformaçãodeprofissionaisdesaúde.PormeiodoCentrodeDesenvolvimentode
EnsinoePesquisa(Cedep),temosnosdedicadobastanteparamanteronívelalcançado.Estapublicação
deverásetornarumareferênciaeagregaráaindamaisvaloràsnossas“CiênciasdaSaúde”.
Entendemos que esta revista pertence a todos os servidores do Iamspe e deve ser vista como
instrumentomodificador do conhecimento, contribuindo para o aprimoramento profissional de cada
pessoaeagrandezadainstituição.
Abrão Elias Abdalla
Diretor do Cedep
EDITORIAL
Quem quer fazer alguma coisa encontra um meio.
Quem não quer fazer nada encontra uma desculpa.
(Provérbio árabe)
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Artigo Original
Trabalho realizado: Serviço deNutrição eDietética doHospital do Servidor Público Estadual – “FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
1Nutricionista da Cardiologia eAmbulatório de Nutrição Geral doHospitaldoServidorPúblicoEstadual– “Francisco Morato de Oliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
2NutricionistadaCardiologia,Nefro-logiaeTransplantedeÓrgãosdoEs-cola Paulista deMedicina, Universi-dadeFederaldeSãoPaulo-UNIFESP-SãoPaulo,SP,Brasil.
3ChefedoServiçodeNutriçãoeDie-téticadoHospitaldoServidorPúbli-co Estadual – “FranciscoMorato deOliveira”, HSPE-FMO, São Paulo, SP,Brasil.
Correspondência:
Érica Moura Fernandes
Serviço de Nutrição e Dietética doHospitaldoServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMorato deOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
Rua Pedro de Toledo, 1800, VilaClementino,SãoPaulo/SP–Brasil,CEP:04039-004.
E-mail:[email protected]
ÉricaMouraFernandes1, LucienedeOliveira2,IvaniMariaMoraes3
RESUMO
Fundamento: A triagem nutricional busca identificar indivíduos em risco dedesnutrição.Pacientescardiopatashospitalizadoscomdesnutriçãoapresentamduasvezesmais riscodemortalidade.Objetivo: Avaliarorisconutricionalempacientes internados na enfermaria de Cardiologia.Métodos: Foram incluídosno estudo todos os pacientes internados, de ambos os sexos, acima de 18anos, sendoexcluídospacientesquetiveramaltahospitalarouóbito antesdatriagem, e pacientes sem condições para avaliação. Os dados referentes a 1ºdejaneirode2011a31deagostode2011,foramcoletadosatravésdasfichasdetriagemnutricionalNRS(NutritionalRiskScreening)de2002.Foianalisadoorisconutricional dapopulação geral e comparaçõesdo riscodeacordo comosexoefaixaetária,atravésdométodoestatísticoQui-quadrado,utilizando-seoprogramaSPSS, versão18.Resultados: Foramavaliados950 indivíduos, sendo56%homens;77,37%eramidosos.Foramverificados46,32%pacientescomriscode desnutrição. Comparando a população adulta e idosa, de ambos os sexos,os idosos apresentaram 3,73 vezes mais risco de desnutrição em relação aosadultos.Asmédiasdo índicedemassacorpórea forammenoresempacientescom risco nutricional em todas as comparações. Conclusão: Diversos fatoresestão associados ao riscodedesnutrição empacientes cardiopatas, tais comobaixaingestãoalimentar,complicaçõesrelacionadasàsdoençascardiovasculares,idadeavançada, perdaponderal involuntária. Isto tudopode levar ao riscodecaquexia cardíaca e morte. Identificar precocemente os pacientes com risconutricionalpodecontribuirparaotratamentodosmesmos,diminuindootempodeinternaçãoecustoshospitalares.
Palavras-chave: Triagemnutricional;Desnutriçãohospitalar;Cardiopatas
ABSTRACT
Background: Nutritional screening aims to identify individuals at risk formalnutrition. Hospitalized cardiac patients with malnutrition are twice likelytodie.Objective:Toevaluatethenutritionalrisk inpatientshospitalizedintheCardiologyMethods:EverypatienthospitalizedintheCardiologywardbetweenJanuary1standAugust312011,bothsexes,18yearsoldorolderwereincludedinthestudy.Exclusioncriteriaweredischargeordeathbeforethescreeningorunable to assess. Data were collected through the Nutritional Risk Screeningform,version2002.Wasanalyzedthenutritionalriskofthegeneralpopulationand comparisons of the risk according to sex and age group, by chi-squarestatisticalmethod,usingSPSS,version18.Results:950patientswereassessed,out ofwhom 56%men; 77.37%were elderly. Risk formalnutritionwas foundin 46.32% of patients. The elderlywere 3,73 times likely to havemalnutritioncomparedtoadults.AveragebodymassIndexwaslowerinpatientsatnutritionalrisk.Conclusion:Severalfactorsareassociatedwiththeriskformalnutritionincardiacpatients,suchaslowfoodintake,complicationsrelatedtocardiovasculardiseases, higher age, involuntaryweight loss. Such factors can lead to risk forcardiaccachexiaanddeath.Theearly identificationofpatientswithnutritionalriskscancontributetotheirtreatment,thusdecreasinghospitalizationtimeandhospitalcosts.
Keyword:Nutritionalscreening;Hospitalmalnutrition;Cardiacpatients
Avaliação do risco nutricional em pacientes internados na cardiologia
Nutritional risk assessment in patients in cardiology
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INTRODUÇÃO
Risco nutricional refere-se ao aumentodemorbimortalidadeemdecorrênciadeestadonutricionaldebilitado1.
Pacientescardiopatashospitalizadoscomdesnutrição calórica moderada ou grave apre-sentamduas vezesmais riscodemortalidade2.Os fatores que podem gerar depleção nutri-cional são anorexia, hipermetabolismo, estadopró-inflamatórioeaumentodoestresseoxidati-vo.Oedemadasalçasintestinaisnainsuficiênciacardíacapodeserresponsávelpelapresençadenáuseas,má absorção de lipídios, sensação deplenitudegástricaedeperdasproteicas3,4.Alémda desconsideração da importância dos cuida-dosnutricionaispelosprofissionaisdesaúde5.
Na doença cardíaca, encontramos varia-dosgrausdedepleçãoprotéico-calóricaatéosquadros extremos denominados de caquexiacardíaca6. Pacientes no pós-operatório desen-volvemanormalidadesnutricionaissemelhantesao da caquexia cardíaca. Pacientes com com-plicaçõesapóscirurgiacardíacaestãoemrisconutricionaledevemsertriadospara identificaraquelesquenecessitamdeumaavaliaçãonutri-cionaleumaterapianutricionalprecoces7.
É indispensável identificar precocementeospacientesdesnutridosouemrisconutricional,assim como iniciar uma terapia nutricionalimediata a fim de evitar ou minimizar adesnutrição5.
Dessa forma, destaca-se a importânciadatriagemnutricional,queéumprocedimentoque busca identificar indivíduos em risco dedesnutrição5.AEuropeanSocietyforParenteraland Enteral Nutrition (ESPEN) recomendou autilização da Nutritional Risk Screening 2002(NRS 2002), como ferramenta de triagemnutricionalempacienteshospitalizados8.
Acredita-se que muitos dos cardiopatasinternados apresentem desnutrição ou risconutricional,devidoàsuadoençadebaseepelofato da grande parte destes pacientes ficaremhospitalizados por longos períodos. Diantedisso, escolheu-se realizar um trabalho decampo,utilizandoaNRS2002comoinstrumentode triagem nutricional, por ser um formuláriosimples e objetivo e por não haver estudosutilizandoestemétodo.
MÉTODOS
O estudo foi do tipo retrospectivo,realizado na enfermaria de Cardiologia doHospital do Servidor Público Estadual (HSPE),pormeiodedadosobtidosdos formuláriosdetriagemnutricionalNRS2002figura1.Osdadosforamreferentesaoperíodode1°dejaneirode2011a31deagostode2011.
Foram incluídos no estudo todos ospacientes internados, de ambos os sexos,acima de 18 anos, sendo excluídos pacientesque tiveram alta hospitalar ou óbito antes datriagem; pacientes impossibilitados de coletardados, tais como pessoas amputadas ou comferidas nos braços ou panturrilhas. Pacientesreinternados foram triados, mas não foramincluídosnoestudo.
Foram coletados peso e altura paraverificar o Índice de Massa Corpórea (IMC),calculadopelafórmula:pesoatual(kg)/estatura(m2). Nos casos dos indivíduos acamados, opeso e estatura foramestimadospor fórmulaspreditivas9.OIMCdospacientesfoiclassificadodeacordocomaOMS(1997)eOPAS(2002)paraapopulaçãoadultaeidosa,respectivamente10,11.
Paracalcularaporcentagemdeperdadepeso (%PP), utilizou-se a fórmula de Blackburn(1977),calculadodaseguinteforma:%PP=(PesoHabitual–Pesoatual)x100/Pesohabitual12.
Areduçãodeingestãoalimentarnaúltimasemana foi referida pelo próprio paciente ouacompanhante.
Quanto à gravidade da doença, foiconsideradoo diagnóstico clínico nomomentoda internação, obtido no prontuário, e suahistória clínica. Observou-se na figura 1 quenão contemplava as doenças mais comunsencontradas nas enfermarias de cardiologia,como a insuficiência cardíaca, a insuficiênciacoronariana, o infarto do miocárdio, angina,arritmia, etc. Estasdoenças são crônicaseporisso foram consideradas como doenças leves.Porém, se o paciente tivesse outras doençasadicionais como acidente vascular cerebral,pneumonia grave, leucemia seriam indicadoscomodoençamoderada,assimcomotransplantedemedulaetraumatismocranianocomodoençagrave. Já os pacientes submetidos à cirurgiacardíaca de grande porte (revascularização domiocárdio,correçãodaartériaaorta,etc)seriamconsideradoscomodoençasmoderadas.
Fernandes EM, Oliveira L, Moraes IM
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Figura 1: FormuláriodetriagemnutricionalNRS,2002–NutritionalRiskScreening
Avaliação do risco nutricional em pacientes internados na cardiologia
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Este trabalho foiaprovadopeloComitêde Ética em Pesquisa da própria Instituição(protocolonº0105/11).
Os resultados foram analisados como programa estatístico SPSS versão 18.Apresentaçãodosdadosfoifeitacomusodaestatísticadescritiva(média,desviopadrãoefrequência relativa), associaçãoentreo risconutricionaldesexoefaixaetáriafoiutilizadoométodoQui-quadradodePearson.Oníveldesignificânciaconsideradofoidep=0,05.Paraavaliar o risco de desnutrição entre adultoe idoso, foi utilizado razão de chance comintervalodeconfiançade95%.
RESULTADOS
Foram avaliados 950 pacientes, sendo532 (56%) homens; 735 (77,37%) idosos,conformetabela1.
Tabela 1: Perfil dos pacientes internados nacardiologia,segundosexoefaixaetária.
No gráfico 1, verificou-se que 46,32%da população estudada apresentou risco dedesnutriçãologonomomentodainternação.
Gráfico 1: Riscodedesnutrição,segundosexo
p=0,479
MédiadoIMCKg/m²
Geral Homens Mulheres
Comrisco 24,76(±5,02) 24,43(±4,82) 25,16(±5,22)
Semrisco 28,4(±4,63) 27,92(±4,20) 29,04(±5,09)
Fonte:HospitaldoServidorPúblicoEstadual,2011.
Comparando o grupo de homense mulheres, observou-se que não houveassociação significativa entre os sexos (x2=0,501(1); P=0,479) em relação ao risco
nutricional. Considerando a média e desviopadrão do IMC dos pacientes, de ambos ossexos, notou-se que os pacientes com risconutricional,tinhamo IMCmenorquedosospacientessemrisco.
Gráfico 2: Risco de desnutrição, segundo faixaetária
p<0,001
MédiadoIMCKg/m²
Geral Adulto Idoso
Comrisco 24,76(±5,02) 23,78(±5,63) 24,89(±4,92)
Semrisco 28,4(±4,63) 28,70(±4,79) 28,26(±4,55)
Fonte:HospitaldoServidorPúblicoEstadual,2011.
Nográfico2,comparandoorisconutri-cionaldapopulaçãoadultaeidosa,deambosos sexos, verificou-seassociação significativa(x2= 59,432 (1); p<0,001). Observou-se queosidososapresentaram3,73vezesmaisriscodedesnutrição,emrelaçãoaosadultos,OR=3,73(IC-95%-2,63–5,28).
Em relação àmédia e o desvio padrãodoIMCdospacientes,deacordocomafaixaetária,notou-senovamente,queospacientescom risco nutricional tinham o IMC, menorquedospacientessemrisco.
DISCUSSÃO
Foiobservado riscodedesnutriçãoemquase da metade da população estudada(46,32%). Isto é um fator preocupante,porque estes pacientes foram avaliados nomomento da admissão hospitalar, e sabe-se que a desnutrição pode se desenvolverdurante a internação, podendo levar amorte. No estudo de Bonilla-Palomas etal., foi verificado um aumento significativode mortalidade, de acordo com o tempode internação13. No IBRANUTRI, 48,1% dospacientes apresentaram desnutrição; dentreos cardiopatas 36,4% eram desnutridos14.No estudo de Aziz et al., 40% dos pacientescardiopatasapresentaramalgumtipoderisco
Fernandes EM, Oliveira L, Moraes IM
Sexo
Homensn(%)
Mulheresn(%)
Totaln(%)
532(56) 418(44) 950(100)
Faixaetária
Adulto<60anosn(%)
Idoso>60anosn(%)
Totaln(%)
215(22,63) 735(77,37) 950(100)
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paradesnutrição,masutilizandooutrométododetriagemnutricional,aNRI(NutritionalRiskIndex)15.ApesardametodologiadoestudodeAzizetal.,serdiferente,osresultadosdestesforambemsemelhantesaesteestudo.
Umdosprincipaisfatoresquepodeterinfluenciado na presente pesquisa, seria adiminuiçãodaingestãoalimentar,pordiversosmotivos, tais como inapetência;mudançadehábitosrepentinamente,dificuldadedeingeriradietahipossódica,prescritaparaamaioriadas cardiopatias. No estudo de Nakasatoet al, mostrou que dietas com restrição desódio induziram a um menor consumo decaloriaseproteínas16.Ousodeervasnaturaisem refeições hospitalares pode melhorar aadesãodadietahipossódica3.
Outro fator importante de risco dedesnutrição seria a perda ponderal recente,pois o emagrecimento involuntário estáassociadoaoriscodemortalidade17.
Pacientes com sobrepeso e aobesidade tem maior risco de desenvolverde Insuficiência Cardíaca (IC), no entantoapresentammelhoresprognósticoemrelaçãoaospacientes eutróficosou combaixopeso,caracterizandooparadoxodaobesidade18.
NoestudodeCurtisetal,foiencontradomaiscasosdecaquexiacardíacanogrupodepacienteseutróficosecombaixopesodoqueemgruposdeIMC,maiselevado19.
Caquexia cardíaca é caracterizada pelaperda significativa de peso, perda demassamuscular e anorexia, sendo comumenteencontradaempacientescomICavançada7.
Os idososapresentaram3,7vezesmaisriscoemrelaçãoaosadultos.Aidadeavançadaéumfatorderiscoparadesnutrição.Muitosidososjáchegamaohospitalcomdesnutriçãopor razões fisiológicas, por enfermidades,isolamento social, pobreza e diminuição dacapacidadecognitiva13,14.
Em todos os resultados apresentados,foi verificado que as médias do IMC erammenoresnospacientescomrisconutricional.EsteachadotambémfoiencontradonoestudodeSakaetal.,amédiadeIMCdospacientescomesemriscodedesnutriçãoerade24,80kg/m2e27,70kg/m2,respectivamente20.
CONCLUSÃO
Diversosfatoresestãoassociadosaoriscodedesnutriçãoempacientescardiopatas,taiscomobaixaingestãoalimentar,complicaçõesrelacionadas às doenças cardiovasculares,idadeavançada,perdaponderalinvoluntária.Isto tudo pode levar ao risco de caquexiacardíaca e morte. Identificar precocementeos pacientes com risco nutricional podecontribuir para o tratamento dos mesmos,diminuindo o tempo de internação e custoshospitalares.
Atéomomentonãoforamencontradosestudosqueavaliaramospacientescardiopa-taspormeiodaNRS,talvezestetemapossaserdiscutidoemoutrostrabalhos,afinal,ade-tecçãoprecocedorisconutricionalpermiteaadoçãodeestratégiasdeintervençãoadequa-dasquecontribuamparaminimizaradesnu-triçãointra-hospitalarnessetipopopulação.
Avaliação do risco nutricional em pacientes internados na cardiologia
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Fernandes EM, Oliveira L, Moraes IM
12 Revista Científica. 2012; 1(2):12-4
Artigo de Atualização
CarolinaOliveiraCosta1,AnnaCecíliaAndriolo1,ThaísHelenaYasuda1,LuizadeQueirozOttoni¹,MarioCezarPires²,JoséAlexandredeSousaSittart²
1Médico Residente do Serviçode Dermatologia do Hospitaldo Servidor Público Estadual –“Francisco Morato de Oliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
²Médico Titular do Serviçode Dermatologia do Hospitaldo Servidor Público Estadual –“Francisco Morato de Oliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
RESUMO A acantose nigricante é relacionada a alterações sistêmicas benignasou malignas e causa formação de lesões cutâneas papilomatosas decor marrom a negra. A pitiríase versicolor é dermatose causada porfungo que é representada clinicamente por lesões de diversos matizesecomdiscretadescamação.Relatamosumcasoclínicodepacientequeapresentaacantosenigricantenaregiãoaxilarcomconcomitantemanchashipocrômicas nesta área causadas pela Malassezia sp, resultando emclareamento das lesões. Paciente feminina, 16 anos, com síndrome dosováriospolicísticos,sobrepeso,acnegrauIIeintolerânciaàglicose,queixadeescurecimentobilateralnasaxilashádoisanos.Aoexameclínico,apeleéespessa,deaspectoaveludadoecornegranasaxilas.Foramobservadasáreashipocrômicasdepermeioàslesõeshipercrômicas,sendoapelemaisdelgadanestasáreas.OexamepelaLâmpadadeWooddemonstrouáreasde cor amarelo-ouro. O examemicológico direto e cultura para fungosdasáreashipocrômicas resultoupositivoparaMalassezia sp.Apacientefoitratadacomantifúngicotópicoeencaminhadaparaacompanhamentomultidisciplinar. Registre-se que as substâncias clareadoras porventura,produzidaspelofungodapitiríaseversicolordevemserobjetodeatençãoparaseremusadasdeformabenéficaparaotratamentodasdermatosescomdistúrbiosdapigmentação.Palavras-chave: Acantosenigricans;Pitiríase;Hipopigmentação
ABSTRACTTheacantosisnigricansisrelatedtosystemicchangesbenignormalignantandcauseformationofcutaneouspapillomatosisbrowntoblack.Pityriasisversicolorisaskinconditioncausedbyfungusthatisrepresentedclinicallyby various lesions andmild flaking.We report a case of a patientwhopresents acanthosis nigricans in the axillary region with concomitanthypochromic spots in this area causedbyMalassezia sp, resulting in animprovement of lesions. Female patient, 16 yearswith polycystic ovarysyndrome,obesity,acnegradeIIandglucoseintolerance,complainingofbilateraldarkeningarmpitstwoyearsago.Atclinicalexamination,theskinis thick, velvety black in the axillary.Hypochromic areaswereobservedin between the hyperchromic lesions, the skin being thinner in theseareas.ExaminationbyWood’s lampshowedareasofyellow-gold.DirectmycologicalexaminationandcultureforfungiareashypochromicresultedpositiveforMalasseziasp.Thepatientwastreatedwithtopicalantifungalandreferredformultidisciplinarytreatment.Substancesproducedbythefungus tinea versicolor should be object of attention that can be usedbeneficiallyfortreatingskinpigmentationdisorders.Keywords:Acanthosisnigricans;Pityriasis;Hypopigmentation
Trabalhorealizado:
ServiçodeDermatologiadoHospitaldoServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
Correspondência:
ServiçodeDermatologiadoHospitaldoServidorPúblicoEstadual– “FranciscoMorato de Oliveira”, HSPE-FMO, SãoPaulo,SP,Brasil.
Rua Borges Lagoa, nº 1755, 4º andar,Ambulatório de Dermatologia, VilaClementino.
Acantose nigricante associada à pitiríase versicolor
Acantosis nigricans associated with pityriasis versicolo
13Revista Científica. 2012; 1(2):12-4
A acantose nigricante se apresentacomo lesãoespessada, verrucosa,deaspectoaveludadoedecormarromanegra,localizadacomumente no pescoço ou pregas cutâneas,podendo estar presente em outras áreas.Está relacionada a alterações orgânicasextracutâneasbenignasoumalignas1,2
A pitiríase versicolor é uma afecçãofúngica causada pelaMalassezia sp, leveduralipofílica encontrada na camada córnea. Suaprevalênciaémaioremregiõesdeclimaquentee úmido. Manifesta-se por lesões de coresvariadas, emgeral comdescamação (Sinal deZileripositivo).ALâmpadadeWoodevidenciafluorescência de cor amarelo-ouro. Examemicológicodiretocompotassa10%demonstraesporos epseudohifas, agrupadosem formasdecachosdeuva3-5.
Apresentamos o caso de uma pacientedo sexo feminino, 16 anos, portadora desíndrome dos ovários policísticos, sobrepeso(IMC=27),acnegrauIIeintolerânciaàglicose.Compareceu ao ambulatório queixando-sede escurecimento bilateral das axilas há doisanos. Ao exame clinico foram constatadasáreas de pele espessada e enegrecida,acentuaçãodas linhas cutâneas, comaspectogrosseiro e aveludado nas axilas (Figura 1).Não apresentava lesões semelhantes emoutras partes do corpo. Nota-se também apresença de áreas hipocrômicas dentro daslesões hipercrômicas, sendo a pele nesteslocaismaisdelgada(Figuras2e3).Foirealizadoexame das lesões com a Lâmpada de Woodque demonstrou áreas de cor amarelo-ourocaracterísticadapitiríase versicolor.O examemicológico direto e cultura para fungos dasáreashipocrômicasfoipositivoparaMalasseziasp. Utilizou-se antifúngico tópico para otratamentoeapaciente foiencaminhadaaosambulatórios de endocrinologia e ginecologiaparaacompanhamentoemconjunto.
A maioria das formas benignas daacantose nigricante se relaciona a resistênciainsulínica como diabetes tipo 2, obesidadee síndrome dos ovários policísticos. Aassociação com obesidade foi anteriormenteclassificada por Curth como pseuso acantose
nigricante. Quando a insulina se liga areceptores de fator de crescimento insulina-símile, induz a proliferação de ceratinócitose fibroblastos4. Já quando a dermatose estáassociada a malignidades, há aumento dofator transformador do crescimento (TGF-alpha) e do fator de crescimento epidérmico(EGF), produzidos pelas células tumorais,induzindoaslesões.Namaioriadoscasossãoadenocarcinomas,maiscomumentedeorigemgástrica.
Naacantosenigricante,microscopica-mente,háaumentodonúmerodemelanócitos,com hipertrofia papilar (papilomatose) ehiperceratose (aumento da espessura daepiderme), além de hiperpigmentação dacamadabasal.
A hipopigmentação causada peloagente fúngico da pitiríase versicolor não édevido somente pelo anteparo físico de suacolonização, mas também pela inibição daenzima tirosinase, que bloqueia a conversãoda tirosina emmelanina ou pela ação tóxicasobreosmelanócitosdosácidosdicarboxílicos(emespecialoácidoazeláico)sintetizadospelofungoapartirdoslipídeosdapele6.
Observa-se que as alterações patogê-nicas causadas pela presença do fungo naepiderme levaram ao clareamento da lesãopigmentar ocasionada pela acantose nigri-cante.Sabe-sequeaaçãodaleveduraocorrepreferencialmente na camada córnea e queas alterações da acantose nigricante são de-monstradascomhiperceratoseemodificaçõescelulares.Aproduçãodeácidosdicarboxílicoseobloqueiodaconversãodetirosinaemme-laninaprovavelmentecausaramoclareamentodalesãohipercrômicadaacantosenigricante.
Através desse relato e da revisão deliteratura recomendam-se mais estudos paraa utilização das substâncias produzidas pelofungonoclareamentodelesõeshipercrômicas.Há no comércio produtos que apresentamtal ação como é o caso do ácido azeláicoutilizado no tratamento de lesões cutâneashiperpigmentadas,acneerosácea.
Costa CO, Andriolo AC, Yasuda TH, Ottoni LQ, Pires MC, Sittart JAS
14 Revista Científica. 2012; 1(2):12-4
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Figura 1: Placa espessada aveludada e enegrecida deaspecto grosseiro com áreas hipocrômicas em seuinterior
Figura 2: Lesões hipocrômicas no interior da acantosenigricantedaaxilaesquerda.
Figura 3: Detalhe das lesões hipocrômicas no interior daacantosenigricantedaaxiladireita
AcantoseNigricanteassociadaàPitiríaseVersicolor
15Revista Científica. 2012; 1(2):15-17
Ilzo Vianna Junior1, Maria LuciaIglesias2
Artigo de Atualização
Correspondência:
Ilzo Vianna Junior
Rua Borges Lagoa, nº 1755, 2ºandar, ambulatório de Ginecologiae Obstetrícia, Vila Clementino - SãoPaulo,SP,Brasil.CEP:04038-034
Email:[email protected]
1MédicodoServiçodeGinecologiaeObstetríciadoHospitaldoServidorPublico Estadual – “FranciscoMorato de Oliveira”, HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
2MédicadoServiçodeGinecologiaeObstetríciadoHospitaldoServidorPublico Estadual – “FranciscoMorato de Oliveira”, HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
Perguntas e respostas sobre HPV
Questions and answers about HPV
Trabalhorealizado:
ServiçodeGinecologiaeObstetríciadoHospitaldoServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
RESUMO
Este artigo contémperguntasmais comumente feitas em tornodainfecção pelo HPV, formas de transmissão, significado patológico,profilaxiaprimáriaesecundária.Asrespostas foramelaboradasemtermosclarosesimplesparamelhorcompreensãodosnãoafeitosasnomenclaturasginecológicasdaspatologiasdotratogenitalinferiorebaseadasematualizaçõespertinentesaotema.
Palavras-chave: Vacinascontrapapillomavirus;Prevençãodecâncerdecolouterino;Infecçõesporpapillomavirus
ABSTRACT
This paper brings us questions,most commonlymade, about HPVinfection, transmissibility, pathological significance, primary andsecondary prophylaxy. The answerswere given in a very clear andsimple way, in order to reach professionals not used to the lowergenitaltractpathologynomenclatureandbasedonrecentknowledgeaboutthetheme.
Keywords: Papillomavirus vaccines; Cervix neoplasms Prevention;papillomavirusinfections
16 Revista Científica. 2012; 1(2):15-7
O QUE É HPV?
OspapilomavíruspertencentesàfamíliaPapilomaviridae, são estritamente espécieespecíficosesãodenominadosdeacordocomo seu hospedeiro. O Papiloma Vírus Humanoou Human Papiloma Virus (HPV), é um víruspequeno,quemede55nmepossuiumaduplafita de DNA circular com aproximadamente8.000 pares de base que codificam9 genes1,2.São descritos aproximadamente 150 tiposdiferentes de HPV Por volta de 40 dessestipos virais infectam o trato genital inferiore 15 são considerados de alto risco, ou seja,com potencial para causar câncer nas regiõesacometidas(colodoútero,vagina,vulva,pênis,ânus,mucosasdaboca,orofaringeetraqueia).
OsdemaistiposviraiscomoHPVtipo6e11,sãoconsideradosdebaixoriscoecomumentecausamverrugas (condilomasacuminados)nasregiões citadas, chamadas popularmente decristadegalo3,4.
1 - COMO ACONTECE A TRANSMISSÃO DO HPV?
O HPV pode estar presente em lesõesde pele e/ou mucosas e sua transmissão sedá, principalmente, através do contato diretoou atrito da área infectada com a pele e/oumucosa sã. É necessário que a pele/mucosasã apresentealgumtipodemicrotraumatismopara que o HPV penetre nas camadas maisprofundas e aí comece a se multiplicar.Esses microtraumatismos são muito comunsdurante o ato sexual e não é necessário quehaja penetração ou ejaculação para que atransmissãoocorra5.
2 - É POSSÍVEL CONTRAIR O HPV DE OUTRAS FORMAS ALÉM DA TRANSMISSÃO SEXUAL?
Sim. O uso de toalhas, roupas íntimas eoutros objetos compartilhados com alguémcontaminado, são formas possíveis decontaminação,porémraras.
3 - UMA VEZ HPV SEMPRE HPV?
Amaioriadaspessoasimunocompetentes(+/-80%) resolve a infecção pelo HPVespontaneamente em até dois anos. Porém,dependendo de alguns fatores como:tabagismo, estado imunológico e nutricional,predisposição genética, concomitância com
outras infecções sexualmente transmissíveiscomoHIV,Clamídia,HerpesSimples,bemcomoo tipo viral envolvido (alto ou baixo risco), ainfecçãopodesetornarpersistente,commaiorprobabilidadedeprogressãoparacâncer.
4 - SÓ AS PESSOAS PROMÍSCUAS CONTRAEM O HPV?
Não. Estima-se que 50% a 80% dapopulação sexualmente ativa terá adquiridoinfecção genital pelo HPV ao longo da vida.Em torno de 20% das pessoas infectadasapresentam lesõesnapeleoumucosaseporvoltade10%dessasprogridemparaocâncer.Éclaroquequantomaioronúmerodeparceiros,maiorachancedecontaminação,porem,bastaum parceiro contaminado para que se dê atransmissãodoHPV.
5 - COMO É FEITA A PREVENÇÃO DO HPV?
Aprevençãoprimáriapode ser feitadeduas maneiras: O uso de preservativo, quegarante 70% de proteção, porque as áreasdescobertas, como bolsa escrotal e regiãopubiana podem estar acometidas. A segundaforma de proteção primária é a Vacina Anti-HPV6.
6 - VACINAS ANTI-HPV
Atualmente temos disponíveis doistiposdevacinasanti-HPVnomercado.Ambasapresentam alta eficácia (95-100%) contraos tipos virais existentes na vacina. Elas sãoprofiláticaseutilizamcomoantígenoaproteínaL1docapsídeoviral,produzindo,porengenhariagenética, partículas semelhantes aos vírus(VLP- vírus like particles). Morfologicamenteessaspartículassãoidênticasaosvírus,semomaterialgenéticoviral.
A vacina bivalente, produzida pelolaboratório Glaxo Smith Kline (GSK) contémas VLP dos vírus 16 e 18, que são os vírusoncogênicos, responsáveis por 70% doscânceres do colo uterino. Aprovada pelaANVISA para mulheres entre 10 e 25 anos,devendo ser aplicada em três doses por viaintramuscular:1ªdosenodia0,2ªdose30diasdepoisea3ªdose180diasdepoisda1ªdose7.
A vacina quadrivalente, produzida pelaMerck, contem 4 tipos diferentes de VLP,derivados dos capsídeos dos vírus 6, 11, 16,
Vianna Junior I, Iglesias ML
17Revista Científica. 2012; 1(2):15-17
e18. Ela imunizanão só contraostipos viraisoncogênicosmais frequentes nos cânceres docolo uterino, como também contra os tiposvirais responsáveis por 90% das verrugasgenitais e pela Papilomatose recorrentedo recém-nascido (PLR), que é adquiridaprincipalmente nomomento do parto, caso agestanteapresenteverrugasnocanaldeparto.A PLR acomete crianças entre 2 e 5 anos deidade e pode causar desde simples rouquidãoaté quadros graves de obstrução respiratória,por causa do crescimento de verrugas nalaringe. Aprovada pela ANVISA para mulheresentre 9 e 26 anos, também deve ser aplicadaem3dosesporviaintramuscular:1ªnodia0,2ª60diasdepoise3ª180diasdepoisda1ª.Emumestudocom3.819mulheresentre24e45anos,a vacina quadrivalente mostrou-se segura eeficaz.AANVISAaindaestáanalisandoopedidodeaprovaçãoparaestafaixaetária8.
7 - MULHERES QUE JÁ APRESENTARAM LESÕES CAUSADAS PELO HPV PODEM SER VACINADAS?
Sim. As vacinas demonstraram umaexcelenterespostaimunogênica,resultandonaprodução de anticorpos neutralizantes contraosHPVsquepodevariarentre50e100vezesmaiorqueainfecçãonatural9.
8 - MULHERES VACINADAS PRECISAM CONTINUAR FAZENDO PAPANICOLAOU?
Sim. A vacina confere imunidade contra70% dos cânceres do colo uterino, que sãoatribuídosaostiposvirais16(+/-50%)e18(+/-20%).Osoutros30%causadospelostiposviraisnão incluídos na vacina ficam descobertos,apesardehaver certograude reação cruzadacontraalgunsdeles,principalmenteo45e3110.
A colpocitologia oncótica ou examede Papanicolaou, associada à colposcopia ehistologia(biópsia),formamotripédaprevençãosecundária. Estes exames vão determinar agravidadee localizaçãodas lesões,orientandoo tratamento para evitar a progressão para ocâncer.
CONCLUSÃO
A infecção pelo HPV é extremamenteprevalentenapopulaçãoemgeralepor issoainformaçãoeaorientaçãosobreelatemgrandeimportância em saúde pública. Sugerimos amanutençãodousodopreservativo,aconsultaanual das mulheres com o ginecologistapara realização de exames preventivos comocitologia oncótica e colposcopia e discutir apossibilidadeda aplicaçãoda vacinaAnti-HPV,que tem semostrado uma excelente arma naprevençãoprimária.
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PerguntaseRespostassobreHPV
18 Revista Científica. 2012; 1(2):18-22
MonicaPaschoalNogueira
Artigo de Atualização
A descompressão do nervo fibular na correção de deformidades e alongamento dos membros inferiores
Peroneal nerve decompression in deformity correction and lower limb lengthening
RESUMO
AslesõesnervosassãoascomplicaçõesmaissériasefrequentesdacorreçãodedeformidadesealongamentoósseoAcorreçãodedeformidadesagudaougradualéfrequentementecomplicadaporlesãonervosa.Onervofibularéomaislesadonaregiãodojoelhoeproximaldatíbia.Adescompressãodessenervodeveserconsideradacomoalternativaprofiláticaeterapêuticaparaevitar lesãoeassegurar a recuperaçãoda lesão.Hádois túneisdecompressãopróximosaocolodafíbula.Oconhecimentodessaanatomiaéimportanteparatodososcirurgiõesquetratampacientesemriscodessalesão.
Palavras chave: Descompressão;Nervofíbular
ABSTRACT
Nerve injury is one of the most serious and frequent complications ofdeformity correction and limb lengthening. Acute or gradual deformitycorrectionorlimblengtheningisfrequentlycomplicatedbynerveinjury.Theperonealnerve is themost frequently injuredaround thekneeandthe upper tibia. Decompression of this nerve should be considered asprophylacticandtherapeutictreatmenttoavoidinjuryandensurerecoveryrespectively. Thereare two tunnelsofentrapmentnear theneckof thefibula. Knowledge of this anatomy is important to all surgeons treatingpatientsatriskofthisinjury.
Keywords:Decompression;Peronealnerve
MédicadoHospitaldoServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMoratodeOlivei-ra”,HSPE-FMO, SãoPaulo, SP,Brasil eda Associação deAssistência à CriançaDeficiente-AACD,SãoPaulo,SP,Brasil.
Correspondência: Monica Paschoal NogueiraCentro de Estudos Ortopédicos doHospitaldoServidorPúblicoEstadual– “Francisco Morato de Oliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.RuaBorgesLagoa,17551ºandarVilaClementinoCEP04038-034–SãoPaulo–[email protected]
Trabalhorealizado:ServiçodeOrtopedia e Traumatologia doHospital do Servidor Público Estadual – “FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
19Revista Científica. 2012; 1(2):18-22
INTRODUÇÃO
Aslesõesnervosassãocomplicaçõessériase frequentes nas correções de deformidadese alongamentos ósseos1-12. A correção dedeformidadesde formaagudaougradualpodeser complicada por lesão nervosa, porque osnervoscruzamfásciaseseptosquegeralmentenãoalongamcomoosoutrostecidosconectivos,resultando na compressão do nervo e suaconsequentelesão.
O nervo fibular é mais lesado em suaporção proximal da perna, próximo ao colo dafíbula, e pode ser facilmente descomprimidoem uma cirurgia simples que inclui a liberaçãoem dois túneis fasciais na parte proximal daperna.Uméformadopelasfásciassuperficialeprofundadomúsculofibular longo,eoutroéoseptointermuscularanteriordaperna.
INDICAÇÕES
9 Traumaagudo
9 Correçãoagudadadeformidade
9 Sinaisesintomasdelesãonervosaduranteoalongamento
9 Indicaçõesprofiláticasespecíficas
9 Correção de valgo ou extensão: correçõesagudasacimade5grausecorreçõesgraduaisacimade15graus
ANATOMIA
A compressão geralmente ocorre no coloda fíbula. A descompressão do nervo fibular éuma técnica reconhecidaparao tratamentodacompressãoelesãodonervofibular7,13.
Oprimeirotúneldecompressãoélocalizadona arcada fascial dos músculos fibulares sobreo nervo fibular comum. Depois de passar soba arcada fascial, o nervo fibular comum sedividenosramosfibularsuperficialeprofundo,ainda no compartimento lateral da perna. Oramo superficial continua pelo compartimentolateral, enquanto o ramo profundo tem quepassar através do septo intermuscular anterior(segundo túnel) entre o compartimento laterale o compartimento anterior da perna.O septointermuscular anterior estende-se da fásciaanterior cobrindo os compartimentos anteriore lateral da perna, até amembrana interósseaentreatíbiaeafíbula.
Paley14identificoudoistúneisdecompres-sãoedescreveuumatécnicacirúrgicaparades-comprimirambosostúneis(Figuras1e2).
Figura 1: Uma incisão obliqua curta é feita na mesmadireçãodonervo.Afásciasuperficialdapernaéseccionadaaoredordosmúsculosfibulares,eonervofibularcomuméidentificado.Afásciadomúsculofibularlongoéseccionada.O músculo fibular longo é afastado medialmente,evidenciando a fáscia profunda domúsculo fibular longo,queéseccionada
Figura 2: A incisão transversa da fáscia é estendida emdireção à tíbia cruzando o septo intermuscular anterior,entreoscompartimentosanteriore lateraldaperna. Osmúsculos em ambos os lados são afastados e o septo éseccionadosobvisãodireta.Onervofibularprofundopassasobessesepto
NogueiraMP
Fonte: Paley D. Principles of deformity correction. Berlin: Springer-
Verlag,2005Fonte: Paley D. Principles of deformity correction. Berlin: Springer-
Verlag,2005
20 Revista Científica. 2012; 1(2):18-22
Adescompressãodonervofibularnacorreçãodedeformidadesealongamentodosmembrosinferiores
TÉCNICA
Essa cirurgia pode ser feita com ou semgarrote,mas preferencialmente comopacientenãocurarizado,porqueassimpodemosobservarseopésemoveduranteadissecçãopróximaaonervo.
O paciente é posicionado em decúbitodorsal, com um coxim ipsilateral, e a perna éfletidapararelaxararegiãoposteriordacoxaeonervofibular.
Aincisãopodevariarde3a5centímetros,longaosuficienteparaexporaentradadonervofibular no primeiro túnel abaixo do músculofibular longo. É uma incisão oblíqua, e empacientesmagrosépossívelpalparonervocercade 1 centímetro abaixo da cabeça da fíbula. Aincisãodevesernotrajetodonervo,eaposiçãocorretadaincisãofazcomqueadescompressãosejasimpleseobjetiva.
Apeleeotecidosubcutâneosãoafastadose a fáscia superficial da perna é então incisadae afastada, e nesse momento o nervo fibularé palpável. O nervo fibular comumé isolado, eseguidoatésuaentradaatrásdomúsculofibularlongo.Essemúsculogeralmentetemumafásciaespessa, que deve ser seccionada na mesmadireção do nervo, protegendo-se o nervo, sobvisão direta. Omúsculo fibular geralmente temuma fáscia espessa, que deve ser seccionadano mesmo sentido do nervo, superficialmente,com o nervo fibular sob visão direta. O ventredonervofibulardeve sermantido intacto. Essemúsculo é então afastado medialmente, e afáscia do músculo fibular longo é seccionada,liberandoonervolocalizadoabaixodela.Muitasvezes, é possível ver o nervo fibular comum sedividindonosseusramossuperficialeprofundo;osuperficial,indodistalmentepelocompartimentolateral,eoprofundo,indoparaocompartimentoanteriordaperna.Omúsculofibularlongodeveser afastado de medial para lateral, e o septointermuscular anterior é isolado, separando omúsculo fibular longo (compartimento lateraldaperna),domúsculoextensorlongodosdedos(compartimentoanteriordaperna).
Os dois lados do septo intermuscularanterior devem ser bem isolados, e o septo éseccionado transversalmente, sob visão direta,comcuidadoparanãoseccionaroramoprofundodo nervo fibular que deve estar cruzando o
septo nessa localização. É muito importante asecçãocompletadoseptoparaadescompressãocompletadoramoprofundo.Asuturadaincisãodeveserfeitaporplanos,subcutâneoepele.
RISCOS - COMPLICAÇÕES
Ascomplicaçõespotenciaisdadescompres-sãodonervosão lesãonervosa, infecção,ehe-matoma.
DISCUSSÃO
Nogueiraetal.15defendemqueadescom-pressãoéeficazparao tratamentoda lesãodonervofibularsecundáriaacorreçãodedeformi-dadesagudasegraduaisealongamento.Aslesõesnervosasporestiramentosãocausadasquandooestiramentoultrapassaaspropriedadeselásticaseplásticasdasfibrasnervosas.
Essas lesões foram tema de vários estu-dos16-18. Acredita-se que a lesão nervosa resul-tantedoalongamentoósseoedacorreçãoagudadedeformidadesdevalgoparavarosejadevidaaoestiramentodonervo.Quandoadescompres-sãodonervoéfeitaempacientessubmetidosaoalongamentoósseo,nointraoperatóriopodeserobservadahemorragia,achatamentodonervonaentradado túnel fascial e reduçãodavasculari-zaçãoperineuralnolocaldacompressão15.Essesachadossãotípicosdecompressãonervosaenãodelesãoporestiramento15.
PaleyandHerzenberg15fizeramadescom-pressão do nervo fibular de forma profilática eterapêutica nas correções de deformidades emvalgodojoelho.Amonitorizaçãointraoperatóriafoiusadaemalgunscasoseumaperdarepenti-nadospotenciaisnervosos foiobservadaminu-tosapósacorreçãodadeformidadeemvalgo15.Adescompressãoimediatadonervolevaàrestau-raçãodospotenciaisnormais15.
O estudo de Nogueira et al15 sugere queo problema pode ser de compressão nervosaao invés de lesão por estiramento. Esse estudodocumentou que, quando as lesões do nervofibularsãocausadasporalongamentoecorreçãoaguda ou gradual de deformidades, o tempodecorrido do diagnóstico até a descompressãoinfluenciou a taxa de recuperação da função
21Revista Científica. 2012; 1(2):18-22
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do nervo. A descompressão precoce resultouem recuperaçãomais rápida dos pacientes e adescompressão mais tardia resultou em umarecuperaçãomaislenta15.Noentanto,esseestudonãoconseguiuencontrarcorrelaçãoentrealesãonervosa e o número de centímetros alongadosatéqueessaocorresse,oquesugerenovamentequeacompressãoenãoalesãoporestiramentosejaacausadalesãonervosa.
A compressão do nervo pode tambémser considerada quando ocorre um trauma oucompressãoaguda.Otraumalevaa inflamação.Os túneis fibulares são geralmente bastanteestreitos,deixandopoucoespaçoparaacomodaro edema adicional. Consequentemente, umalesão secundária pode ocorrer após a lesão deestiramento inicial, quando o nervo apresentaedema contra as paredes não expansíveis dostúneisfasciaisfibulares.
Adescompressãoprofiláticaouterapêuticaé o padrão ouro para a lesão compressiva donervomedianonopunho.Otúneldocarpotem
muitomaiscapacidadedeacomodaredemaqueos túneis fibulares. A descompressãoprofiláticaou terapêutica do nervo em 24 horas devetambémseropadrãoparaotratamentodonervofibular.Seatensãopodeprecipitaracompressão,entãoadescompressãopodesercapazdereduziratensãodonervofibular.
Emumestudoemcadáveres19foidemons-tradoqueosdoistúneisdescritosabaixosãoim-portantespontosdecompressãodonervofibu-lar, equea tensãoaumentaapósaosteotomiaemvaroesereduzapósadescompressãodoner-vofibular,retornandoaosníveisiniciaisnormais.
Emconclusão,adescompressãoprecocedonervofibulardeveserindicadaenquantoalesãoinicialaindaérecuperável,poisalesãosecundáriapode tornar a função do nervo irrecuperável.Isso pode ser sugerido pela observação deque,quantomaioro intervaloentrea lesãoeadescompressão,maioréointervalodetempoatéarecuperaçãodonervo15.
NogueiraMP
22 Revista Científica. 2012; 1(2):18-22
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Adescompressãodonervofibularnacorreçãodedeformidadesealongamentodosmembrosinferiores
23Revista Científica. 2012; 1(2):28-9
CarlosFelipedoRegoBarrosMilito1;RenatodeNovaFriburgoCaggiano2
Qual o diagnóstico?
RESUMO
EstaapresentaçãotemcomoobjetivorelatarumcasodeseringoceledeCowper
adquirida em paciente sintomático e realizar uma revisão bibliográfica sobre o
tema.Opaciente,69anos,Pacientede69anoscomantecedentede ressecção
transuretraldevidoahiperlasiaprostáticabenigna.Umanoapósacirurgiavoltou
aqueixar-sedesíndromemiccional.Aoserrealizadauretrocistografiaretrógrada,
sendoentãorealizadoodiagnóstico.AsglândulasdeCowpersituam-sepóstero
lateralmente a uretramembranosa, drenando através dos seus finos ductos na
porçãoesponjosadauretra.A seringocele consisteemumadilataçãododucto
de ligação da glândula com a uretra. O diagnóstico pode ser radiológico ou
endoscópico.Diantedeumauretrocistografiaretrógradaemiccionalpercebe-se
refluxodecontrasteatéaglânduladeCowper.Observamostambémumaformação
diverticularnoníveldauretrabulbarquecorrespondeàdilataçãodistaldoducto
daglânduladeCowper.
Palavras chaves:SíndromeMiccional;Ucm;SeringoceledeCowper
ABSTRACT
This presentation aims to report a case of Cowper’s syringocele acquired in
symptomatic patients and conduct a literature review on the topic. Patient,
69 years old, with a history of transurethral resection due to benign prostatic
hyperplasia(BPH).Oneyearaftersurgeryhereturnedcomplainingofobstructive
voiding syndrome. Diagnosis wasmade by retrograde urethrography. Cowper’s
glandsaresituatedlaterallyposteriormembranousurethra,drainingthroughtheir
thinductsinthespongyportionoftheurethra.TheCowper’ssyringoceleconsists
ofadilationoftheductconnectingtheglandwithurethra.Thediagnosiscanbe
radiological or endoscopic. Facing a retrograde and voiding cystourethrography
realizesrefluxofcontrasttotheCowper’sgland.Wealsoobservedadiverticular
formationatthelevelofthebulbarurethrawhichcorrespondstodilatationdistal
Cowper’sglandduct.
Keyword: Obstructive voiding syndrome; Cystourethrography; Cowper’s
syringocele
Correspondência:
Carlos Felipe do Rego Barros Milito
CentrodeEstudosdeRadiologia.RuaPedro de Toledo, 1800 - 1º andar -VilaClementino-SãoPaulo-SP-CEP:04039-004.
Trabalhorealizado:
DepartamentodeRadiologiaeDiagnósticoporImagemdodoHospitaldoServidorPúblicoEstadual–“Fran-ciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
1Médico residente do Departamentode Radiologia e Diagnóstico por Ima-gem do Hospital do Servidor PúblicoEstadual – “Francisco Morato de Oli-veira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
2Médico Doutor em radiologia peloDepartamentodeDiagnósticoporIma-gem da Escola Paulista de Medicina,UniversidadeFderaldeSãoPaulo-UNI-FESP-SãoPaulo(SP),Brasil.
Diagnóstico: seringocele de Cowper
Diagnosis: syringocele of Cowper
24 Revista Científica. 2012; 1(2):28-9
DADOS CLÍNICOS
Paciente J.C, sexo masculino, 69 anos,iniciou,em2009,quadrodesíndromemiccionalcom diminuição do calibre do jato urinário,gotejamento pós miccional e disúria. O USGprostático mostrou aumento volumétrico damesma.
Emjulhode2010foisubmetidoàressecçãoprostáticatransuretral.
Em maio de 2011, voltou a apresentarqueixasdesíndromemiccional,sendoatendidonoambulatóriodeurologiadoHSPEeencaminhadoaoDepartamento de Radiologia para realizaçãodeuretrocistografiamiccional.
DISCUSSÃO
AsglândulasdeCowpersituam-sepósterolateralmente a uretra membranosa, drenandoatravésdosseusfinosductosnaporçãoesponjosadauretra.Sãoestruturasparesesuafunçãoestárelacionada à lubrificação uretral durante asrelaçõessexuais.
Aseringoceleconsisteemumadilataçãodoductodeligaçãodaglândulacomauretra.Possuietiologia congênita ou secundária a processosinfecciosos, inflamatórios ou iatrogênicos1,2. Asintomatologia pode variar de assintomático(grande maioria) a sintomáticos (inespecíficos,síndrome miccional, incontinência urinária,hematúria micro ou macroscópica, ITU derepetição).
O diagnóstico é realizado quando surgemos sintomas e pode ser por uretroscopia ouuretrocistografiaretrógrada.
REFERÊNCIAS
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MilitoCFRB;CaggianoRNF
Figuras 1, 2 e 3: uretrocistografiaretrogradaevidenciandoformação diverticular no nível da uretra bulbar quecorresponde á dilatação distal do ducto da glândula deCowper.
25Revista Científica. 2012; 1(2):23-7
Protocolo
Doenças da tireóide: hipotireoidismo, hipertireoidismo, nódulos de tireóide
Thyroid diseases: hypothyroidism, hyperthyroidism, thyroid nodules
Evandro De Souza Portes1, RicardoAyello Guerra2, Ana Beatriz Pinotti2,Pedro Miklos2, Mariana R. NevesCouto3, Lívia Marcela dos Santos3,MelinadaCostaBarelliRamalho3,KelliMonteiro3
1DiretordoServiçodeEndocrinologiado Hospital do Servidor PúblicoEstadual – “Francisco Morato deOliveira”, HSPE-FMO, São Paulo, SP,Brasil.
2Médico Assistente do Serviçode Endocrinologia do Hospital doServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO, SãoPaulo,SP,Brasil.
3Médico Residente do Serviçode Endocrinologia do Hospitaldo Servidor Público Estadual –“FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
Trabalhorealizado:
ServiçodeEndocrinologiadoHospitaldoServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-
FMO,SãoPaulo,SP,Brasil
Correspondência:Serviço de Endocrinologia do Hos-pital do Servidor Público Estadual– “Francisco Morato de Oliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil
RuaBorgesLagoa,nº1755,4ºandar,ambulatório de Endocrinologia, VilaClementino - São Paulo, SP, Brasil.CEP:04038-034.
Serãorealizadosprotocolosvoltadosaomédiconãoespecialistaemendocrinologia eprotocolosprópriosparaonosso serviço. Inicialmentefaremosprotocolosvoltadosaonãoespecialista
OBJETIVOS
1-EstabelecercondutasnaáreadeEndocrinologiaaseremseguidasportodososserviçosdoHospitaldoServidorPúblicoEstadualdeSãoPaulo
2-Definirmétodosdiagnósticos,laboratoriaisedeimagemaseremrealizadoseofluxodeencaminhamentopararealizaçãodestesexames
3-Definirmedicamentosprioritáriosparaatenderospacientescomdoençasdatireóide
DOENÇAS DA TIREÓIDE
Osprotocolosnestaáreaserão:
9 Hipotireoidismo
9 Hipertireoidismo
9 NódulosdeTireóide
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1. HIPOTIREOIDISMO - QUEM INVESTIGAR?
Pacientes portadores dos seguintes sinto-mas/sinais: astenia, fraqueza, apatia, depressão,sonolência,alteraçãodememória,câimbras,sín-dromedotúneldocarpo,edema,ganhodepeso,irregularidademenstrual,dislipidemia,anemia,hi-ponatremia,bócio,déficitdecrescimento,gestan-tes,pacientesemtratamentocomAmiodaronaoucomhistóriafamiliarpositivaparatireoideopatiasautoimune(pais,filhosouirmãos),eaquelessub-metidosàcirurgiadetireóide,àIodoterapiaouaradiaçãoemregiãocervical
SUSPEITA DE HIPOTIREOIDISMO
TSH+T4LIVRE:NORMAIS Excluidohipotireoidismo
TSH: ALTO > 10 + T4 LIVRE:
BAIXOHipotireoidismoprimário
TSH: ALTO (< 10) + T4
LIVRE: BAIXO
Hipotireoidismo primário ou
central
TSH: ALTO + T4 LIVRE:
NORMALHipotireoidismosubclínico
TSH: NORMAL + T4 LIVRE:
BAIXO
Hipotireoidismo central ou
baixooueutireoideanodoente
obs:SeoTSHestiveralterado,eledeveserrepetidoapós4semanas,paraconfirmaçãodiagnóstica.
EXAMES COMPLEMENTARES
Anti TPO: Quando suspeitar de Hipotireoidismoprimário.
TRATAMENTO
Drogas:Levotiroxinanadosede1a1,5mcg/kg,em jejum com água (aguardar 40minutos paraingerirqualqueroutramedicaçãooualimento)
Indicação de tratamento de HipotireoidismoSubclínico
Tratar:TSH>10
Considerar tratamento: anti – TPO positivo,gestantesoumulherescomdesejodeengravidar,sintomas de hipotireoidismo, história familiarpositiva,bócio.
Se for optado por não tratar o TSH deve sersolicitadode6em6meses.
obs:Arespostaaotratamentodeveseravaliadaapós 4-8 semanas com dosagemde TSH e T4L,
uma vez atingida a dose de manutenção fazernovocontroleacada6ou12meses(TSHtemquesemanter normal, preferencialmente em tornode2,5).
Em idosos ou cardiopatas com diagnóstico dehipotireoidismo primário, iniciar com dosesmenores (12,5 ou 25mcg), ajustando amesmacada10dias.
Em gestantes o tratamento deve ser iniciado omaisrápidopossível,mantendoTSH<2,5no1ºtrimestree<3,0no2ºe3ºtrimestre.
Se a suspeita for de Hipotireoidismo Central,descartarapossibilidadedepanhipopituitarismoantesde iniciaro tratamento (solicitarGH,PRL,LH,FSHeRNMdeselatúrcica).
# A qualquer momento encaminhar o pacienteparaoServiçodeEndocrinologia.
2. HIPERTIREOIDISMO - QUEM INVESTIGAR?
Pacientes com: taquicardia, tremores,perda de peso, aumento da sudorese, insônia,irritabilidade, labilidade emocional, miopatiaproximal, sensação de pele quente e úmida,exoftalmia, fibrilação atrial, em uso deAmiodarona,ouportadoresdebócio.
SUSPEITA DE HIPERTIREOIDISMO
TSH+T4LIVRE:NORMAIS excluido hipertireoidismo
TSH: BAIXO + T4 LIVRE: ALTO hipertireoidismo
TSH:BAIXO+T4LIVRE:
NORMAL
+
T3 LIVRE: ALTO
hipertireoidismo
ou
T3 LIVRE: NORMAL
hipertireoidismo
subclínico
TSH: NORMAL + T4 LIVRE:
ALTO
hipertireoidismocentral
oualto
OBS:TSHéoexamecommaiorsensibilidadeeespecificidadenaavaliaçãodesuspeitadehipertireoidismo.
Empacientescomdiagnósticodehipertireoidismosubclínico repetir os exames antes de iniciar otratamento.
PortesES,GuerraRA,PinottiAB,MiklosP,CoutoMRN,SantosLM,RamalhoMCB,MonteiroK
27Revista Científica. 2012; 1(2):23-7
EXAMES COMPLEMENTARES
TRAb: Emcasodedúvidaquantoaodiagnósticode Doença de Graves e em torno da 24ªsemana da gestação em pacientes com sinaisde hipertireoidismo ou história prévia dehipertireoidismotratadocomiodoterapia.
Mapeamento + captação de iodo radioativo da Tireóide (RAIU): quando há suspeita de nóduloautônomo, tireoidite subaguda, ou fonte dehormônio extra tireoidiano (contra indicadoduranteagestaçãoeamamentação)
TSHbaixo+RAIUelevada:
Doença de Graves
Padrãodifuso
Bócio multinodular tóxico
Múltiplasáreasdeabsorçãoaumentadaesupressãofocaleseaautonomiaéextensa,aimagempodeserdifícildedistinguirdaDoençadeGraves
Adenoma Tóxico
Captaçãofocalesupressãonotecidocircundanteedatireóidecontralateral
Induzido por gonadotrofina coriônica
Hipertireoidismogestacional,hipertireoidismofisiológicodagravidez,tumorestrofoblásticos
TSHbaixo+RAIUbaixo:
Hipertireoidismoinduzidopeloiodo
Hipertireoidismoassociadoàamiodarona
Tireoidite
Usoexógenodehormôniotireoideano
USG de tireóide:geralmentenãocontribuiparao diagnóstico diferencial. Quando há contraindicação ao RAIU o aumento de fluxo emcoresaoDopplerpodeserútilparaconfirmarodiagnósticodehiperatividadedatireóide.
TRATAMENTO
Dependedaetiologia
obs: a decisão do tipo de tratamento deve serfeitaemconjuntocomopaciente
Drogas anti tireoideanas
Propiltiouracil:50–150mgaodiafracionadoemduasoutrêsvezes.
Metimazol: 10 a 30 mg ao dia em dose únicadiária.
Opção sugerida em praticamente todos ospacientes que escolhem antitireoideanos comotratamento, exceto durante o 1º trimestre degravidez,quandopropiltiouracilépreferível.
Pode ser usada em combinação com T4(administra-se doses altas de metimazol ese apresentar hipotireoidismo associa-selevotiroxina)
Tempo de tratamento: em torno de 18 meses,deve ser descontinuado se nesta época oTSH estiver normal. Se ainda estiver alteradoconsiderarindicaçãocirúrgicaoudeiodoterapia
Após interrupção do tratamento, a funçãotireoideana deve continuar a ser monitorizadacomintervalode1-3mesesdurante6-12mesespara diagnosticar recidiva precoce. O pacientedeve ser aconselhado a contatar o médicoassistenteseossintomasdohipertireoidismosãoreconhecidos.
Efeitoscolaterais:Rashcutâneo,prurido,hepatite,agranulocitose(rara)
OBS: Controle laboratorial deve ser realizado acada4-8semanasatéqueosníveiseutireoideossejam alcançados com a dose mínima demedicação. Uma vez que o paciente se torneeutireoideo,testesbioquímicoseavaliaçãoclínicapodeserrealizadosemintervalosde2-3meses.
Paciente em uso de droga anti tireoideanaquando apresentar quadro agudo de disfagia /odinofagia ou febre, deve se encaminhar ao PSpara avaliação com hemograma e se confirmaragranulocitoseamedicaçãodevesersuspensa.
Bloqueio beta-adrenérgico
Pacientes idosos com sinais e sintomas dehipertireoidismo,frequênciacardíacaderepousosuperior a 90 bpm ou doença cardiovascularcoexistente.
Propanolol:10-40mg/dia:nãoseletivo,maiorexperiência,podebloquearaconversãoT4paraT3 quando em doses elevadas, preferido paramulheresqueamamentam.
Doençasdatireóide
28 Revista Científica. 2012; 1(2):23-7
Atenolol: 25-100 mg / dia: relativa seletividadebeta.
Metoprolol:25-50mg/dia:relativaseletividadebeta.
Nadolol: 40-160 mg / dia: não seletivo, menosexperiência e pode bloquear a conversãoperiféricadeT4paraT3emdoseselevadas
Esmolol:50-100ug/kg/minEVembombadeinfusão,emUTInoscasosgravesoutempestadetireoideana
obs:Bloqueadoresdoscanaisdecálcio(verapamil,diltiazem)porviaoraltêmtidobomresultadonocontrole da FC em pacientes que não toleramou não são candidatos a bloqueadores beta-adrenérgicos
Radioiodo
Nãoaderênciaouausênciaderespostaaotrata-mentoclínico.
Complicaçõesecontraindicaçõesdasdrogasantitireoideanas
Contra indicadoduranteagestaçãoeamamen-tação
Cirurgia
Compressãosintomáticaoubóciogrande(≥80g)
Suspeitaoudiagnósticodemalignidadenatireóide
Hiperparatireoidismo coexistindo necessitandodecirurgia
obs:Empacientescomdiagnósticodehipertireoi-dismosubclínico,repetirosexamesantesdeini-ciarotratamento.
# A qualquer momento encaminhar o pacienteparaoServiçodeEndocrinologia
3. NÓDULOS EM TIREIDE - QUEM INVESTIGAR?
Pacientescomnódulospalpáveisemregiãocervical.
Pacientescomhistóriafamiliar(pais,irmãosefilhos)deCâncerdetireóide.
SUSPEITA DE NÓDULO DE TIREÓIDE
ULTRASSONOGRAFIASIMPLESDETIREÓIDE
NÓDULO
MENOR QUE
1,0 cm
9 Avaliarfunçãotireoideana
9 ObservarcomUSGanual
9 Suspeitademalignidade*:PAAF
NÓDULO
MAIOR QUE
1,0 cm
9 DosarTSH
9 TSHsuprimido:Cintilografia
9 TSHnormaloualto(nestecasoseguir
também protocolo de hipotireoideis-
mo):PAAF
* SUSPEITA DE MALIGNIDADE
Duranteaanamnese:jovens(<20anos)ouidosos(> 60 anos), sexomasculino, irradiação sobre opescoço, alterações recentesna fala, respiraçãoou deglutição, história familiar de malignidadetireoideanaoudeNEM-2.
Durante o exame físico: consistência firme eirregulardonódulo,fixaçãoatecidosobousobreatireóide,paralisiadecordavocalelinfadenopatiaregional.
Achados ultrassonográficos: lesões hipoecóicas,margens irregulares, microcalcificações,adenomegaliaregional,ausênciadehaloefluxosanguíneointernooucentral.
obs: seacintilografiademonstrarqueonóduloéquente,portantohiperfuncionante(NódulodePlummer)nãoénecessárioaPAAF.
Resultado da PAAF através da Classificação de Bethesda
I-Insatisfatório ou inconclusivo
Preparados com baixa celularidade ou ausênciadecélulasfoliculares.
Conduta:repuncionar
II-Benigno
Preparados com achados consistentes combenignidade.
Nódulo folicular benigno (incluindo nódulocolóide,adenomatoso,consistentecomtireoidite
PortesES,GuerraRA,PinottiAB,MiklosP,CoutoMRN,SantosLM,RamalhoMCB,MonteiroK
29Revista Científica. 2012; 1(2):23-7
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linfocitária(Hashimoto)emseucontextoclínico,consistentecomtireoiditegranulomatosa.
Conduta:acompanhamentocomUSGanualesecrescer>20%repuncionar.
III-Atipia de significado indeterminado ou lesão folicular de significado indeterminado
Preparados celulares com escasso colóide epadrãofoliculardificultandodiferenciaçãoentrequadroreacionaleneoplásicomorfologicamente.
Conduta:repuncionar
IV-Neoplasia folicular ou suspeito para neoplasia folicular
Preparados com alta celularidade com padrãodecélulasisoladas,gruposoumicrofolículosquesugerem arranjo neoplásico, escasso colóide efundohemático.
Conduta:encaminharaoEndocrinologista
V-Suspeito para malignidade
Preparadoscomelementoscitológicossuspeitosparamalignidade,mascommaterialinsuficienteparadiagnósticodefinitivo.
Suspeito para carcinoma papilífero, carcinomamedular,carcinomametastático,linfoma.
Conduta:EncaminharaoEndocrinologista
VI-Maligno
Esfregaçoscomelementoscitológicosdefinitivosquecaracterizammalignidade.
Carcinoma papilífero, Carcinoma poucodiferenciado, Carcinoma medular de tireóide,Carcinomaindiferenciado(anaplásico),Carcinomade células escamosas, Carcinoma metastático,LinfomanãoHodgkin.
Conduta:EncaminharaoEndocrinologista
Doençasdatireóide
30 Revista Científica. 2012; 1(2):30-2
A popularização da tomografia computadorizada, um dos maisimportantes métodos de diagnóstico por imagem da atualidade, tornou autilizaçãodemeiosdecontrasteiodadoalgocomumemnossomeio,queremhospitaisdegrandeporteoupequenasclínicas.Ousodosmeiosdecontrasteiodado tornou-se importante por agregar ao radiologista informações úteisaodiagnósticoeporvezes indispensáveis.Estima-sequecercade70milhõesde exames commeios de contraste são realizados no mundo por ano1. Poroutro lado tais compostosnão são inertesaoorganismoeumdosprincipaisemaistemidosefeitosadversosadvêmdesuanefrotoxicidade,especialmentenaquelescomfunçãorenaljádebilitada.
DeacordocomconceitosdoAmericanCollegeofRadiology2hánefropatiaporcontrastequando:
1)Háaumentorelativode25%dacreatinina
2)Aumentoabsoluto0,5%dacreatinina
3)Exclusãodeoutrosdiagnósticosalternativos
4)Relaçãotemporalentreousodomeiodecontrasteeaalteraçãodafunçãorenal. Início após 24 – 48h com pico entre 5 e 7 dias e recuperação após 2semanas.
Esteartigosepropõeasugerirumprotocolodequandoecomorealizaraprofilaxiaparaanefropatiaporcontraste.
O primeiro passo é a análise dos fatores de risco. Os principais são:insuficiência renal com Cr>1,5 ou TFG<60ml/min por 1,73m2, nefropatiadiabéticacominsuficiênciarenal,insuficiênciacardíacaavançadaououtracausade perfusão renal reduzida, paraproteinemias, drogas nefrotóxicas e idadeavançada(>70anos)2,3.
Asegundaetapaconsistenaestratificaçãodorisco,incluindoocálculodoclearancedecreatininapormeiodafórmuladeCockroft:
(140–idade)xPeso(semulhermultiplicarpor0,85)
72xcreatininasérica
Porfim,baseadonasinformaçõesanteriores,escolhe-seaestratégiaadequada.
Como realizar profilaxia de nefropatia por contraste em pacientes submetidos à tomografia computadorizada
How to perform prophylaxis of contrast-induced nephropathy in patients undergoing computed tomography
Carlos Felipe do Rego Barros Milito1;Tatiane Cantarelli Rodrigues2; Carolina
SasakiVergílio3
1MédicoresidentedoDepartamentode Radiologia e Diagnóstico porImagem do Hospital do ServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
2Médica residente doDepartamentode Radiologia e Diagnóstico porImagem do Hospital do ServidorPúblicoEstadual–“FranciscoMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
3 Médica radiologista assistente daFundação Instituto de Pesquisa eEstudo de Diagnóstico por Imagem -FIDI-SãoPaulo(SP),Brasil.
Protocolo
Correspondência:
Carlos Felipe do Rego Barros Milito
CentrodeEstudosdeRadiologia.RuaPedro de Toledo, 1800 - 1º andar -VilaClementino-SãoPaulo-SP-CEP:04039-004.
Trabalhorealizado:
DepartamentodeRadiologiaeDiagnósticoporImagemdoHospitaldoServidorPúblicoEstadual–“Francis-coMoratodeOliveira”,HSPE-FMO,SãoPaulo,SP,Brasil.
32 Revista Científica. 2012; 1(2):30-2
Considerações a serem feitas
1)Medicaçõesquedevem,sepossível,sersuspensas48horasantesdoexame:Aines,IECA,antibióticos(vancomicina, aminoglicosídeos, anfotericina B),imunossupressores(ciclosporina,tacrolimus)2.
2) Metformina: suspender nas 48h seguintes àutilizaçãodomeiodecontraste2.
3) Paciente dialítico e sem função renal residual:
não tem contra indicações ao uso de contraste.Apreocupaçãoéa sobrecargadevolume. SenãohouverICCprévia,nãohánecessidadedediálisedeurgência.
4)Pacientedialíticoecomfunçãorenalresidual:hágranderiscodenefropatia,nãosendorecomendadoousodecontraste.
REFERÊNCIAS
1. Hong SJ, Cochran ST. Immediate hypersensitivityreactions to radiocontrast media: clinicalmanifestations, diagnosis, and treatment. Uptodatemay,2011.
2.AmericanCollegeofRadiologyManualonContrastMedia,version5.0.Reston,VA:ACR,2004.
3.MehranR,AymongED,NikolskyE,LasicZ,IakovouI,FahyM,etal.Asimpleriskscoresforpredictionofcontrast-induced nephropathy after percutaneouscoronary intervention: development and initialvalidation.JAmCollCardiol.2004;44(7):1393-9.
4. Rudnick MR, Tumlin JA. Prevention of contrast-inducednephropathy.Uptodatemay,2011.
5. Briguori C, Colombo A, Violant A, Balestrieri P,Manganelli F,Paolo Elia P, et al. Standard vs doubledoseofN-acetylcysteine toprevent contrastagentassociated nephrotoxicity. Eur Heart J. 2004; 25(3):206-11.
6. Machado MC, Castagna MT, Reis G, Motta MS,OliveiraJV,OliveiraAL,CamposNetoMS.Nefropatiapor Radiocontraste: tendências atuais. Rev BrasCardiolInvas.2003;11(4):27-30.
Comorealizarprofilaxiadenefropatiaporcontrasteempacientessubmetidosàtomografiacomputadorizada
33Revista Científica. 2012; 1(2):33-6
Resumo de Tese
A influência de manifestações psíquicas e comportamentais na adesão ao tratamento de pacientes submetidos à intervenção coronária
percutânea
RESUMO
Introdução: O diagnóstico de doença coronariana com indicação de
angioplastia é acompanhado de recomendações para modificar hábitos de
vida,como a alimentação e a prática de exercícios físicos, mas estes não são
fáceis de serem modificados. Objetivo: Verificar se manifestações psíquicas e
comportamentaisinfluenciamnaadesãoaotratamentodepacientessubmetidos
àintervençãocoronáriapercutânea.Método:Trata-sedeumestudoprospectivo
sequencial,acasuísticadestapesquisafoicompostapor50pacientes,portadores
de insuficiência coronária aguda ou crônica, com lesão obstrutiva em artéria
coronária. Foram feitas três entrevistas com eles, sendo duas na enfermaria
anteseapósaangioplastiaeumaportelefone6mesesapósoprocedimento.A
pesquisadorapreencheuumquestionário sobre cadapacientebaseando-senas
manifestaçõespsíquicasecomportamentaisobservadas.Resultados: Impotência
esensaçãodeabandonoentreasmulhereseambiguidadeentreoshomensforam
asmanifestaçõespsíquicas comunsnogrupoemqueos cuidados coma saúde
diminuíram.Entretanto,foramcomunsnogrupoemqueocuidadocomasaúde
aumentou:amanifestaçãocomportamentalde limitaçãodeatividadesentreas
mulheres,asmanifestaçõespsíquicasdeesperançaentremulheresehomense
medorealentreoshomens.Conclusão:Foipossívelperceberquehámanifestações
psíquicasecomportamentaisqueinfluenciamnaadesãoaotratamento.
DatadeDefesa:01/09/11
InstitutodeAssistênciaMédicaAoServidorPúblicoEstadual–SãoPaulo,SP,Brasil
Autor:ElaineOrtizdeMoraes
Orientador:GeorgeCesarXimenesMeireles
Nível:Mestrado
34 Revista Científica. 2012; 1(2):33-6
Resumo de Tese
Malária grave em pacientes gestantes internadas em unidade de terapia intensiva
Autor:FlaviaBarbosaFernandes
Orientador:ReginaldoGuedesCoelhoLopes
Nível:Mestrado
RESUMO
Amaláriagestacionalassocia-seaelevadamortalidademanifestadadesdeaanemiaseveraatéaochoquesépticodamaláriagrave,assimcomoa um aumento da morbimortalidade do produto gestacional traduzidoporaumentodaincidênciadeabortosemaláriacongênita.Estetrabalhotemafinalidadedeexporacomplexidadedainfecçãopormaláriagraveem gestantes analisando três casos de pacientes grávidas internadasna Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base em Porto Velho,Rondônia,noperíodode2005a2006,equeevoluíramparaoóbito.Comisto, procura-se evidenciar a evolução indesejada damalária grave emgestantesealertarsobreaimportânciadeumaabordagemmaisracionale completa no atendimento ambulatorial evitando-se assimodesfechofinalgravequepossaocorrer
DatadeDefesa:01/07/11
InstitutodeAssistênciaMédicaAoServidorPúblicoEstadual–SãoPaulo,SP,Brasil
35Revista Científica. 2012; 1(2):33-6
Resumo de Tese
Correlação entre achados de exames de imagem e intra operatórios da tríade portal em doadores
adultos vivos de fígado
Autor:FranciscoLeoncioDazzi
Orientador:MarceloAugustoFontenelleRibeiroJr.
Nível:Mestrado
RESUMO
Introdução: Correlacionarosachadosdosexamesdeimagemrealizadosno pré-operatório com os achados cirúrgicos quanto a anatomia da tríadeportal em doadores para transplante hepático intervivos e avaliar suasalterações anatômicasmais frequentes.Métodos: Foram avaliados pacientesdoprogramadetransplantehepáticodoCentroTerapêuticoEspecializadoemFígado do Hospital Beneficiência Portuguesa de São Paulo. Os dados de 66doadoresforamincluídos,sendo42homense24mulheres,comidademédiade30anos(19a50anos)ecomíndicedemassacorpóreamédiode25,7Kg/m2.Aanatomiapré-operatória foi analisadaatravésde: a) colangiografiaporressonância magnética para estudo dos ductos bilíferos e b) angiografia portomografiacomputadorizadaparaestudodaartériahepáticaedaveiaporta.OsexamesderessonânciamagnéticaforamrealizadosemaparelhosdamarcaG.E®com campomagnéticode1,5 Tesla e os de tomografia computadorizada emaparelhoscommultidetectores,de16e64canais,dasmarcasG.E.®,Toshiba®eSiemens®.Foramutilizadasparaasdescriçõesdasvariaçõesanatômicasdosduetos bilíferos a classificação proposta por Couinaud; da artéria hepática aclassificaçãopropostaporMichelsedaveiaportaapropostaporAkguletal.Resultados:Foramencontradasvariaçõesanatômicasdosductosbilíferosem59,1%dosdoadores,daartériahepáticaem31,8%edaveiaportaem30,3%dos casos. A colangiografia por ressonância magnética apresentou achadosconcordantes em 44 (66,6%) doadores e discordantes em 22 (33,3%). Estesúltimos correspondem a 19 (28,8%) que tiveram exame de imagem normal,masqueapresentavamvariaçõesdosductosbilíferos identificadosduranteacirurgiaeoutrostrês(4,54%)comresultadosdiscordantescomprovadosnointraoperatório.Comrelaçãoàartériahepáticaemtodososdoadoresosachadosdoexamedeimagemforamconcordantescomosdointraoperatório.Comrelaçãoàveiaportaatomografiacomputadorizadaapresentouachadosconcordantesem 59 (89,4%) doadores e discordantes em sete (10,6%). Cinco indivíduoscom anatomia normal pela tomografia computadorizada,mas com variaçõesencontradasduranteacirurgiaeoutrosdoiscomvariaçãodotipo11,deacordocomoexamedeimagememqueointraoperatóriomostrouservariaçãodoTipoIV.Conclusões:Asvariaçõesanatômicasdosduetosbilíferossãofrequentes;acolangiografiaporressonânciamagnéticaapresentaacuráciamoderada(70%);a tomografia computadorizada reproduziu os achados do intra-operatório daartéria hepática em 100% dos doadores, apresentou alta acurácia (89%) naidentificaçãodevariaçõesanatômicasdaveiaportaereproduziuseusachadosintraoperatóriosem89,4%doscasos.
DatadeDefesa:01/10/11
InstitutodeAssistênciaMédicaAoServidorPúblicoEstadual–SãoPaulo,SP,Brasil
36 Revista Científica. 2012; 1(2):33-6
Resumo de Tese
Correlação dos indicadores antropométricos em identificar a sensibilidade e resistência insulínicas
Autor:LiviaNascimentodeMatos
Orientador:CristianeBitencourtDias
Nível:Mestrado
RESUMO
CONTEXTO E OBJETIVOS:Adetecçãoprecocedareduçãonasensibilidade
à insulina (SI) e resistência insulínica (RI), é desejável. Objetivo: determinar a
correlaçãodosindicadoresantropométricosemidentificaraSIeRI,determinando
ospontosdecortedosmaiseficazes.TIPO DE ESTUDO E LOCAL:Estudotransversal
decorrelaçãoemambulatóriodoserviçodeClínicaMédicadoHospitaldoServidor
Público Estadual na cidade de São Paulo.MÉTODOS: Analisou-se 61 indivíduos
comglicemiadejejumnormal(GJN)e43mulherescomsobrepeso.Determinou-
se:índicedemassacorporal(IMC),circunferênciaabdominal(CA),relaçãocintura
quadril,relaçãocinturaestatura(RCE),índicedeconicidadeeosíndicesHOMA-IS
eHOMA-IR.AscorrelaçõesentreosindicadoresantropométricoseSIeRIforam
determinadas.AnáliseROCfoiempregadacomdeterminaçãodasáreasabaixoda
curva (AUC)epontosdecorte.RESULTADOS:Nogrupode indivíduoscomGJN,
demonstraramcorrelaçãocomoHOMA-IS,oIMC(r=-0,50;P=0,002)eRCE(=
-0,45;P=0,007).AcurvaROCdemonstrousignificânciaestatísticaparaIMC(AUC
=0,769;P=0,005),RCE(AUC=0,764;P=0,01)eCA(AUC=0,702;P=0,04);os
melhores pontos de corte foram 33,3 kg/m2, 0,67 e 100 cm, respectivamente.
Entremulherescomsobrepeso,asmelhorescorrelaçõescomoHOMA-IRforam
demonstradaspelaRCE(r=0,37;P=0,01),eomelhorpontodecortefoi0,70(AUC
=0,61;P=0,25).CONCLUSÃO:OSindicadoresmaispromissoresparaindicarSIem
indivíduos comGJN foram IMC,RCEeCA. Entremulheres com sobrepeso,RCE
demonstroumaiorhabilidadeemidentificarRI.
DatadeDefesa:01/02/11
InstitutodeAssistênciaMédicaAoServidorPúblicoEstadual–SãoPaulo,SP,Brasil