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    FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA, TACIANA SANTOS, DANIEL PEREIRA DA SILVA E SAMIR LUNA DE ALMEIDA

    Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação 5

    REVISTA DEEMPREENDEDORISMO,NEGÓCIOS E INOVAÇÃO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABCAVENIDA DOS ESTADOS, 5001

    BAIRRO BANGU, SANTO ANDRÉ - SP.CEP 09210-580

    E-MAIL: [email protected]

    COORDENAÇÃOAGÊNCIA DE INOVAÇÃO INOVAUFABC

    ECONOMIA INTERDISCIPLINARINTERDISCIPLINARY ECONOMICS 

    RESUMO

    O conhecimento das Ciências Sociais em geral pode ser ampliado pelaexploração de métodos de análises interdisciplinares. O objetivo deste artigoé divulgar a nova fronteira teórica da Ciência Econômica que se inspiraem metodologia de Outras Ciências, tanto em Ciências Humanas comoEconomia Comportamental (ou Psicologia Econômica), quanto em CiênciasSociais como Economia Institucionalista (ou Sociologia Econômica), e atémesmo em Ciências Naturais como Economia Evolucionária (ou Biologia

    Evolucionista). Analisa também como a Economia da Complexidade (ouEngenharia da Computação Econômica) reúne esses diversos insights eescalas de análise interdisciplinares, reintegrando a partição da realidaderealizada pelas diversas Ciências Afins. Uma interpretação multidisciplinardos fenômenos macroscópicos emergentes a partir das interações entreagentes busca superar a visão anacrônica do mundo, inspirada nomecanicismo da Física newtoniana, ainda adotada por economistasdesatualizados.

    Palavras-chave: Metodologia Econômica – Economia Comportamental –Institucionalismo – Evolucionismo – Complexidade.

     ABSTRACT  

     Knowledge of the social sciences in general may be extended by the operatingmethods of interdisciplinary analysis. The purpose of this paper is to promote newtheoretical border of Economic Science. It is inspired in other Sciences methodology,both in Humanities and Behavioral Economics (or Economic Psychology) and inSocial Sciences as Economics Institutionalist (or Economic Sociology) and even in

     Natural Sciences as Evolutionary Economics (or Darwinian evolutionary biology). It also analyzes how the Economics of Complexity (or Computer Engineering Economics) brings together these various insights and interdisciplinary analysisscales, reintegrating the partition of reality held by the various allied Sciences.

     Looking at the economy as a complex system, it is understood that the interactionsbetween parts generate an outcome called emerging. It cannot be observed in the levelof economic agents. This theoretical framework is an alternative to reductionism.

     Keywords:  Economic Methodology - Behavioral Economics - Institutionalism - Evolutionism - Complexity.

    Fernando Nogueira da

    Costa(Professor-Titular do IE-UNICAMP)

    Taciana Santos(Mestre e Doutoranda do IE-

    UNICAMP)

    Daniel Pereira da Silva(Mestre e Doutorando do IE-

    UNICAMP)

    Samir Luna de Almeida

    (Graduado FFLCH-USP e Pós-graduando IE-UNICAMP)

    Classificação JEL / JEL Classification: B41

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    1. INTRODUÇÃO

    Houve três estágios na evolução científica.No primeiro, a Ciência Aristotélica erahierárquica, tal como se caracterizavam associedades da Antiguidade e da Era Medieval.

    A Terra era vista situada no centro da esferaceleste, fora da qual haveria um reino eterno,onde viveria um Deus onipotente e onisciente.De acordo com sua Lei de Movimento, tudose encaminharia para seu lugar natural porpredestinação divina.

    No segundo estágio, a Física Newtoniana e aTeoria Política Liberal de John Locke, criadasno contexto da primeira revolução burguesa (ainglesa), no século XVII, tinham algo em comum.

    Não havia um centro, havia sim partículas quese moviam em uma estrutura fixa com noçãoabsoluta de espaço e tempo. Similarmente,o direito de propriedade foi conquistado edefinido de uma maneira independente àhistória, em relação a noções absolutas deDireito e Justiça. Na Política, a MonarquiaAbsolutista foi substituída pela MonarquiaParlamentarista ou Constitucionalista, mas,na Ciência, não se relativizou...

    A Teoria da Relatividade e a TeoriaQuântica foram criadas no século XX,caracterizando o atual estágio científico. ACiência passou a reconhecer que não existenada fixo, nem espaço nem tempo absoluto,tudo está em relação a outras coisas. As redesde relacionamentos estão constantementeevoluindo. As propriedades emergentes dascoisas dependem dos tipos de interações.

    A Teoria Quântica diz respeito a umsistema físico cujas grandezas físicas

    observáveis assumem valores discretos,de tal modo que a passagem de umdeterminado valor para outro ocorre demaneira descontínua, segundo as Leisda Mecânica Quântica. Esta é relevantepara descrever sistemas microscópicos,cujos efeitos específicos não são somenteperceptíveis em tal escala, mas tambémemergem em fenômenos macroscópicos.

    Há dois grandes temas a serem tratados na

    Ciência do Século XXI. O primeiro se refereaos modos relacionais de pensar sobre omundo. O segundo trata da auto-organização

    e/ou dos modos darwinistas de pensar sobreo mundo. A evolução do pensamento sobreespaço, tempo e cosmologia, e também dopensamento sobre a sociedade, caminha emdireção da união dessas duas grandes ideiasadvindas do darwinismo e do relacionismo.

    Na Ciência Biológica de Darwin, a seleçãonatural trabalha no Universo Relacional compropriedades (tais como “adequação”) quese referem a relacionamentos de algumasespécies com outras espécies. Destacam-seas regras de originação-adoção-retenção e/ou reprodução. Inspira conceitos tais comoinovação, dependência de trajetória, padrãocomportamental com novos hábitos e rotinasorganizacionais, e estabilização institucional.

    A lei de movimento se refere ao processo dedescoordenação-reordenação-coordenaçãoda macroestrutura.

    Para que as leis da Física se portassemda mesma forma em todos os quadrosreferenciais inertes, elas teriam de parecerdiferentes quando vistas de um quadro paraoutro. Einstein observa o deslocamentorelativo, deduzindo que o tempo e a posiçãosão conceitos relativos. Observadores

    em movimento relativo, uns aos outros, vivenciam o espaço e o tempo de formadiferente. Não há simultaneidade absoluta.O universo é constituído por relações.

    Um exemplo de Ciência Contemporâneaé a visão de que qualquer agente em umaDemocracia está inserido em uma rede derelacionamentos, onde há contínuos conflitosde interesses, concessões mútuas, cooperaçãoou colaboração. Esta é a condição da Políticapara a emergência de uma sociedade melhor.

    No entanto, para Gomes (2015), “a CiênciaEconômica é hoje a ciência dos modeloslógicos e coerentes, modelos estes que sãorigorosos de um ponto de vista conceitual eonde as noções de racionalidade, equilíbrio,otimização e eficiência são dominantes. Parair além deste paradigma, a busca obsessiva pelocomportamento otimizador tem de ser descartadaem favor de uma abordagem multidisciplinar queatribua relevância à experimentação e à análise

    cuidadosa dos fatores de natureza institucional. Um dos campos científicos que melhorpode prestar auxílio à Ciência Econômica na

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    procura por um paradigma de complexidadeé a Física, onde já há muito a visão mecanicista domundo que a Ciência Econômica continua a adotar foi substituída por uma interpretação baseada nainteração entre agentes” (grifo nosso).

    O conhecimento das Ciências Sociais em

    geral pode ser ampliado pela exploraçãodesses métodos de análises interdisciplinares.O objetivo deste Texto para Discussão édivulgar a nova fronteira teórica da CiênciaEconômica que se inspira em metodologia deOutras Ciências, tanto em Ciências Humanascomo Economia Comportamental (ouPsicologia Econômica), quanto em CiênciasSociais como Economia Institucionalista(ou Sociologia Econômica), e até mesmo

    em Ciências Naturais como EconomiaEvolucionária (ou Biologia Evolucionista).Analisa também como a Economiada Complexidade (ou Engenharia daComputação econômica) reúne esses diversosinsights e escalas de análise interdisciplinares,reintegrando a partição da realidade realizadapelas Ciências Afins.

    A hipótese adotada aqui é que, analisandoa economia como um Sistema Complexo,

    entende-se que as interações entre suas partesgeram um resultado, chamado emergente,que não pode ser observado no nível dosagentes econômicos. Este referencial teóricoé alternativo ao reducionismo da mainstream dos economistas.

    A estrutura de apresentação será a seguinte.Além desta Introdução com uma visãosumária de seu objetivo, hipótese de análise emetodologia empregada, constará de quatrotópicos – Economia Comportamental,

    Economia Institucionalista, EconomiaEvolucionária, e Economia da Complexidade– e a Conclusão com uma síntese dosprincipais resultados alcançados pelopensamento econômico interdisciplinar.

    2. ECONOMIA COMPORTAMENTAL(OU PSICOLOGIA ECONÔMICA)

    A Economia Comportamental se situa

    na interface de estudos econômicos epsicológicos. Embora possa-se registrarinterlocuções entre as concepções econômicas

    e psicológicas desde Adam Smith, essearcabouço teórico é essencialmente umproduto do pós-Segunda Guerra Mundial,tendo aumentado substancialmente nosúltimos 30 anos.

    Ela não se constitui como um projeto de

    pesquisa único e coerente, guardando, na verdade, uma coleção de modelos, muitosdeles conflitantes entre si. A EconomiaComportamental acaba por encontrarharmonia na postura crítica em relaçãoà capacidade descritivas dos modelosneoclássicos e na proposta genérica deaumentar o poder explicativo e preditivo dateoria econômica, através de fundamentaçõesmais plausíveis do comportamento e das

    formas de cognição dos agentes.A despeito do termo “comportamental”,essa abordagem tem pouco a ver com achamada Psicologia Comportamental.Antes, ela surge como uma aplicação daPsicologia Cognitiva ao campo da tomadade decisões econômicas. A revoluçãocognitiva, na década de 1950, introduziuuma nova maneira de ver o cérebro: comoum processador de informações.

    A partir dessa concepção, vale dizer,ontológica, Castro (2014: 17) entende que aatividade mental estaria assentada no mundofísico mediante os conceitos de informação,computação e retroalimentação. A variedadeinfinita de comportamentos poderia sergerada por uma quantidade finita demodelos mentais. Sob a variação superficialentre culturas e indivíduos poderia havermecanismos mentais universais.

    A abordagem psicológica dos cognitivistas

    concebe a mente como um filtro sensorialque processa informações através de modelosmentais, modelos estes cuja analogiapertinente são os scripts de um computador.O modo pelo qual as informações do ambientesão processadas cognitivamente remete aoconceito de schema. Segundo Mandler (1984,apud D’Andrade, 1995: 122), schema é tantoa representação abstrata unitária quantoo processamento informacional de uma

    regularidade ambiental, seja um objeto, sejaum evento. De forma concordante, Dimaggio(1997: 269) os relaciona aos mecanismos

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    automáticos de cognição, ou seja, à cogniçãoimplícita, não verbalizada e rápida. Taisschemas, sob condições de informaçõesincompletas, provêm a forma padrão deconceber as características dos objetos edos eventos, bem como os vínculos que eles

    estabelecem entre si (Dimaggio, 1997: 269).Eles seriam, assim, a menor parte de umarepresentação mental unitária, distinta erestrita (D’Andrade, 1995: 122).

    Por sua vez, os modelos mentais se fazemcom um conjunto de elementos cognitivos,no limite, os próprios schemas, que, juntos,representam algum padrão. Em geral, osindivíduos utilizam tais modelos pararesolver mentalmente algum problema,

    para além de uma simples representação deum objeto ou de um evento. Nesse sentido,os modelos mentais diferem dos schemas,pois podem ser compostos de uma coleçãode elementos que se faz extensa e complexademais para ser contida na memória decurto-prazo e nos mecanismos automáticosda cognição (D’Andrade, 1995: 151-2).

    Os schemas  e modelos mentais sãoresponsáveis, dessa forma, por perceber,

    processar e recuperar informações, permeadaspelas sugestões oferecidas pelo ambiente.Embora alguns desses mecanismos cognitivosestejam intermitentemente disponíveis,é mais frequente que eles sejam ativadosquando ocorrem determinados estímulosexternos como conversas, observações,incitações físicas, etc. Ademais, o resultadoda interação entre determinada informaçãoe o modelo mental ou o schema ativado podeser diverso e incoerente no tempo e no espaço.

    Além das estruturas de processamentocognitivo próprias da condição humana, aspessoas adquirem, ainda, muitos schemas  emodelos ao longo de suas vidas, sendo algunsdestes mutuamente inconsistentes, tantono conteúdo quanto na implicação para ocomportamento (Dimaggio, 1997).

    É exatamente dessas estruturas cognitivas queprovém “a microfundação da sociologia dasinstituições” (Dimaggio, 1997: 271), uma vez que

    é através delas que ocorre a institucionalizaçãomental da cultura. A cultura se faz, então, paraos cognitivistas, como “um sistema de símbolos

    externos à pessoa, incluindo o conteúdo dafala, os elementos que constroem o ambiente,as mensagens dos meios de comunicação, eos significados embutidos nos padrões deatividade observáveis” (Dimaggio, 1997, p. 274).

    Ainda, segundo Dimaggio (1997: 274), as

    pesquisas da Psicologia Cognitiva apontamque a cultura funciona como um repertório detécnicas ou um kit de ferramentas estratégicaspara a cognição. São regras de pensamentointernalizadas, ou preposições que guiam ainteração de elementos informacionais e aprodução cognitiva. Os indivíduos, assim,reagem ao ambiente, não passivamente, comoquerem os behavioristas, mas ativamente,selecionando, organizando e interpretando

    os estímulos externos, de maneira particulare, por vezes, padronizada.No gérmen das interlocuções entre a

    Economia e a Psicologia Cognitiva, HerbertSimon (1955) propõe uma versão alternativa aoagente metodológico perfeitamente racionalda Economia Neoclássica. Simon constataque a racionalidade humana é limitadapor uma gama de restrições cognitivas eambientais, restrições essas que impedem

    que o indivíduo se comporte idealmente.As pessoas desenvolveriam, então, modelosmetais que simplificariam e categorizariaminformações e estímulos externos.

    Por esses meios, Simon logra avançaralguns passos na direção da congruênciaentre o agente econômico metodológicoconvencional e o indivíduo real em suasações sociais. Certamente, a possibilidadedesse avanço reside na particularizaçãopadronizada representada pelos schemas  e

    modelos mentais. Ao incluir nos modelose análises econômicas algumas variáveiscomportamentais verificadas, os economistaspodem aumentar rigorosamente a relevânciade seus estudos, ampliando a aleatoriedadedos componentes erráticos.

    A partir dos trabalhos seminais de Simon, aEconomia Comportamental se desenvolveuem diversas trajetórias de forma, por

     vezes, divergente. Pertinentemente, Castro

    (2014) subdivide essas trajetórias em doisgrupos, referenciados pelo posicionamentoquanto ao estatuto prescritivo do modelo

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    de racionalidade da economia neoclássica.São eles: os “radicais” e os “reformistas”(Castro, 2014: 3).

    Os economistas comportamentais radicaissão aqueles mais próximos dos critériosmetodológicos de Simon. Eles tomam as

    concepções neoclássicas de racionalidadeplena dos agentes representativos comodemasiadamente afastadas das possibilidadesreais da cognição. Em contraposição, ede forma geral, essas abordagens radicaispropõem conceber a racionalidade comolimitada ou baseada em regras (rule following),bem como conformam a tomada de decisõesdos agentes econômicos pelo imperativocomportamental da satisfação (satisfacing),

    atribuindo a elas, inclusive, caracteres deheurística e acentuada complexidade.Por sua vez, os economistas

    comportamentais reformistas são aquelesque não refutam as normas de racionalidadedos modelos neoclássicos, por atribuíremimportância à capacidade normativa dessesmodelos. Antes, esses economistas tomama escolha plenamente racional como casogeral e propõem estudos cognitivos que

    indiquem a ocorrência sistemática dedesvios e anomalias dessa racionalidade. Apartir da identificação dessas distorções,as abordagens reformistas procedem demaneira a formular teorias alternativasde otimização restringida. Essas teoriasgeneralizam os modelos existentes sem,contudo, abandonar as premissas básicasda teoria neoclássica no que concerne àspreferências, à utilidade, ao equilíbrio e àmaximização (Castro, 2014: 41-2) .

    Para além dessa classificação propostapor Castro, vale aqui destacar a importanteinterlocução teórica estabelecida pelaEconomia Comportamental e a EconomiaInstitucionalista. Essa articulação está baseadaem congruências ontológicas e epistêmicas.Amplia as possibilidades de aplicações deambas as abordagens econômicas.

    Como já observamos, Dimaggio (1997)aponta que os schemas  e modelos mentais

    são responsáveis pela internalização mentalde elementos informacionais externos.Consoante a isso, Dequech (2011) admite que

    as instituições influenciam os indivíduos demaneira informacional, prática e profunda.Além de conceder informações aos agentes,as instituições também incorporam(ou corporificam) tanto conhecimentospráticos e tácitos, como modelos mentais

    compartilhados, de modo que “desempenhamuma função cognitiva profunda ao influenciaro modo como os indivíduos selecionam,organizam, e interpretam informações.”(Dequech, 2011: 9).

    Esse autor sugere, ainda, três tipos deinfluência que as instituições exercemsobre o comportamento econômico. Oprimeiro diz respeito à “função restritiva dasinstituições”, isso é, regras de pensamento

    e de comportamento que visam conterdeterminadas ações econômicas. A segunda,chamada “função cognitiva das instituições”,refere-se tanto ao arcabouço informacionalque as instituições provém aos indivíduos,inclusive com respeito à ação de outraspessoas, quanto à influência sobre apercepção individual de realidade. Dessamaneira, influem em como os indivíduosselecionam, organizam, ou interpretam

    informações. Por fim, a denominada “funçãomotivacional” ou “teleológica” diria respeitoà influência institucional nas motivaçõespessoais. (Dequech, 2006: 117).

    Dentre os conceitos básicos incorporadosda Psicologia Cognitiva pela EconomiaComportamental estão:

    • a disponibilidade, que se refere aosdiferentes graus (de facilidades) deacesso a um conteúdo mental;

    • a saliência, que concerne na capacidade

    de um estímulo de atrair a atenção dealguém;

    • a aplicabilidade, que associadisponibilidade e saliência, como ajusteentre o conteúdo mentalmente ativo e oestímulo externo;

    • a motivação, entendida como o processodirigido à satisfação de uma complexaestrutura de objetivos, valores eobrigações das pessoas; e

    • as crenças, que são o produto dapercepção seletiva, da memóriacontextual e das pressões de um

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    pensamento tendencioso e pouco lógico(Castro, 2014).

    Esses vieses cognitivos podem influenciaros preços dos ativos. O desafio teóricoé, então, ser capaz de sugerir resultantesmacroeconômicas desses comportamentos

    heterogêneos.Pesquisadores em Economia Comportamental

    (ou Psicologia Econômica) apontam essasinfluências dos fatores individuais, abandonandoa uniformidade comportamental, suposta pela“racionalidade genérica” do homo economicus,no momento de escolher. Reconhecem que háfatores variantes também entre grupos sociais,por exemplo, no tocante à capacidade de suportarfrustrações, ao tamanho das ambições, e à visão

    de curto ou de longo prazo. Para dar contada emergência desse Todo, que configura umSistema Complexo, os elementos psicológicos,assim como os filosóficos, os políticos, ossociológicos e os biológicos, devem fazer partedos estudos contemporâneos interdisciplinaresde Economia.

    3. ECONOMIA INSTITUCIONALISTA(OU SOCIOLOGIA ECONÔMICA)

    Um dos desafios na tentativa deincorporação de instituições na análiseeconômica diz respeito a distinguir osníveis de abstração. No plano da CiênciaPura, abstrai-se todas as instituições “nãoeconômicas”. No plano da Ciência Aplicada,reincorpora-se o que foi antes abstraído paraformular as teorias puras. Então, com as áreasde conhecimento de outras Ciências Afins,em especial, sobre instituições, a Economia

    torna-se interdisciplinar.Dessa forma, um problema inicial claro

    é definir o que se entende por “instituição”.Tal conceito pode abarcar tanto a ideia deinstituições formais, tais como organizações, leise regras, quanto instituições não-formais  comosão os padrões de comportamento e/ou depensamento. Depois desta definição inicial,outras questões teóricas e metodológicasapresentam-se: qual é o papel das instituições

    sobre o comportamento dos agentesindividuais ou coletivos? Qual é o espaço paraa mudança institucional? E como ela se dá?

    Em torno desses problemas conceituaise analíticos, e por razões ligadas àruptura da tradição, o institucionalismoé frequentemente dividido em VelhoInstitucionalismo e Novo Institucionalismo.

    Situado historicamente no início do século

    XX, o Velho Institucionalismo Econômicoestá associado a autores como Wesley Mitchel,Thorstein Veblen, Allan Schmid, WarrenSamuels e Clarence Ayres. Mesmo agrupados,não há entre esses autores uma agenda depesquisa única. Rutherford (1994) organiza-osem dois programas de investigação. O primeiroprograma estaria assentado, sobretudo, nasproposições de Veblen e nos desenvolvimentosposteriores feitos por Ayres. Suas proposições

    estão relacionadas à busca de compreensãosobre os efeitos de novas tecnologias sobresistemas institucionais e sobre os modos comoconvenções sociais estabelecem-se. Revelacomo interesses anteriores, tais como grandesinteresses corporativos, resistem às mudanças.

    Por sua vez, o segundo programa deinvestigação, ligado às proposições deSamuels e Schmid, atenta para leis, direitosde propriedade e organizações, e como elas

    impactam o poder econômico, as trocas e adistribuição de renda. Observa-se tambémuma atenção para as instituições comoum tipo de cristalização de processos deresolução de conflitos.

    A diversidade encontrada nas análisesdaqueles geralmente agrupados sob aclassificação de Novo Institucionalismopode-se dizer que é ainda maior. Rutherfordsubdivide-os em grupos. O primeiro estápreocupado com questões sobre direitos de

    propriedade e de direito comum, entre osquais Posner e Demsetz. O segundo gruposeria o daqueles mais orientados aos estudossobre como explicar escolhas públicas,entre os quais estariam Olson e Mueller. Háainda uma última vertente que incluiria osesforços de autores como Douglas North,Shubik e Schotter, cuja ênfase está na análisepropiciada por Teoria dos Jogos. O NovoInstitucionalismo foi definido também com

     vista à inclusão de autores austríacos e neo-schumpeterianos.Sobre os “velhos” institucionalistas,

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    as críticas dos “novos” se dirigem,principalmente, à falta de uma teoria porparte deles. Apontam também a tendênciaao holismo, o uso excessivo de análisesbehavioristas e a incapacidade de dar ênfase aprocessos principais. Os “novos” contrapõem

    a colocação de um foco nos processosindividuais de tomada de decisão à ênfasedos “velhos” em processos não intencionais eevolutivos no desenvolvimento institucional.

    Sobre os “novos” institucionalistas, os“velhos” comentam que a teoria adotada poreles é abstrata e formal. Os “novos” partemdiretamente desse alto nível de abstraçãopara um individualismo metodológicoreducionista, além de apresentarem um

    indivíduo muito racional e extremamenteautônomo face às próprias instituições.Contudo, além daquela divisão em grupos,

    apresentada por Rutherford, há aindaoutra proposição de classificação dos neo-institucionalistas feita por Hall e Taylor(2003). Para eles, uma melhor compreensãocomeça pela diferenciação das três escolaspresentes nas Ciências Sociais sob essaalcunha . São elas:

    1. o Institucionalismo Histórico;2. o Institucionalismo da Escolha Racionale

    3. o Institucionalismo Sociológico. Juntamente com a gênese de cada escola,

    duas questões seriam fundamentais para acompreensão dos três métodos das escolassupracitadas:

    1. a relação entre instituição ecomportamento; e

    2. o processo pelo qual as instituições

    surgem ou se modificam.Quanto a essas questões, os neo-

    institucionalistas fornecem dois tiposde resposta. Os partidários da  perspectivacalculadora  dão ênfase aos aspectosdo comportamento humano que sãoinstrumentais e orientados no sentidode um cálculo estratégico. Eles postulamque os indivíduos buscam maximizar seurendimento com referência a um conjunto

    de objetivos definidos por uma função depreferência dada. Ao fazê-lo, eles adotamum comportamento estratégico, vale dizer,

    eles examinam todas as escolhas possíveispara selecionar aquelas que oferecem umbenefício máximo.

    Em geral, os objetivos ou as preferências doagente são definidos de maneira exógena comrelação à análise institucional. As instituições

    afetam os comportamentos ao ofereceremaos agentes uma razoável expectativa quantoao comportamento presente e vindouro dosoutros agentes. As instituições se mantêmporque elas levam a um suposto “Equilíbriode Nash”, ou seja, os indivíduos aderem aesse modelo de comportamento porque cadaqual perderá mais ao evitá-lo do que ao aderira ele. Abandonam as posições antagônicas enegociam uma cooperação mútua.

    Os partidários da  perspectiva cultural  enfatizam o fato de que os indivíduos recorremcom frequência a protocolos estabelecidos oua modelos de comportamento já conhecidospara atingir seus objetivos. Desse ponto de

     vista, as instituições fornecem modelos moraise cognitivos que permitem a interpretação ea ação. A persistência das instituições ocorreporque muitas das convenções ligadas a elasnão são o objeto explícito, inicialmente, de

    decisões individuais. Certas instituiçõesseriam tão “convencionais” ou tão usuaisque escapam a todo questionamento direto.Enquanto construções coletivas, não podemser transformadas de um dia para o outropela simples ação individual. Sem contarque elas estruturam as próprias decisõesconcernentes a uma eventual reforma que oindivíduo possa imaginar e adotar.

    O Institucionalismo Histórico desenvolveu-se contra a análise da vida política em

    termos de grupos e contra o funcionalismo-estruturalista. Seus teóricos retinham a ideiade que o conflito entre grupos pela apropriaçãode recursos escassos era central à vida política,mas buscavam melhores explicações paradar conta das situações políticas nacionaise, em particular, da distribuição desigual dopoder e dos recursos. Eles encontraram essaexplicação no modo como a organizaçãoinstitucional da comunidade política e das

    estruturas econômicas entram em conflito,de tal modo que determinados interessessão privilegiados.

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    Esses teóricos foram igualmenteinfluenciados pela concepção, própriaao funcionalismo-estruturalista, dacomunidade política como um SistemaComplexo composto de partes queinteragem. No entanto, consideravam a

    organização institucional da comunidadepolítica, objeto da Economia Política, oprincipal fator a estruturar o comportamentocoletivo e a propiciar resultados distintos.O funcionalismo-estruturalista, além dasteorias dos conflitos entre grupos sob a formade variantes pluralistas e neomarxistas,ambas influências levaram numerososautores a dedicar uma atenção particularao Estado. Este deixa de ser visto como um

    agente neutro, arbitrando entre interessesconcorrentes, mas sim como um complexo deinstituições, capaz de estruturar a natureza eos resultados dos conflitos entre os grupos.

    De modo global, os teóricos doInstitucionalismo Histórico defineminstituição como os procedimentos, osprotocolos, as normas e as convenções oficiaise oficiosas inerentes à estrutura organizacionalda comunidade política e econômica,

    considerando-a um objeto da análise daEconomia Política. Pelo menos, quatrocaracterísticas são próprias desta escola:

    1. tendência a conceituar a relaçãoentre instituições e comportamentoindividual em termos muito gerais,fazendo uso tanto da perspectivacalculadora, quanto da cultural ;

    2. ênfase nas assimetrias de poderassociadas ao funcionamento e aodesenvolvimento das instituições;

    3. tendência a formar uma concepçãodo desenvolvimento institucional queprivilegia as trajetórias, as situaçõescríticas e as consequências imprevistas;e

    4. busca por combinar explicaçõesda contribuição das instituições àdeterminação de situações políticascom uma avaliação da contribuição deoutros tipos de fatores, como as ideias

    individuais, a esses mesmos processos.O Institucionalismo da Escolha Racionalsurgiu em estudos de comportamentos

    no interior do Congresso dos EstadosUnidos. Ele inspirou-se, em larga medida,na observação de um paradoxo significativo:se os postulados clássicos da Escola daEscolha Racional eram exatos, deveria serdifícil reunir maiorias estáveis para votar

    leis no Congresso norte-americano. Nele,as múltiplas escalas de preferência doslegisladores e o caráter multidimensionaldas questões deveriam rapidamente gerarciclos políticos, nos quais cada nova maioriainvalidaria as leis propostas pela maioriaprecedente. No entanto, as decisões doCongresso eram de notável estabilidade.Os analistas buscaram uma resposta pelolado das instituições. Explicaram que as

    instituições do Congresso diminuíam oscustos de transação ligados à conclusãode acordos, de modo a propiciar a certosparlamentares os benefícios de eventualtroca, permitindo a adoção de leis estáveis.As instituições consolidadas resolviam umagrande parte dos problemas práticos de açãocoletiva enfrentados pelos legisladores.

    Quatro propriedades ligadas a esse enfoqueestão presentes na maioria das análises:

    1. uma série característica de pressupostoscomportamentais como preferênciasdadas e utilitarismo;

    2. a vida política e econômica como umasérie de dilemas de ação coletiva emque os indivíduos agem de modo amaximizar a satisfação de suas própriaspreferências mesmo com o risco deproduzir um resultado sub-ótimo paraa coletividade;

    3. ênfase no papel da interação estratégica

    na determinação das situações políticase econômicas; e

    4. enfoque próprio no tocante à explicaçãoda origem das instituições – dedução,classificação estilizada, existência comreferência ao valor assumido –, em queo processo de criação de instituições,em geral, está centrado em acordo

     voluntário, sendo a sobrevivência delasdevida às suas ofertas de benefícios aos

    agentes interessados.O Institucionalismo Sociológico surgiuno quadro da Teoria das Organizações, no

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    momento em que certos sociólogos puseram-se a contestar a distinção tradicional entre aesfera do mundo social, vista como o reflexode uma racionalidade abstrata de fins emeios (de tipo burocrático), e as esferasinfluenciadas por um conjunto variado de

    práticas associadas à cultura. Os teóricosdessa escola começaram a sustentar quemuitas das formas e dos procedimentosinstitucionais utilizados pelas organizaçõesmodernas não eram adotadas simplesmentepor serem as mais eficazes, como implica anoção de uma “racionalidade” transcendente.Essas formas e procedimentos deveriamser considerados como práticas culturais,comparáveis aos mitos e às cerimônias.

    Três características do institucionalismoem Sociologia, possíveis de serem adotadasem Economia, conferem-lhe uma certaoriginalidade:

    1. tendência a definir as instituiçõesde maneira sistêmica, incluindo ossistemas de símbolos, os esquemascognitivos e os modelos morais quefornecem “padrões de significação” queguiam a ação humana;

    2. o modo de encarar as relações entreas instituições e a ação individual emconsonância com o “enfoque cultural”(mencionado antes) com matizes;

    3. os institucionalistas sociológicossustentam que as organizações adotamcom frequência uma nova práticainstitucional por razões que têm menosa ver com o aumento da sua eficiênciado que com o reforço que oferece àlegitimidade social de seus adeptos.

    Pode-se dizer, enfim, que o institucionalismoé uma corrente de pensamento cujas vertentese subdivisões são inúmeras. Embora suasdiferenças tenham sido muitas vezestratadas como irreconciliáveis, na verdade,não necessariamente o são. Tanto paraRutherford, quanto para Hall e Taylor, essasdiferenças dizem mais respeito à ênfase e aofoco. Contudo, há razões para pensar quetemos a aprender todas as contribuições, em

    uma perspectiva de elaborar uma EconomiaInterdisciplinar, assim como cada uma delasdeveria aprender com as outras.

    4. ECONOMIA EVOLUCIONÁRIA(OU BIOLOGIA EVOLUCIONISTA)

    A interdisciplinaridade também contemplouelementos e conceitos imbricados emestudos das Ciências Sociais e das Ciências

    da Natureza. De fato, quando a ideia daevolução dos seres vivos emergiu, por meioda obra “A Origem das Espécies”   de autoriade Charles Darwin, publicada em 1859,muitas teorias, como a criacionista (“avant lalettre”), foram questionadas. A nova hipótesedefendida propiciou o avanço de outras áreasdo conhecimento, tais como a Sociologia e aAntropologia. A concepção da origem da vidae da manutenção de uma “estabilidade” no

    mundo, que seria supostamente coordenadapor um Deus, foi substituída pela ideia demudança e de evolução, segundo a qual ohomem passou a ser fruto de uma interaçãoentre organismo e ambiente.

    Esse foi o objeto de estudo de Darwin(1809-1882) que, precedido por Lamarck(1744-1829), identificou que os organismosevoluíam e sofriam mutações devido àinteração com o meio ambiente, onde se

    realizava uma espécie de “seleção natural”,cuja adaptação apresentava-se como aspectocrucial à sobrevivência. Essa evolução édecorrente da luta pela sobrevivência, tendoem vista que o organismo não se apresentacomo um componente independente eisolado das partes, do conjunto ou docontexto, mas se apresenta como integrantedo meio. Portanto, ele tem de se adaptar aoclima, à competição, aos predadores, entreoutros fatores, assim como esses também são

    afetados pelo organismo que ali vive.Atualmente, muitos desses termos

    inerentes aos campos da Biologia e daEcologia são utilizados pela CiênciaEconômica para explicar a estratégia deempresas, o funcionamento dos mercados eas transformações relacionadas ao progressotecnológico. De forma analógica, muitoselementos econômicos são observados comoelementos da natureza.

    Assim, a concorrência é comumentecaracterizada como competição; o progressotecnológico como evolução; a busca e a

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    seleção de inovação como adaptação ou seleçãonatural . Esse campo de estudos que relacionao sistema econômico com a Teoria BiológicaEvolucionista engloba as ideias da áreadenominada como Economia Evolucionáriaou Evolucionista. Ele tem como base o

    estudo do comportamento dos agenteseconômicos, mas sem focar particularmentenos resultados, e sim no processo dinâmico einstável, pelo qual se busca a sobrevivência, aruptura, a inovação, e a adoção no progressodo sistema econômico.

    Há relações de interação benéficas emaléficas entre espécies iguais ou diferentes,tais como comensalismo  (quando uma sebeneficia sem prejudicar a outra), cooperação 

    (benéfica para ambas, mas dispensávelpara uma delas),  protocooperação  (benéficae indispensável para ambas), mutualismo, parasitismo, e outras tantas. Elas tambémpodem ser relacionadas, analogicamente,com relações entre empresas do mesmo oude diferentes setores, quanto à produção deexternalidades positivas ou negativas, bemcomo quanto à competição, dependênciaintra e intersetorial, e adoção de estratégias

    que eliminam concorrentes.Além desses, o conceito da irreversibilidade de uma mudança, retratado por Darwin,se contrapõe à forma mecanicista deobservação dos agentes econômicos e sealia à implementação de uma inovação. Équando se associa a origem à inovação, aadoção à seleção e a reestruturação àadaptação.Também a concepção de herança genéticae de diversidade pode ser usada em estudosmicro e macroeconômicos. Por exemplo,

    “não apenas os caracteres adquiridospodem ser ‘herdados’, por aprendizado ouimitação, como também situações adversaspodem provocar variação e mutaçãoesporadicamente” (Possas, 1988: 161).

    Essa visão econômica se contrapõe,inicialmente, à corrente neoclássica, queformula modelos, teorias e estudos que

     visam identificar o equilíbrio de empresas ede mercados, em um mundo estático, onde,

    coeteres paribus, o resultado é mais importanteque o processo. Em contrapartida, aEconomia Evolucionária tem suas raízes na

    preocupação acerca da permanente mudançado mundo, especialmente no progressotecnológico, conforme a abordagem de Marxe de Schumpeter (Possas, 1988).

    A concepção de transformação e demudanças nas relações econômicas, entre

    capitalistas e proletariado, era observada porMarx, que percebia a relevância do progressotécnico no sistema capitalista. Suas análisesenfatizavam o processo de concentração ede centralização de capital, em que o avançotecnológico apresenta um “alerta de perigo”,

     já que “ele abre com a especulação e o sistemade crédito milhares de fontes de súbitoenriquecimento” (Marx, 1867: 454).

    A linha de pensamento evolucionária

    foi desenvolvida por Schumpeter, queconfigurou o papel do processo de “destruiçãocriadora”, atribuindo papel central àinovação – de insumos, de processos deprodução, de produtos, de mercados –, bemcomo ao crédito e ao empreendedorismo,como fatores promotores não somente docrescimento, mas também (e principalmente)do desenvolvimento econômico, viamudanças qualitativas na estrutura e/ou

    capacidade produtiva. Ao longo do trabalhode Schumpeter, é possível identificar emseu próprio vocabulário a relação que eleestabelecia entre Biologia e Economia,Natureza e Sociedade.

    [...] é uma conclusão que se segue da análise do processo de seleção social na sociedade capitalista. A natureza do processo determina também osentido no qual a palavra superioridade deve serentendida. Pode-se mostrar ainda, por análisesemelhante de outros meios sociais, que o mesmose aplica a todas as classes dominantes sobre as

    quais dispomos de informações de origem histórica.Ou, em outras palavras, é possível demonstrarem todos os casos que, em primeiro lugar, asmoléculas humanas sobem e descem dentro daclasse na qual nasceram, parecendo confirmara hipótese de que assim procedem em virtudedas suas qualidades relativas. É possível mostrartambém, em segundo lugar, que sobem e descem damesma maneira através das fronteiras da classe.

     Essa queda e ascensão para classes inferiores esuperiores demoram, de maneira geral, mais deuma geração. Essas moléculas, por conseguinte, são

    antes famílias do que indivíduos. E o fato explica por que os observadores que focalizam a atençãosobre os indivíduos deixam com tanta frequênciade encontrar relação entre a habilidade e a posição

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    na classe e mostram-se inclinados a ir ao ponto decontrastá-las. Pois, os indivíduos se iniciam comqualidades tão diferentes que, excetuados os casosde êxito pessoal fora do comum, essa relação, quealém disso se refere apenas a uma norma e deixasuficiente espaço para as exceções, revela-se comclareza muito menor se deixarmos de examinar

    toda a cadeia, da qual cada indivíduo é um elo.(grifo nosso).Embora Schumpeter relate em seus

    trabalhos a influência recebida dos estudos deMarx, é nítida a influência do darwinismo nasua forma de avaliar as relações econômicase sociais. A observação do homem como“um elo” na cadeia se contrapõe aos estudoseconômicos predominantes da época, que

     viam os indivíduos como seres autônomose informados, de racionalidade ilimitada,e detentores de preferências definidas. Aocontrário, Schumpeter aborda a relaçãomútua do ser vivo com o ambiente, ou seja,“a noção do mundo concebido como umamáquina, um mecanismo, estaria dando lugara um modo de pensar em termos de relações,conexões, contexto” (Cerqueira, 2000: 8).

    De modo semelhante, a trajetória vivenciada e as formas de relaçõesentre indivíduos, empresas e mercados

    conduzem a um processo de aprendizageme de conhecimento que, por analogia,assemelham-se a comportamentos estudadosno campo da Ecologia. Assim, a economiaassocia esse processo de aprendizado e deconhecimento às estratégias e trajetóriasadotadas pelas empresas, caracterizadas pelopapel das rotinas na escolha da inovação aser adotada ou implementada. Também aseleção natural é associada à busca e à difusão

    de determinadas inovações, de processos e deprodutos pelo mercado.Esses estudos sobre seleção e trajetória

    foram amplamente desenvolvidos por Nelsone Winter (2005), que utilizaram a abordagemevolucionista ao tratar das relações entreempresas e mercados, o que configuroua linha de pensamento denominada“Neoschumpeteriana”. Também emcontraposição à Economia Neoclássica,a noção de equilíbrio é substituída pelodesequilíbrio dos mercados assimétricos,assim como as decisões racionais que visam

    maximizações são impossibilitadas, frenteà instabilidade do meio e às incertezas quenorteiam o indivíduo. Para esses autores,o surgimento de inovações e o decorrenteprocesso de difusão são o resultado de uma“interação endógena entre estratégia (da

    firma) e estrutura (do mercado) ao longo dotempo” (Possas, 1988: 162).

    Além do trabalho de Schumpeter e Nelsone Winter, a Economia Evolucionária contoucom a influência e a participação tambémdos trabalhos desenvolvidos por ThorsteinVeblen, pelos institucionalistas americanos,pelos estudos darwinistas e pela teorizaçãode Sistemas Complexos (Cerqueira, 2000).Sobre esse último, pesquisadores abordaram

    o intercâmbio de informações, de matériae de energia com o ambiente, de modo queintegrantes de Sistemas Complexos sofreriammutações frente às variações, seleções eheranças hereditárias.

    A grande e principal contribuição da analogiada Ciência Econômica com a Ciência Biológicaevolucionária está relacionada à inclusão do“pensamento contextual”. Como abordadoanteriormente, a teoria econômica baseada

    em procedimentos analíticos apresentava-secom um caráter reducionista, pois tratava deindivíduos independentes e informados, queintegravam o meio por agregação e, não, porrelações de trocas mútuas, seja entre si, sejacom o meio ambiente natural ou institucional.Pelo contrário, a constatação de que indivíduoe meio interagem, mutuamente, e de queo contexto deve ser observado, e pode sermodificado por adaptações e por trajetóriasconduzidas pelos processos de aprendizado

    dos indivíduos, contemplam uma novaabordagem. Nela, o pensamento sistêmicose sobrepõe ao reducionista  (Cerqueira, 2000;Prado, 2006).

    Além disso, a articulação e a acumulaçãode ideias e de conhecimento consolidam umanova constatação: o pensamento, as ideias,as inovações, as adaptações e as mudançasnão apenas denotam a irreversibilidade,  mastambém um efeito em “cadeia” ou em rede. Isso é

    observado nas novas relações entre empresase mercados, nas formas de cooperação e decompetição, nas imbricações dos avanços

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    tecnológicos, e também nas transformaçõesinstitucionais.

    Por isso, a Economia Evolucionária“conversa” com a Economia Comportamental,com a Institucionalista e com a daComplexidade. Com relação à primeira, a

    observação do comportamento dos agentespermite reforçar os limites da racionalidadedos indivíduos, as escolhas frente às incertezase a influência exercida pelo meio. De modosemelhante, a adoção das estratégias e aobservação das trajetórias sofrem influênciadas instituições, bem como as instituiçõesexercem o poder de orientar e direcionaro progresso tecnológico e as atitudes dosagentes econômicos. Tudo isso interfere no

    processo evolucionário, seja por normasou regras, seja pela promoção de políticaspúblicas. Quanto à terceira, a constatação dainteração do indivíduo com o meio tambémcontribui com as trocas de conhecimento, deaprendizado e de comportamentos imitativosou adaptativos tão estudadas pela Economiada Complexidade. Por isso, a EconomiaEvolucionária está imbricada com essas (eoutras) áreas dos saberes interdisciplinares.

    Quando associada à abordagem demudança e de consolidação de paradigmastecnológicos, também se pode compreenderas transformações no mundo em longoprazo, onde insumos, processos de produção,produtos, empresas e mercados vivemtambém processo similar ao da extinção deespécies. Quando não há extinção, o carátercumulativo de inovações, de processos,de aprendizado, levam à concepção dadependência de trajetória  que, por analogia,

    associa-se à herança hereditária. Em poucaspalavras, a história importa.

    Embora o contexto seja enaltecido naabordagem evolucionária, em contrapontoao caráter isolado e estático do mundoeconômico neoclássico, não é necessárioafirmar que a Economia Evolucionária éparte da corrente econômica heterodoxa.Alguns instrumentos e métodos de pesquisascomuns a todas as correntes de pensamento

    são utilizados por estudos evolucionistas.Esse é o caso de Axelrod (1984), que mostroua “evolução da cooperação”, a partir do duelo

    entre cooperar ou competir, nos estudos decasos cotidianos, ilustrados por meio daTeoria dos Jogos.

    Por isso, antes de classificar a EconomiaEvolucionária como pertencente a essa ouàquela corrente, deve-se destacar a sua maior

    utilidade: a possibilidade de usá-la comoimportante instrumento na elaboração de políticas públicas. Isso porque juntamente coma Economia Comportamental, a observaçãodo processo pode revelar preciosasinformações para a obtenção de resultados,de metas e de solução de conflitos. Por sua

     vez, esses dois campos são necessários àEconomia Institucionalista. O uso dessasabordagens como forma de observação

    dinâmica e empírica do objeto de estudo podeparecer uma necessidade óbvia, mas não é –especialmente quando se é lembrado do mitopelo qual o estudo da economia deve focarmais o presente e o passado que o futuro, ouseja, que a Economia deve observar mais eprever menos.

    A propósito da relação do tempo, é precisodestacar ainda que o tempo biológico é diferentedo tempo econômico. No primeiro, as mudanças

    levam séculos, milênios. Na segunda, asmudanças estudadas ocorrem de forma cada vez mais rápida, isto é, a cada conjuntura. Paraque se possa falar em curto e em longo prazo,onde são alocadas as relações entre preçose produtos e as decisões de investimento ede progresso tecnológico, respectivamente,arbitra-se com base em mudança qualitativa:o longo prazo ocorre quando se mudou aestrutura e/ou a capacidade produtiva.

    Finalmente, deve-se lembrar de que um

    mau entendimento do darwinismo biológicodesencadeou uma deturpação via a Teoriado Darwinismo Social. Seu principal autor,Spencer, estendendo de maneira mecânicao modelo biológico evolucionista para acivilização humana, acreditava que o maisapto era aquele indivíduo mais adequado àsua sociedade, isto é, à economia de mercado.Isto, para ele, significava ter qualidadesmentais, morais e físicas mais desenvolvidas.

    Se a seleção natural não fosse limitadapor regras institucionais, para Spencer,os membros mais inaptos da sociedade

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    acabariam sendo eliminados na competiçãopor recursos. Quem não tivesse dinheiro,educação, força de vontade ou talento seriaultrapassado por membros mais férteis ebem sucedidos da sociedade!

    Portanto, deve-se atentar para que essas

    abordagens excludentes não tomem formasperigosamente racistas, especialmente, em ummundo onde, em busca do reconhecimentodo mérito, adota-se o individualismo do“cada um por si”. De maneira desenfreada,o darwinismo social leva a sociedade àselvageria da competição capitalista semregulação, quando os poderosos esmagam ossocialmente indefesos.

    5. ECONOMIA DA COMPLEXIDADE(OU COMPUTAÇÃO ECONÔMICA)

    Sistemas Complexos são compostos pormuitas partes interligadas que interagem.Como são muito difíceis de seremrepresentados por equações matemáticas,como é a prática usual na Física, o estudode redes de relacionamentos  se tornaramfundamentais para o entendimentode Sistemas Complexos. Estes revelamcomportamento que não pode ser previstosó pela observação de seus componentesisolados, pois eles emergem justamente dasiterações de regras de interações.

    As redes  são representações ideais deSistemas Complexos. Os nódulos na rede sãoas partes do sistema e as ligações  são dadaspelas interações.

    Complexo não significa complicado. Algo“complicado” compreende muitas partes

    pequenas, todas diferentes, sendo quecada uma delas tem o seu próprio papelno mecanismo de causa-e-efeito. Por sua

     vez, um Sistema Complexo é constituídopor muitos componentes similares; é ainteração entre eles que configura umcomportamento globalmente coerente ecapaz de ser interpretado.

    Sistemas Complexos têm muitaspartes interagindo de acordo com regras

    simples, individuais. As interações entreelas resulta em propriedades emergentes visíveis apenas na observação do todo. No

    entanto, o comportamento do sistemacomo um todo não pode ser previsto, comofaz o reducionismo, apenas a partir docomportamento individual. Novamente, “otodo é maior que a soma de suas partes”.

    Para a análise sistêmica, o primeiro passo

    é encontrar as regras simples das quaisemerge a complexidade. “Simplificar acomplexidade” significa esboçar o design de sistemas: coleta-se dados de populações,analisa-se os padrões complexos e tenta-seexplicá-los. De maneira interdisciplinar,é nas interações entre conhecimentos deespecialistas que se produzem competênciastransfronteiriças para resolver problemascomplexos. A colaboração e/ou a cooperação

    são componentes de Sistema Complexo.Uma formação generalista também énecessária para se estabelecer o diálogoentre especialistas.

    Construir boas ferramentas de visualizaçãode redes, cadeias e interconexões ajuda adesvendar a Complexidade. Se focar apenasem uma ligação, e então excluir o resto, elana realidade fica menos previsível do quese considerar todo o Sistema Complexo

    e então escolher as esferas de influênciaque mais importam. Muitas vezes é umaparticularidade de um nódulo que importa,dentro de interconexões de um ou doisgraus, para abranger toda a Complexidade.Em uma rede ordenada, deve-se focalizaro nódulo-chave, então, olhar um grau, doisgraus ou três graus além deste nódulo, eeliminar boa parte do diagrama que estáfora da esfera de influência.

    Simplicidade muitas vezes é a contrapartida

    da Complexidade. Assim, para qualquerproblema, quanto mais tirar o foco sobre elee observar toda a Complexidade, melhor achance de focalizar nos detalhes simples quemais importam.

    Economia da Complexidade analisaO Todo no plano da teoria, conceitual eformalmente. Trata-o como um SistemaAdaptativo Complexo que se desenvolveprocessualmente, pondo e repondo

    desencontros de planos, expectativas oumesmo de contradições estruturais, emconstante processo de auto-reprodução

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    e emergência. O sistema econômico realopera fora e longe do equilíbrio, emboraseja auto-organizado.

    Furtado e Sakowski (2014) fazem umadidática resenha dos autores clássicos que,em conjunto, contribuíram com os avanços

    do que seria uma Ciência da Complexidade.Com base no pensamento original dessesautores, os aspectos centrais de SistemasComplexos são sintetizados:

    1. a interação entre agentes (homogêneosou heterogêneos) e meio-ambiente(natural e socioeconômico);

    2. as propriedades emergentes dasredes de relacionamento entre classesde comportamentos com a auto-

    organização sem autoridade (ouplanejamento) central;3. a importância da não linearidade –

    desvios, percalços ou complicações – ede outras escalas de descrição e análise,dada a redundância da escala 1:1;

    4. as regras de interações sem possibilidadede dedução precisa de seu determinismocaótico;

    5. a ênfase na dinâmica, variações ao longo

    do tempo, seja com dependência detrajetória, seja com retroalimentação;6. as noções de aprendizado, adaptação e

    evolução com inovação ou ruptura.É necessário valorizar as escalas na

    modelagem. Frente à complexidadeobservada, não adianta que o modelo sejaigual à realidade: a escala 1:1 é redundantee inútil. A meta é descrever o mínimonecessário, mensurando a essência dofenômeno, de modo que a modelagem em

    certas escalas possa ocorrer. O dilema doscientistas está no trade-off   entre descrever omínimo essencial ou ganhar maior realismo.

    O exemplo do GPS talvez ajude a esclarecerdidaticamente. O aqui-e-agora pode serpercebido em distintas dimensões. Agoraestou na rua X, no bairro Y, na cidade Z,no Estado W, país B, continente S, planetaT... Qual análise de minha situação é maisútil para minha localização? Depende do

    problema a ser enfrentado.Nem tudo pode ser visto como umSistema Complexo. Muitas vezes, a

    aparência, seja individual, seja sistêmica,engana. Uma dinâmica aparentementecomplexa pode ocorrer a partir de simplesregras de iterações de interações.

    Outra metáfora da Complexidade, figuraque pode ser visualizada, está em um  fractal. 

    É uma estrutura geométrica complexa,cujas propriedades, em geral, repetem-seem qualquer escala. Um fractal é um objetogeométrico que pode ser dividido em partes,cada uma das quais semelhante ao objetooriginal. Os fractais têm infinitos detalhes,são geralmente auto-similares e em escala.Em muitos casos, um fractal pode sergerado por um padrão repetido, tipicamenteum processo recorrente ou iterativo. Uma

    curva geométrica de Koch – um dos primeirosfractais a serem descritos – tem umaautossimilaridade que se repete infinitamentequando é ampliada.

    Em Economia, o Paradoxo da Parcimônia – setodos indivíduos aumentam sua poupança,as vendas e as rendas caem, diminuindoa poupança agregada – é o sofisma dacomposição mais conhecido. Mas há outrosexemplos econômicos de que “o Todo é

    fenômeno emergente maior do que a merasoma das Partes”. Por exemplo, cada bancosupõe fazer apenas intermediação financeiraneutra entre depósitos e empréstimos,quando todos os bancos, isto é, o sistemabancário multiplica moeda através de sucessivasrodadas de empréstimos que criam depósitos.Outro exemplo: os saldos individuais deaplicações financeiras são aparentementeinsignificantes, entretanto, a captação dedepósitos centralizada em certos bancos constitui

    significativo lastro de crédito direcionadopara setor prioritário ao desenvolvimentosocioeconômico. O processo de multiplicaçãode renda  propicia também outro fenômenoemergente em termos macroscópicos.

    O conhecimento dessa complexidademacroeconômica é a particularidade doconhecimento de economistas face ao bancode dados constituído por estudos de casosde gestão empresarial. Economia não pode

    ser aprendida pela repetição de simplesregras de negócios, embora seu objetoresulte dessa iteração replicante. É o caso

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    contrário deste, que implica em aleatoriedadee imprevisibilidade, há alguma “ordem nocaos”, observada nas propriedades comunsuniversais encontradas em Sistemas Caóticos.

    Um comportamento aleatório pode emergirde sistemas determinísticos, sem nenhuma

    fonte externa de aleatoriedade. Assim, podeser impossível se prever o que ocorrerá emlongo prazo, devido à dependência sensívelde condições contingentes iniciais.

    Entretanto, a Teoria dos Sistemas Dinâmicosproporciona um vocabulário matemáticopara caracterizar esse tipo de comportamentoem termos de bifurcações, atratores e propriedadesuniversais  das maneiras em que os sistemaspodem mudar sem convergirem para um

    hipotético equilíbrio. O estudo detalhado desistemas de tecnologia de informações resultaem uma renovação da compreensão científicada ordem, do acaso e da previsibilidade.Modelos ideais transformam complexidade emsimplicidade. São capazes de serem estudadospor matemática ou via computadores. Elescapturam propriedades fundamentais dosSistemas Complexos Naturais.

    Os pesquisadores desses sistemas vivos

    necessitam entender como as suas dinâmicassão utilizadas para processar as informaçõese adaptar-se a ambientes em mudança.De maneira interdisciplinar, essas ideiassobre dinâmica estão sendo combinadascom ideias das teorias da informação,computação e evolução.

    6. CONCLUSÃO

    No final do século XIX, os economistas

    acreditavam que a Ciência Econômicapoderia se tornar Ciência Natural ou Exata.A partir da revolução marginalista, a Física ea Matemática começaram a ser usadas comoferramentas na análise econômica. Com opensamento neoclássico, a queda da hipótesehedonista e a crítica à mensuração daspreferências na Teoria da Escolha, iniciou-seo processo de expurgo de todos os elementospsicológicos, histórico-institucionais e

    evolucionistas.A adoção de pressupostos estritamenteracionais e do método hipotético-dedutivo-

    lógico elimina qualquer resquício defundamento psicológico na análiseeconômica. A maioria dos economistasteóricos supõe que as diferenças individuaisque não estejam de acordo com ocomportamento racional são eliminadas no

    nível agregado, devido à arbitragem realizadano mercado.

    A partir dos anos 1960, a PsicologiaCognitiva estudou o processo mentalque está, hipoteticamente, por detrás docomportamento. Organizou as críticas aopressuposto da racionalidade completae destacou a importância dos fatoresemocionais na tomada de decisão dos agenteseconômicos.

    Nos anos 1970, os psicólogos DanielKahneman e Amos Tvesky explicaramanomalias devido à racionalidade limitada,contrapondo-se desta forma aos axiomas daTeoria da Escolha Racional. Essa linha depesquisa passou a ser chamada de EconomiaComportamental pelos economistas ou dePsicologia Econômica pelos psicólogos.

    Às premissas neoclássicas de racionalidade,atomismo e simetria de informações, os

    economistas comportamentais contrapõem,respectivamente, irracionalidade,dependência da forma e ineficiência domercado. Os investidores baseiam suasdecisões em regras de bolso, cuja maioriaé inconsistente, o que faz com que tenhamcrenças enviesadas. Eles têm sua percepçãosobre o risco e o retorno de investimentobastante influenciada pela forma como oproblema é apresentado. Os vieses heurísticose dependência da forma desviam os preços de

    seus fundamentos empresariais, setoriais emacroeconômicos. Esses desvios dos “preços

     justos” não são apenas pequenas anomaliasrandômicas corrigidas por arbitragem.

    Em suas abordagens evolucionistas dosprocessos sociais, os institucionalistasdão grande importância à análise docomportamento coletivo e às transformaçõesoperadas. O comportamento humanorevela tendências definidas que terminam

    por configurar um padrão de ação coletivaque com o tempo torna-se uma instituição.Instituição é, pois, um conjunto de hábitos,

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    costumes e modos de pensar cristalizadosem práticas aceitas e incorporadas pelacomunidade. Lógica de ação é um conjuntode regras socialmente compartilhadas erecorrentes de pensamento e comportamento.Constitui-se de schemas e um modelo mental  

    e/ou regras comportamentais.Instituições são, então, as restrições criadas

    para dar forma às interações humanas.Estabelecem essas “regras do jogo” incorporadasem comportamentos individuais.

    Daí decorre o debate entre Holismo eIndividualismo Metodológico. O primeiroafirma que “o todo social é mais (fenômenoemergente distinto) do que a mera somade suas partes”. Logo, o conjunto social

    influencia as condições de comportamentoou funcionamento de suas partes. OIndividualismo Metodológico acha quesomente os indivíduos, e não a sociedade comoum Todo, podem ter objetivos e interessesparticulares. Assim, nessa perspectiva, asalterações do sistema social resultam dasações dos indivíduos. A alteridade é a situação,estado ou qualidade que se constitui atravésde relações de contraste, distinção, diferença.

    Para o Holismo, o comportamento dosindivíduos deve ser deduzida a partir deleis, fins ou forças macroscópicas ou sociaissui generis  que se aplicam ao sistema socialcomo um todo, e a partir das posições dosindivíduos dentro do conjunto total. Parao Individualismo Metodológico, todosfenômenos sociológicos em grande escalasão, em última instância, reduzidas às teoriasque se referem apenas a indivíduos, suasdisposições, crenças, recursos e interações.

    Economistas devem prestar atençãoàs contribuições de outras disciplinasque se referem às lógicas de ação: familiar,religiosa, cívica, de mercado, etc. Qualquertrabalho sobre este tema é essencialmentemultidisciplinar por causa dos diversosdomínios para lógicas de ação em dadasituação social. Este trabalho multidisciplinarlida com Sistemas Complexos e necessita demaior sistematização e precisão.

    A concepção do sistema econômico comoum sistema dinâmico e evolucionárioreconhece que parte do comportamento

    humano tem um fator biológico e genético.Apropria-se, então, de contribuiçõesda Biologia, como a seleção natural e aplasticidade fenotípica. Fenótipo é conjuntodas características estruturais e funcionais

     visíveis de um organismo, resultante da

    interação entre o genótipo – composiçãogenética de um indivíduo – e o ambiente.

    A Economia Evolucionária contrastacom a visão de modelos heurísticoscomo explicações ad hoc  de desvio decomportamento frente uma norma baseadana lógica racional, que foram apresentadaspela Economia Comportamental. Aracionalidade é ecológica  no sentido de quedados comportamentos particulares foram

    evolutivamente selecionados, devido à suacapacidade de solução de problemas emambientes mutantes. A adequação doscomportamentos se deve ao desempenhoecológico em tais ambientes para os quais vãosendo adaptados.

    Contrapõe-se também à típica posturaneoclássica de partir de racionalidadesuniversais, atemporais e independentes,tanto de características dos indivíduos, gerais

    ou particulares, quanto do ambiente naturalou institucional. Na realidade, economiaé um ecossistema, ou seja, um sistema queinclui os seres vivos e o ambiente, com suascaracterísticas físico-químicas e as inter-relações entre ambos.

    A Economia Evolucionária rompe com odeterminismo “totalitário” ou “coletivista”ao verificar que o meio-ambiente físicoe socioeconômico deixa margem para asinovações, as rebeldias, as criatividades,

    as rupturas, as trajetórias caóticas, etc. Osistema como um todo – o meio-ambientefísico e socioeconômico – selecionasocialmente os comportamentos adequadosa si próprio, em certas circunstâncias, mas éum corpo mutante não determinístico. Passapor permanente retroalimentação dinâmicana sequência (re)avaliações individuais -decisões práticas - constituição do ambienteincerto. Portanto, os seres humanos são

    sujeitos de Sistemas Complexos. Por causadisso, é necessário o estudo da Economiada Complexidade.

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    ECONOMIA INTERDISCIPLINAR

    Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação22

    A Economia Interdisciplinar observa ainteração entre as partes de um Todo quecaracteriza um Sistema Complexo. Sem aanálise das conexões em níveis diferenciadosde escala, não se pode compreender ofenômeno macrossocial. A despeito da

    complexidade dos fenômenos observados,é possível distinguir padrões ou classes decomportamento em casos reais na naturezae na sociedade.

    Padrões coletivos são o objeto deestudo da Economia Comportamental eInstitucionalista. Esta auto-organizaçãodos sistemas leva à emergência de fenômenos. A partir de estudos sobre aprendizageme evolução, a Economia Evolucionária

    percebe a relevância da inovação eadaptação dos agentes ao meio-ambientemutante face às mudanças dinâmicasdesses sistemas auto-organizáveis.

    Em uma Palestra TED, “A Influência Ocultade Redes Sociais”, Nicholas Christakissustenta que as redes sociais têm valor . Elas sãoum tipo de capital social . Novas propriedadesemergem porque estamos inseridos nas redessociais. Essas propriedades são inerentes

    na estrutura das redes e não aparecem nosindivíduos dentro delas.O padrão de conexões entre as pessoas

    confere a outros grupos de pessoas diferentespropriedades. São os vínculos entre as pessoasque fazem o todo distinto da soma inalteradade suas partes. Assim, não é apenas o que estáacontecendo a cada uma dessas pessoas, seestá perdendo ou ganhando dinheiro, ou setornando rica ou pobre, ou feliz ou infeliz,que as afeta. Trata-se da arquitetura real dos

    vínculos em torno delas.Os seres humanos se agrupam e formam

    um tipo de superorganismo. Este é um tipode coletivo de pessoas que mostram ouevidenciam comportamentos ou fenômenoscomplexos que não são redutíveis ao estudodas pessoas isoladas e devem ser entendidospor referência ao estudo da coletividade. Porexemplo, entender as redes sociais, comoelas se formam e operam, pode nos ajudar a

    compreender fenômenos econômicos comocorridas aos bancos e quebras dos mercadosou a adoção de inovações e a difusão da

    adoção de certos produtos.Os Sistemas Sociais são descritos por

    Furtado, Sakowski e Tóvolli (2015) como umacoleção de agentes heterogêneos (indivíduos,bancos, países etc.), cujo estado de um agente(a opinião, a liquidez, a riqueza, etc.) influencia

    e é influenciado pelo estado dos outros.Suas interações, em conjunto, dão origem àspropriedades globais do sistema, propriedadesessas que são mais do que a soma doscomportamentos individuais. Esses aspectoscaracterizam sistemas sociais como complexos.

    Acreditamos que uma nova era dopensamento econômico está emergindo. ACiência Econômica neoclássica, adotada pelasabedoria convencional, começa a dar lugar

    a uma interpretação do comportamentohumano na qual há espaço para a diversidade,a heterogeneidade, a adaptabilidade ea complexidade. A economia deve serinterpretada como um Sistema Complexo,onde agentes com diferentes capacidades,

     várias dotações de recursos e distintaspreferências interagem para gerar umresultado que não é conhecido a priori. Eleserá a consequência direta do modo como o

    processo de interações se desenrola.Depois de olhar a representação visual dacomplexidade econômica, mudamos a formade enxergar as diversas atividades, porqueessa rede social, embora esteja mudandoatravés dos tempos, tem uma memória. Ela semove, as atividades fluem dentro dela, ela temum tipo de consistência. Os agentes podemdesaparecer, mas ela ainda persiste. Tem umtipo de resiliência que a permite perseverar,continuar, conservar-se através dos tempos.

    Essa rede social constitui a Economiade Mercado? Ela caracteriza apenas oCapitalismo Liberal? Ou permanecerá em quepese a substituição deste pelo Capitalismode Estado? A este não se ajuntará o desejocoletivo de Bem-Estar Social?

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