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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

Artigo FinalProfessora PDE/2010

Título A manifestação da arte a partir de obras de artistas regionais.

Autor Maria Rosiney Lacotiz Gabiati

Escola de Atuação Colégio Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffen

Município da Escola Altônia

Núcleo Regional de Educação Umuarama

Orientador Me. Josie Agatha Parrilha da Silva

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá

Área do Conhecimento/Disciplina ARTE

Relação Interdisciplinar História

Público Alvo Alunos de 7ª Série do período matutino

Localização Colégio Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffen Rua Regente Feijó, 545

Resumo Valorização de artistas regionais é o tema da Implementação do projeto. O objetivo é o de promover o conhecimento artístico a partir de

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artistas regionais e das suas diversas formas de expressões artísticas. Estudar as manifestações artísticas a partir de obras de artistas regionais favorece o contato direto com a técnica e a metodologia de forma que os alunos possam compreender as três definições da Arte: como fazer, como conhecer e como exprimir. O conteúdo referente aos artistas regionais e suas expressões em obras artísticas poderá contribuir significativamente para o processo de construção do saber, favorecendo a humanização e a socialização.

Palavras-chave Ensino da Arte; Artistas Regionais; Valorização Artística.

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A manifestação da arte a partir de obras de artistas

regionais.

Autora: Maria Rosiney Lacotiz Gabiati1

Orientadora: Josie Agatha Parrilha da Silva2

Resumo: Este artigo apresenta a proposta de implementação do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Teve por objetivo apresentar uma pesquisa realizada sobre a valorização do artista regional. Nesta trajetória de desenvolvimento da Arte na região e na escola pública do Paraná destacam-se alguns fatos, tais como: as diversas dificuldades das instituições de ensino; a carência da comunidade, a ignorância com relação à arte e seus valores primeiros, onde os artistas começaram a produzir sem ambição, tanto como reconhecimento, como financeiro; a importância do ensino não formal na formação de diversos artistas e o ápice do artista. O material produzido apresenta atividades desenvolvidas em sala de aula focando a valorização do artista regional. A Implementação aconteceu em uma turma do Colégio Lucia Alves Lucia de Oliveira Schoffen de Altônia-PR, em 2011.

Palavras-chave: Ensino da Arte; Artistas Regionais; Valorização Artística.

1 Profª-PDE 2010/2011/2012. Professora de Arte no colégio Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffen; Especialista em Educação Artística; E-mail: [email protected] Profª Orientadora – Professora do Departamento de Artes da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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1 Introdução

No cotidiano da sala de aula, os professores buscam formas de tornar o

ensino mais eficaz e estimulante. Dentro dessa realidade e, visando capacitar o

professor da Rede Estadual de Educação, surge o Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE), proposto pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. O

PDE propicia ao professor da rede básica de educação, junto à Instituição de Ensino

Superior (IES), a oportunidade de repensar a prática pedagógica, aprofundar seus

conhecimentos e tornar suas aulas mais atrativas. Com isso o professor pode

oferecer ao aluno, do Ensino Fundamental ou Médio, um ensino de arte de melhor

qualidade, proporcionando a ele ampliação e visão de mundo, tornando-o mais

crítico e reflexivo. Depois de todos os estudos realizados, por meio de leituras,

cursos, palestras, seminários e orientação individual estruturou-se o Plano de

Trabalho que traçou a diretrizes para o encaminhamento da proposta a ser

trabalhada.

O presente artigo tem por objetivo apresentar os resultados de uma

investigação sobre a valorização dos artistas regionais e a manifestação da arte a

partir de obras de artistas regionais.

Diante desta perspectiva buscou-se aliar o prazer à aprendizagem, ao belo,

ao cotidiano dos alunos oferecendo múltiplas possibilidades para um trabalho

prazeroso e eficiente. O presente artigo apresenta os resultados de uma

investigação sobre a valorização dos artistas regionais realizado no Colégio

Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffen- Altônia -PR com alunos da 7ª série cujo

objetivo foi de promover o conhecimento artístico a partir de artistas regionais e das

suas diversas formas de expressões artísticas.

O enfoque do conteúdo referente aos artistas regionais e suas expressões em

obras artísticas buscou contribuir para o processo de construção de saberes para

favorecer a humanização e a socialização.

O interesse por essa investigação surgiu a partir da constatação da

desmotivação dos alunos diante de contextos artísticos distantes da realidade em

que vivem. Nesse sentido, o estudo apresentado pretende contribuir para a

formação dos alunos, destacando elementos que podem ser aprofundados e

discutidos na Educação Básica, assim, partindo do pressuposto da arte local e o

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contato direto com arte e artistas buscou-se levar os alunos a sentirem-se agentes

ativos e transformadores através do conhecimento, da reflexão e da criação artística.

Neste contexto, tal atividade que partiu da investigação sobre os artistas

regionais e as suas obras, valorizando o material produzido, identificando de que

forma a experiência de vida e o meio em que vive interfere no processo de criação

artística do sujeito, na mudança de mentalidade do artista e principalmente do

educando oportunizou além do estudo dessas manifestações artísticas, favoreceu o

contato direto com a técnica e a metodologia, de forma que os alunos foram levados

a compreender as três definições da Arte: como fazer, como conhecer e como

exprimir.

2 Fundamentação Teórica

A atual sociedade carrega o desafio de reencantar: é tempo de ressensibilizar

o mundo e o ser humano e a arte pode ser fermento para a imaginação, pois elas

nascem no coração e, espalham-se por todos os sentidos, devaneando até chegar

ao imaginário. Segundo informações contidas nas Diretrizes Curriculares da

Educação Básica-PR, DCE,

(...) a prática artística – o trabalho criador – é expressão privilegiada, é o exercício da imaginação e criação. De fato, o processo de produção do aluno acontece quando ele interioriza e se familiariza com os processos artísticos e humaniza seus sentidos. Essa abordagem metodológica é essencial no processo pedagógico em Arte. Os três aspectos metodológicos abordados nesta Diretriz – teorizar, sentir e perceber. (PARANÁ, 2008 p. 71).

Neste sentido, as aulas de arte devem estar voltadas para a teorização que

permite o estudo das diversas linguagens artísticas, o sentir que envolve a produção

prática do aluno no contexto artístico e o perceber que o leva a compreender as

manifestações dentro do contexto social em que se vive. Portanto, as DCE – PR,

(2008) sugere-se para a prática pedagógica,

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Que o professor aborde, além da produção pictórica de conhecimento universal e artistas consagrados, também formas e imagens de diferentes aspectos presentes nas sociedades contemporâneas.O cinema, televisão, videoclipe e outros são formas artísticas, constituídas pelas quatro áreas de Arte, onde a imagem tem uma referência fundamental, compostas por imagens bidimensionais e tridimensionais. Por isso, sugere-se que a prática pedagógica parta da análise e produção de trabalhos artísticos relacionados a conteúdos de composição em Artes Visuais, tais como:• imagens bidimensionais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografia, propaganda visual;• imagens tridimensionais: esculturas, instalações, produções arquitetônicas;Os conteúdos devem estar relacionados com a realidade do aluno e do seu entorno. Nessa seleção, o professor pode considerar artistas, produções artísticas e bens culturais da região, bem como outras produções de caráter universal. (PARANÀ, 2008, p.72).

Certamente a abordagem das DCES, abre perspectiva para a importância do

trabalho do professor para que esteja voltado para uma prática efetiva, que seja um

reflexo da realidade dos alunos, onde os mesmos possam construir saberes a partir

de um processo construtivo de contextualizações e análises críticas das obras e

artistas em questão.

O ensino da Arte, segundo as DCE – PR (2008) apresenta as diferentes

formas de pensar a Arte e o seu ensino que são constituídas nas relações

socioculturais, econômicas e políticas do momento histórico em que se

desenvolveram. Nesse sentido, as diversas teorias sobre a arte estabelecem

referências sobre sua função social, tais como: da arte poder servir à ética, à

política, à religião, à ideologia; ser utilitária ou mágica; transformar-se em mercadoria

ou simplesmente proporcionar prazer. Ainda, segundo as Diretrizes Curriculares

Estaduais, DCE:

Em sua complexidade, a Arte comporta cada uma das posições apresentadas: simultaneamente representa a realidade, expressa visões de mundo pelo filtro do artista (mas não apenas suas emoções e sentimentos pessoais), mas retrata aspectos políticos, ideológicos e socioculturais da sua época. (PARANÁ, 2008, p.52):

O artista se expressa através da visão de mundo que ele tem, conforme sua

cultura, de acordo com o momento, dentro do seu contexto histórico. Um dos

encantos proporcionados pela arte está no modo como cada artista manifesta seu

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trabalho. Visualmente percebem-se diferenças sociais, econômicas e políticas.

Também ficam explícitas as culturas diferentes, os estilos, as técnicas e a beleza

que muitas vezes nos deslumbram com o poder que a arte tem sobre o momento

histórico em que se desenvolveram. Para O’ Doherty (1990, apud Oliveira, 2000):

Ao longo do nosso século, na medida em que a produção de arte, em um constante processo de ruptura e continuidade, radicalizou-se se afastando dos elementos tradicionais da arte ocidental, acabou por ficarem cada vez mais dependentes das instituições de arte, especificamente museus e galerias. Se nesse período, cada vez mais o artista acreditou-se em especial, sua produção merecia um lugar à altura, sendo construídos galerias e museus, verdadeiros monumentos que parecem somar a “santidade da igreja, a formalidade do tribunal, a mística do laboratório mais o design chique para produzir uma câmara de estética única”.

Devido os artistas estarem cada vez mais dependentes dos museus,

querendo que sua arte tenha um lugar a altura, a arte regional continua no

anonimato até que seja considerada pela midea e ganhe espaço no mundo

intelectual das artes.

É preciso que o professor oportunize perspectivas e possibilidades de

transformação de modo que os alunos vejam a arte com um olhar diferente do gosto

estético que cada um possui. Um dos encantos proporcionados pela arte está no

modo como cada artista manifesta seu trabalho criador. Visualmente percebem-se

diferenças sociais, econômicas e políticas. Também ficam explícitas as culturas

diferentes, os estilos, as técnicas e a beleza que muitas vezes nos deslumbram com

o poder que a arte tem sobre o momento histórico em que se desenvolveram. Costa

(1999, p. 7) afirma que:

Muitos falam em arte referindo-se às obras consagradas que estão em museus, às músicas eruditas apresentadas em grandes espetáculos ou ainda aos monumentos existentes no mundo. Alguns consideram arte apenas o que é feito por artistas consagrados, enquanto outros julgam ser arte, também a manifestação de cultura popular, como os romances de cordel, tão comuns no Nordeste do Brasil. Para muitos, as manifestações de cultura de massa, como o cinema e a fotografia, não são arte, ao passo que outros já admitem o valor artístico dessas produções, ou pelo menos de parte delas. Não são poucos os que, mesmo diante das obras expostas em eventos artísticos famosos, sentem-se confusos a respeito do que vêem.

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A valorização do artista regional se dará a partir do conhecimento de sua

história, sua cultura e divulgação do seu trabalho reconhecendo seu valor artístico.

No meio em que se vive encontra-se muitos artistas amadores que desenvolvem

atividades artísticas com fins lucrativos, outros por prazer e ainda outros como forma

de expressar suas ideias, seus sentimentos, seus valores. Segundo Costa (1999,

p.50) “Amador é uma palavra feliz para nos referirmos às pessoas que demonstram

uma vocação especial para determinada arte e que, apesar de não a praticarem de

forma profissional jamais a abandonam”. Sobre isso, pode-se dizer que a arte faz

parte do cotidiano das pessoas, mas muitas vezes passam despercebidas. Contudo,

para quem realiza tal atividade, o olhar é direcionado para detalhes que são

captados para aplicação na prática de suas composições, ou para que sirvam de

fonte inspiradora para execução de trabalhos artísticos.

O artista profissional é aquele que se dedica para o estudo plástico através de

pesquisa e estudos. Costa (1999) afirma que a profissionalização da arte exige mais

do que uma sensibilidade desenvolvida, uma vocação ou um gosto por determinada

forma de expressão. Exige dedicação, exercício, estudo, aprofundamento e

atualização constante. Existe, ainda, nesse campo da profissionalização e da

produção artística. Outro tipo de artista é o artista ingênuo ou naif, aquele que, sem

ter tido escolaridade artística ou acesso aos círculos dos artistas profissionais e

utilizando técnicas tradicionais, profissionalizou-se.

A indústria cultural muitas vezes valoriza uma arte comercial, onde a obra tem

mais valor financeiro, cuja beleza é primordial para combinar com os designers

modernos da atualidade. Por outro lado, Costa (1999), diz que o desenvolvimento

tecnológico da indústria cultural aquela destinada à produção em série dos bens

culturais colocam a disposição do público equipamentos cada vez mais fáceis de

serem utilizados, transformando cada cidadão em um artista amador em potencial.

Segundo Chartier (1997), o ensino da arte nesses últimos anos tem sofrido

transformações significativas. Hoje, faz-se necessário que o professor organize um

trabalho consistente, através de atividades como: ver, ouvir, mover, sentir, perceber,

pensar, descobrir, fazer, expressar, etc., pois a cultura popular brasileira é ampla e

diversificada pela miscigenação, que revela justamente a mistura das etnias e das

culturas dos povos que constituíram a nossa identidade.

O historiador francês Roger Chartier analisa a cultura a partir das práticas,

apropriações e representações culturais que os sujeitos têm em relação aos

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artefatos culturais (literários visuais ou mentais). Segundo Ferraz e Fusari (1992, p.

71):

Para desenvolver um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais são os interesses, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e prática de vida de seus alunos. Conhecer os estudantes na sua relação com a própria região, com o Brasil e com o mundo, é um ponto de partida imprescindível para um trabalho de educação escolar em Arte que realmente mobilize uma assimilação e uma apreensão de informações na área artística. O professor pode organizar um mapeamento cultural da área em que atua, bem como das demais, próximas e distantes. É nessa relação com o mundo que os estudantes desenvolvem as suas experiências estéticas e artísticas, tanto com as referentes de cada um dos assuntos abordados no programa de Arte, quanto com as áreas da linguagem desenvolvida pelo professor.

O caminho a ser percorrido pelo professor de arte é proporcionar aos alunos

o contato com criação e criadores, além de materiais disponíveis na região, suportes

que ofereçam subsídios para a capacidade criadora. O desenho e a pintura

geralmente fascinam as pessoas, segundo Calábria; Martins (1997), o desenho é um

dos meios de expressão mais antigos que existem. Desde a pré-história o ser

humano demonstra seus anseios, alegrias, tristezas, fatos do seu cotidiano através

de desenhos. A pintura diante da indústria cultural ganha espaço com as infinitas

possibilidades de cores e recursos disponíveis no mercado. Contudo, há muitos

trabalhos que são executados com materiais de refugo ou extraídos in natura que

resultam em verdadeiras obras de arte. Muitos artistas regionais se inspiram no

folclore e nas tradições locais para a realização de seus trabalhos, criando um estilo

próprio. Sobre estilo Oliveira (2000, p.161) afirma que:

O estilo é a síntese visual de elementos, técnicas, sintaxe, inspiração, expressão e finalidade básica. É complexo e difícil de descrever com clareza. Talvez a melhor maneira de estabelecer sua definição, em termos de analfabetismo visual, seja vê-lo como uma categoria ou classe de expressão visual modelada pela plenitude de um ambiente cultural. [...] Há muitos nomes de estilos artísticos que identificam não apenas uma metodologia expressiva, mas também um período histórico e uma posição geográfica distinta.

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Cada artista, com sua cultura, com seu pouco ou nenhum conhecimento

técnico e que se caracteriza por certa ingenuidade artística, natural, virando com o

tempo, um estilo, desconhecido do grande publico.

Para Oliveira (2000), o artista é condicionado pelo meio em que vive, pela

cultura do momento, onde o estilo influencia a expressão artística quase tanto

quanto a convenção, variando de acordo com a época, de um povo para o outro,

parecendo elas superiores ou inferiores, dependendo do ponto de vista de cada

observador, reconhecendo assim a impossibilidade de estabelecer a beleza de cada

obra, pois elas são expressões verdadeiras de épocas, raças, culturas, concepções

e temperamentos diferentes. Para Read (1978, p.165),

[...] ninguém será capaz de negar a profunda relação que existe entre o artista e a comunidade. Aquele depende desta – Toma o tom, o andamento, a intensidade da sociedade a que pertence. O caráter individual da obra do artista depende, contudo, de algo mais: da vontade de formar definida, reflexo da personalidade do artista, não podendo existir arte significativa se não houver este ato de vontade criadora.

Esta afirmação parece contraditória, mas, na verdade, a arte é produto de

inspiração e transformação que sofre mudanças ao longo do tempo, caracterizando-

se pelo fator histórico e cultural do artista. Para Ferraz e Fussari (1992),

compreender a obra de arte significa conhecer seus autores (artistas, produtores) e

aprendê-la em seu movimento mais amplo, isto é, no contato com o público, no qual

o ato criador se completa.

As diversas maneiras e níveis de recepção da obra de arte interferem na

forma (dentro de uma concepção de “obra aberta” e significados propostos pelo

autor, atribuindo-lhe novos sentidos). Sem dúvida, as dezenas de milhões de

imagens disponíveis ao olhar vêm associadas ao conjunto de expressões

lingüísticas, gestos, até fórmulas que redefinem o corpo e a alma. Ainda que

mergulhados num conjunto de representações filosóficas, jurídicas, políticas,

artísticas, em primeiro lugar, incapazes de examinar o seu conteúdo, esquecemos

que o simples ato de enxergar não é suficiente para desvendar seus segredos.

(SCHLICHTA, 2009).

A Arte é uma das mais inquietantes e eloquentes produções do homem. Arte

como técnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo, genialidade,

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comunicação, expressão, são variantes do conhecimento, arte que faz parte do

nosso universo conceitual, estreitamente ligado ao sentimento de humanidade.

(FERRAZ, 1992). Nessa perspectiva, ter maior contato com o artista possibilita o

desvelamento de certos paradigmas e contribui para o processo ensino

aprendizagem que favorece a compreensão de valores implícitos na obra.

3 Desenvolvimento do projeto

A Valorização de artistas regionais é o tema da Implementação do projeto que

se intitula “A manifestação da arte a partir de obras de artistas regionais”. O

interesse pelo tema deu-se progressivamente, após o contato com inúmeros

trabalhos de arte efetuados por artistas regionais. Este contato pode mobilizar

alunos e professores ao conhecimento em arte de forma sensível e significativa,

buscando compreender a arte que mais se aproxima da realidade dos alunos. As

abordagens foram efetivadas a partir de artistas, autodidatas ou não, gente da

comunidade que desenvolve um trabalho artístico de um modo peculiar com visões

múltiplas destas manifestações, bem como, os elementos que a constituem e a sua

relação com a sociedade contemporânea, visando à atuação dos sujeitos em sua

realidade singular e social.

Este trabalho foi desenvolvido junto aos alunos em séries finais do ensino

fundamental do Colégio Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffen de Altônia – PR.

Foram priorizados os artistas locais e regionais em suas pesquisas e em seus

estudos, foram necessárias várias aulas para que se desenvolvesse o trabalho e

planejassem suas estratégias, reuníamos para troca de informações, exposição das

práticas a serem trabalhadas, suas angústias, seus anseios e suas realizações. Os

educandos foram indagados antes de iniciarem este trabalho. É possível contatar

esses artistas? E possível conhecer seu trabalho? Vir até a escola? Irmos até ele?

Os educandos julgaram possível e aceitaram o desafio de realizar esta

proposta. Nos encontros, foram trabalhadas estratégias de ação e dado suporte para

a realização dessa prática em sala de aula, na comunidade e também na família,

este foi organizado em sete etapas. Na primeira etapa, para iniciar ao trabalho, foi

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necessário realizar pesquisas de campo para identificar os artistas locais, pesquisas

em sites da internet e contatos com centros culturais dos municípios da região.

Lançada a ideia, que foi aceita com entusiasmo, eles foram às pesquisas, onde, no

segundo momento, surgiram alguns artistas que estavam no anonimato e, por

conseguinte eram da família.

Neste segundo momento houve envolvimento da comunidade, familiares,

professores de outras disciplinas, pessoas mais experientes que contribuíram com

suas opiniões e incentivaram os alunos por meio de conversa informal instigando-o

se os motivando. Este estudo propôs um trabalho diferenciado que procurou

valorizar os artistas regionais a comunidade e seus familiares.

Em um terceiro momento, lançaram-se questões para reflexões: Você já

desenhou algo de memória? Já observou um objeto atentamente para desenhá-lo?

Seus desenhos são sempre criativos? Você já criou um desenho original, único e

expressivo? Conhece alguém que faça isso muito bem? Depois de muitos

questionamentos, sondagem e motivação foram feito convite aberto aos artistas da

comunidade e região. Depois de todo o envolvimento com o tema, com a pesquisa,

houve um trabalho de preparação com relação à visita do artista, com a recepção

dos mesmos e com diferentes aspectos do tema que seria abordado, que com

relutância, foram aceitos alguns convites, onde se apresentaram para os alunos em

sala, falando do seu trabalho e de sua vida como artista e como pessoa “normal”, no

seu cotidiano, onde os mesmo também foram muito questionados, tornando a aula

muito proveitosa e atrativa. No decorrer da aula o artista retribui o convite, e

marcamos a visita a sua residência.

Na quarta etapa, visitou-se a residência, a qual tinha um pequeno cômodo

onde era denominado “ateliê”, onde havia várias obras e o artista explicou sobre

elas, bem como sobre a dificuldade de sobreviver da arte. Retornamos ao colégio e

em outro encontro, (quinta etapa) fizemos um plenário, onde se fez uma reflexão e

debatemos a seguintes questões sobre o artista e suas obras: O que mais lhe

chamou a atenção no depoimento do artista? E em suas obras? Por quê? Descrever

a obra. Qual das imagens mais lhe marcou? E do ateliê? Como é a vida desse

artista? Suas obras têm relação com seu cotidiano? (do artista e do educando) O

que elas te provocam? Passa alegria? Tristeza? Saudade? Trabalho? Que relação

ela tem com nossa vida? Existem características que sejam comuns a todos?

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Na sexta etapa como encerramento do projeto de implementação, realizou-se

uma exposição (Imagem 1) com algumas obras sugeridas por alunos e artistas, a

qual foram convidados alunos e comunidade. Na noite da apresentação contamos

com a presença de vários pais, professores e direção da escola. O local escolhido

para as apresentações foi o salão nobre da escola, que foi preparado para receber a

todos. Na chegada, os pais encontraram os alunos envolvidos recepcionando e

monitorando. A exposição teve início com a apresentação dos artistas presente e

aberto à visitação de todos.

Imagem 1: Exposições3 no salão do colégio, novembro de 2011. Fonte: Arquivo da autora

3 Dentre os artistas que participaram da exposição estão: Deolinda Cornicelli Buosi, (Imagem 2) reside em Pérola, formada em Artes Plásticas e Pedagogia pela Unoeste-SP, Geografia e Pós-graduada em Orientação Educacional pela Unipar-PR, é Professora de Arte na Rede Estadual do Paraná (SEED), Cerimonialista, Assessora e Consultora de Eventos pela Empresa Tok Special- Eventos-Pérola-PR, Poetisa e Escritora com três Livros Lançados entre amigos (Crônicas, poesias e Reflexões), já publicou artigos em colunas jornalísticas, participou de exposições de pintura em telas e ministrou cursos de desenho em grafite e oficinas em área educacional.

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Imagem 2: Foto da artista Deolinda Cornicelli Buosi.Fonte: Arquivo da autora (2011).

Imagem 3: Foto da artista Mafalda4 Freitas da Rocha Ferreira.Fonte: Arquivo da autora (2011)

4 Mafalda Freitas da Rocha Ferreira, reside em Altônia, (Imagem 3) Professora de literatura Portuguesa na Rede Estadual, e a muitos anos leciona em escolas municipais, ministra aulas de pintura em tela e em tecido.

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Imagem 4: Pintura em tela de Mafalda Freitas da Rocha Ferreira.Fonte: Arquivo da autora (2011)

Imagem 5: Pintura em óleo sobre tela; artista: Suely de Souza Pereira.Fonte: arquivo da autora (2011).

Os trabalhos que foram produzidos pelos alunos foram registrados com

fotografias e resumos, apresentações e confecções de painéis, bem como,

exposições na escola, cujos resultados ficaram postados no mural da escola. O

último encontro (7°etapa) como proposta de avaliação foi à construção de um

portfólio onde foram registradas as impressões sobre as experiências diárias, sejam

elas verbais – por meio de texto – ou não verbais, isto é, pelo desenho, pintura,

colagem, etc. A participação efetiva de todos os envolvidos, desde o lançamento da

idéia, envolvimento nas atividades propostas, na colaboração com colegas de

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classe, com os convidados e comunidade. Por meio deste trabalho ficou evidente

que se o educando estiver preparado, motivado, assumirá uma nova postura nas

aulas de Arte e quando se trata do cotidiano do aluno, da realidade dele, as

atividades de expressão artística, se desenvolverão de forma prazerosa e também o

gosto pela arte, tornando o ensino mais eficaz, agradável e atraente. Pode-se

perceber ainda que quando a escola e a família atuam de forma conjunta os

resultados são extremamente positivos.

CONCLUSÕES

A idealização do projeto foi uma conquista para todos os alunos do 7° ano do

Colégio Lucia Alves de Oliveira Schoffen, de Altônia-PR, porque a valorização do

artista regional se deu a partir do conhecimento de sua história, sua cultura e

divulgação do seu trabalho reconhecendo seu valor artístico. No meio em que

vivemos encontraram-se muitos artistas amadores que desenvolvem atividades

artísticas sem remuneração, por prazer e ainda outros como forma de expressar

suas ideias, seus sentimentos, seus valores.

Foi muito importante à troca com a comunidade escolar e familiar do trabalho

que foi feito na sala, pois oportunizou aos alunos um crescimento também na forma

de se apresentar em público. Oportunizou a muitos uma experiência diferente, pois a

arte, exposição, artistas, mesmos que não famosos não faz parte de seu cotidiano

nem de sua família. É uma forma de a arte a cultura sair dos muros da escola e

contribuir também para a formação popular.

Acredita-se que a escola é o espaço adequado para a divulgação da história

desses artistas e a inclusão dos mesmos na sociedade e nas aulas de arte,

aproximando os artistas do público e permitindo aos alunos experimentar uma

prática artística que os conduza a enxergar a arte como uma possibilidade de

expressão. Conclui-se com a certeza de que o saber da arte pode sim ser

transformado em prazer e de que as nossas aulas de arte, quando bem preparadas

deixam em nós, em nossos alunos e na comunidade que nos rodeia um saldo muito

positivo.

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REFERÊNCIAS

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

COSTA, Cristina. Questões de Arte. A Natureza do Belo, da Percepção e do prazer Estético. São Paulo: Moderna, 1999.

CALÁBRIA, BRONDI, Carla Paula; MARTINS, Raquel Valle; Arte, História e Produção. São Paulo: FTD, 1997.

FERRAZ, Maria Heloísa Correa de Toledo; FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do Ensino de Arte. São Paulo: Cortez, 1992.

OLIVEIRA, Luiz Sérgio. O lugar da arte pós-moderna. In: Poiesy: Estudos da Ciência da arte. Publicação do mestrado de ciência da Arte. Niterói, n.1, p.89-96, 2000.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes curriculares de Arte para a Educação Básica. Curitiba: SEED/DEB, 2008.

READ, Herbert. O Sentido da Arte. 9. Ed. São Paulo: Ibrasa, 1978.

SCHLICHTA, Consuelo. Arte e Educação: Há um lugar para a Arte no Ensino Médio? Curitiba: Aymará, 2009.