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SIMPÓSIO IBÉRICO DO ENSINO DA GEOLOGIA

XIV SIMPOSIO SOBRE ENSEÑANZA DE LA GEOLOGÍA

XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS

LIVRO DE ACTAS

Universidade de Aveiro 24 a 29 de Julho de 2006

universidade de aveiro theoria poiesis praxis

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XXVI CURSO DE ACTUALIZAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS

COMISSÃO EDITORIAL / COMITÉ EDITORIAL Jorge Medina Beatriz Valle Aguado João Praia Luís Marques Universidade de Aveiro Campus Universitário de Santiago 3810-193 Aveiro – Portugal http://www.ua.pt Capa: Fundação João Jacinto Magalhães Impressão: TIPAVE, Indústrias Gráficas de Aveiro, Lda Tiragem: 300 exemplares

Depósito Legal:

ISBN: 972-789-197-7

LIVRO DE ACTAS AVEIRO 2006

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COMISSÃO ORGANIZADORA / COMITÉ ORGANIZADOR Coordenadores / Coordinadores Luís Marques (Dep. de Didáctica e Tecnologia Educativa, Universidade de Aveiro) Jorge Medina (Dep. de Geociências, Universidade de Aveiro) Vogais/ Vocales Alexandre Leite (Dep. de Eng. de Minas, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto) António Soares de Andrade (Dep. de Geociências, Universidade de Aveiro) Beatriz Valle Aguado (Dep. de Geociências, Universidade de Aveiro) Cristina Bernardes (Dep. de Geociências, Universidade de Aveiro) David Brusi (AEPCT y Dep. de Ciències Ambientals, Universidad de Girona) Dorinda Rebelo (Escola Secundária de Estarreja) João Praia (Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores) COMISSÃO CIENTÍFICA / COMITÉ CIENTÍFICO Alexandre Leite (Universidade do Porto) Amelia Calonge Garcia (Universidad de Alcalá de Henares) António Soares de Andrade (Universidade de Aveiro) Aurora Futuro (Universidade do Porto) Beatriz Valle Aguado (Universidade de Aveiro) Clara Vasconcelos (Universidade do Porto) Cristina Bernardes (Universidade de Aveiro) David Brusi (Universidad de Girona) Eduardo Silva (Universidade de Aveiro) Elisa Preto (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) Fernando Ornelas (Universidade de Lisboa) Filomena Amador (Universidade Aberta) Godoberta Andrade (Universidade Aberta) Graciete Dias (Universidade do Minho) João Carlos Nunes (Universidade dos Açores) João Praia (CIDTFF) Jorge Bonito (Universidade de Évora) Jorge Medina (Universidade de Aveiro) José Brilha (Universidade do Minho) José Delgado Rodrigues (LNEC) Luís Dourado (Universidade do Minho) Luís Gama Pereira (Universidade de Coimbra) Luís Marques (Universidade de Aveiro) Manuela Marques (Universidade do Porto) Paulo Legoinha (Universidade Nova de Lisboa) Pedro Alfaro (Universidad de Alicante) Pedro Cunha (Universidade de Coimbra) Rui Dias (Universidade de Évora) Vítor Trindade (Universidade de Évora) Zilda França (Universidade dos Açores) SECRETARIADO / SECRETARÍA Sónia Pião (Dep. de Didáctica e Tecnologia Educativa, Universidade de Aveiro)

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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA “ROTA DO PALEOZÓICO” (CANELAS, AROUCA, PORTUGAL)

PEDAGOGICAL FEATURES OF THE “PALEOZOIC TRAIL”

(CANELAS, AROUCA, PORTUGAL)

Daniela Rocha (1), Lucinda Silva (1), Vera Alfama (1), José Brilha (1), Manuel Valério (2) & Artur Abreu Sá (3)

(1) Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho, Braga; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected](2) Centro de Interpretação Geológica de Canelas, Arouca; [email protected](3) Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real; [email protected]

RESUMO: A “Rota do Paleozóico” constitui uma das actividades propostas pelo Centro de Interpretação Geológica de Canelas (Arouca). A sua implementação foi precedida da inventariação e caracterização de um conjunto de geossítios localizados na área contígua à “Pedreira do Valério”, tendo estes sido seleccionados pelo seu interesse pedagógico. Estes locais de interesse geológico contam um capítulo da história geológica desta região, nomeadamente no que se diz respeito às rochas do Paleozóico aqui aflorantes, cuja formação foi contemporânea de alguns episódios marcantes da História da Terra ao longo de 220 milhões de anos durante os quais ocorreu a sedimentação das mesmas. Palavras-chave: Património Geológico, Geossítio, Geoconservação, Pedreira do Valério, Rota do Paleozóico.

ABSTRACT: The “Paleozoic Trail” is one of the activities proposed by the Geological Interpretative Center of Canelas (Arouca). The preparation of this trail included the identification and caracterization of geosites in the area surrounding the “Valério`s Quarry” and were selected attending their high pedagogical interest. These geosites are representative of a chapter of the geological history of Arouca, the Paleozoic. The Paleozoic rocks observed in this area, whose sedimentation occurred at the same time as some important episodes of the History of the Earth, occurred in a discontinue manner during a period of about 220 million of years. Key-words: Geological Heritage, Geosite, Geoconservation, Valério`s Quarry, Paleozoic Trail.

1. Introdução Entende-se por Património Geológico o conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa dada área ou região. Estes geossítios correspondem às ocorrências de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes quer em resultado da acção de processos naturais quer devido à intervenção humana), bem delimitados geograficamente e com singular valor do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico ou outro (Brilha, 2005). Este património encontra-se directa ou indirectamente ameaçado por processos naturais e por actividades humanas, apesar do seu valor nas suas diversas vertentes (intrínseco, cultural, estético, económico, funcional, científico e educativo), (Brilha, 2005). Contudo, é também ao homem que compete e tem o dever de salvaguardar estes valores que são de todos nós. Só assim permitiremos que as gerações vindouras venham também a ter acesso a este património natural. Neste sentido, surge o conceito de Geoconservação que, de acordo com o autor australiano Sharples (2002), tem como objectivo “a preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos (substracto), geomorfológicos (formas da paisagem) e de solo, mantendo a evolução natural (velocidade e intensidade) desses aspectos e processos”. Este conceito vem reforçar que a geodiversidade tem valor por si só e que a biodiversidade está, muitas vezes, dependente dela. A área da “Pedreira do Valério”, localizada na freguesia de Canelas (concelho de Arouca) (Fig.1), possui um inegável Património Geológico que tem vindo a ser descrito por diversos autores durante os últimos anos.

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Fig..1: Enquadramento geográfico do concelho de Arouca.

As formações geológicas que ocorrem na área da “Pedreira do Valério” enquadram-se no flanco oeste do Anticlinal de Valongo (mega dobra hercínica que se estende de Valongo a Castro de Aire segundo a direcção NW-SE). Estes terrenos paleozóicos abrangem materiais estratigraficamente compreendidos entre o Câmbrico e o Carbónico, com a presumível excepção de litologias do Devónico (Sá & Valério, 2005). De salientar, pela sua relevância, o conteúdo paleontológico das ardósias de idade Ordovícico Médio pertencentes à Formação Valongo (Sá & Valério, 2005). Devido ao elevado interesse pedagógico de alguns dos geossítios identificados nesta região, foi esboçado um percurso pedestre com vista ao seu uso quer pela população escolar quer pelo público em geral, apresentado neste trabalho. 2. A “Rota do Paleozóico” Os trabalhos recentemente desenvolvidos em Canelas (Arouca) (Sá & Valério, 2005; Sá et al., 2005a, 2005b; 2006a, 2006b) permitiram inventariar e caracterizar, dentro da propriedade da empresa “Ardósias Valério & Figueiredo, Lda.”, um conjunto de locais de interesse geológico que permitirão a sua inclusão num percurso circular – “Rota do Paleozóico” – a ser implementado como actividade futura do Centro de Interpretação Geológica de Canelas. Este percurso circular de do tipo “Pequena Rota” (PR), com cerca de 2,5 Km, contempla onze paragens, oito das quais constituem geossítios de grande interesse e as restantes três correspondem a locais de índole cultural. A sua implementação distinguir-se-á dos típicos percursos PR pelo facto de os grupos organizados que nele participarem poderem ser acompanhados por um monitor com formação específica. No entanto, o Centro de Interpretação Geológica de Canelas disponibilizará ao visitante que pretenda realizar o percurso sem guia, uma brochura que descreve e caracteriza sucintamente cada uma das paragens. Numa breve caracterização das paragens a serem propostas temos: Paragem 1 – “Ferrolito do Ordovícico Médio” – Local onde se observa um nível decimétrico de Ferro Oolítico, intercalado nas ardósias da Formação Valongo e que assinala a transição entre os materiais de idade Oretaniano dos de idade Dobrotiviano, há cerca de 465 Ma. Este nível corresponderá a uma interrupção na sedimentação durante um curto período de tempo (ca. 2 Ma). A importância didáctica deste local prende-se essencialmente com o interesse sedimentológico e estratigráfico do mesmo, uma vez que marca a existência de um hiato de tempo onde não ocorreu sedimentação. Nesta paragem será possível abordar um conjunto de conteúdos didácticos relacionados com as condições e processos de sedimentação e petrogénese Ffig. 2, a). Paragem 2 – “Via Romana” – trata-se de um conjunto de três pequenos troços paralelos que fariam parte da antiga via usada desde a ocupação romana, na ligação de Arouca e Alvarenga a Lamego e ao Rio Douro, e que de alguma forma poderiam estar relacionados com as

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explorações auríferas da região. Actualmente ressaltam à vista os sulcos escavados pela passagem dos carros, num plano paralelo à xistosidade das rochas do substrato. Neste local, além da componente histórico-arqueológica, será possível ainda observar, identificar e caracterizar planos de estratificação, planos de xistosidade e filonetes de quartzo de exsudação existentes nas rochas. Paragem 3 – “Os fósseis contidos nas ardósias” – neste local será fornecido ao visitante um martelo, que lhe permitirá procurar fósseis nas ardósias do Ordovícico Médio (ca. 465 Ma), com particular destaque para as trilobites e sempre sob supervisão de um guia. Todos os fósseis que apresentem importância científica que contribua para um maior e melhor conhecimento da jazida da “Pedreira do Valério”, serão resgatados para as colecções do Centro de Interpretação Geológica de Canelas, sendo os restantes oferecidos para as colecções didácticas das escolas. Com esta actividade pretende-se promover uma atitude comportamental onde o aluno é incentivado a participar numa acção de investigação (Fig. 2, b). Paragem 4 – “A mesa dos ladrões” – bloco quartzítico que faz lembrar uma mesa, sobre a qual em meados do século XIX, e de acordo com as tradições e lendas da região, a quadrilha do “Zé do Telhado” teria procedido à divisão dos produtos roubados aos ricos proprietários agrícolas das redondezas. Trata-se de uma paragem de carácter genericamente cultural e justificada por diversificar o interesse da “Rota do Paleozóico”. Paragem 5 – “Crista quartzítica dos Galinheiros” – corresponde a um relevo residual que pela sua visibilidade e singularidade constituía na época medieval um ponto de referência e marco de limitação de influências territoriais, como atestam documentos datados de 1153: ”in uilla quos uocitant Canelas subtus mons Galliero discurrente ribulo Pauia territorio [de Arauka (?)]” (Coelho, 1988). O topónimo “Galinheiros” deverá estar relacionado com a hipotética grande quantidade de galinholas que aí existiria na época. Geologicamente, trata-se de uma crista quartzítica formada por um processo de erosão diferencial condicionado pela distinta dureza das rochas aqui aflorantes. São rochas de idade Hirnantiano com 445 Ma e pertencentes à Formação Sobrido (Medeiros et al., 1964; Couto, 1999) e marcam o início da deposição de materiais glaciomarinhos diamictíticos relacionados com a glaciação tardi-ordovícica. Além disso, estes quartzitos são frequentemente cortados por filonetes de quartzo denotando a dinâmica a que estiveram sujeitos posteriormente à sua formação. O interesse didáctico deste geossítio relaciona-se com o seu valor geomorfológico, sedimentológico, petrológico e paleogeográfico (Fig. 2, c). Paragem 6 – “As minas de ouro romanas de Canelas” – nesta paragem é possível admirar e entrar num “Fojo” romano de exploração de ouro, similar a muitos que se encontram na denominada “Faixa Auro-antimonífera Dúrico-Beirã” (Couto, 1993). Aqui, é possível ver evidências da utilização do fogo como método de desmonte e estruturas na rocha onde se teriam ancorado sarilhos, roldanas e outras estruturas destinadas à extracção da mineralização do interior da mina. Na envolvente é ainda possível observar um conjunto sequencial de quatro pequenos poços, que poderiam corresponder hipoteticamente a uma lavaria primitiva, e múltiplas “covinhas” no quartzito que não serão mais do que os almofarizes da moagem da rocha mineralizada. A água imprescindível ao processo de mineração era proveniente do “Olho Marinho”, uma pequena nascente situada na parte mais alta da crista quartzítica e perene mesmo em anos de maior estio. Além do enorme interesse histórico-arqueológico, este local apresenta grandes potencialidades didácticas para a explicação de fenómenos no âmbito da sedimentologia, petrologia, estratigrafia, geomorfologia, tectónica, recursos minerais e hidrogeologia. Paragem 7 – “Miradouro da Pedreira do Valério” – local de onde se obtém uma vista privilegiada sobre a exploração de ardósias, ao mesmo tempo que se divisam as diferentes litologias aflorantes na região e se alcança uma panorâmica extraordinária sobre as serras de Montemuro, S. Macário, Arada e Freita e sobre o vale do Douro. Esta paragem permitirá abordar um conjunto significativo de conteúdos relacionados com a exploração de recursos geológicos, estratigrafia, petrologia e geomorfologia (Fig. 2, d). Paragem 8 – “Icnofósseis dos quartzitos” – nos quartzitos de idade Arenigiano (Ordovícico Inferior) é possível observar inúmeras marcas (Icnofósseis) deixadas pela actividade dos seres vivos que viveram nestas épocas geológicas remotas. Os icnofósseis aqui encontrados correspondem maioritariamente a marcas de Cruziana ispp., que são pistas ou trilhos deixadas por artrópodes, muito presumivelmente trilobites. Nesta paragem podemos ver alguns muros de estratos completamente preenchidos por estas estruturas, numa ilustração perfeita da intensa actividade biológica então verificada. È um local de grande potencial didáctico nas áreas da Paleontologia, Sedimentologia e Estratigrafia (Fig. 2, e).

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Fig. 2: Paragens de especial interesse geológico. a, Ferrolito do Ordovícico Médio; b, Ardósias fossilíferas do Ordovícico Médio onde os visitantes podem procurar fósseis; c, Crista quartzítica dos Galinheiros; d, Vista do Miradouro da Pedreira do Valério; e, Icnofósseis em quartzitos; f, Conglomerados do Carbónico; g, Observação de um Afloramento com graptólitos do Silúrico; h, Paragem para a observação de Diamictitos glaciomarinhos. Paragem 9 – “Conglomerados do Carbónico” – nesta paragem é possível observar um espectacular conglomerado clasto-suportado, resultante da erosão e desagregação das vertentes da bacia carbonífera há cerca de 300 Ma. Aqui é possível abordar um conjunto de conteúdos de natureza sedimentológica, petrológica e paleogeográfica (Fig. 2, f). Paragem 10 – “Os graptólitos do Silúrico” – nos xistos carbonosos muito físseis deste local é possível encontrar e observar uma fauna graptolítica do Llandovery (Silúrico). È um local de grande interesse paleontológico e cronoestratigráfico (figura 2, g).

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Paragem 11 – “A glaciação tardi-ordovícica” – na parte média e superior da Formação Sobrido é possível encontrar uma grande diversidade de clastos (Dropstones) inseridos na matriz xisto-gresosa, que testemunham uma autêntica “chuva de clastos” resultante da fusão dos icebergs que se encontravam à deriva no oceano Rheic, como resultado da enorme glaciação verificada na Terra há cerca de 445 Ma. Esta última paragem apresenta um grande interesse didáctico de natureza sedimentológica, estratigráfica, paleogeográfica e paleoambiental (Fig. 2, h). 3. Considerações finais Aprender Geologia implica necessariamente a realização de actividades outdoor. Neste sentido, a “Rota do Paleozóico” agora proposta vem proporcionar ao professor de Geologia e aos alunos a possibilidade de realização de um percurso geológico, com uma vertente cultural associada, diversificado e de grande interesse, onde podem ser versadas diversas áreas do estudo da Geologia. De destacar que o facto de cada um dos geossítios inventariados contar uma história muito própria e distinta, constitui em nossa opinião uma contribuição para um forte enriquecimento da cultura geológica dos participantes. 4. Referências BibliográficasBrilha, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação: A conservação da natureza na sua vertente geológica. Palimage Editores. Viseu. 190 p. Coelho, M. H. C. (1988). O Mosteiro de Arouca – do século X ao XIII. Câmara Municipal de Arouca - Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda. Arouca. 472 p. Couto, H. (1993) As mineralizações de Sb-Au da região Dúrico-Beirã. Tese de Doutoramento n. publ. FCUP, 2 vols., 607 pp., Porto. Couto, H. (1999). Arouca: uma viagem através dos tempos geológicos. Associação da Defesa do Património Arouquense. Arouca. 7 p. Medeiros, A.C., Pilar, L. & Fernandes, a. p. (1964). Carta Geológica de Portugal na escala 1/50 000. Notícia explicativa da folha 13-B Castelo de Paiva. Serviços Geológicos de Portugal. Lisboa. 58 p. Sá, A. A. & Valério, M. (2005). Uma jazida excepcional no Ordovícico do SW da Europa: a “Pedreira do Valério” em Canelas (Arouca, Portugal). In: C. N. Carvalho (ed.). Cruziana ’05, Actas do Encontro Internacional sobre Património Paleontológico, Geoconservação e Geoturismo. Idanha-a-Nova. 23-25. Sá, A. A., Valério, M., Rábano, I. & Gutiérrez-Marco, J.C. (2005a). A paleontological site of international relevance in the Ordovician of Arouca (central Portugal), and the paradigm on coperation between science and industry. Abstracts of the IV International Symposium ProGEO on the Conservation of the Geological Heritage. Braga. 42. Sá, A.A., Brilha, J., Cachão, M., Couto, H., Medina, J., Gutiérrez-Marco, J.C., Rábano, I. & Valério, M. (2005b) A Geodiversidade da região de Arouca: o “minério” do século XXI? Jornadas da Terra 2005, “Ordenamento do Território, Turismo e Desenvolvimento Sustentável”, 6 pp., Arouca. Sá, A.A., Valério, M., Santos, C., Magalhães, T., Almeida, P. (2006a) Icnofósseis da Formação Santa Justa (Arenigiano, Ordovícico Inferior) no Vale do Paiva (Arouca) e a sua contribuição para o Património Paleontológico nacional. VII Congresso Nacional de Geologia, Universidade de Évora, Estremoz (em impressão). Sá, A.A., Brilha, J., Cachão, M., Couto, H., Medina, J., Rocha, D., Valério, M. Rábano, I., & Gutiérrez-Marco, J.C. (2006b). Geoparque Arouca: um novo projecto para o desenvolvimento sustentado baseado na conservação e promoção do Património Geológico. VII Congresso Nacional de Geologia, Universidade de Évora, Estremoz (em impressão). Sharples, C. (2002). Concepts and Principles of Geoconservation. Ficheiro PDF publicado electronicamente nas páginas do Tasmanian Parks & Wildlife Service, Australia, 79p.

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