Veredas Violadas: o Canto dos Cantos do Sertao
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Veredas Violadas: o canto dos cantos do Sertão
Vitor V. VasconcelosI; Apinyapon SeingyaiII;
I Doutorando em Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Mestre em Geografia,
Especialista em Solos e Meio Ambiente, Bacharel em Filosofia, Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Informática, [email protected]
II Mestre em Economia, Bacharel em Economia, Bacharel em Direito. Analista do Housing Bank
of Thailad.
Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/175666184/veredas-violadas-o-canto-dos-cantos-do-sertao
Versão para língua portuguesa do original publicado em:
VASCONCELOS, V.V.; SEINGYAI, A. The Songs of the Violated Vereda Wetlands in the Nooks of Brazilian
Savannah Backlands. Campo Terriório, v. 8, n. 16, p. 480-508, august, 2013. Disponível em:
http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/viewFile/20917/13093
480 Veredas Violadas:
o canto dos cantos do Sertão
Vitor Vieira Vasconcelos
Apinyapon Seingyai
VEREDAS VIOLADAS: o canto dos cantos do Sertão
THE SONGS OF THE VIOLATED VEREDA WETLANDS IN THE
NOOKS OF BRAZILIAN SAVANNAH BACKLANDS1
Vitor Vieira Vasconcelos Doutorando em Geologia na Universidade Federal de Ouro Preto, Mestre em Geografia, Especialista em
Solos e Meio Ambiente, Bacharel em Filosofia, Graduando em Geografia, Técnico em Meio Ambiente,
Técnico em Informática Industrial
Consultor Legislativo de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de
Minas Gerais
Apinyapon Seingyai Mestre em Economia, Bacharel em Economia, Bacharel em Direito
Analista do Housing Bank of Thailand
Resumo: O artigo procura apresentar resultados dos diálogos estabelecidos no âmbito
do evento Veredas Violadas, edição do Festival Sagarana: Feito Rosa para o Sertão, em
novembro de 2012. São discutidos aspectos conceituais, culturais e de políticas
públicas sobre os ecossistemas de veredas. É dada ênfase especial à percepção do povo
veredeiros e o seu relacionamento com seu ambiente, incluindo essa expressão na obra
de João Guimarães Rosa. É apresentada uma tipologia de impactos ambientais nos
ecossistemas de veredas, com base na etimologia regional com que os sertanejos
interpretam esses impactos.
Palavras-chave: Veredas, Veredeiros, Populações Tradicionais, Meio Ambiente,
Guimarães Rosa, Sagarana.
Abstract: This report seeks to present the outcome of exchanges conducted within the
event, Songs of Violated Vereda Wetlands (Veredas Violadas), the most recent
celebration of the Sagarana Festival: Becoming Guimarães Rosa for the Backlands
(como Rosa para o Sertão),2 in November 2012. Topics for discussion included
conceptual and cultural aspects, and public policies on the ecosystems of vereda
wetlands. Special emphasis was placed on the perception of traditional populations
living in the Brazilian Savannah hinterlands and their relationship to the Veredas,
including the expression of traditional life in the work of João Guimarães Rosa3. A
typology of the environmental impact on the ecosystems of veredas is presented, based
on the regional etymology by which the peoples of the hinterlands interpret these
impacts.
Keywords: Veredas, Wetlands,, Vereda’s inhabitants, traditional populations,
environment, Guimarães Rosa, Sagarana.
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Apinyapon Seingyai
Introdução
O Festival Sagarana – Feito Rosa para o Sertão, é realizado anualmente, desde
2008, no distrito de Sagarana, município de Arinos, no Noroeste de Minas Gerais. O
objetivo do festival é servir como um encontro dos povos do sertão, contemplando arte,
literatura, canto, dança, política, tecnologias sociais e demais aspectos que unem a
cultura dos povos do Vale do Urucuia e do Sertão do Brasil. Em 2012, o tema do
festival foi Veredas Violadas, realizado de 14 a 18 de novembro, com o seguinte
chamamento 2:
A quinta edição do festival permite-nos evidenciar, do Vale do Urucuia para o
Mundo, a sua face mais contemplativa. A que nos remete à essencialidade do cuidado
com a terra, com o solo, com as águas e o bioma que as povoa e preserva: o cerrado.
Uma simbiose somente interrompida pela força e ação inescrupulosa do homem,
impulsionadas pelo insensato e insensível do imediatismo capitalista. Cobra-nos, de
forma inusitada e singela, a preservação dos bens culturais e identitários – como as
modas de viola, os causos, os ditos, os fazeres e saberes populares regionais, que
sustentam a própria sobrevivência humana – harmônica, solidária, (com)partilhada e
igualitária; o que resultaria na sustentabilidade integral de comunidades, povos, fauna,
flora, solos e água, num círculo virtuo-frutuoso.
Daí, o tema esta feita intuído para alinhavar o evento – gravitanto o universo
das tecnologias sociais – composto por múltiplos outros acontecimentos, soa como
profecia roseana desentranhada do coração de algum de seus personagens marcantes
(quiça Riobaldo, com sua sabedoria contundente e desprendida?):
Veredas Violadas
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Vitor Vieira Vasconcelos
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Figura 1 – Arte do Festival Sagarana: Feito Rosa para o Sertão, edição Veredas
Violadas.
Nesse contexto, o evento tomou corpo com o apoio da Assembleia Legislativa
de Minas Gerais – ALMG –, da Fundação Banco do Brasil, do Ministério Público de
Minas Gerais, do Instituto Estadual de Florestas, do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, do Ministério do Meio Ambiente e de diversas outras instituições e
movimentos sociais ligados ao desenvolvimento sustentável dos povos sertanejos.
Previamente ao evento, a Consultoria Legislativa da ALMG preparou um estudo
estruturando o conhecimento existente acerca das veredas e do povo veredeiro, para
servir como base para as atividades e discussões a serem realizadas no evento.
O presente artigo parte do conteúdo desse estudo e o desenvolve a partir dos
diálogos realizados no âmbito do festival. As veredas são o tema central, abordando
aspectos conceituais, culturais e de políticas públicas. O artigo está estruturado nesses
três respectivos tópicos, porquanto os aspectos ambientais permeiam todos os temas.
Também foi levada em consideração especial a análise da percepção da população
sertaneja em relação às veredas e sobre a expressão desse ecossistema nas obras do
escritor João Guimarães Rosa. No tópico sobre políticas públicas, é proposta uma
tipologia de impactos ambientais em veredas, tomando por base a etimologia com que
os povos sertanejos compreendem esses impactos.
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Conceituação
As veredas constituem ambientes vales rasos, com solos brejosos e elevada
concentração de matéria orgânica em decomposição, de onde fluem nascentes perenes,
ao longo de todo o ano hidrológico (BOAVENTURA, 1978 e 1988; FERREIRA, 1988;
EITEN, 1993, p. 66). Nesse ambiente, desenvolve-se uma vegetação típica, adaptada ao
encharcamento do solo, em que saltam à vista as palmeiras Buriti (Mauritia vinifera M.
ou flexuosa), com ocorrência também das palmeiras Carimá (Maurítia armata, M.) e
Indaia (Attalea compta) (MARTIUS e SPIX, 1981, p. 109-110; RIBEIRO e WALTER,
2008). O Buriti, espécie-símbolo das veredas, significa ao mesmo tempo, árvore da vida
e árvore de onde flui líquido, em tupi-guarani (LORENZI, 1996). Ao redor da área de
palmeiras, encontra-se um envoltório ovalado de campo de solo úmido com caimento
suave, apresentando espécies de gramíneas também especialmente adaptadas a esse
ambiente (MELO, 1992; EITEN, 2001; IBGE, 2004; MELO e ESPÍNDOLA, 2006).
Figura 2 - Vereda da Capivara, destacando os buritizeiros e o campo úmido do
envoltório. Município de Bonito de Minas-MG. Fonte: Boaventura (2007, p. 90)
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Figura 3 – Ramificação da Vereda do Catolé. Município de Bonito de Minas. Fonte:
Neves (2013)
As veredas marcam a surgência de nascentes e podem acompanhar os cursos de
água por vários quilômetros (AGUIAR e CAMARGO, 2004; AUGUSTIN e MELO,
2009, p. 103; SANTOS e FERREIRA, 2009). Devido a sua função na manutenção da
vazão dos cursos de água, são chamadas de “Berço das Águas” (BOAVENTURA, 2007;
FERREIRA, 2008, p. 6) ou “Mãe das Águas” (JOVENS DO BEIRA RIO, 2009). A
presença de água e a vegetação são razões para justificar o papel ecológico crucial desse
ecossistema para a manutenção da fauna do Cerrado, com funções de dessedentação,
alimentação, abrigo, corredor ecológico e ambiente de reprodução (CASTRO, 1980;
VIANA, 1987; BAGGIO, 2002).
Uma boa descrição das veredas pode ser obtida na obra Grande Sertão:
Veredas, de Guimarães Rosa:
Saem dos mesmos brejos – buritizais enormes. Por lá, sucuri geme.
Cada sucuriú do grosso: voa corpo no veado e se enrosca nele, abofa
– trinta palmos! Tudo em volta, é um barro colador, que segura até
casco de mula, arranca ferradura por ferradura. Com medo de mãe-
cobra, se vê muito bicho retardar ponderado, paz de hora de poder
água beber, esses escondidos atrás de touceiras de buritirama. Mas o
sassafrás dá mato, guardando o poço; o que cheira um bom perfume.
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Jacaré grita, uma, duas, três vezes, rouco roncado. Jacaré choca –
olhalhão, crespido do lamal, feio mirado na gente. Eh, ele sabe se
engordar. Nas lagoas aonde nem um de asas não pousa, por causa de
fome de jacaré e de piranha serrafina. Ou outra – lagoa que nem
abre o olho, de tanto junco. Daí longe em longe, os brejos vão
virando rios. Buritizal vem com eles, buriti se segue, segue. (ROSA,
1986, p. 29-30)
As veredas são um nicho ecológico típico do Bioma Cerrado, com ocorrência
mais comum nas áreas planas, como as chapadas (AUGUSTIN e MELO, 2009, p. 103).
Todavia, também são registradas veredas no Bioma Caatinga (Área de Proteção
Ambiental – APA – Dunas e Veredas do Médio-Baixo São Francisco, na Bahia) e em
campos de altitude (como a Serra do Cabral, em Minas Gerais, e a Área de Relevante
Interesse Ecológico – Arie – Buriti, no Paraná) (CARRIJO, 2007). Há o registro de
buritizais em grande parte do Bioma Amazônico, todavia em um contexto ambiental
distinto das veredas. A ocorrência de veredas no Estado de Minas Gerais foi mapeada
pelo Instituto Estadual de Florestas – IEF – de 2005 a 2009 (SEMAD, 2006 E 2009). A
localização das veredas, bem como sua proteção por unidades de conservação, pode ser
observada no mapa da Figura 4.
O termo vereda tem raiz etimológica do celta “cavalo” (voredos), apropriado
pelo latim como cavalo mensageiro (veredus), palavra que posteriormente adquiriu o
sentido de caminho, tendo remetimento aos trilhos percorridos pelos cavaleiros
mensageiros (SILVEIRA BUENO, 1974, p. 4227). No Brasil, os ambientes de veredas
remetem etimologicamente a “caminho das águas”, como também ao fato de esses
ambientes serem trechos comuns para as trilhas de tropeiros e boiadeiros, em razão da
presença de água e do microclima ameno, em contraposição às chapadas quentes e com
escassos cursos de água (SOUZA, 1973, p. 297).
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Figura 4 - Mapa com a localização das veredas no Estado de Minas Gerais, bem como das unidades de conservação com ocorrência desse
ecossistema.
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Aspectos Culturais
A percepção dos grupos sociais sobre as veredas e a relação que têm com elas
são bastante diversos, conforme se observa nas seguintes citações compiladas por
Ferreira (2003, p. 160):
É onde nasce os córregos. É cheia de buritis. Serve como aguada para
o gado e para fazer represa para irrigação de lavoura.
(Informação verbal, fazendeiro, 45 anos)
É um brejo cheio de buriti com atoladô de criação na seca. Também é
aonde a gente cortava folha de buriti para cobrir os rancho de palha,
hoje usamos telha.
(Informação verbal, vaqueiro, 36 anos)
É um brejo danado, cheio de capim-navaia que só da gente encostá
corta, tem buriti também e vara reta de pindaíba prá caibro de
rancho. Serve para escondê gato-do-mato pegadô de galinha de
manhã cedo. Tá acabando.
(Informação verbal, morador de beira-rio, 52 anos)
É aonde nasce os corgos e de onde a gente puxava os rego d’água pra
tocá o monjolo. Tinha muito poço bão de pescá piaba bocuda entre os
pé de buriti. As veis a gente dá de cara com sucuri escondido no meio
do capim. Antigamente tinha até jacaré. Hoje já dismataram quase
tudo. Os buriti estão morrendo no meio das represa.
(Informação verbal, pequeno proprietário de terras 65 anos)
Os depoimentos mostram como as veredas são percebidas com um viés de tran-
sição, em que contrastam a convivência tradicional com as veredas e a sua degradação
ambiental devido os novos modos de ocupação do solo, mormente em virtude do des-
matamento e dos barramentos para irrigação. Alguns grupos se referem a ela com con-
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sideração e nostalgia, outros sob um viés mais utilitarista. Esses olhares serão abordados
no decorrer deste relato.
Merecem destaque, nesse contexto, os moradores tradicionais do sertão que
apresentam maior vínculo com as veredas: os veredeiros. Os veredeiros apresentam um
sistema de produção agroextrativista, com plantio rotativo no campo úmido de envoltó-
rio da vereda, agroextrativismo e soltio de gado (COSTA, 2005). Nas épocas de chuva,
deixam o gado se movimentar livremente pelas chapadas, enquanto na época de seca,
aproveitam os campos ainda úmidos do envoltório da vereda. Suas casas tradicional-
mente se assentam próximas à vereda, beneficiando-se do microclima mais fresco e
úmido.
O extrativismo do Buriti é especialmente notório, com a palha de suas folhas e
pendões servindo para a construção das casas e para a confecção de artesanato (GOMES
e FREITAS, 2010, p. 337-345). Os frutos são utilizados para alimentação de animais de
produção e também das famílias – com eles se fabricam doces, paçoca, farinha e óleo –
bem como para a produção de sabão (MARTINS e CLEPS JUNIOR, 2011, p. 8). Deles
também se faz vinho (ou licor), iguaria pouco conhecida fora do universo veredeiro: “O
vinho-doce, espesso, no cálice, o licor-de-buriti, que fala os segredos dos Gerais, a
rolar altos ventos, secos ares, a vereda viva” (ROSA, 2001, p. 255), nas palavras de
Guimarães Rosa.
Da relação entre os veredeiros e as veredas nascem laços simbólicos e culturais
próprios. Ressaltam-se as lendas sobre o “João do Mato”, espírito brincalhão e guardião
que cuida dos animais das veredas, tal como um “vaqueiro de bichos”. Todavia, a
presença do João do Mato depende também da presença dos veredeiros, desaparecendo
quando estes porventura são expulsos de suas moradas. Dessa forma, os veredeiros
contam diversas histórias de como aumentam os casos de animais mortos, inclusive por
caçadores, após a remoção dos veredeiros (COSTA, 2011, p. 164-165). O pano de fundo
dessa lenda refere-se, claramente, ao cuidado que os veredeiros têm com a manutenção
das veredas, por essas serem vistas como essenciais para a perpetuação da sua
existência. Esse cuidado permeia certas precauções sociais, como no seguinte relato:
“não mexíamos no coração da vereda e por isso ela continuava viva e o mato se
regenerava” (MARTINS e CLEPS JUNIOR, 2011, p. 8), em um contexto de plantio
rotativo nos campos úmido do envoltório da vereda, com períodos de pousio
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(MARTINS, 2011, p. 115). A relação de respeito para com as veredas também emerge
nas diversas estórias envolvendo os perigos das sucuris e jacarés nos lagos das veredas,
bem como dos veredeiros que, em um misto de heroísmo e insensatez, mergulham
nesses lagos para salvar as reses arrastadas para as profundezas por esses predadores
(JACINTO, 1998, p. 76-77).
Figura 5 - Choça de palha de buriti e terreiro, nas imediações de vereda. Município de
Bonito de Minas-MG. Fonte: Boaventura (2007, p. 153)
Expressando a importância cultural das veredas, Guimarães Rosa, em seu conto
“Buriti”, enfoca como os buritis e seus brejos são considerados simbolicamente como
fonte de força de vida (inclusive com teor erótico) para os povos que vivem em seu
entorno (ALMEIDA, 2008). Esse sentido também se encontra na obra “Grande Sertão”
(SOBRINHO, 2003): “todo buritizal e florestal: ramagem e amar em água” (ROSA,
1994, p. 432).
Outro aspecto cultural de interesse sobre as veredas são as histórias de globos
luminosos que surgem à noite e circulam pelas veredas, até que, de repente, descem
sobre o solo e desaparecem. De acordo com os veredeiros, essas luzes seriam os
espíritos de quem enterrou ouro nas veredas, em períodos antigos. Essas lendas levavam
os mais corajosos a espreitar a noite, à espera dessas luzes, com o objetivo de descobrir
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o ponto em que a luz desce para o solo, assinalando a localização do suposto tesouro.
Esse fenômeno dos globos luminosos é objeto de lendas em diversos lugares do mundo,
sendo sempre observado em áreas brejosas com acúmulo de matéria orgânica. A
explicação científica mais aceita é que se trata de uma bioquimioluminescência causada
pela combustão espontânea de gases de fosfina (PH3), resultado da combustão
anaeróbica da matéria orgânica (MILLS, 1980 e 2000). Guimarães Rosa também se
debruçou sobre as histórias de bioquimioluminescência no “Grande Sertão: Veredas”,
como se observa:
Assim, olhe: tem um marimbú - um brejo matador, no Riacho Ciz - lá
se afundou uma boiada quase inteira, que apodreceu; em noites, de
depois, deu para se ver, deitado a fora, se deslambendo em vento, do
cafofo, e perseguindo: tudo, um milhão de lavareda azul, de jãdelãfo,
fogo-fá. Gente que não sabia, avistaram, e endoideceram de correr
fuga. Pois essa estória foi espalhada por toda a parte, viajou mais, se
duvidar, do que eu ou o senhor, falavam que era sinal de castigo, que
o mundo ia se acabar naquele ponto, causa de, em épocas, terem
castrado um padre, ali perto umas vinte léguas, por via do padre não
ter consentido de casar um filho com sua própria mãe. A que, até,
cantigas rimaram: do Fogo-Azul-do-Fim-do-Mundo. Hê, hê?...
(ROSA, 1986, p. 59)
As Veredas e as Políticas Públicas
Para os veredeiros “chapadas e veredas é dom de Deus”, e por isso mesmo
“tinha(m), todos, os direitos de plantar” (depoimentos colhidos por Martins e Cleps
Junior (2011, p. 7)). Dessa forma, seu modo de produzir e de conceber o mundo não se
encontra assentado em um modelo de apropriação privada das propriedades. Em seus
dizeres: “a terra era solta e eu sou que nem bicho do mato, em qualquer lugar
empasto” (depoimento colhido por COSTA, 2011, p. 186). Em algumas regiões,
todavia, grandes fazendeiros se declaravam donos das terras, embora permitissem que
os veredeiros continuassem morando “de favor” nessas propriedades (MARTINS, 2011,
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p. 99). Essa liberdade territorial, todavia, foi posta em cheque pelas novas lógicas de
apropriação do território, introduzidas com as políticas públicas de crédito para
produção agrícola. Esse fenômeno torna-se mais forte a partir da década de 1970, com a
instalação de empreendimentos de silvicultura, bem como de empreendimentos
agrícolas de imigrantes do Sul do país.
Esses novos modos de produção também causaram grandes impactos ambientais
sobre as veredas. A “morte das veredas” (NUMAN, 2005, p. 3-4) recebe nomes
regionais em razão das suas diversas formas de degradação, que pode ser traduzida, de
maneira geral, na seguinte tipologia de impactos ambientais: veredas esgotadas,
aterradas, secas e afogadas.
As veredas esgotadas se originam da drenagem do brejo central, por meio de
cavas que perfuram o perfil argiloso que segura a água no interior da vereda. Essa
drenagem permite o cultivo na terra sempre úmida do núcleo da vereda, porém, além do
impacto ambiental do desmate da vegetação, também elimina a função de regulação
hídrica, pois a vereda deixa de verter água na estação seca. Diversas veredas foram
esgotadas com incentivos governamentais do programa Pró-Várzeas, durante as décadas
de 1970 e 1980. Atualmente, há uma tendência de esgotamento de veredas por pequenos
proprietários para a plantação de cana, nas regiões Norte e Noroeste de Minas, o que
tem gerado conflitos pelo uso da água com a população a jusante das veredas
(VASCONCELOS et al., 2010).
As veredas aterradas resultam do assoreamento proveniente da área de
drenagem no entorno das veredas, especialmente nas regiões de solos mais arenosos.
Muitas veredas foram aterradas após instalação de empreendimentos de silvicultura nas
décadas de 1970 e 1980, conduzidos sem o manejo de solo adequado (GOMES e
FREITAS, 2010, p. 348). Também é significativo o impacto de assoreamento
proveniente de estradas sem infraestrutura adequada de manejo de águas pluviais
(BOAVENTURA, 2007, p. 203-204).
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Figura 6 – Vereda da Vaca Brava, esgotada, utilizada para plantio de Cana. Bacia do Rio
Cochá, Norte de Minas Gerais. Fonte: Vasconcelos et al. (2010)
Figura 7 – Vereda Galho do Assapeixe, aterrando buritis em virtude do assoreamento de
plantações de eucalipto. Nascente do Córrego do Peixe, Município de São Francisco-
MG. Fonte: NUMAN (2005)
As veredas secas ocorrem quando as veredas são atingidas por queimadas em
períodos em que a turfa não está úmida o suficiente para impedir a sua combustão
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(BAHIA et al., 2009, p. 8). Nesses casos, mesmo após o fim da queimada superficial, a
turfa misturada à terra continua se carbonizando em brasa (NUMAN, 2005, p. 43-44),
nas profundezas da vereda, por semanas a fio, exalando fumaça por meio de ranhuras de
metros de profundidade. Após o processo de carbonização, a terra/turfa carbonizada
transforma-se em uma substância dura, totalmente infértil e sem capacidade de reter
água. Há relatos de veredas secas que demoraram mais de 10 anos para se regenerarem
e suportar a vegetação e a circulação de água (VASCONCELOS e SANTACRUZ
JUNIOR, 2007, p. 5).
As veredas afogadas são o resultado do barramento das veredas para fins
agropecuários, como irrigação e dessedentação do gado (FERREIRA, 2003). Em um
ambiente com escassos cursos de água, as veredas apresentam-se como as localizações
mais práticas para o represamento. Após a construção do barramento, transforma-se o
ambiente de lótico (água corrente) em lêntico (água parada), além de subir o nível de
água, o que faz com que pereça a maioria da flora naturalmente associada à vereda
(VASCONCELOS, 2010, p. 114). Os troncos de buritizeiros mortos servem de
testemunho do impacto ambiental.
Figura 8 – Solo carbonizado em vereda seca, anos após o incêndio. Parque Estadual
Veredas do Peruaçu. Fonte: Vasconcelos et al. (2010)
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Figura 9 – Buritis mortos em virtude de barramento em vereda na Bacia de Entre-
Ribeiros, afluente do Rio Paracatu, Noroeste de Minas Gerais. Fonte: Martins Junior
(2006)
Outro impacto ambiental significativo é o de soltio de gado no envoltório de
campo úmido que drena para a vereda. A compactação do solo e a degradação da
vegetação pelo gado fazem com que a capacidade de infiltração e reservação da água
pela vereda seja comprometida, diminuindo a vazão de recursos hídricos, especialmente
no período das secas (BOAVENTURA, 2007, p. 201). Neves (2011), Maffia et al.
(2009) e Pereira (2010), por meio do monitoramento da vazão de veredas degradadas e
não degradadas, mostraram que as veredas conservadas possuem uma maior capacidade
de regularização de vazão durante a estação seca e eventuais veranicos. Projetos de
monitoramento de veredas cercadas para isolamento do gado e regeneração da
vegetação também reportam um aumento significativo de vazões (VIEIRA, 2012).
O reconhecimento da importância ecológica e da necessidade de regularização
dos recursos hídricos fez com que fossem tomadas providências pelo poder público,
com o intuito de assegurar sua preservação. A Lei Federal nº 12.651, de 2012, em seu
art. 4º, inciso XI, define que o entorno de 50 metros, a partir do limite do espaço
permanentemente brejoso e encharcado da vereda, é considerado área de preservação
permanente. No caso do uso consolidado das veredas até 22 de julho de ano de 2008,
essa lei prevê que as pequenas propriedades rurais (com área menor que 4 módulos
fiscais) são obrigadas a recuperar a vereda até apenas os primeiros 30 metros desse
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entorno (art. 61-A, § 7º). Não obstante, a lei facilita a manutenção de certas atividades
de povos tradiconais em veredas, ao caracterizá-las como de baixo impacto, tais como
exploração agroflorestal, coleta de produtos vegetais para artesanato, e manutenção das
moradias tradicionais.
Outras regulamentações legais importantes para a preservação das veredas foram
a Lei Estadual nº 13.635, de 2000, que declara o Buriti como árvore imune de corte em
Minas Gerais, bem como o Decreto Distrital nº 14.783, de 1993, que traz a mesma
proteção para o Buriti no Distrito Federal.
Em que pese a importante proteção trazida pela legislação ambiental ao
ambiente das veredas, também toca reconhecer que esses instrumentos legais
praticamente inviabilizaram o modo de produção dos veredeiros, passando a ser
considerados um problema jurídico-social.
Os órgãos de gestão das águas também enfrentam dificuldades ao agir junto às
comunidades veredeiras. As famílias veredeiras partem da concepção de que a água,
como um dom de deus, deve sempre fluir em liberdade, de modo a manter a vida da
vereda, apropriada por ninguém, enquanto a cultura dos órgãos de gestão das águas se
pauta pela contenção (RIBEIRO e GALIZONI, 2003, p. 136). Um exemplo claro é a
prática dos veredeiros de deixar as torneiras, mangueiras e captações correrem à
vontade próximo à casa no interior da vereda, ao passo que as campanhas ambientais
tentam convencê-los a mudar esse hábito (RODRIGUES, 2011, p. 9). A gente veredeira
apresenta uma ligação emocional clara com a água que flui nas veredas e no entorno de
seus quintais. Tal dependência da água pode ser observada na seguinte passagem:
“Um dia que Clenilda dormiu aqui, ela dormia com um copo de água
debaixo da cama. Ela falava que era pecado dormir com sede. Falava
que se a gente dormir com sede a alma sai para beber água, e se ela
não voltar, a gente morre.” (relato colhido por Rodrigues (2011, p.
11))
Essa vinculação entre água, vereda e felicidade das gentes do sertão também
transparece no “Grande Sertão: Veredas”:
496 Veredas Violadas:
o canto dos cantos do Sertão
Vitor Vieira Vasconcelos
Apinyapon Seingyai
“’o melhor de tudo é a água” (ROSA, 1986, p. 41)
“perto de muita água, tudo é feliz” (ROSA, 1986, p. 21)
“uma baixada toda avistada, felizinha de aprazível, com uma lagoa
muito correta, rodeada de buritizal dos mais altos: buriti – verde que
afina e se eveste, belim-beleza” (ROSA, 1986, p. 35)
“buriti quer tudo azul, e não se aparta de sua água – carece de
espelho” (ROSA, 1986, p. 27)
Uma outra estratégia do poder público, com o intuito de preservação das veredas
foi a criação das unidades de conservação em áreas de grande ocorrência desse
ambiente. Em Minas Gerais, foram criados o Parque Federal Grande Sertão-Veredas, em
1989; o Parque Estadual Veredas do Peruaçu, em 1994; a Reserva Estadual de
Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari, em 2003; a APA Pandeiros, em 1995; e,
no interior dessa última, o Refúgio da Fauna Silvestre Pandeiros, em 2004. No caso dos
dois parques, todavia, por serem unidades de proteção integral, foi necessário deslocar
os povos veredeiros que lá viviam. Na implantação do Parque Grande Sertão, foi
negociada a realocação dos veredeiros em assentamentos de reforma agrária. Inobstante,
foi imposta aos veredeiros uma nova lógica de produção e moradia, associada aos
programas de ocupação do Incra e à legislação ambiental, ocasionando a perda de sua
cultura (MARTINS e CLEPS JUNIOR, 2011). Também como parte dessa negociação,
foi elaborado o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Entorno do Parque Grande
Sertão Veredas (FUNATURA, 2002a), em 2002, para a porção mineira do parque, com
foco nas estratégias de agroextrativismo e de turismo rural/ecológico nessas regiões.
Além disso, foram propostos diversos projetos que poderiam alavancar o
desenvolvimento sustentável da região.
Em razão das diversas unidades de conservação criadas no Norte de Minas
Gerais, instituiu-se o Mosaico de Unidades de Conservação Sertão Veredas-Peruaçu.
Um de seus objetivos é auxiliar na gestão territorial sustentável das áreas de entorno e
dos corredores de vegetação nativa entre essas unidades. Tomando como referência os
moldes do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Entorno do Parque Grande Sertão
Veredas, o conselho gerenciou em 2008 a elaboração do Plano de Desenvolvimento de
Base Conservacionista do Mosaico Sertão Veredas / Peruaçu (FUNATURA, 2002b).
497 Veredas Violadas:
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Vitor Vieira Vasconcelos
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Ainda no âmbito do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, destaca-se o Projeto
Desenvolvimento do Plano de Implantação do Sistema de Áreas Protegidas e
Corredores de Conectividade entre Unidades de Conservação RPPN de Porto Cajueiro e
Parque Estadual Veredas do Peruaçú (AMDA, 2009), gerido pela Associação Mineira de
Defesa do Meio Ambiente – Amda – a partir de 2009, com parceria do Instituto
Estadual de Florestas – IEF –, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais – Ibama – e do Sindicato da Indústria do Açúcar em Minas Gerais –
Sindaçúcar. O projeto tem como objetivo o planejamento territorial sustentável da
região, para, por meio da alocação ordenada de reservas legais de empreendimentos
agropecuários, conjugadas às áreas de preservação permanente, assegurar a manutenção
de corredores de vegetação de cerrado e de veredas entre as unidades de conservação
mencionadas.
As famílias veredeiras, assim como outros povos tradicionais do sertão,
apresentaram um verdadeiro salto de qualidade de vida ao passarem a ser beneficiados
por políticas de redistribuição de renda e de acesso a serviços públicos, tais como o
bolsa-família, o Luz para Todos, a aposentadoria rural e o transporte escolar
(VASCONCELOS et al., 2010, p. 4). Em suas próprias palavras:
Nois é muito agradecido a esse governo porque ele é muito bom pra
gente, ele nos manda essa ajudinha todo mês, é pouco mais dá pra
comprar arroz e feijão pra todo mundo comer, hoje ninguém morre de
fome, não é como antes que nois tinha que se virar, se o plantio da
vereda, a plantação fosse boa tinha comida se fosse ruim ninguém
comia. (Relato colhido por Gonçalves et al., (2010, p. 9))
Esses recursos provenientes de políticas públicas permitiram aos veredeiros
investir em sua moradia e atividades produtivas, fazendo com que as antigas choças de
palha de buriti e os plantios rotativos, ambos escondidos nas veredas, dessem lugar a
clareiras abertas ocupadas por casas de alvenaria, com energia elétrica e circundadas por
quintais, pastagens e plantações. Apesar da inegável melhoria na qualidade de vida,
essas políticas também acabaram por ampliar e consolidar a ocupação das veredas e de
suas áreas úmidas de entorno (VASCONCELOS et al., 2010, p. 4).
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Apinyapon Seingyai
Por todas essas violações e transformações pelas quais passaram as gentes que
antes se denominavam veredeiras, hoje seus discursos são muito mais de saudosismo de
tempos passados e experiências vividas do que de pertencimento a um ambiente
presente, haja vista que as novas lógicas sociais e de produção têm levado ao abandono
gradual dos usos e costumes antigos e gerado novas apropriações dos ambientes
sertanejos em função de seus usos atuais (FERREIRA, 2003, p. 213). Nesses termos,
tomam corpo as palavras de Riobaldo, no “Grande Sertão: Veredas”:
"Me deu saudade de algum buritizal, na ida duma vereda em capim
tem-te verde, termo de chapada. Saudades, dessas que respondem ao
vento; saudades dos Gerais. O senhor vê: o remôo do vento nas
palmas dos buritis todos, quando é ameaço de tempestade. Alguém
esquece isso? O vento é verde. Aí, no intervalo, o senhor pega o
silêncio põe no colo. Eu sou donde eu nasci. Sou de outros lugares."
(ROSA, 2001, p. 306)
Em virtude de as veredas serem essenciais para a manutenção das vazões dos
rios da bacia do São Francisco, seria de se esperar que merecessem atenção especial do
Programa de Revitalização do Rio São Francisco, por meio do qual o Governo Federal
busca manter a vazão do rio, como compensação pela implantação do projeto de
transposição nessa bacia. Entretanto, a maior parte dos recursos está direcionada ou para
ações de convivência com a seca no ambiente semiárido, ou para ações de saneamento
concentradas no Alto São Francisco, onde se encontram as maiores cidades. Os recursos
para revegetação de áreas nativas e para cercamento de nascentes têm sido utilizados em
toda a porção mineira da Bacia do São Francisco, por meio de parceria com o IEF, mas
foram concentrados para produção de mudas em matas ciliares, em virtude da maior
facilidade técnica para recuperação desses ambientes.
Uma das ações enfocadas para a preservação das veredas é o Programa Vereda
Viva, conduzido pelo Ministério Público Estadual desde 2005, em articulação com
diversas instituições acadêmicas e órgãos públicos participantes do Núcleo
Interinstitucional de Estudos e Ações Ambientais do Norte de Minas – Niea-NM – e do
Grupo de Combate a Delitos Ambientais do Norte de Minas – GDA-NM (LIMA, 2009,
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p. 73-75). O programa consiste em realizar estudos técnico-científicos sobre veredas
degradadas, identificando o passivo ambiental e a responsabilidade pela degradação
(NUMAN, 2005). O Ministério Público Estadual, em seguida, negocia termos de ajuste
de conduta com os empreendedores, viabilizando projetos de preservação das veredas,
de educação ambiental e de desenvolvimento sustentável da população veredeira,
executados pelas próprias instituições acadêmicas. O Programa Raízes, gerido nos
mesmos moldes do Vereda Viva, foca os empreendimentos de silvicultura e também tem
como uma de suas prioridades a proteção das veredas (LIMA, 2009, p. 73-75).
Com ação específica nas veredas da APA Pandeiros, o IEF conduz, desde 2004,
o projeto Preservação Ambiental e Geração Alternativa de Renda. O objetivo do projeto
é a diversificação produtiva de famílias que anteriormente viviam da produção de
carvão de origem nativa. O projeto inclui ações de educação ambiental e diversificação
de renda com agroextrativismo, apresentando como um de seus resultados a
significativa diminuição das queimadas na área da unidade de conservação.3
A organização não governamental Movimento Verde, em cooperação com o IEF
e com a empresa Kinross, desenvolve o Projeto Nascentes do Paracatu, desde o ano de
2006. O projeto realiza o cercamento, monitoramento e educação ambiental para a
regeneração de mais de 90 nascentes, grande parte delas veredas, dentro da Bacia do
Rio Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais. Parte do aumento na vazão das veredas e
demais nascentes recuperadas é utilizada para desenvolvimento de irrigação por parte
dos proprietários rurais que aderem ao projeto, trazendo aumento de renda para a
população sob o princípio da sustentabilidade. (VIEIRA, 2012)
Também há iniciativas acadêmicas independentes, como o projeto de extensão
Vereda Sustentável, da Universidade Nacional de Brasília – UNB –, executado desde
2005, e que foca na educação e assistência técnica para segurança alimentar,
desenvolvimento sustentável e conservação ambiental em assentamentos rurais com
ocorrência de veredas. Também se destaca o projeto etnográfico Opará – tradições,
identidades, territorialidades e mudanças entre populações rurais e ribeirinhas no
Sertão Roseano – (UNIMONTES, 2010), conduzido pela Universidade Estadual de
Montes Claros – Unimontes – de 2007 a 2010, que elaborou estudos sobre as diversas
etnografias dos povos do Sertão, incluindo eixo específico sobre os veredeiros.
500 Veredas Violadas:
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Reflexões Finais
Degradadas, pisoteadas, aterradas, afogadas, esgotadas e secas, as veredas
apresentam uma história sofrida, assim como a dos veredeiros que viveram e vivem em
seu entremeio. Todavia, como mãe, berço e caminho das águas, as veredas ainda
apresentam valor inestimável para cada ser vivo do sertão, seja ele humano, animal ou
planta. O reconhecimento da importância ambiental e social associada às veredas é
processo essencial para sua conservação.
Para não-concluir, nada melhor do que as boas vindas do Festival Veredas
Violadas 4:
As veredas, antes verdadeiros oásis na imensidão da travessia sertaneja, fonte
de alimento e água pura para os passantes e viventes de seu entorno, hoje subsistem
diminuídas na servidão às monoculturas, que as cerceiam com suas teias aradas, à
custa da vida ceifada de milhares de espécimes de uma rara biodiversidade. Mas a
viola ponteia e verte acordes e o violeiro entoa cantos que gestam a resistência, a
revolução cotidiana para a auto-redenção de tudo que é bicho e planta viva, ares e
minerais e junto ao poeta faz-se voz de toda a precisão:
VEREDAS VIOLADAS
VERTENDO ENCANTOS
ACORDES SERTÃO
Agradecimentos
Agradecimentos a Almir Paraca e a todas as instituições que organizaram e
participaram do Festival Sagarana. Agradecimentos especiais à Gerência de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Consultoria Temática da ALMG, pelo
apoio técnico e de revisão linguística.
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Vitor Vieira Vasconcelos
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Notas de Fim
1 The Portuguese title is intentionally ambiguous, in a poetical style. Veredas (Pathways) are a kind of
oasis vegetation inside the Cerrado (Brazilian Savannah). Violadas (touched) refers both to the
environmental violation of this vegetation and also to sing accompanied by the sound of someone playing
the viola (traditional twelve string guitar used in the Brazilian countryside). “Canto dos cantos” refers to
the “nook of the nooks” and also, implicitly to the “The Song of Songs” from the Bible, as well as some
interplay among these meanings, like “song of the nooks” or “nook of the songs”. Savannah Backlands
(Sertão) refers to the hinterlands of the Brazilian Savannah.
2 Disponível na página do evento: http://www.festivalsagarana.com.br/?p=719, acesso em 7/12/2012.
3 Geração alternativa de renda nas veredas mineiras preserva unidade de conservação. Jornal Estado de
Minas. 30/05/2012.
4 Disponível em: http://institutohr.org.br/pdg2012/sagarana-feito-rosa-para-o-sertao/, acesso em
7/12/2012.
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