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    1 INTRODUÇÃO

    Os seres humanos sempre sentiram anecessidade de gerar, de compartilhare de adquirir informação por meio dosmais variados tipos de assuntos e de formasde expressão. O sonho de que este arsenalinformacional ultrapasse fronteiras, perpassahomens de diversas épocas, muito antes doaparecimento da Internet e está presente nos diasde hoje.

    Na Idade Média o conhecimento eradestinado ao clero por meio dos mongescopistas, com o passar do tempo a ideia de umlivre acesso ao uxo da informação geradapela humanidade ganhou força no século XVII

    1 Parte dos resultados alcançados na dissertação de mestrado, financiada pela

    Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP. Defendidoem Nov. 2012. PROCAD/CNPq – 2014.

    impulsionado por estudiosos eruditos quemontaram a rede de saber universal  Academia deLince, em 1603. Com a fundação das sociedadescientícas na França e na Inglaterra seis décadasdepois, mais precisamente em 1660, apareceo primeiro periódico cientíco, embora nãotratasse exclusivamente de assuntos cientícos,mas também de resumos de livros publicados na

    Europa, algumas cartas e notas, etc.Estava evidente, por esse fato, a preocupa-ção com a disseminação da informação, o com-partilhamento do conhecimento e o uso efetivoda tecnologia vigente na época. Nesse contexto,cabe a referência a Barreto (2008, p. 1), quandoarma que “[...] o ideal compartilhado seria o dese construir uma sociedade do conhecimento nãosó uma sociedade da informação [...]”, pois “[...]a sociedade da informação é uma utopia de rea-lização tecnológica e a do conhecimento uma es-

    * Doutora em Lingüística pelaUniversidade de São Paulo, Brasil.

    Docente do Programa de Pós-

    Graduação em Ciência da Informaçãoda Universidade Estadual Paulista Júlio

    de Mesquita Filho - Campus de Marília,

    Brasil;

    E-mail: [email protected].

    **  Doutorando em Ciência daInformação no Programa de Pós-

    Graduação em Ciência da Informação

    da Universidade Estadual Paulista Júlio

    de Mesquita Filho - Campus de Marília,

    Brasil.E-mail: [email protected].

    MUSEU E SUAS TIPOLOGIAS: o

    webmuseu em destaque

    Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos* Fábio Rogério Batista Lima** 

    RESUMO O acelerado desenvolvimento das Tecnologias daInformação e Comunicação – TIC, somado ao avançoda rede mundial de computadores Internet, fez surgirconceitos e denições como realidade virtual, ambientesimersivos, webmuseus,  museus digitais, arte eletrônica,ciberarte, dentre outros termos que são cada vez maiscomuns e estão presentes no cotidiano dos usuários daWeb. Na perspectiva de entender melhor as terminologias

    utilizadas para designar museu no ambiente virtual,apresenta-se um quadro síntese de termos comowebmuseu, museu virtual, museu digital e seus derivadosno intuito de denir os elementos que os diferenciam eos que se assemelham. Utilizou-se o método bibliográcodescritivo, para a identicação dos conceitos apresentadospor alguns autores especialistas da área. Como conclusão,recomenda-se a utilização do termo webmuseu para museusno ciberespaço como sendo o mais apropriado e aponta-seo seu conceito, abrangendo signicado e características.

    Palavras-chave: Museu. Webmuseu. Tipologias de sites de museu.

      a  r   t   i  g  o    d

      e

      r  e  v   i  s   ã  o

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    Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos e Fábio Rogério Batista Lima

    perança de realização do saber [...]”. (BARRETO,2008, p. 1).

    Com o passar dos anos, a relação detempo/espaço e emissor/receptor é modicada,a informação agora é obtida no denominadotempo real (online) fazendo com que a suapercepção e julgamento sejam imediatos, oreceptor, nessa condição, passa a ser o avaliadorda sua relevância no momento de sua interação.Com a nova plataforma Web 2.0 – e caminhandopara a Web Semântica ou Web 3.0 – a estruturados documentos depositados nos ambientesinformacionais digitais são híbridos, combinandodiversas linguagens (textuais, sonoras,imagéticas), os sistemas de busca de informações(motores de buscas) mais inteligentes, dinâmicose precisos e a interatividade entre emissor e

    receptor é mais próxima, intensa e atemporal,a exemplo das chamadas redes sociais. Nelas,a estrutura sociotécnica, descrita por Fumero(2007) “[...] emerge como forma orgânica emnovos padrões do uso da infotecnologia naInternet [...]”.

    A Web nova geração - WebNG viu nascerem seu berço um novo sujeito. O sujeito atuante,impessoal, com talento determinante paraum ambiente com fronteiras pouco denidas,diferente de uma determinada organizaçãovisivelmente fechada, estática e atada à

    burocracias. Esse novo cidadão conhecido comonativo digital ou Geração Y exprime suas ideiase desejos em ambientes virtuais vivenciado,muitas vezes, em mundos paralelos por seusavatares.

    Nesse cenário, as bibliotecas, osarquivos e mais especicamente, os museus,sofreram mudanças estruturais e conceituaisao longo da história da humanidade. O usodas Tecnologias de Informação e Comunicação- TIC nos museus gerou mudanças na formade tratamento do acervo, em sua apresentação

    ao público, na organização de seus catálogose consequentemente na forma como hoje sãoconhecidos.

    Na perspectiva de entender melhor asterminologias utilizadas para designar museuno ambiente virtual, apresenta-se um quadrosíntese de termos como webmuseu, museuvirtual, museu digital e seus derivados nointuito de oferecer o esclarecimento paraos elementos que os diferenciam e os que seassemelham. Para isso, fez-se uso do método

    bibliográfico descritivo, para a identificaçãodos conceitos apresentados por alguns dosautores especialistas da área, bem comooferecer uma contribuição utilizando o olharda Ciência da Informação na recomendaçãodo uso do termo Webmuseu como sendo o maisapropriado.

    2 MUSEU: UMA  SÍNTESE HISTÓRICA 

    Segundo a historiadora Marlene Suano(1986), a origem do termo museu está ligada ahistória da Grécia antiga. A união entre Zeus– Deus supremo – e Mnemósine – a Deusa damemória – deu origem a nove musas: Calíope,Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnea,

    Tália, Terpsícore e Urânia. As musas eramdotadas de criatividade e de uma grandememória; e possuíam seus próprios templos:os ‘templos das musas’ ou mouseion , ondecumpriam sua missão, que era proteger asartes.

    Entretanto, a denição ocial desseconceito muda na medida em que ocorremmudanças sociais e tecnológicas. O InternationalCouncil of Museums  - ICOM,  da UNESCO -Organização das Nações Unidas para a Educação,a Ciência e a Cultura ,  órgão responsável por

    questões referentes aos museus, atualizou adenição de museu, no ano de 2007, na 21ªConferência Geral do Conselho Internacional deMuseus em Viena na Áustria, e deniu museuscomo:

    [...] instituições sem fins lucrativos,permanentemente a serviço dasociedade e do seu desenvolvimento,abertas ao público, que adquirem,conservam, pesquisam, comunicame expõem o patrimônio tangível eintangível da humanidade e seu meio

    ambiente para fins de educação,estudo e diversão. (INTERNATIONALCOUNCIL OF MUSEUMS, c.2010-2012, tradução nossa)

    No entanto, o conceito de museudescrito pelo ICOM parece necessitar deuma nova revisão, pois as transformaçõesno modo de construção das informações demuseus em ambientes virtuais geraram novasdenominações, proporcionando ambientesdigitais de exposição, no percurso do que Plaza

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     Museu e suas tipologias

    Gonzales (2008) denomina de trânsito semiótico.Nesse sentido,

    [...] os meios tecnológicos absorvem

    e incorporam os mais diversos

    sistemas sígnicos, traduzindo as

    diferentes linguagens históricas para

    o novo suporte. Essas linguagens

     transcodificadas efetivam a colaboração

    entre os diversos sentidos, possibilitando

    o trânsito intersemiótico e criativo entre

    o visual, o verbal, o acústico e o tátil.

    (PLAZA GONZALES, 2008, p. 66)

    No interior da área de conhecimentoCiência da Informação, o museu pode serdenido como uma “[...] unidade de informaçãoque trabalha com a organização, o tratamento, oarmazenamento, a recuperação e a disseminaçãoda informação produzida a partir de suascoleções”. (YASSUDA, 2009, p. 15).

    A engrenagem que impulsiona o bomfuncionamento dos museus é baseada nosprincípios gerais da comunidade internacionalde museus, pautada em princípios básicos daética prossional do trabalho museológico,descritos no Código de Ética para Museus,elaborado pelo ICOM em 2006, com versãoem língua portuguesa, que diz que os museus

    tem “[...] o dever de adquirir, preservar evalorizar seus acervos, a m de contribuir paraa salvaguarda do patrimônio natural, cultural ecientíco [...]” (INTERNATIONAL COUNCILOF MUSEUMS, 2008, p.12). Schweibenz (1998)complementa dizendo que o museu “[...] éum lugar que se deve visitar para conheceros trabalhos artísticos [...]”, ou seja, é emespaços informacionais dessa natureza que seconcentram grande parte das discussões, dosdebates, da aprendizagem e do entretenimento

    relacionados à arte e à cultura.Desde a antiguidade necessitamos de taisespaços culturais para conhecer as artes e asculturas passadas. Vargas (2008, tradução nossa)aponta que:

    O templo foi para as sociedades antigas

    o que foi o teatro para os gregos, o

    coliseu para os romanos, os mosteiros

    e os castelos para a sociedade da Idade

    Média, o mesmo que os palácios para a

    Renascença. Assim, cada época tem tido

    um espaço cultural que a caracteriza,

    além de funcionar como um ponto de

    encontro e reunião. Hoje, em nossa

    sociedade contemporânea e urbana, os

    museus cumprem em parte essa função.

    (VARGAS, 2008, p.63, tradução nossa)

    Ainda segundo a autora, “[...] os antigostemplos de inspiração, a antiga casa das Musas,estão se tornando os portais baseados emrealidade virtual, de uma nova forma de levar oconhecimento e o prazer estético [...]”. (VARGAS,2008, tradução nossa).

    Nos últimos tempos, os museus assumirampapéis estratégicos no mundo “[...] marcadopela desconstrução das noções tradicionais de

    tempo e de espaço, no qual identidades locais eglobais se relacionam em complementaridade”(INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2012,p. 4). Nesse sentido, os museus têm a sua frenteum grande desao: reetir sobre seu papel emmeio as transformações sociais em um mundoem constante movimento.

    Sendo o museu descrito como umainstituição que permite conhecimento e lazerpara seu público, ele também mantém umdiálogo com a sociedade ao manter vivo

    momentos e partes de culturas passadas, como intuito de contribuir para o desenvolvimentosócio, cultural e artístico. Logo, o caminhoconjunto com a evolução tecnológica éimpulsionado pela sociedade e torna possível aefetivação desse diálogo.

    A existência simultânea de museustradicionais/concreto e museus em ambientesvirtuais é marca do cenário artístico-culturalcontemporâneo. Apesar da aproximaçãoentre eles no que permeia suas funções

    museologicas de preservar e de disponibilizarconteudos informacionais no campo dasartes, o distanciamento arquitetônico e deacesso físico/presencial é latente. Baseado nostipos arquitetônicos de museu descrito porOliveira (2007), apresentamos no Quadro 1suas categorias, formas e tipos de acesso. Valea pena ressaltar que, no ciberespaço tambémexiste uma arquitetura que se distingue entresi, entre modelos e formas e entre a arquiteturatradicional.

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    Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos e Fábio Rogério Batista Lima

    Categoria Formas Acesso

    Museu casa, residência histórica

    90% do partido arquitetônico

    original. Presencial

    Edifício convertido ou adaptado

    Estrutura antiga ou novaaproveitada para museu,com bastante alteração nopartido aquitetônico.

    Presencial

    Edifício concebidoCriado especialmente paraser museu. Presencial

    Museu ao ar livre

    Museu in situ, Museu jardime Eco-museu. Estruturas aoar livre.

    Presencial

    Museu virtual

    Museus que advêm daconcepção de Malraux2 e quepodem ser estendidos emCD ROM, DVD e VHS, masque se off-line, não possuemnovidade no suporte

    apresentado.

    Remoto

    Museu digital

    Possui interface presencial eestá na Web e Cibermuseu  -CM que disponíveis somentena Web.

    Presencial e Remoto

     Museum bus

    Estrutura criada em umcarro, com mobilidade. Presencial

    Para-museus

    Parques temáticos ezoológicos. Estruturaspossíveis de serem museus.

    Presencial

    Fonte:Adaptação de Oliveira (2007, p. 13)2

    2 André Malraux é um pensador Frances e autor do ensaio “Le musée

    imaginaire”, de 1947. O autor idealizava um ambiente museológico

    desprovido de paredes de concreto . Suas idéia foram percursoras nos

    estudos preocupados com questões relacionadas ao real constituído nainteração entre o mundo material e o virtual.

    Quadro 1: tipos arquitetônicos de museus

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     Museu e suas tipologias

    No contexto de transformações e de varie-dades estruturais entre as instituições museológi-cas, os museus de arte se modernizaram e se utili-zam das tecnologias disponíveis para a descrição,a apresentação e a divulgação de seus acervos que,cada vez mais, estão sendo automatizados emseus serviços, com a digitalização de seus acervose catálogos e, muitas vezes, já se apresentam cons-truídos digitalmente para serem dispostos nas pá-ginas da Web por meio de portais e websites.

    Segundo Deloche (2001, p. 194, traduçãonossa), os materiais imagéticos digitalizados “[...]chegam a um amplo público graças, sobretudo,a publicidade e o processo de sua integração emum mundo articial chamado Web [...]”, termocunhado por seu idealizador, o físico Inglês TimBerners-Lee, em 1996.

    Para que os que ainda confundem o con-ceito de Web com o de Internet, Tim Berners-Leeesclareceu em sua página pessoal3  as diferençasentre esses dois conceitos indicando que a Web é  

    [...] um espaço de informação abstrato(imaginário). Na Internet você encontracomputadores – na Web, você encontradocumentos, sons, vídeos, informação.Na Internet, as conexões são cabos entrecomputadores; na Web, as conexões sãoos links de hipertextos. A Web existedevido a programas que se comunicamentre computadores na Internet. A Web

    não poderia ser criada sem a Internet. A Web tornou uma rede útil porque aspessoas estão realmente interessadas eminformação (para não citar conhecimentoe sabedoria) e não querem saber decomputadores e cabos (BERNERS-LEE,1996, p. 5, tradução nossa).

    Nesse contexto, a disposição dos museusde arte para o uso das TIC tem permitido queseus catálogos possam ser vistos não só naforma impressa – livro/inventário, mas tambématravés da rede Internet, na forma de catálogosonline, como também, em alguns, casos as visitasvirtuais pela Web.

    2.1 Webmuseu  ou museu virtual: uma questão

     terminológica

    Palavras como realidade virtual, ambientesimersivos, webmuseus,  museus digitais, arte

    3 http://www.w3.org/People/Berners-Lee/FAQ.html

    eletrônica, ciberarte, dentre outros termos sãocada vez mais comuns e estão presentes nocotidiano dos usuários da Web.

    Para esclarecermos os conceitos dos termoscitados, especicamente o de webmuseu, foipreciso olhar para épocas anteriores, para quefosse possível analisar as transformações e asinovações ocorridas e que perpassam o momentoatual, na busca por criar um escopo sobre comopoderá ser no futuro.

    O uso intenso de imagens criadas porprocessos sintéticos advindos da expansão dasredes digitais, proporciona as condições ideaispara o surgimento de novos ambientes virtuais,transformando o cenário museológico em museussem paredes, como almejava há tempos atrás opensador Frances André Malraux em seu ensaio

    Le musée imaginaire, de1947. É valido ressaltar queMalraux não pensava no museu imaginário comoum substituto do conhecido museu presencial,mas sim “[...] uma expansão particular desseúltimo, com funções especícas para a apreciaçãoartística e a investigação histórica”. (BATTRO,1999, tradução nossa). Dessa forma,

     A inserção dos museus na Internet ea conversão de sua informação emformato digital poderiam determinarmudanças sensíveis não apenas nomodo como os museus desempenham

    suas funções, mas, particularmente, nomodo como tais “repositórios culturais”são vistos pelo público. (BESSER, 1996, tradução nossa).

    Roy Ascot (1996), artista britânico e teórico,que trabalha com a cibernética e a telemáticasubdividiu os webmuseus em três tipos diferentesde classicação: Museus de primeiro tipo,Museus de segundo tipo e Museus de terceirotipo.

    Segundo Ascot (1996, p.4-6, tradução

    nossa), os museus de primeiro tipo sãocorrespondentes às páginas de museus físicos.Essas páginas normalmente são as mais comunsentre os museus, e se conguram como a versãoonline dos catálogos, com obras digitalizadas doacervo em um ambiente estático, sem interaçãoentre as obras e o usuário.

    Os museus de segundo tipo, segundoo autor, estariam destinados a uma arte “[...]que não tem origem em pigmentos, tela ouaço, mas que é composta de  pixels  desde seu

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    princípio, digitalmente destinada para a telado computador [...]”. (ASCOT, 1996, p.4-6,tradução nossa). Esse museu trabalha comobras de arte criadas com uso de software de criação de imagens e são hospedadas no

    ambiente virtual.E por m, o museu de terceiro tipo, queé descrito pelo autor como sendo uma arte queexiste apenas na rede, para a rede e pela rede.O museu de terceiro tipo, por sua vez, seriaum ambiente com obras digitais feitas comprogramas de criação de imagens, mas suacaracterística mais marcante seria a de permitira interação entre o ambiente, a obra e o usuário,pois esse tipo de museu faz bom uso das novasferramentas Web, quando várias mídias se

    convergem em um único ambiente interativo deexposição de obras na proposta da inteligênciacoletiva, pois segundo Ascott,

    [...] o museu da emergência, é umaplataforma de operações, umasementeira, um recurso planetário,um lugar de negociação, de interaçãocultural e de criatividade colaborativa,antes de ser uma vitrine, um palco ouum repositório. Fará mais história doque a registrará. [...] A arte que eleabrigará ou fará nascer será uma arte

    híbrida que requer mais do que apenasas habilidades do autor. (ASCOTT, 1996,p. 6, tradução nossa).

    O computador nesse caso, não seriaapenas um meio para visualizar as obras, massim, segundo a pesquisadora e museóloga MariaLucia N. M. Loureiro (2003, p. 137), uma “[...]interface, que possibilita ao receptor manipulare transformar as mensagens e a tornar-se,enm, participante do processo criativo [...]”

    conforme defende em sua tese Museus de Arteno Ciberespaço: uma abordagem conceitual,baseada na tipologia descrita por Roy Ascott noartigo “The Museum of the third kind”.

      A autora constrói um quadro-síntesepara ilustrar que não considerou o que Ascottchama museus de primeiro tipo, mas apenas osmuseus que não têm equivalência no mundofísico/concreto, acrescentando uma tipologia.Na tipologia proposta ressalta os museus quenão têm existência fora do ciberespaço, e que

    reúnem, por meio de reproduções / imagensdigitais, obras que existem concretamente e estãodispersas em diferentes museus ou coleções.

    Quanto aos Websites de museus, a autoraos classica, considerando sua diversidade, em

    dois diferentes grupos:

    [...] o primeiro grupo é representadopor webmuseus  que possibilitamo acesso a obras que existem (ouexistiram) fisicamente. Seus “acervos”são, portanto, constituídos porreproduções digitais de obras de arte,e sua propriedade mais evidente é ade permitir a reunião em um mesmoambiente “virtual” de obras dispersas noespaço e no tempo. O segundo grupo,por sua vez, é integrado por webmuseus cujos “acervos” são constituídos porobras de arte geradas originalmentepor processos sintéticos, totalmentedependentes de hardware e  software específicos quer para sua criação,quer para sua visualização, quer para ainteração e participação do seu receptor-operador. Embora tenha sido observadaa uma tendência de que tais formas semanifestem isoladamente, cabe admitira possibilidade de webmuseus  (quepoderíamos denominar “híbridos”), osquais “reuniriam” reproduções digitaisde acervos físicos e obras de arte criadasa partir de matrizes digitais (LOUREIRO,

    2004, p.87).

    No Brasil, indo para além de webmuseu exclusivamente de arte, temos um exemplodo que Loureiro (2004) chamaria de primeirogrupo: o ‘Era virtual’, pois corresponde aotipo de museus que, embora possa ser visitadovirtualmente, existe no mundo concreto.

      Tratando-se especificamente dewebmuseu  de arte, observamos aquele que

    Loureiro (2004) chamaria de webmuseu ‘híbrido’, pois reúne em seu acervo tantoobras criadas sinteticamente por programascomputacionais, quanto por obrasconstituídas por processos artesanais comtintas e pigmentos orgânicos, em que temoscomo exemplo o  Museo Virtual de Artes ElPais - MUVA. A autora elenca alguns sites dewebmuseus:  o  Americam Museum of Photography,La Citta De’LLarte, Museu Virtual de ArteBrasileira - MVAB , Net Art Museum, Museum

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     Museu e suas tipologias

    of Ephemeral Cultural Artifacts - MECA,

     Museum of Web Art, LinHsinHsin Art Museum

    etc. O  MUVA será apresentado a seguir por secaracterizar como um exemplo ideal de museuvirtual da América Latina.

    2.2 Museo Virtual de Artes El Pais- MUVA 

     O MUVA , segundo Bellido Gant (2001), noâmbito latino-americano é o mais bem elaboradomuseu virtual que pode ser encontrado na rede.Criado por uma equipe constituída por quatroarquitetos, dois físicos e um especialista emcomputação gráca, foi inaugurado em 1997,tendo como presidente o arquiteto EduardoScheck.

    A impossibilidade econômica deconstruir um museu com essas característicasde forma presencial gerou sua projeção baseadaem uma fotomontagem de um edifício virtualmedindo 6000m2, com a fachada principalvoltada para uma praça muito conhecida dacapital uruguaia, Montevidéu, e sua estruturaarquitetônica contempla espaços administrativos,salas de exposição, sala de restauro, etc.

    A visitação só é possível no ciberespaço,onde os visitantes ingressam em lugares

    simulados através do computador ou, maisrecentemente, por meio de dispositivos móveis:(celular, Tablet, etc.). Dessa forma, é possívelvisitar as obras expostas e aproximar-se delas,ampliar para ver os detalhes, e ainda obterinformações sobre a obra e seu autor. “Em algunscasos pode-se participar também de visitasguiadas, virtuais, acompanhadas eventualmentepor voz e som [...]”. (BATTRO, 1999, traduçãonossa)

      O  MUVA  se destaca entre

    outros museus virtuais por possibilitar ainteratividade. O termo ‘interativo’ entretanto,é amplo, pois depende do contexto em queé usado, como se pode vericar na análise dopesquisador Jens F. Jensen (1998) apresentadano artigo Interactivity: Tracing a new conceptin media and communication studies. Noartigo, o termo interatividade, refere-se aocontexto tecnológico das mídias digitais ea possibilidade que oferecem para que o

    usuário exerça inuência/modicação sobre oconteúdo exposto. O grau de modicabilidade,por sua vez, “[...] refere-se à própria capacidadedo usuário para modicar as mensagensexistentes ou adicionar novos conteúdos, e

    essas alterações são notadas, guardadas earmazenadas para outros usuários.” (JENSEN,1998, p. 197, grifo do autor, tradução nossa).

    Com base nas análises de Jensen (1998),notamos, ao imergirmos no ambiente domuseu virtual MUVA ,  algumas formas deinteratividade, entre elas, o visitante contemplaas obras expostas, que foram selecionadas poruma equipe de prossionais como curadorese estudiosos da área museológica, interagecom a organização das obras expostas no site

    com a possibilidade de alterar a exposiçãoao seu gosto e preferência, podendo montarsua própria coleção escolhendo conjuntosde quadros e de artistas de sua preferência,criando um ambiente pessoal de uso e de visitaao museu.

    O  MUVA possui recurso de navegação(Auto-navegação espacial 3D medianteHTML) e por fazer uso da linguagem VirtualReality Modeling Language - VRML, segundoVelez Jahn (1999) “[...] não necessita de

    periféricos especiais, como capacetes e luvasde dados para a operação [...]”. A construçãodo modelo é feita através de  plugins chamadosde builders.

    Tais características fazem do MUVAum ambiente bastante agradável e de fácilvisitação.

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    3 CATEGORIAS DE WEBSITES  DEMUSEU

    Maria Piacente em sua tese Surf’s up: Museumsand the World Wide Web,  citada por Henrique

    (2004), classica em três categorias os websites  demuseus de artes, como ilustra o Quadro 2:

    Quadro 2: Categorias de websites de museu segundo Maria Piacente

    CATEGORIAS DE WEBSITES DE MUSEU

    Folhetoeletrônico(eletronicbrochure)

    Apresentação do museu, a partir deuma ferramenta de comunicaçãoe de marketing. O utilizador temacesso à história do museu, aoshorários de funcionamentos e, àsvezes ao corpo técnico do museu.É o tipo mais comum em quasetodos os museus, sendo algunsmais elaborados, dependendo dosrecursos disponíveis, mas todostêm como objetivo principal seruma apresentação visual, tal comoum folheto. Nesse caso, a Internetfunciona como uma forma detornar o museu mais conhecidoe possibilitar acesso às visitaspresenciais.

    Museu nomundovirtual

    Apresenta informações maisdetalhadas sobre o acervo e,muitas vezes, proporciona visitas

    virtuais. O site  projeta o museuna virtualidade, e, muitas vezesexposições temporárias que já nãose encontram mais montadas emseu espaço original, fazendo daInternet uma espécie de reservatécnica de exposições. Muitos delesdisponibilizam bases de dados doseu acervo, mostrando objetos quenão se encontram em exposiçãonaquele momento e informaçõessobre determinado assunto.

    MuseusRealmenteInterativos

    Presença de elementos de

    interatividade que envolvemo visitante. Às vezes, o museureproduz os conteúdos expositivosdo museu presencial e em outroscasos, o museu virtual é bemdiferente. Os museus interativostrabalham com o público de modoespecial e a interatividade permiteque o público atue na propostaoferecida pelo museu.

    Fonte: Adaptado de Piacente (1996) apud Henriques

    (2004, p. 5)

    Pierre Lévy (1999, p. 202) referindo-se aosmuseus de arte virtuais, diz que muitas vezes,eles são apenas maus catálogos na Internet. Evai além, ao se referir aos espaços virtuais –ciberespaço –, como sendo o lugar onde tudocircula com uidez, onde as obras são dispostase as distinções entre original e cópia já não temtanta signicância.

    Embora o número de museus que utilizama Internet para potencializar seus serviços estejacrescendo, eles ainda são poucos, a crítica deLévy (1999) é direcionada aos prossionaisque não estariam explorando sucientementeo potencial das hipermídias no ambientemuseológico. Para o autor, o melhor seria usar oespaço coletivo da navegação em rede para gerarespaços onde não há vínculo com os espaços

    materiais tradicionais, ao invés de apenas sebuscar reproduzir exposições clássicas.Grandes museus de arte, como o Museu

    do Louvre, em Paris, o Smithsonian AmericanArt Museum, em Washington, D.C, e da NationalGallery, em Londres, dentre outros, fazem usode todo potencial comunicacional, informacionale interativo da Web e também disponibilizamgrande parte de suas coleções em catálogosonline, e proporcionam visitas remotas. Emcontrapartida, as instituições de porte menor,ou desconhecem o potencial das TIC no serviço

    museológico, ou pouco oferecem em relação àscoleções pesquisáveis e ao acesso online aos seuscatálogos.

    Alguns estudiosos do assunto veem oswebsites de museus como simples materiais quesão usados somente para ns publicitários, outrosacreditam que, em se tratando da percepçãovisual e da linguagem comunicativa, estesnovos ambientes competem com as instalaçõestradicionais da instituição de origem.

    Para a especialista em museus, CarmenFajardo (20-?), os websites de museus são

    integrantes da mesma categoria dos impressoscomerciais, e refere-se a eles como catálogosonline. Robert Fulford (19-?, tradução nossa),arma que eles “[...] seriam como um websitepromocional, que não ultrapassa quatro oucinco páginas, uma versão eletrônica dos foldersde mão que são distribuídos aos visitantes dosmuseus”.

    Na literatura da área existem algumasclassicações de websites de museus, mas oconceito de museu virtual ou webmuseu  e seus

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     Museu e suas tipologias

    derivados terminológicos como cibermuseu,museu online, dentre outros termos, segundoWeiner Schweibenz (1998), está sempre emconstrução e são facilmente confundidos comoutras denominações como Museu digital e sitesde museu.

    Cabe ainda mencionar, segundo Loureiro:

    [...] a dificuldade de nomear umfenômeno novo, para o qual as palavrasmostram-se insuficientes ou impróprias.Entre as denominações mais frequentespara esses novos ambientes, destacamosmuseu digital, cujo qualificativo ressaltasimultaneamente sua linguagem e suanatureza imaterial, mas não dá contada especificidade da rede; netmuseu,cibermuseu ou  webmuseu, cujos

    prefixos remetem às especificidadesda Internet, enfatizando o espaçodesterritorializado das redes, aplicando-se, entretanto, indistintamente, aosmuseus construídos na web e aos sítiosmantidos por museus físicos; e museu

     virtual, denominação que parece tendera se consolidar. (LOUREIRO, 2004, p.89, grifo do autor)

    Procuramos na literatura os conceitospara os termos webmuseu,  museu virtual emuseu digital, com o intuito de vericar o queos diferencia ou até mesmo se são sinônimos. Apartir disso, construímos o Quadro 3 que oferecea visualização dos conceitos denidos por algunsdos mais conhecidos autores da área.

    Quadro 3:Síntese conceitual de

    websites de museus

    Autor Classicação Descrição

     Jamie Mackenzie Museu virtual

    Um museu virtual é uma coleção organizada de artefatos eletrônicos e recursos deinformações – praticamente qualquer coisa que possa ser digitalizada. A coleçãopode incluir pinturas desenhos, fotograas, diagramas, grácos, gravações,segmento de vídeo, artigos de jornal, transcrições de entrevistas, bases de dadosnuméricos e uma série de outros itens que podem ser guardados no servidor dearquivos do museu virtual. (MACKENZIE, 1997).

     James Andrews e WernerSchweibenz

    Museu virtual

    Uma coleção logicamente relacionada de objetos digitais composto em umavariedade de meios, que, por causa da sua capacidade de fornecer ligações e váriospontos de acesso, presta-se a transcender aos tradicionais métodos de comunicare interagir com os visitantes; Não tem lugar real ou espaço, seus objetos e asinformações relacionados podem ser divulgados em todo o mundo. (ANDREWS;CHWEIBENZ, 1998).

    Antônio Cerveira Pinto Museu virtual

    [...] lugar interativo do saber, do prazer e da contemplação. [...]. O “museu virtual”deverá ser, sobretudo, um novo sistema operativo dedicado as artes. (CERVEIRAPINTO apud BELLIDO GANT, 2001, p. 249, tradução nossa).

    Arturo ColoradoCastellary

    Museu virtual

    [...] museu virtual é o meio que oferece ao visitante um fácil acesso às peças e asinformações que deseja encontrar em diferentes temas artísticos e em diferentesmuseus. De fato o museu virtual seria a ligação entre muitas coleções digitalizadase pode ser utilizado como um recurso para organizar exposições individuais, namedida da expectativa e interesse do usuário. (COLORADO CASTELLARY apudBELLIDO GANT, 2001, p. 249, tradução nossa).

    Sergio Talens Oliag; JoséHernández Orallo

    Museu virtual

    Os museus virtuais recebem fundamentalmente esta denominação porquefrequentemente copiam os conteúdos de algum outro museu real, seguem aobra de algum artista ou tratam um tema especial. Embora os museus virtuaisnunca substituíram as visitas físicas para ver os originais de obras históricas paraa humanidade, quando a distância ou a possibilidade econômica não permitemir, sempre podem ser uma opção muito válida para uma primeira aproximação,de uma forma mais próxima (virtual) ao que seria a verdadeira visita. (TALENSOLIAG; HERNÁNDEZ ORALLO apud BELLIDO GANT, 2001, p. 249, traduçãonossa).

    Maria Lucia de NiemeyerMatheus Loureiro

    Webmuseu

    É constituído por reproduções digitais de obras de arte, e sua propriedade maisevidente é a de permitir a reunião em um mesmo ambiente “virtual” de obrasdispersas no espaço e no tempo. (LOUREIRO, 2003, p. 135).

      José Cláudio Oliveira CibermuseuSão websites que possuem interface presencial e estão online na Web – e Cibermuseu (CM) - que funcionam somente na Web. (OLIVEIRA,2007, p. 13).

     José Cláudio Oliveira Museu virtualMuseus que advêm da concepção de Malraux e que podem ser estendidos a CDROM, DVD e VHS, mas que, sempre off-line, não possuem novidade no suporteapresentado. (OLIVEIRA, 2007, p. 13).

    Fonte: Lima (2012).

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    Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos e Fábio Rogério Batista Lima

    Considerando a multiplicidade de conceitosdo fenômeno museu em ambiente virtual,embora nenhum ainda consolidado e tendo emvista que os museus nesse ambiente fazem parteda rede de alcance mundial, a WWW ( WordWide Web ), acreditamos que dentre as opções

    de conceitos analisados e considerando que aformação de conceitos, “[...] é o resultado de umaatividade complexa, em que todas as funçõesintelectuais básicas (atenção deliberada, memórialógica, abstração, capacidade para comparar ediferenciar) tomam parte [...]” (NÉBIAS, 1999,p. 2), o conceito que, segundo Lima (2012), maisreete a complexa mudança dos museus, objetos eseus serviços em um sistema info-tecnológico, é otermo webmuseu,  utilizado pela museóloga MariaLúcia de Niemeyer Matheus Loureiro, pois oprexo Web do termo Webmuseu já direciona para

    o contexto virtual. Não há como ser Web sem serem ambiente do ciberespaço. Já a utilização do termo museu virtual

    pode gerar questionamentos, uma vez que, ovirtual é um potencial, que não se limita aoambiente digital e muito menos a ambientesintangíveis da informática, como os ambientes dociberespaço. (LÉVY, 1996)

    Nesse sentido, reconceituamos Webmuseucomo um ambiente informacional virtual,dinâmico e interativo sem ns lucrativos, quefunciona sem barreira de tempo e de espaço

    geográco e que reúne, expõe e divulga simulacros(reprodução) de obras de arte atualizadas, obras dearte originárias de processos orgânicos ou criadaspor softwares de criação de imagens e que se utilizade ferramentas audiovisuais (imagem, som, vídeo)e da comunicação em rede para possibilitar oacesso à contemplação, ao conhecimento e ao

    entretenimento, destinado a um grande númerode pessoas usuárias em posse de um dispositivoeletrônico, conectado à rede Internet.

    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Atualmente  os museus possibilitam que,a partir de um dispositivo de acesso à redeInternet, qualquer pessoa possa visitar obrasde artistas consagrados sem sair do lugar emque está, uma característica da ubiquidadeoferecida pelas TIC, que se caracteriza peloacesso a informação disponível em vários lugaresao mesmo tempo. Tal caracteristica amplia acondição de acesso e de apropriação de bensartísticos e culturais, o que só era possível com odeslocamento geográco para visitas presenciais.

    As reexões apresentadas apontam paraa real necessidade de atualização do conceitode ‘Museu’ dado órgão responsável por essasquestões, o ICOM. Torna-se necessário consideraras atualizações tecnológicas que já fazem partedos principais museus do mundo, que passam atrabalhar com referenciais patrimoniais digitais,que oferecem novos serviços com recursos cadavez mais interativos, favorecendo as relações entreobra e usuário no ambiente desterritorializado dociberespaço, com o uso de interfaces culturais maisdinâmicas interativas e instrutivas.

    Nesse sentido, a recomendação do usodo termo Webmuseu, apresenta-se adequadapor revelar em seu prexo o ambiente a quepertence, o ciberespaço, revelando o uso das TICcom objetivos humanistas em uma perspectivacultural e artística voltada para novas formas dever e de pensar o mundo.

     MUSEUM AND ITS TYPES: the webmuseu featured

     ABSTRACT   The rapid development of Information and Communication Technologies - TIC, coupled with theadvancement of the global Internet computer network have framed new concepts and denitions suchas virtual reality, immersive environments, webmuseums, digital museums, electronic art, cyber art,

    among other terminologies that are becoming more and more common and are present in everyday Webusers. To better understand the terminologies used to describe museum in the virtual environment, we

     present a summarized table of terms such as webmuseum, virtual museum, digital museum and theirderivatives in order to dene the elements that differentiate or resemble them. We used the bibliographicdescriptive method for identifying the concepts presented by some expert authors in the eld. Inconclusion, we recommend the use of the term webmuseum for museums in cyberspace as the mostappropriate and we dene the concept, comprehending its meaning and characteristics.

     Keywords: Museum. Webmuseum. Types of museum’s websites.

     Artigo recebido em 25/06/2013 e aceito para publicação em 26/04/2014

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     Museu e suas tipologias

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