Eduardo Pellejero, A Escrita Na Sua Toca REV. (Revisto Pelo Autor Para Outra Travessia)
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7/24/2019 Eduardo Pellejero, A Escrita Na Sua Toca REV. (Revisto Pelo Autor Para Outra Travessia)
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A escrita na sua toca
Notas para uma etologia do animal literário
Eduardo PellejeroUFRN - Bolsista Capes Pós-doc 2015/6
Resumo Em 1!"#$ %ulio Cort&'ar a(rma)a *ue a literatura + umreci,to ec.ado$ com os seus pri,cpios e os seus (,s$ mas ao mesmotempo$ ,o seu mito$ tem luar uma usca extralivresca3 4lu,sa,os mais tarde$ aurice Bla,c.ot pratica)a uma reormula7o da*uest7o *ue a literatura + para si$ e e,co,tra)a ,o)ame,te o po,tode partida da sua i,)estia7o ,o esto$ ao mesmo tempo de um
desespero total e de um otimismo sem limites$ do recol.ime,toradical ao *ual se e,co,tra associado o espao liter&rio3 8 prese,teartio prete,de i,terroar essa si,ular ideia da literaturaestaelece,do um di&loo poss)el e,tre a ora crtica de amos osautores3
Pala)ras-c.a)e Cort&'ar$ Bla,c.ot$ literatura$ solid7o$ e9ist:,cia3
Resume, E, 1!"#$ %ulio Cort&'ar a(rmaa *ue la literatura es u,
reci,to cerrado$ co, sus pri,cipios ; sus (,es$ pero al mismo tiempo$e, su &mito$ tie,e luar u,a <s*ueda e9tra-liresca3 4lu,os a=osm&s tarde$ aurice Bla,c.ot practicaa u,a reormulació, de lacuestió, *ue la literatura es para s$ ; e,co,traa ,ue)ame,te elpu,to de partida de su i,)estiació, e, el esto$ al mismo tiempo deu,a desesperació, total ; de u, optimismo si, lmites$ delrecoimie,to radical al cual se e,cue,tra asociado el espacioliterario3 El prese,te artculo prete,de i,terroar esa si,ular ideade la literatura estalecie,do u, di&loo posile e,tre la ora crticade amos autores3
Palaras cla)e Cort&'ar$ Bla,c.ot$ literatura$ soledad$ e9iste,cia
Herdei dos meus antepassados as ânsias de fugir. Dizem que o meu sangue é europeu. Eu sinto que cadaglóbulo procede de um ponto diferente. De cada naçãode cada prov!ncia de cada il"a golfo acidentearquipélago o#sis. De cada bocado de terra ou de mar usurparam algo e assim me formaram condenando$me
% eterna busca de um lugar de origem. &...' Herdei o
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passo vacilante com o ob(eto de não estatizar$me nuncacom )rmeza em lugar nen"um.
4leja,dra Pi'ar,i>
El arte es el medio m#s seguro de aislarse del mundoas! como de penetrar en él.?oe.te
Foi e co,ti,ua a ser um mist+rio para ,ós por *ue alu+m se
ec.a ,um *uarto para escre)er$ por *ue alu+m se se,ta e dora as
costas para escre)er$ *ua,do a )ida est& l& ora e + uma da,a *ue
e9ie ser ailada com a,atismo$ como di'ia Bataille 13 N7o ,os s7o
estra,.as as circu,st,cias *ue le)aram um ou outro escritor a
recol.er-se material ou simolicame,te saemos das idas e )oltasde @a>a com as mul.eres$ do proressi)o e de(,iti)o isolame,to de
4leja,dra Pi'ar,i>$ do retiro *ue aurice Bla,c.ot se impAs at+ o
(,al dos seus dias3 am+m ,7o ,os + al.eia a doce$ a
e,lou*uecedora e9peri:,cia de atra)essar a ,oite tra,sportados pela
leitura de um li)ro$ para descorir ,a ma,.7 a estra,.e'a do mu,do
e a precariedade do eu$ rei,corpora,do-se pe,osame,te a partir das
somras da imai,a7o3 8 *ue i,oramos$ o *ue estamos lo,e desaer$ e ao mesmo tempo o *ue ,os i,terroa de orma persiste,te e
imperati)a + a ra'7o$ o se,tido ou o impulso$ a puls7oD *ue suja'
,esses estos ao mesmo tempo oste,si)os e reser)ados$ ,er)osos e
co,tidos$ *ue sutraem o a,imal *ue somos dos ciclos da
,ecessidade e o .omem *ue e,saiamos ser da ordem dos projetos3
Em 1!"#$ se,si)elme,te a,tes da pulica7o do li)ro de artre
sore a literatura e em eral dos e,saios de Bla,c.ot *ue comporiam * parte do fogo$ %ulio Cort&'ar se coloca)a essa e9ata peru,ta sore
o .ori'o,te aerto pelas te,tati)as do surrealismo e do
e9iste,cialismo$ ele)a,do a *uest7o ordem de uma ma,iesta7o
parado9al da .uma,idade do .omem$ das suas o,tes secretas23
Cort&'ar ,7o ): ,a e9peri:,cia liter&ria ape,as um meio pri)ileiado
1 C3 B44GHHE$ ?eore3 +a felicidad el erotismo , la literatura- Ensa,os /00$
/1$ 2001$ p3 11I JN7o .& d<)idas de *ue a arte ,7o tem esse,cialme,te ose,tido da estaK32 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !!3
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para le)ar adia,te empresas sociais ou polticas$ morais ou
pedaóicas$ mas tam+m ,7o redu' essa e9peri:,cia a um puro
joo ormal3 Co,jua,do uma a)e,tura sem *ual*uer compromisso
pram&tico e uma respo,sailidade sem determi,aOes$ a
e9peri:,cia liter&ria tra,sorda para ele os estreitos limites da
)i):,cia est+tica do escritor e do leitor ,os seus *uartos
respecti)osD e a rida dial+tica da tarea .istórica do .omem
e,*ua,to ae,te de muda,aD$ da,do co,ta de uma oscura
i,te,cio,alidade *ue e9cede as suas oras3 8 merame,te liter&rio$ o
delicado ocio de dar orma a uma .istória$ de uscar uma pala)ra
justa$ e tam+m o pra'er de acompa,.ar uma .istória$ de dar com
uma pala)ra *ue se,timos *ue poderia ser ,ossa ou$ mel.or$ de
todosD$ tudo isso *ue se co,de,sa ,o ojeto *ue + para ,ós o li)ro$
aeta a ra)ita7o de (,s e de )alores extraliter#rios *ue$ por outra
parte$ ,7o co,.ecem outro espao *ue o liter&rio para a sua
ma,iesta7o3 4 literatura + um reci,to ec.ado$ com os seus
pri,cpios e os seus (,s$ mas ,o seu mito tem luar a re)ela7o de
alo *ue e9cede a literatura$ *ue a areQ luar estra,.o o,de +
celerada uma usca extralivresca$ *ue e9ie a destrui7o da Jaiola
dourada da literatura tradicio,alK mesmo *ua,do depe,da
esse,cialme,te da literatura dos seus articios e das suas
imposturasD para le)ar-se a cao"3 4lu,s a,os mais tarde$ aurice
Bla,c.ot pratica)a uma reormula7o da *uest7o *ue a literatura +
para si$ ,a *ual$ apesar da dist,cia sica e das diere,as
li,usticas$ ecoa)a a aordaem corta'aria,a53 Bla,c.ot e,co,tra
,o)ame,te o po,to de partida da sua i,)estia7o ,o esto$ ao
mesmo tempo de um desespero total e de um otimismo sem limites$
do recol.ime,to radical ao *ual se e,co,tra associado o espao
liter&rio$ essa i,)e,7o da solid7o3 Se desespero$ por*ue )oltar as
3 Gidem$ p3 34 4 co,)ic7o de Cort&'ar em rela7o a isto se u,da ,as e9peri:,cias liter&rias s*uais dirie a sua ate,7o Jos recursos )erais$ entendidos a partir de uma
atitude nova e9cedem em e(c&cia e ri*ue'a *ual*uer outra orma de ma,iesta7oe a7o do .omemK3 Gidem$ p3 "135 4 *uest7o$ poderia di'er-se$ esta)a ,o ar do tempo3
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costas ao mu,do + assumir a )aidade da a7o .istórica$ desistir de
*ual*uer compromisso ,a luta pelo em comum$ recusar o apelo da
comu,idade3 Se otimismo$ por*ue escre)e,do a partir o aismo da
sua solid7o$ o escritor pressupOe um leitor *ue e)e,tualme,te
acol.er& a sua ora ,uma solid7o ,7o me,os prou,da$ da,do co,ta
da possiilidade de uma comu,ica7o sem ojeto$ sem me,saem$
sem (m3 8timismo desesperado$ dir-se-ia$ e parado9al63 Numa +poca
em *ue o asoluto se reco,.ece ape,as ,a eeti)idade .istórica$ isto
+$ ,a seriedade da a7o e ,a tarea da lierdade real$ ,a participa7o
,a ora .uma,a eral e ,a a(rma7o de um dia ple,o$ escre)er +
uma orma de deser7o$ ,7o pode dei9ar de s:-lo3 as escre)er +
tam+m$ ,ota)elme,te$ uma orma de re)isitar o tempo e de
reressar ao mu,do a partir de uma perspecti)a si,ular *ue
co,jua a crtica e a cria7o$ a aTi7o e a oportu,idade3 Pela
literatura$ com eeito$ o .omem + arra,cado ora da esera da a7o
poss)el$ coloca,do em causa a su(ci:,cia dos seus
empree,dime,tos co,cretos e$ mais prou,dame,te$ o u,dame,to
da a7o .istórica em eralQ mas$ ,a mesma medida$ pela literatura se
a(rma a perte,a do .omem a uma e9terioridade sem i,timidade
,em limite$ *ue os mel.ores escritores e9ploram temerariame,te$
sem resuardar-se ,os re<ios do amiliar3 Gsso *uer di'er *ue ,a
literatura se co,juam a re,<,cia a tudo o *ue ,7o te,.a a escrita
por (m e a impossiilidade de e,co,trar ,a escrita um (m em si
mesmo$ por*ue comea e acaa sempre ora de si mesma J,a
.istória$ etc3K#3 4 literatura + um templo$ mas um templo para a
ma,iesta7o de alo *ue e9cede a literatura ,as suas (uras
.istóricasD$ um estra,.o templo o,de + celerada uma usca
e9traliter&ria *ue e9ie a tra,sress7o das suas leis$ a perura7o
dos seus muros e$ em <ltima i,st,cia$ a destrui7o do próprio
temploI3
6 C3 BH4NC8$ aurice3 +a escritura del desastre$ 1!!0$ p3 !I JV2s otimistas
escrevem mal3 al+r;D3 as os pessimistas ,7o escre)emK37 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 "!38 C3 Gdem3 2 livro por vir $ 2005$ p3 03
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Nem a literatura$ ,em muito me,os o u,i)erso$ culmi,am ,o
li)ro3 4 co,di7o .uma,a ,7o + redut)el esteticame,te$ e *ua,do
es*uece isso o escritor alseia a sust,cia do .omem *ue prete,de
ma,iestar ,a sua multiplicidade e totalidade!3 4 ate,7o dos
escritores surrealistas e e9iste,cialistas$ e *ui& a ,ossa$ parece
co,ce,trada ,isto destruir$ atra)+s da escritura$ o cristal esmerilado
que nos impede a contemplação da realidade10$ da *ual a literatura
tam+m a' parte113 N7o e9iste se,7o uma co,tradi7o super(cial
,isso3 4 literatura e,*ua,to modo verbal do ser do "omem de,u,cia
a literatura e$ atra)+s da literatura$ as estruturas da represe,ta7oD
e,*ua,to condicionante da realidade12Q a literatura e,*ua,to
apresentação imediata do mito )ital completo da e9ist:,ciaD
prolemati'a a literatura e,*ua,to representação mediadora
ormula7o de orde,s extraestéticasD3 Cort&'ar + co,tu,de,te ,isso
* "istória da literatura é a lenta gestação e desenvolvimentodessa rebelião. 8s escritores ampliam as possiilidades doidioma$ le)am-,o ao limite$ usca,do sempre uma e9press7omais imediata$ mais pró9ima do ato em si *ue se,tem e*uerem ma,iestar$ *uer di'er$ uma e9press7o ,7o-est+tica$,7o-liter&ria$ ,7o-idiom&tica3 8 ECRG8R W 8 GNGG?8P8ENCG4H X E 8%E %L 4U4H X S8 GSG84 13
Noutras pala)ras$ as ormas reeldes ,eam *ual*uer ordem da
represe,ta7o$ as cateorias *ue d7o uma (ura e9ist:,cia e um
se,tido .istória$ e i,clusi)e os :,eros liter&rios tradicio,ais
e,*ua,to modos de ma,iesta7o e9iste,cial ou crtica da realidade3
Prete,dem ser uma ora c&ustica$ capa' de destruir$ ao mesmo
tempo *ue destroem a sua própria autoridade$ os prestios dessa
9 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 "6310 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 66 JEsa aresió, co,tra el le,uajeliterario$ esta destrucció, de ormas tradicio,ales$ tie,e la caracterstica propia del t<,elQdestru;e para co,struir3K.11 Ha literatura orma parte de ese cristal esmerilado e, la medida ; *ue$ por u,lado$ las ormas tradicio,ales impo,e, limites a lo e9presale$ emporecie,do else,tido de la e9perie,cia$ e,cerra,do al .omre e, el uso est+tico del le,uaje$ ;$por otro$ e, sus )ersio,es escapistas$ la palara u,cio,a como u, som,ero ;como u,a &rica de sue=os$ orecie,do suced&,eos de la e9perie,cia ; ormas
)icarias de )ida3 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 ##3 12 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 "!313 Gidem$ p3 53
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reTe97o *ue impOe o seu se,tido ao mu,do$ remiti,do-,os a um
luar estra,.o$ o,de o i,de(,ido do erro e do errar pode *ui&
preser)ar-,os do disarce do i,aut:,tico1"3 8 li)ro dei9a de ser um
reci,to ec.ado o,de proteer-se15$ dei9a de propor-se ape,as como
coisa liter&ria ou e9peri:,cia est+tica$ e9ii,do ser apre,dido como
espa,tosa a)e,tura .uma,a o,de uma apar:,cia de ser$ le)a,tada
,o )a'io *ue a literatura ca)a ,a li,uaem$ aate as ro,teiras
escol&sticas da ra'7o163
Cort&'ar e Bla,c.ot coi,cidem iualme,te ,o si,ular papel *ue
atriuem solid7o3 aemos *ue para Bla,c.ot o recol.ime,to +
uma esp+cie de disposi7o a,mica u,dame,tal como a a,<stia
era para eideerD$ atra)+s da *ual o escritor retira a li,uaem do
curso do mu,do$ despoja,do-o do *ue a' da li,uaem um poder
pelo *ual$ se ala$ + o mu,do *ue ala$ + o dia *ue se edi(ca pelo
traal.o$ pela a7o e pelo tempo1#3 ó atra)+s da re*ue,ta7o da
solid7o *ual a literatura sumete a li,uaem + poss)el o assalto
s ro,teiras$ aos limites do *ue + .uma,o1I3
Por sua )e'$ Cort&'ar associa a solid7o a uma pot:,cia corrosi)a
a,te a *ual *ual*uer 4eltansc"auung i,:,ua a'-se pedaos$ e
de,tro da *ual o escritor$ i,cli,ado sore si mesmo$ compree,de *ue
est& só com a sua ri*ue'a i,terior e$ para di':-lo ,uma li,uaem
cl&ssica$ pode e,trear-se ao li)re joo das suas aculdades1!3 4
14 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 2#0315 Claro *ue a a,tasia de e,co,trar ,o li)ro um re<io perseue os e9ploradoresdos aismos mais i,te,sos3 PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 2#5 JEscre)erape,as um li)ro em prosa$ em luar de um de poemas ou rame,tos3 Um li)ro ouuma morada o,de proteer-seYK316 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !3 C3 4N P4Z8$ Patricia3 J8Vora[ de Bla,c.ot escrita$ imaem e asci,a7oK$ 200I$ p3 1# J\4 e9peri:,cia doora própria da literatura] + a e9peri:,cia do ora *ue se ara ,o i,terior daprópria li,uaem$ um ora de todo o discurso si,i(cati)o *ue$ ,o e,ta,to$ ,7oco,stitui um limite da li,uaem$ dado *ue se trata de uma aertura *ue a ilimitado i,terior3K17 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 1#318 C3 Gdem3 * parte do fogo$ 2011$ p3 26319 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !13 SUR4$ aruerite3 Escribir $ 2010$ p3 2" JNa )ida c.ea um mome,to$ e acredito *ue + atal$ ao *ual,7o podemos escapar$ em *ue tudo se pOe em d<)ida 333D3 E essa d<)ida cresce em
tor,o de ,ós3 Essa d<)ida est& so'i,.a$ + a da solid7o3 Nasceu dela$ da solid7o3 4credito *ue muita e,te ,7o poderia suportar o *ue dio$ uiria3 Sa *ui& *ue,7o *ual*uer .omem seja um escritor3 im3 W isso$ essa + a diere,a3 Essa + a
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apree,s7o de certas realidades ,7o se d& em compa,.ia$ e9ie a
deser7o da cidade .uma,a$ e a recusa de *ual*uer orma de
doc:,cia$ de pr+dica$ de sistema203 Nesse se,tido$ a solid7o co,stitui
um mome,to esse,cial para a a(rma7o da lierdade Jem tor,o da
pessoa *ue escre)e li)ros sempre de)e e9istir uma separa7o dos
outrosK$ di'ia aruerite Suras$ Juma solid7o real do corpo *ue se
co,)erte ,a i,)iol&)el solid7o do escre)erK213
8 .omem de a7o prete,de are)iar a solid7o$ poupar-se a
solid7o$ compromete,do a aute,ticidade da sua e9ist:,cia3 4 pr&9is
comea por uma tomada de posi7o no mundo$ e isso si,i(ca uma
limita7o delierada de possiilidades &ticas$ uma redu7o da
lierdade J^ua,do adere a uma ordem .istórica$ mesmo *ue seja
para comat:-la$ o .omem de a7o perde e(ci:,cia$ poder corrosi)o$
ra)ita7o3 N7o pode reali'ar-se a si mesmo media,te a e9peri:,cia
e a a7o$ por*ue se ): oriado a respeitar e suste,tar ormas
de,tro das *uais ele aeK223 4 literatura recusa essa limita7o da
e9peri:,cia$ ,7o reco,.ece ,e,.um compromisso poss)el$ rea(rma
a sua i,compatiilidade com a lóica da a7o ,a .istória23 N7o
poderia ser de outra ma,eira$ co,sidera,do o mo)ime,to *ue a
de(,e a)a,a em t<,el$ destrui,do para co,struir$ soca)a,do os
seus próprios u,dame,tos para le)ar a e9peri:,cia sempre mais
lo,e3
E)ide,teme,te$ deserta,do do dom,io da pr&9is$ recusa,do a
própria lóica da a7o$ araa,do um pri,cpio de i,oper,cia *ue
tor,a a escrita uma pura passi)idade marem da .istória$ o
escritor descuida das reais co,diOes da sua ema,cipa7o e dos
)erdade3 N7o .& outra3 4 d<)ida$ a d<)ida de escre)er3 Porta,to$ + o escritor$tam+m3 E com o escritor todo o mu,do escre)e3 empre se soueK320 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 111Q p3 I" Jas o 8cide,teretor,a i,)aria)elme,te a um estilo social de cultura$ co,traolpeia toda a li,.aVorie,tal[ de i,di)idualismo com um acr+scimo das prolem&ticas comuns. 4o ladode cada (lósoo pOe um mestreK321 SUR4$ aruerite3 Escribir $ 2010$ p3 1#322 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !#,323 C3 GR4U_$ %ea,-P.ilippe3 5aurice 6lanc"ot. 7uiétude et inquiétude de la
littérature$ 1!!I$ p3 22$ o escritor recusa colocar a sua ati)idade espec(ca emu,7o das leis do mu,do$ da,do e9press7o a um u,i)erso de i,e9ist:,cia$ a umespao sem luar$ a uma temporalidade desco,ectada do tempo3
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seus leitoresD$ ,elie,cia o *ue de)e ser eito para *ue a ideia
astrata de lierdade de)e,.a real$ e se d& uma lierdade *ue *ui&
,7o possua2"3 Sa a desco,(a,a *ue i,spira ,os .ome,s e,ajados$
*ue )eem o recol.ime,to próprio da literatura como um aspecto de
m& + o apelo do escritor aos seus leitores l.es parece um apelo
)a'io$ *ue e9pressa Jsome,te o esoro de um "omem privado de
mundo para )oltar ao mu,do$ mantendo$se discretamente na sua
periferiaK253 as o certo + *ue o recol.ime,to$ se,do um mome,to
,ecess&rio da e9peri:,cia liter&ria$ ,7o co,stitui o seu (m$ e *ue a
reser)a$ mesmo co,stitui,do um pri,cpio de i,oper,cia$ ,7o se
redu' a um puro sorriso i,terior263
4 solid7o do escritor tal como a do leitorD ,7o + uma orma de
clausura$ ,em de *uietismo a apare,te imoilidade da car,e oculta
uma ati)idade i,e,teQ a ma,iesta i,trospec7o do ol.ar$ uma
aertura sem reparos3 Pi'ar,i> a,ota)a ,o seu di&rio 2 de Fe)ereiro
de 1!5ID JEsta ma,eira de ser me a' perder e a,.ar3 Perder$
e,*ua,to me aprisio,a$ me impede de e,re,tar o mu,do$ e$ toda)ia$
me dei9a merc: do mu,do3 as$ por outra parte$ ,o re)erso do
mu,do$ o,de eu me e,co,tro$ )eem-se muitas coisas )edadas para os
outrosK2#3
4co,tece *ue ,o espao liter&rio as relaOes parado9ais *ue a
escrita ma,t+m com o mu,do se sutraem s suas escalas de )alores
e aos seus .ori'o,tes de se,tido comea,do pelo pri)il+io dado
lóica da a7o .istórica e redu7o da .uma,idade do .omem
ordem dos projetosD3 ais eralme,te ai,da$ a solid7o do escritor
procura ser superada$ mas superada sem pressupor ,ada em comum3
al como a(rma)a erleau-Po,t;$ o desa(o *ue + a literatura para si
co,siste em comu,icar sem apoiar-se sore uma ,ature'a
preestaelecida$ uma li,uaem comum ou uma tradi7o
compartil.ada3 Retor,ar ao mu,do$ para a literatura$ dar orma
sua )oca7o e9traliter&ria$ ,7o passa por suordi,ar-se a empresas
24 C3 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 25325
Gidem$ p3 26326 C3 Gdem3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 20327 PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 103
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e9traliter&rias ser)i,do de meio de comu,ica7o para me,sae,s
*ue t:m outra oriem *ue a literaturaQ passa por tor,ar poss)el
Juma comu,ica7o a,tes da comu,ica7oK2I3 Falamos da solid7o
e,*ua,to impu,a7o da ordem .istórica$ das suas i,trias e das
suas determi,aOes$ tam+m e,*ua,to suspe,s7o de todos os apoios
tradicio,ais$ teoloias au9iliares e espera,as teleolóicas$
simoli'adas pela morte de Seus o escritor + um deicida$ di'ia
aras Hlosa2!D3
Se resto$ a impu,a7o de todas as alsas ormas de
comu,idade .istóricas ou ideaisD$ de todas as )aria,tes de also
i,(,ito reliioso ou metasicoD$ ,7o impede *ue$ da solid7o$ o
escritor procure o outro socialme,te$ ,uma comu,idade por )ir
como ,o caso do e9iste,cialismoD$ ou .eroicame,te$ ,a supra-
realidade da comu,ica7o po+tica como ,o caso do surrealismoD3
@a>a ,7o pode )i)er com os outros$ mas ,7o sae )i)er so'i,.o 03 4
literatura assume a solid7o como pedra de to*ue$ mas a partir da
solid7o procura superar e comu,icar a e9peri:,cia prou,da *ue
propicia a solid7o3 4 solid7o$ *ue co,du' o escritor a uma
experi8ncia do "omem antes do "omem$ e9ie ser partil.ada
comu,icadaD para u,dar o leg!timo começo do "omem13 Bla,c.ot
dir& JEscre)e,do$ \o escritor] ,7o pode sacri(car a ,oite pura das
suas possiilidades próprias$ por*ue a ora só )i)e se essa ,oite e
28 ERHE4U-P8NZ$ aurice3 2 "omem e a comunicação. * prosa do mundo$1!#"$ p3 6IQ pp3 6"$ 6# J8 prolema moder,o \+] saer como a i,te,7o do pi,torre,ascer& ,a*ueles *ue ol.am os seus *uadros 333D3 \8] espectador \*ue] +ati,ido pelo *uadro$ retoma misteriosame,te por sua co,ta o se,tido do esto*ue o criou e$ salta,do os i,termedi&rios sem outra uia a ,7o ser um mo)ime,toda li,.a i,)e,tada$ um trao do pi,tor *uase despro)ido de mat+ria$ alca,a omu,do sile,cioso do pi,tor$ a partir de e,t7o proerido e acess)elK329 8 escritor + um deicida *ue assomra a cidade aula,do .istórias *ue supremsore o pla,o da e9press7o as de(ci:,cias da .istória$ tor,a,do-as por isso maise)ide,tes$ mais duras$ e)e,tualme,te i,suport&)eis3 Sa o poder sedicioso daliteratura Jpor si só$ ela + uma acusa7o terr)el co,tra a e9ist:,cia so *ual*uerreime ou ideoloia um testemu,.o c.ameja,te das suas i,su(ci:,cias$ da suai,eptid7o para colmar-,os3 E$ porta,to$ um corrosi)o perma,e,te de todos os
poderesK3 4R?4 HH84$ ario3 +a verdad de las mentiras$ 2002$ p3 1330 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 61331 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 II3
7/24/2019 Eduardo Pellejero, A Escrita Na Sua Toca REV. (Revisto Pelo Autor Para Outra Travessia)
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,7o outra se a' dia$ se o *ue .& ,ele de mais si,ular e mais
aastado da e9ist:,cia j& re)elada se re)ela ,a e9ist:,cia comumK23
4 solid7o ,7o + a co,di7o aut:,tica do .omem$ mas só ,a
solid7o pode ma,iestar-se aute,ticame,te essa co,di7o3 Nessa
mesma medida$ se a literatura assume a solid7o$ + para tra,sce,d:-
la3 olid7o ecu,da$ di' Cort&'ar$ por*ue se comea como a,<stia
pode acaar em e,co,tro3 J4 a,<stia do .omem co,tempor,eo ,7o
morde a própria cauda padec:-la ,a solid7o + premissa e i,cita7o
para depois super&-la com altrusmo ali se are a etapa de reu,i7o$
de comu,ica7o X de comu,idade em seu letimo e j& ati,ido
rei,o"3
8 si,ular .omem a,ustiado *ue + o escritor co,sidera
poss)el c.ear comu,ica7o com os .ome,s e ao co,tato com o
cósmico sem recursos )ic&rios$ sem eclesialismo estrutural5$ est&
co,)e,cido de *ue esse salto$ do Eu ao u$ do mesmo ao 8utro$ só
e9iste em ato$ *ue + da ordem do aco,tecime,to$ *ue tor,a
imposs)el *ual*uer orma de i,stitui7o perdur&)el$ *ue dispe,sa
*ual*uer u,dame,to3 Essa comu,ica7o sem pressupostos$ *ue
tor,a imposs)el a literatura$ mas ao mesmo tempo a rela,a
co,ti,uame,te al+m das suas co,(uraOes .istóricas$ ,7o comu,ica
,ada$ ,7o passa me,saem aluma$ mas + o luar da aertura do
escritor ao leitor$ de um ao outroQ loo$ da tra,smiss7o do
i,tra,smiss)el$ da alteridade$ o,de alu+m$ da sua solid7o$ acede
solid7o de outro$ o,de Jeu sei do teu euK6$ sem redu7o$ sem
sumiss7o$ sem desmedro#3 e o escritor usca a solid7o para
32 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 1#333 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 I!,334 Gidem$ p3 !#Q p3 !! J\U]ma a,&lise ojeti)a das Vletras e artes[ do s+culo mostrai,e*ui)ocame,te que a ang9stia do "omem nasce em grande medida da durasolit#ria e duvidosa batal"a que trava consigo mesmo para escapar de qualquer tentação religiosa tradicional de qualquer ref9gio no religioso da ren9ncia % sua"umanidade no divino numa m!stica e numa esperança de apocat#stase: *ue aa,<stia$ tal como a se,timos$ + a,<stia ecu,da e amara do .omem co,siomesmo$ asta,do-se para sorer$ deposita,do sua espera,a ,a supera7o *ue ser&lierdade e e,co,tro com os semel"antesK335 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !!336
%ea,-Huc Na,c; apud 4NG4?8$ uo3 5aurice 6lanc"ot$ 1!!I$ ""[337 4caso a ua' e prec&ria rela7o do escritor e do leitor ,7o pre(ura umaarticula7o imDposs)el e,tre lierdade e comu,idadeY
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acilitar o seu dista,ciame,to de todos os .ori'o,tes dados de
se,tido$ de todos os )etores de estaili'a7o da li,uaem e de
sedime,ta7o do imai,&rio$ + ,o u,do para te,tar apree,der para
tatearD esse nada em comum do *ual a p&i,a em ra,co +
meto,mia impereita ,a medida em *ue se e,co,tra sempre
carreada de clic.:sD3 E dessa e9peri:,cia si,ular co,tudo$
impessoalD de)e dar testemu,.o para o *ual as ormas dadas ,u,ca
s7o su(cie,tes$ como di'ia FlauertID3
N7o se a' ilusOes3 ae *ue o risco de cair ,a te,ta7o de uma
li,uaem pri)ada ,7o + me,or *ue o risco de recair ,o se,tido
comum$ e *ue a i,comu,ica7o ,7o )ale mais do *ue a taarelice em
*ue se compra' o mu,do!3
E9ist:,cia eita de ,7o e9istir$ realidade *ue + (c7o$ ser *ue +
,ada$ a literatura carece de eeti)idade e ,7o co,.ece correlato
.istórico3 N7o u,da ,ada$ ,7o i,stitui ,ada$ ,7o pode3 Jiete
imai,&rioK$ di' Bla,c.ot"03 as prolemati'a,do sem reser)as o seu
próprio laor$ ele)a,do a sua usca cateoria de prolema
u,dame,tal$ isto +$ cateoria de *uest7o *ue ,7o admite resposta
*ue ,7o a)i)e a peru,ta *ue est& ,a sua oriem$ a literatura
de)ol)e li,uaem a sua i,stailidade i,tr,seca e imai,a7o a
sua espo,ta,eidade reelde$ ari,do rec.as ,a ordem do simólico$
i,)erte,do ou tra)esti,do o u,cio,ame,to ,ormal ou ,ormali'ado
dos modos dispo,)eis de comu,ica7o ,uma sociedade *ual*uer3
Noutras pala)ras$ a prolemati'a7o destrui7oD do espao liter&rio
38 ?usta)e Flauert apud SERRGS4$ %ac*ues3 +a escritura , la diferencia$ 1!I!$ p3"5339 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !1 J\8] roma,cista$ i,cli,adosore si mesmo$ compree,de *ue est& so'i,.o com a sua ri*ue'a i,teriorQ *ue ,7opossui ,ada ora de si por*ue ,7o con"ece ,ada$ e o desco,.ecido + uma alsaposse3 Est& só e a,ustiadoQ a,ustiado por*ue só$ a,ustiado por*ue a co,di7o.uma,a ,7o + a solid7oQ a,ustiado por*ue + acometido pelo .orror do crculovicioso e$ depois de descorir *ue a realidade co,ti,ua desco,.ecida$ se peru,tase sua e9peri:,cia ,osiolóica ,7o ser& uma co,trapartida iualme,te alsa$iualme,te mal co,.ecidaK340 BH4NC8$ aurice3 2 livro por vir $ 2005$ p3 213 Pi'ar,i> tam+m imai,ouesse iete JNoite de i,sA,ia3 Pe,sei com triste'a ,a li,uaem3 Para *ue
escre)oY Respo,di com esta ce,a imai,&ria )i)o ,o iete$ so'i,.a$ ,umacaa,a3 Nu,ca alo com ,i,u+m$ por*ue i,oro a l,ua dos meus )i'i,.osK3PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 26I3
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temploD implica a destrui7o de *ual*uer espao comum *ual*uer
temploDQ implica$ tam+m$ a usca a e9plora7oD de uma orma
aut:,tica de ser em comum$ *ue a literatura coloca em joo rela,aD
al+m dos pressupostos *ue a soreDdetermi,am ao ,)el da pr&9is
,um mome,to .istórico dado3
^ua,do ataca a Hiteratura$ o .omem do s+culo sae *ueataca a GrejaQ *ua,do acaa com o :,ero roma,ce e o:,ero poema$ sae *ue acaa com o :,ero relii7o3 Seta,ta ru,a se ele)a sua imaem solit&riaQ mas essa solid7o j& + solid7o de ta,tos$ *ue a,u,cia para o .omem *ue luta a.ora da reu,i7o em sua letima realidade"13
G,<til para o mu,do$ ,as mare,s da .istória$ sem ra'7o ,emu,dame,to$ a literatura$ coloca,do-se em causa e,*ua,to projeto$
coloca em causa a totalidade dos projetos .uma,os$ propo,do-se
como um modo essencial da autenticidade não ligado % forma do
verdadeiro"23 Na sua deec7o da )erdade e ,o seu e9erccio da
(c7o$ projeta uma somra crtica sore a pr&9is .istórica coloca o
mu,do e,tre par:,teses$ suspe,de,do as suas redes si,i(ca,tes o
)alor das suas cateorias e dos seus co,ceitosD$ remete,do a )idapara uma dime,s7o a,terior ao saer$ e9pressa,do relaOes *ue
procedem *ual*uer reali'a7o ojeti)a3 Fa'e,do isso$ a literatura
tra' supercie o u,do sem u,do sore o *ual repousa a
e9ist:,cia$ esse nada em comum sore o *ual asse,ta o mu,do
.uma,o3
Essa aspira7o a co,)erter-se ,uma e9press7o prolem&tica do
asoluto ,7o + pouco parado9al a literatura te,ta alar do fundo sem fundo da e9ist:,cia$ *ua,do o próprio di'er asse,ta sore a
olitera7o desse u,do3 Bla,c.ot assi,ala *ue i,clusi)e Jesses *ue
*uerem dar sua ati)idade um se,tido u,dame,tal$ o de uma
pes*uisa *ue implica o co,ju,to da ,ossa co,di7o$ só co,seuem
le)ar essa ati)idade a om termo redu'i,do-a ao se,tido super(cial
*ue eles e9cluem$ a cria7o de uma ora em-eitaK"3 No)alis di'ia
41
C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !!342 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 261343 Gdem3 * parte do fogo$ 2011$ p3 23
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JProcuramos sempre o asoluto e só e,co,tramos coisasK""3 Por isso
mesmo$ a literatura sempre diere de si e se co,u,de com uma
apro9ima7o i,de(,ida sua ess:,cia$ *ue ape,as pode reali'ar-se
so a orma de uma repeti7o i,de(,ida e i,(,itame,te rustrada"5D3
^ual*uer peru,ta produ' uma resposta apare,te ,a oraD$ mas
essa resposta + ,o)ame,te e9posta a uma d<)ida radical$ ,uma
usca *ue ,7o tem (m e isso + a literaturaD3 Nessa mesma medida$ a
aute,ticidade da literatura ,7o se e,co,tra ao ,)el das imae,s *ue
propOe$ mas ao ,)el do mo)ime,to *ue co,ti,uame,te reprodu'
precede,do$ ,ea,do e rede(,i,do a sua ess:,ciaD3
4 literatura e9erce assim o seu asce,de,te sore essa parte do
.omem *ue recorem as suas determi,aOes mu,da,as3 Huar de
i,*uieta7o e de complac:,cia$ de i,satisa7o e de seura,a$ o
espao liter&rio ,os c.ama destrui7o de ,ós próprios$ a uma
desarea7o i,(,ita$ *ue + tam+m e sempre a possiilidade de um
recomeo3 Para o .omem medido e comedido$ o *uarto como o
mu,doD + um luar seuro$ pre)is)el$ determi,ado$ mas para os
.ome,s des+rticos *ue s7o o escritor e o leitor o mesmo espao ,7o
oerece resuardo$ e + i,calcul&)el$ liso$ i,de(,ido um espao ,o
*ual erram sem desti,o"63 o os seus p+s$ o solo (rme do dado e do
saido$ do pressuposto e do desco,tado$ + co,sta,teme,te como)ido
por uma i,(,idade de i,terco,e9Oes e,tre mu,dos i,(,itame,te
aertos"#3
44 No)alis apud PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 345 Pi'ar,i> co,)i)e co, esa rustració, de orma ami)ale,te$ se *ueja de ,o saerescriir la ram&ticaD$ pero e, el o,do su a,ustia tie,e orie, e, el deseo$,ecesariame,te allido$ de Ju,a poesa *ue dia lo i,decile u, sile,cio 3 U,ap&i,a e, la,coK3 PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 1"0346 C3 BH4NC8$ aurice3 2 livro por vir $ 2005$ p3 1#3 44E$ Ullric.Q H4R?E$`illiam3 5aurice 6lanc"ot$ 2001$ p3 J.e (rm,ess o t.e rou,d e,eat. oureet is seemi,l; replaced ; t.e i,(,ite i,terco,,ectio,s etee, ords$ .ereo,e ord reers to a,ot.er ord a,d so o,$ a,d .ere t.e; could ,ot co,stitute atotalit; or comple9 o co,cepts t.at ould desi,ate a discer,ile realit;3 Gt is truet.at e mi.t spea> o t.e u,i)erse or orld o a ,o)el or a poem$ ut t.isu,i)erse or orld is ,ot t.e orld or u,i)erse i, .ic. e li)e or e9istQ rat.er$ it ist.e or>[s o, orld a,d u,i)erse$ o,e t.at$ u,li>e ours$ is i,(,itel; ope,$
allusi)e a,d e,imatic spurri, us o, to e,dless i,terpretatio,s t.at ore)erremai, u,satis(edK347 C3 Gidem$ p3 3
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8 artista e o poeta receeram a miss7o de ,os recordarosti,adame,te o erro$ de ,os )oltarmos para esse espaoem *ue tudo o *ue ,os propomos$ tudo o *ue ad*uirimos$tudo o *ue somos$ tudo o *ue se are ,a terra e ,o c+u$retor,a ao i,si,i(ca,te$ o,de a*uilo *ue se aorda + o ,7os+rio e o ,7o )erdadeiro$ como se tal)e' rotasse a a o,te
de toda a aute,ticidade"I
3
Bla,c.ot e Cort&'ar$ cada um sua ma,eira$ rea)i)am a
.era,a rom,tica ,os al)ores da literatura co,tempor,ea3 4
literatura$ para eles$ ,7o e,co,tra o seu ojeto ,em o seu (m ,as
pala)ras3 i,tomaticame,te$ Cort&'ar"! ala de uma )is7o
e9tra)eralQ Bla,c.ot50$ de uma morada de sil:,cio3 Em amos$ a
literatura apo,ta para o seu desaparecime,to ju,to com o de
*ual*uer ordem da represe,ta7oD$ procura,do respo,der ao
compromisso prou,do *ue tem com a i,D.uma,idade do .omem
(m e (,al da literatura em se,tido próprioD3 Gsso ,7o si,i(ca
suordi,ar-se lóica .eemA,ica da a7o ,em aos pri,cpios da
racio,alidade poltica3 Pelo co,tr&rio$ implica o recol.ime,to do
escritor ,um espao próprio$ si,ular$ mas aerto$ e9posto a tudo o
*ue aeta o .omem$ o,de a literatura se aplica sua própria
destrui7o$ at+ *ue o po+tico j& *uase ,7o se disti,ue do
e9iste,cial$ e se co,)erte ,a sua e9press7o$ ,a sua re)ela7o e ,o
seu de)ir513
aemos *ue o mu,do a' pouco caso da ,ossa pai97o pela
literatura3 4 escrita suriu ,a .istória como uma orma de le)ar o
reistro da admi,istra7o do Estado e$ ora disso$ parece passar em
sem ela3 ^uatro mil e *ui,.e,tos a,os ,7o mudaram o u,dame,tal
os si,os *ue e,trelaa um i,di)duo ,a solid7o do seu *uarto podem
e,co,trar ,as ,ossas sociedades uma cau7o *ua,do do *ue se trata
+ de ocupar os mome,tos de ócio$ mas co,ti,uam sem ser admitidos
como uma e9plora7o$ uma procura3 8s )olumes *ue atestam as
,ossas iliotecas$ e *ue sem desca,so compulsam os especialistas
48 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 2#0,349
C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 "I350 C3 BH4NC8$ aurice3 2 livro por vir $ 2005$ p3 20351 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 #3
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,os seus ai,etes$ s7o me,os uma orma de culto *ue um modo de
leitimar essa e9clus7o3
E,*ua,to isso$ recol.idos ,uma solid7o t7o ra,de *ue + a
própria pessoa *uem ,7o est&$ deai9o das po,tes de Paris ou em
castelos i,acess)eis$ os escritores *ue se e9pOem e9peri:,cia
limite *ue comporta a escrita$ ou *ue e9pOem a escrita a uma
e9peri:,cia limite$ co,ti,uam a dar mostras de *ue esse instrumento
mandarinesco *ue + a li,uaem + capa' de ma,iestar uma
pot:,cia i,calcul&)el$ e ser o espao para uma )ale,te e implac&)el
prospec7o do e,ima *ue + o .omem$ sem recurso a reer:,cias
co,)e,cio,ais ou po,tos de apoio tradicio,ais$ teoloias au9iliares
ou espera,as teleolóicas523
N7o prete,do di'er com isso *ue a literatura possui uma
)erdade mais alta *ue as das ci:,cias ou da comu,ica7o$ da (loso(a
ou da poltica3 ampouco *ue$ ,os tempos capitais *ue )i)emos$ a
literatura possa oerecer-,os uma reer:,cia asoluta ,a
desarea7o dos .ori'o,tes .uma,istas *ue deram um se,tido
.istória depois da morte de Seus3 as *ui& me atre)a a di'er *ue$
le)ada ao limite de si própria$ a literatura por )e'es precede ao
.omem como a proecia .istória5$ e e,t7o d& luar a um
laoratório do poss)el$ a uma esp+cie de antropologia especulativa
*ue$ desi,corpora,do a ,ossa sujeti)idade das ide,ti(caOes
imai,&rias *ue coram a ,ossa ades7o ao mu,do tal como +$ ala do
.omem tal como não é$ isto +$ tal como ainda ,7o +5"$ como poderia
ser553
Bataille di'ia *ue o *ue ,os disti,ue do resto dos a,imais + a
(c7o$ tecida ,a dist,cia *ue ,os separa do real$ da ,ecessidade$ e
52 C3 Gidem$ p3 II353 C3 Gidem$ p3 !5354 artre + se,s)el a esta i,)ers7o ou deslocame,to$ mesmo se a(rma ,7ocompree,der o seu se,tido J@a>a e Bla,c.ot$ para a'er-,os )er a partir de ora a,ossa co,di7o sem recorrer aos a,jos$ descre)eram um mu,do de caea paraai9o3 333D as$ ,os peru,tamos$ por *ue .& *ue descre)er o mu,do justame,teao co,tr&rioY ^ue pla,o mais est<pido descre)er o .omem de caea para ai9obK3
4RRE$ %ea,-Paul3 J4mi,ada o de lo a,t&stico co,siderado como u, le,uajeK3;ituaciones < = El "ombre , las cosas$ 1!60, p. 97.55 C3 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 "#3
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da morte3 ó *ue a (c7o ,7o + ,o .omem um salto e)oluti)o$ + uma
al.a3 4 literatura + simplesme,te a orma ,a *ual$ ,a ,ossa +poca$
esotadas as ormas mticas e metasicas de sa,&-la$ co,)i)emos
com essa al.a ,o .omem$ ,o a,imal *ue + o .omem$ e *ue + o mais
prou,do asce,de,te da sua .uma,idade3 8 ol.o$ *ue dura,te
s+culos respo,deu s ,ecessidades da caa$ dilata a pupila e se
aa,do,a a um e9erccio de co,templa7o sem ojeto$ sem co,ceito$
sem (mQ a colu,a$ cuja u,7o ora em tempos ma,ter o corpo ereto
para aarcar mel.or o .ori'o,te$ cede ao peso da caea e se cur)a
sore o papelQ a m7o$ orte ,o pu,.o$ se are i,deesa para acol.er
os ditados da i,spira7o3 Pela escrita o .omem se e9pOe sem
reser)as$ dei9a,do atr&s o a,imal orteme,te territorial *ue + ,o
dom,io da ,ecessidade$ para e9plorar a orma poss)el do seu
desejo3 4 ,7o + ,ada$ ,7o pode ,ada$ ,7o *uer ,ada$ mas ao mesmo
tempo$ como di'ia Pessoa$ se e,co,tra aerto a tudo e a todos ,7o
de orma tra,*uila$ por*ue o outro ,7o se oerece jamais como
resposta$ mas J+ i,)ocado a meio da ,oite pelo traal.o de
aprou,dame,to próprio da i,terroa7oK563
empre oi e co,ti,uar& a ser um mist+rio para ,ós o *ue se
passa ,o corpo *ua,do adota essa posi7o$ por*ue alu+m se ec.a
,um *uarto para escre)er$ *ua,do a )ida est& l& ora e + uma da,a
*ue e9ie ser ailada com a,atismo3
56 SERRGS4$ %ac*ues3 +a escritura , la diferencia$ 1!I!$ p3 "63
7/24/2019 Eduardo Pellejero, A Escrita Na Sua Toca REV. (Revisto Pelo Autor Para Outra Travessia)
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