Eduardo Pellejero, A Escrita Na Sua Toca REV. (Revisto Pelo Autor Para Outra Travessia)

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12  A escrita na sua toca Notas para uma etologia do animal li terário Eduardo Pellejero UFRN - Bolsista Capes Pós-doc 2015/6 Resumo Em 1!"#$ %ulio Cort&'ar a(rma)a *ue a literatura + um reci,to ec.ado$ com os seus pri,cpios e os seus (,s$ mas ao mesmo te mpo $ ,o seu mi to$ tem luar uma usca extralivresca3 4lu,s a,os mais tarde$ aurice Bla,c.ot pratica)a uma reormula7o da *uest7o *ue a literatura + para si$ e e,co,tra)a ,o)ame,te o po,to de partida da sua i,)estia7o ,o esto$ ao mesmo tempo de um desespero total e de um ot imis mo sem li mites$ do reco l.ime,to radical ao *ual se e,co,tra associado o espao liter&rio3 8 prese,te arti o pr ete,de i, terro ar essa si, ular ideia da literatura estaelece,do um di&loo poss)el e,tre a ora crtica de amos os autores3 Pala)ras-c.a)e Cort&'ar $ Bla,c.ot$ literatura$ solid7o$ e9ist:,cia3 Resume, E, 1!"#$ %ulio Cort&'ar a(rmaa *ue la literatura es u, reci,to cerrado$ co, sus pri,cipios ; sus (,es$ pero al mismo tiempo$ e, su &mito$ tie,e luar u,a <s*ueda e9tra-liresca3 4lu,os a=os m&s tarde$ aurice Bla ,c. ot practicaa u,a re ormulació, de la cuestió, *ue la literatura es para s$ ; e,co,traa ,ue)ame,te el pu,to de partida de su i,)estiació, e, el esto$ al mismo tiempo de u,a desesperació, tot al ; de u, optimismo si, l mites$ del reco imie,to radica l al cual se e,cue,tra asociado el espacio literario3 El prese,te artculo prete,de i,terroar esa si,ular idea de la literatura estalecie,do u, di&loo posile e,tre la ora crtica de amos autores3 Palaras cla)e Cort&'ar $ Bla,c.ot$ literatura$ soledad$ e9iste,cia  Herdei dos meus antepassados as ânsias de fugir .  Dizem que o meu sa ngue é europeu. Eu sinto que cada glóbulo procede de um ponto diferente. De cada nação de ca da pr ov !n cia de cada il"a golfo acide nte arquipélago o#sis. De cada bocado de terra ou de mar usurp aram algo e assim me formara m condenando$me % eterna busca de um lugar de origem. &...' Herdei o

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 A escrita na sua toca

Notas para uma etologia do animal literário

Eduardo PellejeroUFRN - Bolsista Capes Pós-doc 2015/6

Resumo Em 1!"#$ %ulio Cort&'ar a(rma)a *ue a literatura + umreci,to ec.ado$ com os seus pri,cpios e os seus (,s$ mas ao mesmotempo$ ,o seu mito$ tem luar uma usca extralivresca3 4lu,sa,os mais tarde$ aurice Bla,c.ot pratica)a uma reormula7o da*uest7o *ue a literatura + para si$ e e,co,tra)a ,o)ame,te o po,tode partida da sua i,)estia7o ,o esto$ ao mesmo tempo de um

desespero total e de um otimismo sem limites$ do recol.ime,toradical ao *ual se e,co,tra associado o espao liter&rio3 8 prese,teartio prete,de i,terroar essa si,ular ideia da literaturaestaelece,do um di&loo poss)el e,tre a ora crtica de amos osautores3

Pala)ras-c.a)e Cort&'ar$ Bla,c.ot$ literatura$ solid7o$ e9ist:,cia3

Resume, E, 1!"#$ %ulio Cort&'ar a(rmaa *ue la literatura es u,

reci,to cerrado$ co, sus pri,cipios ; sus (,es$ pero al mismo tiempo$e, su &mito$ tie,e luar u,a <s*ueda e9tra-liresca3 4lu,os a=osm&s tarde$ aurice Bla,c.ot practicaa u,a reormulació, de lacuestió, *ue la literatura es para s$ ; e,co,traa ,ue)ame,te elpu,to de partida de su i,)estiació, e, el esto$ al mismo tiempo deu,a desesperació, total ; de u, optimismo si, lmites$ delrecoimie,to radical al cual se e,cue,tra asociado el espacioliterario3 El prese,te artculo prete,de i,terroar esa si,ular ideade la literatura estalecie,do u, di&loo posile e,tre la ora crticade amos autores3

Palaras cla)e Cort&'ar$ Bla,c.ot$ literatura$ soledad$ e9iste,cia

 Herdei dos meus antepassados as ânsias de fugir. Dizem que o meu sangue é europeu. Eu sinto que cadaglóbulo procede de um ponto diferente. De cada naçãode cada prov!ncia de cada il"a golfo acidentearquipélago o#sis. De cada bocado de terra ou de mar usurparam algo e assim me formaram condenando$me

% eterna busca de um lugar de origem. &...' Herdei o

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passo vacilante com o ob(eto de não estatizar$me nuncacom )rmeza em lugar nen"um.

 4leja,dra Pi'ar,i> 

 El arte es el medio m#s seguro de aislarse del mundoas! como de penetrar en él.?oe.te

Foi e co,ti,ua a ser um mist+rio para ,ós por *ue alu+m se

ec.a ,um *uarto para escre)er$ por *ue alu+m se se,ta e dora as

costas para escre)er$ *ua,do a )ida est& l& ora e + uma da,a *ue

e9ie ser ailada com a,atismo$ como di'ia Bataille 13 N7o ,os s7o

estra,.as as circu,st,cias *ue le)aram um ou outro escritor a

recol.er-se material ou simolicame,te saemos das idas e )oltasde @a>a com as mul.eres$ do proressi)o e de(,iti)o isolame,to de

 4leja,dra Pi'ar,i>$ do retiro *ue aurice Bla,c.ot se impAs at+ o

(,al dos seus dias3 am+m ,7o ,os + al.eia a doce$ a

e,lou*uecedora e9peri:,cia de atra)essar a ,oite tra,sportados pela

leitura de um li)ro$ para descorir ,a ma,.7 a estra,.e'a do mu,do

e a precariedade do eu$ rei,corpora,do-se pe,osame,te a partir das

somras da imai,a7o3 8 *ue i,oramos$ o *ue estamos lo,e desaer$ e ao mesmo tempo o *ue ,os i,terroa de orma persiste,te e

imperati)a + a ra'7o$ o se,tido ou o impulso$ a puls7oD *ue suja'

,esses estos ao mesmo tempo oste,si)os e reser)ados$ ,er)osos e

co,tidos$ *ue sutraem o a,imal *ue somos dos ciclos da

,ecessidade e o .omem *ue e,saiamos ser da ordem dos projetos3

Em 1!"#$ se,si)elme,te a,tes da pulica7o do li)ro de artre

sore a literatura e em eral dos e,saios de Bla,c.ot *ue comporiam * parte do fogo$ %ulio Cort&'ar se coloca)a essa e9ata peru,ta sore

o .ori'o,te aerto pelas te,tati)as do surrealismo e do

e9iste,cialismo$ ele)a,do a *uest7o ordem de uma ma,iesta7o

parado9al da .uma,idade do .omem$ das suas o,tes secretas23

Cort&'ar ,7o ): ,a e9peri:,cia liter&ria ape,as um meio pri)ileiado

1  C3 B44GHHE$ ?eore3  +a felicidad el erotismo , la literatura- Ensa,os /00$

/1$ 2001$ p3 11I JN7o .& d<)idas de *ue a arte ,7o tem esse,cialme,te ose,tido da estaK32 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !!3

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para le)ar adia,te empresas sociais ou polticas$ morais ou

pedaóicas$ mas tam+m ,7o redu' essa e9peri:,cia a um puro

 joo ormal3 Co,jua,do uma a)e,tura sem *ual*uer compromisso

pram&tico e uma respo,sailidade sem determi,aOes$ a

e9peri:,cia liter&ria tra,sorda para ele os estreitos limites da

 )i):,cia est+tica do escritor e do leitor ,os seus *uartos

respecti)osD e a rida dial+tica da tarea .istórica do .omem

e,*ua,to ae,te de muda,aD$ da,do co,ta de uma oscura

i,te,cio,alidade *ue e9cede as suas oras3 8 merame,te liter&rio$ o

delicado ocio de dar orma a uma .istória$ de uscar uma pala)ra

 justa$ e tam+m o pra'er de acompa,.ar uma .istória$ de dar com

uma pala)ra *ue se,timos *ue poderia ser ,ossa ou$ mel.or$ de

todosD$ tudo isso *ue se co,de,sa ,o ojeto *ue + para ,ós o li)ro$

aeta a ra)ita7o de (,s e de )alores extraliter#rios  *ue$ por outra

parte$ ,7o co,.ecem outro espao *ue o liter&rio para a sua

ma,iesta7o3 4 literatura + um reci,to ec.ado$ com os seus

pri,cpios e os seus (,s$ mas ,o seu mito tem luar a re)ela7o de

alo *ue e9cede a literatura$ *ue a areQ luar estra,.o o,de +

celerada uma usca extralivresca$ *ue e9ie a destrui7o da Jaiola

dourada da literatura tradicio,alK  mesmo *ua,do depe,da

esse,cialme,te da literatura dos seus articios e das suas

imposturasD para le)ar-se a cao"3 4lu,s a,os mais tarde$ aurice

Bla,c.ot pratica)a uma reormula7o da *uest7o *ue a literatura +

para si$ ,a *ual$ apesar da dist,cia sica e das diere,as

li,usticas$ ecoa)a a aordaem corta'aria,a53 Bla,c.ot e,co,tra

,o)ame,te o po,to de partida da sua i,)estia7o ,o esto$ ao

mesmo tempo de um desespero total e de um otimismo sem limites$

do recol.ime,to radical ao *ual se e,co,tra associado o espao

liter&rio$ essa i,)e,7o da solid7o3 Se desespero$ por*ue )oltar as

3 Gidem$ p3 34 4 co,)ic7o de Cort&'ar em rela7o a isto se u,da ,as e9peri:,cias liter&rias s*uais dirie a sua ate,7o Jos recursos )erais$ entendidos a partir de uma

atitude nova e9cedem em e(c&cia e ri*ue'a *ual*uer outra orma de ma,iesta7oe a7o do .omemK3 Gidem$ p3 "135 4 *uest7o$ poderia di'er-se$ esta)a ,o ar do tempo3

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costas ao mu,do + assumir a )aidade da a7o .istórica$ desistir de

*ual*uer compromisso ,a luta pelo em comum$ recusar o apelo da

comu,idade3 Se otimismo$ por*ue escre)e,do a partir o aismo da

sua solid7o$ o escritor pressupOe um leitor *ue e)e,tualme,te

acol.er& a sua ora ,uma solid7o ,7o me,os prou,da$ da,do co,ta

da possiilidade de uma comu,ica7o sem ojeto$ sem me,saem$

sem (m3 8timismo desesperado$ dir-se-ia$ e parado9al63 Numa +poca

em *ue o asoluto se reco,.ece ape,as ,a eeti)idade .istórica$ isto

+$ ,a seriedade da a7o e ,a tarea da lierdade real$ ,a participa7o

,a ora .uma,a eral e ,a a(rma7o de um dia ple,o$ escre)er +

uma orma de deser7o$ ,7o pode dei9ar de s:-lo3 as escre)er +

tam+m$ ,ota)elme,te$ uma orma de re)isitar o tempo e de

reressar ao mu,do a partir de uma perspecti)a si,ular *ue

co,jua a crtica e a cria7o$ a aTi7o e a oportu,idade3 Pela

literatura$ com eeito$ o .omem + arra,cado ora da esera da a7o

poss)el$ coloca,do em causa a su(ci:,cia dos seus

empree,dime,tos co,cretos e$ mais prou,dame,te$ o u,dame,to

da a7o .istórica em eralQ mas$ ,a mesma medida$ pela literatura se

a(rma a perte,a do .omem a uma e9terioridade sem i,timidade

,em limite$ *ue os mel.ores escritores e9ploram temerariame,te$

sem resuardar-se ,os re<ios do amiliar3 Gsso *uer di'er *ue ,a

literatura se co,juam a re,<,cia a tudo o *ue ,7o te,.a a escrita

por (m e a impossiilidade de e,co,trar ,a escrita um (m em si

mesmo$ por*ue comea e acaa sempre ora de si mesma J,a

.istória$ etc3K#3 4 literatura + um templo$ mas um templo para a

ma,iesta7o de alo *ue e9cede a literatura ,as suas (uras

.istóricasD$ um estra,.o templo o,de + celerada uma usca

e9traliter&ria *ue e9ie a tra,sress7o das suas leis$ a perura7o

dos seus muros e$ em <ltima i,st,cia$ a destrui7o do próprio

temploI3

6 C3 BH4NC8$ aurice3 +a escritura del desastre$ 1!!0$ p3 !I JV2s otimistas

escrevem mal3 al+r;D3 as os pessimistas ,7o escre)emK37 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 "!38 C3 Gdem3 2 livro por vir $ 2005$ p3 03

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Nem a literatura$ ,em muito me,os o u,i)erso$ culmi,am ,o

li)ro3 4 co,di7o .uma,a ,7o + redut)el esteticame,te$ e *ua,do

es*uece isso o escritor alseia a sust,cia do .omem *ue prete,de

ma,iestar ,a sua multiplicidade e totalidade!3 4 ate,7o dos

escritores surrealistas e e9iste,cialistas$ e *ui& a ,ossa$ parece

co,ce,trada ,isto destruir$ atra)+s da escritura$ o cristal esmerilado

que nos impede a contemplação da realidade10$ da *ual a literatura

tam+m a' parte113 N7o e9iste se,7o uma co,tradi7o super(cial

,isso3 4 literatura e,*ua,to modo verbal do ser do "omem de,u,cia

a literatura e$ atra)+s da literatura$ as estruturas da represe,ta7oD

e,*ua,to condicionante da realidade12Q a literatura e,*ua,to

apresentação imediata do mito )ital completo da e9ist:,ciaD

prolemati'a a literatura e,*ua,to representação  mediadora

ormula7o de orde,s extraestéticasD3 Cort&'ar + co,tu,de,te ,isso

 * "istória da literatura é a lenta gestação e desenvolvimentodessa rebelião. 8s escritores ampliam as possiilidades doidioma$ le)am-,o ao limite$ usca,do sempre uma e9press7omais imediata$ mais pró9ima do ato em si *ue se,tem e*uerem ma,iestar$ *uer di'er$ uma e9press7o ,7o-est+tica$,7o-liter&ria$ ,7o-idiom&tica3 8 ECRG8R W 8 GNGG?8P8ENCG4H X E 8%E %L 4U4H X S8 GSG84 13 

Noutras pala)ras$ as ormas reeldes ,eam *ual*uer ordem da

represe,ta7o$ as cateorias *ue d7o uma (ura e9ist:,cia e um

se,tido .istória$ e i,clusi)e os :,eros liter&rios tradicio,ais

e,*ua,to modos de ma,iesta7o e9iste,cial ou crtica da realidade3

Prete,dem ser uma ora c&ustica$ capa' de destruir$ ao mesmo

tempo *ue destroem a sua própria autoridade$ os prestios dessa

9 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 "6310 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 66 JEsa aresió, co,tra el le,uajeliterario$ esta destrucció, de ormas tradicio,ales$ tie,e la caracterstica propia del t<,elQdestru;e para co,struir3K.11 Ha literatura orma parte de ese cristal esmerilado e, la medida ; *ue$ por u,lado$ las ormas tradicio,ales impo,e, limites a lo e9presale$ emporecie,do else,tido de la e9perie,cia$ e,cerra,do al .omre e, el uso est+tico del le,uaje$ ;$por otro$ e, sus )ersio,es escapistas$ la palara u,cio,a como u, som,ero ;como u,a &rica de sue=os$ orecie,do suced&,eos de la e9perie,cia ; ormas

 )icarias de )ida3 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 ##3 12 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 "!313 Gidem$ p3 53

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reTe97o *ue impOe o seu se,tido ao mu,do$ remiti,do-,os a um

luar estra,.o$ o,de o i,de(,ido do erro e do errar pode *ui&

preser)ar-,os do disarce do i,aut:,tico1"3 8 li)ro dei9a de ser um

reci,to ec.ado o,de proteer-se15$ dei9a de propor-se ape,as como

coisa liter&ria ou e9peri:,cia est+tica$ e9ii,do ser apre,dido como

espa,tosa a)e,tura .uma,a o,de uma apar:,cia de ser$ le)a,tada

,o )a'io *ue a literatura ca)a ,a li,uaem$ aate as ro,teiras

escol&sticas da ra'7o163

Cort&'ar e Bla,c.ot coi,cidem iualme,te ,o si,ular papel *ue

atriuem solid7o3 aemos *ue para Bla,c.ot o recol.ime,to +

uma esp+cie de disposi7o a,mica u,dame,tal como a a,<stia

era para eideerD$ atra)+s da *ual o escritor retira a li,uaem do

curso do mu,do$ despoja,do-o do *ue a' da li,uaem um poder

pelo *ual$ se ala$ + o mu,do *ue ala$ + o dia *ue se edi(ca pelo

traal.o$ pela a7o e pelo tempo1#3 ó atra)+s da re*ue,ta7o da

solid7o *ual a literatura sumete a li,uaem + poss)el o assalto

s ro,teiras$ aos limites do *ue + .uma,o1I3

Por sua )e'$ Cort&'ar associa a solid7o a uma pot:,cia corrosi)a

a,te a *ual *ual*uer 4eltansc"auung  i,:,ua a'-se pedaos$ e

de,tro da *ual o escritor$ i,cli,ado sore si mesmo$ compree,de *ue

est& só com a sua ri*ue'a i,terior e$ para di':-lo ,uma li,uaem

cl&ssica$ pode e,trear-se ao li)re joo das suas aculdades1!3 4 

14 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 2#0315 Claro *ue a a,tasia de e,co,trar ,o li)ro um re<io perseue os e9ploradoresdos aismos mais i,te,sos3 PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 2#5 JEscre)erape,as um li)ro em prosa$ em luar de um de poemas ou rame,tos3 Um li)ro ouuma morada o,de proteer-seYK316 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !3 C3 4N P4Z8$ Patricia3 J8Vora[ de Bla,c.ot escrita$ imaem e asci,a7oK$ 200I$ p3 1# J\4 e9peri:,cia doora própria da literatura] + a e9peri:,cia do ora *ue se ara ,o i,terior daprópria li,uaem$ um ora de todo o discurso si,i(cati)o *ue$ ,o e,ta,to$ ,7oco,stitui um limite da li,uaem$ dado *ue se trata de uma aertura *ue a ilimitado i,terior3K17 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 1#318  C3 Gdem3 * parte do fogo$ 2011$ p3 26319  C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !13 SUR4$ aruerite3 Escribir $ 2010$ p3 2" JNa )ida c.ea um mome,to$ e acredito *ue + atal$ ao *ual,7o podemos escapar$ em *ue tudo se pOe em d<)ida 333D3 E essa d<)ida cresce em

tor,o de ,ós3 Essa d<)ida est& so'i,.a$ + a da solid7o3 Nasceu dela$ da solid7o3 4credito *ue muita e,te ,7o poderia suportar o *ue dio$ uiria3 Sa *ui& *ue,7o *ual*uer .omem seja um escritor3 im3 W isso$ essa + a diere,a3 Essa + a

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apree,s7o de certas realidades ,7o se d& em compa,.ia$ e9ie a

deser7o da cidade .uma,a$ e a recusa de *ual*uer orma de

doc:,cia$ de pr+dica$ de sistema203 Nesse se,tido$ a solid7o co,stitui

um mome,to esse,cial para a a(rma7o da lierdade Jem tor,o da

pessoa *ue escre)e li)ros sempre de)e e9istir uma separa7o dos

outrosK$ di'ia aruerite Suras$ Juma solid7o real do corpo *ue se

co,)erte ,a i,)iol&)el solid7o do escre)erK213

8 .omem de a7o prete,de are)iar a solid7o$ poupar-se a

solid7o$ compromete,do a aute,ticidade da sua e9ist:,cia3 4 pr&9is

comea por uma tomada de posi7o no mundo$ e isso si,i(ca uma

limita7o delierada de possiilidades &ticas$ uma redu7o da

lierdade J^ua,do adere a uma ordem .istórica$ mesmo *ue seja

para comat:-la$ o .omem de a7o perde e(ci:,cia$ poder corrosi)o$

ra)ita7o3 N7o pode reali'ar-se a si mesmo media,te a e9peri:,cia

e a a7o$ por*ue se ): oriado a respeitar e suste,tar ormas

de,tro das *uais ele aeK223 4 literatura recusa essa limita7o da

e9peri:,cia$ ,7o reco,.ece ,e,.um compromisso poss)el$ rea(rma

a sua i,compatiilidade com a lóica da a7o ,a .istória23 N7o

poderia ser de outra ma,eira$ co,sidera,do o mo)ime,to *ue a

de(,e a)a,a em t<,el$ destrui,do para co,struir$ soca)a,do os

seus próprios u,dame,tos para le)ar a e9peri:,cia sempre mais

lo,e3

E)ide,teme,te$ deserta,do do dom,io da pr&9is$ recusa,do a

própria lóica da a7o$ araa,do um pri,cpio de i,oper,cia *ue

tor,a a escrita uma pura passi)idade marem da .istória$ o

escritor descuida das reais co,diOes da sua ema,cipa7o e dos

 )erdade3 N7o .& outra3 4 d<)ida$ a d<)ida de escre)er3 Porta,to$ + o escritor$tam+m3 E com o escritor todo o mu,do escre)e3 empre se soueK320 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 111Q p3 I" Jas o 8cide,teretor,a i,)aria)elme,te a um estilo social de cultura$ co,traolpeia toda a li,.aVorie,tal[ de i,di)idualismo com um acr+scimo das prolem&ticas comuns. 4o ladode cada (lósoo pOe um mestreK321 SUR4$ aruerite3 Escribir $ 2010$ p3 1#322 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !#,323  C3 GR4U_$ %ea,-P.ilippe3  5aurice 6lanc"ot. 7uiétude et inquiétude de la

littérature$ 1!!I$ p3 22$ o escritor recusa colocar a sua ati)idade espec(ca emu,7o das leis do mu,do$ da,do e9press7o a um u,i)erso de i,e9ist:,cia$ a umespao sem luar$ a uma temporalidade desco,ectada do tempo3

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seus leitoresD$ ,elie,cia o *ue de)e ser eito para *ue a ideia

astrata de lierdade de)e,.a real$ e se d& uma lierdade *ue *ui&

,7o possua2"3 Sa a desco,(a,a *ue i,spira ,os .ome,s e,ajados$

*ue )eem o recol.ime,to próprio da literatura como um aspecto de

m& + o apelo do escritor aos seus leitores l.es parece um apelo

 )a'io$ *ue e9pressa Jsome,te o esoro de um "omem privado de

mundo  para )oltar ao mu,do$ mantendo$se discretamente na sua

periferiaK253 as o certo + *ue o recol.ime,to$ se,do um mome,to

,ecess&rio da e9peri:,cia liter&ria$ ,7o co,stitui o seu (m$ e *ue a

reser)a$ mesmo co,stitui,do um pri,cpio de i,oper,cia$ ,7o se

redu' a um puro sorriso i,terior263

 4 solid7o do escritor tal como a do leitorD ,7o + uma orma de

clausura$ ,em de *uietismo a apare,te imoilidade da car,e oculta

uma ati)idade i,e,teQ a ma,iesta i,trospec7o do ol.ar$ uma

aertura sem reparos3 Pi'ar,i> a,ota)a ,o seu di&rio 2 de Fe)ereiro

de 1!5ID JEsta ma,eira de ser me a' perder e a,.ar3 Perder$

e,*ua,to me aprisio,a$ me impede de e,re,tar o mu,do$ e$ toda)ia$

me dei9a merc: do mu,do3 as$ por outra parte$ ,o re)erso do

mu,do$ o,de eu me e,co,tro$ )eem-se muitas coisas )edadas para os

outrosK2#3

 4co,tece *ue ,o espao liter&rio as relaOes parado9ais *ue a

escrita ma,t+m com o mu,do se sutraem s suas escalas de )alores

e aos seus .ori'o,tes de se,tido comea,do pelo pri)il+io dado

lóica da a7o .istórica e redu7o da .uma,idade do .omem

ordem dos projetosD3 ais eralme,te ai,da$ a solid7o do escritor

procura ser superada$ mas superada sem pressupor ,ada em comum3

al como a(rma)a erleau-Po,t;$ o desa(o *ue + a literatura para si

co,siste em comu,icar sem apoiar-se sore uma ,ature'a

preestaelecida$ uma li,uaem comum ou uma tradi7o

compartil.ada3 Retor,ar ao mu,do$ para a literatura$ dar orma

sua )oca7o e9traliter&ria$ ,7o passa por suordi,ar-se a empresas

24 C3 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 25325

 Gidem$ p3 26326 C3 Gdem3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 20327 PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 103

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e9traliter&rias ser)i,do de meio de comu,ica7o para me,sae,s

*ue t:m outra oriem *ue a literaturaQ passa por tor,ar poss)el

Juma comu,ica7o a,tes da comu,ica7oK2I3 Falamos da solid7o

e,*ua,to impu,a7o da ordem .istórica$ das suas i,trias e das

suas determi,aOes$ tam+m e,*ua,to suspe,s7o de todos os apoios

tradicio,ais$ teoloias au9iliares e espera,as teleolóicas$

simoli'adas pela morte de Seus o escritor + um deicida$ di'ia

 aras Hlosa2!D3

Se resto$ a impu,a7o de todas as alsas ormas de

comu,idade .istóricas ou ideaisD$ de todas as )aria,tes de also

i,(,ito reliioso ou metasicoD$ ,7o impede *ue$ da solid7o$ o

escritor procure o outro socialme,te$ ,uma comu,idade por )ir

como ,o caso do e9iste,cialismoD$ ou .eroicame,te$ ,a supra-

realidade da comu,ica7o po+tica como ,o caso do surrealismoD3

@a>a ,7o pode )i)er com os outros$ mas ,7o sae )i)er so'i,.o 03 4 

literatura assume a solid7o como pedra de to*ue$ mas a partir da

solid7o procura superar e comu,icar a e9peri:,cia prou,da *ue

propicia a solid7o3 4 solid7o$ *ue co,du' o escritor a uma

experi8ncia do "omem antes do "omem$ e9ie ser partil.ada

comu,icadaD para u,dar o leg!timo começo do "omem13 Bla,c.ot

dir& JEscre)e,do$ \o escritor] ,7o pode sacri(car a ,oite pura das

suas possiilidades próprias$ por*ue a ora só )i)e se essa ,oite e

28  ERHE4U-P8NZ$ aurice3 2 "omem e a comunicação. * prosa do mundo$1!#"$ p3 6IQ pp3 6"$ 6# J8 prolema moder,o \+] saer como a i,te,7o do pi,torre,ascer& ,a*ueles *ue ol.am os seus *uadros 333D3 \8] espectador \*ue] +ati,ido pelo *uadro$ retoma misteriosame,te por sua co,ta o se,tido do esto*ue o criou e$ salta,do os i,termedi&rios sem outra uia a ,7o ser um mo)ime,toda li,.a i,)e,tada$ um trao do pi,tor *uase despro)ido de mat+ria$ alca,a omu,do sile,cioso do pi,tor$ a partir de e,t7o proerido e acess)elK329 8 escritor + um deicida *ue assomra a cidade aula,do .istórias *ue supremsore o pla,o da e9press7o as de(ci:,cias da .istória$ tor,a,do-as por isso maise)ide,tes$ mais duras$ e)e,tualme,te i,suport&)eis3 Sa o poder sedicioso daliteratura Jpor si só$ ela + uma acusa7o terr)el co,tra a e9ist:,cia so *ual*uerreime ou ideoloia um testemu,.o c.ameja,te das suas i,su(ci:,cias$ da suai,eptid7o para colmar-,os3 E$ porta,to$ um corrosi)o perma,e,te de todos os

poderesK3 4R?4 HH84$ ario3 +a verdad de las mentiras$ 2002$ p3 1330 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 61331 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 II3

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,7o outra se a' dia$ se o *ue .& ,ele de mais si,ular e mais

aastado da e9ist:,cia j& re)elada se re)ela ,a e9ist:,cia comumK23

 4 solid7o ,7o + a co,di7o aut:,tica do .omem$ mas só ,a

solid7o pode ma,iestar-se aute,ticame,te essa co,di7o3 Nessa

mesma medida$ se a literatura assume a solid7o$ + para tra,sce,d:-

la3 olid7o ecu,da$ di' Cort&'ar$ por*ue se comea como a,<stia

pode acaar em e,co,tro3 J4 a,<stia do .omem co,tempor,eo ,7o

morde a própria cauda padec:-la ,a solid7o + premissa e i,cita7o

para depois super&-la com altrusmo ali se are a etapa de reu,i7o$

de comu,ica7o X de comu,idade em seu letimo e j& ati,ido

rei,o"3

8 si,ular .omem a,ustiado *ue + o escritor co,sidera

poss)el c.ear comu,ica7o com os .ome,s e ao co,tato com o

cósmico sem recursos )ic&rios$ sem eclesialismo estrutural5$ est&

co,)e,cido de *ue esse salto$ do Eu ao u$ do mesmo ao 8utro$ só

e9iste em ato$ *ue + da ordem do aco,tecime,to$ *ue tor,a

imposs)el *ual*uer orma de i,stitui7o perdur&)el$ *ue dispe,sa

*ual*uer u,dame,to3 Essa comu,ica7o sem pressupostos$ *ue

tor,a imposs)el a literatura$ mas ao mesmo tempo a rela,a

co,ti,uame,te al+m das suas co,(uraOes .istóricas$ ,7o comu,ica

,ada$ ,7o passa me,saem aluma$ mas + o luar da aertura do

escritor ao leitor$ de um ao outroQ loo$ da tra,smiss7o do

i,tra,smiss)el$ da alteridade$ o,de alu+m$ da sua solid7o$ acede

solid7o de outro$ o,de Jeu sei do teu euK6$ sem redu7o$ sem

sumiss7o$ sem desmedro#3 e o escritor usca a solid7o para

32 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 1#333 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 I!,334 Gidem$ p3 !#Q p3 !! J\U]ma a,&lise ojeti)a das Vletras e artes[ do s+culo mostrai,e*ui)ocame,te que a ang9stia do "omem nasce em grande medida da durasolit#ria e duvidosa batal"a que trava consigo mesmo para escapar de qualquer tentação religiosa tradicional de qualquer ref9gio no religioso da ren9ncia % sua"umanidade no divino numa m!stica e numa esperança de apocat#stase: *ue aa,<stia$ tal como a se,timos$ + a,<stia ecu,da e amara do .omem co,siomesmo$ asta,do-se para sorer$ deposita,do sua espera,a ,a supera7o *ue ser&lierdade e e,co,tro com os semel"antesK335 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !!336

 %ea,-Huc Na,c; apud 4NG4?8$ uo3 5aurice 6lanc"ot$ 1!!I$ ""[337 4caso a ua' e prec&ria rela7o do escritor e do leitor ,7o pre(ura umaarticula7o imDposs)el e,tre lierdade e comu,idadeY

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acilitar o seu dista,ciame,to de todos os .ori'o,tes dados de

se,tido$ de todos os )etores de estaili'a7o da li,uaem e de

sedime,ta7o do imai,&rio$ + ,o u,do para te,tar apree,der para

tatearD esse nada em comum do *ual a p&i,a em ra,co +

meto,mia impereita ,a medida em *ue se e,co,tra sempre

carreada de clic.:sD3 E dessa e9peri:,cia si,ular co,tudo$

impessoalD de)e dar testemu,.o para o *ual as ormas dadas ,u,ca

s7o su(cie,tes$ como di'ia FlauertID3

N7o se a' ilusOes3 ae *ue o risco de cair ,a te,ta7o de uma

li,uaem pri)ada ,7o + me,or *ue o risco de recair ,o se,tido

comum$ e *ue a i,comu,ica7o ,7o )ale mais do *ue a taarelice em

*ue se compra' o mu,do!3

E9ist:,cia eita de ,7o e9istir$ realidade *ue + (c7o$ ser *ue +

,ada$ a literatura carece de eeti)idade e ,7o co,.ece correlato

.istórico3 N7o u,da ,ada$ ,7o i,stitui ,ada$ ,7o pode3 Jiete

imai,&rioK$ di' Bla,c.ot"03 as prolemati'a,do sem reser)as o seu

próprio laor$ ele)a,do a sua usca cateoria de prolema

u,dame,tal$ isto +$ cateoria de *uest7o *ue ,7o admite resposta

*ue ,7o a)i)e a peru,ta *ue est& ,a sua oriem$ a literatura

de)ol)e li,uaem a sua i,stailidade i,tr,seca e imai,a7o a

sua espo,ta,eidade reelde$ ari,do rec.as ,a ordem do simólico$

i,)erte,do ou tra)esti,do o u,cio,ame,to ,ormal ou ,ormali'ado

dos modos dispo,)eis de comu,ica7o ,uma sociedade *ual*uer3

Noutras pala)ras$ a prolemati'a7o destrui7oD do espao liter&rio

38 ?usta)e Flauert apud SERRGS4$ %ac*ues3 +a escritura , la diferencia$ 1!I!$ p3"5339  C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !1 J\8] roma,cista$ i,cli,adosore si mesmo$ compree,de *ue est& so'i,.o com a sua ri*ue'a i,teriorQ *ue ,7opossui ,ada ora de si por*ue ,7o con"ece ,ada$ e o desco,.ecido + uma alsaposse3 Est& só e a,ustiadoQ a,ustiado por*ue só$ a,ustiado por*ue a co,di7o.uma,a ,7o + a solid7oQ a,ustiado por*ue + acometido pelo .orror do crculovicioso e$ depois de descorir *ue a realidade co,ti,ua desco,.ecida$ se peru,tase sua e9peri:,cia ,osiolóica ,7o ser& uma co,trapartida iualme,te alsa$iualme,te mal co,.ecidaK340 BH4NC8$ aurice3 2 livro por vir $ 2005$ p3 213 Pi'ar,i> tam+m imai,ouesse iete JNoite de i,sA,ia3 Pe,sei com triste'a ,a li,uaem3 Para *ue

escre)oY Respo,di com esta ce,a imai,&ria )i)o ,o iete$ so'i,.a$ ,umacaa,a3 Nu,ca alo com ,i,u+m$ por*ue i,oro a l,ua dos meus )i'i,.osK3PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 26I3

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temploD implica a destrui7o de *ual*uer espao comum *ual*uer

temploDQ implica$ tam+m$ a usca a e9plora7oD de uma orma

aut:,tica de ser em comum$ *ue a literatura coloca em joo rela,aD

al+m dos pressupostos *ue a soreDdetermi,am ao ,)el da pr&9is

,um mome,to .istórico dado3

^ua,do ataca a Hiteratura$ o .omem do s+culo sae *ueataca a GrejaQ *ua,do acaa com o :,ero roma,ce e o:,ero poema$ sae *ue acaa com o :,ero relii7o3 Seta,ta ru,a se ele)a sua imaem solit&riaQ mas essa solid7o j& + solid7o de ta,tos$ *ue a,u,cia para o .omem *ue luta a.ora da reu,i7o em sua letima realidade"13

G,<til para o mu,do$ ,as mare,s da .istória$ sem ra'7o ,emu,dame,to$ a literatura$ coloca,do-se em causa e,*ua,to projeto$

coloca em causa a totalidade dos projetos .uma,os$ propo,do-se

como um modo essencial da autenticidade não ligado % forma do

verdadeiro"23 Na sua deec7o da )erdade e ,o seu e9erccio da

(c7o$ projeta uma somra crtica sore a pr&9is .istórica coloca o

mu,do e,tre par:,teses$ suspe,de,do as suas redes si,i(ca,tes o

 )alor das suas cateorias e dos seus co,ceitosD$ remete,do a )idapara uma dime,s7o a,terior ao saer$ e9pressa,do relaOes *ue

procedem *ual*uer reali'a7o ojeti)a3 Fa'e,do isso$ a literatura

tra' supercie o u,do sem u,do sore o *ual repousa a

e9ist:,cia$ esse nada em comum  sore o *ual asse,ta o mu,do

.uma,o3

Essa aspira7o a co,)erter-se ,uma e9press7o prolem&tica do

asoluto ,7o + pouco parado9al a literatura te,ta alar do fundo sem fundo da e9ist:,cia$ *ua,do o próprio di'er asse,ta sore a

olitera7o desse u,do3 Bla,c.ot assi,ala *ue i,clusi)e Jesses *ue

*uerem dar sua ati)idade um se,tido u,dame,tal$ o de uma

pes*uisa *ue implica o co,ju,to da ,ossa co,di7o$ só co,seuem

le)ar essa ati)idade a om termo redu'i,do-a ao se,tido super(cial

*ue eles e9cluem$ a cria7o de uma ora em-eitaK"3 No)alis di'ia

41

 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 !!342 C3 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 261343 Gdem3 * parte do fogo$ 2011$ p3 23

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JProcuramos sempre o asoluto e só e,co,tramos coisasK""3 Por isso

mesmo$ a literatura sempre diere de si e se co,u,de com uma

apro9ima7o i,de(,ida sua ess:,cia$ *ue ape,as pode reali'ar-se

so a orma de uma repeti7o i,de(,ida e i,(,itame,te rustrada"5D3

^ual*uer peru,ta produ' uma resposta apare,te ,a oraD$ mas

essa resposta + ,o)ame,te e9posta a uma d<)ida radical$ ,uma

usca *ue ,7o tem (m e isso + a literaturaD3 Nessa mesma medida$ a

aute,ticidade da literatura ,7o se e,co,tra ao ,)el das imae,s *ue

propOe$ mas ao ,)el do mo)ime,to *ue co,ti,uame,te reprodu'

precede,do$ ,ea,do e rede(,i,do a sua ess:,ciaD3

 4 literatura e9erce assim o seu asce,de,te sore essa parte do

.omem *ue recorem as suas determi,aOes mu,da,as3 Huar de

i,*uieta7o e de complac:,cia$ de i,satisa7o e de seura,a$ o

espao liter&rio ,os c.ama destrui7o de ,ós próprios$ a uma

desarea7o i,(,ita$ *ue + tam+m e sempre a possiilidade de um

recomeo3 Para o .omem medido e comedido$ o *uarto como o

mu,doD + um luar seuro$ pre)is)el$ determi,ado$ mas para os

.ome,s des+rticos *ue s7o o escritor e o leitor o mesmo espao ,7o

oerece resuardo$ e + i,calcul&)el$ liso$ i,de(,ido um espao ,o

*ual erram sem desti,o"63 o os seus p+s$ o solo (rme do dado e do

saido$ do pressuposto e do desco,tado$ + co,sta,teme,te como)ido

por uma i,(,idade de i,terco,e9Oes e,tre mu,dos i,(,itame,te

aertos"#3

44 No)alis apud PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 345 Pi'ar,i> co,)i)e co, esa rustració, de orma ami)ale,te$ se *ueja de ,o saerescriir la ram&ticaD$ pero e, el o,do su a,ustia tie,e orie, e, el deseo$,ecesariame,te allido$ de Ju,a poesa *ue dia lo i,decile u, sile,cio 3 U,ap&i,a e, la,coK3 PGM4RNG@$ 4leja,dra3 Di#rios$ 2012$ p3 1"0346 C3 BH4NC8$ aurice3 2 livro por vir $ 2005$ p3 1#3 44E$ Ullric.Q H4R?E$`illiam3 5aurice 6lanc"ot$ 2001$ p3 J.e (rm,ess o t.e rou,d e,eat. oureet is seemi,l; replaced ; t.e i,(,ite i,terco,,ectio,s etee, ords$ .ereo,e ord reers to a,ot.er ord a,d so o,$ a,d .ere t.e; could ,ot co,stitute atotalit; or comple9 o co,cepts t.at ould desi,ate a discer,ile realit;3 Gt is truet.at e mi.t spea> o t.e u,i)erse or orld o a ,o)el or a poem$ ut t.isu,i)erse or orld is ,ot t.e orld or u,i)erse i, .ic. e li)e or e9istQ rat.er$ it ist.e or>[s o, orld a,d u,i)erse$ o,e t.at$ u,li>e ours$ is i,(,itel; ope,$

allusi)e a,d e,imatic spurri, us o, to e,dless i,terpretatio,s t.at ore)erremai, u,satis(edK347 C3 Gidem$ p3 3

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8 artista e o poeta receeram a miss7o de ,os recordarosti,adame,te o erro$ de ,os )oltarmos para esse espaoem *ue tudo o *ue ,os propomos$ tudo o *ue ad*uirimos$tudo o *ue somos$ tudo o *ue se are ,a terra e ,o c+u$retor,a ao i,si,i(ca,te$ o,de a*uilo *ue se aorda + o ,7os+rio e o ,7o )erdadeiro$ como se tal)e' rotasse a a o,te

de toda a aute,ticidade"I

3

Bla,c.ot e Cort&'ar$ cada um sua ma,eira$ rea)i)am a

.era,a rom,tica ,os al)ores da literatura co,tempor,ea3 4 

literatura$ para eles$ ,7o e,co,tra o seu ojeto ,em o seu (m ,as

pala)ras3 i,tomaticame,te$ Cort&'ar"!  ala de uma )is7o

e9tra)eralQ Bla,c.ot50$ de uma morada de sil:,cio3 Em amos$ a

literatura apo,ta para o seu desaparecime,to ju,to com o de

*ual*uer ordem da represe,ta7oD$ procura,do respo,der ao

compromisso prou,do *ue tem com a i,D.uma,idade do .omem

(m e (,al da literatura em se,tido próprioD3 Gsso ,7o si,i(ca

suordi,ar-se lóica .eemA,ica da a7o ,em aos pri,cpios da

racio,alidade poltica3 Pelo co,tr&rio$ implica o recol.ime,to do

escritor ,um espao próprio$ si,ular$ mas aerto$ e9posto a tudo o

*ue aeta o .omem$ o,de a literatura se aplica sua própria

destrui7o$ at+ *ue o po+tico j& *uase ,7o se disti,ue do

e9iste,cial$ e se co,)erte ,a sua e9press7o$ ,a sua re)ela7o e ,o

seu de)ir513

aemos *ue o mu,do a' pouco caso da ,ossa pai97o pela

literatura3 4 escrita suriu ,a .istória como uma orma de le)ar o

reistro da admi,istra7o do Estado e$ ora disso$ parece passar em

sem ela3 ^uatro mil e *ui,.e,tos a,os ,7o mudaram o u,dame,tal

os si,os *ue e,trelaa um i,di)duo ,a solid7o do seu *uarto podem

e,co,trar ,as ,ossas sociedades uma cau7o *ua,do do *ue se trata

+ de ocupar os mome,tos de ócio$ mas co,ti,uam sem ser admitidos

como uma e9plora7o$ uma procura3 8s )olumes *ue atestam as

,ossas iliotecas$ e *ue sem desca,so compulsam os especialistas

48 BH4NC8$ aurice3 2 espaço liter#rio$ 2011$ p3 2#0,349

 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 "I350 C3 BH4NC8$ aurice3 2 livro por vir $ 2005$ p3 20351 C3 C8RLM4R$ %<lio3 2bra cr!tica$ ol3 1$ 1!!I$ p3 #3

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,os seus ai,etes$ s7o me,os uma orma de culto *ue um modo de

leitimar essa e9clus7o3

E,*ua,to isso$ recol.idos ,uma solid7o t7o ra,de *ue + a

própria pessoa *uem ,7o est&$ deai9o das po,tes de Paris ou em

castelos i,acess)eis$ os escritores *ue se e9pOem e9peri:,cia

limite *ue comporta a escrita$ ou *ue e9pOem a escrita a uma

e9peri:,cia limite$ co,ti,uam a dar mostras de *ue esse instrumento

mandarinesco  *ue + a li,uaem + capa' de ma,iestar uma

pot:,cia i,calcul&)el$ e ser o espao para uma )ale,te e implac&)el

prospec7o do e,ima *ue + o .omem$ sem recurso a reer:,cias

co,)e,cio,ais ou po,tos de apoio tradicio,ais$ teoloias au9iliares

ou espera,as teleolóicas523

N7o prete,do di'er com isso *ue a literatura possui uma

 )erdade mais alta *ue as das ci:,cias ou da comu,ica7o$ da (loso(a

ou da poltica3 ampouco *ue$ ,os tempos capitais *ue )i)emos$ a

literatura possa oerecer-,os uma reer:,cia asoluta ,a

desarea7o dos .ori'o,tes .uma,istas *ue deram um se,tido

.istória depois da morte de Seus3 as *ui& me atre)a a di'er *ue$

le)ada ao limite de si própria$ a literatura por )e'es precede ao

.omem como a proecia .istória5$ e e,t7o d& luar a um

laoratório do poss)el$ a uma esp+cie de antropologia especulativa

*ue$ desi,corpora,do a ,ossa sujeti)idade das ide,ti(caOes

imai,&rias *ue coram a ,ossa ades7o ao mu,do tal como +$ ala do

.omem tal como não é$ isto +$ tal como ainda ,7o +5"$ como poderia

ser553

Bataille di'ia *ue o *ue ,os disti,ue do resto dos a,imais + a

(c7o$ tecida ,a dist,cia *ue ,os separa do real$ da ,ecessidade$ e

52 C3 Gidem$ p3 II353 C3 Gidem$ p3 !5354  artre + se,s)el a esta i,)ers7o ou deslocame,to$ mesmo se a(rma ,7ocompree,der o seu se,tido J@a>a e Bla,c.ot$ para a'er-,os )er a partir de ora a,ossa co,di7o sem recorrer aos a,jos$ descre)eram um mu,do de caea paraai9o3 333D as$ ,os peru,tamos$ por *ue .& *ue descre)er o mu,do justame,teao co,tr&rioY ^ue pla,o mais est<pido descre)er o .omem de caea para ai9obK3

4RRE$ %ea,-Paul3 J4mi,ada o de lo a,t&stico co,siderado como u, le,uajeK3;ituaciones < = El "ombre , las cosas$ 1!60, p. 97.55 C3 BH4NC8$ aurice3 * parte do fogo$ 2011$ p3 "#3

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da morte3 ó *ue a (c7o ,7o + ,o .omem um salto e)oluti)o$ + uma

al.a3 4 literatura + simplesme,te a orma ,a *ual$ ,a ,ossa +poca$

esotadas as ormas mticas e metasicas de sa,&-la$ co,)i)emos

com essa al.a ,o .omem$ ,o a,imal *ue + o .omem$ e *ue + o mais

prou,do asce,de,te da sua .uma,idade3 8 ol.o$ *ue dura,te

s+culos respo,deu s ,ecessidades da caa$ dilata a pupila e se

aa,do,a a um e9erccio de co,templa7o sem ojeto$ sem co,ceito$

sem (mQ a colu,a$ cuja u,7o ora em tempos ma,ter o corpo ereto

para aarcar mel.or o .ori'o,te$ cede ao peso da caea e se cur)a

sore o papelQ a m7o$ orte ,o pu,.o$ se are i,deesa para acol.er

os ditados da i,spira7o3 Pela escrita o .omem se e9pOe sem

reser)as$ dei9a,do atr&s o a,imal orteme,te territorial *ue + ,o

dom,io da ,ecessidade$ para e9plorar a orma poss)el do seu

desejo3 4 ,7o + ,ada$ ,7o pode ,ada$ ,7o *uer ,ada$ mas ao mesmo

tempo$ como di'ia Pessoa$ se e,co,tra aerto a tudo e a todos ,7o

de orma tra,*uila$ por*ue o outro ,7o se oerece jamais como

resposta$ mas J+ i,)ocado a meio da ,oite pelo traal.o de

aprou,dame,to próprio da i,terroa7oK563

empre oi e co,ti,uar& a ser um mist+rio para ,ós o *ue se

passa ,o corpo *ua,do adota essa posi7o$ por*ue alu+m se ec.a

,um *uarto para escre)er$ *ua,do a )ida est& l& ora e + uma da,a

*ue e9ie ser ailada com a,atismo3

56 SERRGS4$ %ac*ues3 +a escritura , la diferencia$ 1!I!$ p3 "63

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