ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA FACULDADE DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DA SAUDE CURSO DE POS-GRADUACAo EM PSICOLOGIA CLiNICA ESTUDO DE CASO CLiNICO: "AS DISFUN<;:OES NO NOVO CASAL" LUCIANE BOZZA Monografia apresentada ao Curso de P6s-Graduayao em Psicologia Clfnica da Universidade Tuiuti do Parana como parte dos requisites para obtenQao do grau de' Especialista em Psicologia Clinica. Area de concentrac;ao: Psicologia Sistemica Orientadora:Mestre Marusa GonQalves v ,,- '/ f ,,<I I' CURITIBA 2005

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAFACULDADE DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DA SAUDE

CURSO DE POS-GRADUACAo EM PSICOLOGIA CLiNICA

ESTUDO DE CASO CLiNICO:"AS DISFUN<;:OES NO NOVO CASAL"

LUCIANE BOZZA

Monografia apresentada ao Curso deP6s-Graduayao em Psicologia Clfnicada Universidade Tuiuti do Parana como partedos requisites para obtenQao dograu de'Especialista em Psicologia Clinica.Area de concentrac;ao: PsicologiaSistemicaOrientadora:Mestre Marusa GonQalves

v,,-'/f

,,<I

I' CURITIBA2005

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAIrCULDADE DE CIENCIA5. BIOLOGICAS E DA SAyDE

I U SO DE POS_GRADUA<;:AO EM PSICOLOGIA CLiNICA

ESTUDO DE CASO CLiNICO:"AS DISFUNC;OES NO NOVO CASAL"

Can idj'ta: Luciane BozzaGrid t dora: Professora Mestre Marusa Gonc;alves

Monografi8 apresentada ao Curso deP6s-Gradu8c;ao em Psicologia Clinicada Universidade Tuiuti do Parana comoparte dos requisitos para obten,80 do

grau de:EspeciaHsta em Psicologia Clinica.Area de concentragao: Psicologia

SistemicaOrientadora:Mestre Marusa Gonyalves

B n1a:pr fessora Mestre Marusa Gon,alves: ~ ~ .~ fessora Mestre Rosangela CardosO::: Jrl ,ok>5=- •

Defesa: 30/09/2005

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uni ersidade Tuiuti do ParanaFa? Idade de Ciencias Biol6gicas e da SaudeCu d de P6s_Gradual1ao em Psicologia ClinicaEst db de Caso Clinico: "As Oisfunl1oes no Novo Casal"LJ iarl e Bozza 1 e Marusa Gonl1alves2

I RESUMO

Es e trabalho e resultante do estudo de um caso clinico, utHizando-se dosP~ s~upostos .da a~ordagem sistemica. Um dos principais objetivos consiste. naa~ life das dlsfun<;oes de um casal, atraves de uma abordagem pSlcoterapeutlca.Ab rda-se a cnse de um casamento com menos de um ano e as expectatlvasar eAdidas pelas familias de origem, as leis e regras com dificuldades naco ilinicac;:ao e resistencia a mudan<;:as. A escolha do tema do trabalho deu-se aof~ 0 ide ser extrema mente comum no Cicio Vital os conflitos no primeiro ano dec s~mento. Desta fomna, achou-se pertinente uma amplia<;ao de conhecimentos~t ayes de uma revisao bibliografica referente aos temas envolvidos no estudo dee so enriquecendo 0 objetivo proposto inicialmente

J lJ.ras-Chave: Casamento; Familia de Origem; Disfun<;5es.

I, Psic610ga Clinica (UTP,2003), forma<;:ao em Terapia familiar Sistemica2 sic610ga CHnica, formar,;:ao em Terapia familiar Sistemica, Mestre em Psicologia

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Un':versidade Tuiuti do ParanaF~ ul'dade de Cie!Ocias Biologicas e da SaudeCu s6 de pos~Graduac;ao em Psicologia ClinicaE~ udo de Caso CUnico: "As Disfunc;oes no Novo Casal"LJ iI'ne Bozza 1 e Marusa Gonc;alves

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.!, 00.,., _" ". <00, ,,:==,~,~'".,,,*-, 00",th ~ain objectives consists on the analysis of the dysfunctions of a couple, throughp~ c~otherapeutic boarding, It is approached the one year marital crisis and thee* ectations learned from the origin family, the laws and rules with difficulties onc? ~unication and resistance to changes. The choice of the work subject was gaveo t~e fact on be common the conflicts on Vital Cycle in the first year of marriage.T erefore, it was found important an extension of knowledge through ab .1i~g.raPhical revi~i~~ in the involved subjects on the studied case, enriching theo ectlve proposed InitIally.

I y lords: Marriage; Origin Family; Dysfunctions.

I. .. _. ...P~I.cologa Clinlca (UTP,2003), forma9ao em Terapla familiar SistemicaPSlc610ga Clinica , formay8.o em Terapia familiar Sistemica, Mestre em Psicologia

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SUMARIO

I~ RODUGAO..1 I -II FUNDAMENTOS DA TERAPIA FAMILIAR SISTEMICA .

2.11_ 0 Pensamento Sistemico " " '" .

2.2 - Estrutura Familiar .

213 - Comunica<;ao :.

214 - 0 CIcio VIIal da Familia .

25 - Multlgeraclonalldade ... , ..

I iUNDAMENTOS DA TERAPIA FAMILIAR SISTEMICA NO

E r~~D~c~A~~1 ~~~as~~~~t~

31

.2 _ Contrato do casal .

l.3 - Padrao de Intera"ao .

lA-Mlto ..l5- Comunicac;.ao .....

3.6-

I -~ETODOLOGIA .I I -Y. - DISCUSSAO E APRESENTACAO DO CASO .

V -II CONSIDERAGOES FINAlS..· .1 - •Y I T REFERENCIAS BIBUOGRAFICAS .

NEXO - Relatorio de atendimento

.01

... 02

..... 02

.04

... 04

.07

.09

... 11

...... 11

. 14

. 14

. 15

.16

..19

. 20

.34

..... 36

.38

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INlil ODuC;;Aob presente trabalho teve sua origem no curso de P6s-Gradua<;:ao "Latu

sel 01'em Psicalagia Clinica, na abardagem sistemica, em 2003, na Clinica de

psic logia da UTP. Foram realizadas 10 sess6es de atendimento psicoterapeutico

co I u~a paciente que tornou-se 0 sujeito deste estudo de casc.

I r paciente em questaa buscou a psicoterapia devido problemas no

rela ionamento com a marido de um casamento de quatro meses e sem filhos, fata

co: ut em unioes com estas caracteristicas. A partir das entrevistas, fai passivel

per eber grande ;nflu.enCia das familias de origem, faUa de urn contrato e problemas

na o~unica9ao do casal.

I Neste trabalha, compasta de tres capitulas, num primeira momenta, a faca fai

dir ido para a analise dos principais fundamentos da terapia familiar sistemica,

su iJididO em pensamento sistemico, a estrutura da familia, comunica98o, cicio

vitk , a multigeracianalidade, au seja, temas utilizadas como base do casa, atraves

del ~tares como Capra que descreve a Tearia Geral das Sistemas, Minuchin ,

Wa lawick e Krom. No capitulo III, as fundamentos da terapia familiar sistemica

re\ ci6nado ao estudo de caso clinico, desde a constru<;ao do casamento ate todos

asl sbectas que estao diretamente envalvidas com um casal javem, como 0 cantrato

im Ifdto e 0 padrao de intera<;ao descrito por Rossel. No encerramento do trabalho

de crbve~se a metodologia utilizada seguido da discussao e apresenta<;ao do caso

Clil icb.

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,,-t",,,~,M ,~"' ".,,'" ""'M'~2.1 10 Pensamento Sisremico:

o Pensamento Sistemico S9 tornou urn novo modo de pensar na primeira

me d~ do seculo XX em termos de conexi dade, de relac;6es e de contexto,

inflr nbiando nao so 0 campo da psicoterapia. mas tambem diversas outras areas

doroAhecimento incluindo a biologia. a antropologia, a informatica entre outros.

Est s icontribui<;5es teoricas, segundo CALIL (1997), provem da Teoria Geral dos

SIS\ ,as de Ludwlng von Bertalanffy e da Cibernetica de Norbert Wiener.

I ICAPRA (1996) coloca que anteriormente a Teoria Geral dos Sistemas,

Ale ander Bogdanov, desenvolveu uma teoria de nome "Tectologia", que traduzlndo

fiJ "clencla das estruturas", com 0 principal objetivo de esclarecer e generalizar os

prit i~IOS de organiza<;ao de tOda~ as estruturas vivas e nao-vivas e de formularul clencla universal da organlzac;ao.Bogdanov reconheceu, assim como Bertalanffy, que as sistemas vivos sao

sist las abertos que operam afastados do equilibria e estudou cuidadosamente

sel processos de regulaC;3o e auto-regulayao. Bogdanov fez a primeira versao da

Te: ria[I Geral dos Sistemas e foi 0 precursor da cibemetica, porem pouco s€lViu de

ref re cia e foi mal entendido na spoca.

I 0 primeiro criterio do Pensamento Sistemico e a mudan<;a das partes para 0

to<il , IOUseja, as ~ropriedades essenciais sao propriedades do todo que nenhuma

d, partes possuJ. A ciencia cartesiana acreditava que em qualquer sistema

cOl plexo 0 comportamento do todo podia ser analisad_o e~ termos das

pro nedades das suas partes. As propnedades das partes nao sao prepnedades

inJ n~ecas, mas 56 podem ser entendidas dentro do contexto maior, ou seja, 0

P1 s1mento slstemico e contextual, ambientalista, pois, explicam-se cOlsas

c1 siberando 0 seu meio ambiente., I Outro criterio a ser destacado e a capacidade de deslocar a propria aten<;ao

de Uj lado para 0 outre entre niveis sistemicos e que em cada nivel, os fenomenos

oJ ervados exibem propriedades que nao existem em niveis inferiores. Segundo

CI ptA (1996), quando a abordagem sistemica e aplicada a ciencia como urn todo,

el implica 0 fato de que a fisica nao pode mais ser vista como 0 nivel mais

f~ dJmental da ciencia. Uma vez que nao ha fundamentos na rede, os fenomenos

d clitos pel a fisica nao sao mais fundamentais do que aqueles descritos, por

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exe pia, pela biologia ou pela psicologia. Eles pertencem a diferentes niveis

SiS\ ~iCOS.

1 10 pensamento sistemico envolve uma mudan<;a da ciencia objetiva para a

cie cia "epistemica", po is 0 que observamos nao e a natureza em 5i, mas a natureza

e) s~a ao nosso metodo de question amen to.

ITOdOSestes criterios sao interdependentes, ou seja, tudo estil conectado com

tud C!>mais, entaD para explicar qualquer um deles precisa-5e entender todos as

Dult oJ, 0 que e impassivel. Porern 0 que torna passivel converter a abordagem

SiJ A ~ica numa ciencia e a descoberta de que ha urn conhecimento aproximado

o~ e 1 todas as concep<;5es e todas as teorias cientificas sao limitadas e

8p, xlmactas. A clencia nunca pode fornecer uma compreensao completa e

de~nitiva.1 1 0 grande impacto foi a percep<;ao de que os sistemas nao podem ser

81t n'didos pela analise, pois a analise sign/fica isolar alguma coisa afim de entende-

la I 01pensamento sistemico significa coloca-Ia no contexto de um todo mais amplo.

De tro desta perspectiva, a familia po de ser considerada como urn sistema semi-

ad rtb estabelecendo com a meio ambiente trocas constantes de materia, energia e

in{ r~a9130, numa rela9130. Interage com sua comunidade e com seu meio socia

ed, n~mico. "Nasce da sociedade. Mantem a sociedade e e mantida por ela. Troca,

all +ta e cria a sociedade e seu meio social, do qual ela faz parte e nao pode ser

COjCebida como entidade isolada"(GOMES, 1987, p.27).

I

I Na Terapia Familiar, 0 pensamento sistemico e fundamental, pois entende-se

a milia como uma organizac;:ao de partes numa interayao dinamlca, como uma

gl b+dade em que a parte e 0 todo nao existem no sentido absoluto, podem ser

et eididos um em rela,,"o ao outro e em rela<;ao ao ponto de referencia do

ob erador. MINUCHIN e FISHMANN (1990) denominam as aspectos de "todo" e

"J rte" de "HOLON", que e considerado a unidade basica de um sistema e traduz a

ur cibade dos elementos que comp5em 0 universo, ou seja, todo Holon (individuo,

f, + nuclear, familia extensa, comunidade, etc.) consiste no todo e numa parte ao

s a tempo e apresentam uma tendencia a autonomia e a inte9ra9130.

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2.2 Estrutura Familiar:

I IsegundO MINUCHIN (1990) a estrutura familiar pode ser concebida como

um forma em que S9 organizam as elementos que integram a familia, qual 0 lugar

qu: +da um ocupa e como interagem entre si. 10 esta estrutura que regula as

fro ter'rase define as subsistemas que constituem 0 sistema familiar como urn todo,

I As fronteiras constituem-se em regras que protegem a diferencia,ao do

5ist 18 e definem quem participa e como. Fronteiras nitidas e permeavels

fa I recem 0 fluxo de materia, informa96es e energia entre outros sistemas e as seus

su si1temas, propiciando equilibria entre 0 que sai e 0 que entra. A nitidez das

ffOI te~ras e urn parametro uti I para avalia<;8.o do funcionamento da familia

(MI UCHIN, 1990).

I 10 subsistema conjugal e formado pelo casal, em que complementaridade e

ae moda<;ao mutua sao essencias. Ambos devem conceder parte de sua separa<;8.o

p~r ~anhar pertencimento. Os conjuges apoiando as melhores caracteristicas um

do o~tro favorecem a aprendizagem, a criatividade e 0 cresci mento, mas em

sitl aJoes adversas pode ocorrer estimulo de aspectos negativos urn do outro, tais

co 01 desquahflca,ao e estabeieclmento de padroes transaclonals dependente-

pro elores (MINUCHIN,1990)

I No subslstema parental, estao a educa,"o dos fllhos e a fun,ao de

sOllallzayao. AqUi a cnanya aprende a conslderar a autondade, a dlscemlr quando

sJ s recessidades serao satisfeitas, e a medida que cresce e suas necessidades

mu am, 0 subsistema parental devera mudar tambem. A paternidade requer a

cJ adidade de nutrir, guiar e controlar. (MINUCHIN, 1990).

I I 0 subsistema fraternal, ou seja, os irmaas, serao a primeiro grupo de

co panheiros da crianya, em que se ap6iam mutuamente, se divertern, se atacam e

a~ +em uns com as outros. Desenvolvem padroes para negociar, cooperar e

c1 peltiro Aprendem tambem como fazer amigos e como lidar com os inimigos.

(~ Nl!lCHIN, 1990)

2.' -Ilcomunica~iio

:j Para a Teoria da Comunicayao Humana tudo 0 que e transferido numa

re gao e informagao, tornado-se assim, indispensavel. A comunicagao e constituida

d· rds elementos que a tomam passivel: Emissor - Mensagem - Receptor.

WATZLAWICK (1967) desenvolveu alguns axiomas da comunicagao:

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pr.i eloro Axioma: NaG S6 pode nao comunicar. 0 comportamento nao tern oposto,

en I 0 nao existe nao comportamento, assim urn individuo nao pode nao se

co I portar. Todo comportamento e uma situa<;:ao interacional par isso tern valor de

mJ sJgem, de comuniC898.o, dessa forma par mais que 5e esforce e impassivel aoI I

in4i iduo nao comunicar.·1 I A comunica<;ao patolagica neste axioma aparece atraves da:

Rej ;«13.0de Comunica\fao - deixando mais au menDS claro para 0 Dutro de forma

inA li6acta que nao quer conversar.

Ad itJ<;:c30de Comunicac;:ao - Aceita-se a conversa, mesma odiando a 5i mesma e

ad ultra.D~ qLalific8c;:ao da ComuniC8Qc30 - 0 receptor podera se defender par meio da

i1 orante tecnica de desqualifica<;ao, isto e, pode", comunicar de um modo que

in, tida a sua propria comunic8g3o e a do Qutro, podendo apresentar fenomenos

co JnicacionaiS como: declarayoes contradit6rias, incoerencias, mudanyas bruscas

dk Jssunto, tangencializayoes, frases incompletas, interpreta<;:oes literais dej taroras e as interpreta<;5es metafaricas de comunica<;5es Iiterais.

01 irtoma como Comunicac;ao: A teoria da comunicayao concebe 0 sintoma como

u a mensagem nao verba\: "Nao sou eu quem nao quer au quer fazer isso; e alga

fo a Ido meu controle, por exemplo, as meus nervos, a minha ansiedade, a minha

d: elya, a minha vista deficiente, 0 alcool, 0 modo com fui criado ...".

S gundo Axioma: Toda a comunicayao tem um aspecto de conteudo e um aspecta

~ 60munica<;ao tais que 0 segundo classifica 0 primeira e e, portanto uma

~ tlcomunica<;ao. Assim, uma comunica<;ao nao s6 transmite informa,ao, mas, aor sro tempo, imp5e um comportamento Essas duas opera<;5es sao denominadas

a mo as aspectos de relata e ordem. 0 aspecto "relata" de uma mensa gemt nhmite informa<;ao, sendo, portanto 0 conteudo da mensagem. 0 aspecto

I rdiem'" por outro lado refere-se a especie da mensagem e como deve ser

I:: njiderada, sendo a relayao entre os comunicantes a elementa qualificador. A

1la,ao entre as comunicantes tambem po de ser expressa nao - verbalmente por um

9 't~, um sarriso, etc., e a re\ayao pode ser entendida a partir do contexto em que a

I 1unica<;ao ocorre. 0 aspecto relacional de uma comunica<;ao, sendo uma

I municayaa sabre a comunicac;ao, e semelhante ao conceita de metacomunicayao.

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TerC[rO Axioma: A natureza de urn8 rel8lfao esta na contingencia da pontuacao

das1 qLencias comunicacionais entre os comunicantes. .I t comunicac;1io patol6gica ocorre atraves de discrepimcias nao resolvidas na

pon1 a

1ao das sequenClas comumcaclonals que podem redundar dtretamente em

impa ses interacionais em que, finalmente, as acusaQoes mutuas de loucura au

mall + sao proferidas. Estas discrepimcias ocorrem em todos aqueles casos que,

pelo lenos, um dos comunicantes nao pOSsUI a mesma soma de informa,ao do

out[1, , ras nao sabe., ole modo geral, e gratuito supor nao 56 que 0 outro tem 0 mesmo montante de

inf0 maQao quanta 0 proprio, mas tambem que 0 Qutro deve extraia as mesmas

co~IJsoes dessa lnformaQao. Na raiz desses conflitos de pontuaQao, reside a

c~1 id<t8.0 flrrnemente estabelecida e usualmente incontestada de que 56 exists urn8

r~ idbde, 0 mundo tal como eu vejo, e de que qualquer ideia diferente da minha

dJ e Iser devida a irracionalidade ou ma vontade do outro. Assim 0 autor entende

ql 0 comportamento interpessoal de um individuo mostra esse tipo de redundancia

II· d'e ue tem por efelto complementar nos outros, forc;an 0-0 a adotar certas atltudes

es ebificas. a que ha de tipico na sequencia e a torna um problema de pontuac;ao e

ql e 1

0individuo em questao s6 se concebe reagindo a essas atitudes e nao

R vacanda-as.~ ~rto Axioma: a homem e 0 unico organismo conhecido que usa os modos

~ alogicos e digitais na comunica<;ao. A comunica<;ao digital e a comunica<;ao

t rbal, quando 0 ser humano denomina em pa\avras urn objeto, esta ligada a

I etlacomuniCayao, ou seja, falar sobre a rnensagern, alem do conteudo. A

r gluagem digital e uma sintaxe \6gica sumamente complexa e poderosa, mas

, a\onte de adequada semantica no campo das rela<;ces. A comunica<;ao analogica e

da COmUmCayaOnao verbal, abrangendo postura, gestos, expresso facial, inflexao

elvoz, sequencia, fitmo e cadencia das palavras. au seja, a linguagem anal6gica

ossui a semantica, mas nao tem a sintaxe adequada para a defini<;:aonao ambigua

11natureza das rela<;:6es.

Erros na tradu<;:aoentre material Anal6gico e Digital, sao erros cometidos

quandO 0 individuo interpreta uma dessas formas de comunica<;ao base ado nas

c~racteristicas da outra. por exemplo, ao receber urn presente de urn amigo que nao

s~ ve a tempo, 0 individuo pode interpretar esta comunica<;:aonao verbal como uma

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for I a Itle cannho au urn suborno do mesma, asslm dessa forma as palavras de seu

amI 0Q~i to Axiom.: A Intera<;ao entre os comunlcantes pode ser slmetnca ou

co [Plbmentar. "A mtera<;ao slmetnca e caractenzada pela Igualdade e a

mi~m\zayao da diferenC;a; enquanto que a interayao comp)ementar baseia-se na

ma +za<;ao da diferen<;a" Nas situa<;oes em que os parceiros tendem a relletir 0

cd portamento urn do Dutro, nao sendo pertinentes quest6es de fon;:a ou fraqueza,

b,.J~d1deau ma)dade podemos dizer que esta interayao e simetrica, pois a igualdadeP'J el ser mantida em qualquer destas areas. Par Dutro lado, quando 0

c~ portamento de urn parceiro complementa 0 do outro, reeebe 0 nome de

i+ r~<;ao complementar, podendo ser citado como exemplo 0 padrao submisso X 0

P drao autoritario. (WATZLAWICK et al,1999).

II I2. - 0 Cicio Vital da FamiliaII I Toda familia possui um cicio vital, que compreende e engloba as

tr nsforma<;oes do individuo, desde 0 nascimento ate a morte, devido uma serie de

'I eftos que ocorrem neste periodo, como por exem~lo, a introdu<;ao de um novo

,Ierent~ na familia, a perda por morte ou separa<;ao, a entrada de urn filho na

a o\escenc\a, etc.;I I "".0 cicio vital da familia, conceito-chave desta abordagem, expressa e integra

ma perspectiva desenvolvimentista: representa urn esquema de classific8c;ao em

stkg\QS que demarcam a tal sequencia previslvel de transformayoes, diferenciando

I srs

au etapas no que alguns autores designam par carreira familiar' (RELVAS,

996)I CARTER e MAC GOLDRICK (1995) expoem a Cicio Vital em estagios e

niciam a partir do "/angamento dojovem adulto 50Ite;ro", em que ocorre a separayao

~ familia de origem atraves de rompimentos ou fuga reativa para um refugio

mociona! substituto. A dificuldade que aparece e a nao aceitayao pe!os pais do

ndvo status hierarquico de seus fi!hos, encorajando a dependemcla e propiciando,

dJsta forma, 0 surgimento da rebe!dia ou de rompimentos.I 0 "casamento" e a etapa seguinte, que ira representar um terceiro sistema

com a decorrente sobreposi<;ao envolvida. MINUCHIN e FISCHMANN (1990)

cbnsideram a formayao do casal como a primeira etapa do cido vital, porem Carter e

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ao Goldrick acreditam que a realizac;;ao da tarefa prima ria de chegar ao acordo

'J ~ a familia de origem influenciara, profunda mente, com quem, quando e como 0

} Jm casa e como conduz todos as seguintes estagios do cicio vital da familia. A

b ~ir dista, uma questao importante refere-se ao estabelecimento de limites

1 e~uados em torna do novo sistema familiar, para nao facilitar a intrusao de

f r~ntes por afinidade ou para dificultar 0 estabelecimento de rela,6es adequadas

~ as demais grupos familiares.

I A proxima fase e a "Familia com filhos pequenos", aparecendo 0 papel de

idadores da gerac;;ao mais jovem. 0 problema gira em torna da responsabilidade

o bUidado com a crian<;a e afazeres domesticos, na incapacidade de colocar limites

e~ercer a autoridade necessaria, que nos tempos atuais, as conseqOencias sao

ais serias, pais, pai e mae estao "fora" de casa, trabalham para 0 sustento,

erando assim maiores conflitos na familia.

I Com os "filhos na adolescencia", as fronteiras devem ficar mais flexiveis e

i permeaveis. E 0 momenta em que os filhos comec;am a ampliar seu circulo de

el~cionamento trazendo novos valores e ideais. A avaliac;ao dos sucessos ou

j s~cessos pessoais, profissionais e conjugais ocorre e se renegocia 0 casamento

'U IdivorCia-se.o estagio da "Meia-idade", dos quarenta aos sessenta anos de idade

proximadamente, e a fase em que os filhos estao adultos, com seus pr6prios

o~promissos para com um estilo de vida, uma carreira, amigos, etc. Ocorre a maior

urero de entrada e saida de membros na familia, adoecem au morrem os pais e

ntram os genros, noras e netos. As dificuldades que aparecem podem levarI.. . .at1llas a se agarrarem aos filhos ou conduzlr a sentlmentos paternos de vazio e

elpressao, por isto esta etapa e chamada tambem de ninho vazio, pois a familia

0lta a ter apenas dois integrantes.

No estagio tardio da vida, refere CARTER e MAC GOLDRICK (1985), a

reduc;ao estrutural da familia para a diade conjugal representa 0 realinhamento do

in~estimento nos filhos para a focalizayao no relacionamento conjugal. 0cdmpanheiriSmO, 0 interesse e cuidados mutuos sao valorizados, assim como

in{imidade sexual. A aposentadoria constitui-se num fato significativo, pois

rei resenta a perda de papeis profissionais e relacionamentos significativos. A

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i corporac;ao do marido na rotina domestica pode ser fonte de tens6es, casa ocorra

b fiduldade no estabelecimento de fronteiras au compartilhamentos de atividades.

14l Mulligeracionalidade

I I Segundo KROM (2000), a familia fornece 0 sentido de pertencimento e de

Iferenci8c;ao atrav€s de relacionamentos e conteudos que passam de gerac;ao em

I erk<;ao.I I Tudo aquilo que foi legado influencia de maneira poderosa toda a vida do

1 dividuo.I Existem as lealdades invisiveis que referem-se a exist"ncia de expectativas

struturadas, diante das quais todas as pessoas da familia assumem compromissos.

egundo Krom (2000) e passivel representa-Ia metaforicamente com a imagem de

oj grande livro com as bordas rotas e escrita envelhecida de arabescos antigos, no

ual se contabilizam as creditos e as debitos famil/ares, estabelecendo conex6es

lr~es entre as gerac;:5es passadas e futuras, criando expectativas que nosI

nfluenciam.Quando ocorre 0 nascimento, ocupa-se determinado lugar e recebe-se

xfectativas que as acionam a dar cumprimentos a esses mandatas. Par exemplo: 0

isave foi medico, 0 ave e medico e 0 pai tambem e medico, com isto, e preciso que

obe tambem seja medico, contudo, existem outras profiss6es que podem ser

ebuidas, mas como responder a forma tao rigida de responder as lealdades na

a~flia.I Os fatores econ6micos e de protec;ao mostram-se importantes nas lealdades,

mas 0 fator mais significativo sao as vinculos psicol6gicos.

I As lealdades geram determinados movimentos na familia e estas pod em ligar

seus membros em urn carnmho reciproco, facilitar intensas alian<;:as e promover

rolrPimentos que enfraquecem as vinculos familia res.

Quando alguns memb~os da familia nao correspondem as expectativas de

lealdade, a familia pode flcar contaminada por esse clima emocionaJ, que

sJbreCarrega os relacionamentos e enfraquece os sentidos que as lealdadesI .

a~ribuem a propria vida. E possivel, portanto. encontrar nas familias diversos

sentidos organizadores que movimentam e dirigem as lealdades diferentemente.

Page 15: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

10

Um dos grandes desafios que a vida nos apresenta consiste em equilibrar as

aT igas rela,oes com as novas, integrar de forma continuada os nossos

reI c~onamentos, rever a importancia de cada urn e dar continuidade ao nosSO

el ollvimento e ao compromisso assumido com as nossas relayoes atuais.I Existem os segredos, que contem informal'oes ocultas ou partilhadas,

~i erentemente entre as pessoas. Quando presentes na familia podem ser

c mrartilhados por pais e filhos por varias gera<;oes, podem sugerir a forma<;ao de

Jl anyas au divis6es na manuteny8.o e no 5;g;10 dessas informa90es.

I I E possivel que um fato real seja mantido em segredo, mas tambem que as

1 ntasias ligadas a ele determinam 0 comportamento da familia, assegurando

s~ivelmente as tipos e as formas de oGultamento e influenciando a maneira de

i J com essas informac;oes.I Os segredos podem ter varias naturezas. podem ser de carliler individual,

adem envolver uma au mais pessoas au de pessoas da familia. Os segredos

o~em estar relacionados com 0 sentimento de culpa, 0 que sobrecarrega 0 clima

a~iliar, principal mente quando aponta relayao com a transgressao de uma lei au

0[1 rna familiar.o aumento da ansiedade na familiar pode cam;nhar em duas direyoes:

eriCal, que inclui tabus, milos, segredos e expectativas e horizontal, na qual

correm as transi~5es evolut;vas esperadas no cIcio de vida da familia.

I Um problema que se repete na familia, com muita frequencia, refere-se aos

conflitos conjugais, que e muito comum no casal que tern dificuldade na

cJmunica~ao e que possivelmente este rnesmo problema aconteceu com os avOS e

Ipais.I A medida que esses conteOdos se repetem e vao influenciando

sucessivarnente as gera~6es, pode-se encontrar urn eixo organizador de conteudos,

qle esta diretamente relacionado ao sentido que esta familia atribui a propria vida.

Page 16: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

II

II _ Fundamentos da Terapia Familiar Sistemica no Estudo de Casa

1

01 - 0 Cicio Vital do Casamento:A familia em Que se nasee nao e escolhida, porem, a medida que 0 individuD,

ue faz parte desta familia, vai construindo sua propria identidade, tingida pel a

I,e~tidade familiar, se desprende da familia original e percebe que falt8 algo nele,

sthbelecendo assim, urn dia, sua familia nuclear. Familia esta que pode ser

sdOlhida, e esta escolha tern grande rela<:ao com a imagem de casal dada pelos

ails, atraves do modelo de intimidade e 0 tipo de relac;:6es desenvolvido na fratria.

I 0 desenvolvimento de uma familia, como ja descrito antenormente, acontece

IT)eta pas que seguem uma progressao de complexidade crescente, e ocorre uma

i1ergenCia entre auto res com rela,ao ao inicio do Cicio Vital, em que muitos

ieditam que 0 primeira estagio e a forma,ao do casal, mas antes da forma,ao do

novo casal, ambos faziam parte de suas famllias respectivamente, em que havlam

rebras, leis e mitos pr6prios. Por isto, para duas pessoas assumirem 0 desejo de

vi~erem juntas, de criarem um lar e um modelo relacional proprio, necessitam sentlr-

sJ apaixonadas, amadas, atraidas sexualmente e de serem companheiras, peto

mfnos na maio ria das vezes. Segundo Minuchin (1995), quando duas pessoas que

se amam decidem compartilhar seus dias e no;tes e seu futuro elas precisam passar

pbr urn longo per[odo de ajustamento antes de cornpletarem a transi<;:8.o do namoro

pkra um casamento que funciona. Neste periodo de ajustamento a casal devera

c6nciliar suas expectativas e estilos diferentes e desenvolver seus pr6prios meios de

p1rocessar informa<;:ao, de se relacionar e de lidar com ° afeto, ou seja, deverao

donstruir suas pr6prias regras.I A constru<;ao das proprias regras gera conflitos inevitaveis, pois um fato

irportante que deve ser ressaltado e que, durante a namoro, os casais normalmente

estao muito conscientes dos aspectos romanticos de seu relacionamento, mas

~uando casam, as duas familias se fundem e as problemas e padr6es famillarestem juntos, e 0 casal tem que lidar com tais problemas. Em muitas situa,oes, as

fadroes familia res contribuem para 0 fracasso do casamento e a incapacidade de

re90Ciar, e 0 casal nao consegue lidar com esses padroes para ter um casamento

satisfat6rio.

Page 17: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

12

o casamento e a Hga<tao de dais sistemas, de duas familias, e nesta

un ao, um dos conjuges deve abrir mao de parte de suas ideias e preferencias,

p d~ndO individualidade, pOfem ganhando em pertinenci8.I I "Urn e urn sao tres, quando pensamos nas familias de origem unidas

p 10 par au quando nos reportamoS a sua interferencia, mais au menos consciente,

~ escolha e na gestao das rela<;ces com parentes por afinidade." (RELVAS, 1996-

5d)r I A mudanc;a que um casamento provoca, nao diz respeito apenas para 0

asal, mas tambem para familiares e amigos. AlgumaS vezes 0 casal sente culpa e

at consegue deixar de ser "filho", outras, se afasta da familia, pois jamais liberta-se

0ldesejo de voltar aos brac;os da mae, por mais amadurecidos que sejam 0 casal,

s pode-se

infundir neste desejo a capacidade de amar e nao s6 de ser amado.

c. Nossa mae _ 0 primeiro arnor _ nos dil.as primeiras liyoes de urnar. E nossa socorroe nasso abrigo. E nossa segurruwa. A mae ama sem limites, sem condiyoes. seminteresse proprio nem expectativas. Vive para 0 filho. Sem dilvida morrera por ele.

Do que es\amOS fruanda?Pois certamenle nassa mae de carne e OSSOnao era essa ideal perfeito. Ela se cansavu.se ressenlja., se queixava. Sem duvidu, amu\'U OUITas pessoas e nem sempre nos amava.,e deve leT havido momentos em que nos nos aborreciamos, incomodavamos eenraiveciarnos- ContudO, se a mae [or suflcientemente boa, argurnenta WinnicolL essabondade e senlida com perfei<;:ao. Se cia for apenas suficienlemenle boa - noSSO

S

desejos, sonhos e fantasias se con[jrmam, e ela s6 nos db. 0 sabor do amor

incondicional" (VIORST,1986 p. 69)

Depois de crescer, maes e tilhos possuem compromissos e interesses

diferentes, aprende-se a Ilmita(fao do amor, come(fa-se a aceitar as perdas

~ecessarias do cicio vital, que sao pre-condi<;ao para 0 amor humano. porem nem

[OdOS

fazem IStO, eXlglndo alnda 0 amor Incondicional da mae, fantasiado e

Cilsfar(fado em re!aclonamentos amorosos adultos, furiosos quando 0 pareeiro

espera dar e reeeber mutuamente, furiOSOSquando esperam que suas necessidades

sejam atendidas.A frase " voee deveria agir como a minha mae agiria nesta situayao", mostra

que as compara(foes com 0 modelo, estilo de organizaCfao e vivencias fami!iares

passadas sao presentes no casamento. M1NUCHlN (1995), exemplitica esta fase

com sua propria vivencia:.' Meus pais nao me veern ha urn ana. Eles ex.igem minha presen<;:u de urn modo quePal aella excessivo. Ell me sinto dividido , mas naluralmente reconhevo 0 isolamento

Page 18: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

13

de Pat e sell ressentimento pelos parentes que dizem nos mcus pais, em espanhol. 0que pensam da minha mulher. Ell me sinlo prolelor. Meu relacionamenlo com meuspais nluda. Ell scmpre rui 0 filho leal, responsavel. Agora ell me sinta chate.1do parsua insistencia em que as caisas nao mudem. Ell me sinlo primeiramenle urn marida,enquanlo eles me mantem urn I1lho",

A repetiyao €I compulsiva na natureza humana, e chamada compulsao

epetitiva que 0 que fo; feito antes tentando restaurar urn estado anterior do ser. Sao

epetiyoes inconscientes de experiencias anteriores, me sma quando esta repetit;8.oa1usa dar. Repete-se sobrepondo imagens dos pr6prios pais, muitas vezes

rroneamente. Repetir 0 que €I born, tern sentido, complexo €I entender a compulsao

pdr repetir aquila que faz sofrer, na esperanya de que a fim sera diferente.

I Isto se confirma com 0 fato de as pessoas freqOentemente se casarem

com alguem absolutamente igual a mae au ao pai, com quem entram em conflito

durante 0 amadurecimento, algo muito dito na psicologia. Porem, NORWOOD (2003)

di1 que este conceito nao e total mente exato. Ele fala que nao e tanto 0 fato de ser 0

parceiro que escolhemos absolutamente igual ao pai ou mae, mas 0 fato de com

esse parceiro somos capazes de ter os mesmos sentimentos e enfrentar os mesmos

desafios que encontramos ao crescermos; somos capazes de reproduzir a ja entao

conhecida atmosfera da infancia, e usar as mesmos artificios nos quais ja temos

tanla pratica. E ai que nos sentimos bern mesmo que nunca esteja sendo correto

njs atitudes, mas e a que conhecemos melhor. E como dan~r com passos que ja

sao conhecidos, ou seja, muitos dizem que opostos se atraem, mas apenas parecem

ser opostos, pois 0 que faz com que as pessoas se unam sao as suas semelhanyas

elprinCiPalmente a semelham;a dos antecedentes familiares. Quanto mais existe dor

Pfovinda da infancia, mais poderosa e a tendemcia a restabelecer e dominar essa

dor na fase adulta.

I I Com isto, os casais ficam muito surpresos e intrigados ao saber que suas

brigas est30 relacionadas aos seus "casamentos" com os pais.

I A. separayao do casal, au 0 div6rcio e considerado urna doenya no cicio vital

da familia, pois em muitos casos 0 casal quer 0 div6rcio sem nunca ter tido

i"toriZal'aO para casar. Segundo FEDULLO (2001), a situa<;lio rna is perturbadora

acontece quando 0 div6rcio nao pode acontecer porque 0 casamento nao se deu, OU

seja, pessoas que, ao se procurarem para casar, estao, no nivel de suas

possibilidades, tentando resolver situ8yoes dolorosas de sua historia parental. E

Page 19: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

14

c ma uma tentativa de aprender 0 que nao puderam, uma tentativa de, vivendo 0

t mba presente, recuperar e reconstruir 0 tempo pass ado.

I

3 2 ~Contrato do Casal

I ROSSET (2004) diz que quando um casal inicia uma rela,ao, vai contratando

formas de S9 relacionar e as regras dessa reI8<;ao. Esse acerto vai sendo feito no

eJenrolar do relacionamento. Alguns itens sao intencionais, Qutros VaG surgindo de

colrdO com as situ8<;oes; alguns sao formal mente contratados, Qutros sao

bliminares e implicitos.

I Alguns casais, apos anos de convivencia, afirmam que se enganaram, ou

t Iv1ezmais frequentemente que "foram eng an ados" urn pelo outro. Mas as sinais

stavam ali, a disposiyao e apresentando-se repetidas vezes, para serem conferidos

I deVidamente confirmados. E de S9 refletir sabre as raz6es e as objetivos dos

I uJostos enganos. E de se procurar compreender, tao ampla e profundamente

I ulnto possivel as acordos estabelecidos entre as parceiros, em grande parte nao

Ip~nas atraves de suas comunica<;:oes anal6gicas, mas tambem em nivel de fato

i cbnscientes. (ANTON, 2000).

I

0 fato e que a maioria dos contratos sao feitos implicitamente, impedindo que

s inc6modos e quebras de contrato sejam colocados e os ajustes sejam

ele90ciados.Um casal saudavel tem contratos concretos e expHcitos e se esfor<;:a para

lucidar e transformar os acordos impllcitos, velados, nao comunicados, assim que

ao percebidos.

Um bom contrato explicita 0 que deve acontecer, como deve acontecer,

uando deve acontecer, como os envolvidos devem se comportar, 0 que acontecera

el uma das partes quebrar as regras e, principalmente, como podem avaliar 0

rato

.3 - Padrao de Intera~ao

I Quando duas pessoas escolhern-se para serem urn casal, vao estruturar sua

0lma unlca de ser; aos poucos, vao estabelecer seu padrao de funcionamento de

asal.

Page 20: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

IS

I 0 padrao estrutura-se a partir do padrao de funcionamento de cada. um dos

pa icipantes e da rela,ao que se estabelece entre eles. E uma forma repetltlva que

01

~al usa para responder e reagir as situac;6es da vida e as situa,oes relacionais.

E glFba

a que e dito, a forma como se dizem e fazem as coisas, bem como todas as

~ a",as dos comportamentos do casal.II I Terconsciencia do seu padrao individual e do seu padrao como casal ajuda a

c arear diflculdades e problemas que as parceiros podem ter. Enxergar 0 seu padrao

d luncionamento possibilita enxergar as riseas e as dificuldades que poderao ter e,

II ss:m, poder preveni-Ios. (ROSSET, 2004).

I.1MitoI Segundo KROM (2000), as mitos sao definidos como cren,as sistematizadas

compartHhadas par todos as membros de urna familia, e que apesar de mUltas

e~es incluir distor90es da realidade naD sao contestados.

JDentro de urn sistema familiar, diz ANOOLFI (1989), 0 mito pareee colocar-se

n rna area intermediaria ande a reaJidade e a astoria S8 unem a fantasia para criar

n6vas situay6es em que os elementos originais sao utilizados e conectados entre si.

cbmo urn ato criativo desenvolve-se nos "vazios", ande ha falta, escassez de dados

oL explic890es

plausiveis sabre esses vazios, introduzindo assim, quest6es

r~lac\onadas a temas da vida. No mito co-existem elementos de realidade e fantasia

q1uejuntos constroem uma realidade adequada para suprir necessidades afetlvas.

INeste sentido as mitos se assemelham ao eoneeito de regras eonsensualmente e

donseientemente eempartilhadas. Considerando 0 mito e a regra como express6es

~e uma estrutura, ressalta-se a rigidez que e inerente a ambos, uma vez que

~ossuem uma tendeneia a se manterem eonstantes. Alga semelhante oeorre no ato

I. .rerceptlvo em que na linha do tempo se estabelece um esquema de percep~ao que

atua como uma tela atraves da qual a visao da realidade externa e filtrada e

leondieionada.Para AN DOLFI (1989), a base do mito pareee situar-se nos problemas nao

resolvidos de perda, separa~ao, abandono, individualiza<;ao, nutri<;ao, e provoca<;ao.

o mito nao ofereee uma imagem do mundo, mas urn modele preseritivo funeional e

valorativo atraves do qual da-se inleio aoS meeanismos de leitura, elassifiea<;ao e

interpreta<;ao da realidade. Constitui-se uma matriz de conhecimento que permite a

Page 21: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

16

C dj urn reencontrar a chave de leitura de suas experiencias cotidianas. Oesta

to rna, e passivel, ainda, talar de uma deJegayao da qual cada integrante pode ser 0

p rtJdor na medida em que suas expectativas e seus projetos se moldam a umaI

fu yao bern determinada e desenvolvida na familia de origem ande S9 inclui tarefas

re isl ou imaginarias.

3. - Comunicat;aoWATZLAWICK, et al (1999) coloca que a comunicay8o e uma condi98o

e sencial da vida humana e da ordem social. Oesde as prim6rdios de sua existencia

ul IndiViduO encontra-se envolvido num processo de aquisi,ao das regras da

cl municB9ao, que acontece na interayao com 0 "outro" CAUL (1987) chama a

alt nfao para a fato de que quando duas au mais pessoas interagem, elas

c nstantemente reforc;;am e estimulam 0 que esta sendo dito e feito, de tal forma que

dlp~drao de comunicayao dos participantes de uma interayao define 0

re adionamento entre eles.

I Toda comunicayao afeta 0 comportamento, fato este que coloca em evidencia

a importancia do estudo de propriedades da comunicayao com suas devidas

i plibay6es interpessoais, que WATZLAWICK et al (1999) denominou de axiomas

d c6mUniCayao.

I Com relayao ao estudo de caso, 0 quinto axioma e 0 que mais aparece, com

a Plemissa de que todas as permutas comunicacionais ou sao simetricas ou

c mrlementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferenya

A Interayao Simetrica .ocorre quando os parceiros tendem a refletir 0

c1

mro~amento um do outro. E mantida uma igualdade entre. eles. E chama-se de

In erayao Complementar quando 0 comportamento do parcelro complementa 0 do

d tr6, formando uma especie diferente de Gestalt comportamental. Assim a

in er6yao complementar baseia-se na maximizayao da diferenc;a.

I I Dentro deste axioma, podem ocorrer as patologias potenciais da interayao

Si etrica e Complementar. Uma delas e a EscaJaqao Simetrica, que se caracteriza

J lal rejei,ao do Eu do outro, e a outra e a Complementaridade Rigida em que a

tl dencia e a desconfirmayao do Eu do outro, observando-se assim um crescente

J ntlmento de frustra,ao e desespero em um au ambos os parceiros.

Page 22: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

17

Os padr6es de relac;6es simetricas e complementares podem estabilizar-se

utuamente e as mudanC;8s de urn para 0 outro padrao sao importantes

ebanismos homeostaticos. Dentro do atendimento sistemico, nao e importante 0

u~ aconteceu, mas, quem tern 0 direito de dizer 0 que sabre 0 que do Dutro. Em

u&as palavras, 0 9ssenciai nao e 0 conteudo, mas 0 aspecto de rela9ao da

o~unica9ao do cliente .

.J- Mudan~as

I Relacionar-se e uma aprendizagem de adequa~ao as mudanqas do ambiente

i terna e externo. E urn treino de adequar suas reac;6es as reac;6es do Dutro, as

el'yoes do ambiente e as alterac;6es da relac;ao e das situ8c;6es.

CAPRA (1993) coleca que urn aspecto importante dos sistemas e sua

atureza intrinsecamente dinamica. A plasticidade e flexibilidade internas dos

is~emas dao origem a propriedades caracteristicas que podem ser vistas como

sJectos do mesmo principio dinamico - 0 principio de auto-regulayao - que busca

ahter a estabilidade funcional dentro da qual ha algum tipo de equilibrio entre 0

ub 0 sistema importa e exporta do meio externo. Esta tendencia dos sistemas, de

u~car manter seu equilibrio global apesar das mudanyas continuas, e conhecida

o~ 0 nome de homeostase.

I A homeostase e um estado de equilibrio dinamico e flexivei. Quando ocorre a

eJurbay~o. do si~t~~a tende a regressar ao seu est~do original e o. faz lanyando

alde vanos artlflclos para adaP.tar-se. Esse mecantsmo de retroahmenta~ao ou

edback negativo procura reduzlr qualquer desvio, restabelecer a equilibria e

ajantir a sobrevivencia do sistema. Em situa~5es em que 0 movimento consiste na

mrlia~ao de certos desvios 0 mecanisme e denominado de feedback positiv~, e

I urn importante papel nos processos de desenvolvimento, aprendizagem e

volu<;ao (CAPRA, 1993).

I "Toda e qualquer parte do sistema esta relacionada de tal forma com as

emais partes que mudan<;as numa delas provocara mudan<;as nas demais e,

onl'sequentemente, no sistema total" (CAUL, 1997, p.17). Por isto, casar, na nossa

ul ura, slgntfica crescer e crescer eXlge uma mudanlfa e uma mudanlfa e sempre

a~matica. Traumatica pelo fato de que, cada familia desenvolve formas especfficas

e transayoes, uma seqOencia padronizada de comportamentos que garantem a sua

Page 23: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

18

aut organiza9ao e permitem 0 minima de previsibilidade, porem cada membra do

ca allvem com suas leis de suas familias de origem, tendo assim que mudar e ate

um certa limite, todos oferecem resistencia a mudan9as, mantendo tanto quanta

po silel seu padrao de intera90es, gerando assim, conflitos.

"A familia funciona como urn sistema no qual cada urn de seus membros exerceuma fum;:ao, alimentados e retroalimentados permanentemente entre si,configurando uma estrutura relacionaL E coerente depreendermos que qualquermovimento que implique a mudant;:a de qualquer uma das pe<;:asdeste sistemaprovoque urn desequiHbJio transitorio ate que ele encontre uma nova forma deequilibria" (GROISMAN E LOBO, 2001).

Este desequiHbrio e a crise que faz com que 0 sistema viva em urn estado de

de organizBqao, ou seja, chegar a urn ajustamento conjugal e "extraordinariamente"

difi il'lI . Com isto, quando 0 casal procura ajuda, deve-se ater-se de que 0 "tamanho"

do 'Toma esta diretamente I;gado ao "tamanho" do que precisa para estabilizar, ao

"tJ anho" de sua resistemcia a mudanga, ou seja, quanta mais grave e cronico 0

sin OIl a, mais resistente a mudanga sera a familia. (BERGMAN, 1996)

Segundo BERGMAN (1996), para que ocorram mudangas, e muito importante

a dlefini~ao nas sessoes, pois e uma nova maneira de ver a problema, uma

ma elra d/ferente daquela pela qual a paciente percebia 0 mesmo fen6meno. Se

est ~eenquadre e consistente com sua maneira de pensar, organizar sua vida, ou

P4 efer 0 mundo e mais provavel que seja aceito. Quando a redefinic;ao e uma

ex licayao posslvel 0 sistema camega a mudar.

Page 24: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

19

IV METODOLOGIA

I Estudo de Caso realizado na Clinica de Psicologia da Universidade Tuiuti do

Pa 81<3 com cliente encaminhada pelo PAPS - Plantao de Atendimento PSicol6gico

da urp. Foram realizadas dez sess6es quinzenais do periodo de 11.08.05 a

ol 203. Destas, cinco realizadas com terapeuta, co-terapeuta, sal a de espelho e

fi\ I agem, autorizada pel a cliente e seus familiares e as outras cinco sess6es em

co sJltono particular, apenas com terapeuta

I Para melhor esludo e descn<;ao do caso, as Imagens das sess6es gravadas

Nas VHS foram revistas

Page 25: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

20

IscussAo E APRESENTAc;:Ao DO CASO

I Atraves do PAPS - Plantao de Atendimento PSico!6gico, da UTP, N.L.,.sex~

in1no, 23 anos, profe~sora do e~Sino ~U~damental. e. 8studante. de p~dagogla, fOl

en minhada ao atendlmento pSlcoteraplCo da CII nlca de PSlcologla da UTP.

Ca aba a 3 meses com C.B., sem filhos, buscou atendimento devido problemas no

rei ci6namento com 0 marida. Problemas estes que a deixavam extremamente

ag eJsiva, nervasa, ansiosa e chorando multo, segundo proprio relata de N.L. Disse

ter 5i60 a primeira vez que procura ajuda com a objetivo de mudar a situaltao em

qu Jive e que esta cada vez mais dificil desde que se casou.

I Foram realizadas dez sessoes, sendo oito individuais e duas com a familia,

du a~te 0 periodo compreendldo entre 0 dia 11.08.03 e 0 dia 05.12.03. Durante as

se soes, alem de relatos de inumeras situayaes vividas par N.L., toda a

cl mLniCat;aO vinha acompanhada de choro e girava em torno de sua rela9aO

cb iJgal patol6gica.

I I Segundo Bergman (1996), a tratamento inicia ja no primeiro telefonema para

~ amf!ia, onde inicialmente coleta-se um genograma grosseiro da familia nuclear,

p ral de pais obter a hist6ria da sintomatologia, exatamente a que foi feito no caso

el tudado. Oeterminar 0 que 0 paciente espera obter do tratamento da ao terapeuta.1 _ .'Ilorfa90es sabre a agenda do mesmo, seu sistema e sua hnguagem, e faz com

1e aquila que ele seja capaz de aceitar comece a tran.smitir a mensagem de que

e ta fazendo uma terapia breve.

I Explora~ao da Queix.: N.L. relatou nao estar fehz no casamento com C.B.,

s xo masculino, 32 anos, comerciante e estudante de administrac;ao, devido ao1 .. 1 .' . .CI les que sente pelo mando, pOlS este costuma salr sem ela, fato que a delxa

uito nervosa. Considera-se uma pessoa muito sozinha e nao con segue convencer1 . .~ lando de sua necessldade de estar perto dele, apenas quando chora e se

d sispera gritando, atitude esta que resulta em C.B. chama-la de "louca" e de ser

~ a pessoa fraca.

I I A familia de origem de N.L. e composta pelo pai, agricultor e pela mae, do lar,

q e moram em um sitio no interior do estado e por tres irmas. J.L. e a irma mais

1 I~ f ..' .v la, mora ora do paiS, soltelra e tern um fllho que mora com os pais de N.L. no

il terior. AL. e a segunda filha, casada, do lar, com duas filhas, N.L. morou com ela

Page 26: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

21

or sete anos e a considera sua segunda mae. E k.L e a terceira filha, separada,

e1 filhos, professora, segundo N.L. ambas nao se gostam.

I A familia de C.B., segundo relata de N.L, e composta pelo pai,. prefeito de uma

equena cidade no interior e pela mae, do lar. Ambos moram no mterlor e C.B. e

iiho unico.

I

Sessoes Psicoterapicas:

Depois de obtidas as informa96es cHnicas atraves do te\efonema inicial, e de

efem completadas as manobras de pre-tratamento para uma posiYc3.ovantajosa, 0

r~Ximo passo foi decidir quais membros da familia iriam ser convidados para a

ri~eira sessao, pois e nesse momento que sao feitas escolhas importantes, como

ubm va; ser convidado e a reayao da familia ao convite.

I Mesmo sentindo resistencia da parte da paciente~ a convite para a primeira

essao fOI feito a N.L. e seu mando C.B., parem, na sessaa, reahzada tres dlas apos

ielefonema, compareceram apenas N.L. dizendo preferir atendimento individual no

nibio.

I Este trabalho foi realizado em equipe, com terapeuta e co-terapeuta que traz

uitas vanta gens, pois a combinafao do terapeuta com a equipe e sempre mais

dderasa do que um terapeuta sozinho. Com a equipe, a terapeuta pode reunir-se eI . . . ..rrear com a familia e estar segura de que a equlpe eventualmente val planejar

ma intelVenfao que sera terapeutica e efetiva.

I Nesta pri.meira sessao realizou-se uma tecnica com N.L., foi solicitado para

q~e a mesma fleasse de pe entre as terapeutas e fizesse movimento de jogar 0

orpo para frente e para tras para que fosse segurada , durante todo 0 tempo a N.L.

n~o demonstrou resistencia, porem apos a dina mica ficou visivelmente emocionada

e Fhorou, disse ter muito medo de se entregar, mas quando se entrega apega-se

muito, abrindo mao de sua propria vida. A tarefa dada nesta sessao foj convldar 0

m1ridO para fazer parte do tratamento.

JA partir deste primeiro eneontro, levantou-se a hip6tese do marido ser 0

5 ~eito que sustenta a critica que N.L. levantou a todo momento para si mesma e

quanto mais ele faz isto mais fortaleeida fica, e tambem 0 fato da paeiente

demonstrar-se imatura na relayao,onde 0 que dura muito e born eo que nao dura e

ru!m. Uma hipotese clinica e urn palpite ou intuifao tentativa, a melhor que

encontramos para explicar p~r que um sintoma ocorre e como funeiona para

Page 27: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

22

quilibrar urn sistema familiar, urn palpite temporario que depois de dados

uJsequentes obtidos pelo investigador ap6iam au rejeitam a hip6tese.

I Na segunda sessao, estavam presentes na N.L. e C.B que iniciau

om a aquecimento "pega-pedra" Nesta, apenas 0 casal brinca com 0 auxilio de

1a pedra ande um dos conjuges permanece com a pedra em uma das maos

berta com 0 objetivo de naG deixar seu companheiro pegar, quando consegue

elgar inverte-s9 as papeis. Fai percebido que C.B. entregou facit a pedra para N.L. e

Il inicialmente naG permite, pafem acaba desistindo e entrega.

I

N.L.colocou naG estar confortave\ com a presenc;a do marido na sessao.

C.B.relatou que 0 ciume de N.L. 0 incomoda multo, pois naG pode fazer nada sem

elb, e acredita ser este a motivo do abalo no relacionamento. Frente a esia

colocayao, N.L. disse que ele nao da atem;ao a ela, nao conversa quando chega em

c~sa, que nao e 0 mesmo que era quando namorados, possu; muitas ami gas e as

trbta como se nao fosse um homem casado e isto a incomoda muito e ela sempre

IdlZ ista a ele. C.B. naD concorda e diz que N.L. fantasia muito as caisas e que ele

nae vai mudar 0 seu jeite de tratar as pessoas por causa de dumes.

I N.L. disse que C.B., par varias vezes, naa dormia em cas a no final de

semana sem dar noticias. Frente a isto, C.B. justifica que ambos tern pontes de vistatUito diferentes, ele saiu de casa com 9 anos e acostumou-se a merar sezinhe.

N.L. relatou que seu marido sempre foi um pouco "frio", nunca foi muito

~marosa e em certa acasiaa C.B., resolveu ir para casa dele sem dar explica,Bes e

N.L. questlonou esta decisao, mas C.B. nae respendeu, 0 que a deixou

lxtremamente irritada e a fez dizer que nao agOentava mais e que havia decidido

rOltar a morar com as pais no interior. Tres dias antes de viajar N.L. Iigau para C.B.

,vlsanda que Ina embara, parem no momenta de entrar no aOibus, C.B. fOi atras

tlela na rodoviaria prometendo ser mais amorosa e gostaria que ela valtasse para

ificarern juntos e N.L. acreditou na promessa e resolveu cancordar.

Ap6s ter sido questionada sabre seus sentimentos com relayeo a estar

sempre selicitando a presenya do maride per perte, N.L. disse estar muito cansada

da indiferen<;a de C.B. e que pensa muito em dar um fim ao relacionamento. A

tarefa dada para a casal fai cada urn individual mente e sem 0 outro saber, relacionar

"a que eu posso fazer para me/harar 0 re/acionamento"

A sesseo gireu em terne da Comunicac;ao e do Ciume.

Page 28: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

II 23

I Quanta mais velada e indiretamente as pessoas se comunicam, maior e sua

t ndEmcia de se mostrarem disfuncionais. A alma do relacionamento de urn casal e

da urn dizer 0 que precisa dizer e sentir que foi compreendido. A dificuldade em se

f zer compreender au em ser compreendido leva as casais a desenvolverem

efesas para naa sofrerem e assim, VaG diminuindo a conversa, especializando-se

ml queixas e explica<;ces sabre a motivo pela qual nao lalam, com isto a

omumca9ao va; piorando au deixando de acontecer. Uma das defesas mais

eltruidoras de uma comunicayao funcional e a desqualificay.3o das mensa gens do

utro. Para desqualificar mensagens, usa-se urn arsenal infindavel de tecnicas.

I 0 ciume pode ser uma emo<;ao normal, adequada e necessaria, mas par

uitas vezes pode ser excessiva e tornar-se doentia par varias raz6es, como pelo

ortroto mal feito, em que aspectos importantes nao loram ditos, desejos nao

cram explicitados e bancados, restriQoes nao fcram negociadas e podem ser

JeJponsaveis por ciumes e crises repetitivas e profundas. Dutra razao obselVada e

IdifiCUldade emocional pessoal de N.L., pais dificuldades profundas na

struturaQao de sua personalidade, tendo assim men as habilidade para lidar com

eu relacionamento.

Neste caso tambem se percebe que a clume contem um elemento de

erendEmcia e abandonoNo tereeiro eneontro, N.L. compareceu sozinha, sem a presenga de C.B.,

ustificando que havia saido muito cedo de casa e que nao havia conversado com

IJ. Quando question ada sabre a tareta, N.L. a realizou erroneamente, colocou a

ub ele deveria mudar, tendo que ser rna is amoroso, cornpreensivo e carinhoso e

a6 a que ela devena mudar.

I Chorou muito durante toda a sessao, disse estar solrendo e estar com um

rande desejo de sair de casa (mostrou a mala) e que estava decidida em dormir na

aba de uma amiga. Relatou tambern estar muito preocupada, pois chora muito, nao

er vontade_ de lazer nada e que procurou uma ajuda medica, de um clinico ge:al

ue sua Irma Indlcou e receltou tluoxetlna, esta tomando a 3 seman as, porem nao

e1ntiumudanya

I. N.L. relatou um episodio que a deixou muito triste, G.B. voltou de uma viajem e

elxou sua mala sabre a cama, N.L. resolveu desarrumar a mala e viu uma camisa

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24

suj de semen, pediu explicayao para a marido e este disse ter tido um sonho

er' tic10e usou a camisa para limpar, ela nao acreditou no que ele disse.cblocou tambem que ha aproximadamente duas semanas naD mantem rela.;ao

se ual com 0 marida, sempre com uma justificativa vinda dele de dar de cabey8 au

e5'6~agO, au par ela ser muito nervosa, ele nao tern vontade. N.L. pediu para C.B.

te mlnar a relacionamento caso ele tivesse interessado em outra mulher, para nao

s r raiS

"torturada" Olsse que deseja muito nao gostar mais dele, acredita que

qfarlO

mais ela gosla, mais ele se "aproveila" dela. Pensa em morrer para acabar

c "1 a solrimenlo, mas nao comele suicidio porque diz saber que e enrado e porque

g ,sta muito de seuS pais. Concluiu que necessita ouvir um "nao" para ter certeza

uJ naa da mais e que diante da indiferen98 do marido acredita que indo embora

arb casa de seus pais ira sofrer menDs.IOiante do relata loi orientada a nao tamar nenhuma decisao, pais se percebeu

ue esta mUlto insegura e em momentos de crise nada pode ser decidido. Fa;

c6nselhadO tambem para continuar 0 tratamento medico e voltar na semana

ebuinle.I 0 que chamou alenyao nesle encontro foi a pouca rela~ao sexual nesle novo

asal. 0 sexo e uma forma de expressao afetiva, e 0 carinho, a compreensao e a

admira<faO

podem tambem realimentar a sexualidade. Segundo ROSSET (2004),

q~ando os membros do casal partilham ideias, sao compreensivos e gentis no dia-a-

di1a, tem ideias em comum, ir para a cama e facil e estimulante. Mas no caso

ektudado, a rotina conjugal e de discussoes, desqualifica<foes, cenas de ciumes,

dbsconfianya, tomando 0 sexo um compromisso ou uma descarga biol6gica para

a1liviar a tensao, surgindo assim dificuldades, problemas e sintomas sexuais. 0donteudo sexual mostra, metaforicamente, 0 que esta acontecendo na rela<f

ao.

I Na quarta sessao, chorando, N.L. afirma ter se separado de C.B.

definitivamente e esta morando na casa de sua irma A.L., pOis desde a ultima

~essao relacionavam-se como amigos, nao mais como marido e mulher e

rrinciPalmenle depois de ter au vida ele dizer tudo a que disse na sessao em que

esteve la, N.L. resolveu pedir a separat;ao. porem depois de dois dias disse ter se

arrependido e resolveu ligar para C.B. para sairem juntos, mas C.B. nao aceitou

Ap6s isto, relatou ficar inventando motivo para falar com C.B. pelo telefone, mas

sempre sem nenhum sucesso.

Page 30: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

25

Coloeou que em seu ultimo relaeionamento aeorreu a mesma eaisa, pediu para

esmanchar 0 namoro, mas depois de alguns dias arrependeu-se e 0 outro parceiro

atbem recusau-se valtar, parem logo esqueceu pais canheceu C.B.

I Ap6s ter sida questionada com relagao a sua infaneia, N.L. relatou que aos do~e

nos sofreu uma grande mudanga na sua vida, sentiu que a partir desta idade tena

u~ "eaminhar com as pr6prias pernas", teve que se tornar adulta do dia para a

oite, como ir ao medico sozinha, pais antes estava acostumada a ter tudo

aJilmente. Disse ser a filha cagula da familia e que suas irmas e que insistiam para

u1e a mae a deixa-se fazer as eoisas e nao fazer por ela, pois ela tinha que

p:render. N.L. senti a que suas irmas tinham eiurne dela par ser mais "adulada" pela

ae. Aos treze anos teve seu primeiro namorado e que nao era eiumenta.

I N.L. relatau tambem que aas quinze an as tentau suicidio com a arma do

unhado, pais se sentia multo triste naquele dia sem saber 0 motivo e pegou a arma

1pontou para a cabeya quando estava na sala com toda a sua familia presente. 0

u:nhado tirou rapido de sua mao e comegou a gritar com ela. Com isto, sua familia

nao Ihe dirigiu a palavra por tres meses

I Disse tambem na sessaa, que sua mae era uma pessaa extremamente

iumenta como e ate os dias atuais, lembra-se claramente de uma festa deI. .. . . . .

aTversano em que uma mulher tlrou uma foto com 0 seu pal e ela fleou mUlto brava

e culpou N.L. por nao estar "cuidando" do pai naquele momento. Com isto, concluiu

qie seus relacionamentos amorosos sao a repeti~oes da historia de seus pais.

Ao final da sessao, foi dada a tarefa de procurar urn psiquiatra para

tratamento da depressao.

I Nesta quarta sessaa, as temas mais abardadas loram separa9ao, suicidio e

repeth,ao da historia dos paiS.

I Toda separac;ao vem acompanhada de dor e no caso de N.L. deixara

seqOelas de feridas mal cicatrizadas ao inves de estabelecer urn processo de

p~rcerja na separayao, em que um e outro farao concessoes, sem a preocupagao de

sJ tornarem vencedores de vingangas mesquinhas. Nesta separac;:ao aparece a dar

dJ abandono, da culpa, do ressentimento, das perdas e invas6es, do odio, do

dlsejo de vinganga e dos sentimentos de fracasso em relagao a um projeto no qual

sJ investiu muito.

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26

"SeT urn seT separado e a mais 910ri05a, a mais solitaria meta. Amar a 5i mesmo eborn, mas ... incompleto. SeT separado e doce, mas a ligayao com alguem fora de nosmesmos €I muno rnais doce. Nossa existencia diaria exige tanta aproximayao quantadistanciamento, a inteireza do eu, a inteireza da intimidade. Reconciliamos a uniaocom a separay8.o par meia do arnOT comum e terreno.~(Vl0RST ,1986)

Quanta aD tema suicidio, segundo BERGMAN (1996), e uma tentativa

nsciente au inconsciente) de manter 0 equilibria nurn sistema que esta em

tr nLyao de urn e5tagio desenvolvimento mental para 0 Qutro no cicio de vida

f mi1liar. 0 paciente identificado esta tentando crescer e separar-se emocionalmente

d Jua familia de origem, e ao mesma tempo proteger a familia dessa rnudanya. A

a laya de suicidio, como muitos sintornas, tern uma mensagem metaforica: 0

p clente identificado e a familia estao experenciando uma dor consideravel e um

e tresse quase lnsuportavel, principalmente devido as mudanyas vivid as ou

a t~ciPadas no sistema. 0 suicidio e uma maneira muito poderosa da pessoa

i O!ilizar a familia, e foi assim que N.L. atingiu seu objetivo.

Quanto a repetiyao da hlstoria dos pais, no casamento, cada parceiro traz sua

is aria pessoal, em que estao todas as suas experiemcias, aprendizagens e

Ivemcias que suas relayoes Ihe proporcionaram, ocorrendo assim a repetiyao, pOis

f : Icom a modelo de casal de seus pais que cada um aprende a se tamar um

onJuge.No quinto encontro, ainda chorando multo, N.L. relatou ter ficado sem ligar

ala C.B. por quinze dias, mas que isto estava sen do muito dificil, e que minutos

ntes de entrar para a sessao C.8. ligou no seu celular para pedir umas assinaturas

m:alguns documentos e nao perguntou como ela estava, porem N.L. percebeu que

.B. estava ctimo pelo tom de voz. Durante a semana, procurou salr com as amigas

elnoite, foram a um jantar danyante, relatou que conversou com algumas pessoas,

0lem nao conseguiu se divertir, 56 tinha vontade de chorar, nao parou de pensar

m C.B. Colocou que em urn momento sentiu algo que considera estranho, fo!

uando um rapaz estava conversando com ela, mas olhando para outra garota,

+tiu muito ciume mesmo sem gostar dele e nunca a ter vista antes. Passou toda a

essao falando sobre seus pontos negativos como, par exemplo, nao conseguir

a1er amigos, nao ser tao forte e decidida como as irmas, etc.

I A tarefa sugerida foi chorar uma hora par dia, todos as dias e convidar as

rrras para a proxima sessao, pais quando uma familia tern um sintoma serio au

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27

fonleD, trabalhar com menDS do que 0 grupo completo da aD terapeuta multo menos

nf~uenCia, flexibilidade e informa¥ao para ajudar a familia a mudar, entao, quanta

JiS membros da familia estiverem na sessao, mais informa~5es sao conseguidas

obre como opera aquele sistema familiar.

I A inclusao de um irmao modifica um pouco 0 sistema na sessao, desfaz a

eya, e da ao terapeuta mais oportunidades de entrar na familia, obter informa<;:oes

e ~Odificar 0 sistema com interven<;:6es que incluem 0 irmaa nao·sintomatico.

JA sexta sessao, al9m de N.L., compareceram a sessa a as irmas A.L., irma

q e N.L. mora junto e k.L. irma que N.L.trabalha e faz faculdade junto.

A.L. tern oito anos de diferen<;:a com N.L. e relatau que N.L. e muito

dependente, carente e que pergunta tudo, como par exemplo, 0 que deve comer,

que remedio deve tomar, e disse acabar fazendo tudo para ela, nao deixando que

NIL. fac;;aas coisas por ela mesma. Disse fazer isto para que a irma nao passe pel as

mesmas dificutdades que ja passou em sua vida. Ate hoje, toda a familia chama peto

s~u nome no diminutiv~, por parecer muito sensivel e indefesa. Colocou tambem

qLe N.L. sempre "foge" quando pressionada, quando tern que decidir alga que

depende apenas deja. Percebeu que N.L. sempre toma seu casamento comoI .. ... .

1odelo, porem acredlta que nunca sera parecldo, pOlS N.L. e C.B. tem

temperamentos extrema mente diferentes do seu e de seu marido.

I K.L. trouxe que ela e N.L. sao os opostos, pois sempre resolveu seus

problemas, nao fica procurando agradar ninguem, nao chora, nao abrac;;a. Acredita

q1uesua irma necessita ser mais forte, gostar mais dela mesma. Percebeu tambem

due N.L. necessita de atenyao somente para ela e se for dividir com alguem fica

t'liste, chora e vai para casa dos pais, onde con segue atenc;;ao s6 para e1a.

No final da sessao foi pedido para que cada uma escrevesse a papel que

cada irma tem nesta familia, chegassem a um consenso e apresentassem: K.L. e 0

dqUilibriO e a forc;;a,A.L. e a "mae" e N.L. e a carente.

I . Na setima sessao, sorrindo, N.L disse que C.B. vem ligando para ela com

freqUenCia, alegando necessitar de assinatura, porem ate entao nao assinou nada.

Nos telefonemas C.B. pergunta sempre como ela esta e N.L. diz estar bern.

I Relatou tambem ter ficado doente, com gripe, e pediu ajuda da irma mais

velha A.L. que se negou ajuda-Ia dizendo que a mesma podena ir na farmacia

lozinha. Frente a isto, N.L. ligou para C.B. para pedir ajuda, alegando que nestes

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a suntos C.B. sempre foi muito carinhaso. Pelo telefone C.B. sugeriu alguns

r mbdios e disse que ;ria ligar para ela no dia seguinte. No outro dia N.L. nao" e~grUdou" do telefone ate que 0 mesma ligasse. Marcaram de se ver mais tarde e

e ele iria busca-\a. Foram ate a casa cnde as dais moravam juntos, \03.

n1versaram sabre a relacionamento e em urn momento C.B. disse que nao a ama

alJs. mas gosta muito del a e que deseja reatar 0 casamento, mas com a condiyao

e poder fazer 0 que ele quiser, e que era para ela pensar. No dia seguinte C.B

t lefonou para saber se tinha melhorado da gripe e N.L. perguntou se ele gostaria de

aber sua res posta, fato que surpreendeu C.B. per ser muito cedo na sua opiniao e

Jartir disto N.L. resolveu naG falar nada. N.L. contou que chorou multo pelo fato de

.B. apenas gostar dela.I Na sessao ficou muito claro que N.L. tem urn discurso no passada, par

xemplo, se eu pudesse, se eu tivesse feito, etc., entao foi realizada a tecnica de

aksar frases do eu preciso para eu escolho, do eu nao posso para eu nao vou e do

+enho medo para a eu gostaria. Ao final da teeniea N.L. eoneluiu ser interessante

que "desta maneira nao fica tao dineil"

A tarefa foi Jevar 0 papel para casa e trocar as verbos no dia-a-dia.

Na oitava sessilo, multo animada N.L. disse ter reatado 0 casamento com 0ridO, mesmo ele dizendo que nao a amava mais. Relatou tambem estar muito

ellz com a situayao, procurando se arrumar mais, ficar mais bonita, disse tambem

qle nao brigaram nem discutiram mais.Nesta sessao N.L. falou multo pouco sobre sua rela<;ao com C.B., ~ enfoque

maior foi com rela<;ao a sua dependencia das pessoas, em todos as amblentes que

vi~e. Colocou que no trabalho depende de duas colegas para realizar prajetos,

albgando que nao e eficiente e que suas colegas sao "ctimas", na faculdade

dbpende de sua irma, pais disse ter problemas de dicyao, traca a Jetra R pelo G e

s~a irma sempre e quem faz os trabalhos, em casa depende do marido para tudo,

in:cluslve finaneeiramente. Esta dependelncia a deixa angustiada, por nao fazer nada

sozinha.I Oisse ~star muito preoeupada no trabalho, pais sua irma K.L. trabalha junto e

aj duas estao sempre se desentendendo, mas todos van contra N.L. dlzendo que

era esta trabaJhando porque sua irma faz tudo para eJa. Nao sa be 0 que fazer com

rela<;ao a isto e diz que 0 clima no trabalho esta muito ruim.

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Nesta sessao fa; observado que N.L. eonsegue urn "recasamento" Muitas

r z6es levam um casal a se separar, mas no caso de N.L. pode-se dizer que fa; uma

itude impulsiva devida uma desesperanc;a com relac;ao a mudanc;as, mas nao

i Jortam quais foram a razao e a ;ntenc;ao da separac;ao, se 0 casal resolve retomar

r~layaO ap6s urn tempo de separac;ao, tal momenta e precioso para reeontratos,

ut6consciencia e autodesenvolvimento. Voltar a viver junto e uma oportunidade

a)a atuar com novas comportamentos no padrao de funeionamento, de forma

onsistente e permanente, e nao s6 na apareneia, no entusiasmo, na fantasia e no

i JUISO. Porem isto nao ocorreu, pois retomaram 0 casamento com a mesma

rdmessa que ja nao foi eumprida anteriormente, ou seja, reataram sem saber se

oltaram e porque eseolheram voltar. N.L. possivelmente fez esta escolha por nao

arl conta de ncar 56, confirmando assim a sua maior caracteristica: a dependemcia

o outro.A dependemcia e necessaria, pois a vida em comum forya os parceiros a

ssumirem decisoes quanta ao que farao juntos ou 0 que irao partilnar; ao mesmo

e~po, eles precisam ser independentes e assumirem a que naa faraa juntos au 0

ue nao iraQ partilhar. A dependeneia reciproca responde pela identidade do casal,

par aquHo que eles sao como um todo e a independencia garantem a riqueza e a

dJersifieac;ao do casal. No caso estudado, percebe-se a extrema da dependencia

pdr parte da mulner e a extrema da independeneia par parte do marido, nao

aJarecendo assim a complementaridade para a manutenc;ao da saude do casal.

Na nona sessao,N.L. disse estar mais independente de C.B. e que a mesmo

havia sentido ciume de N.L. na faculdade quando dois rapazes desconhecidos

vieram falar com ela e ela conversou com as mesmos, mas C.B. nao falou nada

"Jpenas ficou quieta com cara de bravo" (sic), mas disse que ista a deixou muito

fJIiZ. Lembrou que seu pai tinna dume de sua mae quando outro homem olhava,

sLa mae sorria para ela quando isto acontecia.I Devido a crise ler diminuido e a clienle falar sobre sua familia, foi ulilizada a

tecnica do genograma.

I Foi iniciado pelas irmas, J.L, sexo feminin~, 32 anos, e a inma mais velha,

mora fora do pais a 7 anos e tem um filho que mora no Brasil com os pais de N.L.

Relatou que esta irma, durante os primeiros tres an as que morava no exterior,

~andava dinneiro para a filho e que segundo N.L. era muito dinheiro, "alga fora do

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omum" (sic), e que depois disso parou. A familia ligava e ninguem atendia aDs

elefonemas, ate que urn dia chegou uma carta onde J.L. dizia que havia sido presa

dr trafico de drogas, prisao esta inafian~avel e sem previsao para julgamento. Dizia

ambem que era multo importante para ela reeeber cartas e visitas, po is isto contava

antos para diminuir 0 periodo na prisao. Oiante disto a familia ficou campletamente

h10cada e N.L. nunca respondeu a carta, pO is senti a medo do que havia acontecido,

ICOUdecepclonada com a Irma e nao sentl8 vontade de escreve Isto aconteceu a 4

los airas e ela nunca escreveul Quanta a A L, sexa femlnlna, 31 anas, casada e com dais filhas, N L a

consldera sua segunda mae. Quando N.L. fez 18 anos, salu da casa dos pais no

"nterior e veia para Curitiba para morar com a irma e com 0 cunhado, que a

receberam muito bem. N.L. admira multo os dois como casal, acha sua inna multo

bdnita e seu cunhado a trata muito bem, "parecem estar sempre apaixonados,

0llstaria muito que comigo fosse assim" (sic).

K.l., sexo feminin~, 28 anos, separada, e a irma que N.L. disse ter menos

af1nidade, "ela e muito grossa, mau humorada, sempre teve ciume de mim" N.L.

disse que quando nasceu, K.L. deu um tapa no seu rosto e que quando sua mae viu

Ju um tapa no rosto de K.L. para que mesma nao fizesse mais isto. As outras

irmas sempre cuidaram dela menos K.L. que sempre dizia para a mae nao deixar

noite por ser muito "burra e pode acabar fazendo

esteira"(sic).

I Quanta aa pai, YP., 54 anas, agricultar, e muita campreensiva com a ciume

imae, sempre muito atencioso e carinhoso com todas as filhas, sempre que

recisa N.L. disse con tar com ele.

I Quando solicitado os irmaos de Y.P., N.L. disse nao conhecer a familia do pai

que 0 mesmo nunca faJa sobre isto. Nao sabe quantos irmaos 0 pai tern e nem seI ... . .

er avos VI~OS, devld~ a urn rO~Plm~nto ~.u~ tlveram qUa~dO Y.P .. resolveu cas.ar

0lm sua mae. N.L. dlsse que .e mUlto dlficil falar sobre IstO, pOlS tudo e mUlto

onfuso para ela, pois seus pars nao gostam que fique perguntando sobre suas

arilias de origem, "mas acredito que agora e a hora de dizer tudo que sei" (sic).

·r·, aos 22 anos conheceu sua mae em um prostibulo, no qual M.O., mae de N.L.

ra prostituta. Y.P. ficou apaixonado pela garota que havia feito programa com ele e

01 e90u a ir ao local todos os dias, ate que, apos 2 semanas, resolveu tira-Ia do

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3J

10 lie foi se casar com a mesma no civil, sem que seus pais soubessem. Quando

for 1falar com as pais de Y.P., surpreendeu~se com a reayao da familia que 0

ex u1s0u de casa alegando que urn dos irmaos de Y.P. sabia que M.O. era

pr stituta. Depois disto Y.P. saiu da cidade em que morava e nunca mais teve

no ,clas da familia. Quanta a familia de M.O., era 6rfao de pai e mae de uma familia

d6ze irmaos e quando muito pequena fo; abandon ada.

Ha dais anos atras, N.L. soube pela mae que sua irma mais velha era filha de

u "cliente" e que seu paj sempre a assumiu como filha, porem urn pouco antes de ir

ra fora do Brasil desconfiou que nao era filha do seu pal e sua mae contou a

v rdade.I N.L. relatou admirar muito a rela,ao de seus pais apesar de brigarem muito e

v r sua mae tendo "crises nervosas", em que gritava mUlto, batia no pal, saia deI . . .

c Sf' pOlS "ele a salvou deste mundo e nunca Jogou na cara del a a fato deja ter sid a

p ostituta".(sic)No final da sessao N.L. colocou que deseja muito escrever uma carta para

i a dizendo tudo que esta acontecendo com a sua vida e perguntar a opiniao dela

q1uea considera uma pessoa extrema mente forte,

No ultimo encontro, chorando nova mente, N. L. colocou que esta dificil

ova mente seu casamento, pois C.B. "nao cumpriu a promessa de mudanc;:a"

( id)I

Relatou que viajaram para 0 interior visitar os pais de N.L., e la estava toda

ua familia inclusive sua irma. N.L. sempre teve ciumes de C.B. com rela<;:ao a sua

i ma A.L., par ser uma mulher muito bonita e tambem pelo motivo de que C.B., no

i i6iO do relacionamento, disse admirar esta irma e que N.L. deveria se vestir como

IJI Na casa dos pais, percebeu que G.B. ficava a tempo todo olhando para sua

rma, mas N.L. resolveu naa falar nada. Neste mesmo dia, pegou dinheiro na carteira

a marido e achou um telefone internacional na carteira, sem ter nenhum nome e

esolveu ligar enquanto C.B estava no banho. Quem atendeu ao telefone fai R.U.,

+<0 feminino, 32 anos, ex-namorada do marido, mulher que sempre foi motivo de

bngas entre 0 casal, pois logo que come<;:aram a namarar, R.U. estava sempre

liJando e convidando C.B. para sair. N.L. dizia que se ele conversasse com ela, eles

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i iam aeabar 0 namora, mas C.B. colocava que nao havia problema em eles

onversarem POlS eram apenas am/gos.

I Quando C.B. saiu do banho, N.L. come<;:ou a gritar com ele perguntando de

uem era 0 telefone e C.B. disse que era de urn fornecedor do seu trabalho, N.L0reyOU a charar e pegou uma faca que estava proxima e dizia que iria mata-la,

efendendo-se, C.8. pegou nos bra90s dela e arrancou a faca da sua mao e disse

u~ ela era uma "Iouca" e que naG queria conversar com ela, saiu da casa da familia

eIN.L. e voltou para Curitiba. Desesperada, N.L. arrumou as males e fa; pegar urn

nirUS para voltar para Curitiba, sem falar nada para a famfila que nao S8

ncontrava em casa,

Este episodio ocorreu dais dias antes da sessao e ate entao C.B. na havia

oltado para casa, mas N. L. relatou nao agOentar mais 0 casamento e que a um

~s, havia recebido uma proposta para ir para 0 exterior trabalhar em uma fabrica

or um ano e que ela estava muito jnteressada em ir, devido ao salario e

rirCiPalmente para se afastar de C.B. Disse tambem que precisava dar a res posta

m tres dias. Frente a isto, foi dito novamente que ela estava em um momento de

ri~e, onde nao se aconselha tomar decisoes, porem foi sugerido que ela

+versasse com os membros de sua familia de origem para que a mesma tomasse

ma decisao.

I Nesta sessao percebe-se que N.L. coloca-se sempre em posi,ao de vilim. e

Uj esta sofre por inumeras raz6es. Quem ocupa este lugar sente uma imensa

ailva, frustra<;:ao e dor, e uma vez capazes de expressar au manejar diretamente

stes sentimentos, geralmente existe a furia. A raiva, a frustrayao e a dor sao

r1qoentemente 0 resultado de assumir uma posi<;:.3ode vitima, isto e, sentir-se

r\vacto, ver como ingratas as pessoas para as quais elas fazem coisas, e

reqDentemente nao saber 0 que querem ou quem etas sao, uma vez que as vitimas

drma,mente sao sintonizadas com os outros do que consigo mesmas.

I Bergman (1996) diz que a posi,ao de vitima envolve ver a si mesmo como

desamparado, sofrido, magoado, impotente, temeroso, Ingenuo, honesto e

ndrmalmente reativo a alguma outra pessoa, geralmente vista pela vitima como

"1atador'. Alem disso, as vitimas habitualmente mostram vulnerabilidade, sao muito

sensivejs aos outros, colocam as necessidades dos outros antes das suas, e

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p ecisam mais da aprovac;ao dos outros do que sao capazes de dar a si mesmas aI _

a rovayao."Cada vez mais sozinhas e isaladas, acabamos nos tomando desesperadas

I, confianc;a que urn relacionamento com urn homem para fazer com que nos

tamas melhor. Par nao conseguirmos nos amar, precisamos dele para nos

e nteneer de que somos dignas de amor" (NORWOOD, 2003, p. 199)

Outro ponto que chamou a atenc;ao tern rela<;flo com as brig as e com a

a ressao que e uma reayao e nao e inata. Evitar brigas pode ser a ingrediente

p "nlCiPal que deteriora a relaQao e impede a intimidade. Porem, uma briga ficaIi soluvel quando nenhum dos parceiros consegue fazer com que 0 Qutro aceite as

i portantes pontcs de vista que cada urn precisa que 0 outro conhe<;8. Assim nao

I arbm: toda situayao e motivo para retomarern a mesrna briga. Urn casal funcional

riga por questoes atuais, reais; urn casal disfuncional briga por coisas do passado,Istr sernpre brigando a mesma briga, repetidamente, como e 0 caso do casal N.L. e

.B.

I Sabe-se muito bem os calos que cada um deve pisar para ofende-Io, como

calmar e fazer coisas agradaveis, porem nao e com todo este saber sobre 0

n1cionamento do outr~ que ira permitir que problemas conjugais nao apare9am.

ara 0 sucesso do casamento necessita-se um equilibrio entre 0 amor e 0 6dio.

Quando fala-se de amor necessita-se falar de odio, que segundo Viorst(1986)

dio e uma palavra que provoca constrangimento, pode ser feio, excessivo,

escontrolado. A presen9a do 6dio no amor e comum, mas s6 reconhecida com

elLumcia.N.L. e C.B. sao duas pessoas presas a um casamento patol6gico e que

0ldem continuar neuroticamente juntas para sempre, ao passo que casais mais

orPletos.e saudaveis, capazes de crescer e mudar juntos, acabam se separando.

I. A evolu9ao clinica obtida ate a decima sessao nao permitia uma alta da

sicoterapla, mas no dia seguinte a ultima sessao, N.L telefonou dizendo que havia

o~ado a decisao de ir viajar para 0 exterior nao sendo possivel assim dar

cJntinuidade ao processo terapeutico.

Page 39: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

34

v - CONSIDERAC;;OES FINAlS

OSORIO (2002) diz que a familia nao e urn concerto univoca, naG e uma

e Pi€ssao passivel de conceituaCfao, mas tao somente de descri<;oes, au seja, e

p ssivel descrever as varias estruturas au modaJidades assumidas pela familia

a rales dos tempos, mas naG defini-Ia au encontrar algum elementa comum a todas

a ffrmas com que se apresenta esse agrupamento humano. E isto confirma 0 casa

C inlGOestudado, em que nenhum casal com menos de um ana de casados ira ter a

esmas disfun<;6es deste, mas que passivelmente muitas das descri<;oes ditas aqui

i -0 ser identificadas em Qutros easais.

Para a Tearia Sistemica, neste casa, foram as primeiras liyees de amor e a

istoria do desenvolvimento que moldaram as expectativas que se tern do

asamento, geralmente consciente de esperanc;as nao realizadas. Levaram-se os

eJejos inconscientes e as sentimentos mal-resolvidos da infancia, e, orientados

e~~n::s~I~~:;~~a~) exigencias no casamento sem perceber que estavam

Percebeu-se que N.l. escolheu como marido um homem que expressa

j stamente tudo aquila que ela precisava negar em 51 mesma e qualidades que

eteria expressar, mas nao consegue. E entao, revoltou-se contra 0 marido, quando

xrressa qualidades pe\as quais a escolheu.As tens6es deste casal come\taram com a morte das expectativas romanticas.

eva-se para 0 casamento uma infinidade de expectativas romanticas, impoem-se

sl vidas sexuais muitas outras expectativas, porem ocorre 0 desapontamento. 0 ato

e~ual acaba sendo um teste de desempenho, que prova a saude mental do casal,

dJsapontando maridos e mulheres que nao conseguem um orgasmo apocaliptico,

oJde por mais paixao que exista, e muito dificil manter a excita\tao

I Na rela<;ao do casal, 0 elo entre marido e mulher e mais forte do que qualquer

dano que possam causar, pon3m nenhum casal de adultos consegue provocar mais

d1no um ao outro do que marido e mulher. (VIORST, 1986)

I Ficar obcecada par um homem, assim com N.L. ficou, e chamar isso de amor,

permitindo que tal sentimento controle suas emo<t6es e boa parte do seu

comportamento, mesmo percebendo que exerce influEmcia negativa sobre sua

skude e bern estar, e ainda assim achando-se incapaz de opor-se a ele. Significa

Page 40: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

35

edir a intensidade do seu amor pel a quantidade de sofrimento, que e exatamente 0

q eIN.L. fazia. (VIORST, 1986)"0 mesmo casamento e diferente para 0 homem e para a mulher: mais

mulheres do que homens relatam frustrayoes conjugais e insatisfay6es com 0casamento; as mulheres correspondem mais as expectativas dos maridos do queeles as delas; mais mulheres do que homens falam de problemas conjugais e etc.Quanto a boa saude mental e bem estar psicologicos, varios estudos demonstramque 0 dele e melhor. Porem mais mulheres do que homens veem 0 casamento comofonte de felicidade, com maior necessidade de amor e companheirismo, agarrando-se ao casamento, por mais dificil que sejaH (VIORST, 1986)

Durante todo relato do caso 0 Mito sempre esteve muito presente,

rincipalmente devido a influencia da historia das familias perpetuando 0 mito, que

ada mais e que 0 relato de uma hist6ria verdadeira e perene porque se repetem, jaxiste um padrao conhecido por cada membra que se mantem. E a partir disto,

oncluo que todo chora, magoa, dependencia, infantiJidade e inseguranya de N.L.

este relacionamento dificil com C.B., tern total influencia de suas familias de

rigem.Ambos desejam ser um casal saudavel, mas nao h.a comunicayao

uficiente para a cria9ao de suas pr6prias regras e leis, aparecendo assim

isfun90es neste casal que deseja a mudanya, mas resiste bravamente a ela.

Page 41: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

36

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Sistemica Breve; trad. Maria Adriana Ver[ssimo Veronesse - Porto Alegre:

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Page 42: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

37

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(ANDOLFI, M.;ANGELO, C. ; SACCU, C.). Sao Paulo: Summus Editorial.

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38

NEXO

ELATORIOS DE ATENDIMENTO

1° sessao: 11108103

ueixa Inicial: N.L., sexo feminin~, 23 anos, professora do ens ina fundamental e

studante de pedagogia, casada a 3 meses com C.B., sem fHhos, buscou

ter.dimento psicoterapico ~eVidO problemas no relacionamento com a marido.

roblemas estes que a delxavam extrema mente agressiva, nelVosa, ansiosa e

hdrando muito, segundo proprio relato de N.L. Disse ter sido a primeira vez que

ro:cura ajuda com 0 objetivo de mudar a SitU8yaO em que vive, que esta cada vez

ais diffeil desde que S8 casou.

xplora~ao da Queixa: N.L. relatau nao estar feliz no casamento com C.B., sexo

asculino, 32 anos, comerciante e estudante de administra<;ao, devido ao dumes

ue sente pelo marida, pais este costuma sair sem ela, fato que a deixa muito

e~osa. Considera-se uma pessoa muito sozinha e nao consegue convencer 0

arido de sua necessidade de estar perto dele, apenas quando chora e se

esespera gritando, atitude esta que resulta em C.B. chama-Ia de "Iouca" e de ser

lapessoa fraca.

A familia de origem de N.L. e composta pel a pai, agricultor e pela mae, do la.r,

ue moram em um sitio no interior do estado e por tres irmas. J.L. e a irma mals

elha, mora fora do pais, solteira e tem urn filho que mora com os pais de N.L. no

nterior. A.L. e a segunda filha, casada, do lar, com duas filhas, N.L. morou com ela

or sete anos e a considera sua segunda mae. E k.L. e a terceira filha, separada,

e~ filhos, professora, segundo N.L. ambas nao se gostam.

A familia de C.B., segundo relato de N.L., e composta pel0 pai, prefeito de uma

equena cidade no interior e pela mae, do lar. Ambos moram no interior e C.B. e

Ilho unico.

Nesta primeira sessa a foi realizado uma tecnica com N.L., onde foi solicitado

ara que a mesma ficasse de pe entre as terapeutas e fizesse movimento de jogar 0

orpo para frente e para tras para que fosse segurada , durante todo 0 tempo a N.L.

nao demonstrou resistencia, porem ap6s a dina mica ficou visivelmente emocionada

e chorou, disse ter muito medo de se entregar, mas quando se entrega apega-se

muito, abrindo mao de sua pr6pria vida.

Page 44: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

III

39

arefa - Convidar C.B. para a proxima sessao.

o sessao: 25/08/03) I Estavam presentes na sessao N.L. e C.B. que iniciou com 0 aquecimento

, ega-pedra" Nesta, apenas 0 casal brinca com a auxflio de uma pedra ende urn

s c6njuges permanece com a pedra em uma das maos aberta com a objetivo de

n-o deixar seu companheiro pegar, quando consegue pegar inverte-s9 as papeis.

i percebido que C.B. entregou faGil a pedra para N.L. e ela inicialmente nao

p rmite, porem acaba desistindo e entrega.

N.L.colocou nao estar conforiavel com a presenya do marido na sessao .

.B.relatou que 0 ciume de N.L. 0 incomoda muito, pois naQ pode fazer nada sem

e a, e acredita ser este 0 motivD do abafo no relacionamento. Frente a esta

c locagao, N.L. disse que ele nao da atenc;ao a ela, nao conversa quando chega em

c sa, que nao e a mesmo que era quando namorados, possui muitas amigas e as

t ta como se nao fosse um homem casado e isto a incomoda muito e eJa sempre

d z isto a ele. C.B. nao concorda e diz que N.L. fantasia multo as coisas e que ele

n olvai mudar a seu jeito de tratar as pessoas par causa de ciumes.

N.L. disse que C.B., por varias vezes, nao dormia em cas a no final de

s 1ana sem dar noticias. Frete a isto, C.B. justitica que ambos tem pontos de vista

uito diferentes, ele saiu de casa com 9 anos e acostumou-se a morar sozinho.

N.L. relatou que seu marido sempre foi um pouco "frio", nunca foi muito

a oroso e em certa ocasiao C.B., resolveu ir para casa dele sem dar explica<;6es e

N L. questionou esta decisao, mas C.B. nao respondeu, 0 que a deixou

e tremamente irritada e a fez dizer que nao aguentava mais e que havia decidido

v Itar a morar com os pais no interior. Tres dias antes de viajar N.L. ligou para C.B.

a isando que iria embora, porem no momenta de entrar no 6nibus, C. B. foi atras

dial na rodoviaria prometendo ser mais amoroso e gostaria que ela voJtasse para

fi arem juntos e N.L. acreditou na promessa e resolveu concordar.

Ap6s ter sido questionada sobre seus sentimentos com relac;ao a estar

s mpre soJicitando a presenc;a do marido por perto, N.L. disse estar muito cansada

d i~diferen<;a de C.B. e que pensa muito em dar um tim ao relacionamento.

T refa - cada um individual mente e sem a outro saber, relacionar '"0 que eu posso

fa er para me/horar 0 re/acionamento"

Page 45: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

1[13 s.ssao: 19/09/03

N L compareceu sozinha, sem a presenga de C 8 , Jusflflcando que havla saldo

,

Ito ceda de casa e que nao havla conversado com ele Quando questlonada

bre a tarefa, N.L. a realizou erroneamente, C01~cOUO. que ele deveria mudar,

n~o que ser mais amoroso, compreensivo e cannhoso e nao 0 que ela deveria

udar.Chorau muito durante toda a sessao, disse estar sofrendo e estar com urn grande

~

sejO de sair de casa (mostrou a mala) e que estava d.eCldida em dormir na casa de

I ma amiga. Relatou tarnbem estar muita preocupada, pois chora muito, nao tern

I ontade de tazer nada e que procurou uma ajuda medica, de urn elinico gera\ que

40

ua irma indicou e rece/tou fluoxetina, esta tornando a 3 semanas, porem nao sentiu

udanc;a.N.L. relatau um episodio que a deixou muito triste, C.B. voltou de uma viajem e

eifou sua mala sobre a cama, N.l. resolveu desarrumar a mala e viu uma camisa

uja de semen, pediu explicac;ao para 0 rnarido e este disse ter tido urn sonho

rotico e usou a camisa para limpar, ela nao acreditou no que ele disse.

Colocou tambem que hit aproximadamente duas semanas nao mantem relayao

exual com 0 marido, sempre com uma justificativa vinda dele de dor de cabec;a ou

Sl6mago, ou por ela ser muito nervosa, ele nao tem vontade. N.L. pediu para C.B.

erminar 0 relacionamento caso ele tivesse interessado em outra mulher, para nao

er mais "torturada" Disse que deseja muito nao gostar mais dele, acredita que

lanto mais ela 90sta, mais ele se "aproveita" dela. Pensa em morrer para acabar

com 0 sofrimento, mas nao comete suicidio porque diz saber que e errado e porque

gosta muito de seus pais. Concluiu que necessita ouvir urn "nao" para ter certeza

que nao da mais e que diante da indiferenc;a do marido acredita que indo embora

para casa de seus paiS ira sofrer menos.

Diante do relato foi orientada a nao tomar nenhuma decisao, pois percebeu-se

que esta multo insegura e em momentos de crise nada pode ser decidido. Foi

aconselhado tambem para continuar 0 tratamento medico e voltar na seman a

sr9uinte.

40 sessao: 06110103Chorando muito durante toda a sessao, N.l. afirma ter se separado de C.B.

definitivamente e esta morando na casa de sua irma AL., pois desde a ultima

Page 46: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

41

sessao relacionavam-se como amigos, nao mais como marido e mulher e

principalmente depois de ter ouvido ele di2er tudo 0 que disse na sessao em que

esteve la, N.L. resolveu pedif a separa<;3o. Porem depois de dais dias disse ter se

arrependido e resolveu ligar para G.B. para sairem juntos, mas C.B. nao aceitou.

Ap6s isto, relatau ficar inventando motivo para falar com C.B. pelo teJefone, mas

sempre sem nenhum sucesso.

Colocou que em sem ultimo relacionamento ocorreu a mesma coisa, pediu para

desmanchar a namoro, mas depois de alguns dias arrependeu-se e 0 outro parceiro

tarbem recusou-se voltar, porem logo esqueceu pois conheceu C.B.

I Apes ter sido questionada com rela<;ao a sua infancia, N.L. relatau que aDs doze

anos sofreu uma grande mudant;:a na sua vida, sentiu que a partir desta idade teria

que "caminhar com as pr6prias pernas", teve que se tornar adulta do dia para a

noite, como ir ao medico sozinha, pais antes estava acostumada a ter tudo

facilmente. Disse ser a filha cayula da familia e que suas irmas e que insistiam para

que a mae a deixa-se fazer as coisas e nao fazer par ela, pois ela tinha que

aprender. N.L. senti a que suas irmas tinham ciume dela por ser mais "adulada" pela

ae. Aos treze anos teve seu primeiro namorado e que nao era ciumenta.

Trouxe tambem a sessao, que sua mae era uma pessoa extremamente

iumenta como e ate os dias atuais, lembra-se claramente de uma festa de

niversario em que uma mulher tirou uma foto com 0 seu pai e ela ficou muito brava

culpou N.L. por nao estar "cuidando" do pai naquele momento.

Aos quinze anos disse ter tentado suicidio com a arma do cunhado, pais se

entia muito triste naquele dia sem saber 0 motivo e pegou a arma e apontou para a

abec;:a quando estava na sala com toda a sua familia presente. 0 cunhado tirou

apido de sua mao e comec;:ou a gritar com ela. Com isto, sua familia nao Ihe dirigiu

palavra por tres meses.

Ao final da sessao N.L. concluiu que seus relacionamentos amorosos sao a

epeti9ao da hist6ria de seus pais.

arefa - Procurar um psiquiatra para tratamento da depressao.

o sessao: 13/10/03

Ainda chorando muito, N.L. relatou ter ficado sem ligar para G.B. por quinze

ias, mas que isto estava sendo muito dificil, e que minutos antes de entrar para a

Page 47: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

42

sessao C.B. ligou no seu celular para pedir umas assinaturas em alguns documentos

e nao perguntou como ela estava, porem N.L. percebeu que C.B. estava 6timo pelo

tom de voz. Durante a semana, procurou sair com as amigas de noite, fcram a urn

jantar danyante, relatau que conversou com algumas pessoas, porem nao conseguiu

se divertir, 56 tinha vontade de chorar, naG parou de pensar em G.B. CoJocou que

em urn momenta sentiu algo que considera estranho, foi quando urn rapaz estava

conversando com ela, mas olhando para Dutra garcta, sentiu muito ciume me sma

sem gas tar dele e nunca 0 ter vista antes. Passou toda a sessao falando sabre seus

~ontos negativos como, par exemplo, nao conseguir tazer amigos, nao ser tao forte

e decidida como as irmas, etc.

rare~a - Chorar uma hora por dia, fodos os dias e convidar as irmas para a pr6xima

sessao.

60 sessao: 20/10/03

A/em de N.L., compareceram a sessao as irmas A.L., irma que N.L. mora junto

e k.L. irma que N.L.trabalha e faz faculdade junto.

A.L. tem oito anos de diferen9a cam N.L. e relatau que N.L. e muito

dependente, carente e que pergunta tudo, como por exemplo, ° que deve comer,

que remedia deve tomar, e disse acabar fazendo tudo para ela, nao deixando que

N.L. fa<;a as coisas par ela mesma. Disse fazer isto para que a irma nao passe pelas

mesmas dificuldades que ja passou em sua vida. Ate hoje, toda a familia chama pelo

seu nome no diminutiva, par parecer muito sensivel e indefesa. Colocou tambem

?ue N.L. sempre "foge" quando pressionada, quando tem que decidir algo que

depende apenas dela. Percebeu que N.L. sempre toma seu casamento como

modelo, porem acredita que nunca sera parecido, pais N.L. e C.B. tem

temperamentos extrema mente diferentes do seu e de seu marido.

K.L. trouxe que ela e N.L. sao os opostos, pois sempre resolveu seus

problemas, nao fica procurando agradar ninguem, nao chora, nao abra<;a. Acredita

que sua irma necessita ser mais forte, gostar mais dela mesma. Percebeu tambem

que N.L. necessita de aten<;8o somente para ela e se for dividir com alguem fica

triste, chora e vai para casa dos pais, onde consegue aten<;ao s6 para ela.

Page 48: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

43

No final da sessaa fo; pedido para que cada uma escrevesse 0 papel que

ada irma tem nesta familia, chegassem a um consenso e apresentassem: K.L. e 0

quiHbrio e a fOfy8, A.L. e a "mae" e N.L. e a carente.

7° sessao: 03111103Sorrindo, N.L. disse que C.B. vem ligando para ela com freqi.iencia,

alegando necessitar de assinatura, porem ate entao nao assinou nada. Nos

telefonemas C.B. pergunta sempre como ela esta e N.L. diz estar bern.

Reiatou tambem ter ficado doente, com gripe, e pediu ajuda da irma mais

velha A L. que S9 negou ajuda-Ia dizendo que a mesma poderia ir na farmacia

sozinha. Frente a isto, N.L. ligou para C.B. para pedir ajuda, alegando que nestes

aksuntos C. B. sempre foi muito carinhoso. Pelo telefone C.8. sugeriu alguns

remedios e disse que iria tigar para ela no dia seguinte. No outro dia N.L. nao

"desgrudou" do telefone ate que 0 mesmo ligasse. Marcaram de se ver rnais tarde e

que ele iria busca-Ia. Foram ate a casa onde os dois moravam juntos, 103

conversaram sobre 0 relacionamento e em urn momento C.B. disse que nao a amaraiS, mas gosta muito dela e que deseja reatar 0 casamento, mas com a condiyao

de poder fazer 0 que ele quiser, e que era para ela pensar. No dia seguinte C.B.

telefonou para saber se tinha melhorado da gripe e N.L. perguntou se ele gostaria de

saber sua resposta, fato que surpreendeu C.B. por ser muito cedo na sua opiniao e

a partirdisto N.L. resolveu nao falar nada. N.L. contou que chorou muito pelo fato de

C.B. apenas gostar dela.Na sessao ficou muito claro que N.L. tern urn discurso no passado, por

exemplo, se eu pudesse, se eu tivesse feito, etc., entao foi realizda a tecnica de

fassar frases do eu preeiso para eu eseolho, do eu nao posso para eu nao vou e do

jU tenho medo para 0 eu gostaria. Ao final da teeniea N.L. eoneluiu ser interessante

e que "desta maneira nao fica tao dificil"

Tarefa -Ievar 0 papel para casa e trocar os verbos no dia-a-dia.

Obs: Realizado urn re-centrato de mais cinco sessoes semanais, individual apenas

com 0 terapeuta.

Page 49: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

I

44

8' essao: 14/11/03Muito animada N.L. disse ter reatado 0 casamento com 0 marido, mesmo ele

di e~do que nao a amava mais. Relatou tambem estar muito feliz com a situa<;aO,

pr curando se arrumar mais, ficar mais bonita, disse tambem que nao brigaram nem

di cutiram mais.Nesta sessao N.L. fa\ou mUlto pouco sabre sua re\8<;20 com C.B., 0 enfoque

rr aior foi com rela<;ao a sua dependencia das pessoas, em todos os ambientes que

v e. Colocou que no trabalho depende de duas colegas para realizar projetos,

a egando que nao e eficiente e que suas colegas sao "atimas", na faculdade

epende de sua irma, pois disse ter problemas de dic<;ao, troca a letra R pelo G e

u1 irma sempre e quem faz os trabalhos, em casa depende do marido para tudo,

i elUSive flnanceiramen\e. Es\a dependencia a deixa angus\iada, por nao fazer nada

ozinha.Disse estar multo preocupada no trabalho, pais sua irma K.L. trabalha junto e

as duas es\aO sempre se desen\endendo, mas \odos vao contra N.L. dizendo que

ela esta trabalhando porque sua irma faz tudo para e\a. Nao sabe 0 que fazer com

rela(fao a ista e diz que 0 clima no trabalha esta multo ruim.

j, sessao: 21/11/03N.L. disse estar mais independente de C.B. e que 0 mesma havia sentido

ciume de N.L. na faculdade quando dois rapazes desconhecidos vieram falar com

ela e ela conversou com as mesmas, mas C.8. nao falou nada "apenas ficou quieta

com cara de bravo" (sic), mas disse q eu ;sto a de;xou muito feliz. Lembrou que

seu pai tinha ciume de sua mae quando outro homem olhava, sua mae sarna para

ela quando isto acontecia.Devido a crise ter diminuido e a cliente fatar sabre sua familia, foi uti!lzada a

tecnica do genograma.Foi iniciado pel as irmas, J.L, sexo feminino, 32 anos, e a irma mais velha,

mora fora do pais a 7 anos e tern um fi!ho que mora no Brasil com os pais de N.L.

Relatou que esta irma, durante os pnmeiros tres anoS que morava no exterior,

mandava dinheira para 0 filho e que segundo N.L. era muito dinheiro, "alga fora do

comum" (sic), e que depois disso parou. A familia !igava e ninguem atendia aos

telefonernas, ate que urn d;a chegou urna carta ande J.L. diz;a que havia sido presa

Page 50: ESTUDO DE CASO CLiNICO: DISFUN

II

45

p r trafleD de drag as, prisao esta inafian<;:avel e sem previsao para julgamento. Dizia

t mbem que era muito importante para ela reeeber cartas e visitas, pois ista contava

ontas para diminuir 0 periodo na prisao. Olante disto a familia ficou completamente

hdcada e N.L. nunca respondeu a carta, pois sentla medo do que havia acontecia,

f cou decepcionada com a irma e nao sentla vontade de escreve. Isto aconteceu a 4

nos atras e ela nunca escreveu.Quanto a A.l., sexo feminin~, 31 anos, casada e com dais filhos, N.L. a

onsidera sua segunda mae. Quando N.L. fez 18 anos, saiu da casa dos pais no

nterior e veia para Curitiba para morar com a irma e com 0 cunhado, que a

eceberam multo bern. N.L. admira muito as dais como casal, acha sua irma muito

onita e seu cunhado a trata muito bem, "parecem estar sempre apalxonados,

ostaria multo que comigo fosse assim" (sic).I K.L., sexo feminino, 28 anos, separada, e a irma que N.L. disse ter menos

aflnidade, "ela e muito grossa, mau humorada, sempre teve ciume de mim" N.L.

disse que quando nasceu, K.L. deu um tapa no seu rosto e que quando sua mae viu

deu um tapa no rosto de K.L. para que mesma nao fizesse mais isto. As outras

irmas sempre cuidaram dela menos K.L. que sempre dizia para a mae nao deixar

N.L. sair para danc;ar a noite por ser muito "burra e pode acabar fazendo

besteira"(sic).Quanta ao pal, Y.P., 54 anos, agricultor, e muito compreensivo com a ciume

da mae, sempre multo atencioso e carinhoso com todas as filhas, sempre que

precisa N.L. disse contar com ele.Quando solicitado os irmaos de Y.P., N.L. disse nao conhecer a familia do pal

e que a mesmo nunca fala sobre isto. Nao sabe quantos irmaos 0 pai tem e nem se

tem avos vivos, devido a um rompimento que tiveram quando Y.P. resolveu casar

com sua mae. N.L. disse que e muito dificil talar sabre isto, pais tudo e muito

confuso para ela, pais seus pais nao gostam que fique perguntando sobre suas

lamilias de origem, "mas acredito que agora e a hora de dizer tudo que sei" (sic).

Y.P., aos 22 anos conheceu sua mae em um prostibulo, no qual M.O., mae de N.L.

era prostituta. Y.P. ficou apaixonado pel a garota que havia feito programa com ele e

comec;ou a ir ao local todos os dias, ate que, apos 2 seman as, resolveu tira-Ia do

local e foi se casar com a mesma no civil, sem que seus pais soubessem. Quando

foram falar com as pais de Y.P., surpreendeu-se com a reac;ao da familia que 0