Etica e Exercicio de Cidadania, o Papel Da AP

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8º Congresso Nacional de Administração Pública – 2011 | Página 168 ÉTICA E EXERCÍCIO DE CIDADANIA: O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Olinda Rio Resumo: No presente artigo pretende-se fazer uma análise crítica sobre a relação entre Ética e exercício de Cidadania convocando para a mesma o papel da Administração Pública, visando lançar a reflexão e o debate sobre este tema, neste 8º Congresso dedicado à reflexão conjunta de dirigentes, técnicos, académicos e estudantes sobre temas fundamentais e actuais do Estado, da administração e das políticas públicas. Não sendo especialista nesta área de investigação, é na qualidade de técnica superior do Ministério da Educação e membro do grupo de acompanhamento do Projecto ECD-DH (Educação para a Cidadania e Direitos Humanos) do Conselho da Europa que me apresento para tecer alguns considerandos sobre o assunto em evidência. Sintetizo, num primeiro momento, os aspetos que julgo mais relevantes no estudo e reflexão efetuados por alguns autores nacionais e estrangeiros, que referencio, acrescentando como complemento uma leitura de outras fontes legais e doutrinárias, bem como pela exposição do meu ponto de vista, com base na minha experiência pessoal e profissional. Este trabalho focar-se-á: na especificidade da Ética da Administração Pública, nomeadamente nos novos riscos éticos face a um novo paradigma administrativo e na sua relação com o revisitado conceito de responsabilidade; na Ética em organizações internacionais e na AP de alguns países com tradição democrática; no caso da Administração Pública Portuguesa; na relação entre Modernização e exercício de Cidadania; na análise da Descentralização territorial e administrativa, aqui considerada como pilar da própria Democracia; na análise da importância da Liderança, Motivação e Resiliência na gestão das organizações e das pessoas. Nuvem Ética Cidadania Administração Pública (AP) Confiança Responsabilidade Liderança Descentralização Participação Sociedade Governança Estado Cidadão Poder qualidade Exercício do Poder legitimidade Democracia estratégia serviço público visão valores futuro inovação criatividade desburocratização organização informação comunicação saber gestão funcionários prioridades transparência valorização política emprego público boas práticas política conflito de interesses OCDE Conselho da Europa ONU

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    TICA E EXERCCIO DE CIDADANIA:

    O PAPEL DA ADMINISTRAO PBLICA

    Olinda Rio

    Resumo:

    No presente artigo pretende-se fazer uma anlise crtica sobre a relao entre tica e exerccio de Cidadania convocando para a mesma o papel da Administrao Pblica, visando lanar a reflexo e o debate sobre este tema, neste 8 Congresso dedicado reflexo conjunta de dirigentes, tcnicos, acadmicos e estudantes sobre temas fundamentais e actuais do Estado, da administrao e das polticas pblicas.

    No sendo especialista nesta rea de investigao, na qualidade de tcnica superior do Ministrio da Educao e membro do grupo de acompanhamento do Projecto ECD-DH (Educao para a Cidadania e Direitos Humanos) do Conselho da Europa que me apresento para tecer alguns considerandos sobre o assunto em evidncia.

    Sintetizo, num primeiro momento, os aspetos que julgo mais relevantes no estudo e reflexo efetuados por alguns autores nacionais e estrangeiros, que referencio, acrescentando como complemento uma leitura de outras fontes legais e doutrinrias, bem como pela exposio do meu ponto de vista, com base na minha experincia pessoal e profissional.

    Este trabalho focar-se-: na especificidade da tica da Administrao Pblica, nomeadamente nos novos riscos ticos face a um novo paradigma administrativo e na sua relao com o revisitado conceito de responsabilidade; na tica em organizaes internacionais e na AP de alguns pases com tradio democrtica; no caso da Administrao Pblica Portuguesa; na relao entre Modernizao e exerccio de Cidadania; na anlise da Descentralizao territorial e administrativa, aqui considerada como pilar da prpria Democracia; na anlise da importncia da Liderana, Motivao e Resilincia na gesto das organizaes e das pessoas.

    Nuvem

    tica Cidadania Administrao Pblica (AP) Confiana Responsabilidade Liderana Descentralizao Participao Sociedade Governana Estado Cidado Poder qualidade Exerccio do Poder legitimidade Democracia estratgia servio pblico viso valores futuro inovao criatividade desburocratizao organizao informao comunicao saber gesto funcionrios prioridades transparncia valorizao poltica emprego pblico boas prticas poltica conflito de interesses OCDE Conselho da Europa ONU

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    Introduo

    Os cidados tm cada vez menos confiana nas instituies. A AP um sistema mal compreendido e complexo. Para muitos algo distante mas que, ao mesmo tempo, se intromete demasiado e com a qual tem que conviver. A mudana exige um envolvimento responsvel e activo, mas tambm inovao. O governo d lugar governao, que coloca a tnica na cidadania redefinindo fronteiras entre o Estado e a Sociedade, sendo valorizada a participao activa desta para enfrentar os desafios da governao, nomeadamente a legitimao do poder das autoridades pblicas. Os governos tomam conscincia de que no podem conduzir e implementar polticas, por muito boas que sejam, se os cidados no as entenderem e apoiarem. necessrio talento, criatividade, esforo e empenho da Administrao Central, da Administrao Regional, da Administrao Local, dos cidados e das empresas, sem medo, sem mas, para encontrar solues adequadas aos novos desafios. Os portugueses so criativos, sabem o que seria bom fazer, mas, normalmente, no fazem, no do o passo seguinte: agir. A AP deve dar resposta s expectativas dos cidados em termos da participao activa que no fundo desejam. A questo reside em tornar mais aberto o seu funcionamento. Tornar-se num instrumento ao seu servio e no no seu encalo.

    As administraes pblicas transformaram-se nas ltimas dcadas em gigantescas mquinas complexas, intervindo em todo o quotidiano dos cidados e das empresas. Esta omnipresena do aparelho administrativo tem motivado o interesse de estudiosos e investigadores de administrao pblica, com vista a um adequado acolhimento e atendimento, informaes claras e completas, rapidez de solues de apoio e no travo a iniciativas respeito pelos dinheiros do contribuinte, transparncia de processos.(Quadros, 2008)

    As organizaes internacionais e os estados convergem no sentido da promoo de comportamentos correctos por parte no s dos agentes do servio pblico, mas tambm dos agentes polticos. Nestes, destaca-se a importncia do sentido da responsabilidade. uma das qualidades mais significativas de um poltico, faz parte da tica poltica e devia ser manifesto na sua aco e nas respetivas demonstraes comportamentais. Muito dificilmente a administrao e o cidado comum tero um comportamento tico e responsvel num ambiente de desresponsabilizao poltica.

    Factores culturais, polticos, jurdicos, judiciais, administrativos concorrem no apoio a estes comportamentos. So estes aspectos da gesto da administrao pblica relacionados com a conduta individual e colectiva dos agentes pblicos que abordaremos neste trabalho.

    tica, responsabilidade e cidadania na Administrao Pblica.

    Em formulao simples, a tica consiste em discernir o que certo do que errado e agir de acordo com o que correcto. Compreende o compromisso pessoal consigo e com os outros. A tica um convite liberdade e responsabilidade das pessoas. Aprende-se e transmitida pela cultura, pelos valores dominantes da sociedade.

    A Administrao Pblica o complexo de organizaes do estado para a satisfao de necessidades coletivas. Ao dispor do Executivo como instrumento para a realizao das funes do Estado, a Administrao tem evoludo com a mudana daquelas necessidades, diferenciando-

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    se as respectivas organizaes por suas especficas misses e por diferente relao com o poder poltico.

    As misses do Estado conheceram um considervel alargamento sobretudo a partir de meados do sculo passado, com a passagem de um modelo no intervencionista para o de Estado produtor e de Estado de bem-estar social. Esta profunda mudana de modelo de Estado implicou inovao organizacional face ao paradigma administrativo anterior. De uma mquina exgua para um aparelho gigantesco e diversificado, omnipresente em toda a vida quotidiana (Quadros, 2008).

    As organizaes pblicas actuam normalmente em situao de monoplio, sujeitas ao controlo de polticos eleitos, esto vinculadas a uma responsabilidade relacionada com o interesse pblico e o bem comum. As questes ticas assumem, assim, no sector pblico, uma maior exigncia quanto ao contexto tico, com referncia a valores e no com base em argumentos de exclusiva natureza tcnica ou econmica.

    A tica da Administrao Pblica orientada para o servio pblico, deve ser suportada por comportamentos congruentes com o interesse geral. O primado do interesse pblico impe aos funcionrios uma pluralidade de deveres como o dever de neutralidade; o dever de legalidade; justia e imparcialidade; igualdade; proporcionalidade; colaborao e boa f; informao e qualidade, lealdade; integridade; competncia e responsabilidade, deveres estes preconizados na Carta tica da Administrao Pblica (1989) e em muitos outros instrumentos do foro jridico e administrativo, como veremos adiante.

    Organizaes internacionais, empresas e profissionais adoptam cdigos de conduta e deontolgicos, declaraes e convenes, ao lado da misso e viso dos seus organismos.

    Esta necessidade de declarar princpios ticos parece radicar, por um lado no facto do comportamento tico no ser instintivo; por outro lado, a globalizao exponencia os malefcios dos comportamentos anti-ticos, nomeadamente na manuteno da pobreza e subdesenvolvimento e na promoo de desigualdades.

    Niklas Luhmann perguntou-se porque que o indivduo seria honesto no escuro. Porque ele assim o deseja ou porque h regras e procedimentos de controlo dos comportamentos? (Luhmann, 1989). Esta questo serve de ponto de partida a Juan Mozzicafreddo para uma reflexo sobre a responsabilidade e a tica no funcionamento dos sistemas administrativos e polticos, no seu texto A Responsabilidade e a Cidadania na Administrao Pblica.

    Citando Mozzicafreddo (2003), uma prtica administrativa e poltica, alheada das exigncias dos cidados em matrias de responsabilidade face utilizao dos recursos pblicos (menosprezando os programa de accountability, ou seja, a obrigao de responder pelos actos e pelos resultados), face s decises vinculantes que afectam os indivduos e face aos riscos e incertezas da sociedade, aprofunda o dfice de legitimidade e desempenho dos sistemas administrativo e poltico. Neste sentido, o conceito de responsabilidade, que, no nosso entender, vai alm da noo de accountability, constitui um dos fundamentos contratuais da vida em sociedade e da confiana nas instituies polticas e administrativas. O conceito de responsabilidade assegura o princpio tanto da utilizao e prestao de contas dos recursos pblicos e da autoridade poltica e administrativa, como o princpio de precauo e segurana das sociedades cada vez mais complexas".

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    Neste texto trata-se a responsabilidade enquanto conceito que abrange o funcionamento do sistema administrativo, bem como a confiana dos cidados na administrao e no governo. So abordadas trs dimenses da responsabilidade correspondendo s trs dimenses do cidado (contribuinte, eleitor e elemento participante da sociedade):

    i) Organizacional: relacionada com as virtualidades e as limitaes da accountability. Uma forma de controlo dos abusos na utilizao dos recursos pblicos ao criar a obrigao de responder pelos resultados, a obrigao de prestar contas pelos actos praticados e o dever de reparar as suas consequncias negativas de maus actos do governo e da administrao:

    ii) Institucional: entendida como responsabilidade poltica e administrativa face aos direitos dos cidados implica conciliao entre eficincia e justia nos actos de administrao e de governo da sociedade

    iii) Contratual: categoria da responsabilidade constitutiva da democracia e da governao numa fase de sociedade de risco. O Estado Social de Direito, ao poder e liberdade, acrescentou a responsabilidade.

    Concluindo, a responsabilidade poltica e administrativa, e a tica profissional so elementos fundamentais na produo de confiana dos cidados. Sem confiana nos procedimentos e nos processos no haver adeso dos indivduos aos mesmos (Mozzicafreddo, 2003).

    A tica em organizaes internacionais e na AP de alguns pases com tradio democrtica

    O risco de confuso entre interesse geral e interesses particulares acentuou-se recentemente nas administraes do ocidente.

    Os governantes colocam as questes da tica em posio cimeira porque os cidados reclamam responsabilizao, prestao de contas pblicas, correta gesto dos dinheiros do contribuinte; uma opinio pblica cada vez mais atenta e consciente da sua cidadania, informada pela opinio publicada dada a liberdade e pluralismo dos Media.

    Haver, certamente, lies a retirar de experincias internacionais. Diferentes organizaes, desde a ONU Organizao das Naes Unidas OCDE - Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico - e ao Conselho da Europa tm sentido a necessidade de elaborar cdigos de conduta do servio pblico. Para alm da conveno de 2003, a ONU estabelecera j, em 1997, uma srie de princpios directores para a tica no servio pblico que visam a incorporao dos valores ticos no comportamento profissional dos funcionrios. A OCDE, em 1998, Princpios da tica do Servio Pblico, continuando, atravs do Comit de Gesto Pblica (PUMA) a desenvolver trabalhos de orientao e apoio a iniciativas dos Estados Membros. A actividade pedaggica e de benchmarking da OCDE, no se tem limitado administrao direta do Estado, alargando o seu campo de estudo ao setor empresarial do Estado e das empresas multinacionais.

    Tambm o Conselho da Europa, "sublinhando que a corrupo constitui uma ameaa para o Estado de direito, a democracia e os direitos do homem, mina os princpios de boa administrao, de equidade e de justia social, falseia a concorrncia, entrava o desenvolvimento econmico e faz perigar a estabilidade das instituies democrticas e os fundamentos morais da sociedade", aprovou em 1999 uma Conveno sobre corrupo que Portugal ratificou (Quadros, 2008).

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    Os Estados tm aderido s orientaes destas organizaes internacionais e tm adotado outras medidas de promoo da tica no servio pblico de acordo com a sua esfera prpria de competncia. Vejam-se alguns exemplos evidenciados por Quadros (2008):

    i)No Reino Unido, o relatrio Nolan prope-se restaurar o padres de conduta na vida pblica que a sociedade tem direito de esperar, bem como, promover poltica de transparncia, que permita aos cidados verificar que as suas expectativas esto a ser atendidas;

    ii)Na Holanda, a interferncia dos polticos na gesto da carreira dos funcionrios considerada um abuso de poder, uma prtica anti-tica e ilegal;

    iii)Na Austrlia, documentos oficiais estabelecem padres de conduta tica no servio pblico. O principal deles Guidelines on Official Conduct of Commonwealth Public Servants objecto de reviso peridica, com vista a mant-lo actualizado face ao contexto da cultura e da cidadania. Por outro lado, o Public Service Act d forma de lei a todo um conjunto de valores ticos e a um cdigo de conduta da funo pblica.Avulta ainda no sistema australiano a Public Service and Merit Protection Commission, agncia especialmente encarregada da manuteno e vigilncia dos padres ticos da Administrao;

    iv)Nos EUA, o problema da tica no servio pblico aparece ligado confiana dos cidados na integridade dos agentes pblicos. Preocupam-se especialmente com as questes de conflitos de interesses e de preveno da corrupo. Os mecanismos de controlo de prestao de contas so definidos pelo Administrive Procedure Act o Office of Government Ethics, agncia responsvel pelas questes ticas no mbito do executivo.

    O caso da Administrao Pblica Portuguesa

    Face a um novo contexto administrativo e mudana de paradigma das administraes hodiernas em que emergem novos riscos ticos, considerando ainda o contexto de globalizao, a integrao em instituies europeias e a perspectiva permanente que a internacionalizao impe ao futuro, como se posiciona a Administrao Pblica Portuguesa?

    Uma primeira abordagem ao tema, Deontologia e tica do Servio Pblico, da iniciativa do SMA Secretariado para a Modernizao Administrativa.Ao servio do pblico j era a mensagem do SMA em 1988. Mais do que proibir comportamentos ou paut-los rigidamente por cannes pr-estabelecidos deseja-se que a funo pblica [] se afirme como organizao ao servio dos seus utentes. (Figueiredo, 1988). Embora o lxico fosse o da poca, os fundamentos eram muito interessantes e actuais. Chamar o tema a reflexo do meio administrativo e da sociedade envolvente foi em si inovador. Citando Figueiredo (1998) tica implica que em determinadas situaes possa haver uma inverso de valores: em determinadas circunstncias pode justificar-se um comportamento (aparentemente) menos elevado mas mais urgente (utilizando um conhecido provrbio chins dir-se- que se algum pedir um peixe a algum, este deve dar-lhe em primeiro lugar o peixe, se ele tiver fome, e s de seguida ensinar a pescar). O que queremos dizer que a aco administrativa no pode estar em todos os pormenores, sujeita s exigncias da legalidade. No uma prtica mecnica de actos impostos, previstos pela lei. Se assim fosse, no existiria nem liberdade de apreciao, nem iniciativa. O que um facto que a realidade exige uma adaptao sistemtica a circunstncias particulares e notveis que a norma jurdica no pode prever. A AP tem que procurar uma posio de equilbrio entre uma atitude passiva e demasiada

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    abertura ao exerccio de poderes discricionrios. precisamente no exerccio de poderes discricionrios que necessria uma tica dos funcionrios. Espera-se, que a aco daqueles que detm, ao nvel da AP, uma parte dos poderes pblicos reflita certos valores fundamentais existentes na sociedade (Figueiredo, 1988).

    O pas enfrenta uma crise grave no s do ponto de vista econmico, poltico e social, mas tambm de mbito moral. Os ltimos anos acentuaram uma forte eroso de valores e de princpios, em que emergiram as consequncias da diluio das fronteiras entre o bem e o mal.

    A tica, para alguns, no passa de uma espcie de uma porosa "pedra-pomes". Isso notrio, segundo Bago Flix (2011) na deficiente conjugao entre direitos e deveres, no enfraquecimento do sentido de responsabilidade, na rarefaco da decncia, autenticidade e exactido, na desvalorizao do valor da verdade, na volatilizao da respeitabilidade pelo esforo, mrito e experincia, substituda pelo prmio da esperteza, amiguismo e oportunismo.

    No entanto, o aumento da literacia e das habilitaes favorece uma tendncia para o aumento da participao social e da cidadania activa. Para alm disso, a honra, a palavra dada, o compromisso, a honestidade, a lealdade, o respeito, a solidariedade, a probidade, so valores tradicionais na ambincia cultural portuguesa que preciso manter e reforar.

    Ao contrrio do referido por alguns autores, e do que advm do senso comum, o contexto cultural portugus propcio a altos padres ticos considerando a tradio e at a envolvente catlica.

    O nosso sistema jurdico e administrativo , no entanto, prdigo em legislao e normativos tendentes a dissuadir comportamentos desviantes (o que evoca a celebra frase de Tcito: quanto mais corrupta a Repblica mais numerosas so as leis).

    Desde a Constituio da Repblica Portuguesa, enunciadora dos princpios fundamentais para a prossecuo do interesse pblico) ao Cdigo de Procedimento Administrativo (CPA) com a proclamao dos valores da legalidade e a especificao dos aspectos procedimentais inerentes, bem como a regulao de conflitos de interesses institudas por diferentes diplomas, o Estatuto Disciplinar para os Trabalhadores que exercem Funes Pblicas, o Cdigo Penal (que tipifica os crimes de corrupo, abuso de poder, trfico de influncias, peculato, participao econmica em negcio, suborno e concusso), so como elementos do sistema administrativo teoricamente sustentadores de cdigos de tica. No obstante para o sistema administrativo existirem estes normativos e outras declaraes de princpios como base dos valores ticos (como a Carta de tica da Administrao Pblica 1989, ou a Carta Deontolgica do Servio Pblico, 1993), falta aprofundar as estratgias de formao e de gesto das organizaes e das pessoas. Efetivamente, Carla Madeira (2009) afirma no se registarem cursos de formao, nem inicial, nem de qualificao ou reciclagem, sob o enfoque dos valores ticos, em todo o sistema pblico de formao da Administrao Pblica. Por outro lado, citando Madeira (2009), sendo certo que algumas formaes superiores profissionalizantes incluem unidades curriculares de tica nos respectivos planos de estudos caso por exemplo da Enfermagem em perto de uma dzia de licenciaturas em Administrao Pblica a tica no entra autonomamente nos respectivos curricula.

    No que diz respeito Gesto das organizaes e das pessoas, relevam particularmente a questo da transparncia de actos e procedimentos, os concursos pblicos centralizados de ingresso e acesso nas carreiras e o novo modelo de avaliao, que permite solues alheias ao mrito por opo gestionria. Acresce que os dirigentes superiores so de livre escolha do poder poltico, mecanismo que se presta a contemplar lealdades estranhas ao interesse geral.

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    H, por vezes, tendncia a confundir regras ticas com aquelas que tm formulao jurdica. Ora a tica distinta do direito, que alis o precede ontologicamente. Como bem observa Joo Caupers, " o direito, podendo recobrir as exigncias ticas, no as torna indispensveis: entre a tica e o direito a relao de complementaridade, no de absoro, nem de eliminao, uma vez que a tica tem a ver com a "liberdade interna" a liberdade de querer dos agentes da administrao pblica, ao passo que o direito regula a "liberdade externa" ou relacional" (Caupers: 2002).

    Sem descurar a jurisdicializao da tica, o caminho deve privilegiar a responsabilidade - O declnio da responsabilidade pelos actos de administrao e de governao, est na base do aumento da jurisdizao da sociedade e das expectativas de responsabilidade penal e administrativa dos actos decisrios (Mozzicafreddo, 2008)- e a preveno: a criao de uma envolvente favorvel na sociedade, atravs da formao em valores e atitudes ticas; o exemplo poltico e dos dirigentes da AP; a promoo da cidadania, atravs nomeadamente da participao; a desburocratizao e a simplificao de procedimentos; uma atitude de criatividade e inovao que promova a confiana.

    A legitimidade democrtica refora-se pelo exerccio do poder; a confiana dos cidados refora-se pela convico de que aqueles que so legtimos titulares do poder poltico exercem as suas funes no exclusivo interesse pblico, constituindo-se como exemplos de conduta tica impoluta, acima de qualquer suspeita. A promiscuidade entre a poltica e os negcios privados, a poltica e o futebol, a poltica e os interesses pessoais cria uma imagem negativa que mina a confiana dos cidados e desincentiva comportamentos ticos por parte da AP (Quadros, 2008)

    Modernizao e exerccio de Cidadania

    Com a crescente complexidade da sociedade a Administrao Pblica passou a gerir uma srie de actividades e servios, deixando de limitar-se mera prtica de actos administrativos.

    O modelo burocrtico da AP bloqueia a iniciativa dos funcionrios a um nvel individual, bem assim como a participao dos cidados nas decises.

    Nas ltimas duas dcadas do sculo XX, vrios pases, adoptaram reformas no sector pblico.

    A modernizao da Administrao Pblica essencial e passa por medidas concretas para a mobilizao para a participao e a cidadania activa. Aprofundar a cidadania deve ser um dos desafios das sociedades contemporneas.

    O conceito de cidadania, nas sociedades modernas, tem origem na ideia de que os indivduos so membros da comunidade poltica, tendo capacidades, em termos legais, para participar no exerccio do poder poltico atravs, nomeadamente, dos procedimentos eleitorais. Os indivduos adquirem essa capacidade formal no momento em que so sujeitos de atribuio do estatuto legal enquanto entidades individuais em que se divide e constitui a sociedade. O alargamento da categoria de cidado, atravs da estrutura social, significa que todos os indivduos, enquanto cidados, so iguais perante a lei (Mozzicafreddo, 1997).

    Citando Mozzicafreddo (2003), A cidadania, como matriz de integrao social e sistmica, percorre cada uma das trs dimenses do cidado, como contribuinte, como eleitor e como partcipe da sociedade. A categoria de cidadania, operando como mediadora entre os indivduos e as estruturas sociais, constitui-se como uma forma especial de organizar o espao poltico e onde assentam a

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    diferenciao, a integrao, as tenses e as orientaes sociais e organizacionais da vida colectiva em democracia.

    O baixo nvel de literacia ainda verificado na populao portuguesa constitui um forte obstculo ao envolvimento dos cidados nos assuntos pblicos.

    A Educao sobejamente reconhecida como um pilar de Cidadania. Da a sua importncia para desenvolver os conhecimentos, atitudes e competncias essenciais para se ser cidado.

    , sobretudo, atravs da Educao que formamos conscincias, construmos personalidades e preparamos cidados capazes de perspectivar o futuro e participar na sua construo. Comea no pr-escolar e tem nas instituies de ensino superior consignatrios de valores, atitudes, e, acima de tudo, fortes indutores de desgnios universais, ajudando a formar pessoas, a dar-lhes mundo.

    O Projecto ECD-DH, do Conselho da Europa, no qual participo, visa preparar jovens e adultos dos pases membros para serem cidados activos, informados, responsveis, capazes de contribuir de forma construtiva e saudvel para uma sociedade livre, justa e democrtica. Os desafios e inquietaes do mundo actual no se compadecem com ignorncia e amadorismo. necessrio dotar os jovens e adultos com as ferramentas necessrias para poderem exercer, civicamente, o seu papel democrtico nas comunidades onde esto inseridos, nas sociedades em que esto integrados e numa Europa onde queremos ver promovidas a coeso social, a igualdade e o dilogo intercultural. (Rio, Olinda 2010)

    O Estado-nao convive hoje com formas de globalizao e de poderes supranacionais que torna cada vez mais necessria uma proximidade das instituies aos cidados. Os cidados da actual sociedade no pretendem resumir a sua participao ao acto eleitoral, mas desejam contribuir no dia-a-dia para a resoluo dos problemas que os afectam, desenvolvendo uma cidadania activa (Corte-Real, 2003b).

    Uma Administrao Pblica moderna uma administrao receptiva, que no encara os cidados apenas como votantes, contribuintes ou consumidores, mas sim como cidados activos com direitos e obrigaes, a quem a administrao se abre para que possam intervir no processo de gesto pblica. Na gesto da vida econmica, social, poltica e cultural. No s adquirem a capacidade de influenciar os resultados das polticas pblicas, como so co-responsveis pelas mesmas.

    Para que essa participao se concretize tero que existir mecanismos de envolvimento dos cidados nas polticas pblicas, que levem os cidados a apostar no desenvolvimento da sua participao cvica.

    As tecnologias da informao e da comunicao (TIC) so um importante instrumento para o incremento da participao dos cidados na vida pblica e para a modernizao da Administrao Pblica. Estas ferramentas permitem criar mecanismos mais compatveis com a vida preenchida dos cidados modernos. Todos os pases da OCDE as consideram um potencial a aprofundar na gesto das organizaes. Ora se as inovaes tecnolgicas adquiriram um papel primordial na modernizao da Administrao Pblica, um imperativo da democracia de proximidade, a administrao assume-se, nesta perspetiva, como catalisador, facilitador da participao, desenvolvendo o exerccio da cidadania (Gomes, 2001).

    Todavia, em muitos cenrios, as TIC tm sido utilizadas como instrumentos para controlar funcionrios e utilizadores, mais do que para efeitos de racionalizao, modernizao ou melhoria

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    da comunicao na Administrao Pblica, dando primazia ao cidado utente. Nos ltimos anos, o Estado portugus desencadeou diversas polticas pblicas que conduziram a um forte crescimento do setor das TIC. Diga-se que este investimento foi muitas vezes disperso, repetitivo e fundamentalmente oneroso, sendo mais o que complica do que o que simplifica no uso quotidiano dos cidados e funcionrios.

    A Internet devia potenciar novas oportunidades de participao e facilitar contactos entre pessoas e instituies. Fomentar o controlo, em nome da boa gesto, invadindo a privacidade de alguns mais incautos e inbeis por parte de pequenos tiranos que dominam as mquinas eticamente reprovvel.

    A minha formao especializada em Cincias Documentais e a minha experincia profissional, faz-me ser extraordinariamente sensvel s questes da Normalizao. A Web (pginas, plataformas) devem ser normalizadas, no sentido de uma simplificao que potencie a acessibilidade tanto dos cidados/funcionrios como dos cidados/ utilizadores, que permita a massificao da sua utilizao.

    Tambm a comunicao pblica se assume como um meio estratgico para aproximar a Administrao Pblica dos cidados. Cabe comunicao pblica dar a conhecer os servios prestados pela administrao colectividade, conferindo lhe visibilidade, e criando uma imagem positiva e credvel da sua actuao.

    Torna-se fundamental melhorar os canais internos e externos de comunicao, formal e informal, promovendo uma comunicao em todas as direes.

    importante produzir e disponibilizar informao de qualidade, organizada na perspectiva dos cidados, horizontal e integrada, simples, que fornea elementos concretos, adaptada ao perfil dos diferentes destinatrios; educar os cidados sobre a importncia da reforma, melhorando, assim, a qualidade da participao cvica; utilizar a comunicao de forma pr-activa e no s como resposta a crises ou presses de cidados insatisfeitos, mas tambm para obter feedback em relao s medidas tomadas, ou a tomar, legitimando assim a aco da administrao. O cidado s tende em participar quando sente que o seu envolvimento ter influncia nos assuntos em debate (Gomes, 2003).

    Assim, a comunicao pblica permite desenvolver uma tica de responsabilidade pelo bem comum partilhada por todos os destinatrios da actividade administrativa, levando-os a participar mais e melhor na gesto dos assuntos pblicos. O xito da mudana depende, assim, da capacidade de estabelecer uma relao de comunicao com o maior nmero de actores envolvidos e por recorrer a mltiplos canais de comunicao, desde o atendimento pessoal at comunicao electrnica, dando aos cidados a possibilidade de escolha dos mesmos (Gomes, 2001).

    A comunicao pblica deve ter em considerao a comunicao social, uma vez que os mdia so uma das principais fontes de difuso de informao pblica, sendo uma forma de a administrao se relacionar com os cidados, e ter em ateno os polticos, pois comunicao pblica e comunicao poltica tm papis distintos, mas complementares, uma vez que a ltima fundamental para garantir a adeso s reformas (Gomes, 2001).

    As instituies da cidadania emergiram dentro dos Estados-nao ocidentais em estreita ligao com o conceito de democracia.

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    Estas Instituies so garantes do sistema educativo, do sistema de sade e dos servios sociais. Estes ltimos garantem ao indivduo um determinado nvel de bem-estar material que lhe permite exercer os seus direitos civis e polticos. O elemento social da cidadania refere-se s possibilidades de atribuio de recursos e capacidades necessrias ao exerccio desses direitos.

    A instituio de mecanismos de participao dos cidados na Administrao Pblica passa por uma adequao das respostas administrativas s especificidades dos problemas colocados, pela simplificao administrativa de procedimentos, de linguagem, de acessibilidade, constitudos como direitos de cidadania relacionados com a AP que, ao mesmo tempo fomentam a responsabilizao dos agentes da AP.

    O cidado adquire, assim, a capacidade de influenciar o diagnstico, a deciso e a aplicao das medidas administrativas. Alm disso, aprofunda-se a democracia e a equidade social das medidas de administrao e regulao da vida quotidiana.

    Estas transformaes nas relaes da administrao com os cidados podem ser vistas como um alargamento dos seus direitos numa democracia moderna. (Dreyfus,1999)

    As tradicionais relaes verticais do Estado-nao, deram lugar s relaes horizontais da governao, em que o Estado partilha o seu poder e age em parceria com outros interlocutores, mantendo a sua posio central apenas para coordenar, mediar e negociar os interesses dos diferentes actores que colocam os seus recursos, as suas capacidades e os seus projectos, numa rede comum e partilham deveres e responsabilidades. Uma relao contratual entre a sociedade e o governo, tendo como objectivo melhorar a eficcia e a eficincia do servio prestado, assim como a legitimao do exerccio do poder.

    Trata-se de governao centrada nos cidados. o conjunto de prticas governamentais que encorajam de forma permanente o exerccio da cidadania plena e as suas responsabilidades, em que a Administrao Pblica estabelece novas bases e processos de envolvimento dos cidados na vida pblica entre os perodos eleitorais. Um conceito caracterizado pelo exerccio de poderes e responsabilidades nas polticas pblicas no contexto de governao do dia-a-dia atravs da participao cvica. (Fonseca, 2003).

    Neste sentido, Mozzicafreddo (2001a) afirma que a melhoria do funcionamento da Administrao Pblica e a mudana de atitude dos cidados em relao causa pblica, assentam sobretudo na implementao de estruturas de insero dos cidados e de abertura do funcionamento da administrao aos cidados atravs da implementao de mecanismos para o seu envolvimento.

    Os mecanismos de participao adoptados pela OCDE traduzem trs nveis de participao e formas de relacionamento entre o governo e os cidados: INFORMAO, a administrao produz e entrega informao aos cidados que leva tomada de conscincia pblica (public awareness); CONSULTA, os cidados fornecem feedback sobre um determinado tema, h um envolvimento pblico (public involvement); PARTICIPAO ACTIVA (public participation), envolvimento dos cidados mais ambicioso, implica o planeamento conjunto, a delegao democrtica de poder e a liderana partilhada. Gera opes de poltica e aceitao por parte dos cidados de um maior grau de responsabilidade (Fonseca, 2003).

    A importncia de encarar o cidado como partcipe da governao remete para um tema de grande actualidade para todas as organizaes, os UGC (User-Generated Content), contedos produzidos por qualquer um de ns nos mais variados contextos, ao servio das mais diversas reas .No

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    passado dia 14 de Setembro de 2011, decorreu, no INA, a conferncia europeia "A User-Generated Conference". A CONCEDE - Content Creation /Excellence through Dialogue in Education - trouxe a Portugal especialistas internacionais para discutir como esto a ser utilizados os UGC na aprendizagem. Como pode a sua qualidade ser melhorada? Quais as polticas a adoptar para melhorar a sua qualidade e quantidade e a sua utilizao no ensino/formao. Mas este conceito, esta atitude, aplica-se tambm gesto pblica.

    O New Public Management e o New Public Service

    A gesto da administrao voltada para o exterior e balizada por preocupaes de eficincia e eficcia o New Public Management que por vezes adota tcnicas de gesto privada, ou empresarial.

    A Administrao Pblica assume a responsabilidade de satisfazer necessidades particulares dos cidados e mudar o comportamento burocrtico fomentando a liderana, a inovao, a flexibilidade e a responsabilidade pelos resultados (OCDE, 2001).

    O New Public Management visa (1) melhorar os servios prestados; (2) modernizar o processo de produo, no sentido de torn-la mais flexvel e adaptvel; (3) definir objectivos com base na contratualizao de servios; (4) avaliar de modo sistemtico o desempenho (5) incrementar a produtividade organizacional.

    Tm inspirao directa nos usados no sector comercial privado.

    Este modelo tambm atribui importncia qualidade dos servios, de modo a aumentar a satisfao dos clientes. Para o New Public Management a figura do cliente tem um papel muito importante (Giauque, 2003).

    Pitschas (1993) fala no surgimento de um Estado cooperativo, onde existe uma relao de coordenao entre o Estado e os cidados, assim como relaes interactivas entre unidades administrativas especializadas e empresas privadas ou organizaes semigovernamentais e no governamentais (ONGs).

    A comparao entre AP e Administrao Privada , no entanto, caracterizada pela diferena entre os seus destinatrios, no que se refere lgica sobre os seus direitos e deveres. Tambm busca de eficcia no deve ser confundida com rentabilidade, pois esta pode constituir um objectivo contraditrio com a misso de servio pblico. Portanto, podemos concluir que a modernizao da Administrao Pblica no se pode resumir a uma adopo da gesto empresarial, uma vez que os seus objectivos e especificidades no so equivalentes aos da administrao privada (Mozzicafreddo, 2001).

    O grande objectivo da reforma da Administrao Pblica Portuguesa o de transformar as suas relaes com a sociedade, criando uma nova cultura organizacional na perspectiva da receptividade do cidado. Neste sentido, a gesto pblica deve ser orientada por critrios de eficincia, eficcia e efectividade no apenas econmica, mas tambm social. Tal corporiza o Estado Democrtico e Social de Direito caracterizado pela Constituio.

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    Uma outra viso, mais assente em ideais democrticos O New Public Service. Defende que o interesse pblico superior a qualquer outro e que ao governo cabe o papel de mediador entre os interesses dos cidados e dos outros grupos, de forma a criar valores partilhados.

    O papel do cidado aquele que olha para o interesse pblico, o interesse da comunidade, antes do prprio interesse. Prevalece a ideia de que todos os cidados podem e devem estar envolvidos. As organizaes pblicas devem criar espaos de dilogo e deciso, que envolvam os polticos, os funcionrios e os cidados.

    Princpios do New Public Service: (1) o principal papel do funcionrio pblico ajudar os cidados a articular os seus interesses partilhados, e no controlar e orientar a sociedade em novas direces; (2) os dirigentes pblicos devem criar uma noo colectiva de interesse, no devendo encontrar solues rpidas conduzidas por escolhas individuais, mas sim criar interesses partilhados e responsabilidades partilhadas; (3) as polticas e os programas referentes s necessidades pblicas podem ser efectiva e responsavelmente concludos atravs dos esforos colectivos e dos processos colaborativos; (4) o interesse pblico mais o resultado de um dilogo sobre valores partilhados do que a agregao de interesses prprios individuais, da que os funcionrios pblicos no devam limitar-se a responder s exigncias dos clientes, mas sim focarem-se na construo de relaes de confiana e colaborao com, e entre, os cidados; (5) os funcionrios pblicos no devem estar apenas atentos ao mercado, mas tambm Lei, aos valores da comunidade, s normas polticas, aos nveis profissionais e aos interesses dos cidados; (6) as organizaes pblicas e as redes em que participam tm mais probabilidade de serem bem sucedidas se forem operadas atravs de processos de colaborao e liderana partilhada baseada no respeito por todos; (7) o interesse pblico melhor garantido pelos funcionrios pblicos e pelos cidados comprometidos em dar contributos sociedade, do que por gestores, agindo como se o dinheiro pblico fosse seu.

    Os cidados no podem ser reduzidos a meros clientes e esperam que o governo actue, no apenas para promover o consumo de servios, mas sobretudo, para promover um conjunto de princpios e ideais inerentes esfera pblica. O governo passar a chamar os cidados para, em conjunto, trabalharem na prossecuo de determinados objectivos. Assim, incrementa-se a relao entre os cidados e o governo. Por um lado, os cidados assumem a sua responsabilidade por aquilo que acontece no seu bairro e na sua comunidade, por outro lado, os governos colocam em primeiro lugar as necessidades e os valores dos cidados, traduzida na ideia Citizens First! (Madeira, 2009)

    Outra forma de modernizao da Administrao Pblica passa pela descentralizao administrativa. Trata-se da Aproximao do poder de deciso s populaes impulsionadora de reforma e modernizao da AP. O caminho para diminuir o afastamento entre o poder poltico, a Administrao Pblica e os cidados. Esta questo objecto de reflexo no prximo captulo deste trabalho.

    Descentralizao e Democracia

    A descentralizao irm gmea da democracia. Os regimes democrticos estimulam a autonomia local e a descentralizao administrativa, enquanto os regimes centralistas e autoritrios as contrariam e anulam. (Montalvo, 2003).

    Quando se fala em actuao do Estado podem-se referir as seguintes perspectivas:

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    (1) centralizao de funes, em que todas as funes do Estado so conduzidas atravs da administrao central e directa do Estado; (2) desconcentrao de funes, funcional ou geogrfica, em que a administrao central mantm a responsabilidade e o controlo da prestao de funes, mas delega poderes em nveis mais baixos de hierarquia ou em servios espalhados pelo territrio; (3) descentralizao territorial e funcional, em que os poderes para a realizao de funes da administrao central so entregues a entidades independentes ou autarquias locais (Corte-Real, 2003a).

    A descentralizao territorial um contributo essencial na modernizao da Administrao Pblica. Corresponde a uma administrao de proximidade, representa uma estratgia de aproximao aos cidados, potenciada pelo contacto directo e pela prpria proximidade geogrfica. Favorece o exerccio da cidadania, em termos de participao democrtica.

    A descentralizao potencia uma maior participao cvica e uma maior abertura. Os procedimentos so mais abertos e de mais fcil compreenso e acompanhamento. Permite combinar uniformidade nacional e supranacional com a possibilidade de fazer adaptaes locais. A proximidade dos servios pblicos oferece mais oportunidades e recursos e permite estar mais em consonncia com as necessidades e os interesses das populaes, permitindo maior equidade e mais possibilidades s iniciativas econmicas locais. Promove um maior sentimento de eficcia poltica junto dos cidados, que tendem a agir e reagir de forma mais positiva a um governo que lhes est prximo. Ajuda o Estado a equilibrar o oramento e a diminuir as despesas a nvel central, transferindo os problemas da governao central para a governao regional e local.

    Governos e Administrao Regional deviam estabelecer um dilogo sistemtico na fase de elaborao das polticas; introduzir flexibilidade nas regras de execuo da legislao que tome em considerao as condies regionais e locais; criar parcerias e realizar consultas criando maior abertura e representatividade s organizaes consultadas; determinar equilbrio entre a imposio de uma abordagem uniforme e flexibilidade no terreno. Promover uma maior utilizao das competncias e da experiencia prtica dos protagonistas regionais para melhorar a forma como as polticas so aplicadas.

    A descentralizao est consagrada na CRP (Constituio da Repblica Portuguesa), que no artigo 6. refere que Portugal um "Estado unitrio e respeita na sua organizao e funcionamento o regime autnomo insular, os princpios da subsidiariedade, da autonomia das autarquias locais e da descentralizao democrtica da Administrao Pblica".

    S posteriormente revoluo de 1974 se verificou um movimento crescente a favor da descentralizao, sendo os poderes locais reforados (Corte-Real, 2003a).

    Para Corte-Real (2003a), "a descentralizao, associada a uma verdadeira revoluo na governance (com maior relevo dado iniciativa dos cidados e empreendedores e participao dos cidados nas escolhas pblicas) e na gesto pblica parece continuar a ser um caminho a explorar, com provas dadas noutros pases". Defende a descentralizao geogrfica, atravs do aprofundamento das transferncias de atribuies e competncias para as instituies de AP locais e regionais. A descentralizao um dos pr-requisitos da nova gesto pblica e da governao local.

    A Carta Europeia da Autonomia Local foi pioneira ao instituir no direito internacional o princpio da subsidiariedade, segundo o qual, as decises devem ser tomadas o mais prximo possvel dos cidados a quem se dirigem, pelo nvel administrativo mais prximo e directamente responsvel

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    face aos cidados, s devendo intervir o nvel superior nas situaes em que seja indispensvel, sendo, assim, um princpio de proximidade da gesto pblica. O n. 3 do artigo 4. refere, o exerccio das responsabilidades pblicas deve incumbir, de preferncia, s autoridades mais prximas dos cidados.

    Citando o n. 2 do artigo 2. da DG n. 159/59, Decreto-Lei n. 31177 a descentralizao administrativa assegura a concretizao do princpio da subsidiariedade, devendo as atribuies e competncias ser exercidas pelo nvel da administrao melhor colocado para as prosseguir com racionalidade, eficcia e proximidade dos cidados (Montalvo, 2003).

    A descentralizao um princpio orientador da organizao administrativa, mediante o qual os cidados devem estar associados s decises que incidem sobre a sua vida duma forma mais directa do que se esses interesses estivessem confiados a entidades distantes e alheias comunidade em causa. Constitui um corolrio da democracia poltica.

    Com ela, verifica-se uma devoluo de poderes, em que se obtm um equilbrio entre as responsabilidades da governana central e local.

    A descentralizao promove a democratizao atravs da participao da sociedade civil. Promover a democracia tambm promover a descentralizao territorial .Um dos grandes benefcios da descentralizao, quer em termos polticos quer em termos econmicos, o permitir uma diversidade de respostas polticas e de afectao de recursos, contribuindo simultaneamente para uma efectiva socializao, ou seja, a interiorizao dos valores democrticos na sociedade, incluindo a participao poltica (Antunes, 2003).

    No , no entanto, possvel descentralizar sem que se verifiquem os recursos necessrios para tal, e no adequado faz-lo se, do ponto de vista da cultura administrativa e cvica, no tiver sido atingido um estdio de maturidade que permita encontrar os agentes dinamizadores necessrios ao sucesso das iniciativas descentralizadoras.

    Em Portugal j tnhamos ultrapassado esta fase. Foi feito um forte investimento no passado. As aces de modernizao introduzidas nos ltimos vinte anos a nvel da administrao custaram milhes de euros reais, no em dvidas, em infra-estruturas, viaturas, na informatizao dos servios, na estruturao dos quadros de pessoal, na sua formao.

    Destruir as estruturas existentes fcil, recuper-las algum dia uma utopia. o colapso das estruturas regionais.

    A regionalizao o processo de transferncia de funes gradual e evolutivo, que conduz criao de instituies regionais com poderes de deciso autnomos, abrangendo reas superiores do municpio, representando a expresso mxima de descentralizao territorial em Portugal (Corte-Real, 2003).

    Foi a presena desses organismos regionais descentralizados, nomeadamente as DREs; ARSs; DRCs; que fez com que a necessidade, mais cara, de regionalizar no fosse sentida pelas populaes e recusada no referendo de 1998.

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    A importncia da Liderana, Motivao e Resilincia na gesto das organizaes e das pessoas

    Liderana

    Lder aquele que tem uma infinita necessidade dos outros

    Antoine de Saint- Exupry

    Todos sabemos que uma liderana eficaz estimula as competncias de um grupo. Para coordenar pessoas que trabalham em equipa para um objectivo comum, que tm metas a atingir e querem obter resultados efectivos, preciso potenciar o conhecimento recproco, ter capacidade para ouvi-las, ser um bom gestor de afectos e emoes.

    Um relacionamento assertivo, uma relao nivelante com o outro, respeitando a sua identidade e percebendo em que medida pode ser vlido o seu contributo como membro, fundamental para que um grupo funcione. ( Rio, 2010)

    Uma m liderana pode ter um efeito devastador sobre o desempenho e a reputao de uma organizao e sobre a realizao pessoal dos seus membros. Compreender e prevenir a m liderana to importante como compreender e promover a boa liderana.

    A m liderana no resulta apenas das caractersticas dos lderes mas tambm dos seus seguidores e do contexto. No caso em estudo, das organizaes pblicas, dirigentes, e at chefias intermdias, incompetentes, gananciosos, desprovidos de valores como a integridade e o respeito pelos outros tendem a ser nutridos por maus seguidores. Resultam sobretudo de um processo de designao de dirigentes corrupto feito com base em interesses pouco transparentes, que menospreza o mrito e o comprovado compromisso com o servio pblico

    Um bom lder articula uma viso apelativa, ambiciosa e realista para a organizao em parceria com os colaboradores para melhorar competncias e evitar comportamentos nefastos; fomenta bons relacionamentos interpessoais e promove a entreajuda; escuta as pessoas e sabe delegar, podendo assim dedicar-se a assuntos estratgicos; cria um clima de confiana, evita e elimina controles e procedimentos que em nada contribuem para o bom desempenho dos colaboradores e da equipa; valoriza o trabalho e empenhamento dos colaboradores; faculta-lhes feedback a cerca do respectivo desempenho; atribui-lhes actividades desafiantes e transmite-lhes confiana; um expert em gesto de conflitos, comunicao, conduo de reunies ou gesto de equipas.

    Motivao

    Quando no se tem aquilo de que se gosta necessrio gostar-se daquilo que se tem, Ea de Queirs.

    Para se ser capaz de superar as dificuldades da vida necessrio ver cada meta como algo de grande e positivo que podemos e devemos conseguir alcanar, obtendo satisfao por isso. o que chamamos motivao: o impulso que leva aco. Sentir-se eficaz tem um grande valor estimulante e vai acompanhado por um sentimento de segurana que conduz aco.

    O dia-a-dia requer improvisao de competncias habilities que permitem abrir caminho entre circunstncias ambguas, imprevisveis e stressantes. No mundo em que vivemos liberdade deve

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    estar associada a cidadania tica e responsabilidade. A noo errada de liberdade leva a no contrair vnculos ou a quebrar facilmente os vnculos contrados. Liberdade , na sua forma maior, liberdade de nos comprometermos, de honrar a nossa palavra, de demonstrarmos o quanto somos responsveis. S a pessoa que deveras ntegra e responsvel autenticamente livre.

    Se as instituies no estiverem firmemente apoiadas por pessoas com valores ticos fortemente ancorados, emergiro as foras destruidoras, desagregantes e anrquicas que costumam guiar a conduta individual quando o ser humano se sente livre de toda a responsabilidade.

    Algum com maturidade, mais do que procurar fazer o que gosta, aprende a gostar do que faz. Aprende a ver o seu emprego e a gostar dele, a sentir prazer no trabalho que executa. Este exerccio de aprendizagem no conseguido por todas as pessoas. Muitas, passam o tempo todo em busca do que, muitas vezes, nem elas prprias sabem o que , no conseguindo, portanto, uma madura dedicao e comprometimento com o que esto a fazer e a viver. Isto no invalida que deixem de ter novas ideias e desafios pela frente, mas importante tirar partido de cada etapa da vida como se fosse nica.

    Resilincia

    Em momentos de crise, s a imaginao mais importante que o conhecimento

    Albert Einstein

    Na actualidade so cada vez mais frequentes as situaes imprevistas e inditas, sem um padro orientador da aco. necessrio encontrar equilbrio na relativa instabilidade que inerente vida da maior parte dos organismos pblicos.

    Todos os que definem na sua viso ter sucesso numa poca de desafios, incertezas, constrangimentos econmicos, sociais e tecnolgicos, precisam de ser resilientes. A resilincia organizacional tem a ver com a capacidade de uma organizao em responder rpida, decisiva e efectivamente a situaes imprevisveis e nunca experimentadas. importante adoptar comportamentos de flexibilidade, elevada responsabilidade, pro-actividade e resistncia ao stress que permitem responder e prosperar num ambiente de constantes mudanas, com capacidade de adaptao e rapidez de resposta s novas situaes. A organizao resiliente tem capacidade para recomear quando os resultados no vo ao encontro dos objectivos e metas visados.

    Para que uma organizao desenvolva motivao, comportamentos ticos e resilincia nos seus funcionrios deve:

    Criar e manter um ambiente de trabalho baseado na confiana

    Valorizar os colaboradores da equipa, orientar a evoluo das competncias e a melhoria dos desempenhos

    Facilitar a mudana e inspirar comportamentos ticos, promover a responsabilidade

    Resolver os problemas que pode controlar e influenciar

    Estar aberto a novas experiencias, aprendizagens e oportunidades

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    Ser proactivo. Uma proactividade ligada ao planeamento e a tomada de deciso. Para que algo acontea, temos que agir nesse sentido. No adianta ficar a espera que os acontecimentos mudem por si prprios e aparea uma conjuntura mais favorvel.

    Ser perito da gesto do tempo. Quanto mais tempo se gasta em tarefas urgentes, mas no necessariamente importantes, mais tempo falta para dedicar s tarefas realmente importantes. Como inevitvel realiz-las quando j se tornaram urgentes no so realizadas completa e correctamente por falta de tempo. Surgem erros, necessrio corrigi-los, perde-se ainda mais tempo.

    H boas e ms organizaes pblicas: centrais , regionais, locais. Mas h algo que sabemos: so as boas equipas que levam aos bons projectos e no o contrrio. E so os bons projectos que conduzem aos bons resultados e no o contrrio ( Vaz Serra, 2010)

    Concluso

    As melhorias e reformas do funcionamento da administrao ao servio do cidado e do Estado democrtico esto sempre condicionadas pela definio poltica. Trata-se de uma competncia e deciso no essencial poltica e no administrativa. Temos, no entanto, como expectativa, que o presente trabalho constitua um contributo para uma reflexo, nomeadamente neste Congresso, sobre melhorias e reformas no funcionamento de uma Administrao Pblica portuguesa ao servio do cidado e do Estado democrtico. Uma Administrao Pblica que v ao encontro da sua razo de ser que a satisfao de necessidades pblicas.

    Penso podermos concluir deste trabalho que existe uma clara relao entre tica, exerccio de cidadania, gesto pblica e responsabilidade. So denominadores comuns no processo de uma modernizao da Administrao Pblica portuguesa que pretende aumentar a eficincia dos seus servios, bem como a sua equidade e transparncia, abrindo novas modalidades de participao social e poltica, nomeadamente fomentando a Cidadania activa, a Comunicao Pblica e a descentralizao.

    Constitui uma exigncia da cidadania o dever de pagar impostos, a que corresponde o direito prestao de contas. Aos gestores pblicos cabe gerir o produto dos impostos com critrios rigorosos de boa gesto. A cultura da responsabilidade contribui para a existncia de uma cidadania s e de uma satisfao que hoje tem de ser feita com qualidade. ( Tavares, 2003 )

    Os polticos podem aumentar a sua legitimidade, os tcnicos e funcionrios podem melhorar a eficincia do seu trabalho e o seu significado social, a sociedade civil pode ver os recursos investidos serem melhor utilizados e os cidados podem contribuir de forma produtiva para a tomada de decises. Assim a encarem como uma parceira e no como uma entidade distante. (Madeira, 2009)

    Hoje a delimitao geogrfica, no existe. O conceito de globalizao e a velocidade da informao impem o ritmo. Precisamos de estmulos renovados. Precisamos de caminhos redefinidos. Precisamos de instrumentos reconstrudos. Precisamos de ajustar os nossos conceitos s novas realidades.

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    Partilhar experincias, cruzar conhecimentos, potenciar competncias, fomentar a criatividade e a inovao so , neste momento, desgnios nacionais para os quais este Congresso inequivocamente est a contribuir.

    H novos modelos. H novos paradigmas. H novos equilbrios. Sentimos que h novos conceitos que esto em reajustamento acelerado.

    Hoje, no gerimos pessoas. Gerimos talentos. Hoje, no temos propriamente carreiras. Temos percursos profissionais. E temos equilbrios, por vezes, instveis. E temos bases, por vezes pouco slidas. .(Vaz Serra, 2010).

    Mas so estes alguns dos ingredientes que, a cada dia, nos obrigam a fazer mais e melhor fazendo diferente perante novos desafios que obrigam a novas solues.

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