O Empirismo de David Hume-1

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  • 8/4/2019 O Empirismo de David Hume-1

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    FilosofiaProfessor Lus Rodrigues

    Ano lectivo 2010/2011

    Realizado por:Joo Pereira n10 , 11B

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    David Hume foi um filsofo escocs (1711-1776), dedicou-se ao estudo dafilosofia e dos clssicos, recusou a carreira de advogado destinada pelafamlia. O sucesso de David Hume comeou em 1740, com os escritospolticos, da monumental Histria de Inglaterra, e a reescrita de partes do

    Tratado da Natureza Humana. As suas ideias impediram a entrada emacademias. O sucesso obteve-o em grande parte na carreira diplomtica.As suas obras foram includas no ndice de obras proibidas pela IgrejaCatlica. Ao morrer, David Hume deixou um exemplo de personalidadevincadamente tolerante e antidogmtica.

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    Segundo David Hume as ideias so imagens das impresses ou seja, asimpresses so sempre anteriores s ideias. As impresses so as causasdas ideias, e no o contrario.

    Exemplo: Passo por um automvel, deste automvel recebo impresses como a cor,

    a forma, o barulho, etc. Ao fechar os olhos na minha mente continua aimagem do automvel, ou seja, continuo a percepcionar o mesmo objecto,mas a impresso menos viva.

    Para David Hume esta impresso menos viva, cpia enfraquecida daimpresso original designa-se por o nome ideia.

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    As impresses propriamente ditas so todas as nossas sensaes esentimentos, e as ideias so imagens enfraquecidas dessas impresses.Assim relacionando esta relao entre impresses e ideias significa queno h, para David Hume, ideias inatas, porque todas as nossas ideias socpias de impresses sensveis, tendo todas elas uma origem emprica.

    Impresses(imagens ou sentimentos quederivam da realidade; sopercepes vivas e fortes ).

    Simples (a percepo de, porexemplo, uma mulher morena)

    Complexas (a viso de quandose esta num avio das cidades)

    Ideias(cpias ou imagens dbeisdas impresses).

    Simples (a recordao damulher morena)

    Complexas (a recordao dascidades vistas do avio)

    Perc

    epes

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    Podemos inferir da relao entre impresses e ideias que:

    Todos os contedos do nosso conhecimento comeam com a experincia ederivam dela.

    Um conhecimento, uma ideia, s valida se pudermos indicar aimpresso ou impresses de que deriva, assim sendo, toda e qualquerideia tem de corresponder uma impresso sensvel, se no houvercorrespondncia, h falsidade.

    O nosso conhecimento est limitado pelas impresses ou sensaes, ouseja, no posso afirmar nenhuma coisa ou realidade da qual no tenhoqualquer impresso sensvel ( como, por exemplo, Deus)

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    Relaes de ideias Conhecimentos de facto

    So conhecimentos apriori.A verdade das proposies e a coerncia

    dos argumentos que combinam relaesde ideias no dependem do confrontocom os factos ou com a experiencia.

    So conhecimentos aposteriori.A verdade de proposies que se referem

    a factos depende de exame emprico.

    As relaes de ideias so verdades

    necessrias.Exemplo: O tringulo um polgono detrs ngulos.A sua negao contraditria. logicamente impossvel a sua negao.

    A verdade das proposies de facto

    contingente.Exemplo: o mundo no vai acabaramanha.Esta proposio contingentementeverdadeira mas no impossvel quepossa acabar, apesar de ser muito poucoprovvel.

    As proposies que exprimem ecombinam relaes de ideias no nos doqualquer conhecimento sobre o que sepassa no mundo.

    As proposies que se referem a factosvisam descobrir coisas sobre o mundo edar-nos conhecimentos sobre o que nesteexiste e acontece.

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    Segundo David Hume o conhecimento cientifico no objectivo ouracionalmente justificvel, mas til. Esta teoria de Hume representa umgolpe profundo nas convices racionalistas acerca do conhecimento etambm na convico dos cientistas do seu tempo( e no s) acerca daexistncia objectiva de leis da natureza.

    Enquanto que os conhecimentos matemticos e lgicos baseiam-se emrelaes de ideias, na anlise e no raciocnio dedutivo, os conhecimentosde facto baseiam-se sobretudo no raciocnio indutivo e na relao causa-efeito. O nosso conhecimento do mundo consiste essencialmente em

    descobrir as causas de certos efeitos. Se a gua congela, se o planeta estnum processo de sobreaquecimento, procuramos explicar esses efeitosdescobrindo as suas causas.

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    Exemplo :

    Um determinado aumento de temperatura(A) a causa da dilatao decertos corpos (B). Esta proposio apresenta um par de acontecimentosentre os quais uma relao causa-efeito. O efeito sucede a causa.

    Sempre que, em certas condies, acontece A, acontece ou sucede

    necessariamente B. Ou seja o acontecimento A produz necessariamente oacontecimento , que este, sem aquele, no aconteceria, que a dilatao produzida por determinado aumento de temperatura e que, sendo assim,sempre assim foi e sempre assim ser.

    Mas temos a experincia desta conexo necessria entre A e B?Na verdade no temos, pois quando dizemos que, acontecendo A, sempreacontecer B, estamos a falar de um facto futuro, ora, no podemos terqualquer impresso sensvel ou experincia do que ainda no aconteceu.

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    Na verdade no temos, pois quando dizemos que, acontecendo A, sempreacontecer B, estamos a falar de um facto futuro, ora, no podemos terqualquer impresso sensvel ou experincia do que ainda no aconteceu.a ideia de relao causal, de uma conexo necessria entre doisfenmenos (sempre foi assim, sempre ser assim), uma ideia da qualno temos qualquer impresso sensvel.

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    De tantas vezes observarmos que um corpo dilata aps um determinadoaumento de temperatura, conclumos, devido ao habito, que certos corposvo dilatar. Somos ns que, devido ao hbito, projectamos nas coisas oque sentimos em ns. A constante conjuno e sucesso de A e B levam arazo a inventar uma conexo que ela julga necessria, mas da qual nuncateve experincia.A ideia de causalidade, considerada um princpio racional e objectivo,nada mais do que uma crena subjectiva, o produto de um hbito.

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    importante salientar que Hume nunca pretendeu afirmar que no hrelaes causais no mundo, nem negou o princpio No h efeito sem

    causa, apenas afirmou que no podemos racionalmente justificar talcrena. uma crena que nem a razo nem a experincia podemjustificar.Segundo Hume ao observarmos uma constante conjuno deacontecimentos, formamos o hbito de esperar o segundo quandoobservamos o primeiro, assim que funciona a mente humana mas issono garante que seja assim que funciona a natureza.

    No podemos saber acerca do futuro porque nada nos garante que ofuturo seja semelhante ao passado. No h conhecimento, propriamentefalando, do que ultrapassa a nossa experincia actual ou passada, o que

    aconteceu no serve como fundamento seguro da previso do que aindano aconteceu.

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    A IDEIA CAUSALIDADE NO TEM OBJECTIVIDADE

    Ideia de causa a ideia de uma ligao necessria entre acontecimentos, isto , um acontecimento ou fenmeno A causa de outro B.Se B no acontecer, no aconteceu nem acontecer sem A.

    Para a ideia de causa ter objectividade, tem de haver experincia da referida ligao necessria entre acontecimentos,tem de haver uma impresso sensvel que corresponda a essa ideia.

    Temos experincia de ideia de causa ou de relao necessria entre os acontecimentos?No. Dizer que A causa de B dizer que B no acontecer sem A. Mas no podemos ter conhecimento de factosfuturos porque no podemos ter qualquer impresso sensvel ou experincia do que ainda no aconteceu. A ideia de

    relao causal, de uma conexo necessria entre dois fenmenos(sempre foi assim, sempre ser assim), uma ideiada qual no temos qualquer impresso sensvel. Observamos aquilo a que chamamos causa e aquilo a que chamamosefeito, mas no vemos que esto conectados, ou seja, s vemos um suceder a outro, que acontecem conjuntamente, masno conseguimos observar que a causa produz necessariamente o efeito, que sempre assim foi e ser.

    Como formamos ento essa ideia?Ao observar que algum evento A tem at agora sido sempre seguido do evento B, acreditamos que, da prxima vez

    que ocorrer A, suceder B. a constante conjuno e sucesso de A e B levam a razo a inventar uma conexo que elajulga necessria, mas da qual nunca teve experincia. Habituados a que isto acontea, acreditamos que A causa de Bquando no h qualquer garantia objectiva de que assim seja.

    O conceito ou ideia de causa uma simples crena subjectiva que nos diz mais sobre o modo como funciona a nossamente do que sobre o modo como o mundo das coisas funciona.

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    O conhecimento entendido como relao de ideias possvel. Asverdades lgicas e matemticas provam-no. Contudo, o conhecimento defactos, baseado na ideia de causa, no tem justificao emprica nemracional. A ideia de causa unicamente corresponde a um sentimentointerno (hbito), sendo destituda de objectividade.Todo o conhecimento que existe e acontece no mundo deriva daexperincia, embora esta no possa garantir objectividade aos nossosconhecimentos. O nosso conhecimento no pode estender-se para l doque dado na experincia. Se a ideia no partir de uma impressosensvel, no podemos falar de conhecimento objectivo, o caso por

    exemplo da ideia de causa que usamos nas cincias e no dia-a-dia.O conhecimento , em geral, um conjunto de expectativas que mais tardeou mais cedo podem ser desmentidas, no podendo ser nem dedutivanem indutivamente justificadas.

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    Tese fundamental Todo o nosso conhecimento de factos dependeda experiencia

    A relao entre impresses e ideias Todas as nossas ideias derivam directa ouindirectamente de impresses sensveis. Socopias enfraquecidas destas.

    As condies da objectividade doconhecimento Uma ideia s tem objectividade se for possvelindicar a impresso de que copia.

    Os limites do conhecimento de objectos No podemos falar de conhecimento objectivoa no ser quando s ideias correspondemimpresses sensveis. No podemos conheceralgo de que no temos impresso sensvel.Logo, o nosso conhecimento do que acontece

    no mundo no pode basear-se em algo queno faa parte do mundo.

    O conhecimento cientifico no objectivo ouracionalmente justificvel

    Os conhecimentos de questes de factoconsistem em descobrir as causas de certosefeitos. Mas a ideia de causa no obedece aoprincipio da copia. No temos nenhumaimpresso sensvel dessa conexo, mas

    unicamente da conjuno e sucesso temporalde acontecimentos.

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    A ideia de causa racional e empiricamenteinjustificada

    A ideia de causa uma crena subjectiva quenos diz como funciona a nossa mente e nopropriamente como funciona o mundo. Resultade um hbito: Estamos habituados a pensarque, como no h efeito sem causa, malacontece A, dai resultar necessariamente B.

    A ideia de causa subjectivamentenecessria(cepticismo mitigado)

    Acreditar que no h efeito sem causa umacrena necessria para que a nossa vida no sejainquietante e paralisante expectativas de quenada ser com tem sido. Mas pouco mais doque um desejo de segurana e de

    previsibilidade que julgamos corresponder aomodo com as coisas so.

    Concluso Todo o conhecimento depende da experiencia ea esta se limita, mas nenhuma verdadeobjectiva podemos alcanar acerca dos factos.