PRM - Consenso de Granada

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59 Recebido para publicação: 22 de Setembro de 2003 A tradução intercultural de espanhol para português (europeu) do Segundo Consenso de Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos tem por objectivo disponibilizar aos clínicos e investigadores, que trabalham em seguimento farmacoterapêutico, uma ferramenta de trabalho traduzida com o rigor e a fiabilidade que um documento da área biomédica requer. A origem comum do espanhol e do português acentua a necessidade de uma tradução intercultural. Erros de tradução ou interpretações erradas podem ser provocados por falsos cognatos. A tradução intercultural realizou-se em três etapas: tradução, retroversão e revisão da tradução do documento original do Segundo Consenso de Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos. O resultado foi a versão portuguesa do Segundo Consenso de Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos, que se apresenta no anexo I. Palavras-chave: Seguimento farmacoterapêutico. Problemas relacionados com medicamentos. Tradução intercultural. SECOND CONSENSUS OF GRANADA ON PHARMACOTHERAPY FAILURE. CROSS- -CULTURAL TRANSLATION FROM SPANISH TO PORTUGUESE (EUROPEAN) The cross-cultural translation from spanish to portuguese (european) of the Second Consensus of Granada on Pharmacotherapy failure has the objective to provide clinicians and researchers, working in drug therapy follow-up, with a working tool translated with the accuracy and the reliability that a biomedical document requires. The common origin of the spanish and portuguese languages emphasizes the need to do a cross-cultural translation. Errors of translation or wrong interpretations can be due to falses cognates. The cross-cultural translation followed three steps: translation, back-translation and review of the translation of the original text of the Second Consensus of Granada on Pharmacotherapy failure. The result was the portuguese version of the Second Consensus of Granada on Pharmacotherapy failure, presented in the annex I. Keywords: Drug therapy follow-up. Pharmacotherapy failure. Cross-cultural translation. SEGUNDO CONSENSO DE GRANADA SOBRE PROBLEMAS RELACIONADOS COM MEDICAMENTOS Tradução intercultural de Espanhol para Português (europeu) H. SANTOS, P. IGLÉSIAS, F. FERNÁNDEZ-LLIMÓS, M. J. FAUS, L. M. RODRIGUES Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos da Universidade Lusófona. Portugal. Grupo de Investigación en Atención Farmacéutica da Universidad de Granada. España. QUALIDADE E SAÚDE ACTA MÉDICA PORTUGUESA 2004; 17: 59-66 R E S U M O S U M M A R Y

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59Recebido para publicação: 22 de Setembro de 2003

A tradução intercultural de espanhol para português (europeu) do Segundo Consensode Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos tem por objectivodisponibilizar aos clínicos e investigadores, que trabalham em seguimentofarmacoterapêutico, uma ferramenta de trabalho traduzida com o rigor e a fiabilidade queum documento da área biomédica requer.A origem comum do espanhol e do português acentua a necessidade de uma traduçãointercultural. Erros de tradução ou interpretações erradas podem ser provocados porfalsos cognatos.A tradução intercultural realizou-se em três etapas: tradução, retroversão e revisão datradução do documento original do Segundo Consenso de Granada sobre ProblemasRelacionados com Medicamentos.O resultado foi a versão portuguesa do Segundo Consenso de Granada sobre ProblemasRelacionados com Medicamentos, que se apresenta no anexo I.

Palavras-chave: Seguimento farmacoterapêutico. Problemas relacionados com medicamentos.Tradução intercultural.

SECOND CONSENSUS OF GRANADA ON PHARMACOTHERAPY FAILURE.CROSS--CULTURAL TRANSLATION FROM SPANISH TO PORTUGUESE (EUROPEAN)The cross-cultural translation from spanish to portuguese (european) of the SecondConsensus of Granada on Pharmacotherapy failure has the objective to provide cliniciansand researchers, working in drug therapy follow-up, with a working tool translated withthe accuracy and the reliability that a biomedical document requires.The common origin of the spanish and portuguese languages emphasizes the need todo a cross-cultural translation. Errors of translation or wrong interpretations can be dueto falses cognates.The cross-cultural translation followed three steps: translation, back-translation andreview of the translation of the original text of the Second Consensus of Granada onPharmacotherapy failure.The result was the portuguese version of the Second Consensus of Granada onPharmacotherapy failure, presented in the annex I.

Keywords: Drug therapy follow-up. Pharmacotherapy failure. Cross-cultural translation.

SEGUNDO CONSENSO DE GRANADA SOBREPROBLEMAS RELACIONADOS COM MEDICAMENTOSTradução intercultural de Espanhol para Português (europeu)

H. SANTOS, P. IGLÉSIAS, F. FERNÁNDEZ-LLIMÓS, M. J. FAUS, L. M. RODRIGUESGrupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos da Universidade Lusófona. Portugal.Grupo de Investigación en Atención Farmacéutica da Universidad de Granada. España.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○QUALIDADE E SAÚDEACTA MÉDICA PORTUGUESA 2004; 17: 59-66

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H. SANTOS et al

INTRODUÇÃOO Consenso de Granada sobre Problemas Relaciona-

dos com Medicamentos (PRM)1 publicado em 1999 foi ummarco importante para todos os profissionais de saúdeque, quer na área da investigação, quer na prática clínica,trabalham em seguimento farmacoterapêutico. Este Con-senso de Granada sobre PRM visa propor uma ferramentade trabalho a todos os autores e investigadores que, naárea do seguimento do tratamento farmacológico, preten-dam homologar os resultados dos seus trabalhos. Estaversão do Consenso foi adoptada por inúmeros profissio-nais de saúde que o introduziram na sua prática clínicapara avaliar os resultados da farmacoterapia dos seusdoentes, num processo que se denomina seguimentofarmacoterapêutico e que consiste em procurar, identifi-car, prevenir e resolver todos os problemas de saúde rela-cionados com os medicamentos que um doente utiliza2.

A intensa utilização e o contributo dos utilizadores daclassificação de PRM proposta pelo Consenso de Grana-da, quer na área clínica, quer em investigação, teve comoresultado a publicação em 2002 do Segundo Consenso deGranada sobre PRM3 que, apesar de ter a mesma finalida-de do consenso anterior, introduziu modificações signifi-cativas que vieram resolver dificuldades de interpretaçãoe esclarecer algumas dúvidas de utilização, que tinhamvindo a ser identificadas desde há algum tempo. O Segun-do Consenso de Granada sobre PRM surge com a deter-minação de ser revisto periodicamente3, ao mesmo tem-po que se apela a todos os investigadores e grupos deinvestigação que desejem juntar-se a este esforço conci-liador, que enviem as suas sugestões de alterações3, oque confere a este Segundo Consenso um carácter dinâ-mico e participativo. Esta tradução intercultural pretendeser um contributo útil para responder a esse apelo dirigidoaos profissionais de saúde e investigadores.

Numerosos trabalhos de investigação, nomeadamen-te teses de mestrado e de doutoramento, estão a utilizar oSegundo Consenso de Granada sobre PRM para avalia-ção dos resultados clínicos da farmacoterapia. Em Portu-gal, na formação pós-graduada, têm sido desenvolvidasactividades de formação profissional na área do segui-mento farmacoterapêutico que utilizam o Segundo Con-senso como ferramenta de trabalho para a formação emfarmacoterapia.

Por todos estes motivos, é necessário dispor de umaferramenta de trabalho que permita aos profissionais desaúde utilizar a mesma linguagem para avaliar o tratamen-to farmacoterapêutico utilizado por um doente concreto eque satisfaça o espírito de universalidade preconizado peloSegundo Consenso de Granada sobre PRM. Por isso, este

trabalho disponibiliza uma versão traduzida e reconheci-da pelos autores do documento original. Deste modo, indoao encontro das necessidades dos profissionais de saú-de, obteve-se uma tradução adaptada à realidade da práti-ca e da cultura portuguesa, que além de ser fiável, estávalidada pelo próprio processo.

A tradução intercultural de espanhol para português(europeu) do Segundo Consenso de Granada sobre PRMprocura dar resposta a essas necessidades, mas sobretu-do pretende garantir, no que se refere aos aspectoslinguísticos e científicos do tema, que o sentido e o signi-ficado inicial do Segundo Consenso não seja desvirtuadonem alterado durante o próprio processo de tradução. AiresGraça4 defende que a tradução já não é vista como umacto puramente linguístico de mudança de código, mascomo um acto comunicativo em que a mudança de lín-gua é um entre muitos outros aspectos. É acentuado ocarácter arbitrário e não fixo do signo linguístico, quedepende dos contextos para se realizar. Os problemassemânticos passam para primeiro plano, sendo relacio-nados com o comportamento humano, a psicologia, afilologia. O receptor aparece também como medida doprocesso de tradução. A língua e a cultura tornam-se umbinómio inseparável.

Kate James5 refere que quando se traduz, é importan-te considerar não só o impacto léxico no leitor da línguatraduzida, mas também o modo como os aspectos cultu-rais podem ser entendidos e tomar as decisões de tradu-ção adequadas. Deste modo, os aspectos culturais assu-mem a importância fundamental no processo de traduçãoe quando nos referimos a cultura referimo-nos às relaçõesde significação e processos de comunicação que envol-vem as duas línguas 6,7.

Na presente tradução intercultural consideraram-se osaspectos semióticos, isto é, os que têm que ver com osignificado das palavras num determinado contexto, ouseja, numa determinada cultura, e o que elas significam.Não é suficiente substituir a palavra por outralinguisticamente equivalente8,4. É necessário adaptar otexto traduzido ao significado do texto original no contex-to adequado. Chama-se a isto tradução intercultural4.Referimo-nos à cultura em tradução e deste modo, às rela-ções de significação e aos processos de comunicação queminimizam os desvios de significado em relação ao textoinicial que podem ocorrer durante o processo de traduçãoe ser responsáveis, por vezes, por resultados contraditó-rios ou antagónicos8.

Tal como refere Snell-Horby8 a rigorosa concepçãode tradução de orientação linguística, que considera atradução como substituição ou transcodificação foi de

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facto abandonada, até mesmo para a tradução de línguaespecializada. Actualmente, assume-se que a traduçãonão é a transcodificação de palavras ou frases de umalíngua para outra, mas uma acção complexa na qual sãogeradas novas situações linguísticas que se aproximam omais possível do significado do texto original. O tradutortem que ter em consideração a importância dos aspectosculturais e das suas implicações positivas e negativas notexto traduzido. A tradução intercultural ao se afastar datradução literal ou linguística não deve cair na tentação datradução liberal e deve ter sempre como objectivo princi-pal, que o significado do texto final seja o mais próximo dotexto original9.

O objectivo da tradução intercultural é produzir umdocumento validado pelo próprio processo de tradução.Neste caso concreto, trata-se de uma aplicação da técnicade tradução intercultural ao Segundo Consenso de Grana-da sobre PRM.

A tradução intercultural do espanhol para português éoportuna por prevenir os erros de tradução que podemser provocados pelo facto de se estar a traduzir textos delínguas com uma origem comum, como o português e oespanhol. A existência de palavras denominadas falsoscognatos também conhecidos como falsos amigos, quesendo palavras semelhantes têm significados diferentesnas duas línguas podem provocar erros durante o proces-so de tradução11-14.

MATERIAL E MÉTODOSA necessidade e a preocupação de criar uma tradução

cujo significado fosse equivalente ao texto na língua ori-ginal justificou o envolvimento de profissionais de saúde,investigadores biomédicos e tradutores de ambas as lín-guas que procuraram criar um texto adaptado à cultura dapopulação-alvo do texto traduzido (tradução intercultural).

Para este trabalho de tradução intercultural adoptou-se a técnica referida nas Guidelines para adaptaçãointercultural proposta por Guillemin et al10, com as adap-tações necessárias a este tipo de tradução. A técnica detradução intercultural centra-se nos resultados obtidosna tradução final.

As etapas seguidas para a tradução foram as seguin-tes (Quadro I):

1. TraduçãoFoi elaborada uma tradução que serviu de base de tra-

balho. A tradução foi efectuada por um tradutor indepen-dente cuja língua mãe era o português e que não tinhaformação em seguimento farmacoterapêutico.

2. RetroversãoDe acordo com Guillemin et al.10, devem ser efectuadas

tantas retroversões quantas as traduções realizadas. Aretroversão procura ampliar erros ou enganos de interpre-tação originados na primeira tradução e o mesmo autorafirma que as retroversões permitem melhorar substancial-mente a qualidade da versão final.

Seguiu-se a técnica de retroversão por um tradutorcuja língua mãe era o espanhol.

3. RevisãoFoi constituído um comité de revisão que integrou pe-

ritos espanhóis e portugueses na área da investigação eformação em seguimento farmacoterapêutico, assim comoprofissionais de saúde que trabalham na área, que garan-tiram a multidisciplinaridade do grupo. O comité compa-rou o texto original com a tradução, com a retroversão ecorrigiu os desvios de significado detectados. O comitéelaborou a versão final do documento.

O comité de revisão assegurou que os conceitos ex-pressados na versão original fossem mantidos no textotraduzido. Para o efeito, considerou-se:

A equivalência semântica: a equivalência no significa-do das palavras;

A equivalência idiomática: a equivalência das expres-sões não traduzíveis literalmente por terem na língua ori-ginal um significado diferente da língua do documentofinal;

A equivalência experiencial: a equivalência das situa-ções descritas ou retratadas na versão original devem adap-tar-se ao contexto da cultura alvo;

A equivalência conceptual: a equivalência dos con-ceitos e dos acontecimentos experienciados pelas pesso-as na cultura alvo, deve ser conceptual e não apenas se-mântica.

RESULTADOSO resultado deste trabalho é a versão portuguesa do

Segundo Consenso de Granada sobre PRM que se apre-senta no anexo I.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃOA origem comum do português e do espanhol acentua

a necessidade de fazer uma tradução intercultural para quenão se cometam erros de tradução, pois a aparente simila-ridade entre as duas línguas pode esconder muitas dife-renças.

A tradução intercultural permite que a versão final sejaum documento de trabalho onde estão minimizadas as di-ferenças de significado entre o texto inicial e final (anexoI).

A necessidade de se efectuar uma tradução de um tex-to científico justifica-se pois os profissionais de saúde e

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investigadores podem não conhecer a língua do docu-mento original ou ainda que a conheçam, podem não adominar suficientemente. A existência de palavras conhe-cidas como ‘falsos cognatos’, ‘falsos amigos’ ou palavrasde tradução enganosa11, 12, 13, 14 fazem com que esta tare-fa deva ser realizada por tradutores experientes e por pro-fissionais entendidos na área a que se refere o documen-to.

A tradução por etapas adiciona qualidade ao trabalhofinal10 e a participação multidisciplinar dos intervenientesno processo garante que a tradução obtida seja um docu-mento, no que diz respeito aos conceitos, equivalente aodocumento original.

Constituindo idealmente um critério para a avaliaçãodo efeito da farmacoterapia, o Segundo Consenso de Gra-nada sobre PRM fica, numa versão traduzida para portu-guês, ao dispor dos profissionais de saúde que preten-dam efectuar ou investigar na área do seguimentofarmacoterapêutico como uma referência padronizada, va-lidada e reconhecida pelos autores do documento origi-nal.

BIBLIOGRAFIA1. Panel de Consenso ad hoc: Consenso de Granada sobre Proble-mas Relacionados con Medicamentos. Pharm Care Esp 1999; 1:107-1122. Grupo de Consenso: Documento de Consenso en AtenciónFarmacéutica. Madrid: MSC; 20013. Comité de Consenso: Segundo Consenso de Granada sobre Pro-blemas Relacionados con Medicamentos. Ars Pharmaceutica 2002;43 (3-4): 175-1844. GRAÇA A: Cultura, tradução e vivência do significado. Faculda-de de Ciências Sociais e Humanas-Departamento de Estudos Ale-mães 2002 http://www.fcsh.unl.pt/deps7estudosalemanes/Airesgraca01.htm5. JAMES K: Cultural Implications for translations. TranslationJournal 2002 ; 6 (4) http://accurapid.com/journal/22delight.htm6. Comunicação intercultural. In Infopédia [em linha].Porto: Por-to Editora, 2003 [Consult. 2003-08-16]. http://www.infopedia.pt7. Comunicação. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,2003 [Consult. 2003-08-16]. http://www.infopedia.pt8. SNELL-HORBY M: Transcodificação linguística ou transferên-cia cultural? Uma crítica da teoria de tradução na Alemanha (Tra-dução ). Trab. Ling. Apl., Campinas 1997; 30: 85-939. EL MEDJIRA N: Fidélité en traduction ou l’éternel souci destraducteurs. Translation Journal 2001; 5 (4) http://accurapid.com/journal/18fidelite.htm10. GUILLEMIN F, BOMBARDIER C, BEATON D: Cross-cultu-ral adaptation of health-related quality of life measures: literaturereview and proposed guidelines. J Clin Epidemiol 1993; 46 (12):1417-143211. NAVARRO FA: Tercer listado de palabras de traducción engañosae el inglés médico. Med Clin (Barc) 1995; 105 (13): 504-51512. NAVARRO FA: Palabras francesas de traducción engañosa enmedicina. Med Clin (Barc) 1996; 106 (11): 417-42613. NAVARRO FA: Palabras alemanas de traducción engañosa enmedicina. Med Clin (Barc) 1996: 106 (14): 537-54414. NAVARRO FA, GONZÁLEZ DE DIOS J: Palabras inglésas detraducción engañosa en pediatría. An Esp Pediatr 1999; 50: 542-553

Quadro I - Fluxograma do processo de tradução interculturalde espanhol para português (europeu) do Segundo Consensode Granada sobre Problemas Relacionados comMedicamentos (PRM).

Segundo C onsenso de G ranada sobre PR M

original em espanhol

1.T radução (tradutor português)

2.R etroversão (tradutor espanhol)

3.R evisão (com ité de revisão)

Segundo C onsenso de G ranada sobre PR M

versão portuguesa

H. SANTOS et al

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SEGUNDO CONSENSO DE GRANADA SOBREPROBLEMAS RELACIONADOS COM MEDICAMENTOSTradução intercultural de Espanhol para Português (europeu)

Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos (CTS-131). Universidade de Granada. (Espanha)Grupo de Investigação em Farmacologia Aplicada e Farmacoterapia (CTS-259). Universidade de Sevilha. (Espanha)

Grupo de Investigação em Farmacologia (CTS-164). Universidade de Granada. (Espanha)

Perante a prevalência de problemas resultantes do uso de medicamentos estabeleceu-seo conceito de Problema Relacionado com Medicamentos (PRM). Em 1998 realizou-se oprimeiro Consenso de Granada sobre PRM no qual se definiu este termo e se estabeleceuuma classificação de seis categorias.

Com a experiência adquirida durante a utilização desta classificação detectaram-sealguns problemas de compreensão, que sugeriram uma actualização num segundo Con-senso de Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos. Definem-se comoresultados clínicos negativos da farmacoterapia e enunciam-se as seis categorias dePRM em função dos problemas de saúde do doente.

Palavras-chave: Problemas relacionados com medicamentos. Seguimento farmacoterapêutico.Uso de medicamentos. Resultados clínicos.

ANEXO I - VERSÃO PORTUGUESA DO SEGUNDO CONSENSO DE GRANADA SOBRE PROBLEMASRELACIONADOS COM MEDICAMENTOS

ANTECEDENTESA percepção da existência de problemas resultantes

do uso de medicamentos existe, pelo menos, desde mea-dos do século passado, quando Brodie1 escreveu um rela-tório às Cortes Norte-americanas advertindo para a ne-cessidade, daquilo a que chamou, controlo do uso de me-dicamentos.

Recentemente, em Espanha, realizou-se um estudo commais de 2500 doentes que analisou a prevalência de pro-blemas relacionados com medicamentos como motivo derecurso ao serviço de urgência, constatando-se que umem cada três doentes recorria às urgências por este moti-vo2.

Em Dezembro de 1998, um grupo de farmacêuticos reu-niu-se em Granada3 (Espanha) para chegar a um acordosobre alguns conceitos e estabelecer critérios comuns deinterpretação para o que se tem vindo a denominar Proble-mas Relacionados com Medicamentos (PRM).

Este conceito já se usava há alguns anos pelo que nãoera de todo inovador. Um dos primeiros estudos que de-monstrou a prevalência destas entidades como causa de

hospitalizações foi o estudo de Bergman e Wiholm4 em1981. Neste trabalho questionava-se a efectividade dosmedicamentos, alargando o conceito que até esse momen-to, se centrava exclusivamente nos problemas de falta desegurança. Contudo, estes autores realizaram um estudoepidemiológico que não incluia um desenvolvimentoconceptual dos problemas relacionados com os medica-mentos.

Este desenvolvimento conceptual surge com o traba-lho de Strand et al.5 em 1990. Estes autores propõem umadefinição concreta do termo, bem como uma classificaçãodividida em oito categorias. No entanto, o uso desta clas-sificação por diversos autores demonstrou não produzirresultados homogéneos6, provavelmente por as catego-rias referidas não serem completamente autoexclusivas.

Quase os mesmos autores, em 1998, apresentaram umanova definição que era substancialmente idêntica à ante-rior, e reconsideraram a sua classificação apresentandouma nova classificação apenas com sete categorias7. Apublicação de resultados com esta nova classificação pa-recia ser muito mais homogénea, embora algumas catego-

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H. SANTOS et al

rias possam provocar erros por induzir a uma classifica-ção subjectiva, dependendo da perspectiva do farmacêu-tico.

O Consenso de Granada de 1998, apresentou uma de-finição de PRM que pode parecer diferente, mas que pou-co varia da original de 1990 ou mesmo da de 1998. Contu-do, propõe uma nova alteração à classificação, reduzindo-a a seis categorias de PRM, com base num trabalho deÁlvarez de Toledo et al.8, agrupadas em trêssupracategorias de indicação, efectividade e segurança.

Objectivos do consensoUma vez demonstrada a importância económica, clíni-

ca e social dos resultados inadequados da farmacotera-pia9 e assumindo o compromisso com estes resultados,definidos no Seguimento Farmacoterapêutico, o presenteConsenso de Granada sobre os Problemas Relacionadoscom Medicamentos tem como objectivo geral a definiçãodo conceito de PRM, como elemento de resultado clíniconegativo próprio da utilização de medicamentos, e a suaclassificação exaustiva em categorias autoexclusivas.

Já há alguns anos que foi definido o paradigma SPO[sigla inglesa de estrutura, processo e resultados] comomodo de analisar a actividade dos cuidados médicos11 erecentemente foi adaptado aos cuidados farmacêuticos12.Este paradigma diferencia a estrutura (os recursos dispo-níveis), o processo (o que se faz) e o resultado, que foidefinido por WONCA13 como a alteração no estado desaúde atribuível à intervenção em saúde.

Os resultados foram classificados por Kozma14 em trêsgrandes tipos, aquilo que hoje se conhece como ECHOmodel: económicos, clínicos e humanísticos (também de-nominados de não-clínicos).

O uso incorrecto do termo problema já tinha sido de-nunciado por Strand et al quando afirmaram que para quealgo pudesse ser considerado como um PRM, deviam es-tar reunidas duas condições, um doente deve experimen-tar ou ser provável que experimente uma doença ou sin-toma e esta condição deverá ter uma relação com a far-macoterapia. Apesar disto, o conceito de PRM tem sidointerpretado por alguns como sendo um elemento do pro-cesso de uso de medicamentos, afastando-se de ser umelemento de resultado.

Contudo, temos de admitir que o termo Problema Rela-cionado com Medicamentos e o seu acrónimo PRM, co-meçam a ser reconhecidos na área da saúde, e isto repre-senta um valor que tem de ser preservado. Por estas ra-zões, este Segundo Consenso centra-se na definição doconceito de PRM, incorpora as modificações que forampropostas ao Consenso de 1998 que demonstraram a suaidoneidade, e introduz um critério de classificação coeren-

te. O objectivo global é oferecer à comunidade científica eprofissional uma ferramenta de trabalho útil, actualizada eaferida.

Evolução da definiçãoNo Consenso de 1998 definiu-se Problema Relaciona-

do com Medicamentos como: Um problema de saúde vin-culado com a farmacoterapia e que interfere ou podeinterferir com os resultados de saúde esperados no doen-te. Para esclarecer o conceito de problema de saúde, acres-centava a definição publicada pela Equipa CESCA15: Tudoaquilo que requer ou possa requerer uma acção por par-te dos agentes de saúde. Esta definição foi extraída e mo-dificada da definição apresentada pela WONCA13 em 1995:Qualquer queixa, observação ou facto que o doente e/ouo médico identificam como um desvio à normalidade queafectou, possa afectar ou afecta a capacidade funcionaldo doente.

Posteriormente, Espejo et al16 publicaram uma novadefinição para esclarecer o que foi comentado anterior-mente sobre processo e resultados: Os PRM são falhas dafarmacoterapia que, produzidos por diversas causas, con-duzem a que não se alcancem os objectivos terapêuticosou se produzam efeitos não desejados. Na figura 1 estárepresentada a cadeia de acontecimentos descrita por es-tes autores.

Fig. 1 - Cadeia de acontecimentos relativa aos ProblemasRelacionados com Medicamentos (PRM).

Nível I

Nível II

Nível III

Causas ! Dependentes do medicamento ! Dependentes do doente ! Dependentes do prescritor ! Dependentes do farmacêutico ! Dependentes do sistema

Falhas na farmacoterapia ! Por necessidade ! Por falta de efectividade ! Por falta de segurança

Consequências em saúde ! Problemas de saúde:

* Doença mal controlada * Efeito não desejado

Em consequência desta análise, o Segundo Consensode Granada sobre Problemas Relacionados com Medica-mentos adopta a seguinte definição (Quadro I):

EVOLUÇÃO DA CLASSIFICAÇÃONo Consenso de 1998 apresentou-se uma classifica-

ção original de seis categorias, que se enunciavam textu-almente3:

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Indicação:PRM 1 – O doente não usa os medicamentos que necessitaPRM 2 – O doente usa medicamentos que não necessitaEfectividade:PRM 3 – O doente usa um medicamento que está mal se-leccionadoPRM 4 – O doente usa uma dose, frequência e/ou duraçãoinferior à que necessitaSegurança:PRM 5 – O doente usa uma dose, frequência e/ou duraçãosuperior à que necessitaPRM 6 – O doente usa um medicamento que lhe provocauma reacção adversa a medicamentos.

Pouco tempo depois de se publicar este Consenso3 de1998 apareceram as primeiras análises críticas. SánchezNavarro17 duvidava da inclusão de regime posológico ina-dequado como PRM. Ao que Martinez Romero et al.18 res-ponderam, esclarecendo a sua inclusão, mas aproveitaramessa comunicação breve para advertir de um erro no Consen-so: a inclusão de duração nos PRM 4 e 5, o que provocavauma ambiguidade na classificação entre os PRM 1 e 4, e osPRM 2 e 6. Propôs-se então a eliminação do termo duraçãodo enunciado desses dois PRM.

Pouco depois, Díez19 alertava para a falta de sentido doenunciado do PRM 3, pois a má selecção não é condiçãoobrigatória para que um medicamento não seja efectivo: arefractariedade. Daí que tivesse proposto uma alteração doenunciado para o doente não responde.

Por último, Fernández-Llimós6 ao analisar algumas utili-zações incorrectas da classificação do Consenso de 1998,que se afastavam do conceito de resultados, propõe um novoenunciado para todos os PRM:

NECESSIDADEPRM 1 - O doente tem um problema de saúde resultante

de não tomar a medicação que necessitaPRM 2 - O doente tem um problema de saúde resultante

de tomar a medicação que não necessita

EFECTIVIDADEPRM 3 - O doente tem um problema de saúde resultante

de uma não efectividade qualitativaPRM 4 - O doente tem um problema de saúde resultante

de uma não efectividade quantitativa

SEGURANÇAPRM 5 – O doente tem um problema de saúde resultante

de uma não segurança quantitativaPRM 6 – O doente tem um problema de saúde resultante

de uma não segurança qualitativa

Em consequência desta análise, o Segundo Consenso deGranada sobre Problemas Relacionados com Medicamentosadopta a seguinte classificação (Quadro II):

Entendendo-se que:- Um medicamento é necessário quando foi prescrito ou

indicado para um problema de saúde concreto que o doenteapresenta

- Um medicamento é inefectivo quando não alcança sufi-cientemente os objectivos terapêuticos esperados

- Um medicamento é inseguro quando provoca ou agra-va algum problema de saúde

- Um PRM é considerado quantitativo quando dependeda magnitude de um efeito.

Optou-se por alterar a ordem das duas últimas categoriaspara manter uma sequência de classificação correcta.

OUTRAS CLASSIFICAÇÕESPara realizar este Consenso teve-se em consideração ou-

tras classificações existentes sobre as quais, de modo nãoexaustivo, se efectuaram as seguintes considerações:

Uma classificação tem que ser exaustiva, portanto cate-

Quadro II - Classificação de Problemas Relacionados comMedicamentos (PRM)

Necessidade:PRM 1 – O doente tem um problema de saúde por nãoutilizar a medicação que necessitaPRM 2 – O doente tem um problema de saúde porutilizar um medicamento que não necessita

Efectividade:PRM 3 – O doente tem um problema de saúde por umainefectividade não quantitativa da medicaçãoPRM 4 – O doente tem um problema de saúde por umainefectividade quantitativa da medicação

Segurança:PRM 5 – O doente tem um problema de saúde por umainsegurança não quantitativa de um medicamentoPRM 6 – O doente tem um problema de saúde por umainsegurança quantitativa de um medicamento

Problemas Relacionados com Medicamentos são problemas de saúde, entendidos como resultados clínicos negativos, devidos à farmacoterapia que, provocados por diversas causas, conduzem ao não alcance do objectivo terapêutico ou ao aparecimento de efeitos não desejados.

Quadro I - Definição de Problemas Relacionados comMedicamentos (PRM)

SEGUNDO CONSENSO DE GRANADA

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gorias inespecíficas, por vezes designadas como outros20,21,não são aceitáveis.

As classificações que distinguem as reacções adversasdas alergias22,23 não têm em consideração que as segundassão uma categoria das primeiras, e portanto são redundan-tes.

As classificações que contenham como uma categoria asinteracções21,23 ou as duplicações23 ou o incumprimento7,23

(não adesão), não consideram que estas são a causa de umapossível falha da farmacoterapia, e não um resultado.

A classificação da ASHP23 apresenta outras categoriasque apenas podem ser consideradas como elementos de pro-cesso do uso de medicamentos e não de resultados da farma-coterapia: problemas de custo; falha de compreensão; forma,via ou posologia inadequada, etc. Inclusivamente naquelasque se poderiam considerar como elementos de resultado dafarmacoterapia, o enunciado está elaborado do ponto de vis-ta do processo.

A classificação do PI-Doc, tal como reconhece a sua auto-ra21, não é consistente e mistura causas com consequências.

Smith e Christensen24 propõem uma lista de quatro pro-blemas, dos quais um é denominado problemas clínicos, oque deixa claro que os outros três são elementos de proces-so.

EPÍLOGOO Segundo Consenso de Granada sobre Problemas Rela-

cionados com Medicamentos surge com a determinação deser revisto periodicamente, quando os conhecimentos e asconclusões da sua utilização assim o recomendem.

No entanto, aspira à universalidade, apelando a todos osinvestigadores e grupos de investigação que desejem jun-tar-se a este esforço conciliador, que enviem as suas suges-tões de alterações e a sua intenção de juntar-se ao Comité deConsenso, escrevendo para:

Comité del Segundo Consenso de Granada sobre Proble-mas Relacionados con Medicamentos

Apartado de correos, 414418080 Granada (Espanha)

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SEGUNDO CONSENSO DE GRANADA