Prosa e poema de 30

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Segunda Geração Modernista Romance de 30

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Segunda Geração Modernista Romance de 30

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Contexto Histórico (1930 – 1945)

“A questão social é um caso de polícia” — esta frase, atribuída a Washington Luís, presidente da República de 1926 até a sua deposição em 1930.

Quebra da bolsa de NY = Depressão Econômica Fim da política do Café com Leite.Revolução de 30Getúlio Vargas e o Estado NovoAvanço do nazifacismo

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O ROMANCE REGIONALISTA

HumanismoO centro da abordagem regionalista é o homem, dentro das estruturas sociais, econômicas, políticas e geográficas.

Ideologias

DeterminismoOs regionalistas são neo-realistas e neonaturalistas pela visão crítica do real, pela crueza na abordagem dos temas e pela interpretação determinista. O homem reflete o meio.

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ReformismoHá um claro apelo revolucionário. As estruturas sócio-políticas que destroem o homem podem ser mudadas.

InstrumentalismoEscrever é um ato político e de militância. A obra é um instrumento de ação política, de interferência na sociedade, em busca de reformas estruturais.

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DIVISÃO DA PROSA:• INTIMISTA -

Predomina o interesse pela análise do mundo interior das personagens e seus conflitos íntimos. Representantes dessa vertente: Lúcio Cardoso e Dionélio Machado.

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DIVISÃO DA PROSA:• URBANA -

Cultivada desde o Romantismo, a prosa urbana desse período focaliza o homem/meio e homem/sociedade. Autores principais: Érico Veríssimo, Dionélio Machado.

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DIVISÃO DA PROSA:• REGIONALISTA – Predomina a

denúncia das injustiças sociais e dos problemas econômicos do Nordeste, o drama dos retirantes da seca e a vida sofrida da população pobre. O romance social nordestino, de linha neorrealista, reúne a produção literária mais importante da segunda fase do Modernismo. A publicação de A bagaceira, de José Américo de Almeida, em 1928, é o marco inicial dessa tendência, cujos autores principais são Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado.

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AS NARRAÇÕES APRESENTAM:

• PERSONAGEM: Sob a perspectiva psicológica;• TEMÁTICA: Denúncia da realidade agrária no

Brasil;• LINGUAGEM: Mais tradicional, com a presença

de vocábulos regionais, mistura de norma padrão e não-padrão.

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Graciliano Ramos• RETRATO DO UNIVERSO SERTANEJO

(NORDESTINO)As personagens servem para retratar a realidade coletiva.

• ANÁLISE PSICOLÓGICA: Latifundiário(fazendeiro) Autoritário, banalizado pelo meio.Ex: São Bernardo -“Paulo Honório”

• ANÁLISE SOCIOLÓGICA:Caboclo limitado intelectualmente e explorado socialmente.Ex.: Vidas Secas – “Fabiano”

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OBRAS:• FICCIONAL: ANGÚSTIA, CAETÉS, VIDAS SECAS, SÃO BERNARDO.• AUTOBIOGRÁFICAS: INFÂNCIA, MEMÓRIAS DO CÁRCERE.• VIDAS SECAS:• Narrado em 3ª pessoa (único romance do autor com essa

característica).• Temática: seca, migração, exploração e o abandono social,

relação opressor e oprimido. Relações entre dono de terras e o trabalhador.• Personagens:

Família de Fabiano (retirantes)- sinhá Vitória, dois filhos( o menino mais velho e o mais novo), Baleia (cadela);

Patrão – “Tomás”(força de exploração); “Soldado amarelo” (representa a entidade governamental que

oprime).

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• VIDAS SECAS:• Narrado em 3ª pessoa (único romance do

autor com essa característica).• Temática: seca, migração, exploração e o

abandono social, relação opressor e oprimido.

Relações entre dono de terras e o trabalhador.• Personagens:

Família de Fabiano (retirantes)- sinhá Vitória, dois filhos( o menino mais velho e o mais novo), Baleia (cadela);

Patrão – “Tomás”(força de exploração);“Soldado amarelo” (representa a

entidade governamental que oprime).

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• SÃO BERNARDO• Neorrealista: Relações críticas quanto à

sociedade;Análise da consciência do

indivíduo ( introspecção psicológica).

• Forte tendência: regionalismo

• Forte marca dessa obra: reflexão sobre o modo como sistema capitalista “coisifica” o homem (busca pelo idealismo socialista)

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RACHEL DE QUEIROZ• Tornou-se conhecida com a publicação

da obra: “O quinze”• Narrativa social: efeitos da seca sobre o

sertanejo;• Seca de 1915, migração, desigualdade, a

indiferença dos poderosos diante da grave situação.

• Vidas do interior cearense;• Eixo narrativo central da obra: migração

de Chico Bento e sua família;• Eixo paralelo: amor impossível entre

Vicente(proprietário rural) e Conceição(moça culta da cidade);

• Conceição: busca feminina de autonomia em uma sociedade patriarcal.

• Outras obras: João Miguel, Caminho das Pedras, As três Marias.

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JOSÉ LINS DO REGO• FOCO: decadência da estrutura social e econômica dos

latifundiários e engenhos da zona açucareira da Paraíba e Pernambuco;

• Início da modernização com a chegada das usinas;• Concilia ficção e recordações da infância;• Trata, em especial, das transformações sociais profundas ocorridas

no Nordeste: decadência dos engenhos substituídos pelas usinas.• Algumas obras:o Ciclo da cana-de-açúcar:

Menino de engenho, Doidinho, Banguê, Usina, Fogo morto.oCiclo do cangaço, do misticismo e da seca:

Pedra bonita, Cangaceiros.oAlém de: O moleque Ricardo, Pureza e Riacho doce, com elementos

dos dois ciclos, entre outros.

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JORGE AMADO • FOCO DE INTERESSE:BAHIA - Zona cacaueira e a cidade de

Salvador. • A obra de Jorge Amado tem diferentes fases:Regionalista e denúncia social - Caracteriza-

se pelo romance engajado, algumas personagens encarnam ideais de justiças e igualdade. Pertencem a esse período: Cacau, Jubiabá, Capitães da areia, Terras do sem-fim, São Jorge do Ilhéus.

2ª fase - Tem início com a publicação de Gabriela cravo e canela, 1958. Fase mais descompromissada em que defende o amor e a liberdade, criando tipos ingênuos e exuberantes. Quincas Berro D’Água, Dona Flor e seus dois maridos, Tenda dos milagres.

3ª fase – Reutiliza fórmulas antigas de sua produção, como figuras femininas, velhas histórias da região cacaueira ou sincretismo religioso da Bahia. Obras desta fase: Teresa Batista cansada de guerra, Tieta do Agreste.

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ÉRICO VERÍSSIMO• Regionalismo do Sul.• A obra do autor costuma ser dividida em

três fases:1ª fase - Caracteriza-se pelo registro do

cotidiano da vida urbana de Porto Alegre e pela apresentação de certos valores morais, sociais e humanos decorrentes da vigência de valores degradados.

Obras: Clarissa, Música ao longe, Olhai os lírios do campo, O resto é silêncio.

• 2ª fase – Corresponde a O tempo e o vento, obra cíclica que trata da formação do Rio Grande do Sul.

• 3ª fase - Caracterizada por uma postura mais universalista, mais crítica e de engajamento social.

Obras: O prisioneiro, O senhor embaixador e Incidente em Antares.

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Poesia de 30

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• Os poetas de 30 são conscientes de que a problemática do mundo em que vivemos é de natureza política, ligadas ao capitalismo, gerando desigualdades, contradições, mecanismos de opressão e de desumanização e que a arte precisa denunciar.

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• Os poetas dessa geração são chamados “poetas de cosmovisão”, pois possuem aguda percepção do tempo em que vivem e da necessidade de transformá-lo, pelos caminhos escolhidos por sua sensibilidade poética.

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Grupo festa

Intimismo, introspecção, viagem interior, sonho, fantasia, solidão, efemeridade, fugacidade e influência do Simbolismo.

Cecília Meireles, Murilo Mendes, Jorge de lima Vinícius de Morais.

A chamada corrente espiritualista

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Epigrama n. 2

És precária e veloz, Felicidade.Custas a vir e, quando vens, não te demoras.Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa:Fizeste para sempre a vida ficar triste:Porque um dia se vê que as horas todas passam,e um tempo despovoado e profundo, persiste.

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Cecília MeirelesCaracterísticas

• poesia delicada, intimista, subjetiva, compassiva, reflexiva, filosófica;

• imagens naturais (mar, ar, areia, espuma, lua, vento);• forte herança simbolista (neossimbolismo);• estados de ânimo vagos e quase incorpóreos;• atmosfera de dor existencial;• caráter passadista e pouco inovador;• linguagem limpa e bem comportada;• versos curtos;• tom melancólico e sereno.

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Temática• a precariedade da existência humana;• a fugacidade do tempo e dos bens materiais;• a falta de sentido da vida;• a solidão a que o indivíduo está condenado;• a distância, a perda, a falta;• a criação artística;• a natureza.

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Canção

Pus o meu sonho num navioe o navio em cima do mar;- depois, abri o mar com as mãos,para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertas,e a cor que escorre de meus dedos colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,a noite se curva de frio;debaixo da água vai morrendomeu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,para fazer com que o mar cresça,e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;praia lisa, águas ordenadas,meus olhos secos como pedrase as minhas duas mãos quebradas.

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Canção – Cecília MeirelesNo desequilíbrio dos mares,as proas giram sozinhas...Numa das naves que afundaramé que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculossem desespero e sem desgosto,e morri de infinitas mortesguardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregarammeu olhos, entre águas e areias,cegaram como os das estátuas,a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o are endureceram junto ao vento,e perderam a cor que tinhame a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levavadesprendeu-se e caiu de mim:e só talvez ele ainda vivadentro destas águas sem fim.

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Memória

Amar o perdidodeixa confundidoeste coração.

Nada pode o olvidocontra o sem sentidoapelo do Não.

As coisas tangíveistornam-se insensíveisà palma da mão.

Mas as coisas findas,muito mais que lindas,essas ficarão.

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Estilo• linguagem seca, exata, direta, precisa;• poesia artesanal: trabalhada, elaborada e não fruto

apenas da inspiração momentânea;• antilirismo intencional (poemas isentos de

sentimentalismo ou expressões enfáticas);• predomínio de versos livres;• valorização de aspectos sonoros e visuais (a partir do

movimento concretista);• humor e poema-piada (mais no início da carreira);• acentuada ironia.

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Temática1. Temática do Eu (autobiografia):• o passado (lembranças da infância, da família, da terra natal,

de fatos marcantes em sua existência);• o amor (questionamento, desencontro, dúvida).2. Temática do Mundo:• visão pessimista, desencantada do mundo;• a solidariedade, o compromisso com a humanidade sofredora;• a destruição (indagação metafísica, a solidão humana, a

perda, o nada).3. Temática da Metapoesia (a metalinguagem):• Indagação sobre a função da poesia, ou mesmo de como fazê-

la.

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4. Temática do questionamento existencial:• a angústia do poeta e do homem;• a tentativa de entender o mundo, integrar-se nele.5. Temática da retratação da realidade:• compromisso com o presente;• retrato da realidade brasileira de diferentes épocas.6. Temática do tempo:• o compromisso de não afastar-se do presente;• o passado que o persegue.

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Carlos Drummond de Andrade

1 – Fase GAUCHEGauche humor, ironia e linguagem coloquial caracterizam as obras: Alguma poesia (1930); Brejo das almas (1934) O pessimismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existencial

2- FASE SOCIAL Tentativa de transformar o mundo. Sentimento do mundo (1940); José (1942); Rosa do povo ( 1945) O poeta se solidariza com os problemas do mundo, pondo fim ao isolamento da fase anterior

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Carlos Drummond de Andrade

3 – FASE FILOSÓFICA Temas universais: vida e morte Fazendeiro do Ar (1955); Vida passada a limpo (1959) Neologismos e aliterações Poesia nominalLição de coisas (1962)4 – Síntese madura das anteriores / tempo de memórias Os temas anteriores são retomados de forma mais

aprofundada “ Boitempo” “ Boitempo II” “ As impurezas do branco” “ Amor Amores”

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Poema da purificação Carlos Drummond de AndradeDepois de tantos combateso anjo bom matou o anjo maue jogou seu corpo no rio.As água ficaram tintasde um sangue que não descoravae os peixes todos morreram.Mas uma luz que ninguém soubedizer de onde tinha vindoapareceu para clarear o mundo,e outro anjo pensou a feridado anjo batalhador.

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A um Passarinho

Para que viesteNa minha janelaMeter o nariz?Se foi por um versoNão sou mais poetaAndo tão feliz!Se é para uma prosaNão sou AnchietaNem venho de Assis.

Deixa-te de históriasSome-te daqui!

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CARACTERÍSTICAS DA OBRATemática:• da transcendência espiritual ao amor sensual• canto ao amor e à mulher• o amor em suas múltiplas manifestações: saudade, carência,

desejo, paixão, espanto1ª fase • transcendental e mística;• angústia existencial (solicitação da alma e do corpo – até 1936).2ª fase • concepção mais realista da vida e do amor (mundo material,

impressões sensoriais, erotismo);• inovações de forma e conteúdo.

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Soneto de Fidelidade / Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.

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O mau samaritano Quantas vezes tenho passado perto de um doente, Perto de um louco, de um triste, de um miserável, Sem lhes dar uma palavra de consolo. Eu bem sei que minha vida é ligada à dos outros, Que outros precisam de mim que preciso de Deus Quantas criaturas terão esperado de mim Apenas um olhar – que eu recusei.

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O ACENDEDOR DE LAMPIÕES – JORGE DE LIMALá vem o acendedor de lampiões da rua!Este mesmo que vem, infatigavelmente,Parodiar o sol e associar-se à luaQuando a sombra da noite enegrece o poente!Um, dois, três lampiões, acende e continuaOutros mais a acender imperturbavelmente,À medida que a noite, aos poucos, se acentuaE a palidez da lua apenas se pressente.Triste ironia atroz que o senso humano irrita:Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,Talvez não tenha luz na choupana em que habita.Tanta gente também nos outros insinuaCrenças, religiões, amor, felicidadeComo este acendedor de lampiões da rua!

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Quem faz um poema abre uma janela.

Respira, tu que estás numa cela abafada,esse ar que entra por ela.

Por isso é que os poemas têm ritmo- para que possas profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.

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