Reabilita_RafaelNoronha_Mongrafia_2011
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8/6/2019 Reabilita_RafaelNoronha_Mongrafia_2011
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RAFAEL DOS SANTOS NORONHA
Ecologia Urbana: Espaos urbanos eficientes por meio doconhecimento do lugar.
Monografia apresentada como requisito parcial
para obteno do ttulo de Especialista. Curso
de ps-graduao lato sensuem Reabilitao
Ambiental Sustentvel Arquitetnica e
Urbanstica. Programa de Pesquisa e Ps-
graduao. Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo. Universidade de Braslia.
Orientadora: Prof. Marta Adriana Bustos
Romero
BRASLIA
2011
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II
minha famlia, e amigos.
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III
Agradecimentos
Agradeo a Deus por ter me colocado em uma famlia maravilhosa, e sempre rodeado de bons
amigos.
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IV
Sumrio
LISTA DE ILUSTRAES....................................................................................................................VII
RESUMO.................................................................................................................................................X
1. INTRODUO................................................................................................................................ 1
2. NOVOS PARADIGMAS EM BUSCA DA SUSTENTABILIDADE................................................... 3
2.1. A VISO SISTMICA: A BASE DOS PRINCPIOS ECOLGICOS ......................................... 4
3. OS PRINCPIOS ECOLGICOS E A ECOLOGIA URBANA......................................................... 6
3.1. A organizao dos seres vivos .................................................................................................. 6
3.1.1. Sistemas fechados: .................................................................................................................... 6
3.1.2. Estruturas dissipativas: .............................................................................................................. 6
3.1.3. Autorreguladores e auto organizadores: .................................................................................... 7
3.1.4. Processos cognitivos:................................................................................................................. 7
3.1.5. Pequena concluso.................................................................................................................... 7
3.2. Princpios ecolgicos (Capra, 1996. pg. 231-235): .................................................................... 8
3.2.1. A interdependncia: ................................................................................................................... 8
3.2.2. A parceria: .................................................................................................................................. 9
3.2.3. A Natureza cclica dos processos ecolgicos (reciclagem) ....................................................... 9
3.2.4. Diversidade............................................................................................................................... 10
3.2.5. Flexibilidade:............................................................................................................................. 10
4. ESPAOS URBANOS ECOLGICOS. ....................................................................................... 12
4.1. A Agricultura Urbana (AU)........................................................................................................ 12
4.1.1. Atividades da Agricultura Urbana (SANTANDREU & LOVO, 2007 p. 12)............................... 13
4.1.1.1. Produo:............................................................................................................................. 14
4.1.1.2. Transformao artesanal ..................................................................................................... 14
4.1.1.3. Comercializao justa e solidria ........................................................................................ 14
4.1.1.4. Auto consumo ...................................................................................................................... 14
4.1.1.5. Prestao de Servios ......................................................................................................... 14
4.1.2. Parmetros globais para a insero da Agricultura Urbana .................................................... 15
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4.1.2.1. Objetivos: ............................................................................................................................. 15
4.1.2.2. Diretrizes: ............................................................................................................................. 16
4.1.2.3. Metodologia da insero da AU........................................................................................... 16
4.2. A permacultura nos espaos urbanos...................................................................................... 18
4.2.1. Estratgias (Rodrigues, 2000; Mollison, 1988) ........................................................................ 18
4.2.1.1. Posio relativa dos elementos: .......................................................................................... 18
4.2.1.2. Cada elemento deve executar diversas funes................................................................. 19
4.2.1.3. Cada funo apoiada por diversos elementos .................................................................... 20
4.2.1.4. Utilizar a reciclagem............................................................................................................. 20
4.2.1.5. Utilizar a sucesso natural de plantas: ................................................................................ 21
4.2.1.6. Utilizar a diversidade............................................................................................................ 21
4.2.1.7. Utilizar a complexidade, atravs da criao de bordas ....................................................... 21
4.2.1.8. Utilizar recursos biolgicos (renovveis) ............................................................................. 21
4.3. Pequena concluso.................................................................................................................. 22
5. O ESTUDO DE CASO: REA VERDE RESIDENCIAL DO PLANO PILOTO, BRASLIA/DF. .... 23
6. A ANLISE DO LUGAR: REA CENTRAL DA SUPERQUADRA 314 NORTE (BRASLIA / DF).27
6.1. O ESPAO (ASPECTOS OBJETIVOS): ................................................................................. 28
6.1.1. Os blocos.................................................................................................................................. 30
6.1.2. Equipamentos Urbanos, vegetao, caladas, e vias ............................................................. 33
6.1.2.1. Coreto .................................................................................................................................. 34
6.1.2.2. Equipamentos de exerccios fsicos mal executados; ......................................................... 35
6.1.2.3. Parquinho / prgula.............................................................................................................. 35
6.1.2.4. Caladas e vias.................................................................................................................... 36
6.1.2.5. Vegetao: ........................................................................................................................... 37
6.1.2.6. A Prefeitura .......................................................................................................................... 38
6.2. O CARTER (ASPECTOS SUBJETIVOS).............................................................................. 40
6.3. O MAPA COMPORTAMENTAL (SOMMER & SOMMER, 1991) ............................................ 43
6.3.1. METODOLOGIA CENTRADA NO LUGAR ......................................................................... 43
6.3.2. O MAPA ............................................................................................................................... 44
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VI
6.3.3. DIAGNSTICOS COMPORTAMENTAIS ........................................................................... 45
7. UTILIZAO DE ALGUMAS ESTRATGIAS.............................................................................. 48
7.1. ESTRATGIA 1 ZONEAMENTO PERMACULTURAL......................................................... 48
7.1.1. REAS VERDES PRIVATIVAS: ZONA 1............................................................................ 48
7.1.2. REAS VERDES LIVRES: ZONA 2 .................................................................................... 51
7.2. ESTRATGIA 2 NAS CERCAS DAS REAS VERDES, DOS PARQUINHOS, ETC. ......... 51
8. CONCLUSES............................................................................................................................. 53
9. REFERNCIAS ............................................................................................................................ 55
ANEXO 01 TABELAS DOS MAPAS COMPORTAMENTAIS.............................................................. 1
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VII
Lista de ilustraes
Quadros
Quadro 1 - Listado das experincias focadas na Regio Centro Oeste Braslia (DF), por tipo de ator
que as promove, apia e/ou financia. (SANTANDREU & LOVO, 2007, pg.22) ................................... 13
Quadro 2 - Tipologias urbanas possveis para atividades de Agricultura Urbana e Periurbana.
Adaptada (Terrile, 2006 apud SANTANDREU & LOVO, 2007, pg.22)................................................. 15
Tabelas (anexo 1)
Tabela 1 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho): 08:30 s 09:30.................................. 1
Tabela 2 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho): 09:30 s 10:30.................................. 2
Tabela 3 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho): 10:30 s 11:30.................................. 3
Tabela 4 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho): 14:30 s 15:30.................................. 4
Tabela 5 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho) 15:30 s 16:30................................... 5
Tabela 6 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho) 16:30 s 17:30................................... 6
Tabela 7 - Continuao da Tabela 6 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho) 16:30 s
17:30........................................................................................................................................................ 7
Tabela 8 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho) 17:30 s 18:30................................... 8
Tabela 9 - Continuao da Tabela 8 - Mapa Comportamental (rea de estudo do trabalho) 17:30 s
18:30........................................................................................................................................................ 9
Figuras
Figura 1 - rvores na viso sistmica. Fonte: Mollison (1988, p. 140). .................................................. 4
Figura 2 - Fluxograma de metodologia para poltica de AU. Fonte: site da REDE (Rede de
Intercmbios de tecnologias alternativas (http://www.rede-mg.org.br/index.php?iid=24&p=2&sid=58
acesso em 14/03/2011)......................................................................................................................... 17
Figura 3 - Vista area da cidade de Braslia. Asa sul. Fonte:
http://h.imagehost.org/view/0784/myaviationnetphotoid009cp5 (acesso:9/5/2011) ............................. 23
Figura 4 - Calada sombreada com um clima agradvel caminhada................................................ 24
Figura 5 - Situao (localizao) da Superquadra Norte 314 (SQN 314). Fonte: Google Earth (com
modificaes) ........................................................................................................................................ 27
Figura 6 - Superquadra 314 Norte. Braslia DF. Fonte: Google Earth (com modificaes) ................. 28
Figura 7 - Estudo de caso - rea central da Superquadra 314 Norte. Braslia DF. Fonte: Google Earth
(com modificaes). .............................................................................................................................. 29
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VIII
Figura 8 - Acessos rea de estudo .................................................................................................... 30
Figura 9 - Vista do Bloco D ................................................................................................................... 31
Figura 10 - Vista do Bloco E.................................................................................................................. 31
Figura 11 - Foto da relao direta pilotis do prdio / rea de estudo ................................................... 31
Figura 12 - Vista do bloco F .................................................................................................................. 32
Figura 13 - Vista Bloco G ...................................................................................................................... 32
Figura 14 - Barreiras ao acesso do Bloco G rea de estudo............................................................. 32
Figura 15 - Mapa esquemtico dos equipamentos urbanos e vegetao ............................................ 33
Figura 16 - Vista do Coreto ................................................................................................................... 34
Figura 17 - Conservao ruim das telhas do coreto ............................................................................. 34
Figura 18 Caladas quebradas, bancos mal encaixados, e sujeira................................................... 34
Figura 19 - Equipamentos de atividade fsica precrios ....................................................................... 35
Figura 20 - Vista do parquinho - 1......................................................................................................... 35
Figura 21 - Vista do parquinho 2........................................................................................................ 35
Figura 22 - Manuteno precria do parquinho .................................................................................... 36
Figura 23 - Vista do parquinho / prgula............................................................................................... 36
Figura 24 - Caladas quebradas e estreitas ......................................................................................... 36
Figura 25 - Via local e contineres no limite da rea............................................................................ 37
Figura 26 Vista panormica da rea na poca da seca (setembro 2010)......................................... 37
Figura 27 - Imagem panormica da rea no final das pocas das chuvas (abril 2011) ....................... 38
Figura 28 - Jardim cercado do Bloco G ................................................................................................ 38
Figura 29 - Jardim cercado do Bloco E................................................................................................. 38
Figura 30 - Relao confusa com as vias, facilmente bloqueada e entorno ruim do ponto de vista da
acessibilidade........................................................................................................................................ 39Figura 31 - Vista da sede da Prefeitura: arquitetura mal elaborada, com carter de improviso .......... 39
Figura 32 A procura pelo conforto. Pessoas que, aparentemente aproveitariam melhor o parque,
vo para outras reas pelo desconforto ambiental (foto: setembro, 2010). ......................................... 40
Figura 33 - Jardins privativos (bloco E)................................................................................................. 41
Figura 34 - Jardins privativos (bloco G) ................................................................................................ 41
Figura 35 - Jardins produtivos (bloco E) ............................................................................................... 41
Figura 36 - Jardins produtivos (bloco E) ............................................................................................... 41
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IX
Figura 37 - rea um pouco mais afastada do prdio j mostra sinais de descuido, com mato alto e
pouca variedade esttica. ..................................................................................................................... 41
Figura 38 - Mapa Base setorizado para o mapa comportamental........................................................ 44
Figura 39 - Aspectos comportamentais da rea de estudo .................................................................. 45
Figura 40 - Adulto brincando com as crianas...................................................................................... 47
Figura 41 - Imagem da placa de proibio / restrio do uso............................................................... 48
Figura 42 - Espiral de erva. Fonte: MOLLISON (1988 p. 101) ............................................................. 49
Figura 43 - Corte AA do espiral de erva. Fonte: MOLLISON (1988 p. 101) ......................................... 49
Figura 44 - Horta Mandala. Fonte: Mollison (1988 p. 274) ................................................................... 50
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X
Resumo
A sustentabilidade a capacidade de vivermos bem o presente, e ao mesmo tempo garantirmos a
possibilidade (pelo menos com o que est ao nosso alcance) de boa vida s prximas geraes. A
viso sistmica enxerga uma realidade interligada, descoberta pela fsica quntica, onde tudo est
conectado. Esta realidade da vida possui alguns princpios que servem de diretrizes de aes, nabusca do equilbrio e sustentabilidade dos ecossistemas urbanos. O sucesso das cidades, na viso
sistmica, depende desta correta relao entre as cidades, e seus mais variados componentes. A
Ecologia Urbana estuda estas ligaes essenciais que as comunidades e cidades humanas possuem
com a natureza, e entre seus componentes internos, por serem ecossistemas integrantes da
realidade interligada. A eficincia delas depende de se comportarem como os organismos vivos e
sadios. Os espaos urbanos so alvos importantes de conceitos cientficos, prticas e polticas que
visem dar s cidades mais energia e sade. A Agricultura Urbana tem uma poltica internacional de
desenvolvimento da produo alimentar urbana voltada para o consumo local, a justia social, a
equidade de gnero, etc. No se limita produo agrcola, em si, mas no fortalecimento dasrelaes comunitrias, e autonomia destas, seguindo as recomendaes de descentralizao da
gesto urbana. Os espaos urbanos produtivos podem ser executados e planejados nos moldes do
que a permacultura recomenda, onde se busca sistemas de produo altamente eficientes, voltadas
ao consumo local, com as caractersticas e flexibilidades dos sistemas naturais: biodiversidade, baixa
manuteno, etc. O papel dos tcnicos e profissionais levantar a maior quantidade de informaes
possvel acerca do espao em questo, e dialogar com a comunidade, em uma troca de
conhecimentos fundamental para se encontrar a melhor soluo possvel para cada caso. Isto
estimula a buscada autonomia comunitria e, assim, o desenvolvimento de cada vez mais
conhecimento, pela troca de experincias, e sentimento de colaborao mtua, e parceria
Palavras-chave: Sustentabilidade; viso sistmica; Ecologia Urbana; espao urbano; Agricultura
Urbana, permacultura; espao, carter, atmosfera e comportamento do lugar.
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1. Introduo
Este trabalho faz parte da concluso do Curso de ps-graduao lato sensuem reabilitao
ambiental sustentvel arquitetnica e urbanstica, da Universidade de Braslia, ano de 2011. O
tema Ecologia Urbana: Espaos urbanos eficientes por meio do conhecimento do lugar.
A necessidade de melhorar a vida no planeta cresce na mesma medida em que os problemas
aumentam. As cidades esto cada vez mais caticas, inchadas, e injustas, e a vida dos humanos se
torna insalubre por prejudicar as prprias fontes de seus recursos, poluindo, e consumindo tudo, de
maneira at infantil, e inconsequente.
A cultura humana avana em uma tentativa de garantir que sua vida seja salva, e que as prximas
geraes tenham a possibilidade de viver em melhores condies que as atuais. Os conceitos que
buscam a sustentabilidade surgem como uma tentativa de garantir oportunidades e vida digna s
futuras geraes. Porm, para que se sustente vida digna e oportunidades para as prximas
geraes, preciso, primeiramente, que estas condies sejam alcanadas no presente, por meio da
contribuio de todos. As mudanas de atitudes so urgentes e necessrias, e a nova sociedade do
futuro capaz de ser sustentvel est, neste momento, em construo.
Este trabalho trata da Ecologia Urbana, que, por enxergar as cidades integradas natureza, estuda
princpios ecolgicos dos sistemas vivos naturais, a fim de aplic-los nos meios urbanos. Foram
pesquisados alguns destes princpios, seus contextos cientficos, e suas conexes entre as cidades,
e a sociedade, baseados em Capra (1996), Mollison (1988), Maturana & Varela (1995), Andrade
(2005; 2010), Sirkis (1999), e Gouva (2002). Alguns dos objetivos so contribuir na divulgao
destes princpios e da chamada alfabetizao ecolgica (CAPRA, 1996), e sua maneira de enxergar
a vida.
O enfoque deste trabalho, na aplicao destas ideias, se deu nos espaos urbanos, por meio de
maneiras de torn-los mais eficientes, produtivos e provedores de qualidade de vida. Foram
pesquisadas duas estratgias: a primeira a Agricultura Urbana baseada em Coutinho (2007);
Moreira (2009 entrevista); no programa Cultivando Cidades para o Futuro, em Belho Horizonte
(CCF-BH, 2008); e no documento Panorama da Agricultura Urbana no Brasil (2007). A outra
estratgia pesquisada para os espaos urbanos foi a Permacultura, baseada em Mollison (1988) eRodrigues (2000).
A principal inteno das duas estratgias citadas fortalecer, caso a caso, a comunidade em suas
dinmicas diversificadas, e prov-las de tcnicas e hbitos que as tornem cada vez mais
sustentveis, parceiras, justas, criativas e dinmicas. Leva-se em considerao o mximo de
conexes entre as caractersticas nicas de cada comunidade: a sua vizinhana, suas necessidades,
e as fontes dos seus recursos, a fim de estabelecer maior capacidade de abastecimento, renovao,
reciclagem, trocas, e evoluo dos modos de produo e consumo. Tudo importante: o meio
ambiente em que se inserem, os costumes, e todo aspecto relevante que seja identificado. Para isso,so utilizados mtodos diversificados de anlises e levantamento de dados.
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No estudo de caso deste trabalho o espao pblico central da Superquadra 314 norte, em Braslia /
DF foram realizadas anlises do espao urbano, por meio de observao direta. Primeiramente, o
levantamento dos aspectos objetivos (estrutura) e qualitativos (carter) do local, a fim de
identificar sua atmosfera, ou esprito do lugar, baseados em Romero (2001; 2010). No segundo
momento, foi realizado um mapa comportamental, baseado em Sommer & Sommer (1991), e
Person (2006) a fim de analisar o padro de comportamento de setores determinados do localestudado.
A partir deste levantamento, foi possvel identificar a utilizao de algumas estratgias apresentadas
pela Agricultura Urbana e Permacultura, no local estudado. Entende-se, porm, que estas
estratgias possuem carter de uma sugesto inicial, pois, seriam necessrios dilogos e/ou
campanhas junto comunidade a fim de clamar por sua participao e envolvimento para encontrar
os procedimentos mais adequados possveis. Os mtodos de anlises so, portanto, procedimentos
iniciais, que servem de repertrio tcnico ao dilogo contnuo com a comunidade estudada, sendo,
portanto, um importante passo na construo da autonomia e evoluo desta.
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2. Novos paradigmas em busca da sustentabilidade
O modo como as cidades e a populao mundial crescem, e o ritmo em que destrumos as florestas,
fontes dos recursos, so ameaas no s para a vida da fauna e da flora selvagens (no humana),
como para a nossa prpria vida. Simplesmente, em nossa vida desconectada do planeta, estamos,ns mesmos, acabando com as possibilidades de nossa espcie perdurar, e ameaando toda a vida
no planeta.
As necessidades de mudanas no modo de vida da humanidade, e em seu desenvolvimento esto
cada vez mais presentes na conscincia das pessoas. Na medida em que o tempo avana, novas
ideias surgem, novas tecnologias so postas em prtica, novas polticas, e novos hbitos ganham
adeptos na tentativa de fazer o ser humano atual adaptar e/ou transformar seu modo de vida (cultura,
de modo geral). Mostra-se necessria uma relao estvel com os recursos e ciclos naturais
oferecidos pelo planeta, e com todos os seres vivos, a fim de que a vida tenha mais chances decontinuar sua bela trajetria, fortalecida pelas atitudes corretas de hoje, que, em constante evoluo,
permitiro vida boa para as futuras geraes. Isto o que podemos chamar de sustentabilidade.
Pensar no futuro da vida, agindo de forma correta no presente.
Uma sociedade sustentvel aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuiras perspectivas das geraes futuras (Lester Brown,... apud CAPRA, 1996. pp. 24).
Uns dos principais meios de se alcanar a sustentabilidade so, por exemplo: equilbrio ambiental, a
justia social, a diversidade cultural; a autonomia individual de livre pensamento e expresso, e boa
qualidade de vida igualitria, acessvel a todas as pessoas. As maneiras de conseguirmos isso esto
alm da definio concreta, claramente alcanada, ou um objetivo final. So modelos de vida criativose dinmicos que constantemente buscam os prprios aperfeioamentos. Um constante
desenvolvimento humano, nos quais se integram os anseios, realizaes, e diferentes culturas (como:
economia, tecnologia, poltica, arte, religio, etc.) com os ciclos e processos naturais.
A boa qualidade de vida apenas para ns, humanos, no suficiente, nem mesmo possvel. As
nossas vidas dependem de todas as outras espcies vivas do planeta. A sustentabilidade da
sociedade humana, na viso ecolgica, passa pelo reconhecimento de que preciso colaborar entre
si e com toda a natureza. A vida como conhecemos a prpria natureza criando e recriando a si
mesma, constantemente.
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2.1. A viso sistmica: a base dos princpios ecolgicos
Esta viso foi a nova percepo da realidade descoberta pela fsica quntica, que trouxa cincia um
novo paradigma, modificando o pensamento mecanicista de partes e objetos para um pensamento
sistmico de relaes dinmicas, em constante evoluo, componentes de um todo integrado
(CAPRA, 1996 p. 25).
Esta percepo mudou o pensamento cientfico do sculo XX. A viso mecanicista cartesiana, queprocura explicar as partes para entender o todo, se viu como sendo apenas uma pequena frao deuma realidade muito mais complexa, chamada de viso ecolgica, ou sistmica, que procura analisar,ao invs dos objetos, as relaes complexas entre tudo o que existe. So nestas relaes queacontecem o desenvolver de todos os sistemas vivos, e das condies ambientais que possibilitam avida. Por exemplo, uma rvore muito mais do o conjunto de razes, caule, folhas, e frutos (ver figura1).
Figura 1 - rvores na viso sistmica. Fonte: Mollison (1988, p. 140).
Ela depende da variadas espcies de animais, fungos, que a fertilizam, espalham suas sementes, e
protegem suas razes. A rvore habitat para outras espcies, fonte de alimento para outras, e,
principalmente, componente colaborativo de uma rede de relaes que depende dela e, ao mesmo
tempo, possibilita a sua existncia. Na viso sistmica, assim com tudo o que existe. A vida
construda nesta relao entre grande quantidade de diversos sistemas vivos. Ns (humanos)
estamos tambm nesta rede, e s existimos por causa dela. Devemos, ento, sermos colaboradores
da vida, se quisermos perdurar.
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Arne Naess (1970 apud CAPRA, 1996), filsofo noruegus, prope uma nova viso tica, que
substitui o antropocentrismo pensamento centrado no homem pelo ecocentrismo pensamento
centrado na Terra. Ele a chama de ecologia profunda.
uma viso de mundo que reconhece o valor inerente da vida no humana. Todosos seres vivos so membros de comunidades ecolgicas ligadas umas s outrasnuma rede de interdependncias. (CAPRA, 1998. pp.28).
A Natureza selvagem passa a ser vista como aliada, e at mesmo professora (Rodrigues, 2000) para
nossas atitudes. Deixa de ser uma barreira ao desenvolvimento econmico, e sim o meio para um
real desenvolvimento humano, com culturas possveis de serem sustentadas, de desenvolvimento
duradouro, em um planeta com ciclos prprios de renovao e recursos limitados.
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3. Os princpios ecolgicos e a Ecologia Urbana
A viso da natureza como professora traz o conhecimento de como os ecossistemas naturais
funcionam, e como a vida se mantm ao longo das eras do planeta. Os princpios da ecologia so
baseados nesta observao e estudo das relaes e conexes entre as espcies, seus recursos, e
seus ciclos. Com foi dito, o principal entender como so estabelecidas as relaes, pois a partir
destas, as condies de vida so mantidas.
A Ecologia Urbana, como vertente da viso sistmica,estuda as mltiplas relaes urbanas
(externas e internas), assim como suas conexes com os meios naturais (ANDRADE, 2010 p. 23). O
gestor ambiental e urbano deve ter este conceito bsico de que a cidade faz parte da natureza
(SIRKIS, 1999. pg. 18-19). As cidades, assim como tudo o que existe, fazem parte desta rede de
energia e matria onde tudo se comunica, e de tudo compartilha.
Os sistemas urbanos, e as comunidades humanas so vistas como ecossistemas vivos e complexos
(CAPRA, 1996; SIRKIS, 1999). Apresentam os princpios bsicos de organizao que todos os seres
vivos possuem, e, por isso, devem buscar uma organizao semelhante de relaes, funcionamento /
metabolismo, a fim de se tornarem sistemas equilibrados e saudveis.
3.1. A organizao dos seres vivos
Segundo alguns bilogos1 (apud CAPRA, 1996), estes princpios bsicos de organizao, consistem
em 4 (quatro) caractersticas que definem certos componentes como sistemas ou seres vivos: 1) so
sistemas fechados em sua organizao; 2) abertos em sua estrutura (estruturas dissipativas); 3)
autorreguladores / auto organizadores; 4) com capacidade de cognio.
3.1.1. Sistemas fechados:
Esta caracterstica abrange a organizao interna dos seres vivos. Possuem limites estruturais que
abrigam, dentro de seus limites, as relaes necessrias manuteno de suas funes. O limite
pode ser a pele, a membrana celular, ou a atmosfera2
. O padro desta organizao interna e dasrelaes de seus componentes o que determina a classe do sistema (um cavalo, um cachorro, uma
rvore, o planeta Terra, etc.).
3.1.2. Estruturas dissipativas:
Um organismo vivo necessita de fluxo contnuo de ar, de gua e de alimento vindodo meio ambiente atravs do sistema para permanecer vivo e manter sua ordem(CAPRA, 1996. pg. 146).
1 Prigogine : estruturas dissipativas; Lovelock : teoria de Gaia , Maturana & Varela: autorregulao e autoorganizao (teoria da auto poiese: auto= si mesmo; poiese= poesia, criao); Bateson, e Maturana(independentemente): vida = cognio e processos mentais. (apud CAPRA, 1996).
2 A teoria de Gaia a Terra como um ser vivo. (LOVELOCK, 1970 apud CAPRA, 1996).
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Apesar de serem fechados e manterem o seu padro de organizao em circuitos fechados, os
sistemas vivos so estruturalmente abertos, pela descrio de Prigogine, para permitirem o fluxo de
energia e matria. Este fluxo constante de energia no interior do sistema vivo o que possibilita toda
a sua organizao. Ao invs de ser um equilbrio esttico, uma organizao altamente complexa e
dinmica de movimentos de matria, e processos qumicos, nos quais estas relaes so em parte,
caticas, e em outra parte, ordenadas. Prigogine d um exemplo de um redemoinho ou um furaco.As instabilidades geram um comportamento inicial catico, porm o sistema tende a se ordenar e
manter o padro de movimentao intensa.
3.1.3. Autorreguladores e auto organizadores:
Esta caracterstica a que permite o sistema organizar os complexos fluxos energia e seus ciclos
internos. Basicamente, cada sistema possui em si a capacidade de se auto organizar, manter seus
padres. Nas prprias relaes entre seus componentes so trocadas informaes, enzimas,
protenas, etc. com o intuito de manter o sistema funcionando bem, em processos contnuos, e se
desenvolvendo nas instabilidades surgidas. Em comunidades ecolgicas, integrantes do sistema vivo
Gaia, os ecossistemas so mantidos em equilbrio, onde as diversas espcies se controlam
mutuamente e se relacionam de maneira a manter as condies de continuidade da vida. O prprio
planeta se regula para manter suas condies de vida. Capra afirma que a temperatura do sol, desde
que a vida comeou no planeta, j subiu cerca de 25%. Porm, o planeta em sua capacidade de
autorregulao, vem mantendo uma temperatura constante, pela biodiversidade e os diversos
processos qumicos, que, de maneira dinmica, e em conjunto, mantm as condies ideias para a
vida (LOVELOCK, 1970 apud CAPRA, 1996).
3.1.4. Processos cognitivos:
A mente percepo, aprendizagem, memria, tomada de decises, etc. (CAPRA, 1996. p. 144)
o prprio processo da vida em si. Nos sistemas vivos h um processo cognitivo de conhecimento que
organiza, e cria os componentes, mantm suas funes em atividade, identifica temperaturas,
nutrientes, diferenas de presso, etc. De acordo com Bateson (apud CAPRA, 1966), este processo
mental fenmeno caracterstico dos seres vivos. So atravs destes processos mentais que os
seres vivos mantm relao com o seu meio ambiente. Mesmo seres sem crebros percebem o meio
sua volta, e seus componentes atuam a favor das necessidades do sistema. Quando existe, o
crebro apenas uma das estruturas por meio das quais o processo mental acontece.
3.1.5. Pequena concluso
Os limites das cidades (fronteiras) e dos ecossistemas naturais (Terra) so claros (sistemas
fechados). Pode-se observar, ainda, que so formados por diversos outros sistemas vivos
(comunidades, famlias, pessoas, fauna e flora), em seu interior, assim como, por exemplo, um
humano organizado por aes bacterianas e atividades celulares, e a atmosfera mantida pelos
processos biolgicos de todas as espcies (LOVELOCK, 1970 apud CAPRA, 1996).
As comunidades humanas so abertas com relao ao fluxo de energia e matria, pois se aproveitam
de recursos externos e dispensam resduos (estruturas dissipativas). Seus componentes internos
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(pessoas, infra estrutura, etc.) trabalham para manter o funcionamento do sistema (autorregulao), e
alguns so os responsveis pela percepo e organizao da cidade (processos cognitivos).
Nos ecossistemas naturais (inclusive em nosso corpo), as relaes entre seus componentes e com os
recursos que os alimentam so benficas. Todas as espcies (ou componentes) trabalham para
manter as condies de vida, e possibilidades de evoluo. Um sistema vivo capaz de perdurar
aquele que possui uma atividade metablica que, em rede, contribui de maneira dinmica para a
manuteno de todo o sistema que o envolve, com suas diversidades e complexidades.
O metabolismo das cidades deve manter relaes eficientes entre os seus diversos elementos
internos, e suas conexes externas. Elas se tornaro sistemas vivos mais saudveis, cheios de vida e
energia pulsante, repleta de recursos, possibilidades, criatividade, e capacidade de evoluo.
Para que nossa sociedade se aproxime de tamanha organizao complexa, necessrio que haja
uma alfabetizao ecolgica(Capra, 1996. pg. 231), a fim de que nossas culturas escolares,
cientficas, polticas, econmicas, etc. percebam como se desenvolver em uma realidade sistmica, e
ecolgica. Assim, os princpios das relaes sistmicas fazem parte de uma tentativa de estabelecer
uma base de consenso de desenvolvimento humano (MATURANA & VARELA, 1995), que se encaixe
em qualquer diversidade cultural, por fazerem parte de princpios da vida.
3.2. Princpios ecolgicos (Capra, 1996. pg. 231-235):
Os princpios ecolgicos so padres existentes na vida que refletem a sua capacidade de se
transformar e evoluir, de maneira a perdurar, com muito sucesso pela eras do planeta. Alguns destes
princpios so conhecidos, e servem de modelo para as comunidades humanas sustentveis: a
interdependncia, a parceria, a reciclagem, a diversidade, e a flexibilidade.
3.2.1. A interdependncia:
a natureza de todas as relaes ecolgicas(CAPRA, 1996. pg.231). Como o prprio nome diz,
uma relao de dependncia mtua (mostrada com a rvore da figura 1), onde todos os sistemas
vivos que existem possuem um importante papel de manter a vida de diversos seres, e dependem, ao
mesmo tempo destas e outras espcies para existirem. Este princpio a base de todos os outros.
Est presente em qualquer escala de anlise; seja no planeta todo a atmosfera mantida pelos
processos biolgicos de todos os seres vivos , seja nos rgos, e tecidos de um nico sistema vivo.
Um dos desafios para nossas cidades criar e fortalecer estas relaes dentro das prprias
comunidades, em cada local, caso a caso. As relaes entre as comunidades diferentes tambm
essencial nesta realidade de cooperao. A sociedade se nutre com a valorizao destas relaes
(CAPRA, 1996 p. 232), pois os seus habitantes valorizam as diferentes vises e pontos de vista,
entendendo-os como necessrios melhoria da vida de todos.
Tudo e todos devem ser inseridos nos processos comunitrios de gesto da ecologia urbana, a fim de
haver a cincia das dificuldades, troca de ideias, decises.
O desenvolvimento sustentvel envolve muito mais fatores do que a simples
proteo ambiental. Ele busca a reconciliao entre as presses, muitas vezesconflitantes do desenvolvimento econmico, da proteo ambiental e da justiasocial. (SIRKIS, 1999 p. 170)
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O conhecimento mais aprofundado da comunidade pode facilitar a identificao dos seus limites e
das suas conexes. Quanto mais conhecimento acerca dos mais variados assuntos, maior a preciso
das aes e eficcia da participao comunitria no cuidado prprio. A educao da comunidade e o
contnuo dilogo com os tcnicos so essenciais. Com esses fatores cada vez mais desenvolvidos, a
prpria descentralizao das gestes urbanas e ambientais (CIDADES..., 2000) pode acontecer de
maneira mais natural e eficiente.
A comunidade, a vizinhana e os ecossistemas que os suprem sero valorizados, pois, surge a
compreenso de que tudo necessrio ao desenvolvimento da vida. Quanto mais relaes benficas
uma comunidade realizar, internamente, e externamente, melhor ser a sua capacidade de perdurar.
Sirkis (1999) afirma que o papel do poder pblico no diminudo. Ao invs disso, ainda mais
complexo, pois tem que conciliar diversas conexes entre as comunidades, contornando burocracias
e interesses polticos. Os gestores e as comunidades devem ter uma viso generalista, capazes de
enxergar o quadro total, desde o macro, at o micro, evitando erros de medidas especializadas, que
no consideram o contexto complexo em que se inserem.
3.2.2. A parceria:
Este princpio se mostra como essencial para a sobrevivncia e evoluo dentro desta realidade
interdependente, pois vista como a capacidade de cooperao mtua. A parceria, por exemplo, a
condio que permite a coexistncia de organismos dentro de outros, etc, de forma que evoluam
juntos.
...desde a criao das primeiras clulas nucleadas, h mais de dois bilhes deanos, a vida na Terra tem prosseguido por intermdio de arranjos cada vez mais
intrincados de cooperao e de coevoluo.(...) A parceria um dos certificados dequalidade de vida (CAPRA, 1996. pg.233-234).
As parcerias nas comunidades humanas fortalecem o empoderamento pessoal, e a democracia. So
valorizadas as capacidades de cada pessoa, e a troca constante de habilidades e conhecimentos
(ANDRADE, 2005), favorecendo a evoluo e o aperfeioamento destes processos e das relaes.
Capra (1996, pg. 234) afirma que quanto mais a parceria for verdadeira, e confiante, na qual a
inteno a evoluo de todos, melhor ser a combinao das diversidades, pois os parceiros
aprendem, mudam, e, assim, co-evoluem.
3.2.3. A Natureza cclica dos processos ecolgicos (reciclagem)So os laos de realimentao dos ecossistemas (CAPRA, 1996. pg.231).Este princpio mostra,
principalmente, que, em um ecossistema saudvel, o que resduo para um sistema, alimento para
outro, e toda a rede se mantm neste processo de transformao e trocas, fortalecendo o fluxo de
matria e energia e mais possibilidades de vida.
Dentro das comunidades, necessrio conhecer aquilo que gerado de resduo, e estabelecer, no
prprio local, o mximo de maneiras de aproveit-los, trat-los, e recicl-los, para que o sistema em
questo tenha este princpio sempre em desenvolvimento.
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Nas relaes externas, este princpio pode ser visto como a capacidade de estabelecer relaes com
as diferentes comunidades, para que existam trocas justas de recursos, e energia, baseadas na
parceria legtima.
Quanto maior for o nmero de componentes aproveitando, utilizando, transformando e alimentando
uns aos outros, maior a complexidade do sistema, mas tambm, maior a sua capacidade de
aproveitar as energias que ele mesmo produz, e as que podem chegar at ele. Uma comunidade
repleta de possibilidades tem mais maneiras de estabelecer relaes de parceria e aumentar a
reciclagem interna e externa.
Nossa estratgia organizar uma rede de intercepo [energtica] desde a fonte,at o despejo. Esta rede uma combinao entre uma teia da vida [elementos vivos]e tecnologias, e desenhada para captar e armazenar a maior quantidade possvelde energia... (MOLLISON, 1988. pg. 13).
Por exemplo, a energia bsica que nutre a vida a do sol. Portanto, saber aproveit-la
fundamental. Ela pode produzir energia eltrica, alm de, bem estudada, fornecer conforto climtico,
e ainda ser o principal combustvel para nossas reas verdes produzirem mais vegetais e oxignio;mais purificao do ar, fornecimento de alimentos, nutrientes para o solo, drenagem urbana,
tratamento alternativo de guas, etc., alm de grande deleite esttico. Os ventos, e todos os resduos
orgnicos tambm podem ser trabalhados no local, de maneira que todos sejam responsveis, e
participantes desta complexa formao de ciclos de reutilizao, reciclagem, etc.
3.2.4. Diversidade
Este princpio segue o raciocnio dos outros acima. Quanto mais diverso for um sistema, ou uma
comunidade, maior ser a sua capacidade de reciclagem, e mais parceria estar envolvida
fortalecendo a vida de todos os sistemas interdependentes.
Segundo Capra (1996), a diversidade pressupe uma sobreposio de funes. Quanto mais
elementos realizando as funes mais essenciais, melhor ser a qualidade do sistema.
quando um determinado componente destrudo por uma perturbao sria, demodo que um elo da rede seja quebrado, uma comunidade diversificada ser capazde sobreviver e se reorganizar, pois outros elos da rede podem, pelo menosparcialmente, preencher a funo da espcie destruda. (Capra, 1996. g. 235).
Esta caracterstica faz o sistema ecolgico alcanar uma resistncia necessria para quando
ocorrerem as inevitveis oscilaes do ambiente interno e externo.
3.2.5. Flexibilidade:
Este princpio funciona como uma rede. Quando h perturbaes, essa rede oscila, mas tende a
voltar ao ponto de estabilidade (lembrando que a estabilidade dinmica).
Segundo Capra (1996, pg. 234) A falta de flexibilidade [de um sistema] se manifesta como tenso.
Esta tenso ocorre quando as variveis do sistema so levadas a extremos e geram uma rigidez, que
de maneira temporria, normal, e faz parte da vida. Porm, a tenso prolongada destrutiva ao
sistema. Os sistemas devem ser diversos e seus aspectos devem ser variados para que todas as
variveis sejam interligadas e se aperfeioem em conjunto. Sendo assim, no caso das comunidades
humanas, valorizar demais uma ideia, poltica, ou ideologia, pode gerar um padro destrutivo
comunidade.
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A grande necessidade de desenvolvimento econmico por parte da sociedade um bom exemplo.
Valorizar demasiadamente tal aspecto torna a sociedade humana negligentes com o meio ambiente,
e com valores sociais como a justia, a acessibilidade, o amor e o respeito pela vida. Sirkis (1999, pg.
171) afirma que o crescimento econmico no pode ser considerado como um objetivo, e sim,
apenas como uma parte importante do desenvolvimento humano. Segundo ele, algo s pode ser
chamado desenvolvimento, realmente, quando melhora a vida de todos.
Dentro de uma comunidade sempre haver diferentes pontos de vista e conflitos. A flexibilidade pode,
nestes casos, ser vista como uma flexibilidade mental por parte das comunidades e dos gestores
urbanos, polticos, economistas, ambientalistas, urbanistas, etc. Com essa flexibilidade em mente, as
melhores solues tendem a aparecer, pois estaro de acordo com o melhoramento de cada ponto
de vista considerado, e a prpria diversidade ideolgica, complexa e dinmica tende a mostrar a
melhor soluo. Em atividades de curso permacultural3 vrias decises que envolviam o grupo eram
tomadas por consenso. Ou seja, um treinamento para as pessoas exercitarem a flexibilidade mental e
perceberem que as melhores ideias surgem em conjunto.
a alfabetizao ecolgica inclui o conhecimento de que ambos os lados de umconflito podem ser importantes, dependendo do contexto, e que as contradies nombito de uma comunidade so sinais de sua diversidade e de sua vitalidade, edesse modo contribuem para a diversidade do sistema. (CAPRA 1996, pg.235).
Segundo Maturana e Varela (1995) a base de consenso existente para permitir o dilogo entre as
diferentes comunidades, a aceitao desta diversidade de ideias, e o entendimento que so estas
diversidades que podem mostrar as melhores solues, em cada caso. Segundo os autores, um
abandono das certezas rgidas ou verdades absolutas, e a noo de que a construo de uma
sociedade sustentvel ainda est no incio, e ningum sabe como ela realmente ser. Devido a isto,
entende-se que preciso a participao criativa de todos na construo de um mundo mais justo, da
maneira que possamos deixar s geraes futuras o maior patrimnio que existe: a Vida.
3 1 mdulo de Curso de design permacultural (PDC) realizado pelo autor, em 2007.
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4. Espaos Urbanos ecolgicos.
Como visto anteriormente, os princpios ecolgicos nos fornecem a direo para que a criatividade
conjunta estabelea o melhor caminho de atuao nas cidades. Porm, um dos trabalhos dos
profissionais abastecer as comunidades com possibilidades tcnicas, atravs de uma produo deinformao sobre a realidade em uma linguagem acessvel e transparente, democratizando o acesso
informao. (BERNARDES, 2010, pg.22).
Os espaos urbanos so elementos muito importantes nas cidades. Suas funes tm papel muito
importante no metabolismo urbano, e suas conexes / relaes com a cidade e com a comunidade
usuria devem ser fortalecidas.
Neste trabalho, apresentam-se duas categorias de estratgias que se complementam, e visam tornar
os espaos urbanos em espaos ecolgicos e produtivos, contribuindo com um metabolismo mais
diversificado e cclico das cidades: a permacultura, e a agricultura urbana. Ambas visam uma
produo mais sustentvel e descentralizada de alimentos, voltadas para o local, de uma maneira
ecolgica, onde os recursos para produo podem ser captados na prpria comunidade, de maneira
que a quantidade de resduos dispensados diminui, favorecendo a conservao e capacidade de a
natureza se renovar. Alm disso, contribuem para a insero de funes diversas nos espaos
pblicos, seguindo os princpios ecolgicos, como a diversidade (sobreposio de funes). As aes
devem ser adequadas ao meio ambiente, com o uso de materiais e energias renovveis, sistemas
vivos, favorecendo o fluxo energtico e de matria, pela constante renovao, reciclagem, evoluo,
etc.
4.1. A Agricultura Urbana (AU)
Ainda um conceito em construo, definido de diferentes maneiras, embasadas, principalmente,
pelas prticas existentes, espalhadas pelas cidades do mundo todo, na Bolvia, Peru, Cuba, e Brasil,
por exemplo. Devido a essa diversidade de manifestaes, expe-se, aqui, o conceito dado pela
pesquisa Panorama da Agricultura Urbana e Periurbana no Brasil (SANTANDREU & LOVO,
2007):
A Agricultura Urbana e Periurbana (AUP) um conceito multi dimensional que inclui
a produo, o agro extrativismo e a coleta, a transformao e a prestao deservios, de forma segura, para gerar produtos agrcolas (hortalias, frutas, ervasmedicinais, plantas ornamentais, etc.) e pecurios (animais de pequeno, mdio egrande porte) voltados ao auto consumo, trocas, e doaes, ou comercializao, (re)aproveitando-se, de forma eficiente e sustentvel, dos recursos e insumos locais(solo, gua, resduos slidos, mo-de-obra, saberes etc.). Essas atividades podemser praticadas nos espaos intra urbanos ou periurbanos, estando vinculadas sdinmicas urbanas ou das regies metropolitanas, e articuladas com a gestoterritorial e ambiental das cidades. (SANTANDREU & LOVO, 2007, pp.: 5 )
Esta maneira ecolgica de produzir nas cidades vai pelo caminho contrrio das grandes produes
agroindustriais. Suas metas so direcionadas para a autonomia e fortalecimento da comunidade
local, que a pratique, e para o desenvolvimento do equilbrio e da conscincia ambiental produo
agroecolgica, que (como ecolgica) estuda as relaes da produo com os aspectos sociais,ambientais, e com o que mais se apresentar. (Altieri, 1986 apud SANTANDREU & LOVO, 2007. p.
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40). Ou seja, uma produo alimentar, porm, envolve todo o seu contexto cultural, social,
ambiental, etc.
4.1.1. Atividades da Agricultura Urbana
A pesquisa (SANTANDREU & LOVO, 2007) revela que a AU uma realidade existente em todas as
regies brasileiras (pesquisadas 11 regies metropolitanas): Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR),Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), So Paulo (SP), Braslia (DF) e Goinia (GO), Belm (PA),
Fortaleza (CE), Recife (PE) e Salvador (BA). No total, identificaram 600 iniciativas (com previso de
que haja muito mais) cuja grande parte voltada para o auto consumo e comercializao formal /
informal da produo. Em quase todas as regies, existem as parcerias com o poder pblico, porm,
em Braslia, a parceria acontece apenas com o setor privado, sociedade civil ou academia (quadro 1).
Quadro 1 - Listado das experincias focadas na Regio Centro Oeste Braslia (DF), por tipo de ator queas promove, apia e/ou financia. (SANTANDREU & LOVO, 2007, pg.22)Ator que promove ou financia Regio Centro Oeste Braslia (DF)
Associao Assistencial e Habitacional nas reasUrbana, Rural, Comercial e Entorno (AAHCE)
Associao de Agricultura Ecolgica (AGE)
Assoc. dos Produtores do Alagado e Santa Maria
Associao dos produtores rurais de AlexandreGusmo
Assoc. dos Moradores Organizados paraHabitao Urbana e Rural do DF e Entorno(AMOR-DF)
Associao dos Produtores Rurais do Ncleo RuralTabatinga (APRONTAG)
Assoc. dos Produtores Rurais Hortflorifrutcolas daColnia Agrcola do Ncleo Bandeirante 1(ASCOAGRINB)
Associao dos Produtores Rurais do Ncleo RuralBoa Esperana
Associao dos Produtores Rurais da ColniaAgrcola Veredas Samambaia
Associao dos Produtores Rurais do Ncleo RuralCrrego das Corujas
Associao das Donas de Casa da Chapadinha
Associao dos Excludos do Projeto Zumbi
Associao dos Produtores Rurais do Ncleo RuralGuariroba
Associao do Grupo de Moradores do INCRA 9
Associao dos Produtores do INCRA 7
Associao dos Produtores Rurais do Ncleo RuralLajes da Jibia
Associao dos Participantes do Mercado deProdutos Orgnicos de Braslia
Associao dos Produtores Rurais Novo Horizonte- Betinho (ASPRONTE)
Associao dos Moradores e Produtores RuraisPalmas e Rodeador
Sociedade civil, academia e setor privado
Associao dos Produtores Rurais da Reserva A
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Existem cinco (5) categorias de atividades agroecolgicas que auxiliam na compreenso do que
considerado prtica ou iniciativa de AU: a produo, transformao artesanal, comrcio justo e
solidrio; auto consumo; e prestao de servios (SANTANDREU & LOVO, 2007).
A diversidade de atividades de Agricultura Urbana visa atender s exigncias da abordagemecolgica desta poltica. Cada caso merece estudo aprofundado de suas condies e relaes
possveis, para que, as atividades de menor intensidade sejam supridas pelas relaes entre
comunidades diferentes que se complementem pela parceria, onde juntas evoluem e criam as
condies para isso.
4.1.1.1. Produo:
Esto includos o cultivo agrcola (hortalias, plantas ornamentais, frutferas, medicinais, madeireiras)
e criao de pequenos e grandes animais. A produo ecolgica tambm exige que haja a produo
de insumos (sementes, mudas, composto, hmus), reaproveitamento de resduos e gua no loc, paraque a produo seja mais sustentvel.
4.1.1.2. Transformao artesanal
Abrange a produo da prpria comunidade e a transformao destes produtos de maneira artesanal,
realizadas pelas famlias envolvidas com o processo. Podem ser gelias, doces, etc.
4.1.1.3. Comercializao justa e solidria
Toda a produo e transformao devem ser comercializadas de uma maneira justa com as
comunidades vizinhas, e dentro da prpria comunidade, em comrcios formais e informais, como os
tradicionais mercados orgnicos
4.1.1.4. Auto consumo
A produo (ou parte dela) pode ser voltada ao consumo da prpria comunidade, ou doaes a
instituies, alm de trocas internas, ou com outras comunidades
4.1.1.5. Prestao de Servios
Toda a experincia da comunidade pode (e deve) servir de base para novas iniciativas e
capacitaes. Esta troca constante de conhecimento necessria para o desenvolvimento e
divulgao de novas tecnologias, modos de cultivo, etc., de maneira que sigam um caminho de
evoluo e aperfeioamento.
Percebe-se que, esta atividade prope ir alm de hortas comunitrias. De alguma maneira, ela clama
pelo aumento da participao da comunidade, e d bases para a sua autonomia. Alm disso, abrange
o intercmbio de informaes e experincias que tenham em sua base, uma conscincia ambiental e
ecolgica em contnua expanso.
A versatilidade que est presente nesta viso ecolgica (sistmica) da produo agrcola e pecuria,
nos meios urbanos, permite Agricultura Urbana inserir-se nos mais diversos locais, e contextos
podendo ser fonte de renda, justia social e dignidade para muitas famlias, se receber a devida
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valorizao e importncia que ela tem. Os locais urbanos que so aptos a receber a Agricultura
Urbana so muito variados, necessitando de estudo e aprofundamento de caso. esto no quadro 2:
Quadro 2 - Tipologias urbanas possveis para atividades de Agricultura Urbana e Periurbana. Adaptada(Terrile, 2006 apud SANTANDREU & LOVO, 2007, pg.22)Tipologias possveis para atividades de AUP
Tipologias Espaos caractersticos
Espaos Privados
Lotes vagos; Terrenos baldios particulares ou comdvidas sobre a propriedade; Lajes e tetos;Quintais ou Ptios; reas periurbanas; reasverdes em conjuntos habitacionais.
Espaos Pblicos
Terrenos de propriedade Municipal, Estadual eFederal com espaos possveis de utilizao deacordo com a caracterizao feita nas linhasabaixo:
Verdes urbanos Praas e parques.
Institucionais Escolas e Creches; Posto de Sade; Hospitais;Presdios; Edifcios Pblicos e privados.
No edificveis
Laterais de vias frreas; Laterais de estradas eavenidas; Margens de cursos dgua; reasinundveis; Faixa sob linhas de alta tenso;Ambientes aquticos (rios e lagoas).
Unidades de conservaoreas de Proteo Ambiental; ReservasEcolgicas; Outras unidades desde que sejapermitido o manejo e uso de potencialidades.
reas de tratamento Aterro sanitrio; Lagoas de oxidao.
4.1.2. Parmetros globais para a insero da Agricultura Urbana
todas as aes desenvolvidas, tanto pelo governo, como tambm pela sociedadecivil precisam ser cada vez mais unificadas; achar os caminhos de encontro, ecrescerem como um processo para traar uma poltica pblica organizada(ILZINHO, 2008 - entrevista: vdeo internet).
A grande quantidade de prticas e a necessidade de valorizao Agricultura Urbana, levaram as
ONGs, e associaes, juntamente com o poder pblico, ao estabelecimento de parmetros globais
para a execuo, organizao e fortalecimento das iniciativas, organizando, assim, seus objetivos,
diretrizes e metodologia de insero nas comunidades. A continuidade das iniciativas e acomunicao entre as comunidades visam aperfeioar a prtica. Percebe-se que a inteno
estabelecer conexes, relaes de parceria, continuidade e evoluo nos processos de produo
agroecolgica local e urbana, voltada para o seio da comunidade envolvida. Atualmente, a poltica de
Agricultura Urbana conta com uma lista de objetivos e diretrizes (SANTANDREU & LOVO, 2007), e, um
fluxograma metodolgico que auxiliam nessa padronizao e organizao (site REDE).
Os objetivos so:
4.1.2.1. Objetivos:
Promoo da Agroecologia, do Consumo de Hbitos Saudveis, da Construo deConhecimentos Respeitando o Dilogo de Saberes, ao Respeito Diversidadetnica, Racial e Cultural;
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Promoo da Equidade de Gnero, Justia Scio-ambiental e a Solidariedade;
Promoo da Soberania Alimentar e Segurana Alimentar Nutricional;
Promoo da Economia Justa, Solidria e Familiar e o Consumo Responsvel;
Promover a Participao, Empoderamento e Autonomia do(as) Agricultores(as)Urbanos e Periurbanos. (SANTANDREU & LOVO, 2007)
4.1.2.2. Diretrizes:
Fortalecer a conscincia cidad em torno dos benefcios da AUP;
Desenvolver capacidades tcnicas e de gesto dos e das agricultoras urbanas eperiurbanas;
Fortalecer cadeias produtivas locais e regionais, fomentando a produo,comercializao e o consumo;
Facilitar o financiamento para atividades de AUP;
Promover a intersetorialidade e a gesto descentralizada e participativa e;
Fortalecer a institucionalizao para o desenvolvimento da AUP. (SANTANDREU &LOVO, 2007).
Devido necessidade de maior organizao desta poltica, Clair Ilzinho, da prefeitura de Belo
Horizonte, um dos coordenadores do CCF-BH, esclarece:
4.1.2.3. Metodologia da insero da AU
O programa Cultivando Cidades para o Futuro Belo Horizonte, 2008 (CCF-BH, 2008) teve como um
dos objetivos estabelecer uma metodologia de insero da prtica de AU nos espaos pblicos.
A metodologia alcanada no programa visa estabelecer uma comunicao constante com a
comunidade, de forma que esta sempre participe de todos os processos, desde o diagnstico, at asconcluses e lies aprendidas, com o decorrer das atividades. Veja a figura 2, que ilustra o
fluxograma a ser seguido:
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Figura 2 - Fluxograma de metodologia para poltica de AU. Fonte: site da REDE (Rede de Intercmbios detecnologias alternativas (http://www.rede-mg.org.br/index.php?iid=24&p=2&sid=58 acesso em14/03/2011).
Observa-se que a primeira fase formar uma equipe local de trabalho. Esta atitude visa a
aproximao fundamental com a comunidade na agroecologia. Fortalece as relaes deinterdependncia e parceria no interior da comunidade, como vimos nos princpios ecolgicos.
O diagnstico a segunda fase , ento, feito por todo o grupo (desde os coordenadores, tcnicos
e comunidade). Atravs de trocas de informaes empricas, locais; repertrios tcnicos, e educao
ambiental, o sistema (comunidade e parceiros) fica mais capacitado e ciente do perfil, necessidades,
desejos, anseios, possibilidades, e potencialidades da prpria comunidade, e de seu meio ambiente.
As intervenes so criadas em conjunto. O objetivo final do diagnstico produzir um documento
estratgico, e, a partir dele, realizar nova capacitao da equipe (tcnicos e comunidade), e prepar-
la para as prximas fases, que consistem em estabelecer o plano estratgico de atuao em curto e
longo prazo, e, posteriormente, executar as prticas das aes planejadas e, a institucionalizao de
polticas. Todo o processo deve ser monitorado e, dada ateno especial para a busca da equidade
de gnero.
Pode-se perceber que a prtica da AU, devidamente valorizada, tem grande contribuio na busca de
cidades mais sustentveis. Ao contribuir com a diversidade de funes aos espaos pblicos, e
valorizao da comunidade local, promove a justia social, o acesso a alimento de qualidade,
embelezamento da cidade, conforto bioclimtico, cidades vivas, etc.
Pode-se entender que, quanto mais produo agroecolgica uma cidade realizar, menor ser a
necessidade de novos campos agroindustriais, que devastam a biodiversidade de nossos
ecossistemas; maior ser a autonomia e dignidade das pessoas, pois estas participaro e sero
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capacitadas para evolurem em suas relaes internas externas. Devido a isso, a valorizao desta
poltica contribui na transformao do metabolismo de nossas cidades.
Importante ressaltar que a produo agroecolgica visa a manuteno da vida humana e no-
humana, pela sua viso sistmica (relaes e conexes) de produo. A permacultura com suas
estratgias complementa a Agricultura Urbana, pelo seu mtodo criativo de gerar em cada
componente do sistema diversas funes, utilizando-se, para isso, sistemas vivos; a observao dos
padres ambientais; recursos renovveis de energia, e estratgias de desenho / projeto que buscam
alta eficincia e baixo impacto, capazes de gerar, em um local especfico, sistemas vivos ecolgicos e
produtivos que se autorregulam, dinmicos, com pouca necessidade de gastos com manuteno, e
simplicidade de produo, facilmente abraada pela comunidade.
4.2. A permacultura nos espaos urbanos
Permacultura (agricultura permanente) um mtodo de desenho (projeto) emanuteno de ecossistemas produtivos de forma consciente, nos quais existe adiversidade, a estabilidade e a resilincia (capacidade de recuperao) dosecossistemas naturais. (MOLLISON, 1988. pg. IX).
Aplicar a permacultura nos espaos urbanos torn-los vivos, e produtivos. A sua maneira de pensar
a ocupao humana criativa e aumenta a capacidade cognitiva da comunidade (tpico 3.1.4), pela
conexo que cria com os princpios e padres da natureza. Todo e qualquer elemento tem valor e
serve como importante componente na criao das relaes de parcerias, das transformaes,
reciclagens e produes necessrias dentro do sistema. Em uma cidade, envolve desde as
construes, as vias, as caadas, as pessoas, o sol, a chuva, o vento, etc. Tudo o que for possvel
deve participar deste sistema contnuo e dinmico de relaes de parceria e evoluo mtua.
Os trs pilares bsicos da permacultura so o Cuidado com o planeta,a fim de garantir a
continuao da vida; o Cuidado com as pessoas, para que acessem os recursos necessrios sua
prpria existncia; e o Estabelecimento de limites para a populao e o consumo, a fim de
garantir o atendimento aos dois princpios anteriores (MOLLISON, 1988).
Existem diversas estratgias que criam, nas ocupaes humanas, as condies de se conectarem
mais ainda com o seu meio ambiente natural, e desenvolverem uma conscincia ecolgica cada vez
mais apurada. Aqui so apresentadas algumas destas. So estratgias gerais, e podem servir em
diversas escalas de anlise.
4.2.1. Estratgias (Rodrigues, 2000; Mollison, 1988)
A permacultura, como um sistema de projeto, no contm nada novo. Ela organizao que sempre esteve ali, mas de uma maneira diferente, de forma que todos[elementos] trabalhem para conservar energia ou para produzir mais energia do que consumido. (Mollison, 1988. p.9 com adaptaes).
4.2.1.1. Posio relativa dos elementos:
Envolve a anlise das necessidades e dos produtos que cada elemento gera. Abrange tanto oselementos construdos, quanto os naturais. Pode-se entender que,quanto mais elementos inserirmos,
mais produtos e necessidades vo aparecer, abrindo espao para novos componentes, e
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aperfeioamento dos que j estiverem ali. Assim, o planejamento de todo o espao deve ser feito com
base nestas relaes entre as necessidades da comunidade, e os produtos e combustveis de seus
componentes produtivos. Esta estratgia estabelece um padro de posicionamento dos tipos de
produo de maneira que o aproveitamento energtico seja otimizado, e o gasto minimizado. A
inteno que o prprio sistema se realimente pelo correto posicionamento e criao de fluxos de
energia e matria ao longo deste.
Mollison (1988) estabelece um sistema de zoneamento que vai desde a zona 0 at a zona 5, e
sugere o carter das atividades praticadas em cada um:
Zona 0: onde se localiza o projeto da moradia integrado a componentes naturais como estufas, e
telhados verdes, prgulas com videiras, potes de plantas, e animais de companhia.
Zona 1: Componentes que necessitam observao continuada, visitas freqentes, necessidades
de cuidado especial, como viveiros de plantas, e pequenos animais; horta, reservatrios de guas
da chuva precisam estar bem prximos moradia. Nesses locais, tambm se realizam a
reciclagem dos resduos orgnicos. Aqui se organiza a natureza para que sirva s nossas
necessidades.
Zona 2: Componentes que necessitam menos trabalho de acompanhamento. Pomares,
pequenos depsitos de produo, pequenas lagoas, etc.
Zona 3: Onde se localizam as produes maiores, para comrcio de produtos e animais.
Grandes reservatrios de gua, armazns, ou seja, sistemas agrcolas da grande escala,
manejados com adubos naturais, ou esterco vindo da Zona 1 e 2.
Zona 4: rea que faz limite com os ecossistemas selvagens, porm, ainda passvel de manejopara coleta, a fim de atender s necessidades domsticas. Voltada para rvores resistentes, sem
podas, e/ou voluntrias. Nesta zona, pode-se praticar a silvicultura (manejo sustentvel de
florestas)..
Zona 5: Ecossistema selvagem, natural. Voltado para recreao ocasional, ou simplesmente para
deix-lo se desenvolver sozinho. Neste local, onde devemos aprender as regras a serem
seguidas em nossas comunidades.
Tratando-se de espaos urbanos (vazios) dentro da malha urbana, percebe-se mais possibilidades de
trat-los at a Zona 2. De acordo com Rodrigues (2000), as outras zonas (3 e 4) poderiam ser
inseridas nos arredores da cidade e/ou nos parques urbanos.
4.2.1.2. Cada elemento deve executar diversas funes
Com uma boa posio estabelecida, um elemento tem a possibilidade de criar conexes mais
variadas e assumir diversas funes dentro de um sistema. A autora d um exemplo de um lago que
possa servir de reservatrio de gua para irrigao, criao de peixes, habitat para pssaros, refletor
de luz para amadurecimento de frutas e rea de recreao.
No enfoque urbano, um dos objetivos tornar os espaos urbanos (pblicos, particulares, etc.) mais
eficientes. Ao analisar os excessivos espaos gramados em nossas cidades, pode-se perceber que
estes poderiam servir para a produo ecolgica de alimentos, e, ainda, abrigar pequenos viveiros de
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animais, voltados para o consumo e aproveitamento da prpria comunidade, e ainda auxiliarem na
infraestrutura urbana, dependendo das necessidades locais (Mollison, 1988. pg. I). Isto , delegar
mais funes a esses espaos, na tentativa de distribuir em nossas cidades, diversas funes
realizadas pelo maior nmero possvel de componentes.
Os equipamentos urbanos podem ter variadas funes como um abrigo, piso, ou viveiro de plantas
que sejam, tambm, um reservatrio de gua, ou um captador solar, por exemplo. Os espaos
urbanos podem se tornar locais ldicos para as crianas, que, ao mesmo tempo em que divertem,
aprendem a importncia da produo alimentar, e da conscincia ecolgica. Observam a
biodiversidade, e a beleza do lugar, em espaos de convvio, e reunies comunitrias.
A produo agroecolgica ainda fortalece a organizao da comunidade, que se torna o principal
elemento a realizar mais funes. Desta forma, possvel que cada vez mais pessoas se envolvam
e produzam o que forem comer.
4.2.1.3. Cada funo apoiada por diversos elementos
As necessidades da comunidade devem ser atendidas das mais variadas formas, por exemplo, gua,
produo de energia e alimentos so necessidades bsicas. Para serem atendidas, podem ser
produzidas de diferentes maneiras, integradas aos equipamentos urbanos, de maneira criativa.
Assim, como visto anteriormente, esta sobreposio de diversas funes gera um sistema mais
flexvel, e forte pela diversidade de prticas, e as diferentes relaes que elas geram dentro do
sistema.
Analisemos, por exemplo, a captao de gua da chuva. Esta necessidade pode ser apoiada pelos
mais diversos elementos, bastando para isso, reservatrios estrategicamente locados na rea. Uma
via urbana, por exemplo, pode servir como um poderoso captador, que ao longo de seu caminho, vai
distribuindo as guas pelas reas verdes das cidades. Estas, por sua vez, necessitam estar
preparadas para receber o fluxo de gua, com espcies arbreas que bebam muita gua, como
eucaliptos. Os edifcios em podem estar preparados com reservatrios, e etc. Desta maneira, a
irrigao de jardins ornamentais, ou as guas dos vasos sanitrios, e limpeza de pisos so garantidos
pela atitude de captar a energia que entra no sistema, e utilizada, transformada, etc. Quanto mais
reservatrios, e tratamentos alternativos de guas, melhor para os mananciais, pois a reutilizao das
guas aspecto essencial em uma comunidade mais sustentvel.
Desta forma, cada funo pode ser pensada desta maneira, aliando diversos elementos que
trabalhem em conjunto e alimentem o sistema por meio da diversidade de opes.
4.2.1.4. Utilizar a reciclagem
Quanto mais reciclagem praticarmos, melhor. Nossos lixos orgnicos servem de adubo para os
nossos jardins; alguns restos de materiais podem ser teis como materiais de construo de jardins,
hortas, etc. As relaes com outras comunidades so fundamentais e podem estabelecer trocas de
materiais, produtos, de forma que o que resduo para um seja recurso para o outro. Estas relaes
podem ser tanto externas, quanto internas, dependendo do nvel e do tipo das atividades existentes
na comunidade, e nas vizinhanas.
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4.2.1.5. Utilizar a sucesso natural de plantas:
Acelerao do sistema. Aumentar os nveis orgnicos do solo, utilizando os processos que j
estejam em desenvolvimento no local, mesmo que seja o crescimento de espcies consideradas
daninhas. Pode-se utilizar, tambm, restos de madeiras, serragens, folhas secas, palhas, etc., para
proteger o solo e enriquec-lo de nutrientes.
4.2.1.6. Utilizar a diversidade
Utilizar ao mesmo tempo espcies vegetais frutferas, de hortas, de diferentes ciclos. Este princpio
est presente em todos os outros, seja nos elementos e suas funes, seja nos diferentes tipos de
produo (frutferas, hortalias, etc.). Nos cultivos vegetais, devemos usar as espcies
companheiras, parceiras, consorciadas, a fim de criar, mesmo em pequenos espaos, um sistema
evolutivo diversificado(Rodrigues, 2000. pg. 32). A autora (Rodrigues, 2000) recomenda utilizar
variedades de espcies que: a) sejam teis e possam ser armazenadas; b) fixem nutrientes no solo,
como as leguminosas; c) sejam inseticidas e/ou atrativas a predadores; d) sejam adaptadas ao local,
e sobrevivam em condies adversas. Importante ressaltar a importncia dos conhecimentos mais
variados que permitam a construo de sistemas, tambm, variados.
Segundo a autora (Rodrigues, 2000), o uso de vegetao nativa deve se estender em todos os tipos
de produo (paisagismo ornamental, alimentar, produtivo), pelas espcies da regio serem mais
adaptadas e fortalecerem a estabilidade do sistema por manterem seus ciclos de energia e matria
com uma manuteno muito baixa.
4.2.1.7. Utilizar a complexidade, atravs da criao de bordas
Os limites entre dois meios diferentes e antagnicos, inicialmente, (caladas e gramados; espelhosdgua e terreno, por exemplo) servem como espaos de transio que possibilitam a insero de
mais espcies, configurando cercas vivas, por exemplo, que se utilizem, ainda, de duas ou mais
espcies produtivas, que sigam formatos sinuosos, a fim de aumentar a rea de contato do limite, e
maior quantidade de espcies. Quanto mais o limite for sinuoso, criam-se maior quantidade de nichos
diversificados, com diferentes condies de iluminao, ventilao, umidade, etc. Desta forma,
possibilita o abrigo para maior diversidade de espcies, pois, os micro climas diferenciados permitem
o desenvolvimento de diferentes tipos de micro ecossistemas, controlados e limitados pelo prprio
desenho dos limites. Esses espaos servem como transio e devem servir com elementos parceiros
de ambos os meio a que se prope integrar. A inteno desta estratgia acabar com a
incompatibilidade entre diferentes meios e maximizar a sua interdependncia
4.2.1.8. Utilizar recursos biolgicos (renovveis)
Segundo a autora (Rodrigues, 2000), o uso de combustveis fsseis aceito somente nas fases
iniciais de implantao do sistema permacultural, para escavar, e formar espaos de reservatrios e
condutores de guas, por exemplo. Depois de consolidado, os animais, o sol, os ventos, a gua, e as
plantas so as fontes de recursos do sistema, sendo essencial o correto manejo destas, para o
desenvolvimento continuado, flexvel e dinmico. Pode-se entender que, dentro das possibilidades
apresentadas, o uso de materiais renovveis como o bambu e a madeira nos equipamentos urbanos
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de grande utilidade, e ainda podem ser produzidos prximos ao local, a fim de servirem para os
prximos equipamentos, ou para a manuteno e evoluo facilitada dos que j existirem.
4.3. Pequena concluso
Definio do desenho permacultural: sistema conceitual, material e estratgicode montagem de componentes em padres que funcionam para beneficiar a vida emtodas as suas formas. Busca prover sustentabilidade e lugares seguros para tudo oque vivo nesta Terra.
Projeto funcional: Todo componente de um desenho deve funcionar de vriasmaneiras. Toda funo essencial precisa ser realizada por vrios componentes.
Princpios de Autorregulao: O propsito de um projeto funcional eautorregulador posicionar os componentes de modo que cada um atenda snecessidades, e aceite produtos de outros elementos. (MOLLISON, 1988 p. 69)
A quantidade de estratgias permaculturais imensa. Estas estratgias muitas vezes se sobrepem,
ficando difcil estabelecer onde uma comea e a outra termina, assim como as complexas conexes
que elas buscam estabelecer, espelhadas nos sistemas vivos. Mollison (1988) esclarece que o limite
para a utilizao de estratgias, e at a criao de novas, est na criatividade, e disposio dos
envolvidos.
Aliar as polticas de Agricultura Urbana com a permacultura, em nossas cidades, algo quase
automtico, pois seus conceitos acabam se sobrepondo, tambm. Ambas no se restringem
produo alimentar ou de produtos agropecurios. Preocupam-se, principalmente com as pessoas
envolvidas e a qualidade de suas vidas, tendo como requisito para isto, o desenvolvimento de uma
conscincia ambiental, e comunitria, com dilogos compreensivos, que se fortalecem nasdiversidades e usam isto para ser a base de suas aes. Buscam, tambm, um mundo mais vivo,
diversificado onde cada pessoa tem a oportunidade participar dos processos que envolvem suas
necessidades, de maneira justa, e inclusiva, alm de adquirirem a conscincia ambiental de
responsabilidade sobre si mesmas.
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5. O Estudo de caso: rea verde residencial do Plano Piloto,
Braslia/DF.
A metodologia de aplicao da Agricultura Urbana (tpico 4.1.2.3 - figura 2), compreende uma fasede diagnstico que requer um levantamento das possibilidades de terrenos viveis de receberem a
produo agroecolgica. De acordo com o quadro 2, as reas verdes pblicas esto includas. Na
cidade de Braslia, os espaos verdes pblicos so abundantes, porm, no apresentam muita
atividade social, nem atividades diversificadas que estabeleam mais funes e flexibilidade a estas
reas.
Figura 3 - Vista area da cidade de Braslia. Asa sul. Fonte:
http://h.imagehost.org/view/0784/myaviationnetphotoid009cp5 (acesso:9/5/2011)
Braslia uma cidade tombada pela UNESCO como patrimnio da humanidade. Foi construda nos
moldes do movimento modernista, e projetada por Lucio Costa. Como Romero (2001) afirma, existemdiversas abordagens sobre esta cidade, onde as descries j so amplamente divulgadas e
conhecidas, portanto, no realizaremos neste trabalho um detalhamento de suas conhecidas formas,
e sim aspectos de suas reas verdes que pedem por um cuidado mais elaborado, a fim de se
tornarem espaos mais sustentveis e ecolgicos.
As reas verdes de Braslia se configuram em grandes espaos gramados com espcies arbreas
nativas ou exticas distribudas pela cidade. Logicamente no se pode deixar de destacar suas
qualidades. A beleza esttica do verde, o silncio, e o frescor de suas sombras, remetem queles que
com elas se relacionam, o quanto necessria esta relao humana com o meio natural. A ideiamodernista de cidade parque possibilita esta maior relao, e maior tranqilidade de seus moradores,
pois nos arredores de suas moradias, impera o silncio e a pouca atividade urbana. Pode-se at
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dizer que como se houvesse um pouco do campo dentro da cidade, aspecto importante em uma
cidade sustentvel (Andrade, 2010).
Figura 4 - Calada sombreada com um clima agradvel caminhada
No perodo da noite, o silncio constante na maior parte da cidade; na parte da manh, comum
acordar com as revoadas dos pssaros. Estas qualidades podem e devem ser preservadas para que
o futuro tambm possa vivenciar essas sensaes, e dar continuidade a essa caractersticas
agradveis de um meio urbano.
Como a cidade possui forte carter patrimonial, entende-se que todo o cuidado necessrio para que
medidas de interveno em seus espaos no prejudiquem a morfologia da cidade, nem as suas
caractersticas to importantes, de cintures verdes, e arquitetura moderna. Quanto maior o debate
de diferentes disciplinas, e conhecimento mais abrangente sobre cada local especfico, as
intervenes podem ser aliadas da preservao.
Preservar um patrimnio no quer dizer distanciamento deste ou estagnao. Ao contrrio, existem
as mais diversas abordagens de valorizao e manuteno dos bens patrimoniais, que visam se
adequar s economias, e costumes locais. Alm disso, como visto nos princpios ecolgicos (tpico
3), os sistemas que costumam perdurar pelo tempo so dinmicos, e flexveis, continuamente em
evoluo para que se mantenham vivos, e interconectados com toda a teia da vida. Um dos objetivos
deste trabalho visa contribuir com a aproximao entre os princpios da ecologia e a preservao de
Braslia.
Os espaos verdes de Braslia so considerados espaos de pouco uso ou atividade, sem o
dinamismo e diversidades das cidades tradicionais. Isto, porque, de maneira geral, a morfologia da
separao das atividades torna os espaos vazios quando no se realizam tais atividades
(TUKIENICZ, 1985 apud ROMERO, 2000), com algumas poucas excees de atividades
espontneas no planejadas.
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A histria de criao da cidade tambm contribui para esta pouca atividade nos espaos urbanos, e
relao distante com a sua populao.
a (...) rgida estrutura de espao funcional, [do] (...) plano [de Lcio Costa] noestava preparado para abrigar as manifestaes reinvidicatrias de uma populaosem histria comum. Por esse motivo, o plano no possui espaos nem para areunio programada nem para o encontro furtivo e fugaz das massas recm
liberadas. (ROMERO, 2000. pg.133 ).Holanda(2002), por meio de pesquisas nas Superquadras 405/406 Norte e 102/302 sul constatou
essa falta de uso nas reas verdes das Superquadras, e alm disso, expe o carter de
segregao que estes apresentam, por servir apenas classe mdia, moradora do local,
uniformizando os usurios.
Os princpios ecolgicos, como os vistos anteriormente, pedem uma abordagem diferenciada para a
sobrevivncia e boa sade dos sistemas. As comunidades devem ser participativas, diversificadas e
os componentes urbanos devem ser eficientes, nos quais, quanto mais atividades, melhor a vida da
populao envolvida.
Este mais um desafio a ser encarado pelas comunidades em Braslia. Como configurar a cidade de
maneira em que seus espaos de alta qualidade sejam justos, socialmente? Uma pergunta para
reflexo...
Baseado nos princpios da Ecologia Urbana, esta caracterstica montona presente nos espaos
urbanos das reas residenciais do Plano Piloto de Braslia, pode, em si mesma ser a sua prpria
ameaa. O risco de apropriaes sem estudos e planejamentos existe. Holanda (2002, pg 356)
constata que, principalmente na Asa Norte, existem diversos bocados de urbanidade, ou seja,
apropriaes espontneas, que fogem ao controle da legislao, ou do plano original de Lucio Costa,
como as fachadas das comerciais que deveriam se voltar para dentro das Superquadras, mas se
voltam para as ruas externas. Isto, segundo o autor (HOLANDA, 2002 p. 356), pelo fato de o Plano
Piloto ter engordado de uma maneira no prevista e o trfego de veculos intenso nestas vias atrai
mais o olhar dos consumidores motorizados do que dos poucos pedestres que transitam pelo
interior da superquadra. Os famosos puxadinhos das comerciais e das casas das 700 tambm so
comportamentos que, pela falta de usos habituais nos gramados, cria-se a permisso coletiva para tal
atitude.
O plano no previa (e nem poderia prever) nem os detalhes urbansticos, nem a
infra estrutura necessria para uma sociedade que cresceu de modo vertiginoso eque, alm disso, precisou imitar apressadamente o que as imagens de mdiaimpunham como condio essencial de qualidade de vida (ROMERO, 2001. pg.133)
A rigidez excessiva na manuteno e gesto destes espaos ignora a incapacidade de evitar as
ocupaes e manifestaes espontneas. Por esta razo, estas so feitas sem uma capacitao
adequada ou acompanhamento do poder pblico. Com o passar do tempo, podem descaracterizar as
malhas verdes da cidade, e prejudicar a qualidade de vida das pessoas, moradoras do local.
Estabelecer funes nas reas verdes baseadas na permacultura e agricultura urbana uma maneira
de proteger o verde, e, alm disso, aproxim-lo mais ainda de seus moradores, por meio de espaos
de lazer, contemplao e descanso, altamente produtivos, dinmicos, educativos, e feitos pela prpriacriatividade coletiva, aliada aos conhecimentos tcnicos, necessrios a intervenes adequadas. A
permacultura e a Agricultura Urbana enxergam, nos espaos sem uso e sem atividade social, alto
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potencial de abrigar uma vida comunitria intensa, de fortalecer a gesto urbana e ambiental
descentralizada e coletiva, pela autonomia e capacitao local, aliada viso global do poder pblico
de realizar polticas de integrao dos diferentes grupos.
De acordo com as ideias da Ecologia urbana, pensar os detalhes urbanos fundamental, e disso
depende o sucesso de uma comunidade. Portanto, justamente na diversidade de usos e apropriaes
que os gestores urbanos devem trabalhar, ao invs de tentar uniformizar, ou industrializar uma
populao como se fosse uma mquina. Somos sistemas vivos, ento, que nos administremos como
tais, no como mquinas, ou peas destas. Conhecer a diversidade de usos, atividades, pessoas,
pensamentos, expresses, etc. possibilita a criao das conexes adequadas entre os componentes
urbanos do local com as c