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    EntrevistaEdison LobãoMinistro de Minas e Energia

    Opinião

     Airton Sampaio GomesConsultor do Cepel

    A eficiência energética

    na gestão do saneamento

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    Eficiência energética melhoraa gestão do saneamento

    O setor de energia elétrica já ocupa o se-gundo lugar em termos de investimentos ecustos dos projetos em saneamento ambien-

    tal no Brasil. Na reportagem “Eficiência ener-gética combina com saneamento ambiental”,Ecos destaca a importância do trabalho emconjunto para a eficiência da gestão dessasáreas. Em entrevista exclusiva, o Ministro deMinas e Energia, Edison Lobão, garante queo Brasil caminha de forma segura para o ple-no abastecimento de energia elétrica.

    Nesta edição, abordamos também a ne-cessidade de racionalizar e modernizar osetor de produção e distribuição de água pa-

    ra reduzir os desperdícios. Estudos revelamque, para atingir a universalização dos ser- viços de abastecimento de água e esgota-mento sanitário até 2020, o Brasil precisariainvestir cerca R$ 178 bilhões.

    Na seção Ambiente, técnicos do DMLUdestacam a importância da educação am-biental e dizem que a falta de conscientiza-ção e de comprometimento das pessoas coma vida em comunidade é o maior obstáculo nocaminho da eficácia nos serviços de limpeza

    urbana em Porto Alegre.Prevenindo-se contra os efeitos das chuva-

    radas históricas que vêm ocorrendo, a Prefei-

    tura de Porto Alegre está investindo na con-servação, melhoria e ampliação do sistemade drenagem da cidade com obras para con-

    trolar alagamentos.Na seção Preservação destacamos o

    Centro de Referência em Energias Renová- veis (Crer), inaugurado em setembro de2009 para promover e incentivar ações eprojetos que usem tecnologias em energiarenováveis. O objetivo é buscar a eficiênciaenergética no âmbito das comunidades lo-cais e regionais.

     A Secretaria Estadual do Meio Ambiente

    (Sema) está desenvolvendo o projeto Árvo-re é Vida, que já supera a expectativa ini-cial de plantar um milhão de mudas no Es-tado para recompor matas ciliares e áreasdegradadas.

    O artigo de Opinião, intitulado “Eficiênciaenergética no saneamento: um desafio a ser

     vencido”, foi escrito pelo consultor AirtonSampaio Gomes, do Centro de Pesquisas deEnergia Elétrica (Cepel), vinculado à  holding 

    Eletrobrás.

    Boa leitura!

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    Prefeitura Municipal de Porto Alegre

    Departamento Municipal de Água e Esgotos

    Supervisão de Comunicação Social

    CONSELHO EDITORIAL:Adriana Nascimento Machado (DEP),Antônio Goulart (ARI),Belkys Gonçalves Bittencourt (Pucrs),Deisy Maria Andrade Batista (Abes-RS),Geraldo Antônio Reichert (Smam),Iara Conceição Morandi (Dmae),Flávio Ferreira Presser (Dmae),Maria Cláudia Vasconcellos (Sema),Luiz Fernando Cybis (Ufrgs),Roberto Azevedo (DMLU),Marcio Suminski (Dmae),Sandra Mara Moura Pereira (Unidmae).

    COORDENADORA DA UNIDADEDE COMUNICAÇÃO SOCIALAngélica Ritter, Mtb 11.010

    EDIÇÃOMaria de Lourdes da Cunha Wolff, Mtb 6.535

    ARTE DA CAPADouglas Carvalho

    DIAGRAMAÇÃO e REVISÃOImagine Design

    COLABORADORESRaphael Ignácio Mesquita RodriguesIsadora Escobar Kolecza

    IMPRESSÃOOficinas Litográficas do Dmae

     TIRAGEM5.000 exemplares Notas da RedaçãoEnvie sua colaboração para a redação.Unidade Técnica do Dmae, Rua 24 de Outubro, 200,CEP 90510-000 - Porto Alegre (RS),Fone: (51) 3289-9724, Fax: (51) 3289-9286

    A Revista Ecos é uma publicação quadrimestral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), com circulação nacional edistribuição gratuita, registrada sob o no 775.831 no Cartório de Registro Especial, Comarca de Porto Alegre (RS) - ISSN 0104-5261.

    Os artigos e textos publicados são de responsabilidade de seus autores. A reprodução destes, bem como das fotos e ilustrações, épermitida desde que sejam citadas a autoria e a fonte. A redação solicita que seja comunicada a transcrição, referência ou apreciaçãodos artigos e reportagens publicados na revista.

    6 ENTREVISTAEdison Lobão, ex-ministrode Minas e Energia:

    “Brasil caminha de forma segura para opleno abastecimento de energia elétrica”.

    16 REPORTAGEMEficiência energéticacombina comsaneamento ambiental

     A reportagem destaca a importância dotrabalho em conjunto para a eficiência dagestão dessas áreas.

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    Rua 24 de Outubro, 200CEP 90510-000 Porto Alegree-mail: [email protected]

    10 AMBIENTEProblemas ambientaiscomeçam nodesperdício do lixoTécnicos do DMLU destacam aimportância da educação ambiental e

    apontam a falta de conscientização e decomprometimento com a vida emcomunidade como obstáculos na buscade eficácia nos serviços de limpezaurbana.

    DEP investe em novasobras de drenagem

     A Prefeitura de Porto Alegre investe na

    conservação, melhoria e ampliação dosistema de drenagem da cidade, epromove obras para o controle dealagamentos, prioritárias em tempo deEl Niño e de chuvaradas históricas.

    34 PRESERVAÇÃOPorto Alegre já temum centro de energiasrenováveisO Centro de Referência em EnergiasRenováveis (Crer) foi inaugurado em

    setembro de 2009 para promover e incentivarações e projetos que usem tecnologias emenergia renováveis, visandoà eficiência energética no âmbito dascomunidades locais e regionais.

    Dmae estudaaproveitamento do gásmetano para a geraçãode energia

    O Departamento Municipal de Água e Esgotos(Dmae) de Porto Alegre e o secretariadolatino-americano da organização GovernosLocais para a Sustentabilidade (ICLEI)firmaram parceria para desenvolver o projeto“Promovendo o uso do biogás local para odesenvolvimento sustentável no Brasil”(REEEP – Renewable Energy and EnergyEfficiency Partnership). A iniciativa está emfase de implementação e os primeirosresultados do diagnóstico estão previstos

    para 31 de julho deste ano.

    40 OPINIÃOEficiência energética nosaneamento: um desafioa ser vencidoCom a palavra, o consultor Airton Sampaio Gomes, do Centro de Pesquisas de EnergiaElétrica (Cepel), vinculado à holding Eletrobrás.

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    Edison LobãoMinistro de Minase Energia

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    EDiSON LOBÃO:

    "Brasil caminha de

    forma segura para opleno abastecimentode energia elétrica”

    Ex-governador do Maranhão (1991-1994) e ex-ministro de Minas e Energia, EdisonLobão construiu carreira política em Brasília, onde atuou como senador já em 1986

    e cumpriu dois mandatos representando seu estado. Político experiente, Lobão foi

    encarregado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva de comandar uma das áreasestratégicas mais cobiçadas do Governo Federal, o setor energético.

    Pressionado pela sociedade em decorrência das crises energéticas que afetaram

    o crescimento econômico do país no final do governo Fernando Henrique Cardoso,o ministro Lobão passou a contar, a partir de 2004, com uma estrutura de

    planejamento energético inexistente nas administrações anteriores: a Empresa dePesquisa Energética (EPE), que desde então vem traçando os perfis e modelos do

    desenvolvimento brasileiro no setor de energia.

     Atualmente o Brasil tem um planejamento estratégico para o setor energético comobjetivos e metas delimitadas até 2030. No momento, a EPE faz uma revisão das

    metas projetadas para o período 2014-2018 no plano decenal. Até lá, segundo

    o ministro, o Brasil caminha de forma segura para o pleno abastecimento de todosos setores da economia nacional, apesar da crescente demanda. Nos próximos oito

    anos o Brasil vai consumir mais 40% de energia, se comparado com os níveis atuais,e este acréscimo vai ser suplantado com a conclusão das obras e usinas já

    autorizadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

    O ministro projeta um aumento no consumo residencial na ordem de 49%, passandodos atuais 98.883 gigawatts por ano para mais de 147 mil gigawatts/ano em 2017.

    Nesse período, o setor industrial também vai consumir mais 37,2%, saltando dos

    atuais 189.089 gigawatts para 259.468 gigawatts. Tudo isso, segundo ele, é resultadode uma economia que não para de crescer, apesar da crise internacional de 2009.

    Edison Lobão considera a energia mais do que um fator estratégico. Para ele,somente as nações que conseguirem acompanhar o crescimento da demanda

    energética terão condições de enfrentar o mercado mundial. Ele lembra que o Brasil

    – cuja matriz energética se baseia em energia renovável, que são as hidrelétricas –tem uma oportunidade única de alcançar grande destaque e liderança no cenário

    internacional, sobretudo com a descoberta das reservas de petróleo da camadapré-sal, que devem colocar o país na condição de grande exportador do produto e

    promover um desenvolvimento econômico de grande envergadura para a próxima

    década.

    Eliana Freitas Mainieri jornalista

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    Ecos – Ministro, o GovernoFederal já identificou a infra-estrutura como sendo uma dasprioridades do país. As obrasde saneamento, incluídas nes-te contexto, por sua natureza,exigirão também investimen-

    tos na ampliação de redes? Co-mo a sua pasta está preparadapara este desafio? A energiaelétrica vai acompanhar oelenco de obras de infraestru-tura previstas no PAC?

    Edison Lobão – O planeja-mento da expansão do setorelétrico brasileiro, realizado pe-la Empresa de PlanejamentoEnergético, vinculada a este mi-

    nistério, é feito a partir de da-dos dos diversos setores da eco-nomia, bem como de índicesmacroeconômicos, que geram,por meio de análises de sensibi-lidade, diversos cenários paraos quais o governo deve estarpreparado. Em função das de-mandas, o governo está avalian-do como acelerar o ritmo dasobras necessárias.

    Ecos – Ministro, o senhor co-mo gestor de um setor estraté-gico, sabe que a expectativa pornovos investimentos tem geradopressões da sociedade em di-

     versos pontos do Brasil, princi-palmente por parte dos investi-dores. As empresas prestado-ras de serviços de saneamentoalegam que a energia elétrica,

    sem a qual não funciona umaestação de tratamento, porexemplo, é um componente dealto custo. Existe a possibilida-de de se oferecer mais energia epor valores mais baixos paraestes empreendimentos essen-ciais à sociedade?

    Edison Lobão – Em primeirolugar, é importante salientarque energia cara é aquela que é

    desperdiçada. O setor já é con-templado com um subsídio de

    15 % de desconto sobre as tari-fas nominais. Estudos recentesrealizados pelo Procel Sanear,em parceria com o Ministériodas Cidades e Cepel (Centro dePesquisas de Energia Elétrica)demonstram que o desperdício,

    incluindo a energia desviadacom as perdas de água nos sis-temas, chega ao montante de R$800 milhões por ano, dos cercade 2,6 bilhões pagos pelo setorde saneamento por seu consu-mo de energia elétrica. Nessecontexto, para a sociedade, cer-tamente seria conveniente queparte do valor pago pela energiadesperdiçada fosse investido em

    programas de melhoria da efici-ência, contribuindo para acele-rar a universalização dos servi-ços. Por outro lado, o aumentodo subsídio poderia ser um in-centivo adicional para o uso ine-ficiente da energia.

    Ecos – Gerar e distribuirenergia para acompanhar as

    demandas tem sido um grandedesafio. Mas uma questão quetem pesado muito nas decisõesde novos empreendimentos é aquestão ambiental. Como o se-nhor vê o crescimento combina-do com meio ambiente, isto é,com sustentabilidade?

    Edison Lobão – Este é umdilema que não é só do Brasil,mas de todos os países em de-

    senvolvimento e desenvolvidos.Os EIA/Rima (Estudo de Impac-

    to Ambiental/Relatório de Im-pacto Ambiental) visam a rela-cionar os impactos dos empre-endimentos no meio ambiente.Mas não devemos esquecer queos empreendimentos trazemtambém impactos positivos, co-

    mo, por exemplo, o aproveita-mento múltiplo dos reservató-rios das hidrelétricas e o desen-

     volvimento econômico e socialtrazido por estes empreendi-mentos para as regiões onde seinstalam. Portanto, para se pro-mover a sustentabilidade, épreciso buscar permanente-mente um equilíbrio.

    Ecos – Existe, Ministro, umtrabalho em conjunto entre asua pasta e a pasta do Meio

     Ambiente e o Ministério dasCidades, a quem cabe tocar asobras de saneamento? Como osenhor analisa este relaciona-mento na atualidade?

    Edison Lobão – O Ministériode Minas e Energia, por meiodo Procel Sanear, intensificou

    sua atuação a partir de 2002,em parceria com esses dois Mi-nistérios e o Ministério da Saú-de, a qual também compete de-senvolver ações de promoçãodo saneamento em municípiosde até 50 mil habitantes, visan-do principalmente à promoçãode medidas de eficiência. Nestesentido, formalizamos protoco-los de cooperação, de modo a

    facilitar as ações articuladas.

    Ecos – Ministro, na sua opi-nião, o Brasil aumentou a efici-ência energética? Reduziu des-perdícios? Qual é o maior desa-fio que tem pela frente?

    Edison Lobão – De modo ge-ral, sob o ponto de vista da ener-gia elétrica, com certeza. Omaior exemplo disso são os re-

    sultados do Procel, o Programade Conservação de Energia Elé-

    “Em primeiro lugar, éimportante salientarque energia cara é

    aquela que édesperdiçada. O setor

     já é contempladocom um subsídio de15 % de descontosobre as tarifasnominais.”

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    zar investimentos para reduziras barreiras à transformaçãodo mercado, prover informa-ção adequada, assim comoatuar para aumentar o créditodestinado à eficiência. Se, porum lado, o governo tem este

    papel, a sociedade deve empe-nhar-se para realizar os poten-ciais de aumento da eficiência.

    Ecos – O Brasil, Ministro,tem sua matriz energética soli-dificada nos recursos hídricos.Como o senhor avalia a possibi-lidade de participação de ou-tras fontes no sistema, comoenergia eólica e energia solar,

    por exemplo. Estas tecnologiaspoderiam ser aplicadas no

    abastecimento de novos empre-endimentos? As barreiras paraa expansão destas energias al-ternativas ainda é a questão docusto de geração?

    Edison Lobão – Salvo a que-bra de um paradigma tecnoló-

    gico, ou seja, o surgimento deuma nova fonte de energia oude um processo de rendimentomaior que os atualmente emuso, o próximo montante deenergia nova produzida terácustos sociais maiores, por umprincípio lógico da economia.

     As energias eólica e solar –que são posteriores à geração

    trica, coordenado pelo MME eexecutado pela Eletrobrás. Paraum investimento de cerca de 1bilhão de reais em estudos eprojetos relacionados à eficiên-cia energética, postergou a ne-cessidade de investimentos, pe-

    lo lado da oferta, de 23 bilhõesde reais no período de 1986 a2008, configurando um retornode investimento próximo de 20para 1. Isto significou o adia-mento de investimento na ex-pansão do sistema elétrico em7.890 megawatts, o que é maisda metade da potência instaladade Itaipu. Grande parte desteresultado aconteceu em função

    das ações desenvolvidas visan-do à melhoria dos índices de efi-ciência energética dos equipa-mentos em uso no país, bem co-mo de ações destinadas à pro-moção da eficiência nos diver-sos segmentos de consumo.

    Esforço similar tem ocorridono setor de petróleo e gás pormeio do Conpet, que atua de for-ma análoga ao Procel naquele

    setor. Não obstante as ações re-alizadas no viés tecnológico, ogrande desafio é induzir o con-sumo de energia de maneira efi-ciente pelo usuário final. Apesardo excelente retorno financeiro,o desafio é conseguir mais re-cursos para investir em melho-ria da eficiência, em especial nosetor de saneamento, que é in-tensivo na aplicação de capital.

    Ecos – A tarefa de reduzir odesperdício energético não ésó do Governo. Que conselhoou recomendação o senhor dáaos empreendedores e mesmopara a população em geral sobeste aspecto?

    Edison Lobão – Em minhaopinião, cabe ao governo reali-

    “O Plano Nacional deEficiência Energética(PNEf), queestabeleceráestratégias e metasintermediárias parao alcance dosobjetivosestabelecidos no PNE."

    * Concedida pelo então Ministro de Minas e Energia Edison Lobão, realizada no final de março de 2010, antes da trocaministerial.

    por hidreletricidade e aindanão representaram a quebrado paradigma tecnológico– surgem como alternativascomplementares em nossa ma-triz energética.

    Ecos – O saneamento bási-co, a distribuição de água pa-ra consumo humano e o reco-lhimento de esgoto para trata-mento são indicadores de qua-lidade de vida e de desenvolvi-mento social. Qual a sua opi-nião sobre o tema?

    Edison Lobão – Sem dúvi-da. Neste sentido, o MME temprocurado fazer a sua parte

    por meios de seus programasLuz para Todos, Procel ,Conpet, Proinfa etc., que con-tribuem para que esses indica-dores apresentem níveis cada

     vez mais elevados.

    Ecos – No que se refere aoPlano Nacional de Energia,qual a avaliação que o senhorfaz sobre objetivos. Estamos

    dentro do previsto ou nossasmetas ainda estão distantes?Edison Lobão – No caso da

    eficiência energética em sanea-mento e outros segmentos deconsumo, está em fase final deelaboração o Plano Nacional deEficiência Energética (PNEf),que estabelecerá estratégias emetas intermediárias para o al-cance dos objetivos estabeleci-

    dos no PNE. Em relação aoPNE, estamos caminhando apassos largos para conseguirdesenvolver cada vez mais aeficiência energética no Brasil.O MME e a Empresa de Pesqui-sa Energética (EPE) estão atu-alizando o plano com novas me-tas que, não tenho dúvidas, se-rão atingidas.*

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    2010 chegou entre lamen-tações pelo resultado pífioque os grandes líderes mun-diais obtiveram em Copenha-gue, Dinamarca, na 15ª- Conferência da Organiza-ção das Nações Unidas

    “Infelizmente pouca gentetem consciência de que pode‘fazer a sua parte’ e ajudar asolucionar grandes proble-mas, apenas corrigindo algu-mas atitudes simples no dia adia”, lamenta Mário Moncks,diretor-geral do Departamen-to Municipal de Limpeza Ur-bana (DMLU) de Porto Ale-

    gre. A gestão do lixo é umbom exemplo.

    (ONU) sobre Mudanças Cli-máticas e as notícias de queas forças da natureza, queinundam cidades, fazem mor-ros deslizar, soterram pesso-as, transbordam rios e levamde roldão plantações, ani-mais e vidas humanas sãoameaças cada vez mais pró-

    ximas para cada habitantedo planeta. Onde está a

    solução? O que é pos-sível fazer?

    Conferência da Organiza-ção das Nações Unidas

    ameaçasx mas pdo pla

    sol

    Problemas ambientaiscomeçam no desperdíciodo lixo nosso de cada diaRoberto AzevedoJornalista

    Foto:Divulgação/DMLU/P

    MPA

    Coleta seletiva é mais limpa e feita com maior cuidado

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     A cidade de São Pauloconcluiu recentemente seuinventário de emissões degases de efeito estufa (GEE)e constatou – segundo infor-mação do secretário de Meio

     Ambiente Eduardo Jorge à

    revista Veja em janeiro – que75 % das emissões vêm daforma como é utilizada aenergia, mas 25 % do proble-ma está diretamente ligado àmanipulação do lixo.

    Manipulação do lixo que,se fosse mais eficiente emPorto Alegre, também poderiafazer com que os quase 1,5milhão de porto-alegrenses

    deixassem mais de R$ 9 mi-lhões por ano nos cofres doDMLU e destinassem pelo me-nos outros R$ 6 milhões paraas pessoas que sustentam su-as famílias separando e ven-dendo resíduos sólidos rea-proveitáveis ou recicláveis.

    Para isso nem precisariamfazer muito esforço. Bastariaseparar o lixo orgânico do lixo

    seco em casa e dispor na cal-çada, tanto um quanto outro,nos dias e turnos corretos dacoleta domiciliar (orgânico) eda coleta seletiva (seco).

    Parece simples, mas na verdade a educação ambien-tal, a conscientização e o com-prometimento de cada umcom a vida em comunidadeainda são obstáculos signifi-

    cativos na árdua tarefa debuscar a eficácia nos serviçoscotidianos de limpeza urbana.

     Ao menos 25 %de desperdício

     A primeira fase de umapesquisa realizada por técni-cos da Divisão de Destino Fi-nal (DDF) do DMLU, que tra-

    balhou manualmente duran-te a primavera com 17 tone-

    ladas de lixo da coleta domi-ciliar destinadas normalmen-te ao aterro sanitário, consta-tou que pelo menos 25 % des-se material são compostospor resíduos reaproveitáveisou recicláveis (plástico, pa-

    pel, papelão, metal, vidro).“Nosso trabalho será conclu-ído no final do inverno de2010, para que a sazonalida-de não distorça o perfil dapesquisa, mas os númerosatuais já mostram uma ten-dência real do que ainda é o

    desperdício em Porto Alegrepor falta de maior segrega-ção do lixo doméstico”, afir-ma o engenheiro EduardoFleck, coordenador do tra-balho.

    Porém, ao contrário do

    que pode parecer, apesar des-sa realidade de desperdício,Porto Alegre tem a coleta se-letiva pioneira no país (feste-

     ja 20 anos em julho próximo)e é reconhecida pelas maisrespeitadas entidades nacio-nais do setor como a cidade

    DMLU retira grande quantidade de lixo do leito do arroio Dilúvio diariamente

       F   o   t   o  :   R

       i   c   a   r   d   o   S   t   r   i   c   h   e   r   /   P   M   P   A

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    brasileira que reaproveita ourecicla o maior percentual deseus resíduos sólidos. “For-malmente são cem toneladasdiárias de coleta seletiva dis-tribuídas por 16 unidades detriagem (UT) conveniadascom o DMLU, onde trabalhamcerca de 700 pessoas, quetêm renda média mensal deum salário mínimo”, explica

    Jairo Armando dos Santos,diretor da Divisão de ProjetosSociais do DMLU.

     A conta formal do desper-dício é simples. O DMLU co-leta em média mil toneladasde lixo doméstico diariamen-te e trabalha seis dias porsemana. Ou seja, 26 dias pormês; pouco mais de 300 diaspor ano. Esse serviço de co-

    leta, que leva os resíduos“orgânicos” (misturados com

    o que poderia ser reaprovei-tado) para a estação detransbordo na Lomba do Pi-nheiro, somado ao serviço detransporte que leva depois olixo para o aterro sanitárioem Minas do Leão, a 113 km

    de Porto Alegre, tem um cus-to de pouco mais de R$ 115,00por tonelada. Então, o gastocom a quarta parte (25 %)dessas mil toneladas diá-rias, que é fatia do desperdí-cio constatada na pesquisa,

    Assessoria Comunitária identifica os donos do lixo mal descartado

     F o t o : T a r s i l a P e r e i r a / P M P A

    Sem desperdício, unidades de triagem poderiam produzir mais do que o dobro

       D   I   V   U   L   G   A   Ç    Ã   O   D   M   L   U   /   P   M   P   A

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     AÇÕES FREQUENTES

    • mistura r li xo orgâ nico e lixo seco  – é isso que, in-

    clusiv e, le v a os catadores inf ormais a  v iolar seu li x o 

    que, além de su jar sua rua, entope bueiros e termina 

    nos rios;

    • coloca r seu li xo na s ca ça m ba s que estão pró x imas 

    de casa – um saquinho de li x o org ânico contamina 

    dezenas de toneladas de material que não precisaria 

    ir para o aterro sanitário;

    • desca rta r óleo de fritura  na   pia  ou no va so sa nitá -

    rio  – um litro de óleo de f ritura contamina um milhão 

    de litros de ág ua;

    • dis por seu lixo na  ca lça da  fora  de dia  ou horá rio 

    da  coleta  – além desse lix o f icar mais tempo à dispo-

    sição de catadores informais, tam bém f icará mais 

    e x posto a animais e à chu v a;

    • entrega r seu li xo  pa ra  ca ta dores informa is ou 

    ca rroceiros  – por mais corretos que f orem com v ocê,

    pode ter certeza de que su jarão a calçada do  v izinho 

    ou a praça mais pró x ima.

    significa cerca de R$ 30 milpor dia, R$ 750 mil a cadamês e um total de R$ 9 mi-lhões ao ano.

     Além disso, se perdem vantagens ambientais: se es-tas 250 toneladas diárias de

    resíduos reaproveitáveis ourecicláveis chegassem às UTque recebem hoje 100 tonela-das, permitiriam a criaçãode aproximadamente mil no-

     vos postos de trabalho, inje-tando R$ 500 mil mensais(R$ 6 milhões a cada ano) nomercado de quem vive e sus-tenta a família separando enegociando os resíduos sóli-

    dos descartados nas ruas dePorto Alegre.

    55 milhões detoneladas/ano

    Para se ter noção do ta-manho desse problema nopaís, basta dizer que Porto

     Alegre é líder entre 5.564municípios. Segundo o Insti-

    tuto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE), somoscerca de 190 milhões de bra-sileiros. Produzimos aproxi-madamente 160 mil tonela-das de lixo todos os dias(média de 0,8 kg por pes-soa). Isso significa 4,6 mi-lhões de toneladas por mês emais de 55 milhões de tone-ladas de lixo a cada ano.

    Uma visão impressionante,tanto pela ótica dos proble-mas ambientais, que não ti-

     veram o avanço esperado na15ª- COP; quanto pela ót icaeconômica, a partir do cálcu-lo de desperdício de dinheiropúblico que poderia estarsendo investido em tantossetores carentes que desqua-lificam, de forma crescente e

    continuada, a qualidade de vida no planeta.

    Assessoria Comunitária do DMLU trabalha para informar os cidadãossobre a importância da gestão do lixo

       F   o   t   o  :   D   i   v   u   l   g   a   ç   ã   o   /   D   M   L   U   /   P   M   P   A

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    DEP investe em novasobras de drenagem

    Por Adriana MachadoJornalista, assessora deimprensa do DEP

     A Prefeitura de Porto Alegreestá investindo muito na con-servação, melhoria e ampliaçãodo sistema de drenagem da ci-

    dade. Novas obras para o con-trole dos alagamentos tornam-se prioridade em tempos de ElNiño e de chuvas históricas.

    Obras emexecução

    Durante o ano de 2009 o De-partamento de Esgotos Pluviais(DEP) iniciou várias obras con-

    tra alagamentos em diversasregiões da cidade. O DEP está

    executando a casa de bombas ea obra de drenagem Santa Te-resinha, no bairro Santana, quealcança um investimento de R$5,1 milhões.

     A bacia de amortecimentode cheias da praça Celso Luftestá sendo executada na aveni-da Teixeira Mendes, bairro Três

    Figueiras, com o custo de R$ 1,4milhão. Esta bacia terá capaci-dade de reter 5 milhões de litrosde água da chuva.

    Também na Zona Norte, oDEP executa a obra de drena-gem da avenida São Pedro, bair-ro São Geraldo. O investimentoda Prefeitura na obra de contro-le dos alagamentos da avenidaSão Pedro é de 6,3 milhões.

    No Jardim Lindoia, o DEPestá executando a obra de

    drenagem da avenida Pana-mericana. No local, o DEPconstroi galerias que se es-tenderão pela avenida Pana-mericana, desde a avenidaSertório até a avenida AssisBrasil. O investimento da pre-feitura nesta obra alcança R$5,6 milhões.

     Ainda em 2009, o DEP ini-ciou o estudo de planejamentodo Plano Diretor de DrenagemUrbana, com um investimentode R$ 7 milhões e um prazo dedois anos para a conclusão.Com o plano de drenagem serãoestudadas as 27 bacias hidro-gráficas da cidade e apontadasdiretrizes técnicas e ambientaispara a solução dos problemas

    de drenagem urbana e controledos alagamentos.

       F   o   t   o   s  :   G   a   b   r   i   e   l   a   A   z   e   v   e   d   o   /   D   E   P

    DEP constroi bacia de amortecimento de cheias na praça Celso Luft, avenida Teixeira Mendes, bairro Três Figueiras

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    Outras importantes obrasserão iniciadas nos próximosmeses. Destacamos a reforma eampliação das casas de bombasnº- 5 na BR 290 e da casa de

    bombas Vila Farrapos, no bair-ro Humaitá. Na reforma destasduas casas de bombas o DEPinvestirá R$ 1,1 milhão.

    Também será executada aobra da vila Minuano que con-siste na construção de diquesdo arroio Passo da Mangueira,coletor geral e casa de bombascom capacidade de vazão de 8mil litros por segundo. Nesta

    grande obra o DEP investirá R$9,98 milhões.

    No bairro Sarandi seráexecutada a obra de drena-gem da rua João Paris, emque o DEP investe R$ 900 milna construção de 675 metros

    de redes pluviais.Na Zona Leste, o DEP execu-tará a obra de drenagem doJardim do Salso. Com um in-

     vestimento de R$ 2,34 milhõesna primeira etapa, os trabalhosserão executados na avenidaCristiano Fischer, trecho entrea avenida Ipiranga até a ruaProfessor Pedro Santa Helena.

    O maior arroio de Proto Ale-

    gre, o arroio Dilúvio, tambémreceberá melhorias. O DEP in-

     vestirá R$ 8,5 milhões na recu-peração dos taludes e dos cole-tores das redes pluviais quechegam no Dilúvio. Nesta obraas lajes de grês serão substituí-

    das por lajes de concreto, mate-rial com maior resistência a im-pactos, e serão substituídas asredes coletoras danificadas.

    Na Zona Sul da cidade, bair-ro Ipanema, o DEP executará aobra de drenagem da rua JoãoMendes Ouriques, com um in-

     vestimento de R$ 6,11 milhões.Todas estas obras para o con-trole de alagamentos trarão

    maior qualidade de vida aosmoradores de Porto Alegre.

    Próximas obras a serem iniciadas

    Casa de bombas Santa Teresinha está sendo construídana avenida Ipiranga com rua Jacinto Gomes, bairro Santana

    Obra de drenagem da avenida São Pedro sendoexecutada próximo à rua Santos Dumont, São Geraldo

    Lote III da obra de drenagem Santa Teresinha emexecução na rua Luiz Carlos de Moraes, bairro Santana

    Obra de drenagem da avenida Panamericana sendoexecutada próximo à rua Guadalupe, Jardim Lindoia

    Fotos: Gabriela Azevedo / DEP

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    Pressionadas pela socieda-de e pelo mercado competitivo,

    as empresas de saneamento doBrasil buscam, cada vez mais,aplicar uma fórmula complexaque leve a melhores resultadoscom menores custos e menorimpacto ambiental. É na combi-nação desses três fatores quesurge a eficiência energéticacomo um diferencial na gestãoe um desafio para as empresas

    de saneamento que em suas es-truturas precisam de novas tec-

    nologias, de aparatos elétricosmodernos e de obras de infra-estrutura que melhorem o pro-cesso de coleta, tratamento edistribuição de água e esgotosanitário. 

    Segundo dados do SistemaNacional de Informações sobreSaneamento (SNIS), publicadoanualmente pela Secretaria Na-

    cional de Sane-

    amento Am-biental (SNSA)

    Eficiênciaenergética

    combina comsaneamentoambiental

    Por Charles SoveralJornalista

    do Ministério das Cidades, o se-tor de saneamento responde

    por 2,5 % do consumo total deenergia elétrica no Brasil, oequivalente a aproximadamen-te 10,4 bilhões de kWh/ano.Este mesmo levantamentomostra que, em média, o paísperde 40 % da água distribuí-da pelos prestadores de servi-ço em relação à água produzi-da (referência 2007).

    Para atingir a universaliza-

    ção dos serviços de abasteci-mento de água e esgotamento

       F   o   t   o  :   D   I   v   u   l   g   a   ç   ã   o   /   D   m   a   e

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    sanitário no país – atendendotoda a população que hoje nãotem acesso aos serviços e ab-sorvendo o crescimento da po-pulação até o ano de 2020 – se-ria necessário investir cerca deR$ 178 bilhões. Na composiçãodesses custos estão os gastos einvestimentos em energia elétri-ca, que já ocupam a segunda

    colocação em termos de investi-mentos e custos dos projetosem saneamento. “Daí a impor-tância de racionalizar, moderni-zar e reduzir os desperdícios eperdas”, explica Ernani Miran-da, coordenador do setor de sa-neamento do MCidades.

    Miranda lembra que o Pro-grama Nacional de Conserva-ção de Energia Elétrica (Pro-cel), coordenado pelo Ministé-rio de Minas e Energia (MME)em parceria com o MCidades,desenvolve o Procel-Sanear,que tem como principal objeti-

     vo promover ações que visemao uso eficiente de energiaelétrica e água em sistemasde saneamento ambiental, in-cluindo os consumidores, se-

    gundo uma visão integrada deutilização desses recursos.“Além disso, é nossa meta in-centivar o uso eficiente dosrecursos hídricos como estra-tégia de prevenção à escassezde água destinada à geraçãohidroelétrica e buscar a uni-

     versalização dos serviços desaneamento com menorescustos para a sociedade e be-

    nefícios adicionais nas áreasde saúde e de meio ambiente.”

    “Nossa meta é incentivar o uso eficiente dosrecursos hídricos como estratégia deprevenção à escassez de água destinada àgeração hidroelétrica e buscar auniversalização dos serviços de saneamento”

    Como auxiliar ao Procel-Sanear, o MCidades criou em2008 o Com+Água, projeto-piloto que está implantado em12 localidades do territórionacional. “Neste projeto-pilotonós obtivemos excelentes re-

    sultados e comprovamos quecom ações de baixo custo po-demos alcançar índices satis-fatórios de eficiência energéti-ca, promovendo significativaeconomia aos prestadores deserviço de saneamento.”

    Miranda aponta, entre es-tas ações de baixo custo, me-didas simples que começamcom a gestão moderna doprocesso de saneamento.“Gestão combinada com tra-balhos de ação técnica e ope-racional, como substituição

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    de adutoras para a reduçãode bombeamento, construçãode reservatórios de água quegarantam o abastecimentosem necessidade de uso deequipamentos elétricos emhorários de pico energético,

    que têm custo mais elevado, ea troca de equipamentos anti-gos por novos, de alta eficiên-cia, principalmente bombas emotores que desenvolvem amesma potência, consumindomenos energia.” A soma des-tas ações já representa em al-guns casos queda em até 20 %nos custos operacionais. “É

    certo que a universalizaçãodos serviços de saneamentoimplicará a utilização de no-

     vos recursos. Dentre esses, a

    energia elétrica para os pro-cessos é observada pelo setorcom preocupação, uma vezque atualmente ocupa a se-gunda posição na pauta decustos operacionais da maio-

    ria dos prestadores de servi-ços de saneamento, sendoque para alguns já é o primei-ro”, completa Miranda.

    Para Marco Aurélio Ribei-ro Gonçalves Moreira, geren-te da Divisão de Projetos de

    Eficiência Energética na In-dústria e no Comércio dasCentrais Elétricas Brasilei-ras (Eletrobrás), o ProgramaNacional de Conservação deEnergia Elétrica (Procel),que existe desde 1985, já al-cança vários setores da eco-nomia nacional com resulta-dos positivos. “O Procel vem

    se aprimorando, e agora nósteremos também, como umaimportante ferramenta, oPrograma Nacional de Efici-

    ência Energética (PNEf), que vai detalhar até 2030 o quan-to o Brasil precisa reduzirem perdas, em desperdíciose no mau uso da energia elé-trica”, revela ele. Estimati-

    “Estimativas do MME dão conta de que com aaplicação do PNEf o Brasil poderá economizaraté 10 % de energia de sua planta nacional”

     vas do MME dão conta deque, com a aplicação doPNEf, o Brasil poderá econo-mizar até 10 % de energia desua planta nacional, o queem termos de números deve-rá representar 106 TWh (te-

    rawatts-hora) ou R$ 850 mi-lhões por ano para o país.Gonçalves Moreira explica

    que a Eletrobrás, no âmbito doProcel-Sanear, promove açõesde capacitação dos profissio-nais técnicos das empresas desaneamento estaduais e muni-cipais, incentiva o desenvolvi-mento de projetos que promo-

     vam a eficiência energética e o

    combate ao desperdício deágua e energia no âmbito dossistemas de abastecimento deágua, além de promover a im-plantação de Laboratórios deEficiência Energética e Hi-dráulica em Saneamento(Lenhs) em universidades fe-derais. “O objetivo desta par-ceria com as universidades éincentivar a elaboração de tra-

    balhos de iniciação científica,dissertações e teses relaciona-dos ao uso eficiente da energiae da água no saneamento, in-cluindo bolsas de estudo; apoioa pesquisa e desenvolvimentono país, com a revisão e ediçãode publicações técnicas volta-das à eficiência energética,controle e redução de perdasde água”, afirma.

     A partir dos estudos nosLenhs é possível, segundo Gon-çalves Moreira, fazer uma pon-te de desenvolvimento tecnoló-gico para rápida aplicação nasempresas de saneamento. “Ca-da laboratório pode prestarapoio técnico às empresas desaneamento de sua região ecom isto ajudar na construçãode soluções mais eficazes e rá-

    pidas para os prestadores deserviço”, completa.   F

       o   t   o  :   A   n   t   o   n   i   o   C   r   u   z  -   A   B   R

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     A Universidade Federal doRio Grande do Sul (Ufrgs), in-centivada pelo Programa Na-

    cional de Conservação deEnergia Elétrica (Procel-Sane-ar) dos ministérios de Minas eEnergia e do Ministério das Ci-dades, está inaugurando juntoao Instituto de Pesquisa Hi-dráulicas (IPH) o seu Labora-tório de Eficiência Energéticae Hidráulica em Saneamento(Lenhs). Coordenado pelo pro-fessor Marcelo Marques, o la-

    boratório da Ufrgs tem com oobjetivo estudar processos queaperfeiçoem a geração de eco-nomia energética e a gestão deperdas de água no setor de sa-neamento.

    De acordo com o professor,os estudos compreendem tam-bém o combate aos desperdí-cios e o incremento à eficiên-cia energética de processos e

    sistemas que proporcionem aredução de custos e a acelera-ção da universalização dosserviços para a sociedade.

    O Lenhs foi criado devidoa uma parceria entre a Ele-trobrás e a Ufrgs/IPH a par-

    tir de um convênio firmadoem dezembro de 2006. O no- vo laboratório ocupa umaárea de mais de 150 m², ondeestão instalados os mais mo-dernos equipamentos utiliza-dos no setor de saneamento,com uma bancada de ensaiosautomatizada e uma linhacompleta de equipamentospara medição de campo.

    No Brasil existem apenascinco laboratórios semelhan-tes, todos ligados a universi-dades federais – Universida-de Federal de Santa Maria,Universidade Federal da Pa-raíba, Universidade Federalde Minas Gerais, Universida-de Federal do Paraná e Uni-

     versidade Federal do Pará –cobrindo praticamente todas

    as regiões brasileiras.Marcelo Marques destacaque coube ao Lenhs da Ufrgstornar-se um centro de refe-

    Ufrgs está inaugurando laboratóriode estudos de eficiência energética

    rência para a Região Sul ematividades relacionadas àeficiência energética e hi-dráulica em saneamento. Olaboratório ministrará cur-

    sos para empresas de sanea-mento, visando o aperfeiçoa-mento e a especialização dosfuncionários desse setor.

    EPE assegura abastecimento energéticopara as obras de saneamento

    Criada em 2004 pelo Gover-no Federal para traçar o pla-nejamento do setor energéticoem médio e longo prazo, aEmpresa de Pesquisa Energé-tica (EPE) já trabalha com o

    cenário nacional de geraçãode energia a partir do ano de

    2015. Isso porque, até 2014,segundo o presidente da EPE,o engenheiro carioca MaurícioTolmasquim, o país vai gerarmais energia do que está pre-

     visto consumir. “Não há moti-

     vos para preocupação. O Bra-sil pode crescer à vontade,

    sem medo de falta de energiaelétrica”, afirma ele.

    Tolmasquim garante que osetor de saneamento, que atu-almente responde por 2,5 %do consumo de energia elétri-

    ca do país, recebe tratamentoprioritário por parte das auto-

    Fotos: Divulgação/Ufrgs

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    ridades governamentais. “Épreciso vencer um atraso his-tórico que o Brasil tem em re-lação ao saneamento, distri-buição de água e coleta e tra-tamento de esgotos. Por isso aEPE e as diversas pastas mi-

    nisteriais que tratam do temaestão empenhadas em assegu-rar que todos os empreendi-mentos autorizados pelo PACe aqueles que têm grande re-levância social não ficarãosem de energia nem alterarãosuas propostas de atendimen-to à população”.

    Conforme as pesquisas de-senvolvidas pela empresa, éprovável que até 2014 o Brasilamplie o consumo de energiaelétrica em quase 50 % no con-sumo residencial e em mais de37 % no setor industrial. “Nos

    próximos quatro anos estamosseguros de que não haverá gar-galo elétrico no Brasil e tere-mos um excedente de energia.Nós estamos trabalhando ago-ra com leilões de usinas e li-nhas de transmissão para ope-rar a partir de 2015. Nosso paíspassou por momentos difíceis

    que forçaram a definição de po-líticas públicas a partir de umplanejamento e de uma organi-zação”, confirma Tolmasquim.

    O presidente da EPE explicaque a empresa que comanda foicriada para pensar e estrutu-

    rar as demandas energéticas.Não apenas a energia elétrica,mas também as demais fontesde energia, como bicombustívele petróleo, que, com a desco-berta das reservas do pré-sal,

     vai colocar o Brasil em condi-ção de grande exportador nocenário internacional.

       F   o   t   o  :   A   g   ê   n   c   i   a   B   r   a   s   i   l

    Engenheiro Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

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    mento e Meio Ambiente, da As-sociação Brasileira de Enge-nharia Sanitária e Ambiental(Abes) e disponível no saite do

    Procel-Sanear, revela que, em2006, em quatro mil municípiosbrasileiros selecionados combase em dados do SNIS o custo

    da energia elétrica foi superiora R$ 2,3 bilhões por ano.

     Ainda conforme a pesquisado consultor, em 626 municípioso custo da energia elétrica re-

     Apesar da importância dasobras de saneamento para oBrasil, Maurício Tolmasquimnão crê em criação de tarifasespeciais para o setor. “Antesde pensarmos em subsídios outarifas diferenciadas para o se-

    tor de saneamento, seria im-portante trabalhar a reduçãodas perdas, que ainda são enor-mes. Uma maneira de abaixaresses custos é trabalhar com aeficiência energética, com ges-tão, com controle de gastos ecom educação, tanto da culturaempresarial quanto da popula-ção e consumidores finais, quepodem ajudar, consumindo deforma racional.”

    O Brasil, com sua matrizenergética baseada em hidrelé-tricas, vê aumentar a discussão

    técnica pela utilização de fon-tes alternativas de energia nosetor de saneamento como for-ma de reduzir custos e promo-

     ver a sustentabilidade. Para opresidente da EPE, o que im-porta não é se a fonte de ener-

    gia é alternativa ou não. Segun-do ele, o que realmente importaem termos de meio ambiente ése a energia é renovável ou não.Se é renovável e se não emite,por exemplo, gás carbônico(CO2). “No Brasil, a hidrelétricaatende a este critério. Além dis-so, em nossa matriz elétrica,nós contamos ainda com o ba-gaço de cana e com a energiaeólica. Se observarmos bem, anossa matriz elétrica é consti-tuída em mais de 90 % por fon-tes renováveis.”

     A EPE já está ampliando aoferta de energia não hidrelétri-ca nos leilões que agencia. “Nós,por exemplo, já estamos contra-tando energia eólica para o anode 2012. Esta é uma fonte deenergia mais cara que a conven-

    cional, mas os valores vêm cain-do. No leilão de energia eólicaocorrido em final de 2009 tínha-mos como parâmetro o valor deR$ 250,00 o megawatt/hora. Aenergia de hidrelétrica custamenos de R$ 100,00 o megawatt/ hora. Nas usinas do rio Madeira,fica na faixa de R$ 70,00 a R$80,00. E no último leilão a ener-gia eólica acabou sendo comer-cializada por R$ 148,00 o mega-

     watt/hora. Muito abaixo do valoranterior, o que já é um indicativoimportante.”

    O custo da energia elétrica

    No setor saneamento, osgastos com energia elétrica re-presentam em média 12 % dasdespesas dos prestadores de

    serviço de sistemas de abaste-cimento de água, podendo va-riar de 9 % a 24 %, dependendoda região do país. Os dados doSistema Nacional de Informa-ções sobre Saneamento (SNIS)são confirmados quando, em al-guns prestadores de serviços,essa despesa chega a ser a se-gunda maior, ficando atrás so-mente da folha de pagamento.

    No entanto, uma pesquisarealizada pelo engenheiro civil

     Airton Sampaio Gomes, consul-tor do Programa de Moderniza-ção do Setor de Saneamento(PMSS) e da Eletrobrás, publi-cadas na Revista Bio - Sanea-

    presentou a maior despesa, in-fluindo no custo de exploraçãodo serviço. Em alguns casos, ematé 90 %, como ocorreu em Ma-

    naus (AM), Londrina (PR) e SãoJosé do Rio Preto (SP).

    Nos dados levantados porSampaio Gomes, pode ser veri-

    ficado que, entre as 1.463 pres-tadoras de serviço que têm aenergia elétrica como segundocusto operacional, este valor re-presentava entre 10 % e 45 %.

    Despesas com energia elétrica  1o lugar 2o lugar 3o lugar 4o lugar Total

    Quantidade de municípios 626 1.463 1.348 563 4.000% do Total 15,7 % 36,6 % 33,7 % 14,1 % 100 %

    Despesas totais em R$/ano 346.078,54 791.187,21 595.846,51 568.044,37 2.301.156,63Fonte: Dados SNIS 2006

    “No ano de 2006, em quatro mil municípiosbrasileiros selecionados com base em dadosdo SNIS, o custo da energia elétrica foisuperior a R$ 2,3 bilhões por ano”

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    rem um aparelho elétrico oueletrônico já se informam so-bre a classificação. Isto fazparte, dos critérios de com-pra principalmente nos cen-

    tros urbanos mais desenvol- vidos”, observa ele.O PBE também surgiu em

    1984, numa iniciativa do Mi-nistério da Indústria e Comér-cio e do MME em parceriacom a Associação Brasileirada Indústria Elétrica e Eletrô-nica (Abinee) que firmaramum protocolo com o objetivode informar os consumidores

    finais, no momento da com-pra, sobre o consumo de ener-gia de cada aparelho. “O pro-grama funciona com base emetiquetas afixadas nos produ-tos, indicando o consumo e aeficiência energética do apa-

    relho, segundo critérios técni-cos, numa classificação que

     vai do mais eficiente ao me-nos eficiente, da letra A até aletra E”, explica Borges.

    Desenvolvido com a adesão voluntária dos fabricantes, oPBE ganhou dois importantesparceiros: a Eletrobrás, atra-

     vés do Programa Nacional deConservação de Energia Elé-trica (Procel), e a Petrobras,através do Programa Nacionalda Racionalização do Uso dosDerivados do Petróleo e doGás Natural (Conpet). Atual-

    mente o PBE já tem desenvol- vidos 26 programas de etique-tagem, prevendo o desenvolvi-mento de mais 20 programaspara os próximos anos.

    Quando ocorreu a criseenergética brasileira, em 2001,

    Inmetro incentiva mudanças na indústriaNovos equipamentos, mais

    eficientes e muito mais econô-micos: este é o objetivo do Ins-tituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade In-

    dustrial (Inmetro), que, emparceria com o Programa Na-cional de Conservação deEnergia (Procel) do Ministériode Minas e Energia (MME),através do Programa Brasilei-ro de Etiquetagem (PBE), de-senvolve os projetos nacionaisde eficiência energética.

    Para o coordenador nacio-nal do PBE, o engenheiro ca-

    rioca Marcos Borges, a redu-ção do gasto energético apartir da classificação dosaparelhos já é uma realidadeque faz parte dos critériosde consumo da população.“As pessoas, quando adqui-

       F   o   t   o  :   D   I   v   u   l   g   a   ç   ã   o   /   I   n   m   e   t   r   o

    Engenheiro Marcos Borges, coordenador do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

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    o Governo Federal decidiu res-gatar o projeto de lei que tra-mitava no Senado Federal eque tratava de estabeleceruma política nacional de efici-ência energética para máqui-

    nas e aparelhos consumidoresde energia comercializados noBrasil. Um decreto presiden-cial criou a Lei 10.295, em queo Poder Executivo determinaos níveis máximos ou mínimosde eficiência energética de má-quinas e aparelhos a partir deanálise técnica e padrões acei-

    tos internacionalmente. Emdecreto posterior, foi estabele-cido que caberia ao Inmetro afiscalização e a avaliação des-ses equipamentos.

     A exemplo dos melhoresprogramas internacionais deetiquetagem de eficiênciaenergética, o PBE é conside-rado um dos mais rigorososexistentes no mundo. Sem a

    classificação mínima neces-sária, o produto não poderáser comercializado em terri-tório brasileiro. “Por exem-plo, tem produtos fabricadosna China e importados com aclassificação máxima de efi-ciência e que, aqui, se enqua-dram em uma categoria infe-rior. Isso porque somos rigo-rosos neste controle.”

    Na área de saneamento, oequipamento mais visado

    são as bombas, que começa-ram a ser etiquetadas em2005. O selo de eficiênciaenergética passou a integraras bombas centrífugas acio-nadas por motores elétricostrifásicos 1 cv a 25 cv. O In-

    metro criou um grupo de tra-balho denominado GT-Bom,em 2004, para avaliar osequipamentos da área e estáem estudo a criação de umselo específico comparativode rendimento.

    Esse rigor já produz resul-tados interessantes. MarcosBorges revela, por exemplo,que os refrigeradores fabri-

    cados e comercializados noBrasil atualmente são 50 %mais eficientes em termos deenergia do que os produzidos10 anos atrás. “Portanto, mui-to mais econômicos, estimu-lando a indústria a investirem tecnologia para não sereliminada do mercado”, com-pleta o engenheiro. O resulta-do do PBE pode ser dimensio-

    nado com um dado revelado

    por Borges: desde o início doprograma para refrigerado-res, o Brasil economizou oequivalente a 40 meses de

    energia produzida na usinanuclear de Angra I, no Rio deJaneiro, em seu horário depico. “Se considerarmos to-dos os 26 programas em an-damento, incluindo estes, dasmáquinas para o setor de sa-neamento, podemos ter umanoção da importância estra-tégica e econômica do PBEpara o Brasil”, conclui o coor-

    denador do Inmetro.

    COMITÊ GESTOR

    O Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiên-cia Energética (CGIEE), que tem, entre outras, a funçãode elaborar regulamentação específica para cada tipode aparelho e máquina consumidora de energia, é for-mado por representantes dos seguintes ministérios eagências reguladoras:

    Ministério de Minas e Energia (presidência)

    Ministério da Ciência e Tecnologia

    Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

     Agência Nacional de Energia Elétrica

     Agência Nacional do Petróleo

    Um representante de universidade brasileira, especialista emmatéria de energia

    Um cidadão brasileiro, especialista em matéria de energia

    “A exemplo dosmelhores programasinternacionais deetiquetagem deeficiência energética,o PBE é consideradoum dos maisrigorosos existentesno mundo”

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    Lagoa Santa (MG) quer ser modelo para o Brasil

    água no sistema em 20 % e oconsumo de energia em 440MWh/ano, mas os resultados

     já superam as expectativas.

    O projeto de Lagoa Santa foiselecionado por meio do pro-cesso de “Chamada Públicade Projetos de Conservaçãoe Uso Racional de EnergiaElétrica e Água no Setor deSaneamento Ambiental”, ela-

    borado pela Eletrobrás, no

    âmbito do Programa de Efici-

    ência Energética no Sanea-

    mento Ambiental (Procel-Sa-

    near), em parceria com o Mi-

    nistério das Cidades e com oCentro de Pesquisas de Ener-

    gia Elétrica (Eletrobrás/Ce-

    pel). O objetivo foi escolher

    projetos de conservação e

    uso racional de energia elé-

    trica e de água em sistemas

    de abastecimento.

    Para chegar a estes resul-tados, a Copasa também foi

    econômica no investimento,o que surpreende técnicosem todo o Brasil. O custo to-tal inicial do projeto foi de

    cerca de R$ 196 mil, sendoR$ 148 mil com recursos daEletrobrás e R$ 48 mil em in-

     vestimento da própria com-panhia. Em função dos pri-meiros resultados, a Copasa

     já ampliou seus investimen-tos em torno de R$ 15 mil.

    O engenheiro Paulo Rober-

    to Cherem explica que o pro-

     jeto de Lagoa Santa consiste

    no controle operacional das vazões e pressões de bombe-amento, de modo que os con-

     juntos motobombas possamser desligados no horário sa-zonal – entre 17 h e 22 h –quando o preço da energiaelétrica é mais alto. De acor-do com o engenheiro Vanirde Oliveira, “a partir desseprocesso será possível redu-

    zir as cargas nos horáriosmais caros”. Ele assinalaainda que a principal con-quista foi o desenvolvimentode uma metodologia de ges-tão integrada de perdas deágua e eficiência energética,que será absorvida pela em-presa e aplicada em diversosoutros sistemas, resultando,

    O município de LagoaSanta está localizado a 35quilômetros da capital mi-neira, na região metropolita-

    na de Belo Horizonte, estadode Minas Gerais. Ali a Com-panhia de Saneamento deMinas Gerais (Copasa) de-senvolveu um projeto de efi-ciência energética dentro doProcel-Sanear que obteve re-sultados bem significativos.De acordo com o engenheiroPaulo Roberto Cherem, coor-

    denador do Programa de Re-dução de Perdas da Copasa,

    o esforço desenvolvido embusca de mais eficiência ob-teve resultados acima do es-perado na redução dos con-sumos de energia e água.

    Iniciado em dezembro de2004, o projeto de LagoaSanta conseguiu, em doisanos, uma redução de 20 %do índice de perdas de águado sistema; a diminuição do

    consumo específico de ener-gia elétrica de 1,0 kWh/m³ deágua consumida para 0,9kWh/m³; além da redução decerca de 30 % no consumo deenergia elétrica no horáriode pico, sem prejuízo aoabastecimento da cidade.

     A meta inicial da Copasano projeto de Lagoa Santaera reduzir, no prazo de 24

    meses, o índice de perdas de

    “O projeto de Lagoa Santa consiste nocontrole operacional das vazões e pressõesde bombeamento, de modo que os conjuntosmotobombas possam ser desligados nohorário sazonal”

    METAS ESTABELECIDAS PARA O PROJETO

    Energia economizada (MWh/ano) 440

    Redução de perdas reais de água (m³/ano.ligação) 32,4

    Energia economizada (R$) 148.605,00

    Recursos Copasa (R$) 47.823,04

    Investimento total (R$) 196.428,04

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    energia elétrica utilizada pe-la Comusa está concentradanessas duas unidades.

     Aproximadamente 40 % do volume produzido são distribu-ídos por gravidade a partir daETA, e 60 % são bombeados

    pelas EAT, abastecendo outrosreservatórios espalhados pelacidade. A redução de perdas

    certamente, em melhores de-sempenhos operacionais eredução dos custos.

    Cherem lembra que a Co-pasa pretende expandir a me-

    Selecionada no processode chamadas públicas deprojetos de conservação euso racional de energia elé-trica e água no setor de sa-neamento pelo Programa Na-cional de Conservação de

    Energia Elétrica e pela Ele-trobrás, a Companhia Muni-cipal de Serviços de Água eEsgoto de Novo Hamburgo(Comusa) foi uma das 12 em-presas da Região Sul que re-ceberam o reconhecimentopelo uso eficiente da energia.De acordo com o diretor téc-nico da companhia, Júlio Ma-cedo, as soluções encontra-

    das pela Comusa na econo-mia dos custos de energiacomeçaram com a reduçãodas perdas no sistema de

    abastecimento de água pormeio da otimização opera-cional e da automação dosistema pelo controle depressão e vazão através de

     variadores de velocidade e

    automação.

    Macedo conta que o siste-ma caracteriza-se por umagrande estação elevatória deágua bruta (EAB) junto aorio dos Sinos, uma estaçãod e t r a tam e nto d e ág ua(ETA), onde se situam três

    reservatórios e duas elevató-rias de água tratada: EAT 1e EAT 4. Cerca de 90 % da

    “Em termos deganhos financeiros,as medidas adotadaspela Comusa

    representam umaeconomia anualsuperior a R$ 42 mil”

       F   o   t   o

      :   A   s   s   e   s   s   o   r   i   a   d   e   I   m   p   r   e   n   s   a   C   o   m   u   s   a

    todologia adotada no projetode Lagoa Santa para diversosoutros sistemas de abasteci-mento de água sob sua con-cessão. A Copasa, criada em

    1974, opera os sistemas deabastecimento de água trata-da de 610 municípios minei-ros, atendendo mais de 12 mi-lhões de habitantes.

    Comusa iniciou programade controle em 2004

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    reais de 313.116 m³/ano foi al-cançada graças à redução depressão proporcionada pelosconversores de frequência ins-talados na rede. Além da redu-ção do volume de vazamentos,houve uma redução significati-

     va no número de novas ruptu-ras de tubulações, o que signi-ficou economia em gastos commanutenção. “Nós implanta-mos uma central de controleoperacional em que o operadorou a equipe de operação con-segue verificar os principaisreservatórios da cidade cominformações de nível, de vazão,de pressão e ver se o sistema

    está plenamente abastecido ecom sobra de reservação. Des-ta forma podemos reduzir a

     velocidade das bombas e as-sim, nos horários de ponta,quando a energia elétrica émais cara, otimizar o consumode energia e ter naturalmenteum ganho financeiro”, explicaMacedo.

    Em termos de ganhos finan-ceiros, as medidas adotadaspela Comusa representam umaeconomia anual superior a R$42 mil. “Os benefícios obtidospela metodologia do projeto, fa-

     voreceu, dentre outros, a assi-milação das novas práticas eprocedimentos pelos funcioná-rios direta ou indiretamente en-

     volvidos na operação do siste-

    ma. Tudo isso propiciou umamelhoria no abastecimento, e aredução do índice de rompi-mento de redes e ramais se re-fletiram em maior satisfaçãodos usuários da empresa”, afir-ma o diretor técnico.

    O uso eficiente da energiano sistema de saneamentotem sido reconhecido nacio-nalmente desde 2007, quando

    a Comusa conquistou pela pri-meira vez o Prêmio Nacional   F   o   t

       o  :   A   s   s   e   s   s   o   r   i   a   d   e   I   m   p   r   e   n   s   a   C   o   m   u   s   a

    METAS ESTABELECIDAS PARA O PROJETO

    Energia economizada (R$/ano) 42.000,00

    Recursos Comusa (R$) R$ 187.000,00

    Recursos Eletrobrás (R$) 700.000,00

    Investimento total (R$) 887.000,00

       F   o   t   o  :   A   s   s   e   s   s   o   r   i   a   d   e   I   m   p   r   e   n   s   a   C   o   m   u   s   a

    bra-cimento, muito suscetívela rupturas. “Nossa meta ésubstituir 100 quilômetros darede de fibra-cimento por PAD(tipo de plástico altamente re-sistente), que é um materialmais moderno, deslocando-ade sob as vias de trânsito pa-ra debaixo das calçadas. Comisto, no médio e no longo pra-zo, vamos reduzir os custo demanutenção”, conclui Macedo.

    de Conservação de Energia eUso Racional de Abastecimen-to de Energia, uma distinçãopioneira no Rio Grande doSul. A Comusa abastece maisde 252 mil habitantes na Re-gião Metropolitana de Porto

     Alegre, e hoje a Companhiatem centrado ações na substi-tuição das tubulações da cida-de, tendo em vista que cercade 40 % da rede é do tipo fi-

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    Publicações que ajudam a entendera eficiência energética

    Nome Conteúdo

     Abastecimento

    de Água– O estado da artee técnicasavançadas

    Organizadores: Heber Pimentel Gomes; Rafael Pérez García e Pedro L. Iglesias Rey.Sinopse: O livro é o primeiro volume publicado sobre o tema abastecimento de água,enfatizando o estado da arte e as técnicas avançadas já desenvolvidas e disponibilizadas

    atualmente no mundo. O propósito do livro é reunir trabalhos técnicos e pesquisas emum único compêndio, agrupados por temas, que abordam o desenvolvimento deavançadas tecnologias, atualmente disponíveis à engenharia de sistemas deabastecimento urbano de água.Essa publicação poderá ser adquirida através da Abes www.abes-dn.org.br, da ABRH

     www.abrh.org.br e do Lenhs/UFPB.

    Eficiência Hidráulicae Energéticaem Saneamento

     Autor: Heber Pimentel Gomes. Este livro tem como objetivo servir de base a estudos de viabilidade econômica de projetos de saneamento, buscando mostrar as metodologiasde avaliação econômica, aplicadas a estudos de caso de ações de combate ao desperdíciode água e energia.Essa publicação foi elaborada com o apoio da Eletrobrás por intermédio do convêniofirmado entre a Eletrobrás, no âmbito do Procel, e a Universidade Federal da Paraíba-UFPB (ECV 230/06).

    Sistemas deBombeamento– EficiênciaEnergética

    Organizador: Heber Pimentel Gomes. Autores: Airton Sampaio Gomes, HeberPimentel Gomes, Luiz Simão de Andrade Filho, Osvaldo Luiz Cramer de Otero,Ronildo Inácio Soares de Alencar, Saulo de Tarso Bezerra, Sebastião de Paula Coura,Simplício Arnaud da Silva. O objetivo deste livro é proporcionar aos profissionais daárea de saneamento e afins as diversas matérias concernentes à engenharia desistemas de bombeamento, com vistas à adoção de medidas necessárias ao aumentoda eficiência energética dos sistemas de abastecimento e de esgotamento sanitário.

     Abastecimentode Água

     Autor: Milton Tomoyuki Tsutiya. Trata de planejamento e projeto de sistemas deabastecimento de água, envolvendo concepções, consumos, captação, adutoras,elevatórias, redes, perdas, ligações e automações, tem como objetivo, atender auniversitários e engenheiros envolvidos com projetos de obras de abastecimento.

    Contém  software para projeto de redes de abastecimento.

     Água e Energia

     Autor: Alliance – Aliança para Conservação de Energia. As recomendações contidasneste trabalho oferecem uma nova perspectiva com relação à água e à energia. Ébaseado nas experiências inovadoras das companhias de água dos municípios comrelação à redução do uso da energia e à melhora de seus serviços. No site www.abae.org é possível fazer o download gratuito da publicação.

    EficiênciaEnergéticanos Sistemas deSaneamento

     Autor: Procel/Ibam. O manual se insere numa estratégia de atuação do Procel que acontribuição ao esforço na melhoria da eficiência nos sistemas de saneamentobásico. Dirigido ao administrador municipal, oferece uma visão prática dosprocessos e operação dos sistemas, permitindo identificar os possíveis pontos dedesperdício. Esta publicação poderá ser adquirida através do Ibam (saite: http:// 

     www.ibam.org.br)Redução do Custode Energia Elétricaem Sistemas de

     Abastecimentode Água

     Autor: Milton Tomoyuki Tsutiva. Esta obra representa um valioso subsídio para osprofissionais e uma excelente contribuição à bibliografia técnica no campo daengenharia sanitária nacional. Abrange desde soluções simples e de fácilimplantação até as mais complexas, que levam à diminuição de custos através daredução de consumo de energia.

    Sistemas de Abastecimentode Água:DimensionamentoEconômico eOperação de Redese Elevatórias

     Autor: Heber Pimentel Gomes. Este livro foi elaborado com o propósito de tornaracessíveis as técnicas de dimensionamento econômico e de simulação da operaçãode sistemas de abastecimento de água, de forma aplicada, para profissionais daárea de saneamento e afins. Os métodos apresentados são acompanhados deexemplos práticos e detalhados, cujos programas e soluções estão disponíveis na

    internet através do endereço http://lenhs.ct.ufpb.br.

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    DMAE promove redução de custose ganhos de eficiência

    O Departamento Municipalde Águas e Esgoto de Porto

     Alegre (Dmae) vem desde 2004obtendo um ótimo desempenho

    no combate ao desperdício ena melhora da eficiência ener-gética do sistema de abasteci-mento de água, coleta e trata-mento de esgoto na capitalgaúcha. Entre os anos de 2008e 2009, o Dmae conseguiu re-duzir em cerca de R$ 2,5 mi-lhões o gasto com energia elé-trica, representando um ganhosuperior a 5 % no orçamento

    previsto para o período.Flávio da Cunha Machado,

    diretor da Divisão de Água, ex-plica que, ao constituir uma co-missão interna de controle daenergia elétrica (CICEE), oDmae passou a avaliar os cus-tos e a desenvolver indicadores

    que pudessem nortear o traba-lho de monitoramento das per-das com energia elétrica. “Apartir dos primeiros estudos re-

    alizados, verificamos que eranecessário desenvolver proje-tos que reduzissem nossos ele-

     vados gastos com este item fun-damental para o funcionamen-to do sistema”, afirma ele.

    Cunha Machado explicaque foi necessário envolver

     vários setores do Dmae paracriar os indicadores de refe-rência para trabalhar a redu-

    ção de custos e perdas. “Pas-saram a atuar no nosso pro-cesso desde áreas de pontacomo as equipes da manuten-ção mecânica, operação nascasas de bombas e os gruposde engenharia para, a partirdaí, organizamos planos anu-

    ais. Um dos primeiros pontosa serem observados foram asfaixas de tarifação da energiaelétrica que nos cobra a Com-

    panhia Estadual de EnergiaElétrica (CEEE).”

     A tarifação de energia elétri-ca obedece a critérios de de-manda. Entre 19 h e 21 h a ener-gia elétrica tem custo maior emdecorrência do alto consumoneste horário. “É a chamada ta-rifa azul, que a gente contratavae pagava um valor determinadoem contrato, mesmo que eventu-

    almente não a usasse. Ao ava-liar esta situação, a CICEE deci-diu formatar um outro tipo decontrato, o da tarifa verde, emque o preço por hora de uso émaior, mas que o Dmae só paga-

     va pelo que efetivamente consu-mia”, explica Flávio Machado.

       F   o   t   o  :   M   a   r   i   a   d   e   L   o   u   r   d   e   s   W   o   l   f   f   /   D

       m   a   e

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    Sobre os novos custos detarifação e aplicando con-trole de gestão que evitavamo consumo além dos limitesi m p os tos p e l a CE E E , oDmae passou a ter reduçãode custos efetivos, chegando

    hoje à faixa de R$ 22,7 mi-lhões contra mais de 24 mi-lhões projetados para o anode 2009. “Isto sem conside-rar que em 2009 houve au-mento de tarifa de energia,o que significaria normal-mente até um acréscimo de

     valores sobre o que foi pro- jetado inicialmente.”

     Álvaro Silveira Neto, en-

    genheiro de manutenção doDmae, revela que a economiaacumulada nos anos de 2008e 2009 representou para oDepartamento uma reduçãode gastos na ordem de R$ 2,5milhões. “Manejando as ca-sas de bombas e com medi-das auxiliares junto aos re-servatórios, onde estudamosos horários de pico e conse-

    guimos aplicar mecanismosque nos permitem trabalharcom o mínimo de energia,com os reservatórios cheiose isso nos permitir em al-guns casos até desligar osequipamentos para garantira economia, sem afetar oabastecimento”, completa oengenheiro.

    Silveira Neto revela que,

    paralelamente ao controle dosgastos, foram implantadasmedidas de treinamento depessoal de vários setores, in-formatização e monitoramen-to do sistema a partir de umacentral, controle dos pontosde fuga de água e troca debombas de modelos mais an-tigos por modelos mais efi-cientes que fazem o mesmo

    trabalho gastando 50 % me-nos energia.    F   o   t

       o  :   I   e   d   a   P   e   z   z   i   /   D   m   a   e

       F   o   t   o  :   I   e   d   a   P   e   z   z   i   /   D   m   a   e

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    Embora o Brasil possuauma geração de energia con-

    siderada limpa, em função dapredominância da base hidre-létrica, o país, por questõesambientais e de diversifica-ção, tem firmado a necessida-de de se buscar novas fontesde energia. Com isso, a gera-ção de energia renovável vemganhando espaço tanto noplanejamento das políticaspúblicas energéticas como

    por meio de novos empreen-dimentos e da comercializa-

    ção em leilões regulados. Aproveitamento do gás gera-do em aterros sanitários,grande incidência de raiossolares sobre todas as regi-ões do país e uma região lito-rânea com pontos de ventoconstantes têm inspirado ospesquisadores a criar proje-tos de geração de energiacom novas fontes (biomassa,solar e eólica) ou mesmo pe-quenas Centrais Hidrelétri-

    cas (PCH) na geração deenergia elétrica.

    No estado de São Paulo, aCompanhia de Saneamento(Sabesp) já está investindo nodesenvolvimento de uma ma-triz energética diversificadapara a região, estudando tam-bém o potencial eólico no ter-ritório paulista, assim comoas possibilidades remanes-centes do aproveitamento hí-drico por meio de PequenasCentrais Hidrelétricas (PCH).De acordo com o Adriano

     Anaia Pereira, gerente de ges-tão de energia da Companhia

    Sabesp analisa fontes alternativascomo novas soluções energéticas

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    de Saneamento Básico do Es-tado de São Paulo (Sabesp),estão em curso pesquisas pa-ra o aproveitamento do baga-ço de cana-de-açúcar para ageração de energia e estudosde viabilidade técnico-econô-

    mica da implantação de usinade geração de energia a partirde resíduos sólidos. “Há umesforço conjunto do Estado,no âmbito da Secretaria deSaneamento e Energia e deoutras pastas, para a promo-ção do desenvolvimento sus-tentável, que acontece quandohá desenvolvimento econômi-co e social também. No entan-

    to, é muito comum que se po-larizem as posições entre de-senvolvimento e sustentabili-dade”, afirma Anaia Pereira.

    Segundo ele, em 2008*, aSabesp respondeu por cercade 1,84 % de toda a energiaelétrica consumida no Esta-do de São Paulo. Já em 2009,os gastos da Sabesp comenergia elétrica foram de

    aproximadamente R$ 482,2milhões, constituindo a ter-ceira maior despesa (atrásde pessoal e serviços). Nessecontexto, diversas áreas daSabesp vêm desenvolvendo

    projetos com o objetivo deidentificar oportunidades demelhoria nos equipamentose nos processos. O resultado,explica o gerente de gestãode energia da Sabesp, o es-

    perado é uma maior eficiên-cia, com diminuição do con-

    quando se transporta água deoutras bacias (transposiçãode bacias) por intermédio detúneis e canais, como tambéma energia dos efluentes dasETE nos pontos de lançamen-tos, ou mesmo no ponto de

    chegada na estação de trata-mento.

     A construção de PCH em re-servatórios e barragens já exis-tentes e necessários à produ-ção de água potável representamedida ambientalmente sus-tentável, pois não gera qual-quer dano ambiental adicional.

    No sistema Cantareira,

    que é um complexo compostopor cinco bacias hidrográfi-cas e seis reservatórios inter-ligados por túneis, canais esistemas de bombeamento,que fornecem cerca de 33m³/s, sendo responsável peloabastecimento de água parametade da população da Re-gião Metropolitana de São

    Paulo, a Sabesp está anali-sando esse sistema de váriasrepresas em desníveis, inter-ligadas por túneis com dissi-pação de energia por inter-médio de válvulas e estrutu-ras de concreto, foram identi-ficados sítios com potencialde aproveitamento energéti-co. Ali o investimento estima-

    do para a construção dasPCHs é de aproximadamenteR$ 21 milhões. Todo esse va-lor será investido pelo vence-dor da licitação realizada em2009. A operação comercialtem início previsto para no-

     vembro de 2012. Ele comple-menta informando que aenergia assegurada é de 58,7

    GWh/ano (2,8 % do consumoSabesp).

    sumo de energia e conse-quente redução dos custosde operação, contribuindopara aumentar a competitivi-dade da empresa.

     Anaia Pereira revela que noProjeto de Eficiência Energéti-ca da Sabesp, implementadoem duas Estações de Trata-

    mento de Esgotos (ETE) da Sa-besp, ABC e Parque Novo Mun-do, está em andamento, umaETE que utiliza o processo delodos ativados e é constituídapor duas fases: líquido e sólido.Nas unidades de digestão, oslodos adensados primários esecundários são transferidospara os digestores anaeróbicos.No processo de digestão reali-

    zado pelas bactérias metanogê-nicas, ocorre à liberação dogás, com predominância de me-tano (CH4) que é utilizado paraa homogeneização do lodo, notempo em que ele permanece

    digerindo. O excesso desse gásdeverá ser aproveitado parageração de energia elétrica.

    Nos sistemas de abasteci-mento de água existem poten-ciais quando se desloca água,

    principalmente na fase deadução de água bruta, ou

    "O investimento estimado para a construçãodas PCH é de aproximadamente R$ 21milhões. Todo esse valor será investido pelo

     vencedor da licitação realizada em 2009. A operação comercial tem início previsto paranovembro de 2012."

       F   o   t   o  :   D   i   v   u   l   g   a   ç   ã   o   /   S   a   b   e   s   p

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    iluminação dos ambientes etambém pelo treinamento e qua-lificação do pessoal envolvido.

    Belkys Gonçalves Bitten-court lembra que cada tipo deatividade e de ambiente exigeum tipo de iluminação. Existemestudos e normas que orientamos projetistas a aproveitarem damelhor maneira os recursos,equipamentos e lâmpadas exis-tentes no mercado. “A iluminação

     Apesar de as áreas adminis-trativas das empresas de sane-amento responderem por per-centuais pequenos de consumode energia em relação ao consu-mo geral (normalmente inferio-res a 6 % do total) a preocupa-ção em formar a cultura do usoracional é um aspecto impor-tante que não pode ser esqueci-do. Esta é a opinião da profes-sora e pesquisadora Belkys

    Gonçalves Bittencourt, do Insti-tuto do Meio Ambiente e Facul-dade de Engenharia da Pontifí-cia Universidade Católica doRio Grande do Sul (Pucrs) quese dedica ao estudo do tema.

     A professora explica que pa-ra o uso eficiente da energia elé-trica é necessário um somatóriode ações que vão desde a gestãodos equipamentos e pessoas,passando pelo uso adequado da

    Foto: Luciano Lanes/PMPA

    Eficiência deve ser buscada no consumo,e também na cultura de uso racional

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    é o chuveiro, a geladeira e ou-tro aparelho mais potente oprincipal responsável pelo cus-to da conta de energia e nemsempre estes são os aparelhosresponsáveis por este excessode consumo.”

     A eficiência luminosa é outroaspecto (lúmen/watt) que preci-sa ser observado no caso delâmpadas esclarece a professo-ra. Segundo a professoraBelkys, as lâmpadas incandes-centes comuns têm, em geral, de10 a 14 lúmens por watt, en-quanto as lâmpadas florescen-tes chegam a 104 lúmens por

     watt. “A gente consegue gerarmuito mais luz visível, consu-

    mindo menos energia. Então, épreciso pensar em todos estesaspectos para que o consumo deenergia seja sempre racional esem desperdícios”, conclui ela.

    adequada ajuda no ânimo, nodesempenho e capacidade pro-dutiva das pessoas. Isto tambémtem a ver com a qualidade detrabalho dos profissionais e tu-do isso dever ser consideradoquando se faz uma análise do

    uso adequado da energia. Cabeaos engenheiros eletricistas fa-zerem o que se chama de estudoluminotécnico”, observa ela.

     Além de ambientes que po-dem ser iluminados de formanatural a partir de projetos ar-quitetônicos que se propo-nham a aproveitar a luz solar,um aspecto importante desta-cado pela professora da Pucrs

    são as cores das paredes. Elalembra que as cores com quesão pintadas as paredes po-dem ajudar a clarear ou escu-recer ambientes, repercutindono maior ou menor consumode energia. “O nível de ilumi-nância é um importante fatorpara aproveitar ao máximo aluminosidade dos ambientes ereduzir o uso de iluminação

    artificial, que em excesso podeprejudicar a visibilidade e porconsequência o conforto daspessoas que habitam ou usamaquele espaço.”

     A professora Belkys obser- va que ambientes mal projeta-dos podem muitas vezes atédispor de luminosidade natu-ral, mas de forma inadequada,que obriga, por exemplo, noperíodo de verão a utilizaçãode ar condicionado para redu-zir o calor interno. “Aí tambémnão adianta de um lado econo-mizar com lâmpadas e gastarcom condicionadores de ar.Por isso é fundamental ter umestudo de cada projeto e en-contrar soluções que promovaequilíbrio entre a iluminação ea temperatura dos ambientes.”

     A professora da diz que ailuminação em residências,

    por exemplo, responde por cer-ca de 25 % da conta de energiae que, assim como a refrigera-ção, é um item de grande con-sumo. “Às vezes pensamos que

    “O nível de iluminância é um importantefator para aproveitar ao máximo aluminosidade dos ambientes e reduzir o usode iluminação artificial, que em excessopode prejudicar a visibilidade e porconsequência o conforto das pessoas que

    habitam ou usam aquele espaço.”

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     vernos locais ao redor do mun-do na formulação e implemen-tação de políticas de energia,além de aumentar a demanda

    por tecnologias deenergias reno-

     váveis. Segun-do o secretá-

    Porto Alegre játem um centro deenergias renováveisSandra GoulartJornalista, assessora deimprensa da Smam

    O Centro de Referência em

    Energias Renováveis (Crer) dePorto Alegre foi inaugurado emsetembro de 2009 e visa a pro-mover e incentivar, com ações eprojetos, o uso de tecnologiasem energias renováveis e emeficiência energética no âmbitodas comunidades locais e regio-nais. Também vai possibilitar àcomunidade o acesso a exem-plos de projetos já existentes, a

    criação de parcerias voltadas aações de promoção de energiasrenováveis e a eficiência ener-gética, além de utilizar e promo-

     ver o uso de fontes renováveis esustentáveis de energia e gerarempregos. O Crer de Porto Ale-gre funciona na sede da Biblio-teca Roberto Xavier (avenidaCarlos Gomes 2.120), onde es-tão à disposição informações,

    conceitos, projetos, linhas depesquisa e uma série de ativida-des pertinentes a esta nova vi-são mundial, que prioriza o usode energias renováveis.

    Os impactos dos centros dereferência em energias reno-

     váveis no âmbito nacional e in-ternacional incluem o estabe-lecimento de uma referência(benchmark) para outros go-

    rio municipal do Meio Ambien-te, Professor Garcia, incentiva-dor do projeto, dentre as me-tas e atividades a serem de-senvolvidas pelo Crer, desta-cam-se a integração entre a

    Prefeitura de Porto Alegre e ascidades da Rede Elo, além da

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       r   g   i   o   L   o   u   r   u   z

    por tecno oenergias

     v veis.do o se

    ec mento e uma re er nc abenchmark) para outros go-

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    interação e da articulação comoutros centros de referência.

    O projeto Rede Elo (Comuni-dades Modelo em Energias Reno-

     váveis Locais) foi iniciado em2005 pelo Iclei (Governos Locaispela Sustentabilidade) para criar

    um elo entre governos locais domundo que agem como líderes napromoção de energias renováveise eficiência energética em centrosurbanos. O projeto faz parte daCampanha Cidades para a Prote-ção do Clima (CCP) e recebeapoio financeiro da Agência Ale-mã de Cooperação Internacional(GTZ). As cidades de Belo Hori-zonte, Betim, Porto Alegre, Salva-

    dor, São Paulo e Volta Redondacompõem a Rede Elo. O Secreta-riado Mundial do Iclei está em To-ronto, no Canadá, e é representa-do na região pelo seu Secretaria-do da América Latina e Caribe(Lacs), em Buenos Aires, com es-critório de projetos em São Paulo.Desde 1997, Porto Alegre integrao Iclei e, em 2008, foi escolhidapara ser a Segunda Cidade Mode-

    Estão disponíveisinformações, conceitos,projetos, linhas depesquisa e atividadesrelativas ao uso deenergias renováveis.

    prestar serviços técnicos ede consultoria.

     As atividades da Rede Elocriam centros de referência ecapacitação, implementamprogramas de conscientização,estabelecem parcerias público-privadas e outras parcerias

     voltadas à promoção de ener-

    gias renováveis e eficiênciaenergética, principalmente noâmbito local; desenvolvem polí-ticas locais para eficiênciaenergética e promoção de ener-gias renováveis e também pro-movem e divulgam o envolvi-mento de governos locais nouso e na expansão de fontes deenergia renováveis, apoiando abusca de recursos para o esta-

    belecimento de elos da rede emoutros países.

    Proteçãodo clima

     A Campanha das Cidades pa-ra a Proteção do Clima (CCP) éuma das ações promovidas peloIclei em âmbito mundial visandoa reverter a tendência de aqueci-mento do planeta, melhorar a

    qualidade do ar e a qualidade da vida urbana. Ela reúne cidadesinteressadas em preparar e exe-cutar planos de ações que redu-zam a emissão de gases de efeitoestufa (GEE) e já inclui mais de650 municípios. A CCP executa di-

     versos projetos de assistência téc-nica com enfoques inovadores pa-ra promover e colocar em práticamedidas de eficiência energética,

    gestão integrada de resíduos sóli-dos, transporte sustentável.

    lo da Rede Elo no Brasil. Em maiode 2009 foi assinado o termo deconvênio para participação dePorto Alegre como Cidade Modeloda Rede Elo.

    Como agência ambiental e dedesenvolvimento sustentável in-ternacional para governos lo-cais, o Iclei fornece informações,providencia treinamento, organi-za conferências, facilita o inter-câmbio entre cidades e a consti-

    tuição de redes, executa pesqui-sas e projetos-piloto, além de

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    Dmae estudaaproveitamento do gás

    metano para a geraçãode energia

     Ademar Vargas de Freitas jornalista

    Uma parceria entre o De-

    partamento Municipal de Águae Esgotos (Dmae) de Porto Ale-gre e o projeto "Promovendo oUso do Biogás Local para oDesenvolvimento Sustentávelno Brasil" (REEEP " Renewa-ble Energy and Energy Effi-ciency Partnership), iniciativado secretariado latino-ameri-cano da organização GovernosLocais para a Sustentabilidade

    (ICLEI), está em andamento edeverá apresentar os primei-ros resultados do diagnósticono próximo dia 31 de julho.

     A iniciativa, que será acom-panhada nacionalmente pelosmunicípios de Manaus (AM) eBetim (MG), promete ser umgrande achado ambiental eeconômico para o município dePorto