Sobre Os Mecanismos Psiquico Dos Fenomenos Histericos Vol III

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  • 8/14/2019 Sobre Os Mecanismos Psiquico Dos Fenomenos Histericos Vol III

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    RESUMO - Sobre os mecanismos psquico dos fenmenos histricos (1893-1895) vol III pag 39 a 52

    Freud inicia seu texto afirmando que os avanos na compreenso e no conhecimento dahisteria derivam do trabalho de Charcot chamada na poca de Neurose maior, que como osfranceses chamam - a histeria.

    A idia que uma pessoa sujeita a um trauma sem antes ter estado doente e mesmo semqualquer predisposio hereditria tenha se tornado histeria deveria advir de um trauma graveisto uma espcie que envolva a idia de perigo mortal, de uma ameaa vida, mas no deveser grave no sentido de pr termo atividade psquica.

    Assim, por exemplo, no deve envolver concusso cerebral ou qualquer ferimento realmentesrio. Alm disso, o trauma deve ter uma relao especial com alguma parte do corpo.Suponhamos que uma pesada tora de madeira caia sobre o ombro de um trabalhador. O golpe

    o derruba, mas ele logo verifica que nada ocorreu e vai para casa com uma ligeira contuso.Passadas algumas semanas ou meses, ele acorda certa manh e observa que o braosubmetido ao trauma pende flcido e paralisado, embora, no intervalo, que poderamos chamarde perodo de incubao, ele o tenha utilizado perfeitamente bem. Se se tratar de um casotpico, possvel que sobrevenham ataques peculiares que, depois de uma aura, o sujeitodesfalea repentinamente, fique muito agitado e se torne delirante: e, se falar em seu delrio,sua fala talvez mostre que a cena do acidente est sendo repetida nele, acrescida talvez devrios quadros imaginrios. O que estar acontecendo aqui? Como se deve explicar essefenmeno?

    Charcot explica o processo reproduzindo-o, induzindo artificialmente o paciente paralisia.Para promover isso, ele precisa de um paciente que j se encontre num estado histrico;requer ainda o estado de hipnose e o mtodo da sugesto. Ele hipnotiza profundamente um

    paciente desse tipo e ento golpeia seu brao levemente. O brao pende; fica paralisado eexibe precisamente os mesmos sintomas que ocorrem na paralisia traumtica espontnea. Ogolpe tambm pode ser substitudo por uma sugesto verbal direta: Veja! Seu brao estparalisado! Tambm nesse caso a paralisia apresenta as mesmas caractersticas.Tentemos comparar os dois casos: de um lado, um trauma, de outro, uma sugesto traumtica.O resultado final, a paralisia, exatamente o mesmo em ambos os casos. Se o trauma numdeles pode ser substitudo, no outro, por uma sugesto verbal, plausvel supor que uma idiadessa natureza seja responsvel pelo desenvolvimento da paralisia tambm no caso deparalisia traumtica espontnea. E, de fato, muitos pacientes relatam que, no momento dotrauma, tiveram realmente a sensao de que seu brao estava esmagado. Se assim for, realmente possvel considerar o trauma como equivalente completo da sugesto verbal.Entretanto, para completar a analogia, requer-se um terceiro fator. Para que a idia seu braoest paralisado pudesse provocar uma paralisia no paciente, seria necessrio que ele

    estivesse em estado hipntico. Mas o trabalhador no se achava em estado hipntico. Aindaassim, podemos presumir que se encontrasse num estado de esprito especial durante otrauma; e Charcot se inclina a equiparar esse afeto com o estado de hipnose artificialmenteinduzido. Sendo assim, a paralisia traumtica espontnea fica completamente explicada ese torna paralela paralisia produzida por sugesto; e a gnese do sintoma determinada de modo inequvoco pelas circunstncias do trauma. Freud porm sepreocupa como os sintomas histricos aparecem na histeria comum no-traumtica.

    Em 1880 e 1882 Breuer empreende o tratamento mdico de uma jovem senhora comhisteria no-traumtica enquanto cuidava de pai enfermo

    Freud e Brueur acumulam material que consistia em casos da histeria comum, isto , no-traumtica. Nosso procedimento era a considerao de cada sintoma, em separado, e a

    indagao das circunstncias em que ele tinha aparecido pela primeira vez; esforvamos-nos,desse modo, por chegar a uma idia clara da causa precipitante que talvez tivesse determinado

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    aquele sintoma. Mas no se deve supor que essa seja uma tarefa simples. Para comear,quando interrogamos os pacientes dentro dessa orientao, em geral no obtemos nenhumaresposta. Num pequeno grupo de casos, os pacientes tm suas razes para no dizer o quesabem. Em um nmero maior de casos, porm, os pacientes no tm qualquer noo docontexto de seus sintomas mas em hipnose retomam a memria .

    Freud chega a concluso de que : : H uma analogia total entre a paralisia traumtica e ahisteria comum, no-traumtica. A nica diferena que, na primeira, h um grande traumaem ao, ao passo que, na segunda raramente h um nico evento principal a ser assinalado,operando antes uma srie de impresses afetivas toda uma histria de sofrimentos. Masno nada forado equiparar essa histria, que aparece como o fator determinante nospacientes histricos, ao acidente que ocorre na histeria traumtica, pois hoje no restamdvidas de que, mesmo no caso do grande trauma mecnico da histeria traumtica, o queproduz o resultado no o fator mecnico, mas o afeto de terror, o traumapsquico. A primeiracoisa que se deduz disso, portanto, que o padro da histeria traumtica, tal como exposto porCharcot nas paralisias histricas, aplica-se de maneira geral a todos os fenmenos histricos,ou pelo menos sua grande maioria. Na totalidade dos casos, aquilo com que temos de lidar a atuao de traumas psquicos, que determinam inequivocamente a natureza dos sintomasemergentes.

    Em seu texto Freud nos apresenta um exemplo Uma paciente tinha sua fala interrompida porum estalido peculiar da lngua, semelhante ao grito de um tetraz-das-serras. Eu j mefamiliarizara h meses com esse sintoma e o encarava como um tique. S quando me ocorreuperguntar-lhe sob hipnose sobre a origem dele foi que descobri que o rudo apareceraprimeiramente em duas ocasies. Em cada uma destas, ela tomara a firme deciso de semanter absolutamente silenciosa. Isso lhe ocorreu, numa das vezes, ao cuidar de um de seusfilhos, que estava seriamente doente. (Tratar de pessoas doentes um fator quefreqentemente atua na etiologia da histeria.) A criana adormecera e ela se havia determinadono fazer qualquer barulho que pudesse acord-la. Mas o medo de fazer barulho transformou-se efetivamente na produo de um rudo um exemplo de contravontade histrica; elaapertou os lbios e fez o estalido com a lngua. Muitos anos depois, o mesmo sintoma semanifestou uma segunda vez, novamente numa ocasio em que ela decidira ficar

    absolutamente quieta, e desde ento havia persistido. Muitas vezes, uma nica causaprecipitante no basta para fixar um sintoma; mas, quando esse mesmo sintoma aparecereiteradamente, acompanhado por um afeto especfico, torna-se fixado e crnico.Um dos sintomas mais comuns da histeria a combinao de anorexia e vmito. Sei de umgrande nmero de casos em que a ocorrncia desse sintoma explicada de maneira bastantesimples. Assim, numa paciente o vmito persistiu depois de ela ter lido uma carta humilhantepouco antes de uma refeio e ter ficado violentamente nauseada com isso. Em outros casos,a repulsa pela comida pode ser claramente relacionada ao fato de que; graas instituio damesa comum, uma pessoa pode ser compelida a fazer uma refeio em companhia dealgum que detesta. A repulsa ento transferida da pessoa para os alimentos. A mulher como tique, que mencionei h pouco, era particularmente interessante a esse respeito. Comiaexcepcionalmente pouco e apenas sob presso. Ela me informou, sob hipnose, que uma sriede traumas psquicos havia acabado por produzir esse sintoma de repulsa comida. Quando

    era ainda criana, sua me, muito severa, insistia para que ela comesse toda a carne quetivesse deixado no almoo duas horas depois, quando a carne estava fria e a gordura, todacongelada. Ela o fazia com enorme asco e guardou a lembrana disso; mais tarde, quando jno estava sujeita a essa punio, sentia regularmente enjo na hora das refeies. Dez anosdepois, costumava sentar-se mesa com um parente tuberculoso que escarravaconstantemente, durante as refeies, numa escarradeira postada do outro lado da mesa.Pouco tempo depois, foi obrigada a partilhar suas refeies com um parente que ela sabia serportador de uma doena contagiosa. Tambm a paciente de Breuer comportou-se por algumtempo como se sofresse de hidrofobia. Durante a hipnose, revelou-se que ela uma vezsurpreendera um cachorro bebendo gua em um copo seu.

    A insnia ou o sono perturbado so tambm sintomas usualmente passveis de umaexplicao extremamente precisa. Assim, por anos a fio uma mulher jamais conseguia dormir

    antes da seis da manh. Durante muito tempo, dormira num quarto contguo ao do maridodoente, que costumava levantar-se s seis horas. Depois desse horrio, ela podia dormir

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    tranqilamente; e voltou a se comportar da mesma maneira muito anos depois, durante umadoena histrica. Outro caso foi o de um paciente histrico que vinha dormindo pessimamentenos ltimos doze anos. Sua insnia, porm, era de um tipo muito especial. No vero, dormiaesplendidamente, mas no inverno, muito mal; e em novembro dormia particularmente mal. Notinha a menor idia do fator responsvel por isso. A investigao revelou que num ms denovembro, doze anos antes, ele passara muitas noites em claro velando junto ao leito de seu

    filho, que estava acamado com difteria.

    Esses exemplos que Freud escolhe parecem provar que os fenmenos da histeria comumpodem ser seguramente considerados como seguindo o mesmo modelo da histeria traumtica,e que, portanto, toda histeria pode ser encarada como histeria traumtica, no sentido de queimplica um trauma psquico e de que todo fenmeno histrico determinado pela natureza dotrauma. A questo adicional a que ento se deveria responder refere-se natureza da conexocausal entre o fator determinante que tenhamos descoberto durante a hipnose e o fenmenoque persiste posteriormente como sintoma crnico. Essa conexo pode ser de vrios tipos.Pode ser da espcie que descreveramos como fator desencadeante. Por exemplo, quandoalgum com predisposio tuberculose recebe um golpe no joelho, em conseqncia do qualse desenvolve uma inflamao tuberculosa na junta, o golpe uma simples causadesencadeante. Mas no isso que ocorre na histeria. H uma outra espcie de causao a

    saber, a causao direta. Podemos elucid-la tendo por base o quadro de um corpo estranho,que continua a atuar incessantemente como causa estimulante de doena at nos livrarmosdele. Cessante causa cessat effectus.

    A observao de Breuer mostra-nos que h uma conexo deste segundo tipo entre o traumapsquico e o fenmeno histrico, pois Breuer aprendeu com sua primeira paciente que atentativa de descobrir a causa determinante de um sintoma era, ao mesmo tempo, umamanobra teraputica. O momento em que o mdico desvenda a ocasio da primeira ocorrnciado sintoma e a razo de seu aparecimento tambm o momento em que o sintoma se desfaz.Quando, por exemplo, o sintoma apresentado pelo paciente consiste em dores, e quando lheindagamos sob hipnose sobre sua origem, ele evoca uma srie de lembranas ligadas a elas.Se conseguirmos suscitar nele uma lembrana realmente vvida e se ele vir as coisas diante desi com toda a sua realidade original, observaremos que est completamente dominado por

    algum afeto. E se ento o compelirmos a exprimir verbalmente esse afeto, verificaremos que,ao mesmo tempo em que ele manifesta esse afeto violento, o fenmeno de suas doresdesponta marcantemente uma vez mais e, da por diante, o sintoma, em seu carter crnico,desaparece. Assim se passaram os fatos em todos os exemplos que mencionei. Foiinteressante notar que a lembrana desse acontecimento especfico era extraordinariamentemais vvida que a lembrana de quaisquer outros, e que o afeto concomitante era to intenso,talvez, quanto o fora no momento da ocorrncia efetiva do evento. S restava supor que otrauma psquico de fato continua a atuar no sujeito e sustenta o fenmeno histrico, sendoeliminado to logo o paciente fala sobre ele.

    A questo que agora se coloca de que modo um evento ocorrido h tanto tempo talvez dezou vinte anos pode continuar exercendo poder sobre o sujeito, e como foi que taislembranas no foram submetidas ao processos de desgaste e esquecimento.

    Quando uma pessoa experimenta uma impresso psquica, alguma coisa em seu sistemanervoso, que chamaremos provisoriamente de soma de excitao, aumenta. Ora, em todoindivduo existe uma tendncia a tornar a diminuir essa soma de excitao, a fim de preservar asade. O aumento da soma de excitao ocorre por vias sensoriais, e sua diminuio, por viasmotoras. Assim, podemos dizer que quando alguma coisa atinge algum, esse algum reagede maneira motora. Podemos agora afirmar com segurana que depende dessa reao oquanto restar de uma impresso psquica inicial.

    Consideremos isso em relao a um exemplo especfico. Suponhamos que um homem sejainsultado, esmurrado, ou qualquer coisa desse gnero. Esse trauma psquico est ligado a umaumento da soma de excitao de seu sistema nervoso. Surge ento instintivamente umainclinao a diminuir de imediato a excitao aumentada. Ele revida a ofensa, e ento sente-se

    melhor; talvez tenha reagido adequadamente isto , talvez se haja livrado de tanto quanto foiintroduzido nele. Ora, essa reao pode assumir vrias formas. Para os aumentos muito

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    ligeiros da excitao, as alteraes corporais talvez sejam suficientes: chorar, insultar,esbravejar etc. Quanto mais intenso o trauma, maior a reao suficiente. A reao maisadequada, entretanto, sempre uma tomada de atitude. Mas como observou espirituosamenteum escrito ingls, o primeiro homem a desfechar contra seu inimigo um insulto, em vez de umalana, foi o fundador da civilizao. Portanto, as palavras so substitutas das aes e, emalguns casos (por exemplo, na confisso) as nicas substitutas.

    Dessa maneira, paralelamente reao adequada, h aquela que menos adequada.Quando, porm, no h nenhuma reao a um trauma psquico, a lembrana dele preserva oafeto que lhe coube originalmente. Assim, quando algum que foi insultado no pode vingar oinsulto com um golpe retaliatrio ou uma ofensa verbal, surge a possibilidade de que alembrana desse evento torne a evocar nele o afeto originalmente presente. Um insultorevidado, mesmo que apenas com palavras, recordado de maneira muito diversa de outroque tenha sido forosamente aceito; e o uso lingstico descreve caracteristicamente o insultosofrido em silncio como uma mortificao |Kraenkung, literalmente, adoecimento|. Assim,quando por qualquer motivo no pode haver reao a um trauma psquico, ele retm seu afetooriginal, e quando a pessoa no consegue livrar-se do acrscimo de estmulo atravs de suaab-reao, deparamos com a possibilidade de que o evento em questo permanea como umtrauma psquico.

    A propsito, um mecanismo psquico sadio tem outros mtodos de lidar com o afeto de umtrauma psquico mesmo que lhe sejam negadas a reao motora e a reao por palavras asaber, elaborando-o associativamente e produzindo idias contrastantes. Mesmo que a pessoainsultada no retribua o golpe, nem retruque com uma grosseira, ela pode ainda assim reduziro afeto ligado ao insulto pela evocao de idias contrastantes, tais como a de seu valorpessoal, da indignidade de seu inimigo, e assim por diante. Quer um homem sadio lide com oinsulto de um modo ou de outro, ele sempre consegue chegar ao resultado de que o afetooriginalmente intenso em sua memria acabe perdendo a intensidade e finalmente, tendoperdido seu afeto, a lembrana caia vtima do esquecimento e do processo de desgaste.

    Ora, descobrimos que no h nos pacientes histricos nada alm de impresses que noperderam seu afeto e cuja lembrana permaneceu vvida. Da decorre, portanto, que essas

    lembranas dos pacientes histricos, que se tornaram patognicas, ocupam uma posioexcepcional com respeito ao processo de desgaste; e a observao mostra que, no caso detodos os eventos que se tornaram determinantes dos fenmenos histricos, estamos lidandocom traumas psquicos que no foram totalmente ab-reagidos, ou completamente tratados.Podemos, pois, afirmar que os pacientes histricos sofrem de traumas psquicosincompletamente ab-reagidos.

    Constatamos dois grupos de condies sob as quais as lembranas se tornaram patognicas.No primeiro, as lembranas a que se podem vincular os fenmenos histricos tm comocontedo representaes que envolveram um trauma to grande que o sintoma nervoso noteve foras para manipul-lo de nenhuma forma, ou representaes s quais foi vedada areao por motivos sociais (isso se aplica amide vida conjugal); ou, por fim, o sujeito podesimplesmente recusar-se a reagir, pode no querer reagir ao trauma psquico. Neste ltimo

    caso, o contedo dos delrios histricos freqentemente revela ser o prprio crculo derepresentaes que o paciente em seu estado normal rejeitou, inibiu e suprimiu com todas assuas foras. (Por exemplo, ocorrem blasfmias e representaes erticas nos delrioshistricos de freiras.) No entanto, num segundo grupo de casos, a razo da ausncia de reaono est no teor do trauma psquico, mas em outras circunstncias, pois muito freqenteconstatarmos que o contedo e os fatores determinantes dos fenmenos histricos soeventos em si mesmos bastante triviais, mas que adquiriram alta significao pelo fato deterem ocorrido em momentos especialmente importantes, quando a predisposio dopaciente havia aumentado patologicamente.

    Por exemplo, o afeto de pavor pode assomar no curso de algum outro afeto intenso e por issoadquirir enorme importncia. Os estados dessa ordem so de curta durao e esto, por assimdizer, isolados do resto da vida mental do sujeito. Enquanto se encontra num estado de auto-

    hipnose como esse, ele no consegue livrar-se associativamente de uma representao quelhe ocorra, tal como faria estando acordado. Depois de considervel experincia com esses

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    fenmenos, julgamos provvel que em toda histeria estejamos lidando com um rudimento doque chamado double conscience conscincia dupla e que o fenmeno bsico dahisteria seja uma tendncia para tal dissociao e, com ela, para a emergncia de estados daconscincia anormais, que propomos chamar de hipnides.Consideremos agora a maneira como funciona nossa terapia. Ela se coaduna com um dosmais ardentes desejos humanos o desejo de poder refazer alguma coisa. Algum

    experimentou um trauma psquico sem reao suficiente a ele. Ns o levamos a experiment-lode novo, dessa vez sob hipnose, e o foramos a completar sua reao. Assim ele pode livrar-sedo afeto ligado representao que estava, por assim dizer, estrangulado, e uma vez feitoisso, pe-se termo atuao da representao. Desse modo, curamos no a histeria, masalguns de seus sintomas individuais, fazendo com que uma reao incompleta se conclua.Os senhores, portanto, no devem supor que se tenha tirado disso um enorme proveito para ateraputica da histeria. A histeria, como as neuroses, tem causas mais profundas; e so essascausas mais profundas que estabelecem limites, muitas vezes bem apreciveis, ao sucesso denosso tratamento.