UMA VISÃO DIFERENCIADA DA FISIOTERAPIA OBSTÉTRICA...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDAPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTEDISSERTAÇÃO DE MESTRADO
UMA VISÃO DIFERENCIADA DA FISIOTERAPIA OBSTÉTRICA ATRAVÉS DA ELABORAÇÃO DE UM NOVO PLANO DE ENSINO
NATASHA TEIXEIRA LOGSDON
ORIENTADORProf. Dr. Luís Guilherme Barbosa
CO-ORIENTADORProf. Dr. Adilson da Costa Filho
VOLTA REDONDA, 2010
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDAPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTEDISSERTAÇÃO DE MESTRADO
UMA VISÃO DIFERENCIADA DA FISIOTERAPIA OBSTÉTRICA ATRAVÉS DA ELABORAÇÃO DE UM NOVO PLANO DE ENSINO
NATASHA TEIXEIRA LOGSDON
Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, orientada pelos Professores Doutores Luís Guilherme Barbosa e Adilson da Costa Filho.
VOLTA REDONDA, 2010
UMA VISÃO DIFERENCIADA DA FISIOTERAPIA OBSTÉTRICA ATRAVÉS DA ELABORAÇÃO DE UM NOVO PLANO DE ENSINO
NATASHA TEIXEIRA LOGSDON
Dissertação de Mestrado apresentada para obtenção de título pelo Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, submetida à aprovação da Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
______________________________________Professor Doutor Luís Guilherme Barbosa
Presidente da Banca
_____________________________________Professora Doutora Valéria da Silva Vieira
2º Membro da Banca
_____________________________________Professor Doutor André Luis dos Santos Silva
3º Membro da Banca
VOLTA REDONDA, 2010
“A elaboração dos planos de ensino depende da visão de mundo que temos e do mundo que queremos, da sociedade brasileira que temos e daquela que queremos, da escola que temos e daquela que queremos.”
(José Cerchi Fusari)
DEDICATÓRIA
Este trabalho é fruto do incentivo moral e financeiro dos meus pais e tia e do apoio do meu namorado. Por isso dedico o resultado dos meus estudos à eles.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Professor Luís Guilherme e ao professor Adilson que me ajudaram na construção deste trabalho. Agradeço à queria amiga Alba pelas inúmeras ajudas prestadas. Agradeço ao meu pai Stanley, à minha mãe Elizabeth, à minha tia Eliana e ao meu namorado Thiago, pois sem a participação dessas pessoas, esse sonho não se tornaria realidade.
RESUMO
A fisioterapia obstétrica surgiu com o objetivo de promover uma ótima saúde física e emocional durante a gestação. Este estudo pretende agregar novas visões de atendimento que capacitem o fisioterapeuta a atuar de forma totalitária e humanizada. Portanto, o objetivo deste trabalho é elaborar um plano de ensino, que contemple novos aspectos e auxilie o profissional a atuar na saúde da gestante de forma holística. Com o aumento do número de gestantes em busca de uma gravidez e parto mais seguros e tranquilos, este estudo se justifica, pois ocorre o aumento da demanda de trabalho, e, o egresso bem preparado, tornar-se-á um profissional capacitado a atuar competentemente. Logo, a questão norteadora desta pesquisa é: O Plano de Ensino utilizado pelas IES são adequados para a formação suficiente do aluno para atuação na área de fisioterapia obstétrica? E para responder esta questão, a metodologia utilizada foi: 1) Coleta e análise de material para investigação da atual realidade do ensino nesta área. 2) Identificação dos aspectos envolvidos na gestação e descrição das possíveis atuações do fisioterapeuta. 3) Pesquisa para aprofundamento dos conhecimentos na área pedagógica a fim de descrever um plano de ensino de forma coerente e didática. Tivemos 21 ementas analisadas e nos resultados e discussão apenas 3 IES foram consideradas dentro dos moldes de ensino satisfatórios de acordo com este estudo. Visto que o período gestacional é um momento de complexas modificações na vida da mulher, o profissional que pretende atuar nesta área deve estar apto a prestar um atendimento global. Concluímos que para que o profissional esteja neste modelo de atuação é necessário que o ensino seja voltado para tal.
Palavras-chave: Fisioterapia obstétrica; Ensino em fisioterapia; Gestação
ABSTRACT
Obstetric physiotherapy was created to provide high quality physical and emotional health during pregnancy. This study aims to assemble new views on care which should enable physiotherapists to do a better and more humane job. The objective of this project is, therefore, to develop teaching methods which will take new aspects into consideration and will also help professionals look after pregnant women’s health as a whole. Due to an increase in the number of women who seek more safety and comfort during both pregnancy and childbirth, this study justifies itself, as more physiotherapists are needed and the newly graduate, if well prepared, will become a competent professional. Thus the key question in this research is: are our universities’ current Teaching Methods adequate for the obstetric physiotherapy student to become a good professional? And to answer this question the following methodology has been used: 1) collection and analysis of material for investigation into the current teaching situation in this area; 2) identification of pregnancy-related aspects and description of the physiotherapist’s possibilities of caring for patients; 3) in-depth research into pedagogical knowledge in order to create coherent and didactic teaching methods. Twenty-one projects have been examined and during results and discussion only three have been considered fit for satisfactory teaching practice, according to this study. Because pregnancy entails complex changes in women’s lives, professionals who intend to work in obstetrics must be enabled to offer global care. In conclusion, for the professional to provide pregnant women with this type of care, suitable teaching methods must be adopted.
Keywords: Obstetric physiotherapy; Physiotherapy teaching; Pregnancy
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................142. A FISIOTERAPIA NO CONTEXTO ATUAL....................................................................20
2.1. A Fisioterapia.................................................................................................................202.2. O Fisioterapeuta.............................................................................................................202.3. A trajetória da profissão.................................................................................................212.4. A Fisioterapia no Ensino Superior.................................................................................232.5. Diretrizes Curriculares...................................................................................................252.6. Projeto Pedagógico e Plano de Ensino...........................................................................29
3. FISIOTERAPIA EM OBSTETRÍCIA..................................................................................383.1. Aspecto Físico................................................................................................................39
3.1.1. Muscular..................................................................................................................393.1.2. Estético....................................................................................................................41
3.2. Psicológico e Emocional................................................................................................443.3. Social..............................................................................................................................464. OBJETIVOS.....................................................................................................................494.1. Objetivo Geral................................................................................................................494.2. Objetivos Específicos.....................................................................................................49
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................556. CONCLUSÃO......................................................................................................................63REFERÊNCIAS........................................................................................................................65
LISTA DE ABREVIATURAS
CES= Câmara de Educação SuperiorCNE = Conselho Nacional de EducaçãoFO = Fisioterapia ObstétricaFEG = Fibro Edema Gelóide (celulite)IES = Instituições de Ensino SuperiorRJ = Rio de JaneiroSP = São PauloSUS = Sistema Único de Saúde
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1: Informativo sobre as respostas obtidas das IES................................52Quadro 2: Informativo sobre as análises das respostas obtidas.........................53
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1: Solicitação de envio de plano de ensino ou ementa da disciplina Fisioterapia em obstetrícia enviado às IES dos estados do RJ e SP via email.........................................................................................64
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice 1: Plano de Ensino direcionado para disciplina Fisioterapia Obstétrica elaborado através deste estudo de acordo com os moldes propostos................................................................................................65
1. INTRODUÇÃO
A fisioterapia obstétrica é uma área da fisioterapia que surgiu com o
objetivo de promover e manter uma ótima saúde física e emocional, desde o
começo até o final da gestação, realizando um trabalho preventivo para os
possíveis agravos que venham a ocorrer durante a gestação e após o parto
(SOUZA, 1999). Apesar de o profissional fisioterapeuta ter suas habilidades e
competências primariamente voltadas para as questões físicas da saúde de
seus pacientes (ANDRADE et. al., 2006), essa especialidade da fisioterapia
deve contemplar os aspectos físico, emocional/psicológico e social que
envolvem a gestante. A intenção aqui não é rejeitar o trabalho que o
fisioterapeuta é capaz de desenvolver no âmbito físico, e, sim, agregar novas
visões de atendimento que capacitem esse profissional a prestar um
atendimento totalitário e humanizado.
O enfoque principal da gestação é o nascimento do bebê (Manual do
Ministério da saúde, 2001), e com isso, os profissionais de fisioterapia
tendem a direcionar o tratamento para a prática de exercícios que
possibilitem um parto mais saudável. Essa abordagem é essencial, mas não
deve ser a única conduta do tratamento. Conforme o Manual do Ministério da
Saúde (2001), “a gestante deve ser preparada com o propósito de vivenciar
a gestação e a experiência do parto como um processo fisiológico natural,
confiando na sua capacidade de gerar e parir, sentindo-se protagonista deste
evento”. Isso envolve uma série de cuidados, medidas e atitudes que
ultrapassam os procedimentos clínicos rotineiros, abrangendo, desde as
informações mais simples até orientações específicas, incluindo o preparo
físico e psíquico da mulher gestante, complementando os atendimentos
realizados nas consultas médicas, ajudando-as a diminuir as ansiedades e
os medos, deixando-as mais confiantes e saudáveis. Portanto, a intenção
aqui é mostrar que a exploração de outros aspectos relacionados ao bem-
estar da mulher grávida contribuirá para trazer grandes benefícios à
qualidade de vida da gestante.
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Entende-se que o preparo para o parto e o cuidado com a qualidade
de vida da gestante são fatores determinantes para que a gestação seja
um momento positivo. A gestante tende a sofrer menos com as
mudanças percebidas no seu corpo, e, é possível que uma gestante
que esteja preparada para o parto, tenha menores chances de
complicações e melhor recuperação pós-parto, o que promoverá uma
sensação de bem-estar e uma melhor relação com o filho recém-
nascido (CANTO et al. 1996). Para que essa preparação seja adequada
e consiga proporcionar a mulher uma boa qualidade de vida é
importante que os profissionais envolvidos nesse processo estejam
capacitados a atuar holisticamente.
O adjetivo holístico é proveniente da palavra grega holos que
significa ‘todo’. Portanto, holístico, pode ser entendido como o princípio
de que o total de um sistema não pode ser explicado apenas pela soma
de seus elementos. O princípio geral do holismo pode ser resumido na
metafísica de Aristóteles: "O inteiro é mais do que a simples soma de
suas partes." Logo, terapia holística seria a abordagem da questão a
ser tratada de forma integral, não através de uma visão direcionada. A
intervenção holística propõe que os elementos emocional, mental,
espiritual e físico de cada pessoa sejam vistos como complementares
entre si, e atua no tratamento da pessoa em todo seu contexto,
concentrando-se tanto na causa da doença como na causa dos
sintomas (Dicionário de Filosofia, 2007; Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa, 2001).
Segundo o COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional), a fisioterapia é “uma área de conhecimento em saúde,
que estuda os distúrbios cinéticos e sinérgicos funcionais que
acometem os órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por
alterações genéticas, por trauma ou por condições adquiridas”. Assim
sendo, o fisioterapeuta assume uma posição importante para intervir
nos possíveis distúrbios músculo-esqueléticos da gravidez e no
combate às algias advindas das alterações biomecânicas, pois a
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gestação é uma condição adquirida que resulta em diversos tipos de
mudanças no corpo da mulher (POLDEN & MANTLE, 2002; SOUZA,
1999). Além disso, o fisioterapeuta é um profissional capaz de fornecer
orientações sobre as atividades de vida diária e contribuir para a
melhora da qualidade de vida da mulher.
Apesar da fisioterapia ser de grande valia na equipe multidisciplinar,
tendo muito a oferecer aos outros profissionais da equipe de saúde, e
também à própria gestante, ainda é escassa a quantidade de literatura
sobre as questões da fisioterapia aplicada à obstetrícia (O’CONNOR &
STEPHENSON, 2004). Se esta área da fisioterapia não é reconhecida
pelo público, o mercado de trabalho tende a ficar estagnado, então
podemos dizer que, de certo modo, a escassez de documentos
publicados prejudica a credibilidade da intervenção do fisioterapeuta na
saúde da gestante.
A assistência ao pré-natal, ao parto e à maternidade tem tido um
enfoque sob uma nova ótica. As intervenções multi e interdisciplinares
de preparo para o parto têm sido caracterizadas pelas abordagens sob
métodos de orientação e informação, atendimento psicológico e
preparação física específica. Esses procedimentos estão se tornando
cada vez mais comuns para as mulheres grávidas que buscam uma
gestação saudável, e em consequência disso, esses serviços estão se
tornando muito procurados (CONTI et. al., 2003; STANDING et. al.,
1998). Com isso, a demanda de trabalho para os profissionais que
atuam nessa área tende a aumentar a cada dia. Portanto, este estudo
se justifica mostrando que é preciso que haja um elemento norteador
para a aprendizagem dos acadêmicos de fisioterapia que desejam atuar
nessa especialidade, de maneira a contribuir na formação destes
profissionais, tornando-os capazes de identificar as necessidades reais
da mulher grávida nos âmbitos físico, emocional e social, direcionando
o tratamento no sentido de suprir as carências individuais das
pacientes.
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É preciso estabelecer uma abordagem fisioterápica completa, que
vá além do preparo para o parto, atingindo o bem estar geral da mulher.
Este tratamento deve ser direcionado para contribuir com a melhora da
qualidade de vida da gestante visando não somente o momento do
parto e sim obtendo a visão geral do que a gestação significa para o
corpo e a mente da mulher grávida. Portanto, com este trabalho, temos
a intenção de esclarecer que um aluno bem preparado, tornar-se-á um
profissional capacitado a atuar competentemente na questão do
atendimento holístico para gestantes. Para isso, aqui será proposto um
novo plano de ensino que auxilie o professor da disciplina a
compartilhar o conhecimento da fisioterapia obstétrica de maneira clara,
organizada, suficiente e com o enfoque do atendimento holístico e
humanizado.
O direcionamento profissional necessita da elaboração coletiva de
projetos educativos atualizados capazes de suprir às novas demandas.
Essa questão se mostra com igual intensidade para os vários campos
de atuação e formação profissional que precisam criar profissionais-
cidadãos repletos das competências exigidas no mercado de trabalho
(QUEIROZ, 2005).
Na formação de novos profissionais, o conhecimento da área de
atuação, suas competências e a responsabilidade social, são itens
importantes a se considerar no processo ensino-aprendizagem para os
cursos de graduação em fisioterapia. Portanto, pode-se notar que o
tema escolhido é atualizado e importante, pois prioriza a formação do
aluno de fisioterapia com ênfase nas competências direcionadas para
área de fisioterapia obstétrica.
O profissional deve ser capaz modernizar, empreender e humanizar,
pois as mudanças no mercado de trabalho passam a exigir que as
capacidades profissionais evoluam a medida em que os conhecimentos
técnicos-científicos avançam. Nessa realidade, a formação do
fisioterapeuta deixa de ser orientada somente por conceitos de
reabilitação e passa a assumir conceitos de prevenção e cuidados com
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a qualidade de vida da paciente através do emprego das competências
e habilidades reflexivas e responsáveis. Nesse contexto, o profissional
deverá estar apto a reconhecer as necessidades intrínsecas de cada
paciente enquanto ser humano, a partir da aplicação de seus
conhecimentos teórico-práticos, com a finalidade do atendimento
totalitário e diferenciado, suprindo as necessidades das pacientes
mediante a atuação inovadora (QUEIROZ, 2005). A evolução da
profissão e do profissional depende de aspectos complexos,
principalmente dos valores culturais e do avanço técnico-científico
ocorrido no processo de trabalho. Sob esse ponto de vista, a fisioterapia
se apresenta com avanços significativos, que estão intimamente ligados
às novas aceitações culturais e às reciclagens no processo de trabalho.
A instituição formadora deverá compartilhar uma sólida formação
geral, associando os conhecimentos técnicos-científicos aos
conhecimentos éticos-sociais (QUEIROZ, 2005). Essa integração
proporcionará ao profissional no mercado de trabalho o
desenvolvimento das habilidades e competências durante sua prática,
tornando-o apto a conduzir com sabedoria as peculiaridades que
permeiam a gestação.
Ressalta-se ainda, a relevância dos planos de ensino das disciplinas
de cursos superiores estarem em sinergia com o aperfeiçoamento e o
desenvolvimento da profissão. Assim sendo, pode-se perceber que o
ensino e a aprendizagem tanto teóricos quanto práticos são
indissociáveis na construção do perfil do egresso que se tornará o
profissional formado através das competências exigidas pelo mercado
de trabalho com base no exercício da profissão.
Portanto, a questão que norteia esta pesquisa é: O Plano de Ensino
utilizado pelas IES são adequados para a formação suficiente do aluno
para atuação na área de fisioterapia obstétrica?
Para responder a esta pergunta, foram traçados os objetivos geral e
específicos e uma metodologia de estudo foi seguida. Na discussão dos
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resultados é pretendido que essa pergunta seja respondida e que com
o decorrer deste estudo os objetivos sejam alcançados.
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2. A FISIOTERAPIA NO CONTEXTO ATUAL
2.1. A Fisioterapia
A fisioterapia é uma ciência aplicada tendo por objeto de estudos o
movimento humano em todas as suas formas de expressão e
potencialidades, tanto nas alterações patológicas quanto nas
repercussões psíquicas e orgânicas (CREFITO, 2008).
Seu objetivo é preservar, manter, desenvolver ou reabilitar a
integridade de órgãos, sistemas ou função. Como processo terapêutico
utiliza conhecimentos e recursos próprios, utilizando-os com base nas
condições psico-físico-social, tendo por objetivo promover, aperfeiçoar
ou adaptar o indivíduo a melhoria de qualidade de vida. Para tanto
utiliza-se da ação isolada ou conjugada de fontes geradoras
termoterápicas, crioterápicas, fototerápicas, eletroterópicas,
sonidoterápicas e aeroterápicas além de agentes cinésio-
mecanoterápicos e outros mais advindos da evolução dos estudos e da
produção científica da área (CREFITO, 2008).
Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
– COFFITO – a legislação que regulamenta a atividade da fisioterapia e
provê sobre a profissão do fisioterapeuta é o DECRETO LEI N. 938 – DE 13 DE OUTUBRO DE 1969. DOU nº 197 de 14/10/69 – retificado
em 16-10-1969 Sec. I – Pág. 3.658 (www.coffito.org.br, acessado em 16
de março de 2010).
2.2. O Fisioterapeuta
O fisioterapeuta é um profissional de Saúde, com formação
acadêmica Superior, que atua nas áreas da saúde, educação, esporte,
empresarial e no campo da pesquisa. O exercício profissional do
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fisioterapeuta compreende a avaliação físico-funcional do paciente, a
prescrição do tratamento, a indução do processo terapêutico, a alta no
serviço de Fisioterapia e a reavaliação sucessiva do paciente para
constatação da existência de alterações que justifiquem a necessidade
de continuidade das práticas terapêuticas (CREFITO, 2008).
2.3. A trajetória da profissão
Assim como aconteceu com diversas profissões na área da saúde, a
fisioterapia primeiramente foi instituída em sua prática para
posteriormente obter reconhecimento dos cursos de formação e o
reconhecimento profissional. A prática da profissão ocorre há mais de
90 anos, mas surgiu oficialmente em 1951 com o primeiro curso de
formação de técnicos em Fisioterapia na Universidade de São Paulo,
acessível para qualquer pessoa com o ensino médio completo. Esses
profissionais eram chamados de fisioterapistas, originário do termo
physiotherapist utilizado pelas escolas anglo-saxônicas (ANDRADE et.
al., 2006).
O reconhecimento legal da profissão ocorreu em 13 de outubro de
1969 criando as profissões de fisioterapeuta e terapeuta ocupacional,
por meio da redação dos artigos descritos abaixo (COFFITO, 2010):
Art. 1o. É assegurado o exercício das profissões de fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, observado o disposto no presente. Art. 2o. O fisioterapeuta [...], diplomado por escolas e cursos reconhecidos, são profissionais de nível superior. Art. 3o. É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente (Disponível em www.coffito.org.br, acessado em 20 de abril de 2010).
Antes de terem o reconhecimento como profissional de nível
superior, os então, fisioterapistas atuavam como auxiliares de médicos.
Com sua autonomia reconhecida por lei, passaram a ser responsáveis
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pelas ações que envolvem técnicas e métodos específicos da
fisioterapia, possibilitando, inclusive, o exercício de atividades de
direção de serviços, assessoria técnica, exercício do magistério e
supervisão de profissionais e alunos. E ainda, passaram a ser
profissionais de nível superior, incluídos na categoria de profissionais
liberais (ANDRADE et. al., 2006), tornando-se fisioterapeutas.
Em 17 de dezembro de 1975, a Lei n° 6.316 cria o Conselho Federal
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO – e os Conselhos
Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – CREFITOs –, órgãos
responsáveis por fiscalizar o exercício profissional (COFFITO, 2010),
resultando na organização e fortalecimento da categoria profissional na
luta pelo crescimento e reconhecimento da profissão, ampliando o
campo de ação profissional de acordo com o seguinte:
Art. 1º São criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com a incumbência de fiscalizar o exercício das profissões de Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional definidas no Decreto-lei nº 938, de 13 de outubro de 1969 (Disponível em www.coffito.org.br, acessado em 20 de abril de 2010).
Em 1985, em função da mudança do currículo mínimo, deu-se a
primeira Reforma Curricular, mudando o curso de três para quatro anos,
sendo as disciplinas divididas em: básico, clínico e profissionalizante.
Neste momento, foi determinada a obrigatoriedade da disciplina
Fisioterapia aplicada à Obstetrícia para os cursos de graduação em
todo território nacional. Porém, só em 1988 sua prática foi implantada
no estado de Minas Gerais no serviço ambulatorial da Maternidade
Escola Hilda Brandão visando a intervenção fisioterápica na gestação,
no parto e puerpério (ANDRADE et. al., 2006; SOUZA, 1999).
Em 1994 começaram as primeiras discussões para uma nova
Reforma Curricular do curso, de acordo com necessidade de uma
reformulação do Estágio Supervisionado e de Atividades
Complementares. Os conteúdos desenvolvidos na fisioterapia –
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ciências biológicas e da saúde, ciências sociais e humanas,
conhecimentos biotecnológicos e conhecimentos fisioterapêuticos –
necessitam de estágios e atividades complementares como exigência
para a formação do egresso (ANDRADE et. al., 2006), e a Resolução
CNE/CES 4, de 19 de fevereiro de 2002 define:
Art. 7º. A formação do fisioterapeuta deve garantir o desenvolvimento de estágios curriculares, sob supervisão docente. A carga horária mínima [...] deverá atingir 20% da carga horária total do Curso [...], com base no Parecer/Resolução específico da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação. A carga horária [...] deverá assegurar a prática de intervenções preventiva e curativa nos diferentes níveis de atuação: ambulatorial, hospitalar, comunitário/unidades básicas de saúde etc. Art. 8º. O projeto pedagógico [...] deverá contemplar atividades complementares e as Instituições de Ensino Superior deverão criar mecanismos de aproveitamento de conhecimentos, adquiridos pelo estudante, através de estudos e práticas independentes presenciais e/ou a distância, a saber: monitorias e estágios; programas de iniciação científica; programas de extensão; estudos complementares e cursos realizados em outras áreas afins. (Disponível em www.mec.org.br, acessado em 26 de abril de 2010).
Em 11 de novembro de 2004, a Câmara de Educação Superior do
Conselho Nacional de Educação aprovou o parecer CNE/CES nº 329/2004,
que trata da carga horária mínima dos cursos de graduação, bacharelados, na
modalidade presencial. Constava no referido parecer, a carga horária mínima
de 3.200 horas para o curso de Fisioterapia. Após o envio do referido à
homologação ministerial, diversas manifestações de entidades ligadas à área
da saúde foram enviadas ao Ministério da Educação solicitando a revisão do
parecer CNE/CES nº 329/2004. Durante o ano de 2005, várias reuniões foram
realizadas a respeito do assunto no referido Ministério com entidades da área
da saúde (ANDRADE et. al., 2006). Entre outras propostas, o Fórum dos
Conselhos Profissionais da área da saúde defendeu a implantação de uma
carga horária mínima de 4.000 horas para os cursos da área de saúde
(Disponível em www.mec.org.br, acessado em 26/04/2010).
2.4. A Fisioterapia no Ensino Superior
24
O papel da Universidade como instituição formadora consiste em
produzir e disseminar o conhecimento através do conjunto de suas
funções de ensino, pesquisa e extensão.
Atualmente diferentes visões de mundo apresentam-se
disseminadas pelos meios de comunicação, transformando a visão de
sociedade e de atuação do profissional-cidadão, em relação às
adversidades e às novas demandas técnico-científicas. O aparecimento
de novas tecnologias em diferentes níveis de saúde e educação gera
diferentes demandas no que se refere à atuação do profissional e à sua
formação na educação superior (QUEIROZ, 2005).
Novas áreas de atuação surgem constantemente de acordo com as
transformações que ocorrem na sociedade, dentre essas áreas de
atuação e formação profissional encontra-se a fisioterapia.
Tendo sido regulamentada há mais de quarenta anos como
profissão de nível superior, com abordagem curativa e reabilitadora
(COFFITO, 2010), a fisioterapia participou de significativas mudanças
que aconteceram na área da saúde, com isso deixou de ser uma
profissão que visa exclusivamente a reabilitação e passou a envolver
questões de prevenção, manutenção e promoção de saúde além de
preocupar-se com a reintegração social do indivíduo (QUEIROZ, 2005).
A fisioterapia demanda atualização constante, assim como em
outras áreas de atuação profissional, portanto o ensino superior requer
desenvolvimento permanente do conhecimento técnico-científico em
função das alterações nas demandas pré-existentes em sua prática.
Logo, o planejamento dos cursos que graduam o fisioterapeuta também
necessitam de atualização contínua. Segundo Queiroz (2005), deve-se
entender, neste caso, planejamento como “a estratégia articuladora da
formação capaz de vincular as demandas do contexto da atuação
profissional às políticas educacionais públicas e institucionais”. Esta
análise abrange diretrizes curriculares brasileiras para o curso de
fisioterapia e sua relação com o projeto pedagógico de cada curso,
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incluindo o plano de ensino a ser utilizado, destacando a articulação
necessária do projeto pedagógico com as diretrizes institucionais.
Como foi visto, de acordo com as diretrizes Curriculares para o
Ensino de Graduação em Fisioterapia, a formação deve ser de
profissionais generalistas (CREFITO, 2008). Por isso é importante que o
discente seja munido de conhecimento em todas as áreas de atuação
que abrangem seu espaço profissional durante a realização do curso.
Isso permite que ao concluir a graduação, o formando possa optar pela
especialidade na qual irá se aprofundar.
2.5. Diretrizes Curriculares
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de
Graduação em Fisioterapia tem como perfil do profissional o
Fisioterapeuta, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva,
capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base
no rigor científico e intelectual (CREFITO, 2008).
De acordo com o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional, a formação do Fisioterapeuta tem por objetivo dotar o
profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das
seguintes competências e habilidades gerais (COFFITO, 2010):
I - Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito
profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção,
promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual
quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja
realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do
sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os
problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Os
profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos
padrões de qualidade e dos princípios da ética e da bioética, tendo em
conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o
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ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em
nível individual como coletivo de acordo com as necessidades
individuais e coletivas;
II - Tomada de decisões: o trabalho dos profissionais de saúde deve
estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso
apropriado, eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de
medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para
este fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para
avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas
em evidências científicas;
III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e
devem manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na
interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A
comunicação envolve comunicação verbal, não- verbal e habilidades de
escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de
tecnologias de comunicação e informação;
IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais
de saúde deverão estar aptos a assumirem posições de liderança,
sempre tendo em vista o bem estar da comunidade. A liderança envolve
compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de
decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz;
V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos
a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da
força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da
mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores,
gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde;
VI - Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de
aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática.
Desta forma, os profissionais de saúde devem aprender a aprender e
ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o
treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas
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proporcionando condições para que haja beneficio mútuo entre os
futuros profissionais e os profissionais dos serviços, inclusive,
estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a
formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais.
A formação do Fisioterapeuta tem por objetivo dotar o profissional
dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes
competências e habilidades específicas (COFFITO, 2010):
1. Respeitar os princípios éticos inerentes ao exercício profissional;
2. Atuar em todos os níveis de atenção à saúde, integrando-se em
programas de promoção, manutenção, prevenção, proteção e
recuperação da saúde, sensibilizados e comprometidos com o
ser humano, respeitando-o e valorizando-o;
3. Atuar multiprofissionalmente, interdisciplinarmente e
transdisciplinar-mente com extrema produtividade na promoção
da saúde baseado na convicção científica, de cidadania e de
ética;
4. Reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e
atuar de forma a garantir a integralidade da assistência,
entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos
para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
5. Contribuir para a manutenção da saúde, bem estar e qualidade
de vida das pessoas, famílias e comunidade, considerando suas
circunstâncias éticas, políticas, sociais, econômicas, ambientais
e biológicas;
6. Realizar consultas, avaliações e reavaliações do paciente
colhendo dados, solicitando, executando e interpretando exames
propedêuticos e complementares que permitam elaborar um
28
diagnóstico cinético-funcional, para eleger e quantificar as
intervenções e condutas fisioterapêuticas apropriadas,
objetivando tratar as disfunções no campo da Fisioterapia, em
toda sua extensão e complexidade, estabelecendo prognóstico,
reavaliando condutas e decidindo pela alta fisioterapêutica;
7. Elaborar criticamente o diagnóstico cinético funcional e a
intervenção fisioterapêutica, considerando o amplo espectro de
questões clínicas, científicas, filosóficas éticas, políticas, sociais
e culturais implicadas na atuação profissional do fisioterapeuta,
sendo capaz de intervir nas diversas áreas onde sua atuação
profissional seja necessária;
8. Exercer sua profissão de forma articulada ao contexto social,
entendendo-a como uma forma de participação e contribuição
social;
9. Desempenhar atividades de planejamento, organização e gestão
de serviços de saúde públicos ou privados, além de assessorar,
prestar consultorias e auditorias no âmbito de sua competência
profissional;
10. Emitir laudos, pareceres, atestados e relatórios;
11. Prestar esclarecimentos, dirimir dúvidas e orientar o indivíduo e
os seus familiares sobre o processo terapêutico;
12. Manter a confidencialidade das informações, na interação com
outros profissionais de saúde e o público em geral;
13. Encaminhar o paciente, quando necessário, a outros
profissionais relacionando e estabelecendo um nível de
cooperação com os demais membros da equipe de saúde;
14. Manter controle sobre à eficácia dos recursos tecnológicos
pertinentes à atuação fisioterapêutica garantindo sua qualidade e
segurança;
29
15. Conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de
trabalhos acadêmicos e científicos;
16. Conhecer os fundamentos históricos, filosóficos e metodológicos
da Fisioterapia;
17. Seus diferentes modelos de intervenção.
A formação do Fisioterapeuta deverá atender ao sistema de
saúde vigente no país, a atenção integral da saúde no sistema
regionalizado e hierarquizado de referência e contra-referência e o
trabalho em equipe (COFFITO, 2010).
Essa formação será através do Curso de Graduação em Fisioterapia
tendo um projeto pedagógico centrado no aluno como sujeito de
aprendizagem e apoiado no professor como facilitador e mediador do
processo ensino aprendizagem. Este projeto pedagógico deverá buscar
a formação integral e adequada do estudante através de uma
articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão (CNE, 2008).
2.6. Projeto Pedagógico e Plano de Ensino
O autor Masetto (2003) define o projeto pedagógico como sendo
A organização interna da IES que define os perfis dos
profissionais que pretende formar, explicitando sua marca, sua
visão de sociedade e de ensino superior, que planeja os cursos,
as atividades e os projetos que pretende desenvolver na área de
ensino e extensão buscando superar a fragmentação das áreas
do conhecimento, integrando-as nas atividades acadêmicas e
nas demais atividades; que identifica e contrata os profissionais
necessários e capacitados para a realização de seus cursos e
suas atividades acadêmicas; que planeja e institui os recursos
necessários para seus objetivos.
30
A elaboração e a gestão do projeto pedagógico do curso devem ser
de responsabilidade coletiva. Portanto, elaborar, refletir, propor
soluções e trabalhar em equipe, competências ora exigidas no mercado
de trabalho, devem estar presentes no planejamento, no
desenvolvimento e na avaliação da proposta do curso, a fim de que
traga contribuições significativas na formação do novo profissional. Por
isso é necessário questionar qual é o papel da aprendizagem e da
Universidade na formação dos jovens, quando são colocadas em pauta
as demandas por aperfeiçoamento contínuo seja na formação inicial
seja na formação continuada (QUEIROZ, 2005; MASETTO, 2003).
É importante ressaltar que a educação tem como desafio tornar-se
um processo de humanização, inserindo os seres humanos na
sociedade em transformação e que apresenta graves problemas de
desigualdade social, econômica, cultural e de valores. Sua proposta é
levar o discente a munir-se do instrumental científico, tecnológico,
técnico, político, econômico e social, e de desenvolvimento cultural para
que possam pensar e trazer soluções, quando no exercício de sua
atividade profissional (QUEIROZ, 2005). As respostas para esse desafio
devem ser acrescentadas na formação do profissional-cidadão,
mediante incorporação de planos de ensino que enfoquem a educação
social e responsabilidade profissional nos projetos pedagógicos dos
cursos de graduação.
As conjeturas curriculares mostram a necessidade de materializar
uma sólida formação generalista a diferentes tipos de conhecimentos
em áreas consideradas propícias para o exercício profissional
(MASETTO, 2003). Tais indícios ajudam na construção de um projeto
pedagógico para o curso de Fisioterapia que configura articulações de
diferentes abordagens das ciências biomédicas e humanas, que
favorecerão a ação e reflexão da própria atitude profissional.
O ato de planejar é uma prática que exige organização,
esquematização, previsão, resolução e outras configurações no intuito
de garantir a finalização de uma ação. O regime de planejamento pode
31
ser percebido em vários setores da vida social: planejamento urbano,
planejamento habitacional, planejamento econômico, planejamento
familiar, entre outros. Sob o ponto de vista educacional, de acordo com
Leal (2005) “o planejamento é um ato político-pedagógico porque revela
intenções e a intencionalidade, expõe o que se deseja realizar e o que
se pretende atingir”.
Do ponto de vista do ensino, o imprescindível, é esclarecer que o
docente precisa planejar, refletir sobre sua atividade, pensar sobre suas
ações durante todo o seu tempo de atuação enquanto professor. O
ensino superior tem peculiaridades muito intrínsecas porque objetiva a
formação do profissional, do cidadão e do sujeito enquanto pessoa, a
fim de uma formação que o habilite ao trabalho e à vida (MASETTO,
2003). Então qual é o sentido do planejamento de ensino? Por que o
professor deve planejar? O planejamento de ensino tem características
ímpares, isto, especialmente, porque lida com os sujeitos aprendizes,
portanto sujeitos em processo de formação humana. Para tal
empreendimento, o professor executa passos que se complementam e
se entrelaçam na ação didático-pedagógica (QUEIROZ, 2005; LEAL,
2005). Pode-se então perceber, segundo a fala de Leal (2005) que
“planejar, é a previsão sobre o que irá acontecer, é um processo de
reflexão [...], logo planejar requer uma atitude científica do fazer
didático-pedagógico”.
É através do Plano de Ensino, que o docente irá planejar sua
programação, adaptando suas escolhas às políticas da IES a qual
pertence. Ao elaborar um plano de ensino deve-se observar os
seguintes componentes básicos: ementa, objetivos da disciplina,
conteúdos, metodologia, recursos, estratégias e avaliação (LEAL,
2005).
As idéias de planejamento são discutidas desde bibliografias mais
antigas até os dias atuais. Enricone et. al. (1975) já consideravam o
planejamento como “a previsão metódica de uma ação a ser
desencadeada relacionada com a racionalização dos meios para atingir
32
os fins”. Isto é, o planejamento é o método que consiste no preparo de
um apanhado de decisões tendo em vista agir, para posteriormente
atingir determinados objetivos. Segundo Enricone et. al. (1975) “o
planejamento de ensino é a previsão inteligente e bem calculada de
todas as etapas do trabalho pedagógico [...], de modo a tornar o ensino
seguro e eficiente”. Essa previsão das situações específicas do
professor com a classe possibilitará melhores resultados e, em
consequência, maior produtividade. E para isso o plano de ensino deve
ser constituído de etapas a serem seguidas, de forma a otimizar os
resultados.
Essas etapas se constituem de (a) dados de identificação, (b)
distribuição do tempo, (c) objetivos, (d) conteúdos, (e) procedimentos,
(f) recursos e (g) avaliação (Enricone et. al.,1975), que serão abaixo
descritos.
a) Dados de identificação: toda condição particular necessita da
determinação de sua identidade. No caso do plano de ensino essa
afirmação também é verdadeira. Portanto o docente deve ter a
cautela de iniciar seu plano de ensino fazendo constar os seguintes
dados: Instituição a que pertence, localidade, curso, série, turma,
disciplina, nome do professor, ano e semestre.
b) Distribuição do tempo: o plano de ensino deve atender a condição
de exequibilidade em relação ao tempo disponível, e, para isso, é
necessário que o docente disponha do calendário letivo. De posse
deste, observará o número de dias em que realmente dispõe de
aulas em cada mês. Do total obtido diminuirá o número de aulas
destinadas à aplicação de provas, aulas para o comentário das
provas e para a entrega dos resultados mensurados, e aulas
destinadas como margem de segurança para eventuais ocorrências
que possam impedir que a aula seja realizada. Feitos esses
descontos, o professor pode determinar o número de aulas que,
efetivamente, disporá para o desenvolvimento do seu trabalho.
33
c) Objetivos: os objetivos no plano de ensino devem ser expressos em
termos gerais e descrevendo condutas que se esperam dos alunos
ao final do curso. Ao formulá-los o professor deve levar em conta os
objetivos do currículo, as particularidades da disciplina e as
características dos alunos. É importante que os objetivos sejam
coerentes em relação ao conteúdo ao qual o desempenho se
relacione; que sejam realistas e atingíveis nos limites de segmento
de tempo pré-determinado; que sejam claros, importantes e
significativos para os alunos. Segundo Enricone et. al. (1975) “um
objetivo bem definido é aquele que comunica claramente ao aluno a
intenção educativa do professor.”
d) Conteúdos: a previsão dos conteúdos deve exaltar a dependência
do novo conhecimento a ser adquirido, com os conhecimentos já
aprendidos, isto é, todo novo aprendizado deve relacionar-se e
integrar-se com os aprendizados prévios dos alunos. Ao realizar
previsão do conteúdo, o docente deve buscar selecionar os pontos
fundamentais, as informações consideradas valiosas para o alcance
dos objetivos, organizando-as em sequências de aprendizagem.
e) Procedimentos: definidos os objetivos e selecionados os conteúdos
o professor deve pensar nas condições que ele oferecerá aos alunos
para que de fato ocorram as mudanças comportamentais e
intelectuais pretendidas. Para isso ele deve levantar alternativas que
mobilizem os alunos à ação. Cada turma responderá melhor a
determinadas alternativas e cabe ao professor testa-las para
encontrar a melhor forma de interagir com a turma. Entre essas
formas de interação estão as técnicas de trabalho em grupo,
seminários, painel, aulas expositivas, mesa-redonda, estudo dirigido,
técnicas de ensino individualizado, ensino por módulos e etc.
f) Recursos: os recursos de ensino também devem ser previstos pelo
professor no seu plano de ensino podendo assim antecipar a
constatação da disponibilidade dos recursos existentes na escola, e
na falta dos mesmos, poderá providenciar a confecção do
34
necessário. As instituições normalmente dispõem de recursos áudio-
visuais como retroprojetores, datashow, projetor de slides,
televisões, vídeo-cassetes e DVDs que são colocados à disposição
para aulas. Caso o professor opte pelo seu uso, convém reserva-los
com certa antecipação. É necessário ainda que o professor conheça
a forma de utilização desses aparelhos para evitar a perda de tempo
e os embaraços que a descoberta de última hora pode provocar. Se
a instituição não dispuser desse tipo de recursos o professor pode
confeccionar materiais mais simples como cartazes, banners ou
textos fotocopiados.
g) Avaliação: para verificar se os objetivos propostos foram
alcançados, o professor deve indicar, no seu plano de curso, a
ferramenta que utilizará e a forma de comunicação dos resultados.
Dependendo do sistema de avaliação em vigor na instituição,
regulamentado no regimento da mesma, o professor pode empregar
graus ou conceitos para determinar o nível de alcance dos objetivos.
De acordo com Menegolla e Sant’Anna (1997), o primeiro passo a
ser dado para a elaboração de um planejamento de ensino é um amplo
e profundo estudo da realidade social, política, econômica e religiosa da
comunidade a que se destina o pretendido plano de ensino. Num
segundo momento, se torna necessário o estudo da filosofia que orienta
a educação e que estabelece os ideais e os valores humanos. Numa
próxima etapa, seria importante o estudo dos fatores sócio-culturais que
influenciam no comportamento das pessoas, no âmbito da sociedade, e
também nos fatores psicológicos que podem interferir no processo
educacional. Outro elemento que há de se destacar são as bases legais
que orientam e estabelecem as normas para o sistema educacional do
país. Após os estudos desses elementos, o planejamento será
elaborado após a tomada das seguintes decisões:
a) Estudo e análise dos objetivos amplos da educação; definição dos
objetivos da escola; definição dos objetivos da disciplina e dos seus
conteúdos.
35
b) Seleção e organização dos conteúdos mais significativos para atingir
os objetivos.
c) Seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino que mais
facilmente favorecem a consecução dos objetivos.
d) Seleção dos recursos materiais e humanos que mais favorecem e
auxiliam o professor e o aluno na efetivação do ensino e da
aprendizagem.
e) Definição e organização de um processo de avaliação, relacionado e
adequado aos objetivos propostos no plano de ensino.
Todos esses elementos estruturados, tendo como meta o alcance
dos objetivos, constituem as partes integrantes de um planejamento de
ensino. Essas partes devem estar intimamente relacionadas entre si.
Contudo, sempre numa dependência lógica e hierárquica com os
objetivos, por isso eles são determinantes dos outros elementos, que
formam e estruturam o plano de ensino.
É de muita importância para o professor planejar, da melhor forma
possível, a sua disciplina em todos os aspectos. O planejamento da
disciplina é um instrumento para sistematizar a ação concreta do
docente, a fim de que os objetivos traçados sejam atingidos. Ao planejar
a disciplina, o que o professor realmente faz é planejar o contexto geral
da sua atuação em sala de aula. Esse contexto deve estar
minuciosamente relacionado à decorrência lógica dos objetivos
traçados, à realidade dos alunos e às diretrizes da instituição a qual é
pertencente. Nesse sentido, o professor irá expressar idéias, princípios
e ações, e, o planejamento se faz importante porque (MENEGOLLA &
SANT’ANNA, 1997):
• Auxilia o professor a traçar objetivos que atendam os reais
interesses do aluno e da instituição;
• Permite ao professor escolher e organizar os conteúdos mais
importantes de acordo com a realidade dos alunos;
36
• Possibilita a organização dos conteúdos de forma lógica,
obedecendo a estrutura da disciplina;
• Ajuda o professor a apurar os melhores métodos e recursos,
para desencadear um ensino mais eficiente;
• Assegura ao professor atuar com mais segurança na sala de
aula, evitando agir com improvisação e repetição;
• Melhora a integração e a continuidade do ensino;
• Permite uma visão global de toda a ação docente e discente;
• Auxilia o professor e os alunos a tomarem medidas de forma
cooperativa e participativa.
Ao passo em que se concebe o planejamento como uma maneira de
facilitar e viabilizar a democratização do ensino, a sua conotação
necessita ser revista, reconsiderada e redirecionada. Atualmente, na
prática docente, o planejamento transformou-se no processo em que o
professor preenche e entrega um documento padronizado à secretaria
da escola, explicitando os seus "objetivos gerais", "objetivos
específicos”, "conteúdos", "estratégias" e "avaliação". Por ser uma
atividade burocrática, é comum os professores que copiam ou
reproduzem fotocópias dos planos de ensino do ano anterior e o
entregam na secretaria, com a sensação de mais um dever cumprido. É
preciso deixar claro que planejamento não é isso. Ele deve ser
elaborado e executado no cotidiano da prática docente, no sentido de
ponderar a atuação docente. Para Fusari (2009) “o planejamento do
ensino é o processo de pensar, de forma rigorosa, nos problemas da
educação escolar e no processo ensino-aprendizagem”. Logo, o
planejamento de ensino é algo complexo que abrange o preparo, a
ação e avaliação da atuação docente. O planejamento, sob este ponto
37
de vista, é, uma atitude reflexiva do professor perante ao seu trabalho
docente.
De acordo com Fusari (2009) o plano de ensino deve se basear na
busca de um significado transformador para os elementos curriculares
básicos:
a) Objetivos da disciplina. (Para que serve essa disciplina?)
b) Conteúdo. (O que ensinar?)
c) Métodos. (Como ensinar?)
d) Tempo e espaço. (Quando e onde ensinar?)
e) Avaliação. (O conteúdo ensinado foi efetivamente aprendido?)
Apesar dos autores pesquisados divergirem em alguns dados e
elementos envolvidos no ato de planejar, pode-se concluir que o
planejamento é sempre uma prática aconselhável. Deve-se considerar
que o planejamento do ato de educar, ensinar e a construção um plano
de ensino não será sempre igual e não existe um modelo certo a ser
seguido. Desde referências mais antigas até as mais atuais, indicam
que é imprescindível que ao elaborar seu plano de ensino, o professor
leve em consideração as necessidades do curso, o assunto, as
necessidades dos estudantes, que trace metas e objetivos a serem
alcançados e pense na melhor maneira de atingi-los. E para isso cada
professor deve usar sua criatividade, seus conhecimentos e habilidades
para elaborar seu plano de ensino com sabedoria, responsabilidade,
seriedade e consciência.
38
3. FISIOTERAPIA EM OBSTETRÍCIA
Um apanhado de idéias sobre os planos de ensino da disciplina FO
nas IES pesquisadas, indica que esses planos devem contemplar os
aspectos da saúde da mulher em contextos biológico, psicológico e
social, com direcionamento para a atuação fisioterapêutica nesta
especialidade. A disciplina curricular deve abranger a apresentação da
anatomia e fisiologia dos aparelhos reprodutor e urinário feminino e
suas disfunções, as alterações anatômicas e fisiológicas da gravidez, o
desenvolvimento do processo gestacional e suas possíveis
complicações, os cuidados com a gestante no pré-parto e no puerpério,
os recursos fisioterapêuticos, a atuação do fisioterapeuta na área e a
importância do trabalho multidisciplinar e da humanização em saúde
com o objetivo de contribuir para a formação de um profissional crítico
com postura humana, ética e social.
Orientações gerais devem ser fornecidas por todos os membros da
equipe de saúde, pois uma série de informações será necessária para a
futura mãe, e devem ser colocadas de forma clara e de fácil
compreensão, pois é essencial que a gestante esteja esclarecida e bem
informada de como comportar-se em relação à sua nova condição, com
o objetivo de conduzir a gravidez, o parto e o puerpério da maneira
mais adequada possível (SOUZA, 2002).
A fisioterapia exerce um importante papel, adequando num contexto
interdisciplinar, conforme preconiza a portaria no 154 de 24/01/2008, do
Ministério da Saúde, experiências que auxiliam as gestantes e seus
familiares na prevenção e orientação quanto às diversas alterações
gravídicas, dentro de seu núcleo de informação, havendo a perspectiva
de um mesmo assunto ser discutido sob diferentes aspectos
(STRASSBURGER & DREHER, 2006). Para trazer maior clareza ao
estudo, os aspectos que devem ser abordados serão discutidos
separadamente.
39
3.1. Aspecto Físico
3.1.1. Muscular
Como foi dito anteriormente, esse é o aspecto mais contemplado
quando as condutas do tratamento para gestantes são traçadas. Essa
conduta deve ser desenvolvida para permitir que a gestante se
conscientize de sua nova condição física e se esforce para ampliar a
sua potencialidade muscular, para que essa musculatura suporte as
exigências extras que a gestação e o parto demandam, de forma a
favorecer as condições para a manutenção e melhora da saúde física
durante a fase gestacional, além de corrigir e tratar, quando percebidos,
desvios posturais que possam vir acompanhados de dor (SOUZA,
2002).
Durante a gestação ocorre o deslocamento do centro de gravidade
do corpo da mulher para frente, em função de uma série de mudanças
físicas que acontecem sucessivamente. A começar pelo útero em
constante aumento, que vai formando um abdômen volumoso. Somado
a este fato, existe a atuação de hormônios como o estrógeno e a
relaxina, que promovem o afrouxamento dos ligamentos, no intuito de
permitir a passagem do bebê no momento do nascimento. A frouxidão
dos ligamentos associada ao peso aumentado e a nova postura
adquirida em função da mudança do centro de gravidade, podem
culminar em um processo doloroso, principalmente para a coluna e para
membros inferiores. Para compensar a mudança no centro de
gravidade, existe a necessidade da gestante adquirir uma nova postura.
A maneira que cada mulher fará isso é individual e dependerá de
alguns fatores como força e estensibilidade muscular, capacidade de
extensão das articulações, postura e modelos de posição. Apesar da
maneira de adaptação de ser individual, a maioria das mulheres
gestantes apresentam curvas lombares e torácicas aumentadas, o que
40
contribui para o aumento das queixas de dores na coluna (POLDEN &
MANTLE, 2002).
É pertinente ao fisioterapeuta colaborar para que a gestante obtenha
consciência corporal a fim de suprimir esse processo álgico e ajudá-la a
ampliar a potencialidade de sua musculatura, cujo controle e
coordenação serão solicitados no processo do parto. A mulher treinada
a trabalhar a própria musculatura saberá, de maneira consciente,
empregar técnicas de contração e relaxamento muscular que serão
úteis no momento do parto. Essa consciência corporal permitirá que a
mulher priorize a musculatura necessária para a expulsão do bebê
favorecendo e possibilitando a saída do feto em direção ao meio
externo com menor estresse da musculatura do períneo. Além disso, a
mulher tende a gastar mais energia se estiver tensa, o que produzirá
fadiga. Portanto, o parto se tornará mais exaustivo se a parturiente
estiver despreparada, ansiosa ou nervosa. Para evitar o traumatismo
perineal se faz necessário atingir o nível máximo de extensibilidade do
períneo. Acredita-se que um dos impedimentos de obtenção da
extensibilidade máxima seja o parto rápido, descontrolado e mal
orientado (SOUZA, 2002; ZUCCO & BARRETO, 2001).
O feto se desenvolve e aumenta de peso, ocasionando o aumento
do volume abdominal na gestante que, além disso, sofre alterações
hormonais importantes que também contribuem para o aumento das
mamas e causam uma série de modificações posturais. É comum ser
percebido nas mulheres grávidas o aumento das curvaturas da coluna
lombar, dorsal e cervical, a hiperextensão de joelhos e projeção de
ombros. Como foi visto, essas alterações ocorrem na busca de se
adaptar ao novo centro de gravidade assumido. É comum que, em
função disso, a gestante sinta falta de equilíbrio e apresente uma
marcha diferenciada, chamada marcha anserina, onde ocorre o
afastamento lateral entre um pé e outro para aumentar a base de
sustentação do corpo. As modificações não ocorrem apenas no sistema
músculo-esquelético. Outros sistemas corporais da gestante também
41
sofrem alterações que podem ser facilmente notadas como por exemplo
a mudança na frequência respiratória, a fadiga, o aumento na
frequência urinária, alterações do sono, aparecimento de edemas e
mudanças emocionais. Nesse sentido, o fisioterapeuta se faz
necessário por ser o profissional da área da saúde capacitado a intervir
na maioria dessas questões, contribuindo com a melhora da qualidade
de vida e na amenização das queixas, através de um programa
educativo e terapêutico (STRASSBURGER & DREHER, 2006;
O’CONNOR & STEPHENSON, 2004; CARRARA & DUARTE, 1996).
3.1.2. Estético
A gestação representa uma verdadeira revolução física induzida
pelos hormônios da gravidez e a maioria das modificações no corpo da
gestante tem um propósito definido: ajudar o feto a se desenvolver no
ambiente mais favorável possível. Mas essas alterações muitas vezes
agridem a auto-estima da mulher, deixando-as desconfortáveis com sua
própria aparência podendo culminar em transtornos emocionais. As
questões estéticas que mais afligem as mulheres grávidas são: o
aparecimento de acne e/ou manchas na pele do rosto que aparecem
em função das alterações hormonais e pioram com a exposição ao sol;
aparecimento de estrias no abdome e nas mamas que ocorrem em
consequência do aumento do volume na região que são o resultado da
ruptura da pele; ganho de peso e gordura localizada na região glútea,
nas coxas, abdome, braços e mamas; aparecimento de varizes que
ocorrem devido à compressão que o útero gravídico exerce dificultando
o retorno venoso; desabamento das mamas que pode ocorrer devido ao
aumento de seu volume; e diástase dos músculos reto abdominais que
ocorre por mudanças hormonais associadas a esforços excessivos
dessa musculatura, não causando dor, mas podendo provocar flacidez
abdominal (WAKSMAN et. al., 2005; SOUZA, 2002; POLDEN &
MANTLE, 2002).
42
A fisioterapia aplicada à estética da gestante, tem por objetivo tratar
os distúrbios mencionados. Será necessário que o profissional que
pretende atuar nessa área possua conhecimento específico dos
principais recursos utilizáveis na estética, com isso, o fisioterapeuta irá
avaliar o problema além de escolher o tratamento adequado. Portanto,
o fisioterapeuta deve encontrar os melhores meios para o tratamento da
gestante, incluindo o conhecimento dos recursos indicados e contra-
indicados, garantindo uma intervenção segura e eficaz. Para isso é
fundamental que a disciplina Fisioterapia Dermato-funcional, que é a
especialidade da fisioterapia que trata de questões estéticas, esteja
diretamente relacionada à disciplina FO permitindo que o aluno consiga
aliar as duas áreas de conhecimento durante a intervenção em
mulheres gestantes. É necessário que o tratamento estético em
gestantes esteja associado com a atividade física e nutrição
adequadas. Portanto, na área de ensino da fisioterapia em estética para
gestantes, o conteúdo programático deve auxiliar os alunos a
aprenderem a orientar de forma segura as gestantes quanto a
tratamentos estéticos, esclarecendo suas dúvidas sobre este tema e
fazendo os devidos encaminhamentos para os profissionais específicos
de cada área de atuação (GUIRRO & GUIRRO, 1996).
O tratamento estético mais indicado para as gestantes é a drenagem
linfática, que se dá através do toque suave e lento sob forma de
massagem, que deve ser feita na mesma direção e sentido do retorno
das vias linfáticas do organismo. A drenagem linfática manual contribui
no tratamento da retenção de líquido no interstício e reduz os edemas
típicos da gestação, contribuindo assim para a redução do fibro edema
gelóide, mais conhecido como celulite. Após o 4º mês de gestação é o
período mais frequente de aparecimento de varizes, e é durante essa
fase e após o parto que aumentam os riscos de tromboflebite. Outros
sintomas como agravamento dos edemas, aumento do quadro álgico e
sensação de peso e fadiga nos membros inferiores também são mais
frequentes se comparados com as gestantes que não desenvolvem
varizes. Para controlar esses sintomas, as medidas mais recomendadas
43
são a ginástica e hidroterapia apropriada para gestantes, caminhadas,
drenagem linfática, meias elásticas compressivas e o repouso com os
membros inferiores ligeiramente elevados. A redução na ingestão de
sal, bebidas alcoólicas e comidas condimentadas e o uso de calçados
confortáveis também contribuem para a amenização dos sintomas
citados. A dermotonia ou endermoterapia também são alternativas para
o controle dos edemas e desconfortos ocasionados pela má circulação.
Esta técnica é realizada através de um recurso eletroterápico que
promove uma sucção de baixa pressão na pele, que provoca os
mesmos efeitos da drenagem linfática manual e não é contra-indicada
para gestantes, desde que a sucção seja regulada para a promoção de
uma pressão negativa de baixa intensidade, pois a aspiração de alta
intensidade pode provocar varizes na gestante, uma vez que durante a
gravidez os vasos ficam mais frágeis, devido ao aumento de volume
sanguíneo e a alterações hormonais. (SALLET, 2001; GUIRRO &
GUIRRO, 1996).
O melhor recurso para prevenção de estrias é manter um nível
adequado de hidratação para a pele. Recomenda-se que a gestante
aplique no mínimo duas vezes ao dia, cosméticos que contenham uréia,
vitamina E, lanolina, algas e óleos em sua formulação. O profissional
que atua na área de dermato-funcional direcionada para gestantes pode
utilizar esses cosméticos durante a prática das massagens e drenagem.
É importante lembrar que hidratantes não devem ser aplicados na
região dos mamilos, pois a pele da aréola deve estar rígida para
suportar a sucção do bebê no momento da amamentação
(CAMBIAGUI, 2001; SALLET, 2001).
O tratamento de acnes que porventura venham a ocorrer deve ser
baseado em orientações e recursos de fisioterapia dermato-funcional.
Deve-se indicar para a gestante lavar o rosto com sabonete à base de
enxofre, fazer limpezas de pele em períodos regulares de acordo com o
seu tipo de pele e utilizar produtos indicados para pele oleosas,
geralmente em apresentação sob forma de gel. É importante lembrar
44
que os produtos utilizáveis em gestantes não devem conter ácidos e
que o filtro solar deve ser utilizado diariamente (MACEDO, 1999).
Existem recursos como a cromoterapia, a aromaterapia e alguns
tipos de massagens que podem ser utilizados para diminuir a
ansiedade, promover um sono de melhor qualidade, reduzir o estresse
e até minimizar as dores do parto. É indicado que as massagens sejam
realizadas com a paciente na posição sentada, semi-sentada ou em
decúbito lateral, devendo-se adaptar a posição de acordo com o bem-
estar de cada paciente (ZUCCO & BARRETO, 2001; OSBORNE, 1995).
Como os encontros entre paciente e fisioterapeuta são frequentes
durante a gestação, podendo ocorrer uma, duas ou três vezes por
semana, variando de acordo com as necessidades de cada paciente,
deve-se incluir na conduta o controle do peso da paciente para evitar
acúmulo de gordura localizada indesejável. Para isso o profissional
deve estar apto a reconhecer o ganho de peso exagerado, podendo
assim fazer o devido encaminhamento ao nutricionista (GUIRRO &
GUIRRO, 1996).
Nos casos estéticos onde a fisioterapia não possua recursos para
intervir, a conduta será focada em encaminhamentos e orientações que
possam minimizar os prejuízos que as alterações descritas acima
possam causar à saúde relacionada à auto-estima da paciente.
3.2. Psicológico e Emocional
Os efeitos da ação dos hormônios da gravidez e, em alguns casos, o
medo e ansiedade gerados pela expectativa do parto e da evolução do
bebê costumam deixar a gestante mais instável emocionalmente. Ela
pode ficar mais deprimida, irritada, menos tolerante e apresentar
labilidade emocional, desencadeando emoções incontroláveis em sua
exteriorização, geralmente na forma de riso ou choro. Quando isso
acontece, a compreensão e o amparo dos familiares assumem um
45
papel de extrema importância, para evitar que esses distúrbios se
agravem. Embora a figura central da gestação seja a mulher, o futuro
pai desempenha um papel fundamental na gravidez, ao proporcionar
apoio, companheirismo, compreensão e ajuda. As mudanças físicas e
as alterações emocionais são constantes durante a gestação. Vários
sentimentos talvez apareçam, todos juntos ou isoladamente, e podem
provocar sensações contraditórias na mulher, da irritabilidade a euforia,
do choro fácil à alegria, da tolerância à agressividade, sem uma
sequência predefinida. Convém notar que, com frequência, a mulher
começa a vivenciar a transformação do papel de filha para o de mãe.
Essa percepção pode gerar conflitos em algumas gestantes. Mas
nenhuma dessas alterações, no entanto, parece impedir a mulher de
sentir que vive um momento único e especial (WAKSMAN et. al., 2005).
A fisioterapia pode assumir um papel de promoção em saúde,
atuando de forma educacional facilitando o entendimento de todas as
alterações que a mulher sofre nesse período, isso faz com que haja
uma diminuição das preocupações e dúvidas em relação ao seu próprio
corpo e nos cuidados com o recém-nascido. Parte-se do pressuposto
que o conhecimento de todos os fenômenos da gestação é uma
maneira de participação ativa, que promove alívio das ansiedades
conforme a grávida vai se tornando emocionalmente envolvida
(STRASSBURGER & DREHER, 2006).
Portanto, cabe aos profissionais da saúde, inclusive ao
fisioterapeuta, auxiliar nas questões que se fizerem necessárias ao
bem-estar da paciente, elucidando possíveis dúvidas e ajudando a
desconstruir os temores e inseguranças desta fase, num atendimento
holístico e humanizado.
Humanizar significa promover condições humanas, tratar o ser
humano com dignidade, respeito e acolhimento e cuidar com sabedoria
e dedicação. Segundo o Ministério da Saúde (2001), o conceito de
humanização é complexo, e envolve além do conhecimento científico,
práticas e atitudes que permitam à gestante/parturiente usufruir de
46
recursos comprovadamente benéficos, evitando condutas
desnecessárias e mantendo a preservação de sua autonomia e
privacidade, ou seja, admitindo que a mulher é um agente ativo, e com
isso, o profissional deve se fazer presente para minimizar a dor,
promover conforto, acolhimento e prestar orientação. “Reconhecer a
individualidade é humanizar o atendimento”, considera o Manual do
Ministério da Saúde (2001), quando se refere à assistência obstétrica.
Sendo a gravidez um processo único, a mulher em todo seu contexto
passa a vivenciar uma experiência ímpar, junto ao seu parceiro
envolvendo toda sua família.
3.3. Social
Como princípio geral, deve ficar claro que o que já é prejudicial à
saúde da mulher não gestante torna-se muito mais nocivo quando ela
engravida, pois agora há duas vidas em questão. Durante a gravidez a
mulher precisa evitar fumo, álcool, drogas e alimentos que contenham
altas doses de cafeína. Carne vermelha crua ou mal passada e ovos
crus podem transmitir toxoplasmose, doença capaz de causar má
formação no feto, por isso não são aconselháveis. Durante a gestação,
a automedicação representa um risco grave, pois alguns remédios
causam efeitos adversos prejudiciais à mãe ou ao feto e até mesmo má
formação fetal. (WAKSMAN et. al., 2005).
O fisioterapeuta deve ser capaz de orientar as pacientes sobre
assuntos como a atuação do hormônio relaxina, um dos mais atuantes
durante a gravidez cuja função é a substituição gradual de colágeno em
determinados tecidos alvo para uma maior extensibilidade e flexibilidade
das articulações e cápsulas articulares (POLDEN & MANTLE, 2002), o
que acaba evoluindo para a frouxidão ligamentar gravídica. Por esse
motivo o fisioterapeuta deve orientá-la a evitar movimentos bruscos,
usar sapatos de saltos baixos e roupas confortáveis, pois ela estará
mais vulnerável a entorses em função da atuação da relaxina.
47
No caso de gestantes motoristas, é importante orientar que no último
mês de gestação a mulher não deve dirigir, pois normalmente a cabeça
do feto já está encaixada na pelve e fica mais vulnerável a traumas
(SOUZA, 2002).
É importante que a gestante preserve hábitos saudáveis de
alimentação para desenvolver suas atividades da vida diária com
naturalidade. Nas gestações sem presença de patologias não existe
contra-indicação para que elas continuem desenvolvendo seus
trabalhos e atividades durante a gravidez. Mas é essencial para garantir
o bem estar da gestante que ela seja orientada a manter a postura
adequada para sentar-se, levantar-se e para carregar objetos de forma
a prevenir dores na coluna ou a não agravar as algias já existentes.
Movimentos com os membros superiores e inferiores a intervalos
regulares, que variam de acordo com as atividades de cada paciente,
também são indicados para promover relaxamento, alongamento e
melhorar a circulação sanguínea. Atividades físicas são indicadas, mas
é importante que sejam realizadas sob supervisão profissional, pois
atividades que exigem esforço excessivo da gestante podem causar a
diminuição do peso fetal, principalmente nos casos de mulheres com
alimentação deficiente. (WAKSMAN et. al., 2005; ZUCCO & BARRETO,
2001).
Cabe aqui deixar claro que, profissional algum tem a capacidade de
obrigar que a gestante adote certos comportamentos, mas faz parte do
atendimento holístico e humanizado que ele a oriente claramente
explicando todas as complicações que podem ocorrer com ela própria e
com o bebê decorrente de atitudes contra-indicadas conforme descritas
acima. Práticas educativas são fundamentais nesse processo, uma vez
que existe a hipótese que diversos problemas de saúde são resultantes
da situação educacional insuficiente da população. É preciso
considerar, neste processo educativo, que cada indivíduo carrega
consigo diferentes histórias de vida, modelos de criação e distintas
crenças e valores, logo é fundamental que a subjetividade do sujeito
48
seja respeitada. Em função disso, os comportamentos que são
esperados de cada gestante como, por exemplo, parar de fumar,
vacinar-se, praticar exercícios físicos e etc. não devem ser
simplesmente recomendados. Essas orientações devem conter um teor
educativo para que seja transformado em ações, pois somente a partir
do momento que a pessoa incorpora determinados conhecimentos, ela
traduz isso em comportamento (GAZZINELLI et. al., 2005).
Hoje, a fisioterapia obstétrica é uma opção de especialização e
campo de trabalho de muitos egressos. Os profissionais em exercício
necessitam de conhecimento em disciplinas pertinentes ao trabalho a
ser desenvolvido, como por exemplo em anatomia, biomecânica,
dermatologia, fisiologia, cinesio-mecanoterapia e obstetrícia. Mais
ainda, deve ser necessário o profundo conhecimento das fases
gestacionais, das condutas indicadas e contra-indicadas para
gestantes, das principais doenças relacionadas à gestação e das
mudanças anatômicas e fisiológicas que permeiam a gestação. Logo,
os cursos de graduação na formação inicial poderão habilitá-los a
inserir-se na área da fisioterapia obstétrica, mas para que o egresso
esteja verdadeiramente capacitado a atuar na saúde da mulher grávida,
é necessário que a formação profissional na Educação Superior exija
aperfeiçoamento continuado, além de introjetar no aluno conceitos de
humanização e respeito a total complexidade do ser.
49
4. OBJETIVOS
4.1. Objetivo Geral
O objetivo geral deste estudo é propor um plano de ensino aplicado
à disciplina Fisioterapia em Obstetrícia que contemple os aspectos
físico, emocional e social que envolvem uma gestação, auxiliando o
professor a compartilhar o conhecimento de forma direcionada nesta
área de atuação, permitindo ao aluno tornar-se um profissional capaz
de atuar no âmbito da saúde da mulher gestante de forma holística e
humanizada.
4.2. Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste estudo são: a) Coletar e verificar
planos de ensino e ementas cedidas por diversas IES e observar se os
elementos considerados fundamentais para a abordagem holística
estão presentes nessas ementas. Esses elementos serão apresentados
na metodologia deste trabalho; b) Identificar os aspectos físicos,
emocionais e sociais envolvidos na gestação e detalhar as possíveis
atuações do profissional fisioterapeuta nesses aspectos; c) Elaborar um
plano de ensino modelo, conforme descrito na metodologia deste
estudo. A elaboração se dará através da análise do material recebido,
notificando os elementos ausentes, elementos esses que consideramos
fundamentais para conferir novos rumos ao ensino da fisioterapia
obstétrica.
50
5. METODOLOGIA
O presente projeto de pesquisa possui abordagem tanto em
aspectos quantitativos como em aspectos qualitativos. De acordo com
Fachin (2006), para se obter uma quantificação científica deve-se
atribuir números às propriedades. Neste estudo, os aspectos
quantitativos se apresentam no momento em que atribui-se critérios de
avaliação procurando quantificar as IES que contém determinados
aspectos abordados em seus planos de ensino. A análise estatística
não foi necessária por se trabalhar com um pequeno número amostral.
A pesquisa qualitativa aborda descrições e análises que não podem
ser quantificadas (FACHIN, 2006), e no caso deste estudo, a própria
descrição dos aspectos que permeiam a gestação, categorizados em
critérios de avaliação, fornecem subsídios para a discussão qualitativa
deste trabalho.
Este estudo foi construído baseado em referenciais teóricos,
levantamento de material e análise dos dados coletados.
A metodologia adotada inclui as seguintes etapas:
a) Os autores deste trabalho procuraram estabelecer contato com 80
Instituições de Ensino Superior dos Estados do Rio de Janeiro e São
Paulo que foram convidadas a colaborar com a pesquisa enviando o
plano de ensino ou a ementa utilizada no ensino da disciplina
Fisioterapia em Obstetrícia. O estabelecimento deste contato ocorreu
através de email enviado ao coordenador do curso de fisioterapia e, em
alguns casos, para a Secretaria geral da Instituição ou para a Secretaria
do Setor de Fisioterapia da Instituição. O modelo do email enviado
encontra-se no Anexo 1 deste trabalho. Em alguns casos em que o
respectivo coordenador do curso solicitou informações adicionais que
não estavam contidas no corpo do email, foram enviadas informações
extras, como o projeto de pesquisa, o link do currículo lattes dos
51
autores deste trabalho e outras informações pertinentes à credibilidade
deste estudo. Nas Instituições em que o plano de ensino encontra-se à
disposição no site oficial da mesma, foi considerado o conteúdo ali
presente.
b) Para a análise do material recebido, alguns critérios de avaliação
foram traçados de acordo com as literaturas pesquisadas.
Para Polden e Mantle (2002) as mudanças físicas que ocorrem no
corpo da mulher durante a gestação devem ser prioridade no
atendimento, uma vez que a gestante precisará de ajuda para
desenvolver o máximo de sua potencialidade muscular para suportar as
exigências da gravidez e do parto, além da necessidade de esforçar-se
para adaptar-se a uma nova postura, o que muitas vezes culminará em
algias lombares e desconforto para os membros inferiores. Portanto o
primeiro item a ser considerado nos critérios de avaliação será
“aspectos físicos musculares envolvidos na gestação”.
De acordo com Zucco (2001), Sallet (2001) et.al. as alterações
gravídicas muitas vezes agridem a auto-estima da mulher, deixando-as
desconfortáveis com a própria aparência, o que pode gerar transtornos
emocionais. O aparecimento de estrias, FEG, varizes, gordura
localizada, acne, desabamento de mamas e flacidez muscular são
questões que preocupam a mulher grávida e devem ser levadas em
consideração. Portanto o segundo critério de avaliação deste estudo
será “aspectos físicos estéticos que envolvem a gestação”.
Para Strassburger e Dreher (2006) et. al. as mudanças emocionais
vão surgindo em sinergia com as mudanças físicas durante a gestação.
A gestante apresenta quadros de instabilidade emocional que podem
estar relacionados com os temores e a insegurança em relação ao parto
e ao desenvolvimento do bebê. Esses e outros autores defendem a
idéia que se a equipe de saúde junto com os familiares fornecerem
apoio, companheirismo e compreensão, eles podem auxiliar a gestante
a minimizar seus temores e vivenciar com tranquilidade esse momento
52
único e especial que é a gestação. Portanto o terceiro critério de
avaliação a ser abordado será “aspectos emocionais/psicológicos que
permeiam a gestação”.
É comum as gestantes apresentarem dúvidas sobre questões como
o ato de trabalhar, exercitar-se, dirigir, e etc. Além disso, assuntos como
tabagismo, consumo de álcool, drogas, alimentação e vestuário devem
ser levantados para que as gestantes recebam as orientações
pertinentes por parte do profissional da saúde envolvido no seu
tratamento. De acordo com Waskman el. al. (2005) essas orientações
são de extrema importância para evitar que a gestante possua
determinados comportamentos que são contra-indicados durante a
gestação. Assim sendo, o quarto critério adotado neste estudo será
“aspectos sociais relacionados com a gestação”.
A portaria no 154 de 24/01/2008, do Ministério da Saúde, preconiza a
formação de equipes multidisciplinares compostas pelas seguintes
ocupações: assistente social, professor de educação física,
farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e
terapeuta ocupacional (disponível em http://www.cref7.org.br
/Topicos/Leis/portaria_154.pdf, acessado em 26/05/2010). Essa portaria
corrobora com as diretrizes previamente estabelecidas pelo SUS e com
as leis de saúde vigentes no país. Em função disso, o quinto critério
adotado para esse estudo será “conceitos de multidisciplinaridade no
tratamento à gestante”.
Segundo o Ministério da Saúde (2001), o conceito de humanização
deve estar presente nas práticas e atitudes dos profissionais da saúde,
que devem tratar o paciente com dignidade, respeito e dedicação. O
paciente tem o direito de que seu tratamento seja garantido dentro dos
princípios da universalidade, integralidade e equidade, sendo cuidado
em todo o seu contexto (disponível em http://www.cref7.org.br/Topicos /
Leis/portaria_154 .pdf, acessado em 26/05/2010). Portanto, o sexto e
último critério de avaliação adotado será “abordagem humanizada e
holística com a gestante”.
53
Então, a análise do material recebido e identificação dos elementos
presentes e ausentes foram feitas sob o seguinte critério: 06 (seis) itens
foram considerados fundamentais para que o Plano de Ensino esteja
nos moldes de ensino totalitário proposto neste trabalho, sendo
atribuído 01 (um) ponto para cada item presente nas ementas
recebidas. Os itens considerados nessa busca são:
1) Aspectos físicos musculares envolvidos na gestação;
2) Aspectos físicos estéticos envolvidos na gestação;
3) Aspectos emocionais/psicológicos que permeiam a gestação;
4) Aspectos sociais relacionados com a gestação;
5) Conceitos de Multidisciplinaridade no tratamento à gestante;
6) Abordagem humanizada e holística com a gestante.
Segundo um critério de avaliação construído pelos autores deste
trabalho, as IES que pontuaram em 06 (seis) pontos estão
perfeitamente nos moldes do ensino da abordagem totalitária. As IES
que pontuaram em 05 (cinco) pontos estão satisfatoriamente nos
moldes do ensino da abordagem totalitária. As IES que pontuaram em
04 (quatro) pontos estão razoavelmente dentro dos moldes do ensino
da abordagem totalitária. As IES que pontuaram em 03 (três) ou menos
que 03 (três) pontos estão insatisfatoriamente nos moldes do ensino
da abordagem totalitária proposta neste trabalho.
c) Levantamento do material teórico necessário para a abordagem
técnico-científica dos aspectos físicos, emocionais e sociais que
permeiam a gestação através de fontes bibliográficas e digitais que
estão listadas nas referências deste trabalho;
d) Levantamento de material teórico necessário para abordagens
referentes à área de educação/ensino para melhor embasamento dos
estudos pedagógicos e didáticos contidos neste trabalho, feitos através
54
de fontes bibliográficas onde foram confrontados estudos antigos e
recentes para melhor compreensão da trajetória da educação neste
aspecto.
e) Elaboração do plano de ensino.
55
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o desenvolvimento deste trabalho, oitenta IES dos estados do
Rio de Janeiro e São Paulo foram convidadas a contribuir com a
pesquisa. O interesse inicial dessa proposta seria a análise apenas das
IES localizadas no estado do Rio de Janeiro, por se tratar do estado
onde a cidade de Volta Redonda está situada, local em que esta
pesquisa está sendo realizada. Em função do pequeno número
amostral coletado no estado do RJ, devido a quantidade de IES
existentes e quantidade de respostas obtidas, a pesquisa foi estendida
para o estado de São Paulo. Em função da sua localização geográfica,
SP é um estado que também atende algumas demandas da cidade de
Volta Redonda, portanto o referido estado passou a participar da
pesquisa tendo as IES convidadas a enviar o material para análise.
O envio dos planos de ensino ou ementas utilizadas pelos
professores no ensino da disciplina Fisioterapia em Obstetrícia foi
solicitado para serem analisados seguindo os critérios descritos na
metodologia deste trabalho. O quadro 1 representa a coleta das
informações.
Quadro 1: Informativo sobre as respostas obtidas das IES
Instituições de Ensino Superior RJ SP TotalIES que oferecem o curso de Fisioterapia 25 55 80
Aceitaram colaborar enviando o material solicitado 7 14 21
Não foi possível estabelecer contato 2 16 18
Não responderam ao contato 15 16 31
Não aceitaram colaborar com a pesquisa 1 5 6
Não oferecem FO na grade curricular do curso 0 4 4Fonte: elaboração própria
Um levantamento das IES que oferecem o curso de fisioterapia no
estado do RJ e posteriormente no estado de SP foi feito. O resultado
deste levantamento mostra que 80 (oitenta) IES oferecem o curso de
56
fisioterapia, sendo 25 (vinte e cinco) do RJ e 55 (cinquenta e cinco) de
SP. Os autores deste trabalho tentaram estabelecer contato com as 80
IES, através de envio email para a coordenação do curso de
fisioterapia, para a secretaria de fisioterapia, para a secretaria geral e
em alguns casos via telefone. Como demonstrado no quadro 1, o
contato estabelecido que nos proporcionou resposta positiva foi pouco
maior que 25% das IES solicitadas. Ou seja, das 80 IES convidadas a
colaborar com a pesquisa, apenas 21 (vinte e uma) enviaram o material
solicitado, sendo que 07 (sete) IES são do estado do RJ e 14 (quatorze)
IES são do estado de SP.
De posse do material recebido, foi feita uma análise segundo os
critérios de avaliação mencionados na metodologia deste estudo. O
quadro 2 indica o número de IES que apresentou cada critério analisado
na ementa fornecida.
Quadro 2: Informativo sobre as análises das respostas obtidas
Critérios de avaliação IESAspectos físicos musculares envolvidos na gestação 21
Aspectos físicos estéticos envolvidos na gestação 03
Aspectos emocionais/psicológicos que permeiam a gestação 06
Aspectos sociais relacionados com a gestação 03
Conceitos de Multidisciplinaridade no tratamento à gestante 01
Abordagem humanizada e holística com a gestante 03
Fonte: elaboração própria
Após a realização do comparativo e análise segundo os critérios
mencionados na metodologia deste estudo, das 21 (vinte e uma)
ementas coletadas pôde-se notar a predominância da abordagem que
trata dos aspectos físicos (muscular e patológico) relacionados à
mulher.
No cruzamento dos dados recebidos, das 21 (vinte e uma) ementas
analisadas apenas 03 (três) IES foram consideradas dentro do molde
proposto neste estudo.
57
No intuito de preservar a identidade das IES que participaram desta
pesquisa, as 03 (três) IES que estão nos moldes deste estudo serão
chamadas de Instituições X, Y e Z.
A Instituição X foi considerada satisfatoriamente nos moldes do
ensino da abordagem totalitária, pontuando em 05 (cinco) aspectos
analisados, exceto no quesito ‘multidisciplinaridade’.
A Instituição Y foi considerada razoavelmente dentro dos moldes do
ensino da abordagem totalitária, pontuando em 04 (quatro) aspectos,
exceto nos quesitos ‘multidisciplinaridade’ e ‘ abordagem holística’.
A Instituição Z foi considerada razoavelmente dentro dos moldes do
ensino da abordagem totalitária, pontuando em 04 (quatro) aspectos,
exceto nos quesitos ‘ aspectos físicos estéticos’ e ‘abordagem holística’.
No restante da análise, observa-se que 18 (dezoito) IES foram
consideradas fora do molde de ensino proposto nesta pesquisa, tendo
seus planos de ensino considerados insatisfatórios para o modelo
totalitário aqui proposto. Destas 18 (dezoito) IES, 02 (duas) IES
obtiveram 03 (três) pontos e 02 (duas) IES obtiveram 02 (dois) pontos.
As 14 (quatorze) IES restantes obtiveram 01 (um) ponto, pontuando
apenas no quesito ‘aspectos físicos musculares que permeiam a
gestação’, resultado esse que reforça o raciocínio inicial, onde foi dito
que as IES têm o ensino da fisioterapia obstétrica voltado para as
questões físicas, muitas vezes não levando em consideração os outros
aspectos mencionados neste trabalho, não atingindo o grau de
satisfação exigido neste estudo para se enquadrar nos moldes do
atendimento totalitário para com a mulher gestante.
É irrefutável que os aspectos físicos são de extrema importância
quando o tratamento fisioterápico para gestantes é traçado. Souza
(2002) afirma que o fisioterapeuta é o profissional preparado para
treinar a parte músculo-esquelética da paciente para conviver com as
demandas extras da gravidez e do parto, bem como para detectar as
alterações posturais e tratar as algias que venham a surgir em função
58
dessas alterações. Para Polden e Mantle (2002), o fisioterapeuta irá
ajudar a gestante a se adaptar ao seu novo centro de gravidade,
alterado em função do aumento do volume abdominal. O´Connor e
Stephenson (2004) defendem que o fisioterapeuta é o profissional
capacitado a intervir na postura e na adaptação da marcha da mulher
durante a gestação, atuando no alívio das algias e na melhora da
qualidade de vida da gestante.
De acordo com o Manual do Ministério da Saúde (2001), os
pacientes devem ser tratados em toda sua totalidade, sem intervenções
desnecessárias, porém com todos os recursos disponíveis. Para Guirro
e Guirro (1996), os recursos disponíveis na área da fisioterapia
dermato-funcional devem ser utilizados no tratamento da gestante
desde que o fisioterapeuta possua conhecimento dos procedimentos
que são indicados e contra-indicados para as mulheres grávidas. Sallet
(2001) e Cambiagui (2001) preconizam que o fisioterapeuta que
pretende atuar na saúde da gestante detenha conhecimentos sobre
cuidados com a pele, bem como condutas para a hidratação, prevenção
de estrias, acnes e melasma.
Para Strassburger e Dreher (2006), a gestação é um período de
profundas transformações que podem vir associadas com instabilidade
emocional. Para a superação da labilidade emocional é importante a
ajuda e apoio dos profissionais da saúde e da família, pois segundo
Waksman et. al. (2005), a medida em que a gestante se sente
amparada ela tende a transpor os obstáculos da gestação e vivenciar a
gravidez sentindo que é um momento único e especial.
Após a coleta e análise do material recebido, a proposta começa a
ser descrita baseada nos referenciais teóricos levantados. Foram
pesquisados e estudados os aspectos físicos, sociais e
psicológicos/emocionais que envolvem uma gravidez em todo o
contexto dessa fase e seu significado na vida da mulher grávida. A
partir desse estudo através do referencial teórico, foi descrita a atuação
59
do fisioterapeuta obstétrico em toda abrangência do seu trabalho no
modelo considerado holístico.
O interesse em elaborar novo plano de ensino é exatamente para
driblar o unidirecionamento encontrado no ensino e tentar modificar a
atuação do futuro profissional que na maioria das vezes tem seu
trabalho única e exclusivamente voltado para o momento do parto. O
novo plano de ensino tem o propósito de direcionar o ensino da
fisioterapia obstétrica de forma que o aluno torne-se um profissional
capaz de atuar na saúde da gestante de forma holística e humanizada,
conseguindo compreender todos os aspectos peculiares à mulher
gestante, desde as exigências físicas provocadas pela gravidez até os
desgastes emocionais e sociais ocorridos, sendo capaz de prestar um
atendimento completo através de uma intervenção que compreenda
exercícios, treinamentos, tratamentos, orientações e outras atividades.
A atualização é fator importante em qualquer área de conhecimento.
Considerando a fisioterapia uma área da saúde que está em constante
desenvolvimento, inovação e atualização, nota-se a importância na
capacitação dos profissionais atuantes na área. Visto que a busca pela
atualização não pode ser restrita somente ao professor, mas também
pela IES em que ele atua, percebe-se a necessidade de reformulações
das estratégias de ensino na área da FO.
Considerando que 95% das IES convidadas a participar da pesquisa
oferecem a disciplina FO, torna-se necessário destacar a importância
de um Plano de Ensino adequado para utilização nesta disciplina, visto
que esse elemento tem a propriedade de nortear o docente na
elaboração do plano de aula e na decisão das estratégias de ensino.
Para Leal (2005) e Masetto (2003) o planejamento de ensino deve
ser uma prática presente na vida do docente. Será através do plano de
ensino que o professor irá elaborar sua programação e prever suas
atitudes em sala de aula. Para Menegolla e Sant’Anna (1997) o plano
de ensino deve ser elaborado de acordo com a realidade social,
60
política, econômica e religiosa da comunidade a que se destina. Leal
(2005) ressalta que o plano de ensino deve unir as escolhas do
professor com as políticas da IES a que ele pertence. Portanto, pode-se
perceber que não haverá um modelo ideal de plano de ensino, pois é
preciso levar em consideração variáveis como o número de alunos,
média de idade da turma, condição sócio-cultural e região onde a
escola está inserida. Porém, os autores supracitados concordam que é
imprescindível que o plano de ensino contenha itens que são
indispensáveis, como por exemplo, os objetivos da disciplina, os
conteúdos a serem ensinados, os procedimentos e técnicas de ensino,
e a forma de avaliação da aprendizagem dos alunos.
Assim sendo, um modelo próprio de plano de ensino foi criado para
ser utilizado na disciplina Fisioterapia em Obstetrícia. Este documento
foi elaborado a partir dos estudos teóricos e analíticos feitos neste
trabalho, levando em consideração a realidade do ensino da referida
disciplina nos estados do RJ e SP e as pesquisas didático-pedagógicas
anteriormente mencionadas. O plano de ensino, que é o resultado
palpável e disseminável deste trabalho, encontra-se no apêndice 1, na
página 65.
Em termos práticos, o fisioterapeuta em sua atuação profissional
depara-se com desafios inerentes ao desenvolvimento técnico-científico
e as mudanças no contexto social exigindo-lhe atualização constante.
Essa atitude deverá ser estimulada no decorrer do curso de graduação,
portanto, é fundamental que os formadores na IES detenham tal atitude.
Para isso os docentes devem estar engajados na busca do
conhecimento e na aceitação da disposição de novos elementos que
complementem essa busca.
A Universidade tem responsabilidade formadora que se constitui em
produzir e disseminar o conhecimento, não podendo ser estática, mas
sim acompanhando o desenvolvimento da ciência, incluindo assuntos
atuais nos currículos dos cursos e novas técnicas de propagação do
61
conhecimento, como é sugerido através do plano de ensino que aqui é
proposto.
Ao analisar a formação do profissional fisioterapeuta para atuação
na área da fisioterapia obstétrica, uma problematização foi criada e a
pergunta que orientou esse estudo foi: O Plano de Ensino utilizado
pelas IES são adequados para a formação suficiente do aluno para
atuação na área de fisioterapia obstétrica?
Através de um estudo bibliográfico e da análise documental das
ementas recebidas, uma investigação foi realizada e através da mesma
pode-se perceber que a atuação do fisioterapeuta no mercado de
trabalho não alcança sua plenitude de funções devido à deficiência do
conteúdo que lhe é transmitido. Apesar de 95% das IES pesquisadas
oferecerem a referida disciplina, foram percebidos elementos ausentes,
como por exemplo, a preocupação do fisioterapeuta perante as
questões estéticas, psíquicas e sociais de suas pacientes grávidas, bem
como questões de multidisciplinaridade e humanização no atendimento.
De acordo com a visão dos autores deste estudo, esses elementos
seriam essenciais para a formação plena do fisioterapeuta que irá atuar
nessa área, formação essa que deve apresentar componentes técnicos-
científicos, que incluem a pesquisa e a prática, além de componentes
complementares anteriormente descritos, que serão facilitadores para a
aprendizagem da atuação completa e humanizada.
Cabe destacar que um projeto pedagógico centrado no
desenvolvimento de competências e habilidades profissionais deverá
estar vinculando o conhecimento teórico à experiência profissional, pois
a competência só se desenvolve e se manifesta na ação. O
desenvolvimento das competências do profissional estará vinculado ao
desenvolvimento da profissão, desde que esteja atento ao surgimento
de novas áreas de atuação em atendimento às demandas do mundo do
trabalho. Tendo em vista que os conteúdos possam ser diversificados, o
plano de ensino deverá assegurar o conhecimento equilibrado e
necessário, de diferentes conteúdos, níveis de atuação e recursos
62
terapêuticos para que o egresso realmente se torne um profissional
apto a realizar um atendimento coerente com as necessidades da
paciente.
63
6. CONCLUSÃO
Procurou-se demonstrar no presente estudo, que o período
gestacional apresenta-se como um momento de complexas
modificações na vida da mulher. Portanto, se faz necessário que ocorra
um aperfeiçoamento na formação do profissional, visto que a formação
atual está direcionada para a intervenção física apenas. Para que o
profissional seja capacitado neste modelo de atuação é necessário que
o ensino seja voltado para tal. Portanto, a disciplina de Fisioterapia em
Obstetrícia, como integrante da grade curricular, deve contemplar os
aspectos da saúde da mulher em contextos biológico, psicológico e
social, com direcionamento para a atuação fisioterapêutica nesta
especialidade. A disciplina curricular deve abranger a apresentação da
anatomia e fisiologia dos aparelhos reprodutor e urinário feminino,
cardio-circulatório, osteo-articular e endócrino e suas disfunções, o
desenvolvimento do processo gestacional com suas alterações e
possíveis complicações, os recursos fisioterapêuticos, a atuação do
fisioterapeuta na área e a importância do trabalho multidisciplinar e da
humanização em saúde.
Foi notável a predominância de IES que direcionam o ensino da
fisioterapia para as questões físicas (fisiológicas e patológicas), mas
não valorizam a atuação do fisioterapeuta em questões sociais e
emocionais, e ainda, não preocupam-se em introjetar no aluno questões
referentes à multidisciplinaridade, ao bem-estar geral da paciente e ao
tratamento holístico.
O aluno de fisioterapia deve ser preparado para atuar no mercado
de trabalho com todas as aptidões necessárias para prestar o
atendimento adequado à mulher na fase gestacional. Para isso é
importante que o ensino da disciplina seja fundamentado em todos os
aspectos envolvidos.
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Inserir na graduação um diferente modelo de olhar profissional
poderá ser determinante na reciclagem dos conjuntos de ações, não se
atendo somente a essa disciplina, o que poderá contribuir com a
formação de um novo profissional da saúde.
65
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDAPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ANEXO 1. Solicitação de envio de plano de ensino ou ementa da disciplina Fisioterapia em obstetrícia para as IES dos estados do RJ e SP via email
Prezado(a) coordenador(a) do curso de fisioterapia, Seria possível o envio do plano de ensino ou da ementa da disciplina Fisioterapia aplicada à Obstetrícia oferecida na grade curricular do curso de fisioterapia desta instituição? Trata-se de uma pesquisa para a conclusão de uma dissertação de mestrado, onde será feito um estudo analítico quali-quantitavo sobre a referida disciplina sendo que todas as Instituições dos estados do RJ e SP que oferecem o curso de fisioterapia estão sendo solicitadas a colaborar com a pesquisa. Adianto que os nomes das Instituições não serão divulgados em hipótese alguma, e todos os dados colhidos serão representados numericamente. O objetivo do projeto é fazer uma análise comparativa entre as ementas oferecidas e a atuação do profissional nesta área. Terei o prazer de apresentar-lhe os resultados caso seja do seu interesse. Na certeza do seu compromisso com a ciência, agradeço antecipadamente a colaboração. AttNatasha(Mestranda do UniFOA - CREFITO: 107149-F)
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDAPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
PRODUTO DO PROJETO DE PESQUISA
APÊNDICE 1: Plano de Ensino direcionado para disciplina Fisioterapia Obstétrica elaborado através deste estudo de acordo com os moldes propostos
MESTRANDANATASHA TEIXEIRA LOGSDON
ORIENTADORProf. Dr. Luís Guilherme Barbosa
CO-ORIENTADORProf. Dr. Adilson da Costa Filho
VOLTA REDONDA, 2010
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1. IDENTIFICAÇÃO1.1. Disciplina: Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia1.2. Curso: Fisioterapia1.3. Carga Horária sugerida: 60 h/a 1.4. Período Curricular sugerido: a partir do 5º semestre1.5. Habilitações sugeridas: professor pós-graduado, mestre ou doutor em áreas afins à Saúde da Mulher.
2. JUSTIFICATIVAA fisioterapia obstétrica é uma área da fisioterapia que surgiu com o objetivo de promover e manter uma ótima saúde física e emocional desde o começo até o final da gestação realizando um trabalho preventivo para os possíveis agravos que venham a ocorrer durante a gestação, no momento do parto e após o parto. Para que o trabalho do fisioterapeuta seja adequado e consiga proporcionar à mulher uma boa qualidade de vida é importante que os profissionais envolvidos nesse processo estejam capacitados a atuar com um atendimento holístico e humanizado.
3. OBJETIVO GERALA disciplina tem como objetivo capacitar o discente a atuar na saúde da mulher gestante com autonomia, competência e responsabilidade, desenvolvendo uma visão crítica da fisioterapia em obstetrícia nos diferentes níveis de atenção à saúde.
4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS4.1. Conceituar fisioterapia obstétrica;4.2. Estudar a anatomia, biomecânica e fisiopatologia dos sistemas peculiares à saúde da mulher;4.3. Estudar as transformações clínicas durante a gestação;4.4. Descrever as alterações fisiológicas do período gestacional;4.5. Identificar e analisar os aspectos físicos, emocionais e sociais que permeiam a gestação;4.6. Discutir a intervenção fisioterápica em obstetrícia;4.7. Capacitar o discente a avaliar, diagnosticar e traçar programas fisioterápicos de promoção, prevenção, cura e reabilitação na área obstétrica;4.8. Identificar e tratar disfunções ou patologias decorrentes da gravidez;4.9. Capacitar o discente a orientar a gestante nos cuidados consigo própria e com o bebê;4.10. Transformar o aluno em um profissional capaz de atuar de forma totalitária influenciando positivamente a qualidade de vida da gestante.
5. EMENTAFornecimento de condições de aprendizado na área de fisioterapia em obstetrícia através da revisão de estudos dos fundamentos anatômicos, fisiológicos, patológicos, emocionais e sociais relacionados à mulher. Desenvolvimento Feminino: infância; puberdade/adolescência; idade adulta/maturidade sexual; menopausa/climatério; velhice/senilidade. Planejamento Familiar: suporte teórico e métodos de anticoncepção. Abordagem do trabalho multidisciplinar, dos exames mais comuns no pré-natal, das
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doenças e disfunções relacionadas ao período gestacional. Anamnese, avaliação, recursos e técnicas na fisioterapia obstétrica. Discussão da conduta fisioterapêutica e dos objetivos do tratamento. Aplicação de protocolos de fisioterapia reabilitativa em complicações na gestação, no parto e no puerpério. Prescrição e execução de tratamentos. Parto: duração; conceito; estudo clínico; normal versus cesárea. Atuação da Fisioterapia no puerpério. Amamentação e lactação. Soluções dermato-funcionais para disfunções estéticas da gravidez. Simulações de exercícios aplicados à fase gestacional e expulsiva. Integração do aluno à equipe multiprofissional. Discussão de casos.
6. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO6.1. Anatomia Feminina6.1.1. Cavidade abdomino-pélvica6.1.1.1. Tipos de pelves6.1.2. Estruturas ósteo-articulares-musculares6.1.3. Órgãos genitais femininos6.1.4. Mamas6.1.5. Sistema cardio-circulatório e respiratório6.2. Fisiologia 6.2.1. Ação hormonal6.2.2. Correlação entre diferentes estruturas e sistemas6.2.3. Fisiologia do sistema linfático6.2.4. Fisiologia do ciclo menstrual e reprodutivo6.3. Anticoncepção6.3.1. Métodos contraceptivos6.3.2. Planejamento familiar6.4. Gestação6.4.1. Fisiologia da fecundação6.4.2. Endocrinologia gravídica6.4.3. Mudanças físicas e fisiológicas da gravidez6.4.3.1. Distúrbios músculo-esqueléticos e ligamentares6.4.3.2. Danos estéticos6.4.3.3. Alterações emocionais6.4.3.4. Implicações sociais dos distúrbios gravídicos6.4.4. Estágios da gravidez6.4.5. Análise da postura e marcha, e das atividades da vida diária da gestante6.4.6. Importância do apoio da família e do parceiro durante a gestação6.4.7. Acompanhamento pré-natal6.4.7.1. Principais exames pré-natais6.4.7.2. Grupos de encontro e a equipe multidisciplinar no pré-natal6.4.8. Gestação de risco6.4.8.1. Principais distúrbios que causam uma gestação de risco6.4.8.2. Aborto6.4.8.3. Legislação sobre aborto no Brasil6.4.9. Assistência fisioterapêutica pré-natal6.4.9.1. Exercícios para o período gestacional6.4.9.2. Condutas indicadas e contra-indicadas para gestantes6.4.9.3. Orientações gerais6.5. Parto
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6.5.1. Conceito6.5.2. Estudo clínico do parto6.5.3. Tipos6.5.3.1. A escolha do tipo de parto de acordo com a anatomia da mulher, as doenças pré-existentes, com os exames pré-natais e com demais características da parturiente6.5.4. Mecanismos do parto6.5.5. A equipe multidisciplinar no parto6.5.6. Assistência fisioterapêutica no trabalho de parto e no momento do parto6.5.7. Técnicas de relaxamento e respiração aplicadas ao parto6.6. Puerpério6.6.1. Principais características6.6.2. Ajustes fisiológicos no puerpério6.6.3. Complicações pós-operatórias6.6.4. Amamentação6.6.4.1. A importância nutritiva, imunológica e afetiva da amamentação6.6.4.2. O preparo da mama para amamentação6.6.4.3. A posição de amamentar6.6.5. Disfunções após o parto6.6.5.1. Incontinência urinária6.6.5.2. Incontinência fecal6.6.5.3. Anorgasmia6.6.5.4. Diminuição ou exacerbação da libido6.7. O bebê6.7.1. Cuidados gerais com o bebê6.7.2. Doenças congênitas e genéticas e assistência fisioterapêutica6.8. Utilização de recursos fisioterápicos em gestantes6.8.1. Cinesioterapia ativa e passiva6.8.1.1. Preparo físico da mulher para as exigências extras da gravidez e do parto6.8.2. Treino da respiração6.8.3. Massagens e relaxamento6.8.4. Drenagem linfática manual e enfaixamento compressivo6.8.5. Termoterapia6.8.6. Hidroterapia6.8.7. Eletroterapia6.8.8. Mecanoterapia6.8.9. Exercícios6.8.9.1. Solo6.8.9.2. Bola suíça6.8.9.3. Água6.8.10. Prevenção das tromboses6.8.11. Prevenção das varizes6.8.12. Prevenção das estrias6.8.13. Prevenção e tratamento das dores da coluna6.9. Gestantes para ou hemiplégicas6.10. Gestantes portadoras de HIV6.11. Gestantes adolescentes
7. RECURSOS MATERIAISData show, apostila, artigos científicos e vídeos
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8. ESTRATÉGIAS DE ENSINOAulas expositivas teórico-práticas, estudos dirigidos, trabalhos em grupo, leitura de artigos e debates.
9. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
- GUYTON, Arthur C; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.
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- SOUZA, Elza Lucia Baracho Lotti. Fisioterapia aplicada a aspecto de ginecologia e neonatologia. 3.ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2002.
10. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
- MANUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. Parto, Aborto e Puerpério: Assistência Humanizada à mulher. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
- MAUAD FILHO, F. Exercício físico na Gravidez. GO Atual, ano VIII, n.11/12, nov/dez.1999.
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