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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
Tribunal Administrativo
Plano Corporativo (PLACOR)
2007-2010
Maputo, Outubro de 2006
(Revisto de Maio a Julho de 2008)
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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Índice
ÍNDICE ........................................................................................................................... 2
ABREVIATURAS ........................................................................................................... 3
CONCEITOS .................................................................................................................. 4
SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................. 6
PARTE I: INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12 Antecedentes ......................................................................................................................... 12 Principais funções do Tribunal Administrativo ....................................................................... 13 Relacionamento institucional.................................................................................................. 16 Desenvolvimentos anteriores .................................................................................................. 19 Situação actual ....................................................................................................................... 21 Fundamentos para a preparação do Plano Corporativo ............................................................ 22
PARTE II: GESTÃO DE NEGÓCIOS ..................................................................... 23 Modelo institucional .............................................................................................................. 23 Tecnologias de informação na gestão de negócios................................................................... 27 Gestão documental no desenvolvimento institucional ............................................................. 29 Estrutura do Tribunal Administrativo e serviços de apoio ....................................................... 30 Financiamento ....................................................................................................................... 30 Análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT analysis) ................................. 30
PARTE III: VISÃO, MISSÃO, VALORES E IMPERATIVOS ESTRATÉGICOS ....... 35 Visão ..................................................................................................................................... 35 Missão ................................................................................................................................... 35 Imperativos estratégicos ......................................................................................................... 35
PARTE IV IMPLEMENTAÇÃO DO PLACOR ........................................................ 36 Estratégias para a implementação do PLACOR ...................................................................... 36 Monitoria ............................................................................................................................... 43
ANEXOS ...................................................................................................................... 45 Anexo I. Análise interna e externa .......................................................................................... 45 Anexo II. Quadro de fortalecimento institucional .................................................................... 45 Anexo III. Quadro de capacitação institucional ....................................................................... 45 Anexo IV. Quadro do plano corporativo ................................................................................. 45 Anexo V. Plano operacional ................................................................................................... 45 Anexo VI. Quadro lógico de 2000 .......................................................................................... 45 Anexo VII. Calendário, Indicadores e Priorização ................................................................... 45 Anexo VIII. Quadro de fundamentação Orçamental ................................................................ 45
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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Abreviaturas
AFROSAI-E – African Organisation of Supreme Audit Institutions –
English Speaking Countries
ASDI – Agência Sueca de Desenvolvimento Internacional
AR – Assembleia da República
BR – Boletim da República
CAF – Contas e Auditoria Financeira
CCAF – Contadoria de Contas e Auditoria Financeira
CCGE – Contadoria da Conta Geral do Estado
CDBA – Centro de Documentação, Biblioteca e Arquivo
CI – Cooperação Internacional
CGE – Conta Geral do Estado
CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CVI – Contadoria do Visto
DAF – Departamento de Administração e Finanças
DC – Departamento de Cooperação
DCI – Departamento de Comunicação e Imagem
DI – Departamento de Informática
DPCI – Departamento de Planificação e Controlo Interno
DRH – Departamento de Recursos Humanos
GTZ – Cooperação Técnica Alemã
IGF – Inspecção Geral de Finanças
ITA – Instruções de Execução Obrigatória do TA
LOLE – Lei dos Órgãos Locais do Estado
MF – Ministério das Finanças
OE – Orçamento do Estado
PLACOR – Plano Corporativo
PEI – Plano Estratégico Integrado
POPEI – Plano Operativo do Plano Estratégico Integrado
PPFD – Programa de Planificação e Finanças Descentralizadas
Pro-Audit – Projecto de Auditoria
RAS – República da África do Sul
RPCGE – Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado
RPM – República Popular de Moçambique
SISTAFE – Sistema de Administração Financeira do Estado
SADCOSAI – Southern African Development Community Organisation
of Supreme Audit Institutions
SNAO – Sweedish National Audit Office
TA – Tribunal Administrativo
TI – Tecnologias de Informação
TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação
UGEA – Unidade Gestora e Executora de Aquisições
UTRAFE – Unidade Técnica de Reforma da Administração
Financeira do Estado
UTREL – Unidade Técnica de Reforma Legal
UTRESP – Unidade Técnica de Reforma do Sector Público
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Conceitos
Accountability
Prestação de contas. “Apresentação, por pessoas responsáveis pela gestão de
recursos públicos, de documentos que expressem a situação financeira e o
resultado das operações realizadas sob a sua responsabilidade”1.
Ambiente Externo
Fazem parte do ambiente externo as entidades que interagem com o Tribunal
Administrativo no âmbito da sua jurisdição.
Factores de Risco
São aqueles que, se não forem considerados e/ou realizados, poderão influir
negativamente sobre a implementação dos imperativos estratégicos.
Imperativos Estratégicos
Aspectos fundamentais (esferas: independência e quadro legal, organização e
gestão, recursos humanos, supervisão, desempenho, metodologias, padrões, etc.)
que a organização define para o fortalecimento da sua posição.
Missão
A missão é o propósito ou razão de existir da organização; o compromisso e o
dever da organização para com a sociedade.
Orçamento
Previsão de custos decorrentes da realização das actividades.
Peer review
Genericamente, é “julgamento por pares”, uma revisão e avaliação especializada.
Peer review está fundada em dois princípios: na veracidade das informações
prestadas pelo fornecedor (ex: pesquisador, gestor público, auditor, etc.) e na
imparcialidade do julgamento das mesmas informações (ou resultados) por outros.
A subversão daqueles princípios pode resultar em trabalhos fraudulentos e
decisões preconceituosas.
Plano Corporativo
Documento integrado. Este inclui o Plano Estratégico, propriamente dito, o Plano
Operacional e o Orçamento.
Plano Estratégico
Documento que define as esferas fundamentais e estratégicas de desenvolvimento
institucional num dado horizonte temporal.
Plano Operacional
Documento que operacionaliza o Plano Corporativo. Apresenta actividades,
acções, previsão temporal e intervenientes responsáveis.
1 Glossário dos Tribunais de Contas da CPLP (Novembro de 2002)
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Questões-Chave
Aspectos cruciais que conduzirão à implementação dos imperativos estratégicos.
Valores
Os valores são um conjunto de crenças e princípios que orienta as actividades da
instituição.
Visão
Corresponde ao sonho (meta) da alta Administração, como ela vê as situações de
sobrevivência da sua organização após a definição dos cenários futuros, do
mercado e da concorrência.
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Sumário Executivo
Antecedentes
I. O Tribunal Administrativo tem vindo a desenvolver e a implementar acções de formação em serviço e em sala, a organizar seminários e
encontros de análise institucional e/ou de transmissão de conhecimentos e
visitas de estudos a instituições congéneres com o apoio dos parceiros
nacionais e estrangeiros, sendo de destacar o Governo, a Comunidade
doadora em Moçambique e a African Organisation of Supreme Audit
Institutions-English speaking/Organização Africana das Instituições
Supremas de Controlo – de língua inglesa/(AFROSAI-E).
Principais funções do Tribunal Administrativo
II. O Tribunal Administrativo é o órgão superior da hierarquia dos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros, conforme a Constituição da
República – artigo 228.
III. As principais funções se distribuem pelas três Secções que formam o Tribunal Administrativo: Primeira Secção (área do Contencioso
Administrativo), Segunda Secção (área do Contencioso Fiscal e
Aduaneiro) e, finalmente, Terceira Secção (área da Fiscalização Prévia ou
Visto e Fiscalização Sucessiva ou Controlo à posteriori e, ainda, a
elaboração do Relatório e Parecer à Conta Geral do Estado).
Relacionamento institucional
IV. Em termos funcionais, o Tribunal é independente de quaisquer outros órgãos de soberania.
Desenvolvimentos anteriores
V. Os desenvolvimentos anteriores ocorridos no Tribunal Administrativo, relacionados com a capacitação institucional, estão intrinsecamente ligados
aos projectos, planos e outras acções desencadeadas, nos últimos dez anos.
A Direcção do Tribunal Administrativo, objectivando o cumprimento
cabal das atribuições e competências acometidas a esta instituição,
delineou, em 1998, um conjunto de acções que culminou na
implementação de planos e projectos de desenvolvimento institucional.
Situação actual
VI. A situação actual é descrita como sendo de consolidação das capacidades já adquiridas, concentrando-se a atenção na transferência de competências.
Não obstante, há uma série de problemas que, se não forem considerados
e/ou resolvidos, poderão afectar negativamente o funcionamento da
instituição. Entre esses problemas há a destacar a existência de off budgets
ao nível das instituições do Estado, o que dificulta a fiscalização por parte
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do TA; a inexistência de mecanismos de comunicação com a sociedade; a
necessidade do aumento da cobertura das auditorias, com enfoque nos
distritos; a necessidade de recrutamento e capacitação técnico-profissional
dos auditores, com vista a possibilitar um aumento das acções de auditoria
a serem levadas a cabo nos próximos anos; a necessidade de se garantir a
cobertura das despesas decorrentes do aumento de pessoal e do número
das auditorias; a necessidade de se proceder à actualização do diagnóstico
institucional do Tribunal Administrativo elaborado em 2006, a revisão dos
mecanismos de disponibilização dos fundos atinentes à participação
emolumentar para evitar os constrangimentos que se verificam e que têm
tido repercussões negativas no funcionamento do Tribunal, como um
elemento fundamental para incentivar os quadros bem como o
recrutamento de novos quadros, tendo em vista a expansão territorial do
Tribunal.
Fundamentos para a preparação do Plano Corporativo
VII. Partindo da situação acima descrita, os seminários de planificação estratégica, baseando-se numa análise de forças, fraquezas, oportunidades
e ameaças, apontaram, como objectivo central de preparação e
implementação de um plano corporativo, a solução, imediata e a médio
prazo, dos constrangimentos ainda existentes e a potenciação do Tribunal
Administrativo.
VIII. As análises interna e externa, com a participação dos quadros do Tribunal Administrativo e com os das instituições parceiras nacionais e
internacionais, conduziram a resultados pertinentes que se encontram
devidamente reflectidos no Quadro de Fortalecimento Institucional
IX. No âmbito do Desenvolvimento Estratégico, identificam-se os seguintes imperativos:
a) Aumentar a cobertura do controlo dos fundos públicos; b) Consolidar a importância do Tribunal Administrativo na
construção e desenvolvimento de um Estado de Direito;
c) Adequar a estrutura organizacional e a infra-estrutura, considerando as funções e as necessidades do TA;
d) Considerar, de maneira activa, o impacto das possíveis mudanças em políticas do Governo e do Parlamento, procedimentos e
sistemas nas suas operações;
e) Garantir a autonomia financeira; e f) Fortalecer a independência dos juízes no exercício da função
jurisdicional
Quanto ao Desenvolvimento Profissional, destacam-se os seguintes
objectivos:
a) Desenvolvimento de competências dos recursos humanos para fazer face aos desafios actuais e futuros do TA;
b) Melhoria da interacção com outros poderes e órgãos;
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c) Desenvolvimento de metodologias de acordo com as normas e padrões profissionais internacionais;
d) Fortalecimento da governança, supervisão e avaliação sistemática do desempenho;
e) Elevação da eficiência e eficácia dos processos e actividades do TA através de uma melhor organização interna e uma cultura de
melhoria contínua;
f) Promoção de boas práticas e garantia de qualidade.
Modelo institucional
X. O Tribunal Administrativo exerce a função jurisdicional que consiste em assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, reprimir
a violação da legalidade e dirimir os conflitos de interesses públicos e
privados no âmbito das relações jurídicas administrativas, fiscais e
aduaneiras, e ainda exercer a fiscalização da legalidade das despesas
públicas e julgar as contas dos exactores e tesoureiros da administração
pública.
XI. As actividades relativas ao controlo financeiro inserem-se no modelo designado por fiscalização jurisdicional, ou seja, por via de um tribunal. O
Tribunal Administrativo tem natureza colegial e exerce a função de
auditoria e a função jurisdicional de julgamento da responsabilidade
financeira. Privilegia o controlo da legalidade e da regularidade
financeiras, que pode ser exercido a priori, a posteriori e, ainda, em termos
concomitantes.
Tecnologias de informação na gestão do negócio
XII. A informatização do Tribunal Administrativo permitirá uma maior eficiência no controlo da tramitação processual dos actos administrativos e
da legalidade das despesas públicas, contribuirá para uma maior eficácia
na gestão financeira no aparelho do Estado, ao mesmo tempo que
assegurará uma crescente transparência de contas públicas e boa
governação.
Gestão documental no desenvolvimento institucional
XIII. O sucesso de qualquer organização reside na capacidade de gestão de informação relativa à sua esfera de actuação. No Tribunal Administrativo,
o Centro de Documentação, Biblioteca e Arquivo (CDBA) constitui, a par
de outras áreas, um dos principais elementos da implementação efectiva do
Plano Corporativo, prestando a sua contribuição para uma melhor gestão
da informação documentada. A demanda dos sectores, que tem vindo a
crescer nos últimos anos, decorrente do crescimento dos mesmos e do
aumento de pessoal, tem resultado numa aparente fraca capacidade de
resposta desta área, especialmente em informação técnica.
XIV. No âmbito da implementação do PLACOR, importantes acções a serem desencadeadas, mormente, a implementação do manual do arquivo, o
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desenvolvimento de aplicações informáticas de gestão blibliotecária e
arquivística, desenho de um manual de procedimentos para o sector e
revisão do regulamento da biblioteca poderão conduzir a resultados
extremamente positivos..
Estrutura do Tribunal Administrativo e serviços de apoio
XV. O Tribunal Administrativo funciona em Plenário, em secções e em subsecções. O Plenário é constituído pelo Presidente do Tribunal e por
todos os juízes em exercício. A distribuição dos processos é feita por todos
os Juízes Conselheiros, incluindo o Presidente, no exercício de funções
jurisdicionais, com excepção do relator do acórdão impugnado. O Plenário
é presidido pelo Presidente do Tribunal Administrativo, funcionando como
instância última, com a presença de metade mais um dos juízes em
efectividade de funções, e, por vezes, nos termos da lei, em primeira,
última e única instância. O Ministério Público é representado, no Plenário,
pelo Procurador-Geral da República e, nas Secções, pelos Procuradores-
Gerais Adjuntos designados pelo Procurador-Geral da República.
Financiamento
XVI. À semelhança de todas as instituições públicas, o funcionamento do TA é financiado pelo OE, que é aprovado pela Assembleia da República, sendo
os limites orçamentais propostos pelo Governo.
Análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças
(SWOT analysis)
XVII. São considerados pontos fortes do TA, em termos dos recursos financeiros e económicos, a existência do orçamento de funcionamento e a prestação
do apoio financeiro a esta instituição pelos parceiros internacionais.
Porém, estes recursos continuam exíguos, não correspondendo às
necessidades do seu crescimento. Ademais, não há disponibilização
atempada de fundos para a realização das actividades planificadas.
Tornou-se, assim, necessário, um diagnóstico detalhado para quantificar as
reais necessidades financeiras do TA, sobretudo em face do processo de
desconcentração, diagnóstico este que foi elaborado com o apoio de
especialistas.
XVIII. O facto de a localização geográfica do Tribunal Administrativo ser apenas na capital do País, tem acarretado problemas relacionados com a prestação
de serviços ao cidadão, apesar de constituir um aspecto forte, na medida
em que a instituição se encontra perto dos órgãos centrais do poder. Mas, a
exiguidade do espaço físico não corresponde às suas necessidades.
Estando, hoje, o TA a funcionar em três edifícios separados, se agudizam
os problemas de gestão financeira, administrativa, de racionalização de
recursos materiais e outros. É necessário quantificar as necessidades
futuras em termos de equipamentos, infra-estrutura e recursos humanos,
tendo em vista a ampliação das actividades do TA. Acresce a exiguidade
dos espaços disponíveis para o melhor funcionamento do TA e a
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necessidade de espaços adicionais para acomodar mais quadros técnicos
recentemente recrutados e a recrutar nos próximos anos.
Visão
XIX. Ser instituição de excelência no controlo da legalidade dos actos administrativos, das disputas fiscais e aduaneiras, e das receitas e despesas
públicas.
Missão
XX. Contribuir para o maior acesso à justiça administrativa, fiscal e aduaneira bem como para a melhoria da prestação de contas e da transparência na
vertente do contencioso financeiro, tendo em vista a optimização do uso
dos recursos públicos.
Valores
XXI. Os valores são crenças e princípios que orientam as actividades da instituição.
Imperativos estratégicos
XXII. Constituem imperativos estratégicos do Tribunal Administrativo para o período de 2007 a 2010 os seguintes:
a) Aumentar a cobertura do controlo dos fundos públicos; b) Consolidar a importância do Tribunal Administrativo na
construção e desenvolvimento de um Estado de Direito;
c) Adequar a estrutura organizacional e da infra-estrutura, considerando o papel e as necessidades do TA;
d) Considerar, de maneira activa, o impacto das possíveis mudanças em políticas do Governo e Parlamento, procedimentos e sistemas
nas suas operações;
e) Garantir a autonomia financeira; e f) Fortalecer a independência dos juízes no exercício da função
jurisdicional.
Estratégias para a implementação do PLACOR
XXIII. Os seis imperativos estratégicos que o Tribunal definiu enquadram-se no Desenvolvimento Estratégico, havendo uma série de estratégias
operacionais que devem ser implementadas, de forma sistemática:
a) Aumentar a cobertura das auditorias em todos os níveis, considerando o processo de descentralização das finanças públicas;
b) Disseminar a importância do contencioso administrativo, fiscal, aduaneiro e financeiro na construção e desenvolvimento de um
Estado de Direito;
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c) Desenvolver e implementar mecanismos de interacção com a sociedade;
d) Desenvolver uma nova estrutura organizacional; e) Considerar as políticas do Governo e do Parlamento, com ênfase na
implementação dos processos de descentralização e
desconcentração;
f) Criar mecanismos de fortalecimento da autonomia financeira do TA; e
g) Criar condições para um exercício mais eficiente e eficaz das suas funções.
Monitoria
XXIV. A monitoria visa a avaliação sistemática e contínua do progresso da implementação do PLACOR.
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Parte I: Introdução
Antecedentes
1. Com o advento da Independência, em 25 de Junho de 1975, a Constituição da R.P.M era omissa relativamente à Jurisdição Administrativa, Fiscal e de
Contas. No entanto, por força do artigo 79 desta primeira Constituição,
toda a legislação anterior à Independência estava ressalvada quanto à sua
vigência, desde que a sua letra e o seu espírito não violassem as normas
constitucionais. Deste modo, mantinham-se os aspectos legais respeitantes
ao Tribunal Administrativo, Fiscal e de Contas. Como exemplos de
legislação em vigor nesta matéria, podemos apontar a chamada Reforma
Administrativa Ultramarina (RAU) e o Regimento do Tribunal
Administrativo, Fiscal e de Contas.
2. No entanto, é a Constituição de 1990 que, em termos abertos e expressivos, ao fazer constar do elenco dos tribunais, o Tribunal
Administrativo, fixava, como suas atribuições, o controlo da legalidade
dos actos administrativos e a fiscalização da legalidade das despesas
públicas (artigo 173), remetendo à lei ordinária a competência, a
organização, a composição desta jurisdição (artigo 174).
3. Finalmente, a Constituição de 2004, no n.º 1, alínea b), do art. 223, define, explicitamente, que, na República de Moçambique, existem o Tribunal
Supremo, o Tribunal Administrativo e os tribunais judiciais. Entretanto, o
n.º 2, do mesmo artigo, acresce, ainda, que “podem existir tribunais
administrativos, de trabalho, fiscais, aduaneiros, marítimos, arbitrais e
comunitários”, o que constitui novidade deste texto constitucional no
referente à existência de demais tribunais administrativos.
4. O n.º 2, do art. 230, desta mesma Constituição, define, assim, as competências do Tribunal Administrativo: julgar as acções que tenham por
objecto litígios emergentes das relações jurídicas administrativas; julgar os
recursos contenciosos interpostos das decisões dos órgãos do Estado, dos
respectivos titulares e agentes; conhecer dos recursos interpostos das
decisões proferidas pelos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros;
emitir o relatório e o parecer sobre a CGE; fiscalizar, previamente, a
legalidade e a cobertura orçamental dos actos e contratos sujeitos à
jurisdição do TA; fiscalizar, sucessiva e concomitantemente, os dinheiros
públicos; fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros obtidos no
estrangeiro, nomeadamente através de empréstimos, subsídios, avales e
donativos.
5. O TA tem a sua sede em Maputo e está estruturado em três secções (1ª, 2ª e 3ª). A primeira exerce a função de contencioso administrativo; a
segunda, de contencioso fiscal e aduaneiro; e a terceira, a de fiscalização
das despesas públicas e do visto. Esta última, funciona como um
verdadeiro tribunal de contas.
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6. Assim, os planos director, estratégicos e operacionais concebidos e postos em prática pelo Tribunal Administrativo visavam, precisamente, a sua
capacitação institucional de modo a que se cumprisse cabalmente as
atribuições e competências que lhe são conferidas.
7. O Tribunal Administrativo tem vindo a desenvolver e a implementar acções de formação em serviço e em sala, a organizar seminários e
encontros de análise institucional e/ou de transmissão de conhecimentos e
visitas de estudos a instituições congéneres com o apoio dos parceiros
nacionais e estrangeiros, sendo de destacar o Governo, a comunidade
doadora em Moçambique, o Conselho de Estado Francês, o Supremo
Tribubunal Administrativo de Portugal, os Tribunais de Contas de Portugal
e do Brasil, o Tribunal de Contas do Estado de Pernanmbuco e a African
Organisation of Supreme Audit Institutions-English speaking Countries
/Organização Africana das Instituições Supremas de Controlo – países de
língua inglesa/ (AFROSAI-E).
Principais funções do Tribunal Administrativo
8. O Tribunal Administrativo é o órgão superior da hierarquia dos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros, conforme a Constituição da
República – artigo 228.
9. Compete ao Tribunal Administrativo, de acordo com o artigo 230, da Constituição de 2004 e artigo 23 da Lei nº 5/92, de 6 de Maio:
a) julgar as acções que tenham por objecto litígios emergentes das relações jurídicas administrativas;
b) julgar os recursos contenciosos interpostos das decisões dos órgãos do Estado, dos respectivos titulares e agentes;
c) conhecer dos recursos interpostos das decisões proferidas pelos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros;
d) emitir o relatório e o parecer sobre a Conta Geral do Estado; e) fiscalizar, previamente, a legalidade e a cobertura orçamental dos actos
e contratos sujeitos à jurisdição do Tribunal Administrativo;
f) fiscalizar, sucessiva e concomitantemente os dinheiros públicos; g) fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros obtidos no estrangeiro,
nomeadamente através de empréstimos, subsídios, avales e donativos.
10. O Tribunal está estruturado em três Secções, que funcionam em primeira instância e o Plenário que é comum a essas três Secções, que, como regra
exerce as suas funções em última instância. Constituem competências do
Plenário, apreciar:
a) os recursos dos actos administrativos ou em matéria administrativa praticados por órgãos de soberania ou seus titulares;
b) os recursos dos actos do Conselho de Ministros ou dos seus membros relativos a questões fiscais e aduaneiras;
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c) os pedidos de suspensão de eficácia dos actos referidos nas alíneas anteriores;
d) os recursos dos acórdãos das Secções que, em relação ao mesmo fundamento de direito e na ausência de alteração substancial de
regulamentação jurídica, perfilhem solução oposta a de acórdãos das
mesmas Secções;
e) os conflitos de jurisdição entre as secções do tribunal e qualquer autoridade administrativa, fiscal ou aduaneira;
f) os recursos dos acórdãos das secções; g) os recursos dos actos do Presidente do Tribunal bem como de
suspensão da eficácia desses actos;
h) os pedidos relativos à produção antecipada de prova.
11. No que respeita ao Contencioso Administrativo, o Tribunal, em primeira instância, conhece:
a) os recursos dos actos administrativos ou em matéria administrativa praticados por qualquer autoridade, exceptuando os praticados pelos
órgãos de soberania e seus titulares;
b) os recursos de actos administrativos dos órgãos dos serviços públicos com personalidade jurídica e autonomia administrativa;
c) os recursos dos actos administrativos das pessoas colectivas de utilidade pública administrativa;
d) os recursos de actos administrativos dos concessionários; e) os recursos de actos administrativos de associações públicas; f) as acções para obter o reconhecimento de um direito ou interesse
legalmente protegido;
g) as acções relativas a contratos administrativos e ainda quanto à responsabilidade das partes pelo seu incumprimento;
h) as acções sobre a responsabilidade civil do Estado, de quaisquer outras entidades públicas e dos titulares dos seus órgãos e agentes por
prejuízo derivado de actos de gestão pública, incluindo-se as acções de
regresso;
i) os pedidos de suspensão da eficácia dos actos referidos nas alíneas anteriores;
j) os pedidos de execução das suas decisões e, ainda, dos acórdãos proferidos pelo plenário, na parte aplicável;
k) os pedidos relativos à produção antecipada de prova; l) os pedidos de intimação a autoridade administrativa para facultar a
consulta de documentos ou processos e passar certidões, com a
finalidade de permitir aos requerentes o uso de meios administrativos
ou contenciosos;
m) os pedidos de intimação a particular ou a concessionário para adoptar ou se abster de determinada conduta, com a finalidade de assegurar o
cumprimento de normas de direito administrativo;
n) outros recursos e pedidos que lhe forem confiados por lei.
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12. No que toca ao Contencioso Fiscal e Aduaneiro, em segunda instância, compete conhecer:
a) os recursos dos actos de quaisquer autoridades, respeitantes a questões fiscais ou aduaneiras;
b) os pedidos relativos à execução dos seus acórdãos; c) os pedidos de produção antecipada de prova; d) a suspensabilidade da eficácia dos actos referidos na alínea a), desde
que seja prestada caução;
e) os recursos interpostos dos tribunais fiscais e aduaneiros de primeira instância;
f) as demais matérias atribuídas por lei.
13. No que respeita à fiscalização da legalidade das despesas públicas e do visto (3ª Secção), compete ao Tribunal Administrativo: emitir o Relatório
e Parecer sobre a Conta Geral do Estado; fiscalizar previamente a
legalidade e a cobertura orçamental dos actos e contratos sujeitos à sua
jurisdição; fiscalizar, sucessiva e concomitantemente, a aplicação dos
dinheiros públicos e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros obtidos
no estrangeiro, nomeadamente de empréstimos, subsídios, avales e
donativos.
14. Estão sujeitas a julgamento das despesas públicas as seguintes entidades2:
a) O Estado e todos os seus serviços; b) Os serviços e organismos autónomos; c) Os órgãos locais representativos do Estado; d) As autarquias locais; e) As empresas públicas e as sociedades de capitais exclusiva ou
maioritariamente públicos;
f) Os exactores, tesoureiros, recebedores, pagadores e mais responsáveis pela guarda ou administração de dinheiros públicos;
g) Os responsáveis por contas relativas a material ou equipamento e quaisquer entidades que giram ou beneficiem de receitas ou
financiamentos provenientes de organismos internacionais ou de
entidades referidas nas alíneas anteriores, ou obtidos com a intervenção
destas, consubstanciados nomeadamente em subsídios, empréstimos ou
avales;
h) Os conselhos administrativos ou comissões administrativas; i) Os administradores, gestores ou responsáveis por dinheiros públicos ou
outros activos do Estado, seja qual for a sua designação, bem como
pelos fundos provenientes do exterior sob forma de empréstimos,
subsídios, donativos ou outra;
j) As entidades a quem forem adjudicados, por qualquer forma, fundos do Estado;
k) Outras entidades ou organismos determinados pela lei.
2 Estas entidades são hoje em número aproximado de 800.
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15. As actividades do Tribunal Administrativo, na sequência do imperativo constitucional, são, também, reguladas pelos seguintes diplomas:
a) A Lei n.º 5/92, de 6 de Maio, que constitui a Lei Orgânica do Tribunal Administrativo
b) O Decreto n.º 45/2005, de 22 de Novembro, que é relativo à aprovação do quadro de pessoal do Tribunal
3;
c) O Decreto n.º 28/96, de 9 de Julho, que actualiza a Tabela de Custas; d) O Decreto n.º 29/96, de 9 de Julho, que regulamenta a aplicação da
Tabela de Custas;
e) A Lei n.º 13/97, de 10 de Julho, que estabelece o regime jurídico da fiscalização prévia das despesas públicas.
f) A Lei n.º 14/97, de 10 de Julho, que define o regime jurídico da fiscalização sucessiva das despesas públicas e, ainda, as normas
relativas à elaboração do Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do
Estado;
g) A Lei n.º 16/97, de 10 de Julho, que define a organização, o funcionamento e o processo atinente à Terceira Secção do Tribunal
Administrativo, enquanto órgão de controlo externo e independente do
controlo financeiro das despesas públicas;
h) Instruções de Execução obrigatória do Tribunal Administrativo; i) Os diplomas que aprovam os qualificadores profissionais; j) Decreto nº 33.531, de 21 de Fevereiro de 1944 – Contencioso Fiscal e
Aduaneiro;
k) Diploma Legislativo nº 783, de 18 de Abril de 1942; l) A Lei n.º 9/2001, de 7 de Julho, que constitui a regulação do Processo
Administrativo Contencioso e estabelece as normas para o
funcionamento do Contencioso Administrativo;
m) A Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE) ;
n) Decreto n.º 54/2005, de 13 de Dezembro, que aprova o Regulamento de Aquisicoes;
o) Regimento do Tribunal Administrativo.
16. Cada secção é constituída por três Juízes, sendo presidida pelo seu titular. O Plenário é formado pelo Presidente do TA e pelos juízes do Tribunal,
cabendo ao Presidente voto de qualidade. Quanto à investidura do
Presidente, é nomeado pelo Presidente da República, sob proposta do
Conselho Superior de Magistratura Judicial e ratificada pela Assembleia
da República. O cargo de Presidente é exercido por cinco anos, renováveis.
Relacionamento institucional
17. Em termos funcionais, o Tribunal é independente de quaisquer outros órgãos do Estado.
3 Este decreto revoga o Decreto n.º 2/96, de 18 de Junho.
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
17
18. O Presidente assegura as relações do Tribunal com os demais órgãos de soberania e autoridades públicas
4.
19. Relativamente à fiscalização das despesas públicas, este aspecto constitui um factor muito importante para o exercício das funções do Tribunal
Administrativo, como Instituição Suprema de Controlo (ISC),
propiciando um juízo externo e independente sobre a aplicação dos
recursos públicos pelo Poder Executivo, e não só.
20. Todas as entidades públicas ou privadas são obrigadas a fornecer, com toda a urgência e de preferência a qualquer outro serviço, as informações
e processos que lhes forem pedidos.
21. A Terceira Secção do Tribunal pode determinar a requisição de serviços de inspecção e auditoria aos órgãos de controlo financeiro interno e, bem
assim, a contratação de empresas especializadas, com esse mesmo
objectivo5.
22. As entidades públicas devem comunicar à Terceira Secção as irregularidades de que tomem conhecimento no exercício das suas
funções, sempre que a apreciação das mesmas se insira no domínio das
atribuições e competências da Terceira Secção do Tribunal6.
23. As relações entre o Tribunal Administrativo e a Assembleia da República estão previstas no n.º 2, do artigo 3, da Lei n.º 14/97, que
determina que o Relatório e o Parecer do Tribunal Administrativo sobre
a Conta Geral do Estado devem ser enviados à Assembleia da República.
24. A Lei n.º 9/2002, de 12 Fevereiro, estabelecendo os princípios básicos que norteiam a elaboração, gestão, execução, controlo e fiscalização do
OE e CGE, fixa a relação entre o Tribunal Administrativo e o
Parlamento: “O Relatório e o Parecer do Tribunal Administrativo sobre a
Conta Geral do Estado devem ser enviados à Assembleia da República
até ao dia 30 de Novembro do ano seguinte àquele que a Conta Geral do
Estado respeite ”7.
25. No que tange ao Executivo, o Ministério da Justiça apresenta propostas ao Conselho de Ministros, quanto à legislação pertinente ao Tribunal.
26. É de competência complementar do Tribunal, de acordo com o art.º 11, alíneas b) e c), do Regimento da Terceira Secção, emitir e publicar, com
carácter imperativo, as instruções indispensáveis ao exercício da sua
competência, nomeadamente no referente ao modo como as contas e os
processos devem ser submetidos à sua apreciação, propor as medidas
4 Artigo 20, n.º 1, alínea a) da Lei n.º 5/92, de 5 de Maio 5 Artigo 3, n.º 2 do Regimento do Tribunal Administrativo (Lei n.º 16/97, de 17 de Julho) 6 Artigo 3, n.º 3 do Regimento do Tribunal Administrativo (Lei n.º 16/97, de 17 de Julho) 7 Artigo 50, n.º 2 da Lei n.º 9/2002
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
18
legislativas e administrativas que julgue necessárias, nesta área específica,
e intervir nos processos legislativos respeitantes à mesma.
27. Acresce o facto de a competência administrativa – normativa relacionada com os órgãos de jurisdição constantes da Lei n.º 5/92, de 6 de Maio, ser
exercida pelo Conselho de Ministros, sob proposta do Ministro da Justiça,
incluindo-se, aqui, a competência para a criação ou extinção das Secções.
28. Por sua vez, o Ministério Público representa o Estado junto dos tribunais. A Lei Orgânica do Tribunal Administrativo (Lei n.º 5/92
8) prevê nos
seguintes termos as funções do Ministério Público: “O Ministério Público
representa o Estado nas acções em que for parte, e nos termos da
legislação processual administrativa; cabe ainda ao Ministério Público
representar ou defender os interesses de outras pessoas definidas pela lei”.
29. No Plenário, o Ministério Público é representado pelo Procurador-Geral da República e, nas Secções, por Procuradores-Gerais Adjuntos.
30. As relações entre o Tribunal, a Inspecção Geral de Finanças e outras instituições de controlo encontram-se previstas no Regimento da Terceira
Secção do Tribunal Administrativo – Lei n.º 16/97, de 10 de Julho, Artigo
3, n.º 2 (a Terceira Secção do Tribunal pode determinar a requisição de
serviços de inspecção e auditoria aos órgãos de controlo financeiro
interno…) e n.º 3, artigo 3 (as entidades públicas devem comunicar à
Terceira Secção do Tribunal as irregularidades de que tomem
conhecimento no exercício das suas funções…).
31. Os órgãos de controlo interno têm o dever de colaboração com o Tribunal. A lei sobre finanças autárquicas (Lei n.º 11/97, de 31 de Maio) determina
esta mesma obrigatoriedade às autarquias. No domínio das autarquias
locais, a lei estabelece que o envio das contas destes entes ao Tribunal
Administrativo deve ter lugar com o conhecimento do órgão de tutela
(Ministro das Finanças), através da Inspecção Geral de Finanças, que
elabora um relatório a ser enviado ao Tribunal Administrativo.
32. A cooperação com os órgãos de controlo interno permite a complementaridade de análise dos dados, sem prejuízo do exercício pelo
Tribunal de um controlo autónomo, selectivo e global, competindo-lhe,
ainda, como órgão de controlo externo, avaliar a eficácia dos órgãos de
controlo interno.
8 Artigo 34.
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
19
Desenvolvimentos anteriores
33. Os desenvolvimentos anteriores ocorridos no Tribunal Administrativo, relacionados com a capacitação institucional, estão intrinsecamente ligados
aos projectos, planos e outras acções desencadeadas nos últimos treze
anos. A Direcção do Tribunal Administrativo, visando o cumprimento
cabal das atribuições e competências acometidas a esta instituição,
delineou, em 1998, um conjunto de acções que culminaram, nos anos
seguintes, na implementação de planos e projectos de desenvolvimento
institucional.
34. Antes, porém, várias acções de formação e capacitação dos magistrados do Tribunal Administrativo nas áreas do Contencioso Administrativo tiveram
lugar a partir de 1996, tendo se consubstanciado em estágios e programas
de cooperação em várias instituições parceiras do Tribunal Administrativo,
como sejam o Tribunal de Apelação de Marselha, o Supremo Tribunal
Administrativo de Portugal, de entre outras.
35. Em 2005, foi assinado um Memorando de Entendimento entre o Tribunal Administrativo, a AFROSAI-E, a ASDI e o SNAO.
36. Em 2006, foi elaborado o Plano Corporativo 2007-2010 do Tribunal Administrativo, que se enquadra num conjunto de esforços empreendidos
pela AFROSAI-E na capacitação institucional das Instituições Supremas
de Controlo nela filiadas. Ainda neste ano, com o apoio do Programa de
Planificação e Finanças Descentralizadas (PPFD), deu-se início às
auditorias aos distritos e foi realizado o Diagnóstico Institucional do TA e,
em sequência, o Projecto Executivo de Aperfeiçoamento Institucional para
a Desconcentração do Tribunal Administrativo – 3ª Secção. No sentido de
reforçar a capacidade do TA no âmbito da Descentralização /
Desconcentração, foi assinado o Convénio com o Tribunal de Contas do
Estado de Pernambuco – Brasil. Também, neste ano, procedeu-se à auto-
avaliação dos sistemas e tecnologias de informação do Tribunal, com o
apoio da Holanda e AFROSAI-E.
37. Em 2007, foi assinado um Memorando de Entendimento com a Holanda, Suécia, Alemanha e Finlândia e constituído o Fundo Comum para apoio à
implementação do PLACOR. Como contribuição adicional ao reforço da
capacidade institucional do Tribunal, iniciou-se, em 2008, o apoio da GTZ
a esta instituição.
38. Um estudo previamente elaborado resultou na necessidade de se desenhar um plano estratégico de desenvolvimento da Terceira Secção que
conheceu as seguintes fases: fase da formulação, que teve lugar entre
Novembro de 1999 e Outubro de 2000; fase de execução subdividida em
primeira sub-fase (arranque do Projecto), de Novembro de 2000 até ao fim
de Junho de 2001 e de execução plena do projecto (capacitação), de Julho
de 2001 a Dezembro de 2003, a qual foi, subsequentemente, prolongada
até Dezembro de 2004. Estas constituem, no seu conjunto, a Primeira Fase
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
20
do Projecto de Auditoria - de capacitação institucional. A Segunda Fase,
2005-2006, é considerada como sendo de transferência de competências
a grupos-alvo previamente identificados.
39. Resumidamente, o Tribunal Administrativo registou os seguintes e principais resultados:
a) Cresceu o número de processos julgados na 1ª Secção de 28, em 2003, para 152, em 2007;
b) Cresceu o número de processos julgados na 2ª Secção de 3, em 2003, para 45, em 2007;
c) Foram realizadas acções de capacitação aos Juízes Conselheiros da 1ª e 2ª Secções;
d) A instituição emitiu Relatórios e Pareceres relativos às Contas Gerais do Estado de 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006 e
entregou-os à Assembleia da República dentro dos prazos fixados por
lei.;
e) De 2000 à 2005 cresceu significativamente o número de contas submetidas pelas instituições sob a jurisdição do Tribunal
Administrativo, de 26 para 462, enquanto que, de 2006 a 2007, o
número decresceu para 406 e 407, respectivamente;
f) Cresceu a sensibilidade dos gestores públicos quanto à obrigação de prestação de contas. Contribuíram para esta melhoria as acções de
formação dirigidas a quadros de várias instituições públicas
relativamente às Instruções de Execução Obrigatória do Tribunal
Administrativo;
g) O número de contratos administrativos não relativos a pessoal (contratos de empreitada de obras públicas, de concessão, de prestação
de serviços e outros) submetidos ao Tribunal Administrativo para
Visto aumentou consideravelmente;
h) Melhoraram as condições de trabalho, através de aquisição de novos espaços físicos, embora estejam aquém de satisfazer as necessidades de
crescimento do Tribunal a curto prazo;
i) Realizaram-se várias auditorias financeiras e a contratos, a nível central e regional;
j) Criou-se o Departamento de Recursos Humanos e Formação, tendo sido estabelecidos procedimentos para a gestão de pessoal e da
formação, o Departamento de Planificação e Controlo Interno, o
Departamento de Comunicação e Imagem, o Departamento de
Cooperação, o Departamento de Informática, o Departamento de
Documentação, Biblioteca e Arquivo e a Unidade Gestora e Executora
de Aquisições;
k) Foram desenvolvidas linhas de orientação para o recrutamento de funcionários;
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
21
l) Foram elaborados perfis profissionais e avançados pontos de referência para um sistema de avaliação de desempenho, avaliação da formação
em sala e em serviço;
m) Durante esse período, o Governo de Moçambique aprovou o aumento salarial para a carreira específica da Terceira Secção, visando a
retenção de pessoal;
n) Cresceu, substancialmente, o parque informático; o) Os vários sectores de trabalho foram ligados em rede; p) Foram criadas as páginas da Intranet e Internet; q) Foram fortalecidas a comunicação interna e a cultura organizacional; r) Consolidou-se uma clara divisão dos papéis e responsabilidades entre
os serviços de apoio do Tribunal Administrativo, criando-se novos
departamentos, tais como os de Informática, Cooperação,
Comunicação e Imagem, Documentação, Biblioteca e Arquivo,
Planificação e Controlo Interno e Unidade Gestora Executora de
Aquisições;
s) Foi criada a figura de Assessor de Juiz Conselheiro, definindo-se também as suas funções;
t) Melhoraram os processos de trabalho com o auxílio de tecnologias de informação e manuais de procedimentos;
u) Foram fortalecidas parcerias com diferentes membros da comunidade doadora em Moçambique;
v) Imprimiu-se nova dinâmica de trabalho, com base nos recursos disponíveis;
w) Foi elaborado um projecto de reestruturação do sistema de arquivo; x) Foi realizada uma consultoria sobre a implantação de uma unidade de
informação e documentação;
y) Foram aprovados diversos instrumentos legais, tais como, as Leis n.ºs 13/97, 14/97 e 16/97, de 10 de Julho; Lei 9/2001, de 7 de Julho.
40. Estes principais resultados mostram um quadro de capacitação progressiva do Tribunal Administrativo nas áreas-chave de funcionamento.
41. Sublinhe-se que parte destes resultados decorreu de actividades simultaneamente identificadas no Plano Estratégico Integrado do Sector da
Justiça (2002-2006) e no respectivo Plano Operativo (POPEI),
nomeadamente nos capítulos concernentes ao Tribunal Administrativo.
Situação actual
42. Se considerarmos que os primeiros estágios de desenvolvimento de Instituições Supremas de Controlo são o de implantação e de
consolidação, e que este segundo tem, como desafios centrais, a conquista
da credibilidade em termos da sua capacidade de execução das suas
decisões e a extensão do foco do controlo prévio para o controlo
concomitante, e sobretudo ex post, com o fortalecimento da capacidade de
auditoria, pode-se considerar que o TA encontra-se a consolidar o primeiro
estágio e a iniciar a transição para o segundo.
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
22
43. Neste sentido, a situação actual é descrita como sendo de consolidação das capacidades já adquiridas, concentrando-se a atenção na transferência de
competências, sobretudo o reforço da capacidade: (a) para análise e
emissão do Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado, (b) para a
verificação de contas e auditoria financeira, (c) para a verificação de
contratos e auditorias, (d) do Departamento de Informática, (e) do
Departamento de Recursos Humanos, (f) do Departamento de
Documentação, Biblioteca e Arquivo, (g) do Departamento de
Administração e Finanças, (h) do Departamento de Cooperação, (i) do
Departamento de Planificação e Controlo Interno (para gestão operacional
e da gestão estratégica).
44. Terminado o Projecto de Auditoria em Dezembro de 2006, o apoio a ser concedido consubstancia-se na garantia da continuidade e sustentabilidade
do capital adquirido, através da realização dos imperativos estratégicos e
das respectivas estratégias operacionais definidos pelos seminários de
planificação estratégica.
45. Não obstante, há uma série de problemas (Vide Anexo I. Análise Interna e Externa) que, se não forem considerados e/ou resolvidos, poderão afectar
negativamente o funcionamento da instituição, nomeadamente:
a) A existência de off budgets ao nível das instituições do Estado, que dificulta a fiscalização por parte do TA;
b) A inexistência de mecanismos de comunicação com a sociedade; c) A necessidade do aumento da cobertura das auditorias, com enfoque
nos distritos;
d) A necessidade de recrutamento e capacitação técnico-profissional dos auditores, com vista a possibilitar um aumento das acções de auditoria
a serem levadas a cabo nos próximos anos;
e) A necessidade de se garantir a cobertura das despesas decorrentes do aumento de pessoal e do número das auditorias;
f) A revisão dos mecanismos de disponibilização dos fundos atinentes à participação emolumentar para evitar os constrangimentos que se
verificam e que têm tido repercussões negativas no funcionamento do
Tribunal, como um elemento fundamental para incentivar os quadros;
g) O recrutamento de novos quadros, tendo em vista a expansão territorial do Tribunal;
h) A nomeação de novos juízes conselheiros.
Fundamentos para a preparação do Plano Corporativo
46. Partindo da situação acima descrita, os seminários de planificação estratégica, baseando-se numa análise de forças, fraquezas, oportunidades
e ameaças, apontaram, como objectivo central de preparação e
implementação de um plano corporativo, a solução, imediata e a médio
prazo, dos constrangimentos ainda existentes e a potenciação do Tribunal
Administrativo para uma maior capacidade de intervenção futura no
controlo das receitas e despesas públicas, privilegiando-se a execução de
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
23
auditorias que abranjam mais instituições, mais pontos geográficos e,
consequentemente, maior cobertura orçamental.
47. Verifica-se que, numa abordagem sistémica, a prossecução desta potenciação implica a solução de problemas, não somente dos serviços de
apoio técnico (Contadoria da Conta Geral do Estado, Contadoria de Contas
e Auditoria Financeira, Contadoria do Visto, Secretaria e Cartórios das três
Secções), como, também, dos de apoio instrumental (Departamento de
Planificação e Controlo Interno, Departamento de Recursos Humanos,
Departamento de Administração e Finanças, Departamento de Informática,
Departamento de Cooperação, Departamento de Comunicação e Imagem).
48. As análises interna e externa, com a concorrência dos quadros do Tribunal Administrativo e com os das instituições parceiras nacionais e
internacionais, conduziram a resultados pertinentes que se encontram
devidamente reflectidos no Quadro de Fortalecimento Institucional (vide
Anexo II).
49. Este quadro divide-se em duas metas, uma, concernente ao Desenvolvimento Estratégico e a outra, ao Desenvolvimento Profissional.
Cada uma destas desagrega-se em objectivos e imperativos estratégicos a
serem considerados no contexto da capacitação institucional.
50. Na sequência dos progressos alcançados no primeiro ano de implementação do PLACOR, dos resultados do Projecto de Diagnóstico
Institucional e do imperativo de integrar a 1ª e 2ª Secções do Tribunal
neste documento orientador, identificou-se a necessidade de realizar um
exercício de revisão e actualização do mesmo, o qual foi efectivado no
mês de Junho de 2008.
Parte II: Gestão de negócios
Modelo institucional
51. O Tribunal Administrativo exerce a função jurisdicional que consiste em assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, reprimir
a violação da legalidade e dirimir os conflitos de interesses públicos e
privados no âmbito das relações jurídicas administrativas, fiscais e
aduaneiras e, ainda, exercer a fiscalização da legalidade das despesas
públicas e julgar as contas dos exactores e tesoureiros da administração
pública.
52. Relativamente às funções administrativas, fiscais e aduaneiras do Tribunal Administrativo, cabe esclarecer que o Estado, na sua vertente de
Administração Pública, em sentido amplo, pode praticar actos que se
apresentam como violadores das normas jurídicas protectoras dos direitos
e interesses legítimos dos particulares, quer sejam pessoas singulares, quer
pessoas colectivas.
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
24
53. Então, a lei dá a esses particulares meios para a defesa dos seus direitos que, no contencioso administrativo, consistem em usar garantias que são o
recurso contencioso de anulação, as acções administrativas e os meios
processuais acessórios, ou sejam, as medidas cautelares de carácter
urgente, para além da execução das sentenças do próprio Tribunal.
54. Os recursos são meios de defesa dos direitos dos cidadãos e são apresentados junto do Tribunal Administrativo, esgotados que sejam as
chamadas garantias graciosas – recursos – da competência da própria
Administração Pública.
55. As decisões do Tribunal Administrativo podem ter como conteúdos:
- a anulação dos actos recorridos;
- a declaração de nulidade dos actos recorridos;
- a declaração de inexistência jurídica dos actos recorridos; e, finalmente,
- a declaração de manutenção do acto em recurso.
56. As três primeiras situações têm lugar sempre que o acto administrativo se encontre inquinado por determinados vícios ou ilegalidades que
determinam as sanções administrativas designadas por anulabilidade,
nulidade ou inexistência jurídica do próprio acto.
57. Inversamente, se o acto recorrido se mostrar conforme às normas jurídicas aplicáveis, o Tribunal apenas tem uma solução, que é de confirmar esse
acto praticado pelo Estado, por ser um acto que está conforme com a lei,
em sentido amplo.
58. Quanto aos meios processuais acessórios, constituem instrumentos de carácter urgente para serem usados pelos particulares perante o Tribunal
Administrativo, assumindo o carácter do que se pode apelidar de
procedimento cautelar.
59. Entre estes meios contam-se o pedido de suspensão da eficácia dos actos administrativos, o pedido de intimação para informação, consulta de
processo ou passagem de certidão, o pedido de intimação a órgão
administrativo, a particular ou concessionário para adoptar ou abster-se de
determinada conduta e o pedido de produção antecipada de prova.
60. Naturalmente que o recurso contencioso administrativo, como qualquer processo contencioso civil, comercial, criminal, fiscal, aduaneiro, entre
outros, contém diversas fases processuais de modo a garantir os direitos
daqueles que se encontram no processo, designadamente, o recorrente e o
recorrido, ou seja, em termos normais, o particular e o Estado de
Moçambique.
61. Como fases principais do processo, podemos referir a fase da petição, que deve ser convenientemente instruída, nos termos legais, a fase da resposta
ou da chamada impugnação, para a qual são chamados o Estado ou/e os
particulares que são designados por contra-interessados, isto é, as pessoas
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
25
que têm interesses opostos ao autor da petição, a fase de produção de
prova, a fase das alegações, a fase do julgamento e sentença, a fase do
eventual recurso para o Plenário do Tribunal e a necessária fase da
execução da sentença.
62. Quanto ao outro meio de garantia dos particulares que consiste nas chamadas acções administrativas, estas podem abranger três grupos:
- As acções relativas a contratos administrativos;
- As acções sobre a responsabilidade da Administração Pública (Estado)
ou dos titulares dos seus órgãos, funcionários ou agentes por prejuízos
decorrentes de actos de gestão pública;
- As acções para reconhecimento de direitos ou interesses legalmente
protegidos.
63. Também, nesta matéria, encontramos a necessidade de o Tribunal Administrativo dever seguir determinadas fases processuais,
genericamente aproximadas das referenciadas para o recurso contencioso
de anulação, incluindo-se a fase de recursos e a execução das respectivas
sentenças.
64. Quanto ao Contencioso Fiscal, a mais recente legislação versa matérias que são passíveis de recurso contencioso de todo o acto definitivo,
independentemente da forma que assume para a defesa dos direitos e
interesses legalmente protegidos a favor dos particulares, nos termos das
formas de processo constantes da lei.
65. Dentre tais actos, destacam-se a liquidação de tributos, a fixação dos valores patrimoniais, a determinação da matéria colectável, o
indeferimento, expresso ou tácito, total ou parcial, de reclamações,
recursos ou pedidos de revisão de liquidação, a fixação de taxas, a
aplicação de juros, coimas, multas e sanções assessórias em matéria fiscal
e aduaneira, entre outras matérias.
66. Relativamente aos meios processuais, estão legalmente contemplados os recursos, as acções, os procedimentos cautelares, entre outros.
67. Quanto às infracções tributárias, estas apresentam-se como diversas, sendo umas, de natureza criminal e outras, de natureza contravencional ou
transgressional.
68. No que tange ao Contencioso Aduaneiro, para além do que anteriormente foi referido sobre esta categoria de jurisdição, importa acentuar que, neste
ramo do Direito, estão consagradas muitas realidades pertinentes, pela sua
própria natureza, ao Contencioso Administrativo e ao Contencioso Fiscal,
sobressaindo, com autonomia, as infracções aduaneiras que têm cariz
criminal e contravencional.
69. Para o conhecimento de tais infracções, o legislador criou, igualmente, meios processuais diversos e adequados, os quais se encontram rodeados
das garantias favoráveis aos particulares para a defesa dos seus direitos e
interesses legítimos.
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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70. As actividades relativas ao controlo financeiro inserem-se no modelo designado por fiscalização jurisdicional, ou seja, por via de um tribunal. O
Tribunal Administrativo tem natureza colegial e exerce a função de
auditoria e a função jurisdicional de julgamento da responsabilidade
financeira. Privilegia o controlo da legalidade e da regularidade
financeiras, que pode ser exercido a priori, a posteriori e, ainda, em termos
concomitantes.
71. O Tribunal Administrativo, no âmbito do Contencioso Financeiro, segue, assim, um modelo distinto do de Auditor-Geral, órgão singular, com forte
ligação ao Parlamento e com funções exclusivas de auditoria, tendendo a
privilegiar o controlo da boa gestão financeira; difere, também, do modelo
chamado “sistema misto”, resultante da combinação das características dos
sistemas de Tribunal de Contas e de Auditor-Geral.
72. O Tribunal adopta, no que respeita à Terceira Secção, os seguintes tipos de controlo:
a) Fiscalização prévia; b) Fiscalização sucessiva; c) Fiscalização concomitante.
73. Em conformidade com a Lei n.º 13/97, Artigo 1, “a competência do Tribunal Administrativo em matéria de fiscalização prévia da legalidade
das despesas públicas exerce-se através da concessão ou recusa do Visto
nos actos, contratos e mais instrumentos emanados pelo Estado e demais
entidades públicas, traduzindo-se na análise da legalidade e cabimento
financeiro dos mesmos e, relativamente aos contratos, na indagação
também sobre se foram observadas as condições mais favoráveis para o
Estado”.
74. Todavia, o n.º 4 do art. 3 desta mesma lei concede a faculdade ao Tribunal Administrativo de, anualmente, determinar que certos actos sejam isentos
da fiscalização prévia, sem prejuízo da sua submissão ao Tribunal para
fiscalização sucessiva.
75. Como muito bem se salienta no Manual de Auditoria e Procedimentos9, a fiscalização sucessiva é uma actividade que consiste em verificar,
posteriormente à sua realização, se a actividade das entidades sujeitas a
fiscalização se desenvolveu de acordo com as leis em vigor e os objectivos
fixados, podendo-se traduzir em julgamento de contas e auditorias.
9 No âmbito da fiscalização sucessiva, estão sujeitos à prestação de contas os recebedores, tesoureiros, exactores e demais responsáveis pela cobrança, guarda ou administração de dinheiros
públicos, bem como os responsáveis, de direito ou de facto, pela gestão das entidades sujeitas à
jurisdição e controlo financeiros do Tribunal, qualquer que seja o grau da sua autonomia, ainda que
as suas despesas sejam parcial ou totalmente cobertas por receitas próprias ou que, umas e outras,
não constem do Orçamento do Estado (Manual de Auditoria e Procedimentos. Tribunal de Contas
de Portugal, Vol.I.)
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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76. O artigo 10, do Regimento relativo à organização, funcionamento e processo da Terceira Secção do Tribunal Administrativo, que constitui a
Lei n.º 16/97, de 10 de Julho, define, como uma das competências do
Tribunal, no âmbito da Terceira Secção, “fiscalizar sucessiva e
concomitantemente”.
77. A fiscalização concomitante é uma actividade que consiste em verificar, simultaneamente à execução orçamental, a exactidão, a regularidade e a
correcção económico-financeira das operações orçamentais, executadas
por aquelas entidades sujeitas à jurisdição e controlo financeiros do
Tribunal. Traduz-se, em geral, no acompanhamento da execução da
actividade financeira.
78. A realização daqueles tipos de controlo é efectuada mediante as seguintes formas de apreciação das contas:
a) Verificação interna de 1º grau ou preliminar; b) Verificação interna de 2º grau; c) Auditoria; d) Julgamento.
79. A verificação interna de 1º grau traduz-se em verificar se as contas se fazem acompanhar dos documentos exigidos pelas respectivas instruções e
se os mesmos estão escriturados correctamente, a par do exame sumário da
legalidade, regularidade financeira e contabilística das operações e registos
que integram essas contas.
80. A verificação do 2º grau traduz-se na análise dos documentos de despesa e da forma de instrução da conta, na perspectiva não apenas da sua
conformação formal e substancial relativamente às instruções aplicáveis,
mas também da verificação da consistência dos documentos, da correcção
contabilística e da legalidade e regularidade das operações e registos neles
evidenciados, a par da liquidação da conta, da fixação dos emolumentos e
da finalização do respectivo relatório.
81. As auditorias, sejam às contas ou aos projectos, revistam o carácter geral ou sectorial, sejam financeiras propriamente ditas ou sejam de mera
legalidade e regularidade, constituem instrumentos privilegiados de
controlo financeiro, tendo em vista habilitar o Tribunal a emitir juízos
sobre a legalidade substantiva dos actos, com base em critérios de
economia, eficácia e eficiência.
82. O julgamento das contas traduz-se na apreciação da legalidade da actividade das entidades sujeitas à prestação de contas, bem como da
respectiva gestão económico-financeira e patrimonial e no apuramento e
eventual efectivação da inerente responsabilidade financeira.
Tecnologias de informação na gestão de negócios
83. A informatização do Tribunal Administrativo permitirá uma maior eficiência no controlo da tramitação processual dos actos administrativos,
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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fiscais e aduaneiros e da legalidade das despesas públicas, contribuirá para
uma maior eficácia na gestão financeira no aparelho do Estado, ao mesmo
tempo que assegurará uma crescente transparência de contas públicas e
boa governação.
84. Em 2005, as atenções do Sector de Informática estiveram viradas para melhorias do sistema em uso, com adequações pontuais na perspectiva de
corresponder às exigências dos Sectores destinatários das aplicações
(Livro de Porta de Entrada – Secretaria Geral, Visto).
85. Medidas foram oportunamente tomadas para impedir que os técnicos continuassem a cometer erros na exploração das aplicações para a
tramitação processual do Visto. Essas medidas consistiram na alteração
das aplicações com vista a seguir procedimentos sequenciais obrigatórios
na tramitação informatizada dos processos.
86. Na Secretaria Geral, foi introduzido o “Livro de Correspondência”, que veio facilitar o controlo processual. No que diz respeito ao “Registo do
Cadastro dos Funcionários”, começaram a ser inseridos na base de dados
do Ficheiro do Visto de Pessoal (Cadastro), os processos
visados/anotados/recusados. Foram também registados todos os elementos
de identificação dos funcionários, constantes dos processos de novos
ingressos e todos os processos de contratos de pessoal.
87. Estes são exemplos de avanços na informatização do Tribunal Administrativo. Porém, muito trabalho carece, ainda, de ser desenvolvido
nesta área, como provam os diversos factores de risco identificados no
processo de planificação estratégica.
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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Gestão documental no desenvolvimento institucional
88. O sucesso de qualquer organização reside na capacidade de gestão de informação relativa à sua esfera de actuação. No Tribunal Administrativo
o Centro de Documentação, Biblioteca e Arquivo (CDBA) constitui, a par
das diversas áreas, um dos principais elementos da implementação efectiva
do Plano Corporativo, prestando a sua contribuição para a melhor gestão
da informação documentada.
89. O CDBA promove a política de aquisição de documentação, assegura o tratamento material e intelectual da documentação/informação, bem como
os serviços de atendimento às solicitações das áreas, fornece ao utilizador
as informações necessárias ao processo decisório e contribui para a
preservação da memória da instituição.
90. Para melhor corresponder àquelas competências, os funcionários afectos a esta área participaram em diversas acções de capacitação técnico-
profissional, nomeadamente, em matéria de gestão da biblioteca,
catalogação e indexação dos documentos, gestão de arquivo do TA,
classificação dos arquivos sectoriais, transferência de documentos do
arquivo corrente para o arquivo intermédio, etc.
91. Em 2003, desenvolveu-se um projecto de reestruturação do sistema de arquivo. Nesse âmbito, foram elaborados um manual de arquivo, um plano
de classificação de documentos para arquivo, uma tabela de temporalidade
para a gestão do arquivo encontrando-se, ainda, em elaboração o
regulamento do arquivo.
92. Em 2005, uma consultoria avançou a proposta sobre a reestruturação do sistema de gestão da biblioteca e incremento da capacidade de pesquisa
técnica para a criação de uma unidade de informação e documentação, de
base única de dados.
93. A demanda dos sectores, que tem vindo a crescer nos últimos anos, decorrente do crescimento dos mesmos e do aumento de pessoal, tem
resultado numa aparente fraca capacidade de resposta desta área,
especialmente em informação técnica.
94. No âmbito da implementação do PLACOR, poderá, assim, desenvolver-se uma série de acções que concorram para a adequação do sistema de gestão
documental e arquivo às necessidades de crescimento institucional. Maior
enfoque, em termos do acervo bibliotecário, poderá ser dado à informação
técnica relativa à auditoria financeira e outras, à planificação, ao
contencioso administrativo, fiscal e aduaneiro.
95. Importantes acções a serem desencadeadas poderão ser, mormente, a implementação do manual do arquivo, o desenvolvimento de aplicações
informáticas de gestão bibliotecária e arquivística, desenho de um manual
de procedimentos para o sector e revisão do regulamento da biblioteca.
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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Estrutura do Tribunal Administrativo e serviços de apoio
96. O Tribunal Administrativo funciona em Plenário, em Secções e em Subsecções. O Plenário é constituído pelo Presidente do Tribunal e por
todos os Juízes em exercício. A distribuição dos processos é feita por todos
os Juízes, incluindo o Presidente, no exercício de funções jurisdicionais,
com excepção do relator do acórdão impugnado. O Plenário é presidido
pelo Presidente do Tribunal Administrativo, funcionando como instância
última, com a presença de metade mais um dos juízes em efectividade de
funções. O Ministério Público é representado, no Plenário, pelo
Procurador-Geral da República e, nas Secções, pelos Procuradores-Gerais
Adjuntos designados pelo Procurador-Geral da República.
97. No que tange aos serviços de apoio, supervisados pelo Secretário-Geral, o Tribunal Administrativo dispõe de:
a) Cartório da Primeira Secção (Contencioso Administrativo); b) Cartório da Segunda Secção (Contencioso Fiscal e Aduaneiro); c) Cartório da Terceira Secção (Contencioso Financeiro); d) Contadoria da Conta Geral do Estado; e) Contadoria de Contas e Auditoria Financeira; f) Contadoria do Visto; g) Departamento de Planificação e Controlo Interno; h) Departamento de Comunicação e Imagem; i) Departamento de Cooperação; j) Departamento de Administração e Finanças; k) Departamento de Recursos Humanos; l) Departamento de Informática; m) Departamento de Documentação, Biblioteca e Arquivo; n) Unidade Gestora e Executora de Aquisições; o) Secretaria Geral.
Financiamento
98. À semelhança de todas as instituições públicas, o TA é financiado pelo OE, que é aprovado pela Assembleia da República, sendo os limites
orçamentais estabelecidos pelo Governo.
Análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT analysis)
99. Nos seminários I, II e III de planificação estratégica, realizados entre Fevereiro e Maio de 2006, foram analisados e sistematizados aspectos de
impacto directo sobre o funcionamento e desenvolvimento do TA, como,
por exemplo, recursos financeiros, aspectos políticos e legais,
tecnológicos, de parceiros ou beneficiários dos serviços do TA, de
concorrência, de tendências do mercado, aspectos económicos,
sócioculturais, etc. No que concerne especificamente ao terceiro
seminário, há a destacar terem sido avançados mais imperativos
estratégicos, questões-chave e factores de risco, que foram alinhados e
priorizados, considerando os inputs dos seminários anteriores. Igualmente,
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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procedeu-se à análise comparativa da situação actual em relação àquela
que prevalecia no ano de 2000 (Vide Anexo VI Quadro lógico de 2000).
100. Adicionalmente aos três Seminários de elaboração do PLACOR, anteriormente referidos, realizou-se, de 2 a 6 de Junho de 2008, o
Seminário de Revisão do PLACOR, em que se incorporaram, neste
documento, aspectos inerentes à Primeira e Segunda Secções, com recurso
à análise SWOT.
101. São considerados pontos fortes do TA, em termos dos recursos financeiros e económicos, a existência do orçamento de funcionamento e a prestação
do apoio financeiro a esta instituição pelos parceiros internacionais.
Porém, estes recursos continuam exíguos, não correspondendo às
necessidades do seu crescimento. Ademais, a não disponibilização
atempada de fundos do OE para a realização das actividades planificadas e
a existência de off budgets nas instituições do Estado têm afectado as
acções de fiscalização do TA. Torna-se necessário actualizar o diagnóstico
instituicional, já realizado, para quantificar as reais necessidades
financeiras do TA, tendo em conta a revisão do PLACOR e os processos
de descentralização e desconcentração.
102. Relativamente aos aspectos político-legais, há abertura do Governo para a introdução da reforma legislativa com vista à melhoria do ordenamento
jurídico institucional do TA, é visível o efeito preventivo geral da actuação
desta instituição sobre a gestão dos fundos públicos, o papel que
desempenha para a boa governação. Assim, há um quadro constitucional e
legal favorável ao desenvolvimento e expansão do TA, estabilidade
política, reforma do sector público em curso (por exemplo, um dos seus
indicadores é a implementação da Lei do SISTAFE). Em contrapartida,
denota-se, ainda, baixo nível salarial em comparação com o dos auditores
de outras instituições do Estado, falta de autonomia financeira,
inexistência de uma lei específica de responsabilização financeira e
coexistência de dois sistemas de gestão financeira (manual e informático).
O Tribunal carece, ainda, de aprovação de leis e regulamentos específicos
necessários ao seu desenvolvimento, bem assim da actualização de
legislação referente aos Contensiosos Administrativo, Fiscal, Aduaneiro e
Financeiro.
103. No que tange à estrutura organizacional, constata-se que ela mostra-se desajustada e carece de ser alinhada às necessidades actuais e aos desafios
futuros. A título de exemplo, as estruturas dos cartórios encontram-se
desajustadas, há a necessidade de institucionalizar o gabinete de
desenvolvimento estratégico, técnico e institucional. Há uma clara
definição de competências, responsabilidades e definição de poderes,
assim como a realização de múltiplas tarefas por limitado número de
técnicos. No entanto, a carreira profissional de contador-verificador
continua desajustada às necessidades de desenvolvimento organizacional
da instituição, verifica-se a falta de enquadramento da maioria dos técnicos
dos cartórios, nas carreiras profissionais dos oficiais de justiça, não
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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existem planos de desenvolvimento organizacional aprovados, os recursos
para a implementação do plano de infra-estruturas são insuficientes, não
existe regulamentação sobre o funcionamento dos serviços de apoio e
alguns sectores não têm documentadas as suas competências.
104. Ao se avaliar a problemática de pessoal, sublinhou-se o seguinte: insuficiência de incentivos para os funcionários; fosso salarial entre o
pessoal do regime geral e do regime diferenciado; reduzido número de
quadros devidamente qualificados e com experiência para o desempenho
das tarefas; insuficiente experiência do pessoal técnico na comunicação
com os destinatários; baixo nível salarial aplicado à carreira de contador-
verificador técnico; ausência de subsídio de risco de auditoria; diferenças
salariais significativas entre funcionários da Terceira Secção em relação às
demais Secções (1.ª e 2.ª) e às áreas de apoio. Os grandes avanços
relacionam-se com a tendência positiva do equilíbrio do género na
instituição, experiência-piloto do sistema de avaliação de desempenho e de
potencial para a Terceira Secção, formação e capacitação crescente
técnico-profissional do pessoal.
105. Quanto aos sistemas, é visível o impacto positivo que a informatização criou na tramitação processual do Visto, embora não exista ainda um plano
director de sistemas e tecnologias de informação. O TA continua a
debater-se com a baixa capacidade de planificação e monitoria das
actividades e com a falta de normas internas de regulação dos sistemas.
106. Apesar do Tribunal Administrativo conhecer, nos últimos tempos, desenvolvimentos significativos na aplicação da informática na gestão dos
seus negócios, socorrendo-se das ferramentas e aplicações disponibilizadas
pelo mercado, ressente-se da falta de aplicações correspondentes às
especificidades de algumas das suas actividades e do não uso de sinergias
interinstitucionais no acompanhamento dos avanços tecnológicos.
107. O estilo de liderança é considerado do tipo participativo, o que se tem consubstanciado por realização de reuniões periódicas de
planificação/balanço/coordenação intersectorial e encontros de trabalho
entre chefias e o pessoal a vários níveis. Existe a necessidade de uma
contínua formação em técnicas de liderança para gestores operacionais e
coordenadores.
108. O facto de a localização geográfica do Tribunal Administrativo ser, apenas, na capital do País, tem acarretado consigo problemas relacionados
com a prestação de serviços ao cidadão, apesar de constituir um aspecto
forte, na medida em que a instituição se encontra perto dos órgãos centrais
do poder. Mas, a exiguidade do espaço físico não corresponde às suas
necessidades. Estando, hoje, o TA a funcionar em três edifícios separados,
se agudizam problemas de gestão financeira, administrativa, de
racionalização de recursos materiais e outros. É necessário quantificar as
necessidades futuras em termos de equipamentos, infra-estrutura e
recursos humanos, tendo em vista a ampliação das actividades do TA.
109. No quadro social, cultural e da imagem da instituição, defende-se estar-se a criar uma opinião pública favorável, embora a disseminação dos actos do
PLACOR (Revisto de Maio a Julho de 2008)
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TA seja insuficiente e as suas decisões cheguem tarde aos destinatários. A
entrega do RPCGE é feita dentro dos prazos definidos por lei.
110. Os destinatários dos actos do TA apontam a melhoria que se registou na articulação entre o TA, o Parlamento, a Administração Publica e outras
entidades, mas muito trabalho deve ainda ser feito neste âmbito. Cresce o
número das instituições auditadas, mas continua limitada a capacidade
para a cobertura do universo dos destinatários a auditar. Também, há
necessidade de melhorar as constatações e recomendações do RPCGE.
111. Nota-se, pois, que é crescente a procura de serviços do TA, o que constitui tendência positiva do mercado que se torna cada vez mais
exigente quanto à qualidade e celeridade dos serviços.
112. No que toca à comunicação, há a referir que não existe uma estratégia de comunicação interna e externa. Actualmente, a comunicação é realizada
através de um sistema de Internet e Intranet em funcionamento nos três
edifícios onde está o TA; foi, para o efeito, criada a área de
Comunicação e Imagem.
113. Relativamente à metodologia e procedimentos, o TA, no âmbito das auditorias, segue os padrões, normas de auditoria e código de ética da
INTOSAI; existem o Manual de Auditoria (AFROSAI-E) e o Manual de
Procedimentos (CCGE, DRH). No entanto, não existe o Manual de
Auditoria adaptado ao ordenamento jurídico moçambicano, faltam
manuais de procedimentos em alguns sectores e carece-se, ainda, de
aprovação de determinados mecanismos (ex: regulamentos) para o
funcionamento normal dos serviços.
114. Continua a verificar-se o atraso na publicação10, no BR, do Relatório e Parecer sobre a CGE e de outras decisões (acórdãos) do TA; o
incumprimento da legislação financeira vigente pela maior parte dos
clientes; a deficiente instrução dos processos submetidos ao TA; a fraca
coordenação com a maioria dos parceiros nacionais; a insuficiente
informação dos nossos parceiros sobre as decisões do TA (acórdãos); fraco
envolvimento do TA no processo de implementação da Reforma do Sector
Financeiro (SISTAFE).
115. Não obstante, há registo de abertura do Governo quanto às necessidades de desenvolvimento do TA e quanto à expansão do mesmo; encorajamento ao
contínuo esforço de capacitação; existência de um programa de Governo
que aponta para a valorização e promoção da cultura de prestação de
contas, combate à corrupção e burocratismo; implementação do SISTAFE
e abertura para a integração do TA neste novo processo; clareza do
Governo quanto as atribuições e competências do TA e expectativa no que
se refere ao aprimoramento da qualidade de trabalho na fiscalização da
legalidade e cobertura orçamental dos actos, contratos e dinheiros
10 Não obstante, o Tribunal Administrativo tem, sistematicamente, publicado os acórdãos na
página da internet do TA, cujo endereço é: www.ta.gov.mz
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públicos, quer sejam nacionais, quer sejam provenientes de avales,
subsídios e donativos.
116. Refira-se, também, a existência de um novo regime jurídico de procurement, que consagra, entre outros, a existência de unidade funcional
de supervisão de aquisições, a abertura do Governo para, em parcer