Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela · semana, atingindo os 38,5ºC perto...

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Jornal da Associação P Jornal da Associação P ortuguesa do Cão da Serra da Estrela ortuguesa do Cão da Serra da Estrela Setembro – 2003 N.º 4 Neste número: 2 Editorial 3 Ataques de Cães 4 Síndrome da Morte Neonatal Os Nossos Cães 5 Cão da Serra da Estrela Além-Fronteiras: Exposição Mundial Canina 2003 6 Osteoartrite 8 Cães de Pastor 10 Se o meu cão falasse • 11 Monográfica da Suécia • Especial do Cão da Serra da Estrela. PATROCINADOR OFICIAL DA APSCE NUTRAGOLD ®

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OO C ã oC ã oJ o r n a l d a A s s o c i a ç ã o PJ o r n a l d a A s s o c i a ç ã o P o r t u g u e s a d o C ã o d a S e r r a d a E s t r e l ao r t u g u e s a d o C ã o d a S e r r a d a E s t r e l aSetembro – 2003 N.º 4

Neste número:• 2 Editorial • 3 Ataques de Cães • 4 Síndrome da Morte Neonatal • OsNossos Cães • 5 Cão da Serra da Estrela Além-Fronteiras: ExposiçãoMundial Canina 2003 • 6 Osteoartrite • 8 Cães de Pastor • 10 Se o meu cãofalasse • 11 Monográfica da Suécia • Especial do Cão da Serra da Estrela.

3PATROCINADOR OFICIAL DA APSCE

NUTRAGOLD®

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Amigos

É com imenso pra-zer que volto a escre-ver este editorial,porque isso provaque o nosso jornalestá vivo e com per-

nas para andar.

Após 6 meses da sua reedição aqui está on.º 4.

Alegra-me o facto de alguns sócios teremconfiado neste projecto, e terem colaboradoneste número, mostra-nos que estamos nobom caminho, que a APCSE está dinâmicae os seus sócios interessados nas actividadesdesenvolvidas.

Gostava de salientar que só com sóciosinteressados e intervenientes, qualquerorganismo associativo consegue sobreviver,porque uma Associação é de todos os seusmembros associados e não apenas dos seusdirigentes. Por isso não me canso de apelarà vossa colaboração.

Quando este número d’OCão sair, estare-mos a realizar a XIII Monográfica da Raça,que desejo seja uma grande festa para todosos amantes do “Serra da Estrela”, esquecen-do um pouco o espírito competitivo da provae saboreando o facto de tantos aficionadosestarem reunidos trocando ideias e cultivan-do experiências mútuas, que tão necessáriassão para a evolução de qualquer criador.

Um abraço.Rui Rosa

Editor ia l

PROPRIEDADE

Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela

Estrada Nacional, 37 Boavista2560-426 SILVEIRA

Tel./Fax: 261 933 278TM: 937 771 986www.apcse.com

[email protected]

DIRECÇÃO

Rui RosaJoão Costa

José Almeida

CORPO REDACTORIAL

Paula ReisHelena Martins

Fátima CalamoteJoão Costa

José AlmeidaRui Rosa

Marco Lopes

COLABORADORESDESTE NÚMERO

Rui RosaParada Monteiro

João SimõesMário Santos

Helena Martins e João CostaMário GinjaDamas Mora

João Vasco PoçasJosé Almeida

«Max»

GRAFISMO E PAGINAÇÃO

Abertino [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Casual GráficaRAMADA-ODIVELAS

TIRAGEM

20 500 exemplares

FOTO DA CAPA

Cão da Serra da Estrela em trabalho – USA

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Os artigos publicados são da exclusiva responsa-bilidade dos seus autores

Cão de Água Português

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Campeão

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Criadora: Ana Vitória RuivoProprietária: Mercedes Geraldes

– Afixo Monte do Catula –Quinta do RosalEstrada de Mem-Martins, 2402725-383 MEM-MARTINS

Tel. 934 586 [email protected]

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 4 3

Um assunto de que muito se fala, na actuali-dade, é o ataque de cães a pessoas. A suaimportância é tal que, em diversos países,

tenta-se, através de legislação específica, condicio-nar e dificultar a posse de animais de raças consi-deradas agressivas.

Mas, de facto, o que é que se passa, para tan-tas notícias, de ataques caninos, virem a lume?

Para se entenderem esses comportamentos,parece-me necessário não esquecer que o cãodoméstico (Canis familiaris) é, na sua essência, umcarnívoro de matilha territorial.

O cão, quando vive em matilha, está sujeito auma dinâmica grupal, bem estruturada e definida,de enorme e vital importância para a obtenção daalimentação (na elaboração de tácticas e de técni-cas de caça), para a defesa do seu território (noataque a intrusos), para a propagação da espécie(no afastamento dos menos aptos) e para a pro-tecção dos jovens (no afugentar os seus predado-res).

Quando nasce, um cachorro traz consigo apredisposição inata para viver a sua vida em asso-ciação cooperativa com outros indivíduos damesma espécie, isto é, integrado numa matilha, enum espaço mais ou menos delimitado – o seuterritório.

Como esta forma de viver lhe é vedada, pelavontade humana, e ele é forçado a co-habitar nasociedade dos homens, a sua grande facilidade deadaptação permite-lhe transferir o espírito de coo-peração, que teria na matilha, para o agrupamentofamiliar com quem vive e a noção do espaço terri-torial fá-lo identificar como seu o que é dos seusproprietários – a casa, o quintal ou quinta, o auto-móvel, o barco, etc.

O animal considera a família humana, comquem vive, a sua matilha e está pronto a cooperarcom ela, a defender o que considera seu territórioe a acatar e a cumprir as ordens que dela recebe eque foi condicionado (pelo ensino, pelo adestra-mento) a entender. Também aqui se nota umadinâmica grupal hierarquizada – o cão reconhece,perfeitamente, os donos como líderes e respeita-ose obedece-lhes ou, caso contrário, tenta impor-se--lhes.

Em suma, poderemos dizer que o cão, aindaque não esteja inserido numa vida social intra-específica, continua a ter os mesmos comporta-mentos de interajuda e de posse territorial e, con-sequentemente, de defesa e de ataque que teria, sena matilha vivesse. E é assim, e por isso, que, porvezes, as pessoas são vítimas dos seus ataques.

Eles podem ter como alvos os seus proprietá-rios (ou quem de perto com eles lida) ou pessoasque lhes são estranhas.

Note-se que os ataques levados a cabo contraconhecidos ou desconhecidos acontecem em cir-cunstâncias completamente diferentes.

As pessoas que convivem habitualmente comos canídeos são por eles reconhecidas como mem-bros da sua “matilha”, mas podem sofrer os seus

ataques quando: lhes mexem na comida ou dela seaproximam; afagam uma cadela em período deacasalamento (em período de cio); tentam retirarum cachorrinho recém-nascido de junto da mãe;inadvertidamente, os pisam ou aleijam; envergamvestes ou utilizam perfumes diferentes dos habi-tuais; lhes aparecem repentinamente, surpreen-dendo-os.

Todas as situações acabadas de apontar sãoresultado do funcionamento da dinâmica degrupo. Nelas, os animais tentam impor-se aosoutros elementos do grupo (defendendo a sua ali-mentação; disputando a fêmea; zelando pela suaintegridade física) ou evitar que o grupo seja lesado(com o roubo ou o mal tratar dos recém-nascidos;com a intromissão de elementos que eles conside-ram estranhos, porque não tiveram tempo de osidentificar e reconhecer).

Temos de frisar que isto só acontece quandoos animais não estão habituados a obedecer, abso-lutamente, a essas pessoas (não os consideram seuslíderes) ou quando elas não souberem fazer-sereconhecer.

O adestramento, ainda que o básico, é funda-mental para evitar essas situações desagradáveis,porque incutir-lhes-á o espírito de obediência erespeito aos donos.

Os ataques a pessoas desconhecidas aconte-cem quando elas entram em território que os cãesconsideram seu ou quando recebem ordens dosseus donos (dos seus líderes) para o fazer e paraisso foram adestrados.

Recentemente, têm-se verificado ataques deanimais efectuados fora dos seus territórios e semque alguém os tivesse ordenado. Eles, regra geral,são efectuados por cães muito treinados a atacar eque se encontram em grupos de dois ou mais ele-mentos (“efeito de grupo”). A culpa dessas tristesocorrências recai sempre sobre os seus proprietá-rios que lhes modificaram (pelo adestramento) oseu comportamento inato e que não cumpriram alei, permitindo que eles circulassem na via públi-ca sem estarem açaimados e sujeitos com trela.

Os animais de raças com maior agressividadee com maior poder atlético são os que realizamataques, potencialmente, mais perigosos. Contudo,o factor mais determinante para que eles aconte-çam, fora do comportamento padrão da espécie,não é a raça dos exemplares, mas o adestramento aque eles foram sujeitos.

No nosso país, presentemente, está-se a assis-tir à moda de determinados indivíduos possuíreme fazerem-se acompanhar de cães (sem açaime)agressivos e treinados no ataque, para, assim, seafirmarem no meio onde vivem, para intimidaremrivais e para se sentirem mais protegidos. Essesanimais funcionam, em suas mãos, como armas dedefesa pessoal e, até, de ataque. Claro que se essescães praticarem acções pouco recomendáveis, aolado dessas pessoas, não devem sobre eles incidir oódio e a censura dos cidadãos, pois eles limitam-se, mercê da tão conhecida dedicação canina, adefender os seus amigos ou a obedecer às suasordens. O seu erro (dos cães) é o de não teremsabido escolher os amigos (os donos)!

Também começa a ser cada vez maior onúmero de lutas (ilegais) de cães em Portugal.Sobre essas lutas, são feitas apostas monetárias dequantias elevadas. Aqui, os cães são treinados parase atacarem e lutar por lutar. Essas lutas não têmem vista a obtenção de qualquer resultado cominteresse para os intervenientes. Elas resultam,apenas, da vontade dos seus donos!

O “Cão da Serra da Estrela” é uma raça cani-na de grande porte e de forte poder atlético.

Essas características permitem aos animaisdessa raça ter uma grande autoconfiança, que lhesdá a calma suficiente para analisarem as situações enão atacarem sem fortes razões para isso. Natural-mente, tentam primeiro avisar e dissuadir e só se oprevaricador insistir é que atacam.

Oxalá os seus possuidores, levados pelos ventosda moda, nunca sejam tentados, através do adestra-mento, a modificar as suas boas e nobres caracterís-ticas e a alterar-lhes o comportamento!

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Ataques de CãesJ. A. PARADA MONTEIRO

«...permitem aos animais dessa raça ter umagrande autoconfiança, que lhes dá a calma suficiente para analisarem as situações...»

O Cão

«O animal considera a família humana, comquem vive, a sua matilha e está pronto a coope-

rar com ela...»

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 44

A o contrário das outras espé-cies, o cachorro sofre à nas-cença de imaturidade fisio-

lógica, o que o torna particular-mente sensível ao ambiente e aosagentes infecciosos e parasitários.Esta imaturidade torna-o incapazde assegurar a sua regulação térmi-ca, homeostase hídrica e glicémia.O chamado “Fading Puppy Syn-drome” (FPS) é caracterizado porum conjunto de sintomas constan-tes, tais como abaixamento datemperatura, desidratação e baixade açúcar no sangue.

«Fading Puppy Síndrome»: hipotermia, desidratação

e hipoglicemia

A regulação térmica instala-sede uma forma lenta no cachorro, oqual apresenta uma temperaturarectal de 35,5 a 37ºC na primeirasemana, atingindo os 38,5ºC pertoda 4.ª semana. A hipotermia neo-natal é devida a vários factoresrelacionados com o cachorro, coma mãe e com o ambiente. Comuma temperatura rectal de 35,5ºC,o reflexo de sucção fica inibido,sendo o cachorro incapaz de mamar.Para além disso observa-se umaumento da frequência respirató-ria, com vocalização aguda expira-tória e uma diminuição da fre-quência cardíaca, ocorrendo noscasos mais graves o coma e mortesúbita.

Quando se constata o abaixa-mento da temperatura é necessárioefectuar-se o aquecimento no neo-nato de uma forma lenta e gradualnas primeiras 3 horas, recorrendoao uso de sacos de água quente e

tapetes de aquecimento. Em casosmais severos, pode ser necessário aadministração de fluidos aquecidos,por via intraóssea ou intravenosa.Como forma de evitar a hipoter-mia neonatal, a vigilância da tem-peratura ambiente da maternidadedeve ser rigorosa e constante.

Desidratação: No neonato aágua constitui 82% do seu pesocorporal, sendo particularmentesensível à desidratação quando osaportes em água são insuficientes.

Torna-se importante o controloda humidade ambiental da mater-nidade, a qual deve rondar os 55%a 65%, quando a higrometria atin-ge valores inferiores a 35%, o riscode desidratação é elevado. Umcachorro desidratado é incapaz dese alimentar, perde toda a vitalida-de, fica com hipotermia e é rejeita-do pela mãe. Se o cachorro perdemais de 10% do seu peso à nascen-ça nas primeiras 24 horas, é deextrema importância re-hidratá-locom uma solução de água e açúcaratravés de biberão. Quando as per-das são superiores a 12-15% énecessário administrar fluidosintravenenosos.

Hipoglicemia: Os sinais debaixa de açúcar no sangue são:Incapacidade de sucção, choropersistente, respiração irregular,convulsões e coma. A prevençãoconsiste em limitar o número decrias por ninhada (de forma a asse-gurar um correcto aleitamento) eum controlo do ganho do pesodiário.

*Hospital Veterinário do Porto

Síndrome de Morte NeonatalDR. MÁRIO SANTOS*

Os Nossos CãesJOÃO SIMÕES*

«com uma temperatura rectal de 35,5ºC, o reflexo de sucção fica inibido...»

Antes de mais uma palavra de agradecimento e amizadeà revista Os Nossos Cães, pela coragem de ter colocado

na sua capa de Fevereiro de 2003, justa e merecidamen-te o “nosso” Serra da Estrela, manifestando assim umavez mais de forma incondicional a sua colaboração nadivulgação e defesa do património nacional.

De seguida um obrigado especial a toda a equipa,que por unanimidade acabou por ser reeleita para conti-nuar a chefiar os destinos da APCSE no próximo biénio,permitindo assim a continuidade do excelente trabalhoque têm desenvolvido em prol da raça, com especialrelevância para o lançamento do n.º 3 do jornal O Cãoincluído na revista Os Nossos Cães, fazendo assim chegaro nosso “Querido Serra” a todos os pontos do nosso país.

O meu contributo para este jornal – o pequeno textoque segue – reflecte algo que, infelizmente, ainda existenos dias de hoje, e que, na minha opinião, tem a ver coma frequente falta de informação obtida pelas pessoas quemanifestam interesse em adquirir um “Serra da Estrela”como animal de companhia.

Um Grito de AlertaQueremos donos que respeitem o nosso habitat natural!

Numa das muitas passeatas, que faço com o meu dono, tivea oportunidade de conhecer um conterrâneo meu,o Pluto. Bemparecido e com a tenra idade de 12 meses, não conseguia escon-der, mesmo nas suas brincadeiras, alguma tristeza e também umagrande revolta.

Apesar de termos corrido e saltado bastante, tive oportuni-dade de “cuscar” a conversa entre o meu dono e a dona do Pluto.Logo me apercebi do “stress” que o meu amigo de brincadeirasuporta diariamente, fechado num apartamento, a aguardar o pró-ximo passeio, e, enquanto tal não sucede, ou seja, nos temposlivres, tem de se contentar com levantar uns tacos do chão, roerumas parede ou até, mesmo, comer uns pedaços da mobília.

Face à passividade e até à indiferença com que tudo isto foirelatado pela dona do Pluto, a minha mensagem passa por umaquestão muito simples:

— Será que todos vós, quando pensais em adquirir-nos, nafase de “bolinha de pêlo”, com olhar meigo, tendes a noção deque, para além da vossa dedicação, nós dependemos sempre doar puro para vivermos com alegria, e não de uma prisão chamada“apartamento”?

Assinado) Moranga da Quinta da Fonte Santa, Cãoda Serra da Estrela de Pêlo Comprido.

*Sócio n.º 372 – APCSE; Sócio n.º 295 – LICRASE.

Cantinho da Poesia

Cão da Serra da Estrela

Que bom seres português,Ó Cão da Serra da Estrela!Tens o dom da caravela:Estalão, raça, altivez, Valentia e bondade...– Ó hino à afectividade,Que bom seres português!

A. C.

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O Cão

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R ealizou-se nos passados dias 29, 30, 31 deMaio e 1 de Junho a Exposição MundialCanina, que este ano teve lugar na lindís-

sima cidade de Dortmund, na Alemanha.O julgamento do Cão da Serra da Estrela

ocorreu no dia 31 de Maio e teve como juiz oSr. Robert Pollet, de nacionalidade belga.

Participaram neste grandioso evento 33exemplares do Cão da Serra da Estrela, sendo

27 da variedade de pêlo com-prido e 6 da variedade de pêlocurto. Na variedade de pêlocomprido estavam inscritosexemplares de Portugal, Fran-ça, Holanda, Finlândia, Repú-blica Checa e Suécia; na varie-dade de pêlo curto os exem-plares eram todos de naciona-lidade portuguesa.

Além dos criadores eproprietários dos exemplaresinscritos, também estiverampresentes, a assistir ao julga-mento da raça, criadores deInglaterra e da Noruega.

Dos 33 exemplares presentes, é de realçar apresença dos da variedade de pêlo curto, peloárduo trabalho que os respectivos criadores têmvindo a desenvolver em prol desta maravilhosaraça. Para eles os nossos parabéns. Continuema criar, a seleccionar, como também a divulgar.Bem hajam!

As classificações foram as seguintes:

Pêlo Curto Classe Aberta – Machos1.º – Zeus da Lapa dos Esteios; Propriedade: João

Silvino.

Classe Campeões – Machos 1.º – Beethoven D’acaj; Propriedade: Francisco Mello.

Melhor Macho – Campeão do Mundo 2003– Zeus da Lapa dos Esteios; Propriedade: João Silvino.

Classe Aberta – Fêmeas1.º – Rosna; Propriedade: Francisco Mello.

Melhor Fêmea – Campeã do Mundo 2003 – Rosna; Propriedade: Francisco Mello.

Pêlo CompridoClasse Juniores – Machos1.º – Louvados Impossible; Propriedade: Satu U. Ruur-

kanen and Jari Vanhanen. Campeão do MundoJunior.

Classe Aberta – Machos1.º – Odin de La Lour de Theobald; Propriedade:

Jean-Jacques Guidou.

Classe Campeões – Machos1.º – Paco da Costa Oeste; Propriedade: Hana Muler

and Vladimir Poszemska.

Melhor Macho – Campeão do Mundo 2003 – Odin de La Lour de Theobald; Propriedade: Jean-

Jacques Guidou.

Classe Juniores – Fêmeas1.º – Louvados Incredible; Propriedade: Satu U. Ruur-

kanen and Jari Vanhanen. Campeã do MundoJunior.

Classe Aberta – Fêmeas1.º – Louvados Breeder’s Pride; Propriedade: Satu

U. Ruurkanen and Jari Vanhanen.

Classe Campeões – Fêmeas1.º – Haya Neve do Castelo Branco, Propriedade:

W. S. J. Boers-Nieuwpoort.

Melhor Fêmea – Campeã do Mundo 2003 – Louvados Breeder’s Pride; Propriedade: Satu U. Ruur-

kanen and Jari Vanhanen.

IDa hermínia serra filho,De Viriato leal companheiroTem a raça e o génio aguerridoDo audaz lusitano guerreiro.

IIHá no seu meigo e profundo olharDas estrelas o brilho, a luzQue nas densas trevas da serra Nos protege e nos conduz. |bis

IIINão há género ferino que tema Malsim de todo ele constante. Do pastor é o descanso, o arrimo,Do rebanho o defensor perseverante.|bis

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 4 5

Cão da Serra da Estrela além-fronteirasExposição Mundial Canina 2003

HELENA e JOÃO COSTA

Campeões do Mundo 2003 – Pêlo Curto Campeões do Mundo 2003 – Pêlo Comprido

O Cão

IVEste bravo cão lusitanoDe que o génio do mal se apavora, Contra o forte, o intruso romanoFoi exemplo da luta d'outrora.

VOrgulhosos de ser portuguêsDefendê-lo devemos entãoCom o ânimo, a força e o vigorDo lusitano beirão. |bis

VIPara isso unamos esforçosQue outra força mais forte não há.E coesos sigamos em frenteQue este nobre cão sempre nosso será.|bis

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 46

A osteoartrite também é denominadade doença articular degenerativa oude osteoartrose. É uma patologia

muito frequente nos canídeos e afectaespecialmente as articulações de grandemobilidade, resultando na degradação dacartilagem articular, remodelação do ossosubcondral e formação de osteófitos. Esteprocesso patológico não deve ser confundi-do com as artrites inflamatórias resultantesde infecções ou imunomediadas. A osteo-artrite resulta normalmente de traumasarticulares (fracturas, luxação articular eruptura de ligamentos) ou de patologiasresponsáveis por uma má congruênciaarticular, instabilidade e uma anormal dis-tribuição das cargas entre as superfíciesarticulares. São bons exemplos destaspatologias: a displasia da anca, a luxação darótula e a osteocondrose, esta última comespecial importância no cotovelo (displasiado cotovelo).

Cartilagem articular

A cartilagem articular é um tecido,com uma certa espessura, composto porcondrócitos e matriz extracelular (colagé-nio, proteoglicanos e água). Classicamentedescrevem-se 4 camadas cartilaginosasatendendo à organização dos condrócitos,orientação das fibras de colagénio e à dis-tribuição dos proteoglicanos. A zona maisprofunda encontra-se calcificada e une-seao osso subcondral. Este osso encontra-seperfeitamente adaptado e tem uma grandecapacidade de deformação, importantepara uma correcta distribuição das forças.

Os condrócitos e a matriz formamuma perfeita “simbiose”: os condrócitosproduzem e mantêm a funcionalidade damatriz e esta protege os condrócitos dedanos mecânicos (uso normal da articula-ção) e permite a passagem dos nutrientes ede outras substâncias vitais. No conjuntoformam um tecido resistente e liso, quecom o auxílio do fluido sinovial permite o

deslizamento das superfícies articulares,com o mínimo de fricção e uma boa distri-buição de cargas ao osso subcondral.

Alterações articulares associadas à osteoartrite

Nesta síndroma as alterações que sur-gem na superfície articular merecemmaior atenção, embora sejam atingidostodos os tecidos envolventes (cápsula arti-cular, ligamentos, músculos e osso sub-condral). As alterações surgem de formavagarosa e progressiva.

Quando a cartilagem é sujeita repeti-damente a factores adversos (excesso decarga, instabilidade, traumatismos cróni-cos, etc.) surgem danos locais a nível doscondrócitos e matriz. Há perda do balançoentre a síntese e degradação da matriz,onde os condrócitos debilitados são inca-pazes de repor os constituintes da matrizem quantidade aumentada, resultando ini-cialmente na erosão das camadas maissuperficiais e progressivamente estende-seàs zonas mais profundas. Este degradaçãoinicial conduz à libertação de fragmentoscartilaginosos no fluido sinovial, o quefavorece uma resposta inflamatória e alibertação de enzimas proteolíticas comgrande capacidade de destruição da cartila-gem. A elasticidade e viscosidade do fluídosinovial também diminui.

A destruição da cartilagem retira-lhe assuas capacidades de absorção e distribuiçãode cargas, o que vai afectar o osso subcon-dral, perdendo a sua capacidade de defor-mação e favorecendo a remodelação local.Inicialmente verifica-se esclerose local(aumento de radiopacidade) e posterior-mente são evidentes proliferações ósseas naperiferia articular (osteófitos), com o objec-tivo de recuperar a estabilidade articular.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce em medicinaveterinária é difícil, sendo normalmenteestabelecido tendo por base alterações clí-nicas e radiográficas, que só são evidentesem fases avançadas da patologia.

As manifestações clínicas de osteoartri-te incluem dor, crepitação, efusão sinovial,atrofia muscular e perda da amplitude demovimentos. A cartilagem não tem termi-nações nervosas, pelo que a fase inicial érelativamente assintomática, passando des-percebida. Quando as alterações são sufi-cientemente severas para se reconheceremclinicamente a patologia já se encontranuma fase muito avançada irreversível.

O exame radiográfico confirma a pato-logia. Os sinais radiográficos normalmenteobservados são o aumento de fluido sino-vial, a esclerose do osso subcondral, remo-delação óssea e osteófitos.

Tratamento

Quando a osteoartrite está instaladanão existe nenhum tratamento médiconem cirúrgico eficaz, capaz de impedir aprogressiva degenerescência da cartilagem.Pelo que a estratégia a utilizar deverá tercomo primeira opção a prevenção/atraso daosteoartrite, segunda opção proporcionar

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Esquema de uma articulação

MÁRIO

Esquemas da secção de cartilagem osteoartrítica.

A) fase inicial com erosão da superfície e distribuiçãonão uniforme dos condrócitos; B) fase avançada comfissuras profundas, perda da matriz e da estratificaçãonormal e maior densificação do osso subcondral.

Esquema da secção de uma cartilagem normal:

a) fluido sinovial intra-articular; b, c, d, e e) diferenteszonas da cartilagem, a zona e encontra-se calcificada; f)osso subcondral; 1) condrócitos com diferentes formase organização; 2) matriz extracelular.

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 4 7

aos animais uma qualidade de vida aceitá-vel, através do tratamento conservativo ecomo última opção tratamentos cirúrgicosespecíficos relativamente agressivos:

Prevenção/atraso da osteoartrite• Fracturas articulares – tratamento

cirúrgico com estabilização dos frag-mentos.

• Luxações – tratamento médico oucirúrgico de correcção.

• Luxação da rótula – tratamentocirúrgico.

• Ruptura de ligamentos – normal-mente o tratamento cirúrgico estáindicado.

• Osteocondrite dissecante – se o tra-tamento médico não for eficaz reali-zar cirurgia.

• Displasia da anca e cotovelo – depen-dendo dos casos, o tratamento cirúr-gico poderá ser uma opção pararetardar o desenvolvimento da oste-oartrite. No entanto, atendendo aoelevado nível de heritabilidade des-tas patologias a melhor prevenção éatravés da reprodução, tendo porbase cruzamentos judiciosos entreanimais livres da patologia ou comum grau reduzido.

Tratamento conservativoEste tratamento tem como principal

objectivo melhorar a qualidade de vida dosanimais, com recuperação do máximo de

funcionalidade articular, tendo por base: ocontrolo alimentar com vista ao maneio dopeso, ingestão de energia e taxa de cresci-mento; medicação anti-inflamatória; rea-bilitação física; administração de “agentescondroprotectores”.

Controlo do peso – o stress mecânicona articulação é reduzido quando o pesodo animal é mantido num nível ideal ouligeiramente inferior. Devido ao descon-forto os animais com osteoartrites tornam-se mais sedentários o que favorece a obesi-dade. Em humanos a suplementação comóleo de peixe ou azeite ricos em ácidosgordos poli-insaturados tem resultadospositivos no controlo da inflamação peloque nos canídeos também poderão ter umefeito benéfico.

Controlo da inflamação – as drogascom esta finalidade mais utilizadas são osanti-inflamatórios não esteróides. O seuefeito benéfico advém da sua capacidadeanalgésica (alívio da dor) e da redução dainflamação articular e consequentementedas enzimas proteolíticas indesejáveis. Noentanto, a estes agentes também estãoassociados, em maior ou menor grau, efei-tos secundários locais e sistémicos indese-jáveis, dos quais destacamos a toxicidadegastrintestinal e renal. Pelo que, a sua uti-lização deve estar reservada para períodosmais graves de dor intensa, devendo evi-tar-se a sua utilização prolongada.

Reabilitação física – As cargas cíclicasna cartilagem estimulam a síntese damatriz, enquanto que as cargas estáticasprolongadas e a ausência de carga e movi-mento favorece a degradação da matriz edegenerescência articular. Desta formauma actividade física controlada é desejá-vel, devendo ser sempre complementadacom o controlo da obesidade e da instabi-lidade articular. A actividade pode ter porbase passeios com trela, natação, mobiliza-ção articular, subir e descer escadas, etc. Oprograma de exercício ideal deve ser ajus-tado em função do animal evitando sem-pre o desconforto, se houver sinais deinflamação pós-actividade, deve aplicar-segelo.

“Agentes condroprotectores”– estesprodutos são relativamente recentes e emextensão variável estimulam a síntese deproteoglicanos, inibem a degradação decolagénio e proteoglicanos, melhoram alubrificação articular e têm acção anti-inflamatória (ou seja estimulam a síntesede matriz extracelular e reduzem a degra-dação). Existe uma grande variedade destesprodutos no mercado para administraçãooral ou injectável, apesar da falta de estu-dos científicos credíveis relativamente àsua utilização no cão: eficácia, dosagem esegurança. No entanto, os testemunhos dasua utilização nos humanos e outros ani-mais são encorajadores. Estes produtostêm na sua composição uma ou mais dasseguintes substâncias: colagénio; condroi-tina sulfato; glicosamina; ascorbato; glico-saminoglicanos polisulfatados.

Normalmente os resultados terapêu-ticos não são imediatos, os períodos de tra-tamento são prolongados (cerca de ummês) e podem tornar-se relativamente dis-pendiosos.

Tratamentos agressivosNeste grupo incluímos as próteses e

ressecção do colo e cabeça femural (displa-sia da anca) e as artrodeses (ossificaçãoarticular) especialmente nas osteoartritesdo carpo e tarso. Estas técnicas de recurso,podem justificar-se quando a qualidade devida dos animais é muito má, devido à dorconstante, intensa e insuportável, poisbeneficiam da eliminação do contacto eatrito entre as superfícies articulares des-truídas.

*Assistente de Radiologia Clínica UTADO

Cão

Imagens radiográficas (por ordem).

Em cima: Ruptura do ligamento cruzado anterior (fase inicial); Ruptura do ligamento cruzado anterior não tratada,sinais radiográficos de osteoartrite; Luxação medial da rótula (fase inicial). Em baixo: Displasia do cotovelo, sinaisradiográficos de osteoartrite; Osteoartrite bilateral secundária a displasia da anca; Osteoartrite no tarso secundáriaa osteocondrite dissecante do côndilo medial do astrágalo.

ADAGIÁRIO

«Não crie cão quem não lhe sobeje pão»

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O GINJA*

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 48

C ão de pastor, cão de rebanhoe cão de ovelha são algunsdos sinónimos frequente-

mente utilizados para designar cãesque trabalham junto do gado ovino ecaprino, sem que a função seja maisdo que sugerida. Pelo contrário, cãode guarda de rebanho e cão decondução de rebanho definem asfunções básicas de cão de pastor.

Considerando como instru-mental na domesticação de ovelhas ecabras há cerca de 10.000 ou 11.000anos, a primeira função do cão paracom o rebanho foi a de protecção.Uma vez na posse de rebanhos, astribos fizeram-se acompanhar pelosrebanhos e cães que os guardavamsempre que movimentos migrató-rios vieram a ser necessários.

O domínio do cavalo e a possede “charriots” tem sido considerados como factores determi-nantes na expansão dos povos entre e ao norte dos MaresNegro e Cáspio, há cerca de 3.000 anos, numa altura em queo pastoreio na região desempenhava já um papel social e eco-nómico de grande valor. Como resultado dessa expansão, avasta região entre o planalto do Tibete e o rio Indo para leste,a Mesopotâmia e a Península da Anatólia para sul e a Europapara oeste veio a ser ocupada durante o milénio seguinte. Ainvasão da Europa pelos povos Indo-Europeus veio a coinci-dir com o aparecimento de cães de protecção de rebanho degrande porte. Embora hoje em dia este tipo de cão esteja res-trito fundamentalmente às zonas montanhosas que se esten-dem na sua maior parte desde o Maciço Central Ibérico ePirinéus, Alpes e Apeninos, Turquestão, até ao Tibete e àMongólia, algumas raças ainda sobrevivem em zonas de pla-nície. O Komondor de Hungria e o Ovcharka da Rússiaconstituem exemplos dos últimos.

Guarda e condução de rebanho

Através dos tempos, o tipo de pastoreio e o tipo de cãonecessário para ajuda do pastor têm sido influenciados pelascondições de terreno, isolamento e ameaça de animais selva-gens. O terreno e o isolamento exigiram não só que o pastoracompanhasse o rebanho durante os períodos de pastagemcomo ainda que o último se mantivesse compacto nas pasta-gens e que fosse recolhido ao fim do dia, a fim de passar anoite ao pé ou debaixo da habitação do pastor. A ameaça dolobo, urso, lince e, em certos países, leopardo, jacal oumesmo águias de grande porte, assim como a ameaça do pró-prio Homem, condicionou o tamanho e temperamento docão a empregar na guarda do rebanho. Para além de ter de semanter vigilante, o cão teve necessidade de ser corajoso, reso-luto e, acima de tudo, proteger o rebanho. Um tamanhorazoável tornou-se imprescindível a fim de permitir que ocão tivesse boas chances de enfrentar com sucesso os animaisselvagens de grande porte. E assim se desenvolveu o tipoEuro-Asiático de cão de guarda de rebanho.

A extinção do lobo como ameaça principal, aliada àausência de outros animais predatórios de grande porte e àexistência de campos de pastagem extensos e abertos, permi-

tiu que o tipo de pastoreio viesse a ser modificado em algunspaíses europeus. Em Inglaterra, por exemplo, a tendência dorebanho para se dispersar é considerada vantajosa porquepermite um melhor aproveitamento dos campos de pasta-gem. A necessidade do pastor acompanhar o rebanho duran-te o dia e de o recolher à noite deixou de ser necessária,sobretudo durante os meses de verão. Nestas condições, apartir de uma certa altura, as ovelhas tornam-se mais bravias.Aliado à extensão dos terrenos de pastagem, isto exige que opastor lance mão de cães rápidos e capazes de movimentar orebanho sob a sua orientação. O pastor coloca-se num pontode vantagem e dirige o cão com assobios e gritos. O rebanhoé rapidamente recolhido, mantido em forma compacta e diri-gido para o abrigo ou palheiro.

Temperamento e comportamento

Trabalhos experimentais americanos têm demonstradoclaramente que diferenças em temperamento e comporta-mento entre cães de guarda de rebanho pertencentes a raçaseuro-asiáticas e cães de condução de rebanho começam a serevidentes desde muito cedo. A partir da idade em que oscachorros de tipo de Cão de Pastor da Anatólia ou daJugoslávia, Marema e Castro Laboreiro se tornam maiores emais pesados do que os cachorros de tipo de condução derebanho, exemplificados pelos Border Collie, eles começama tornar-se mais lentos e preferiram manter-se juntos e brin-car uns com os outros. Pelo contrário, os cachorros BorderCollie raramente mostraram comportamento social. Entre os6 e 8 meses, estes começaram a empregar um comportamen-to caracterizado pela mostra da “mirada” e “aproximação” emrelação a objectos reais ou imaginário e ainda em relação aoscompanheiros. Uma vez colocados em espaços com ovelhas,os cachorros Border Collie imediatamente manifestaram essetipo de comportamento em relação às últimas, enquanto queos cachorros de tipo guarda de rebanho ignoraram as ovelhasou aproximaram-se delas como resultado de curiosidade. Aintrodução simultânea dos dois tipos de cachorros a ovelhaschegou a levantar problemas sérios. Os cachorros de tipoguarda de rebanho chegaram a atacar os Border Collies quemostraram o comportamento típico da raça em relação às

ovelhas. Os autores interpretamesses incidentes como expressão deprotecção à ovelha por parte dosguardas de rebanho em face de umcomportamento tido como predató-rio.

Morfologia e tamanho

Os cães de raças euro-asiáticasde guarda de rebanho normalmentepesam entre 30 e 45 kg, enquantoque os exemplares de raças de cãesde condução de rebanho tendem aser muito mais pequenos, pesandoentre 12 e 20kg. A configuração decabeça nos primeiros lembra a cabe-ça de cachorrinho em ponto grandena medida em que apresenta umperfil de tipo arredondado, focinholargo e relativamente mais curto do

que o crânio e orelhas normalmente de tipo pendente. Poroutro lado, a cabeça do cão de condução de rebanho tendemais para o tipo lupóide, isto é, aproxima-se mais da confi-guração da cabeça dos lobos. A cabeça é mais comprida emrelação à largura, o comprimento do focinho e do crânio sãosensivelmente iguais, o focinho é relativamente mais aligeira-do e tende a estreitar para a ponta, o stop é menos marcado eas orelhas são normalmente de tipo semi-erecto, isto é,levantadas na sua maior parte, dobrando nas pontas.

Neotenia e os cães de pastor

Há cerca de 70 anos, Hilzheimer salientou que a cabeçado “Toy” Terrier adulto, aos 6 meses ela passa a aproximar-semais da do Terrier grande, enquanto que no animal adulto elavem a parecer-se muito mais com a cabeça do mastim juve-nil. Por outro lado, a cabeça do mastim adulto faz lembrar acabeça do lobo na fase de adolescência. Estudos muito maisrecentes confirmaram que as proporções da cabeça do cãoadulto se aproximam de um modo geral das do lobo na fasejuvenil.

Observações desta natureza contribuíram para o desen-volvimento da teoria de que as raças de cães representam des-envolvimentos neoténicos morfológicos do lobo, isto é, fasesintermediárias do desenvolvimento cranial do lobo. Maisrecentemente, a teoria veio a incluir os aspectos comporta-mentais do cão. Reduzida à sua forma mais simples, a teoriapropõe que a anatomia e comportamento dever-se-ão desen-volver em paralelo. Assim, se o cão se assemelha a uma formajuvenil do progenitor (lobo), o seu comportamento deveratambém fazer lembrar o comportamento juvenil desse pro-genitor. A alegria que o cão mostra quando os donos regres-sam a casa e o facto de que o cão se senta em lugares prede-terminados à espera que os donos lhe tragam a comida, porexemplo, são interpretados como representações do compor-tamento do lobito quando se senta à entrada da toca à esperaque os pais regressem da caça. A alegria do lobito leva-o alamber o focinho dos pais, o que induz a regurgitação.

Do ponto de vista de comportamento, a teoria de neo-tenia desenvolveu-se a partir da noção da sequência predató-ria do canídeo selvagem. Alguns autores têm defendido a

Cães de PastorJ. D. MORA

Cão de guarda de rebanho e cão de condução de rebanho são cães de pastor.

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 4 9

noção de que os cães de guarda de rebanho e os de conduçãode rebanho representariam duas fases distintas do desenvol-vimento do progenitor selvagem. Segundo a interpretação deCoppinger, o lamber do focinho da ovelha por parte do cãode guarda de rebanho seria reminiscente do comportamentodo lobito e representaria uma forma vestigial do gesto de soli-citação de comida por parte do último. O comportamento docão adulto de guarda de rebanho ao tentar apaziguar a ovelhamais irritada representaria também um gesto de submissãocorrespondente ao do lobito em relação aos lobos adultos.Este comportamento corresponderia a uma fase anterioràquela em que os componentes de sequência predatória pro-priamente dita do canídeo selvagem adulto normalmenteemergem. Em comparação, os cães de condução de rebanhomostram menos submissão. No Border Collie, a sequênciapredatória envolve a “mirada”, a “aproximação”, a “persegui-ção” e, muitas vezes, a “dentada”. É de notar que o “matar”,a “dissecação” e a “ingestão” são os últimos componentes aser incorporados na sequência funcional predatória do caní-deo selvagem, componentes esses que em circunstâncias nor-mais não fazem parte do repertório do cão.

O conceito de neotenia, tão interessante como contro-versial, assume que a sequência predatória do canídeo selva-gem adulto se encontra inactivada truncada ou reorganizadano cão. Uma maior proporção dessa sequência estaria inacti-vada no cão de guarda de rebanho. Isto seria a razão porqueeste tipo de cão convive com as ovelhas sem se sentir tentadoa atacá-las. No entanto, não é raro que exemplares venham aatacar e a matar ovelhas. Falhas na repressão dos últimoscomponentes de sequência predatória característica do caní-deo selvagem adulto devido a uma falta de socialização comovelhas ou a qualquer outra anomalia constitui uma dasexplicações dadas como alternativa ao conceito de neotenia.

Estabelecimento de relação ou vínculo

O cão de guarda de rebanho dever-se-á manter juntodas ovelhas, sobretudo na ausência do pastor, assim comoprotege-las contra qualquer ameaça predatória. É aindanecessário que o cão não ataque ou persiga as ovelhas, demodo a não provocar, directa ou indirectamente, qualquertipo de sofrimento. Coppinger descreveu a função do cão deguarda de rebanho de um modo sucinto e interessante. O cãodeverá empregar os dentes na defesa do rebanho sempre quenecessário, mas nunca os deverá empregar nas próprias ovel-has. Em contraste, o cão de condução exerce a sua funçãoatravés do efeito disruptivo que o seu comportamento tem

para com as ovelhas. Os entendidos sugerem que estas semovam para evitar o cão de condução porque o comporta-mento deste é interpretado como predatório.

É evidente que existe uma certa interligação entre osaspectos delineados acima como qualidades necessárias aocão de guarda de rebanho. Normalmente, o exemplar é con-siderado como de confiança porque pode ser deixado juntodo rebanho sem qualquer supervisão, na certeza de que elenão só não atacará as ovelhas como ainda protegerá o reban-ho contra qualquer perigo. No entanto, seria um erro espe-rar ou crer que o desempenho de uma das funções significaforçosamente que o mesmo se passará em relação ás outrasfunções. O cão que não ataca as ovelhas, por exemplo, podeabandoná-las por falta de interesse no rebanho, como reacçãoa qualquer tipo de ameaça ou ainda como resultado de alicia-mento. Assim, a fim de se qualificar como guarda de reban-ho, o exemplar terá de demonstrar a capacidade de trabalhara um nível capaz de satisfazer o pastor nestes três aspectosfundamentais.

Muitos dos problemas de comportamento surgemcomo resultado da exuberância de juventude e relacionam-secom a tendência do cachorro para a brincadeira. A atitude e otrabalho do pastor são absolutamente necessários para o con-trole dessa exuberância até que a maturidade venha a ter o seuefeito no comportamento do cachorro. Comportamentosindesejáveis podem-se vir a estabelecer por falta de correcçãona altura própria ou como resultado de uma aprendizagemrelacionada com maus exemplos dados por outros cães, nor-malmente mais velhos.

Nem todos os exemplares de raças euro-asiáticas de cãode guarda de rebanho vem a mostrar as qualidades necessá-rias. Por outro lado, muitos são os exemplares de cão de raça“indefinida” capazes de se fazerem cães soberbos no desem-penho dessa função. A teoria sobre o estabelecimento de rela-ções ou vínculos parece fornecer uma explicação razoávelacerca dos factores que levam o cão de guarda de rebanho aestabelecer um vínculo com a ovelha capaz de se manter atra-vés de toda a vida do animal. Num modo sucinto, a teoriasugere que o cão é capaz de se afeiçoar a animais de espéciesdiferentes desde que ele seja introduzido e venha a convivercom eles durante o período apropriado de desenvolvimento,isto é, durante o período primário de socialização. O vínculoestabelece-se ainda em relação a objectos e lugares. No casodo cão, este período estende-se entre as 4 e 12semanas, comuma fase óptima entre as 6 e 8 semanas de vida. Trabalhos denatureza científica têm confirmado o que qualquer bom pas-tor reconhece como condição necessária para a formação deum bom cão de guarda de rebanho. O ingrediente básicorelaciona-se com a introdução do cachorrinho ao rebanhoantes dos três meses de idade. Claro que é vantajoso que ocachorrinho comece a conviver com o gado na presença deum bom cão, de preferência a própria mãe.

Uma vez que o cachorrinho cresça num ambiente emque, para além da existência de outros cães, ele possa fre-quentemente observar e roçar-se nas ovelhas, assim comorespirar o ar com o odor da ovelha, ele virá a aceitar a ovelhacomo um animal pertencente à mesma família. Deste modo,o cachorro virá a estabelecer um vínculo em relação à ovelhasemelhante ao que o liga aos outros cães. A ovelha torna-se,por assim dizer, um membro da sua matilha. Por outro lado,o curral e o campo de pastagem são também interpretadoscomo o seu território. Assim, é natural que o cão proteja aovelha como protege o seu território.

À luz desta teoria, não é surpreendente que um cacho-rro não mostre a tendência comportamental da raça aoregressar ao convívio com ovelhas aos 12 meses, por exem-plo, no caso de ter sido afastado das mesmas durante ou ainda

antes do período primário de socialização. Isto sucede nocaso do cachorro ser vendido para a cidade. Nestas condiçõ-es, o cachorro estabelecerá vínculos com pessoas e cães ouainda só com pessoas no caso de não ter oportunidade deconviver com outros cães. É evidente que alguns exemplaressão capazes de mostrar um comportamento semelhante ao docão de trabalho no regresso ao convívio com ovelhas, apesarde terem sido afastados delas por períodos de tempo consi-deráveis. No entanto, isto deverá ser considerado comoexcepção e não como regra.

Treino de um cão de guarda de rebanho

Os princípios básicos para o treino de um cão de guar-da de rebanho envolvem manter o cachorro em contacto comas ovelhas e cabras desde tenra idade e minimizar o contactocom pessoas. Uma versão simplificada das “receitas” hámuito sugeridas envolvem os seguintes “ingredientes”:

• Se os cachorros não nascerem perto do gado, colo-que-os em currais com ovelhas, carneiros, cordei-ros, cabras e cabritos, de preferência entre as 6 e as 8semanas. Mantenha-os junto do gado e não os deixeentrar em casa.

• O tipo de comida não é importante, desde que sejamais ou menos equilibrada, podendo variar entrerestos de comida de mesa e comida de cão.

• Não é necessário proporcionar abrigos especiais. Ocachorro aconchegar-se-á ao gado (ou a outros cães)para dormir ou para se resguardar do mau tempo.Mais tarde, ele encarregar-se-á de cavar as suas pró-prias covas.

• Evite pegar no cachorro em demasiado e, acima detudo, não o estrague com mimos. É conveniente nãomostrar grandes manifestações de afeição. Em parti-cular, brincadeiras com crianças são de desencorajar.

• Deixe o cachorro acompanhar o rebanho logo que aidade o permita.

• Admoeste o cachorro sempre que ele mostre “mau”comportamento e morda ou persiga o gado.

• Ofereça os cães que persistam em perseguir, morderou matar gado.

A maior parte dos “Serras” de trabalho, à semelhança damaioria dos cães de guarda de rebanho através do mundo edos tempos, não será estranha a esta receita.

Cão da Serra da Estrela, exemplo de cão de guarda de rebanho

Cão Border Colie, condutor de rebanho por excelência

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Olá!

Mais uma vez venho ao vosso encontro para vosexpor as minhas inquietações caninas. Pareceu-meque andava muito distraído (há por aí muita cadelacom o cio!), mas, ao fim destes meses, chego à con-clusão de que, afinal, toda a área da canicultura estámais preocupada com os meus primos estrangeirosdo que com os meus familiares portugueses.

Como seria muito longo referir-me a todas aáreas da canicultura, hoje vou apenas falar sobre os «queridos senhores» que nos julgam.

Eu já ando em ringue há cerca de dois anos consecutivos, e, como tal, já vejo coisas que, a princípio,me passavam ao lado.

Desde o início que estes «senhores» já me puseram tantos defeitos que é impossível enumerá-lostodos, mas, o mais grave ainda, é haver juízes que nem o meu estalão conhecem. E passo a explicar: numdia estou enselado, tenho os olhos claros, meto as patas para dentro, tenho o stop muito pronunciado, tenhoos dentes em pinça e os eixos longitudinais superiores craniofaciais divergentes; noutro dia, e apenas umasemana passada, já não tenho nada disso: sou «Excelente», fico em primeiro lugar e até chego a ganhar oprémio de raça... Vocês percebem? Eu muito menos!

Não digo que o julgamento da totalidade dos juízes deva ser homogéneo, mas pelo menos o da maioria.

Dado que estas coisas acontecem mais do que seria normal, de exposição para exposição cada vezmenos encontro cães da minha tão nobre raça e também dos meus queridos familiares portugueses.O meu pequeno cérebro canino tende a concluir que os nossos queridos juízes preferem promover asraças estrangeiras. O meu cérebro estará errado?

Quando, há um ano, aconteceu aquela vergonha em Paris, com um primo meu – já muito, masmesmo muito afastado –, estes senhores deveriam ter feito alguma coisa, mas, infelizmente, nada fizeram.

Como já vai longo o meu artigo, deixo uma pergunta aos senhores juízes:

— Os meus eixos longitudinais superiores craniofaciais terão de ser convergentes, divergentes ouparalelos?

Gostaria de saber, em trinta juízes habilitados para me julgarem, quantos é que acertariam...

MaxCão da Serra da Estrela

EM DEFESA DO PATRIMÓNIO NACIONAL

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO CÃO DA SERRA DA ESTRELAFundada em 03/12/1986

PROPOSTA PARA SÓCIO

N.º _________________________

Nome _____________________________________________________________________ Contribuinte n.º ________________Residência ______________________________________________________ Código Postal _______ - ____ _______________Telef. ____________________ Profissão ______________________________Data de nascimento _____/_____/________ Nacionalidade ____________________________ Estado civil___________________É sócio de outro Clube de Canicultura? Qual? __________________________________________________________________Tem afixo reconhecido pela F.C.I.? Qual? __________________________________

Caso o pedido de admissão seja aprovado, aceito incondicionalmente os Estatutos e os Regulamentos, e junto envio:Jóia de 10 Euros Quota anual de 10 Euros

Referente a ___________________________________________________ Data _____/_____/________

O Proponente: ______________________________________ O Proposto: __________________________________________

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Se o meu cão falasse...

B r e v e sBrevesBrevesBrevesBreves

BrevesBrevesBrevesBreves

BrevesBrevesBrevesBreves

A APCSE assinou um protocolo deinspecção de ninhadas, com o ClubePortuguês de Canicultura, que visa dar uma maior credibilidade à raça.Escolhidas aleatoriamente ou sugeridaspelo CPC, ficam sujeitas a verificação,por parte dos verificadores da APCSEou do CPC, todas as ninhadas a registar.

A APCSE organiza no dia 7 deDezembro, na Exposalão (Batalha),mais uma Exposição Canina Especialda Raça, pontuável para a classificaçãodo Campeonato Interno daAssociação, englobada na ExposiçãoCanina Nacional da Batalha.

Os mais novos também podemdefender o “Serra da Estrela”! A APCSE relançou a ideia do«Sócio Juvenil», para os jovens,até aos 12 anos, que queiramassociar-se a este clube. Apenas pagarão metade da quotanormal em vigor, serão isentos da jóia e ficarão com as mesmasregalias dos restantes sócios, excepto a de direito de voto.

Os registos individuais de LOP/RI,para o Cão da Serra da Estrela,foram reduzidos para 50%, peloClube Português de Canicultura.

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 410

Pedidos à: APCSE, Estrada Nacional, 37 – Boavista 2560-426 SILVEIRA, ou peloendereço electrónico: [email protected]. Ao preço indicado acresce taxa de envio em vigor

Cassete: O Cão da Serra da Estrela (Edição da APCSE)Português: € 17,50; Espanhol, Francês ou Inglês: € 25,00

Loja da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO CÃO DA SERRA DA ESTRELA

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R ealizou-se no passado dia 26 de Julho a Especialdo Cão da Serra da Estrela, integrada na 22.ªExposição Canina Nacional de Sintra. Esta foi

brilhantemente organizada pela Comissão de Festasda Vila Velha – Sintra e teve por palco o Largo daFeira de São João das Lampas.

A organização da Especial do Cão da Serra daEstrela coube à APCSE e contou com o patrocínioindispensável da Ração NUTRA GOLD.

O julgamento da raça esteve a cargo do juizSr. Luís Gorjão Henriques.

Participaram neste evento 28exemplares do Cão da Serra daEstrela, sendo 21 da variedade de pêlocomprido e 7 da de pêlo curto.

Verificaram-se as classificações aseguir indicadas:

Pêlo CompridoClasse de Cachorros1.º Macho e Melhor Cachorro

– Fidelio da Ponta da Pinta.1.ª Fêmea – Inês da Serra de Sintra

Classe Juniores1.º Macho – Baden Baden da Ponta

da Pinta.1.ª Fêmea – Lady Bolinha da Costa Oeste.

Classe Intermédia1.º Macho – Igor da Serra de Sintra. 1.ª Fêmea – Magnifica.

Classe Aberta 1.º Macho – Gonzo da Costa Oeste.1.ª Fêmea – Barroca da Quinta da Cerdeira.

Classe Campeões 1.º Macho – Max da Quinta da Cerdeira.

1.ª Fêmea – Gaby do Sertório (Melhor Exemplar de Pêlo Comprido).

Pêlo Curto Classe de Cachorros1.º Macho e Melhor Cachorro – Adro d’Alpetratinia.

Classe Aberta 1.ºMacho – Lupo.1.ª Fêmea – Altiva da Lapa dos Esteios.

Classe Campeões 1.º Macho – Zeus da Lapa dos Esteios

(Melhor Exemplar de Pêlo Curto).

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Setembro 2003 – N.º 4 11

Foi com grande prazer que aceitei o convite deLena Norberg, para julgar esta exposição, tãoimportante para esta raça rara, na Suécia. Antes

de mais, quero agradecer a esta equipa pelo know-how, que os escandinavos já nos habituaram, na qua-lidade da organização e na boa recepção dos juízes eexpositores.

A exposição teve lugar em16 de Maio de 2003,em Jökkoping Camping, frente a um dos maioreslagos da Suécia.

A qualidade dos exemplares era mediana, masnão observei nenhum cão fora de tipo, embora fosseum pouco generoso nas classificações que atribui.

A classificação de «Muito Bom», foi a mais baixaque atribuí. Não encontrei defeitos que pudessemcomprometer o plano de criação sueco.

Os defeitos mais comuns, em geral, são: chan-fros demasiado afunilados e demasiado longos eestreitos. Alguns são demasiado amastinados combraços curtos, alguns olhos redondos e claros e tam-bém máscaras pouco marcadas. Um dos meus favori-tos tinha stop demasiado marcado.

A vencedora absoluta, cadela de classe aberta,que ficou campeã da Suécia nesse mesmo dia, foi aLi’l Folks Obsession, de propriedade da Sr.a ErikaSundholm, da Finlândia. Nobre e muito correcta,

com uma cabeça excepcional, chanfro largo e bemproporcionado, expressão doce e inteligente, lábioscorrectos, contudo apresentava orelhas grandes e pla-cadas, gostaria de melhor máscara, excelente linhadorsal e muito bem apresentada. Gostaria também demelhor movimento, mas era, sem dúvida, o exemplar

mais completo e correcto apresentado. Com melho-res orelhas e movimento, poderia ser, facilmente,campeã de Portugal.

Outro cão, que me impressionou foi a cachorravencedora, Faidros Edrosa, de excelente tamanho,feminina, cumprindo todos os detalhes do estalão.

Alguns machos podiam ser mais masculinos. Omeu melhor cão veio da Classe de Júniores, Louvado’sImpossible, muito correcto com muito boa angulação eexcelente movimento. Infelizmente a cabeça não eratão boa devido ao excesso de stop. Penso que, no futu-ro, este defeito poderá comprometer, em muito, a suacarreira.

Não quero finalizar sem comentar uma cadela,que obteve o 2.º lugar na Classe Aberta, que foiZoian’s Azenha. Era muito correcta, de excelente qua-lidade, gostaria no entanto de um crânio mais plano.Notei que alguns cães tinham crânios demasiadoarredondados.

Os escandinavos gozam de uma excelente repu-tação como criadores, em variadíssimas raças, pos-suindo um grande feeling para a criação de cães.

Peço aos criadores portugueses que tomemconsciência e que exportem o melhor que criam paraestes países. Quem sabe, dentro de poucos anos nãose possa fazer um intercâmbio de linhas e de cães?

Monográfica da SuéciaJOÃO VASCO POÇAS

Especial do Cão da Serra da EstrelaJOSÉ ALMEIDA

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Melhor Cachorro de Pêlo CurtoMelhor Exemplar de Pêlo Comprido

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CONTRACAPA

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