ntervenção sistémica e terapia - GAF

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Maria do Carmo Mascarenhas ([email protected]) Viana do Castelo, Maio de 2008

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ntervenção sistémica e terapia

ntervenção sistémica e terapia

Maria do Carmo Mascarenhas ([email protected])

Viana do Castelo, Maio de 2008

Bibliografia de referência Alarcão, M. (2000). (des)Equilíbrios Familiares. Coimbra, Quarteto

Editores.

Ausloos, G. (1996). A competência das famílias. Lisboa, Climepsi.

Gameiro, J.; Sampaio,D. (1985). Terapia Familiar. Porto, Afrontamento.

Haley, J.; Richeport-Haley, M. (2003). El arte de la terapia estratégica. Barcelona, Paidós.

Minuchin, P.; Colapinto, J.; Minuchin,S. (1998). Working with families of the poor. New York, The Guilford Press.

Sousa, L. (2005). Famílias Multiproblemáticas. Coimbra, Quarteto.

Modelo Sistémico e Terapias Familiares

Enfoque nas famílias Nossa concepção das famílias e

particularmente no que se refere a estas que enfrentam crises múltiplas

Abordagem sistémica da intervenção Elementos básicos da teoria sistémica

As Estruturas Sociais e a Família como Sistemas

Conexões, padrões repetitivos, regras

Subsistemas – forma como as partes se influenciam mutuamente

Períodos de estabilidade e mudança

Definição de família numa perspectiva sistémica

A família em terapia familiar sistémica é considerada um sistema, isto é, um conjunto de elementos ligados por um conjunto de relações, em contínua relação com o exterior e mantendo o seu equilíbrio ao longo de um processo de desenvolvimento, percorrido através de estados de evolução diversificados(Sampaio, 1984)

Famílias Multiproblemáticas Conceito

Presença simultânea em dois ou mais membros da mesma família, de comportamentos problemáticos estruturados, estáveis no tempo e suficientemente graves para requererem intervenção externa

Insuficiência grave, sobretudo por parte dos pais, nas actividades funcionais e relacionais necessárias à vida familiar e seu desenvolvimento

Reforço entre os dois aspectos anteriores

Famílias Multiproblemáticas Conceito

Fragilidade dos limites, própria de um sistema em que a presença de técnicos e outras figuras externas é forte e, dessa forma, substituem parcialmente os membros

Estruturação de uma relação crónica de dependência da família com os serviços sociais, constituindo um equilíbrio sistémico

Desenvolvimento de modalidades pouco usuais de comportamentos sintomáticos nos indivíduos (toxicodependências sociopáticas)

Dificuldades a uma Abordagem Sistémica das Famílias

Multiproblemáticas

Burocracia - procedimentos standardizados que limitam a criatividade do técnico

Formação dos profissionais –teoria orientada para o indivíduo

Atitudes sociais para com este tipo de famílias- famílias são responsabilizadas ou vítimas, são mais parte do problema que da solução

A intervenção sistémica com famílias multiproblemáticas

Maneira de pensar sobre as famílias – competências conceptuais: elementos de uma tendência para compreender uma família, procurar “para além do indivíduo”, fazer uma pausa e olhar em volta;e organizar as informações, reconhecer a organização da família, estar alerta para as questões como a qualidade das conexões entre as pessoas, os padrões típicos do funcionamento familiar, as regras implícitas que orientam as interacções, a natureza dos limites, etc

Competências práticas para ajudar as famílias a mudar – procedimentos que ajudam as famílias a mobilizar-se e a desenvolver os seus recursos

1. Famílias como sistemas sociais – elas organizam os seus membros em relação a determinados modos de pensar sobre si mesmos e de interagir uns com os outros. Com o tempo o comportamento dos membros da família torna-se contido pelas regras, fronteiras e expectativas da família. O que a equipe vê é o comportamento previsível que define “como as coisas são” na família

2. Membros da família: comportamento típico mas também padrões alternativos estão disponíveis ainda que raramente usados

3. Indivíduos como entidades separadas e simultaneamente parte de uma rede de relacionamentos familiares

Modo de Pensar sobre as famílias

Modo de Pensar sobre as famílias

4. Famílias movem-se através de períodos de transição – as novas circunstâncias requerem uma mudança nos padrões familiares. A família pode reagir adaptando-se e evoluindo, mas às vezes fica paralisada mantendo padrões habituais, mas não adaptáveis

5. Profissionais como parte do sistema familiar – quando intervêm, os profissionais tornam-se parte do sistema familiar e é provável que sejam impelidos a aceitar a visão da família sobre quem eles são e como devem ser ajudados. A equipe deve entender que a influência do sistema estreita a sua visão da família. É importante, embora difícil, pensar sobre a família de uma maneira diferente e enfatizar a sua capacidade para se expandir

Competências práticas do profissional sistémico

1. Explorar como família define os seus problemas. Competências para explorar informação e múltiplas possibilidades:

- ouvir, observar, mapear, redefinir e ajudar as famílias a explorar acordos e desacordos

através de acções espontâneas e guiadas

2. Profissionais = catalisadores da mudança. Ajudam a família a reconhecer padrões não funcionais, exploram formas diferentes de se relacionarem, incentivam abordagens construtivas do conflito

Competências práticas do profissional sistémico

3. Trabalho centrado nas competências das famílias mas também trabalhando o conflito

4. Novo papel: posição menos central e menos activo para solucionar os problemas, incentivando família a procurar recursos no sistema e na sua rede de relacionamentos

5. Visão da família ampliada como seu principal recurso –expansão da visão inicial de quem estaria disponível para ajudar. Avaliar equilíbrio entre ajuda e confusão na intervenção dos serviços.

Promover a mudança Ausloos (1991):

Definir concretamente o problema (diferente de facto)

Analisar as soluções já tentadas (como o sistema funciona e o que mantém a situação)

Identificar objectivos realistas, alcançáveis, apropriados e negociados com a família

Definir a mudança concreta a alcançar (objectivo utópico pode transformar-se ou acentuar o problema)

Formular e implementar um programa para produzir essa mudança e motivar os intervenientes

Activar o processo familiar Ausloos (1991): Passar do tempo imobilizado do diagnóstico ao

tempo dinâmico da evolução potencial – resistir a querer saber porque é assim e procurar entender como pode vir a ser melhor atendendo ao passado

Tentar não saber – querer compreender centra-nos na nossa hipótese e há muitas, provavelmente a coexistência de múltiplos factores. Importante família desenvolver suas hipóteses e necessita de tempo

Activar o processo familiar Não se centrar nos conteúdos mas nos processos, os

conteúdos dizem respeito ao passado, o processo nunca pára.

Sair da impaciência que nos leva a entender as nossas teorias como dogmas, a crer que as nossas soluções são boas para todos, a impedir as famílias de encontrar as sua auto-soluções

Deixar de falar de resistência das famílias, elas não são resistentes, têm necessidade de tempo, são prudentes e têm razão para isso, aprender a esperar é uma competência fundamental

Competências das famílias Um sistema só se pode colocar problemas

que seja capaz de resolverCada família tem competências suficientes para enfrentar os seus próprios problemas na condição de dispor de informação suficiente. Assim, o papel do terapeuta é o de activar a circularidade de informação na família para que as soluções surjam (Ausloos)

Competências dos técnicos ao nível da comunicação

Circular informação e abrir à solução em oposição ao fechamentoEx: Afirmações vagas – “o meu marido não me liga”Pedir exemplos específicos e fazer perguntas de detalhe

Ex: Verbos não específicos – inibo-me muitoEspecificar: de quê, quando, onde

Ex: Generalizações – foi sempre assimEspecificar:foi mesmo sempre, alguma vez foi diferente?

Momentos da intervenção Pedido Preparar e planear

Objectivo: conhecer o sistema com qual vai trabalhar Resultados:

conhecer os serviços envolvidos conhecer a definição do problema pelos diversos serviços

compreender os limites entre a família e os serviços envolvidos

conhecer mitos e crenças existentes nesses serviços conhecer soluções passadas e actuais para o problema e

resultados conhecer as previsões dos envolvidos em relação ao caso

Momentos da intervenção Primeiros contactos

Encontro inicial com a família Objectivo: marcar o contexto de centração na família

e suas competências Outros primeiros contactos

Objectivo Explorar padrões alternativos de relação Reenquadrar ideias sobre a família e o problema Reconhecer redes de apoio Gerir conflitos

Momentos da intervenção Resultados

Definir o contexto da intervenção Estabelecer objectivos comuns Delimitar o sistema com o qual se vai trabalhar

Continuação da relação Objectivo

Alimentar a parceria Persistir Ser paciente

Modificação do sistema1. Procedimentos da admissão: parceria com a família

Quem convidar O que incluir

Comunicando a necessidade do envolvimento familiar

Troca de informações e avaliação da família Criação de condições para um envolvimento

familiar contínuo2. Apoio à parceria e incentivo à família

Extensão das actividades Visitas domiciliárias à família Alta e /ou reunificação

Entrevista inicial a uma família Identificando a informação

Quem faz parte da família? (se resposta não for voluntária perguntar sobre os membros da família além da criança e dos pais: avós, tios e tias. Outras pessoas que podem ser importantes embora não sejam da família, padrinhos por ex:. Se possível pedir para fazer mapa da família)

Entrevista inicial a uma família Os problemas da criança

Porque a criança está aqui? Qual a razão disso, segundo a família? Algum membro da família tem uma opinião diferente?

Quando os problemas começaram a surgir? O que mais estava a acontecer na época na vida da criança e da família?

Quem mais foi afectado pelos problemas da criança? Como?

Que soluções foram tentadas?

Entrevista inicial de uma famíliaOs problemas da criança Qual foi o envolvimento do serviço do bem-

estar do menor ou dos sistemas médico, judiciário ou escolar, no trabalho com a criança e com a família? Esse envolvimento tem sido proveitoso?

(se a criança não foi descrita como tendo problemas, mas foi colocada aos cuidados dos serviços devido a dificuldades na família, centrar as perguntas nas características, desenvolvimento e relacionamento da criança na opinião da família)

Entrevista inicial a uma família A família: potencialidades e factores de tensão

Quais são as potencialidades da família?Dedicar algum tempo a esta área. Se não houver informações voluntárias,

perguntar acerca dos sistemas de apoio, os mecanismos de coping, as qualidades das quais a família se orgulha:lealdade familiar, a resiliência, respeito mútuo, protecção e educação dos filhos, etc

Entrevista inicial a uma família A família: potencialidades e factores de tensão

Quais são os factores de tensãoFactores sociais e económicos, tais como o

desemprego, desabrigo, instrução limitada, migração e dificuldades de linguagem

Factores pessoais e familiares, como doença, dependência de drogas ou de álcool, morte na família, divórcio e tensão conjugal

Entrevista inicial a uma família Expectativas e papel da família

O que os membros da família esperam do serviço? O que esperam que venha a ser realizado? O que acreditam ser a preocupação mais importante que deve ser considerada primeiro?

Como os membros da família são uma parte importante do trabalho da instituição com a criança, que membros da família devem estar presentes em todas as reuniões?

Como o serviço poderia entrar em contacto com os membros da família que em geral não se envolvem, mas poderiam ser um recurso valioso?

Trabalho em rede Dificuldades:

Coordenação entre profissionais e serviços Superar a fragmentação de recursos que coexistem

impedindo a globalização Propostas:

Serviços terem espaço estruturado para encontros em rede, de reflexão sobre funções e posições dos profissionais dos diferentes contextos

Conceber cada rede de intervenção como um sistema onde cada subsistema (profissionais e funções) se junta (acopla) sem perder a sua singularidade, potenciando a acção conjunta e solidária