ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA AGROFLORESTAL

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  • 7/31/2019 ANLISE DA SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA AGROFLORESTAL

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO

    PROGRAMA REGIONAL DE PS -GRADUAO

    EM

    DESENVOLVIMENTO E MEIO-AMBIENTE

    ANLISE DA SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA AGROFLORESTAL

    COM AGRICULTORES FAMILIARES DE NOVA OLINDA E

    SANTANA DO CARIRI CE.

    Manoel Jorge Pinto da Franca

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    PROGRAMA REGIONAL DE PSGRADUAO EM

    DESENVOLVIMENTO E MEIO-AMBIENTE

    Manoel Jorge Pinto da Franca

    ANLISE DA SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA AGROFLORESTAL

    COM AGRICULTORES FAMILIARES DE NOVA OLINDA ESANTANA DO CARIRI CE.

    Dissertao apresentada ao Programa Regional de Ps-

    Graduao em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sub-

    Programa da Universidade Federal do Cear, para

    obteno do Ttulo de Mestre em Desenvolvimento e Meio

    Ambiente.

    rea de concentrao: Economia dos Recursos Naturais.

    Orientador: Prof. Ph.D. Luiz Antonio Maciel de Paula.

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    Esta dissertao foi submetida Coordenao do Curso de Mestrado em Desenvolvimento e

    Meio Ambiente, como parte dos requisitos necessrios obteno do Ttulo de Mestre em

    Desenvolvimento e Meio Ambiente, outorgado pela Universidade Federal do Cear, e encontra-se a

    disposio dos interessados na Biblioteca do Departamento de Economia Agrcola da referida

    Universidade.

    A citao de qualquer trecho desta dissertao permitida, desde que seja feita de conformidade

    com as normas da tica cientfica.

    _______________________________Manoel Jorge Pinto da Franca

    DISSERTAO APROVADA EM: 29 de outubro de 2004

    _______________________________________Prof. Ph.D. Luiz Antonio Maciel de Paula

    _______________________________________Prof. Dr. Jos Levi Furtado Sampaio

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    Aos trabalhadores e trabalhadoras rurais que vivem o amor

    terra e a cada dia alimentam a esperana de dias melhores; a

    todas as pessoas que acreditam na transformao, atravs da

    palavra e da ao; quelas que acreditam na agroecologia, na

    solidariedade e num mundo mais justo.

    Aos meus pais, Jos e Rizalva pela minha formao moral e

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Ser Superior por fazer acreditar que a nossa passagem pelo mundo necessita de aes

    que transformem a realidade daqueles que mais necessitam.

    Aos meus pais, Jos e Rizalva, minha esposa Larissa e minha filha Tain pela

    importncia, pela fora e apoio na concretizao de um sonho.

    Aos agricultores e agricultoras que labutam todos dias em busca da melhoria de vida, no

    meio rural, especialmente, aos agricultores agroflorestais e convencionais de Taboleiro e Catol,

    pela colaborao e receptividade demonstradas em todos os momentos.

    Aos amigos e amigas, que fazem a Associao Crist de Base ACB, pelo apoio

    incondicional ao trabalho e pelo belo exemplo de atuao, atravs de proposies de Polticas

    Pblicas de Convivncia com o Semi-rido e de Desenvolvimento Local Sustentvel.

    Ao Professor Ph.D. Luiz Antnio Maciel de Paula, pelo ensinamentos durante a graduao,

    pela orientao deste momento, e principalmente pela simplicidade, amizade e apoio ao longo deste

    tempo.

    Ao Professor Dr. Jos Levi Furtado Sampaio por sua dedicao e apoio na Coordenao doCurso e pela orientao precisa em alguns momentos deste trabalho.

    Ao Professor Dr. Bernardo Melgao da Silva pelo pronto atendimento ao convite em

    participar da Banca Examinadora e, principalmente, pelo excelente trabalho em busca de solues

    cooperativistas e solidrias para o Cariri Cearense.

    A Professora Ph.D. Maria Irles de Oliveira Mayorga pelo pronto atendimento nos momentosnecessrios .

    Aos demais professores do Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelos

    valiosos ensinamentos e experincias. Aos funcionrios dos Departamentos de Economia Agrcola e

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    Aos colegas do Centro Acadmico de Agronomia Dias da Rocha e do Grupo Agroecolgico

    da UFC, pela construo de conceitos, valores e ideais de transformao da sociedade e do campo.

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    Canto Cariri

    Cariri nas tuas mos a natureza se entregaNo deixe desnudarem a serra com fogo, serrotes, machados

    Cortar a mata sem cuidado vem ferir os nossos olhosLacrimeja nossa alma se acabar umbuzeiro e pequi

    Acorda Cariri!Sinta as guas das nascentes

    Veja o verde que harmoniaTanta vida nesta serra!

    Se as queimadas no se encerramTem cuidado Araripe

    Por favor te cuida no seja mais umaSeja sempre Cariri

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    LISTA DE TABELAS

    1 Faixa de Performance Ambiental 40

    2 Renda Familiar Per Capita Mensal e Percentual da Renda por atividade/ocupao do

    Agricultor Agroflorestal de Taboleiro Nova Olinda/CE - 2002.

    44

    3 Renda Familiar Per Capita Mensal e Percentual da Renda por Atividade/ocupao do

    Agricultor Convencional de Taboleiro Nova Olinda/CE 2002.

    45

    4 Renda Familiar Per Capita Mensal e Percentual da Renda por atividade/ocupao do

    Agricultor Agroflorestal de Catol Santana do Cariri/CE 2002.

    47

    5 Renda Familiar Per Capita Mensal e Percentual da Renda por atividade/ocupao do

    Agricultor Convencional de Catol Santana do Cariri/CE 2002.

    48

    6 Performance ambiental do agricultor adepto do sistema agroflorestal e do agricultor

    convencional na comunidade de Taboleiro, municpio de Nova Olinda/CE.

    65

    7 Performance ambiental do agricultor adepto do sistema agroflorestal e do agricultor

    convencional na comunidade de Catol, municpio de Santana do Cariri/CE.

    72

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    LISTA DE QUADROS

    1 Organizao que os agricultores dos sistemas pesquisados em Taboleiro Municpio de

    Nova Olinda/CE participam.

    49

    2 Tempo de Participao dos agricultores dos sistemas pesquisados em Taboleiro

    Municpio de Nova Olinda/CE em organizaes.

    50

    3 Caractersticas das Habitaes dos agricultores dos sistemas pesquisados em Taboleiro

    Municpio de Nova Olinda/CE.

    53

    4 Recursos existentes nas habitaes dos agricultores dos sistemas pesquisados em

    Taboleiro municpio de Nova Olinda/CE.

    54

    5 Utenslios Domsticos existentes nas habitaes dos agricultores dos sistemas pesquisados

    em Taboleiro municpio de Nova Olinda/CE.

    55

    6 Condies de Lazer dos agricultores dos sistemas pesquisados em Taboleiro municpio

    de Nova Olinda/CE, em nmeros de horas por ms.

    55

    7 Organizaes que os agricultores dos sistemas pesquisados em Catol Santana do

    Cariri/CE participam.

    57

    8 Tempo de Participao em organizaes dos agricultores dos sistemas pesquisados em

    Catol municpio de Santana do Cariri/CE.

    57

    9 Caractersticas das Habitaes dos agricultores pesquisados em Catol Santana do 61

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    12 Questionrio Temtico 1 Como o solo tem sido tratado na sua propriedade? 66

    13 Questionrio Temtico 2 Quais os cuidados que so tomados em relao ao uso de

    adubos nos solos da sua propriedade.

    67

    14 Questionrio Temtico 4 Como a gua tem sido cuidada na sua propriedade. 69

    15 Questionrio Temtico 5 Como est a qualidade do ar em sua propriedade? 70

    16 Questionrio Temtico 6 Como a energia e o lixo tm sido tratada na sua propriedade. 71

    17 Questionrio Temtico 7 Como a vida selvagem e o meio ambiente tm sido tratado na

    sua propriedade

    71

    18 Questionrio Temtico 1 Como o solo tem sido tratado na sua propriedade? 73

    19 Questionrio Temtico 2 Quais os cuidados que so tomados em relao ao uso deadubos nos solos da sua propriedade.

    74

    20 Questionrio Temtico 3 Quais os cuidados que so tomados em relao ao uso de

    agrotxicos na sua propriedade?

    75

    21 Questionrio Temtico 4 Como a gua tem sido cuidada na sua propriedade. 76

    22 Questionrio Temtico 5 Como est a qualidade do ar em sua propriedade? 76

    23 Questionrio Temtico 6 Como a energia e o lixo tm sido tratada na sua propriedade. 77

    24 Questionrio Temtico 7 Como a vida selvagem e o meio ambiente tm sido tratado na

    sua propriedade

    78

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    SUMRIO

    LISTA DE TABELAS xi

    LISTA DE FIGURAS xii

    LISTA DE QUADROS xiii

    APNDICE - TABELAS xv

    APNDICE - QUADROS xvi

    APNDICE MODELO DE QUESTIONRIO xvii

    RESUMO xviii

    1 INTRODUO 1

    1.1 CONSIDERAES GERAIS 1

    1.2 O PROBLEMA E A SUA IMPORTNCIA 4

    1.3 OBJETIVOS 6

    1.3.1 Objetivo Geral 6

    1.3.2 Objetivos Especficos 6

    1.4 ORDENAO FINAL DO TEXTO 7

    2. REVISO DE LITERATURA 9

    2.1.A AGROECOLOGIA 9

    2.2 A SUSTENTABILIDADE 13

    2.3 A ASSOCIAO CRIST DE BASE ACB 162.4 O MERCADO AGROECOLGICO NA REGIO DO CARIRI 21

    2.5 O SISTEMA AGROFLORESTAL 22

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    4. RESULTADO E DISCUSSO 42

    4.1 ANLISE ECONMICA 42

    4.1.1 Anlise da Renda Familiar Taboleiro Nova Olinda 42

    4.1.1.1 Anlise da Renda Familiar Agricultor Agroflorestal 42

    4.1.1.2 Anlise da Renda Familiar Agricultor Convencional 44

    4.1.2 Analise da Renda Familiar Catol Santana do Cariri 46

    4.1.2.1 Anlise da Renda Familiar Agricultor Agroflorestal 46

    4.1.2.2 Anlise da Renda Familiar Agricultor Convencional 47

    4.2 ANLISE SOCIAL 48

    4.2.1 Anlise Social em Taboleiro Nova Olinda 48

    4.2.1.1 Organizao Social 48

    4.2.1.2 Participao em Capacitaes dos Agricultores Pesquisados em Taboleiro

    Nova Olinda

    50

    4.2.1.3 Dados Gerais dos Agricultores Pesquisados sobre Educao em Taboleiro

    Nova Olinda

    51

    4.2.1.4 Condies dos Servios de Sade em Taboleiro Nova Olinda e Aspectos

    Relativos s Condies de Sade da Famlia do Agricultor Pesquisado

    51

    4.2.1.5 Condies e Caractersticas das Habitaes 52

    4.2.1.6 Acesso a Utenslios Domsticos 54

    4.2.1.7 Condies de Lazer Mensal 55

    4.2.2 Anlise Social em Catol Santana do Cariri 56

    4.2.2.1 Organizao Social 564.2.2.2 Participao em Capacitaes dos Agricultores Pesquisados em Catol

    Santana do Cariri

    58

    4.2.2.3 Dados Gerais dos Agricultores Pesquisados sobre Educao em Catol 58

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    4.3.1 Analise Ambiental: Taboleiro Nova Olinda 65

    4.3.2 Analise Ambiental Catol Santana do Cariri 72

    5. CONCLUSES E SUGESTES 79

    5.1 CONCLUSES 79

    5.2 SUGESTES 83

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 84

    APNDICES 89

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    RESUMO

    O presente trabalho teve como objetivo analisar a sustentabilidade dos sistemas agroflorestais

    difundidos pela Organizao No Governamental ACB Associao Crist de Base e implantados

    por agricultores familiares, nos municpios de Nova Olinda e Santana do Cariri. Procurou-se

    realizar um trabalho objetivo, identificando fatores ambientais, sociais e econmicos, que devem ser

    considerados e que tenham relevncia para o desenvolvimento dos sistemas agroflorestais na regio

    semi-rida em estudo. A rea de estudo foi a comunidade de Taboleiro Nova Olinda e Catol

    Santana do Cariri, onde havia as duas experincias que mais caracterizavam a implantao dos

    sistemas agroflorestais. Para o enriquecimento e visando-se estabelecer bases comparativas,

    entrevistou-se agricultores familiares que no trabalham a proposta da Agrofloresta, denominados

    no estudo de agricultores convencionais. Para a anlise ambiental, calculou-se performance

    ambiental dos sistemas utilizando-se a Metodologia do Guia do Produtor Rural. BNB (1999). Na

    anlise social, verificou-se os aspectos que podem influenciar decisivamente na validao da

    proposta, como organizao social, capacitao, educao, sade, habitao, acesso a utenslios

    domsticos e lazer. Na anlise econmica utilizou-se o clculo da Renda Familiar Per Capita eRenda Percentual por Setor/Ocupao dos agricultores do sistema. De uma maneira geral,

    analisando os aspectos ambientais, sociais e econmicos, os sistemas agroflorestais se mostraram

    melhores em relao aos sistemas convencionais. A anlise ambiental constatou a sustentabilidade

    ambiental em uma rea pesquisada. Percebe-se que as diferenas nos fatores ambientais e sociais

    das comunidades e entre as propriedades trabalhadas influenciam no resultado final do sistemaimplantado. Constata-se que mesmo com as melhorias apresentadas pelos sistemas agroflorestais,

    estes no conseguem a curto prazo resolver todas as dificuldades apresentadas, no podendo,

    portanto, ser caracterizado como sustentvel, em relao aos trs aspectos estudados. Da

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    1INTRODUO

    1.1CONSIDERAES GERAIS

    A agricultura tradicional do Nordeste brasileiro vem apresentando declnio em suas

    atividades h dcadas, resultado da forma de cultivo que inclui o desmatamento desordenado,

    broca, queimadas, no utilizao das curvas de nvel, destruio da cobertura vegetal,

    esgotamento do solo, monocultivo e cultivo pouco diversificado com baixa produtividade. A

    decadncia do setor agravada ainda pela insuficincia de recursos de custeio e comercializao e

    pela falta de assistncia tcnica, abalando a economia da regio, atingindo fortemente a pequena

    propriedade rural.

    A regio Nordeste possui cerca de 2,3 milhes de agricultores familiares, representando53% do total do Pas. Os agricultores familiares esto presentes em 83% dosestabelecimentos rurais do Nordeste, mas a agricultura familiar ocupa apenas 31% da rearegional, numa extenso aproximada de 28,8 milhes de hectares (HABERMEIER &SILVA, 1998, p. 11).

    Localizado no Nordeste do Brasil, o Cear apresenta caractersticas fsicas tpicas de regies

    semi-ridas. O perodo seco na maior parte do estado dura at oito meses, suas chuvas so muito

    irregulares, e a mdia de precipitao anual de pouco mais de 620 mm. Apresenta temperaturas

    mdias anuais em torno de 25 C. Seu relevo, de um modo geral, apresenta altitudes de menos de

    250 metros, e sua cobertura vegetal caracterstica a caatinga. Na rea dos sertes semi-ridos, o

    setor agropecurio tem por base a pecuria de corte e uma policultura de milho, feijo e mandioca.

    A regio sul do Cear, tambm denominada regio do Cariri, que tem como principais

    centros urbanos Juazeiro do Norte e Crato, apresenta diferenciados usos da terra. Nas reas mais

    d Ch d d A i d i i t i t t i

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    regio como um todo. Com relao ao Brasil, do ponto de vista populacional a RSA-NE

    abriga um contigente que vem decrescendo. Desde 1970, quando era 19.7% da populaototal, atingindo em 1996,uma cifra de 14.7%. (VASCONCELOS, 2002, p.48).

    FIGURA 1 rea queimada em Taboleiro, Nova Olinda.Fonte: Manoel Jorge Pinto da Franca

    Atentos a esta realidade a ACB - Associao Crist de Base, na inteno de atenuar esolucionar os efeitos deste problema, vem trazendo alternativas e desenvolvendo aes atravs de

    propostas agroecolgicas para a agricultura familiar. A ACB uma organizao no governamental,

    que tem por finalidade assessorar homens e mulheres no campo e na cidade nas reas de

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    integrados. Atualmente, esto implantadas 31 unidades desse sistema em diferentes estgios de

    desenvolvimento na regio do Cariri.

    Segundo Habermeier e Silva (1998, p.18), a proposta da agrofloresta, combina culturas

    agrcolas com outras plantas, integrando as espcies nativas e as culturas introduzidas, que

    melhoram o solo e aumentam a vida da terra. Atravs de consrcios densos de plantas cultivadas,

    plantas adubadoras e rvores nativas, manejadas com capinas seletivas e podao, a agrofloresta

    aproveita a fora da vegetao para recuperar e melhorar o solo, ao mesmo tempo que produz os

    alimentos e outros produtos agrcolas que a agricultura familiar precisa para viver bem.

    Para Altieri (2001, p.36), a abordagem agroecolgica tambm mais sensvel s

    complexidades dos sistemas locais. Nela, os critrios de desempenho incluem no s uma produo

    crescente, mas tambm propriedades como sustentabilidade, segurana alimentar, estabilidade

    biolgica, conservao de recursos e eqidade.O aumento da conscientizao dos agricultores a respeito dos problemas relacionados ao

    meio-ambiente e importncia do manejo sustentvel de suas atividades agrcolas; o mercado

    crescente dos produtos orgnicos e o reconhecimento de instituies como Universidades, empresas

    de pesquisas, bancos e dos prprios agricultores, vm validando a proposta e a busca de solues

    sustentveis para a agricultura familiar da regio. Um exemplo deste fato ocorre nas regies onde aproposta do sistema agroflorestal est sendo implantada, j sendo perceptvel uma busca pelos

    conhecimentos e tcnicas do mtodo, bem como a crescente adoo ao sistema.

    1.2 O PROBLEMA E SUA IMPORTNCIA

    O Brasil priorizou um modelo de desenvolvimento pautado na tecnologia de ponta e

    altamente dependente de insumos e capital. A agricultura um exemplo, com sua produo voltada

    principalmente para o mercado de exportao, em detrimento da produo de alimentos para o

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    O retrato de um modelo voltado para o capital, reflete-se em todos os setores sociais, na

    economia, na sade, na educao. No Estado do Cear, onde esto localizadas as reas mais pobres

    do pas, a situao alarmante.

    A populao do Cear em 2001, foi estimada 7,57 milhes de habitantes, equivalente a4,5% da populao nacional. Dos 184 municpios, a capital do Estado, Fortaleza, concentra28,8% da populao e grande parte da atividade econmica. Dessa massa populacional

    interiorana e litornea 53,6% residem nas reas urbanas e 46,4% nas reas rurais. A rendamdia da populao do restante do Estado de R$ 115,00 mensais, menos da metade darenda mdia da Regio Metropolitana que de R$ 258,00. No meio rural, verifica-se umarenda mdia mensal de R$ 74,00,equivalente a 28,26% da renda da Regio Metropolitana.(BEZERRA, 2004, p. 25).

    A adoo do paradigma qumico-mecnico trouxe conseqncias desastrosas para o meio

    ambiente, degradao do solo, eroso, desmatamento, queimadas, desertificao, poluio dosmananciais, diminuio da biodiversidade, envenenamento, enfim, o empobrecimento do homem do

    campo e o xodo rural.

    Com a crescente busca de alternativas para a convivncia com o semi-rido, diversas

    entidades governamentais e no governamentais apresentam experincias agroecolgicas exitosas,

    que contribuem conjuntamente na proposio de polticas pblicas para o semi-rido. Os sistemasagroflorestais representam hoje, atravs da proposio de algumas organizaes do semi-rido

    nordestino, uma poltica real de convivncia com o ecossistema da caatinga. Incentivos

    governamentais j foram criados, a exemplo da linha de crdito de investimento para a silvicultura e

    sistemas agroflorestais (PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da agricultura familiar

    FLORESTA) e inclusive com recomendaes s instituies financeiras para que dem preferncia

    ao atendimento creditcio das propostas que objetivem a produo agroecolgica ou orgnica.

    Apesar dos avanos dos modelos agroecolgicos de produo nos aspectos da produo,

    crdito, comercializao e mercado, a adoo por parte dos agricultores e agricultoras ainda se

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    Aps aproximadamente nove anos de trabalho com o sistema agroflorestal tornam-se

    necessrios e oportunos um balano e avaliao da efetividade do sistema. O intuito do presente

    trabalho analisar se o sistema alcanou a sustentabilidade, em seus aspectos econmicos, sociais e

    ambientais durante o perodo em que est implantado.

    FIGURA 2 Foto do sistema agroflorestalFonte: Manoel Jorge Pinto da Franca

    1.3 OBJETIVOS

    Para a adoo e implantao dos sistemas agroflorestais, necessrio ter percepo e

    d l id d d i A i d i di i li id d

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    O estudo dos fatores sociais para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores e

    agricultoras dos sistemas agroflorestais importante, pois apresentam conceitos, concepes,

    modelos de participao e de deciso diferenciados dos sistemas convencionais de produo.

    E, por fim, a anlise econmica avaliar os sistemas agroflorestais no que diz respeito

    melhoria da renda a partir da adoo deste modelo, ou se o modelo convencional apresentar-se

    superior.

    1.3.1 - Objetivo Geral

    Analisar se o sistema agroflorestal trabalhado por agricultores familiares de Nova Olinda e

    Santana do Cariri - CE alcanou a sustentabilidade.

    1.3.2 Objetivos Especficos

    a) Identificar os fatores ambientais que devem ser considerados no Sistema Agroflorestal;b) Identificar as condies sociais da comunidade e a repercusso do Sistema Agroflorestal

    na melhoria da qualidade de vida;

    c) Identificar os aspectos econmicos importantes do Sistema Agroflorestal .

    1. 4 Ordenao final do texto

    A presente dissertao est distribuda em cinco captulos, seguindo as normas cientificas e

    organizada para a melhor compreenso do trabalho.

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    O segundo captulo tem incio com o aprofundamento do tema agroecologia, apresentando

    conceitos e seu processo de evoluo e desenvolvimento, ao longo do tempo. So relatadas

    pesquisas na rea e citadas experincias de sucesso a nvel internacional e nacional. Ainda, no

    segundo capitulo, a questo da sustentabilidade evidenciada por fazer parte do problema do

    presente trabalho, so apresentados diferentes conceitos e trabalhos sobre indicadores de

    sustentabilidade para sistemas agroflorestais. Traz ainda a Histria da Associao Crist de Base

    ACB, entidade que difundiu os sistemas agroflorestais na regio. Mostra um trabalho sobre omercado agroecolgico na regio do Cariri, a boa aceitao e as perspectivas de comercializao

    para estes produtos no mercado local. Por fim, aborda com mais detalhamento o histrico dos

    sistemas agroflorestais, conceitos e manejo realizado no sistema.

    O terceiro captulo refere-se aos aspectos da metodologia, com enfoque na caracterizao

    geogrfica da rea de estudo, caracterizao dos municpios, fonte de dados, populao estudada,mtodo de anlise e variveis.

    O quarto captulo dedicado aos resultados e discusso, onde so apresentadas as anlises

    ambientais, sociais e econmicas das duas comunidades pesquisadas. O quinto e ultimo capitulo

    composto das concluses e sugestes apresentadas pelo autor.

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    2 REVISO DE LITERATURA

    Este captulo pretende abordar os aspectos importantes para a compreenso do presente

    estudo. Iniciando com os conceitos e abordagens mais gerais sobre agroecologia e sustentabilidade.

    Em seguida, toma com referncia temas de importncia local, como o histrico da Associao

    Crist de Base, seu trabalho para a implantao dos sistemas agroflorestais e o estudo sobre omercado agroecolgico na regio do Cariri Cearense.

    Finalizando o captulo, apresentado o histrico, os conceitos, as tcnicas de implantao dos

    sistemas agroflorestais na regio do Cariri.

    2.1 A AGROECOLOGIA

    Para que se possa entender o contexto em que a Agroecologia surgiu e como seu movimento

    ganhou maior representatividade na sociedade, importante tomar como referncia a dcada de

    1960, com a chegada da Revoluo Verde e seu conjunto de descobertas, colocadas naquele

    momento a servio da agricultura.

    O chamado pacote tecnolgico trouxe para o cenrio agrcola um novo modelo de

    desenvolvimento, totalmente fora da realidade econmica, social, ambiental e cultural das

    populaes dos pases do terceiro mundo. Fundamentado num conjunto de insumos e descobertas

    cientficas, formava a coluna vertebral que sustentava a chamada agricultura convencional, sendo

    estes, o uso intensivo do solo, a monocultura, o controle qumico de pragas, o uso de adubos

    inorgnicos, irrigao e manipulao gentica das plantas. As prticas da agricultura convencional

    encontraram, na agricultura local, o uso secular do fogo e o desmatamento, formando assim o

    bi t id l l i lt f ili d l i d i d i

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    Mundo. O paradigma tecnolgico pensado fora da realidade dos pases pobres, noconseguia promover um desenvolvimento que atingisse a todas as camadas e ao mesmotempo se mostrasse sustentvel. Este modelo mostrou-se ineficaz para a resoluo dosproblemas da pobreza, da fome, da desnutrio, das questes ambientais e principalmentedos agricultores pequenos e pobres do Terceiro Mundo.

    Os problemas sociais se agravaram com a sada do homem do campo para a cidade grande.

    No entanto, a pesquisa e a extenso buscaram solues pautadas no paradigma convencional,

    baseado na adubao qumica e uso de agrotxicos. Cavalet (1996, p. 20) afirma que o modelo deproduo adotado no Brasil a partir da dcada de sessenta, baseado no pacote tecnolgico, ocasiona

    uma total desestruturao do regime de produo baseado na propriedade familiar. Com a

    retomada da produo, baseada no paradigma qumico, surgiram srios problemas ambientais,

    acarretando danos para a sade animal e humana.

    Os efeitos benficos atribudos a um agroecossistema equilibrado so vrios, melhoria dacobertura e fertilidade do solo, aumento da diversidade de espcies e conseqente crescimento da

    resilincia do ecossistema, diversificao da produo, refletindo no ganho temporal, espacial e

    econmico, melhoria das condies de armazenamento de nutrientes e gua no solo, garantia de

    uma produo sustentvel e mercado em ampla expanso para produtos agroecolgicos.

    Dentro da viso de agricultura, que busca maior harmonia com o meio ambiente, algumasuniversidades, empresas de pesquisa, vrias organizaes no governamentais, principalmente s de

    atuao no Terceiro Mundo optaram pelo caminho da agroecologia, fundamentadas principalmente

    na observao dos sistemas agrcolas tradicionais.

    Altieri (2001, p. 40) relata que uma ONG hondurenha chamada Loma Linda, desenvolveuum sistema simples de plantio sem revolvimento do solo. Enquanto a terra est em pousio,as ervas adventcias so retiradas com um faco ou outra ferramentas apropriadas, semremover o solo. Com o auxlio de uma enxada ou um arado pequeno, abrem-se pequenossulcos a cada 50-60 cm, seguindose a curva de nvel. As sementes e o composto e/ouesterco de aves so colocados no sulco e cobertos com terra. Na medida em que cresce ocultivo as ervas adventcias so mantidas roadas para evitar competio excessiva e sua

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    ambos so combinadas: a mescla suprime o crescimento das ervas, altamente produtiva eadiciona nitrognio ao sistema. Mas isso no tudo. A mescla da cobertura aumenta mais onitrognio no solo do que um plantio solteiro da leguminosa, mesmo quando este tembiomassa maior. possvel que a maior quantidade de matria orgnica incorporada juntocom a fava desacelere a decomposio, retendo mais nitrognio no solo. A cobertura mistatambm provou ser benfica ao cultivo seguinte de hortalias. Embora o rendimento dorepolho fosse mais alto no tratamento somente com a fava, ele no foi estatisticamentediferente do obtido no tratamento com centeio-fava, e ambos foram significativamente maisaltos do que aqueles na cobertura solteira de centeio e no controle. Devido maiorquantidade de matria orgnica que adiciona ao solo, o cultivo de cobertura mistaprovavelmente mostraria benefcios mais significativos ao longo do tempo.

    Dentro da realidade nordestina, particularmente no Cear, algumas

    pesquisas tm fortalecido propostas de desenvolvimento de alternativas tecnolgicas para uma

    manejo sustentvel das atividades agrcolas e pecurias do semi-rido nordestino.

    Segundo Arajo Filho & Carvalho (1997, p. 12) a manipulao da caatinga, seguida deprticas de conservao dos recursos naturais, pode aumentar a disponibilidade de forragemem at 80%. Desta forma, quatro nveis de manipulao se destacam: o rebaixamento, oraleamento, o rebaixamentoraleamento e o enriquecimento. O rebaixamento consiste nocorte da parte area das espcies lenhosas, a uma altura de 40cm do solo. O objetivo aumentar a disponibilidade e melhorar a qualidade da forragem da caatinga para a criaode caprinos, os quais tm nas folhas de espcies lenhosas o principal componente de suadieta. O raleamento consiste no controle das espcies lenhosas sem valor forrageiro, comobjetivo de incrementar a participao do estrato herbceo na produo de fitomassa dapastagem e melhorar as condies da caatinga para a criao de bovinos e ovinos. Orebaixamentoraleamento a combinao das duas prticas anteriores, resultando nosmelhores nveis de produo da caatinga, uma vez que possibilita, simultaneamente, aobteno de vrios produtos. Requer, no entanto, um conhecimento mais detalhado dosdiversos usos que uma mesma espcie pode ter. O enriquecimento trata-se do plantio deespcies forrageiras nativas e/ou exticas, adaptadas as condies de semi-ridez doNordeste, sendo a opo que acarreta maior incremento produo de forragem e aodesempenho animal.

    Outra experincia importante vem sendo feita por uma ONG cearense denominada

    ESPLARCentro de Pesquisa e Assessoria.

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    A convivncia com pragas est sendo conseguida sem qualquer emprego de agrotxicos,atravs de tcnicas de manejo, uso de inseticidas naturais e controle biolgico. A

    convivncia com o bicudo (Anthonomus grandis) ainda se constitui num problema para oqual esto sendo buscadas solues

    A divulgao das experincias vem resultando num crescente interesse de agricultores,

    ONGs, cooperativas, prefeituras municipais, bancos e outras instituies, dentro e fora do Cear,

    pelo emprego do manejo agroecolgico.

    Duas experincias merecem relato, a das ONGs CEPEMA, que desenvolve o trabalho de

    cultivo do caf orgnico com agricultores familiares do macio do Baturit CE; e o da ADAO, que

    possui um trabalho de organizao de produtores e cultivo de produtos orgnicos, na regio da

    Ibiapaba -CE, realizando a comercializao no mercado de Fortaleza Cear.

    Mapurunga (2000, p. 96), em um estudo de caso sobre a sustentabilidade da agriculturaorgnica no municpio de Guaraciaba do NorteCe, conclui que a atividade orgnicaquando comparada atividade convencional economicamente vivel porque umaatividade que gera renda suficiente para o produtor de produtos orgnicos e sua famliavivam com dignidade. socialmente justa, pois sendo uma atividade que exige um maiornmero de mo-de-obra, devido maioria das atividades serem feitas manualmente,possibilita maiores condies para que os agricultores e seus familiares, permaneam nocampo, evitando assim, o xodo rural e o conseqente impacto negativo nas grandes

    cidades, amenizando problemas sociais como a marginalizao e a prostituio. ambientalmente sustentvel porque viabiliza a recuperao do solo e da gua, componentesde vital importncia para a nossa sobrevivncia, assegurando a utilizao racional dosrecursos, permitindo s futuras geraes se beneficiar tambm com o uso desses recursos.Os aspectos econmicos, sociais e ambientais analisados e que foram favorveis sustentabilidade, s o foram devido ao sistema cooperativo proposto pela ADAO

    (Associao para o Desenvolvimento da Agricultura Orgnica).

    2.2A sustentabilidade

    O desafio da sustentabilidade est presente em todos os campos do conhecimento humano.

    S i d fi i t ib d t t t bilid d t d t t t

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    paradigmas organicistas dos processos de vida, legitimando uma falsa idia de progresso dacivilizao moderna. Desta forma, a racionalidade econmica baniu a natureza da esfera da

    produo, gerando processos de destruio ecolgica e degradao ambiental. O conceitode sustentabilidade surge, portanto, do reconhecimento da funo de suporte, da natureza,condio e potencial do processo de produo. (Leff, 2001, p. 15)

    Fundamentado fortemente numa viso mecanicista e cartesiana a cincia agronmica

    legitimou a agricultura moderna. O cenrio agrcola mundial passou a ser dominada por um pacote

    agroqumico, a sustentabilidade dos ecossistemas foi relegada a um plano secundrio, onde o buscadesesperada pelo resultado econmico transformou-se no principal objetivo a ser alcanado.

    Para compreender a sustentabilidade necessrio olhar o mundo de maneira diferenciada,

    buscando uma viso holstica.

    Para Capra (1982, p. 44) no sculo XX, entretanto, a fsica passou por vrias revoluesconceituais que revelam claramente as limitaes da viso de mundo mecanicista e levam auma viso orgnica, ecolgica, que mostra grandes semelhanas com vises dos msticos detodas as pocas e tradies. O universo deixou de ser visto como uma mquina, compostade uma profuso de objetos distintos, para apresentar-se agora como harmonioso eindivisvel, uma rede de relaes dinmicas que incluem o observador humano e suaconscincia de um modo essencial. (...)No inicio do sculo, quando os fsicos estenderam o alcance de suas investigaes aosdomnios dos fenmenos atmicos e subatmicos, tomaram subitamente conscincia das

    limitaes de suas idias clssicas e tiveram que rever radicalmente muitos dos seusconceitos bsicos a cerca da realidade. A experincia de terem de questionar a prpria basede sua estrutura conceitual e de se verem forados a aceitar profundas modificaes de suascaras idias foi marcante e, freqentemente, dolorosa para esses cientistas, sobretudodurante as primeiras dcadas do sculo, mas foi recompesada por insgiht profundos danatureza da matria e da mente humana. (Capra, 1982, p. 44)

    A sustentabilidade, especificamente relacionada com a agricultura, que o principal suporte

    da sustentabilidade, pode classificar seu ambiente nos seguintes nveis: global, nacional, regional,

    de propriedade, de ecossistema e de sistema de produo, sendo este ltimo tambm denominado

    agroecossistema. (Camino & Muller, 1993 apud Daniel et al,1999).

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    Os sistemas agroflorestais apresentam muitas caractersticas de sustentabilidade pela

    diversidade de usos e aproveitamentos, pela incluso de rvores no sistema de produoagropecurio, pelo aproveitamento dos recursos naturais e humanos, podendo se adequar a cada

    realidade e pelo aumento do nmero de servios.

    Daniel et al. (1999, p. 381) realizaram um trabalho, que tinha como objetivo definir umconjunto de indicadores biofsicos que se adaptasse aos diferentes modelos de sistemasagroflorestais. Encontraram um total de 117 indicadores biofsicos de sustentabilidade,ocorrendo um decrscimo para 100 indicadores no sistema que apresenta os componentesagrcola e florestal. Os elementos flora, fauna, energia e gua apresentaram maior nmerode opes de indicadores na categoria recursos exgenos. Como a realidade de cada sistemaagroflorestal diferenciada, o nmero significativo de indicadores permite ao pesquisador aescolha adequada para avaliao de sustentabilidade.

    Leff (2001), alerta para a necessidade de reorientao do processo de civilizao da

    humanidade, tomando como base o principio da sustentabilidade. A crise ambiental atual ratifica o

    equvoco da opo de se atingir o crescimento econmico negando a importncia da natureza. Faz-

    se necessrio um novo ordenamento econmico, baseada em diferentes critrios de sustentabilidade,

    e colocando a sustentabilidade ecolgica como instrumento normativo fundamental para o

    desenvolvimento e para a sobrevivncia da humanidade.

    Para isto, importante entender as variadas e diferentes dimenses da sustentabilidade.

    No planejamento do desenvolvimento deve-se considerar, concomitantemente, asseguintes dimenses: Sustentabilidade social; parte do princpio da justia social, ou seja, embasa-se nosconceitos de melhor distribuio de renda e de bens, de modo a permitira reduo das

    diferenas nos padres de vida entre classes sociais. Sustentabilidade econmica: refere-se ao timo locacional e gesto eficiente dosrecursos, assim como a um constante fluxo de inverses pblicas e privadas que,necessariamente, devem ser analisadas no somente pela tica do retorno empresaria, mastambm em termos de retorno social. Sustentabilidade ecolgica: relaciona-se com o uso adequado dos recursos dos diversosecossistemas com destaque para os produtos fsseis e resduos de origem industrial Esse

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    Sustentabilidade poltica nacional: baseada na democracia e no respeito aos direitoshumanos, de modo que o Estado implemente um projeto nacional em parceria com todos os

    atores desse processo. Sustentabilidade poltica internacional: consiste na aplicao do princpio da precauona gesto dos ativos ambientais, assim como garantir a paz entre naes e promover acooperao internacional nas reas financeiras e de cincia e tecnologia. (Mota, 2001 apudSachs, 2000).

    Dentro desse arcabouo de conceitos sobre sustentabilidade, importante considerar neste

    estudo, os valores e as tradies do agricultor e da agricultora nordestina, marcados com profundostraos do coronelismo e nas relaes de subservincia que dominou e ainda insiste em dominar a

    populao sertaneja. Nesta viso, o entender de sustentabilidade para o homem e a mulher sertaneja,

    pode ter diferentes leituras, podendo ser apenas o resultado de uma produo agrcola e pecuria,

    que satisfaa as necessidades de sua famlia, ou ainda mais alm, a ampliao de suas posses e

    melhoria de vida, que consiga manter a famlia unida, evitando o xodo rural to freqente, naregio nordestina. Considerando neste aspecto, o importante papel da agricultura, principal meio

    de vida como definem os prprios agricultores e agricultoras, faz-se necessrio com urgncia a

    elaborao e aplicao de polticas pblicas que contemplem as verdadeiras necessidades da

    populao rural nordestina.

    2.3 A associao crist de base ACB

    A gestao da Associao Crist de Base - ACB deu-se, ainda, nos trabalhos de base

    realizados na Fundao Padre Ibiapina ligada a Diocese de Crato-CE. A independncia de

    pensamento e as aes voltadas para a conscientizao poltica do pblico trabalhado, distanciou

    um grupo de pessoas do comando superior da Fundao havendo, ento, a ruptura e a posterior

    sada da Fundao Padre Ibiapina.

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    Olinda e outros sindicatos em toda regio do Cariri. Estas aes culminaram com a criao da

    primeira secretaria da entidade, denominada de Secretaria de Educao para a Cidadania.A ACB passa seus trs anos iniciais sem registro de direito, mas realizando seu trabalho de

    fato. Em 04 de julho de 1982, finalmente surge a ACB com o objetivo de oportunizar populao

    empobrecida, sobretudo a rural, pblico alvo da entidade, o espao, os conhecimentos e a

    organizao necessria ao seu desenvolvimento, sua ao crtica e a luta por liberdade,

    sustentabilidade econmica e dignas condies de vida.A ACB, desde sua fundao, coloca-se em apoio aos movimentos sociais, tendo

    desempenhado importante papel na ocupao e posterior posse de uma rea pertencente Empresa

    de Pesquisa Agropecuria do Cear em Milagres-CE, empresa atualmente extinta. Desempenhou

    importante papel apoiando o movimento de ocupao das terras histricas do Caldeiro do Beato

    Jos Loureno, onde hoje se consolidou o Assentamento 10 de Abril, na cidade do Crato-CE. Outromomento de participao da ACB foi a discusso e ocupao das terras onde atualmente est

    situado o Assentamento So Joo, na cidade de Antonina do Norte-CE. Vale destacar que atores

    como Movimento dos Trabalhadores Sem Terra-CE, Federao dos Trabalhadores na Agricultura

    do Estado do Cear, Comisso Pastoral da Terra, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e outras

    entidades tiveram tambm sua participao e foram importantes nas conquistas realizadas pelosmovimentos sociais, nestes ltimos anos no Cariri e no Cear.

    No decorrer desta jornada, a ACB se fortalece e consegue apoio e recursos de Organizaes

    Internacionais de Cooperao e algumas parcerias internas, como resultado ocorre a melhoria na

    estrutura fsica e a aquisio de equipamentos para entidade e para os grupos beneficiados, onde

    houve a compra de automvel, trator, mquina copiadora, entre outros equipamentos.A partir de 1989, a entidade passa a discutir o modelo e a atuao na perspectiva de criao

    de uma nova secretaria, voltada para o trabalho de assessoria ao agricultor e agricultora familiar.

    Nasce, ento, a segunda secretaria, denominada de Secretaria de Produo Agrcola. A partir deste

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    mulheres de vrias comunidades assessoradas pela ACB, fortalecendo substancialmente a

    organizao comunitria e contribuindo de maneira positiva na melhoria de qualidade de vida.A Secretaria de Produo Agrcola nasce com a preocupao de fomentar a discusso sobre os

    problemas ambientais decorrentes das aes humanas. Dentro desta viso, a secretaria passa a

    difundir tcnicas de preservao, conservao, manejo racional e sustentvel dos recursos naturais

    da regio do Araripe. Este objetivo tem a clara preocupao de permitir o uso racional do solo e da

    gua que, no ecossistema local fragilizado, fator importante para a manuteno da produo, daresilincia do ecossistema.

    No decorrer dos anos, a instituio busca amadurecer propostas de convivncia no semi-

    rido nordestino, tendo como suportes a educao ambiental, o controle e preveno

    desertificao. A ACB leva um grupo de assessores e agricultores para conhecer e discutir o sistema

    agroflorestal (agrofloresta), desenvolvido pelo pesquisador e agricultor suo, Ernst Gtsch, no sulda Bahia. O pesquisador suo vem discutir o sistema agroflorestal e sua aplicabilidade dentro de

    uma realidade diferenciada do Cariri cearense e visita algumas reas trabalhadas pela entidade.

    Deste encontro, origina-se o trabalho com sistema agroflorestal desenvolvido e acompanhado pela

    ACB no Cariri. A partir deste momento, a entidade passa a trabalhar a sensibilizao, implantao e

    difuso do sistema agroflorestal como proposta vivel de adoo para o modelo agrcola regional.A ACB fundamenta cada vez mais sua poltica de atuao voltada fortemente para a

    organizao comunitria solidria e cidad e para um modelo de agricultura baseado na

    agroecologia. Em todo o trabalho desenvolvido, no mbito das duas secretarias, tanto na de

    Educao para a Cidadania como na de Produo Agrcola, dado um enfoque especial na

    discusso de gnero. A mulher passa a compreender seu importante papel na sociedade e a opinarnas discusses, elaboraes e execues de projetos, contribuindo para sua incluso social e gerao

    de renda.

    A metodologia do trabalho participativo, realizada atravs de cursos, oficinas, seminrios,

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    Nestes encontros, se busca a participao de pessoas das diferentes comunidades trabalhadas pela

    ACB. Neste momento h o levantamento das demandas, so relatados os avanos e dificuldades decada comunidade e, principalmente, procura-se fazer uma avaliao crtica das aes desenvolvidas

    e o planejamento de novas aes. Esse caminho percorrido pela entidade tem a funo de realizar

    um trabalho onde as pessoas sintam-se parte do processo de criao participativa, ou seja, sintam-se

    atores do processo de construo de sua prpria realidade.

    Com o fortalecimento da atuao da entidade e o reconhecimento das aes desenvolvidasem prol da igualdade social e o desenvolvimento local sustentvel, a ACB passa a ser reconhecida

    como um importante ator no processo da construo da cidadania e de polticas ambientais para a

    regio. Torna-se constante sua participao em diversos debates e reunies regionais, com a

    presena de entidades e parceiros importantes como, a Fundao de Desenvolvimento Tecnolgico

    do Cariri FUNDETEC, Universidade Regional do Cariri URCA, Universidade Federal do CearUFC, Faculdade de Cincias Agrrias de Araripina FACIAGRA PE, Instituto Brasileiro do

    Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis IBAMA, Servio Brasileiro de Apoio a Micro e

    Pequena Empresa - SEBRAE, Critas Diocesana, Comisso Pastoral da Terra CPT, Movimento

    dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST, ESPLAR Centro de Pesquisa e Assessoria, Centro

    de Estudo do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador CETRA, Centro Educacional So Franciscode Assis CEFAS - PI, Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituies No-

    Governamentais CAATINGA - PE, Fundao Cultural Educacional em Defesa do Meio ambiente

    CEPEMA, Centro de Desenvolvimento Agroecolgico CENTRO SABI - PE, Federao dos

    Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura do Estado do Cear - FETRAECE, Secretaria de

    Agricultura e Recursos Hdricos do Crato, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais doCrato, entre outras entidades de atuao local e estadual.

    A ACB estabeleceu importantes contatos e apoios de cooperao internacional com diversas

    entidades como o Servio Alemo de Cooperao Tcnica e Social DED, a Ao Agrria Alem,

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    manejo e conservao do solo; preservao do meio-ambiente; educao popular e gnero; criao

    de pequenos animais, difuso e implantao de sistemas agroflorestais.Atualmente, a entidade tem participado ativamente do Frum Araripense de Preveno e

    Combate a Desertificao e do Frum Cearense Pela Vida no Semi-rido, ambos so espaos de

    discusso e construo coletiva das entidades, onde so levantadas demandas, propostas e

    execues de atividades de interesse da sociedade.

    Com o novo cenrio mundial, nacional e local, as entidades, principalmente as organizaesno-governamentais, vm passando por uma srie de mudanas no sentido de uma nova roupagem

    institucional. A adequao quanto aos limites da cooperao internacional e nacional e as

    possibilidades e alternativas de sustentabilidade institucional e sustentabilidade dos projetos

    polticos, tm dado uma nova dinmica de atuao de cada entidade e um novo pensar de suas

    misses.No fugindo da realidade atual, a ACB vem fazendo um intenso debate e repensando a sua

    reestruturao e seus mecanismos de sustentabilidade institucional, econmica, poltica, visando

    continuidade e melhoria do trabalho junto s comunidades beneficiadas. Nesta perspectiva, a

    entidade vem trabalhando para fortalecer as propostas de desenvolvimento rural sustentvel

    objetivando a auto-sustentao dos projetos e das comunidades. Merece destaque nestacompreenso, a realizao da Pesquisa de Mercado para Produtos Agroecolgicos do Cariri,

    realizado nos municpios de Crato, Nova Olinda e Jardim, envolvendo consumidores, feirantes e

    quitandeiros, proprietrios de estabelecimentos e reas alimentao, como restaurantes, pousadas,

    hotis, escolas, hospitais, lanchonetes.

    Outra alternativa discutida e fundamentada cientificamente atravs da pesquisa a primeiraFeira de Produtos Agroecolgicos do Cariri, que realizada na cidade do Crato, onde a ACB j

    dispe de dez barracas para a atividade e vem conhecendo e trocando experincias com outras

    entidades e produtores que j realizam este tipo de feira em outros estados. Esta sendo feito o

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    trabalhados e incentivar o consumo solidrio entre os parceiros e amigos da entidade. Na idia foi

    trabalhada uma margem de sobras que foi reinvestida na prpria cooperativa, na entidade e nacontinuidade dos projetos executados pela entidade. A cooperativa no teve continuidade, sendo

    encerrada algum tempo depois.

    Nesse sentido, a ACB vem, ao longo dos anos, consolidando a misso e reafirmando sua

    opo pela busca do desenvolvimento rural sustentvel, em favor das lutas democrticas, da justia

    social e da igualdade entre as pessoas.

    2.4 O mercado agroecolgico na regio do Cariri.

    Para se compreender a relevncia do tema em estudo importante colocar a grande

    aceitao e o potencial de mercado que os produtos agroecolgicos alcanaram e continuam

    alcanando dentro e fora do pas.

    Neste sentido, interessante conhecer alguns aspectos do mercado da regio do Cariri, de

    acordo com a pesquisa que foi realizada em trs municpios: Crato, Jardim e Nova Olinda. Foram

    entrevistadas 1.214 pessoas, entre consumidores, feirantes, quitandeiros, proprietrios de

    estabelecimentos e reas alimentao, como restaurantes, pousadas, hotis, escolas, hospitais,

    lanchonetes, entre outros.

    Nesta pesquisa Franca & Sousa (2004, p.132) descobriram importantes questes que dizem

    respeito ao mercado agroecolgico, em Nova Olinda - CE, onde foram entrevistadas 372 pessoas,

    compreendendo os trs pblicos pesquisados. As informaes da pesquisa podem ser observadas a

    seguir.

    76,9% dos consumidores entrevistados em Nova OlindaCE responderam ter preferncia

    por produtos da regio, enquanto 19,4% responderam no ter preferncia pelos produtos da regio.

    Uma porcentagem de 3 7% no respondeu sobre a questo

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    0,8% dos entrevistados no respondeu pergunta. Este foi o maior percentual de conhecimento dos

    produtos entre os municpios pesquisados, onde os autores colocam que este fato pode estarrelacionado ao trabalho realizado pela ACB, atravs da difuso dos sistemas agroflorestais e hortas

    orgnicas no municpio.

    A pesquisa procurou saber ainda a disposio dos consumidores em adquirir os produtos

    orgnicos da regio do Cariri, ao mesmo preo dos que vm de fora e recebem venenos. H uma

    alta disposio dos consumidores em adquirir os produtos orgnicos, atingindo 93,6% dosentrevistados, 5,3% dos consumidores entrevistados optaram pelos produtos no orgnicos de fora

    da regio e 1,1% dos entrevistados no respondeu a questo.

    Foi perguntado a consumidores de Nova OlindaCE sobre a disposio em adquirir

    produtos orgnicos com preos superiores aos produtos no orgnicos. 86,5% dos entrevistados

    responderam que comprariam os produtos orgnicos, 11,4% dos entrevistados responderam que nocomprariam e 2,1% no responderam a questo.

    Perguntado aos consumidores qual valor a mais estes estariam disposta a pagar pelo

    produto orgnico, observamos que mais da metade dos entrevistados, ou seja, 54,3%, pagariam 10%

    a mais do valor pelo produto orgnico.

    Estas questes so interessantes pela possibilidade de produo e consumo local dosprodutos agroecolgicos da regio, tendo assim, destaque para a futura elaborao de polticas

    publicas, que contemplem estas necessidades e oportunidades de mercado.

    2.5 O sistema agroflorestal

    Apesar de muito antigos, os sistemas agroflorestais ou agrofloresta, como popularmente

    chamado, s a pouco mais de duas dcadas vem despertando a ateno dos pesquisadores,

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    No queimar a queimada expe o solo s conseqncias negativas ao solo, dovento e da chuva, podendo ocasionar eroso, ressecamento, extino ou diminuio deinsetos e microorganismos importantes na ciclagem de nutrientes e vitais a estrutura dosolo; Cobertura manter o terreno coberto com galhos, folhas verdes e secas afim deserem decompostas e melhorar a qualidade do solo; Conhecer e obedecer sucesso natural das plantas - sucesso vegetal, utilizandoparte das colonizadoras e pioneiras para a cobertura do solo, e as secundrias e primriaspara servirem nas podas; Aumentar a biodiversidade da rea, acelerando a sucesso e vem incorporandoplantas anteriormente existente na rea; Diversificar os cultivos de espcies agrcolas, frutferas e florestais; Conservar a flora e fauna, criando ambiente para as mesmas; Diversificar a alimentao, utilizando os recursos animais e vegetais existentes narea; No utilizar agrotxicos, pois estes dizimam ou diminuem a vida microbiana e deinsetos, contaminam mananciais e deixam o solo sem vida. Alm de contaminar e atmesmo matar homens, mulheres e crianas. (Andrade. et al., 2001. p. 9).

    Para a implantao de reas de sistemas agroflorestais, importante que se tenha

    conhecimento da sucesso vegetal, ou seja, a compreenso da evoluo e da sucesso das plantas no

    sistema e das relaes existentes entre os elementos do reino animal, vegetal e mineral.

    Na sucesso vegetal o sistema passa por diferentes fases, na primeira delas o sistema

    ocupado pelas espcies colonizadoras, estas se estabelecem em terrenos completamente destrudos,

    barrancos e quebradas. Podese tomar como exemplo uma rocha exposta ao tempo, inicia-se uma

    colonizao com diferentes bactrias, estas criam o ambiente ideal para o desenvolvimento futuro

    de musgos e liquens. No momento seguinte, com o ambiente apresentando condies suficientes

    para o desenvolvimento de espcies mais exigentes, surgem as chamadas plantas pioneiras.

    Segundo Ernst Gtsch, existe o Sistema de lignina, formado por espcies de plantas com uma

    relao carbono/nitrognio muito ampla. A presena da lignina, na composio da matria orgnica,

    elevada, portanto, a decomposio da matria orgnica nas folhas e nas partes lenhosas lenta.

    Neste sistema, as rvores no tm frutos comestveis para homens e animais de grande porte. um

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    O Sistema de Luxo , segundo Ernst Gtsch, voltado para o homem, tem como caractersticas

    a presena de frutas grandes, com bastante contedo de carbohidratos, gorduras e protenas e quedo habitat para animais de grande porte. Tanto o homem como os grandes animais necessitam das

    condies do sistema de luxo para sua existncia.

    Dentro dos sistemas descritos existe uma seqncia de dominaes do ambiente por diferentes

    consrcios de espcies, so elas as colonizadoras, as pioneiras, secundrias e primrias. Cada

    sistema possui suas prprias caractersticas e suas respectivas espcies predominantes em suasucesso natural.

    O entendimento dos princpios da sucesso e o conhecimento das respectivas espcies que

    caracterizam cada etapa e cada ecossistema, so a chave para o manejo exitoso dos sistemas

    agroflorestais dinmicos e estratificados.1 Gtsch (1997, p.44).

    A observao, por parte do agricultor e agricultora, de fundamental importncia para acompreenso do sistema. O conhecimento das espcies, famlias e grupos de plantas facilitam a

    interao e melhores resultados para a consorciao e distribuio das espcies na rea. A sucesso

    vegetal obedece a uma seqncia de manifestaes, tendo como ponto de partida as espcies

    colonizadoras, seguidas das pioneiras, secundrias e primrias onde se atinge o estgio timo

    (Clmax).As principais prticas do sistema so:

    Podas So realizadas no incio do perodo chuvoso, objetivando aumentar a cobertura e o

    enriquecimento do nvel de nutrientes do solo, melhorando suas caractersticas fsicas, qumicas e

    biolgicas. Aumentam a quantidade de luz solar no ambiente e exercem o papel de rejuvenescer e

    controlar o crescimento das espcies. O corte na poda realizado de acordo com o aproveitamentodo material, seja para o aumento da matria orgnica, renovao de brotos, uso de lenha, de estacas,

    linhas, entre outros.

    Broca uma poda especifica realizada antes do perodo chuvoso (estiagem), tendo como

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    planta-se normalmente uma cactcea forrageira, gramneas, leguminosas de uso alimentar e de

    adubao verde e espcies frutferas e florestais.Capinas - No se usa enxadas, a capina realizada com faco e roadeira. So mantidas as

    plantas desejadas no sistema, as plantas no desejadas so cortadas para que no haja competio

    por luz e nutrientes. Faz-se esta prtica quando as plantas estiverem maduras, floridas ou mortas,

    diminuindo assim a competio entre plantas e aumentando a cobertura e os nveis de nutriente do

    solo.Colheita O sistema agroflorestal permite, dada a sua diversidade de espcies, a colheita de

    variadas espcies e em diferentes perodos do ano, consequentemente possibilitando um aumento da

    renda do agricultor e da agricultora, que adota o sistema agroflorestal. No existe, portanto, um

    perodo determinado de colheita, sendo especifico para cada cultura.

    Partindo da abordagem geral dos temas, e, finalizando com os aspectos locais da pesquisa,a reviso de literatura mostra a relevncia de cada tema discutido no seu contedo, evidenciando o

    problema a ser pesquisado e sua importncia como alternativa para a convivncia com o semi-rido.

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    3

    METODOLOGIA

    3.2rea de estudo

    O Stio Taboleiro, est localizado na zona rural a cerca de 6 Km da sede do municpio de

    Nova Olinda, tendo como limite os stios Patos, Barreiros, Mamos. A vegetao de caatinga,

    tpica das regies de clima semi-rido, com solos rasos e pedregosos. Possui aproximadamente 40

    famlias, que vivem da agricultura e trabalhos temporrios nas olarias da regio. Na localidade,

    existe uma escola de ensino fundamental, no possui rede de abastecimento de gua e de esgoto.

    Organiza-se atravs da associao comunitria e de grupos de produo, como o de apicultura. Vem

    se destacando no plano municipal por apresentar reas de produo agroflorestal e orgnica.

    O municpio de Nova Olinda est localizado na micro-regio do Cariri, sul do Estado do

    Cear, Nordeste brasileiro. Dista 566 km da capital do estado, tendo como vias de acesso, a partir

    de Fortaleza, a BR - 116, CE 385, CE 060/122 e Ce 292. Limita-se ao norte com os municpios de

    Farias Brito, Altaneira; ao sul e oeste com Santana do Cariri; ao leste, com Crato, com superfcie de

    179 km2. O relevo do municpio irregular, pertence zona de transio da Chapada do Araripe

    para o serto central do estado, podendo se dividido em trs reas: a primeira, correspondente a uma

    pequena parte da zona do Araripe, com altitude superior a 700m; a segunda, zona de transio entre

    a Chapada e o vale do Rio Caris, com altitude entre 500 e 700m, e a terceira zona, a do vale em

    que se encontra a sede, com altitude entre 400 e 500 metros. As temperaturas mdias variam entre

    24 C para a mnima, na Serra do Araripe, e 32 C para a mxima, na sede. As precipitaes mdias

    anuais so de 683 mm, abaixo da mdia de 775 mm do Estado.

    O municpio destaca-se ainda pela ocorrncia de gipsita, de rochas de calcrio, utilizadas

    d d di l d d f i id d d

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    total de 3,3 milhes cbicos, dos quais apenas um pblico, e de 8 poos subterrneos com

    disponibilidade total anual de 727 mil metros cbicos.

    FIGURA 3 Sistema agroflorestal em Taboleiro Nova Olinda.Fonte: ACB

    O Stio Catol, est localizado na zona rural a cerca de 19 Km da sede do municpio de

    Santana do Cariri, nos limites dos municpio de Santana do Cariri e Nova Olinda. Faz limite com as

    comunidades de Zabel de Cima, Zabel de Baixo, Guritiba, Man Coco. Estando situada na

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    grupos de produo, como o de apicultura e farinha. Tambm se destaca por apresentar experincias

    de sucesso na organizao comunitria e na produo agroflorestal.O municpio de Santana do Cariri, localiza-se na microrregio do Cariri, regio nordeste do

    Brasil. A distancia em linha reta para a capital Fortaleza de 402 Km, a distncia por rodovia de

    550 Km, tendo como vias de acesso a BR 116, CE - 385, CE 060/122e CE 292. Possui rea

    total de 806,5 Km, sendo 0,63% da rea total do Estado. Est situada na latitude 7 11 e na

    longitude 39 e 44, com altitude de 475 m. Limita-se ao norte com os municpios de Assar e NovaOlinda; ao sul com o Estado do Pernambuco; ao leste com o municpio do Crato e ao oeste com o

    municpio de Araripe. A mdia pluviomtrica anual de 902,6 mm.

    Esta localizada na chapada do Araripe, que constitui uma das mais importantes localidades

    fossilferas de idade cretcea. Seu fsseis destacam-se em funo de sua excelente preservao e

    particular importncia paleontgica. Os principais grupos fsseis que podem se encontrados so:vegetais, invertebrados, peixes, anfbios, quelnios, lagartos, crocodilos, pterossauros e dinossauros.

    A bacia sedimentar, na regio do Cariri, uma das mais importantes no mundo devido a

    enorme quantidade e qualidade de preservao dos fsseis. A importncia paleontolgica do local

    to significativa que inmeros pesquisadores tm mostrado interesse pela regio. A formao

    Santana o mais importante depsito de fsseis do Brasil, e est entre os 12 maiores do mundo,sendo o maior em registro de peixes fsseis. O municpio apresenta ainda, na agricultura, o cultivo

    de produtos como a banana, mandioca, milho e feijo; na pecuria h criao de bovinos, sunos e

    aves. tambm registrada a ocorrncia de gipsita, usada na fabricao do gesso.

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    FIGURA 4 Sistema agroflorestal em Santana do Cariri CE.Fonte: Manoel Jorge Pinto da Franca

    3.2 Populao estudada

    A adoo dos sistemas agroflorestais por parte dos agricultores e agricultoras familiares do

    Cariri vem sendo realizada lentamente, pois a forte deciso de no mudar a postura em relao s

    prticas agrcolas convencionais torna-se um empecilho implantao de uma agricultura que

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    Diante de tal constatao, a escolha de uma unidade de sistema agroflorestal em Taboleiro,

    municpio de Nova Olinda, deve-se ao fato desta ser uma das reas mais antigas de adoo, jestando com seis anos de implantao, representar bem as prticas do sistema e encontrar-se numa

    rea de caatinga, formao tpica de regies semi-ridas. A outra unidade localiza-se em Catol,

    municpio de Santana do Cariri, tem como caracterstica situar-se numa rea de carrasco da

    Chapada do Araripe, apresentando condies climticas e pedolgicas diferenciadas da rea

    anterior, apresentar menor tempo de adoo do sistema, com apenas trs anos, outro fator relevantepara a escolha foi o esforo do agricultor em aplicar todas as prticas caractersticas do sistema em

    sua rea. Paralelo ao estudo das reas acima citadas, ser feito tambm o estudo de duas reas de

    agricultura convencional nas mesmas reas escolhidas para pesquisa.

    Considerou-se agricultor agroflorestal aquele acompanhado pela Associao Crist de Base

    ACB, que realiza atividade de capacitao e adotam o conjunto de tcnicas agroflorestaisorientadas pela entidade. Foi considerado agricultor convencional aquele que no realiza as tcnicas

    agroflorestais e normalmente aceita e adota as tcnicas agrcolas com uso das queimadas e de

    insumos modernos, como os agrotxicos, adubos qumicos, entre outros.

    Portanto, optou-se por um estudo de caso, pois as condies e aplicao do mtodo dos

    sistemas agroflorestais podem fornecer importantes informaes sobre a aplicao dos princpiosgerais e tambm demostrar resultados em relao a situaes especificas das reas estudadas.

    3.3Mtodo de anlise

    O mtodo utilizado para o estudo consiste da anlise descritiva. As anlises referem-se aoestudo e descrio dos dados coletados junto aos agricultores familiares, agrupados em tabelas,

    contendo informaes como dados percentuais e descritivos.

    O trabalhou tomou como base um conjunto de variveis considerando os fatores econmicos

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    Para o dados ambientais, a anlise foi realizada atravs do clculo de performance ambiental,

    segundo a metodologia apresentada pelo Guia do Meio Ambiente Para o Produtor Rural, publicadopelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB, 1999).

    3.4Variveis

    As variveis trabalhadas referem-se aos aspectos da sustentabilidade, enfocando o

    econmico, o social e o ambiental.

    a) As Variveis Econmicas O estudo dos aspectos econmicos foi baseado no trabalho de

    Pereira (2000), onde este autor pesquisou unidades familiares rurais de projetos de assentamentos

    de reforma agrria, localizada nos municpios de Madalena, Quixeramobim e Boa Viagem no

    Estado do Cear.

    O estudo teve como finalidade conhecer a renda familiar dos quatro agricultores. No Trabalho

    foi feita comparao visando compreender a sustentabilidade econmica das atividades diante dos

    diferentes manejos adotados.

    Pereira (2000, p.51), analisando um modelo conceitual da economia da unidade familiarrural destaca, em seu estudo, como principais componentes dessa economia, os seguintes:a) Produo agrcola;b) Produo domstica (beneficiamento de produtos agrcolas, artesanato e outrasatividades geradoras de renda, desenvolvidas no lar);c) Investimento ou formao de capital (sob a forma agrcola, familiar e humana);d) Atividades de consumo, inclusive lazer e bens de consumo durveis;e) Atividades externas que envolvem trabalho (atividades assalariadas na agricultura,emprego no setor no agrcola e outras atividades que produzem renda);f) Atividades financeiras (donativos, aposentadorias, penses e rendas provenientes dejuros).

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    Os conceitos aplicados a cada renda abaixo, j levam em considerao a realidade do agricultor

    agroflorestal e convencional da referida pesquisa.

    a) Margem Bruta (MB) da renda gerada pela produo agropecuria - Diz respeito a renda geradapela produo agrcola e pela produo animal acrescido da variao do rebanho. Outras fontes

    de renda como alugueis de maquinas, equipamentos, venda de pasto, no foram consideradas

    por no constarem nas atividades pesquisadas no ano de 2002. Para o clculo da Renda foiutilizada a metodologia, onde foi considerada a Margem Bruta (MB) da renda da produo,

    encontrada atravs da subtrao dos Custos Variveis Totais da Produo (CVT) da Renda

    Bruta (RB).

    b) Renda de aposentadoria Renda originada pelo pagamento de benefcios sociais para pessoasque atingiram a idade necessria para aposentadoria, possui algum problema de sade que

    caracterize a invalidez ou completaram tempo de servios. Normalmente os aposentados so

    familiares, pais, mes, filhos, cnjuges que residem no mesmo domiclio.

    c) Renda de Trabalho Assalariado Renda originada de pessoas que possuem vnculoempregatcio fora da propriedade. A contratao do assalariado segue as leis trabalhistas e estes

    residem no mesmo domicilio do pesquisado.

    d) Renda de atividade comercial Renda oriunda de pessoas que realizam alguma atividadecomercial ligada a produo da propriedade ou comercializao de produtos externos a

    propriedade pesquisada.

    e) Renda originada de doaes Renda originada de doaes de familiares que residem fora do

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    Segundo Pereira (2000, p. 52) foram definidas, relativamente produo agropecuria, a

    renda bruta, a margem bruta e os custos variveis totais.A Renda Bruta (RB) compreende a soma dos valores dos seguintes itens:a) produtos animais e vegetais vendidos durante o ano agrcola;b) produtos produzidos e consumidos na propriedade, armazenados ou utilizados paraefetuar pagamento em espcie, avaliados pelos preos de mercado, ou outro critrioescolhido;c) receitas provenientes de arrendamentos de terra, aluguel de mquinas, etc.; ed) aumento do valor dos rebanhos graas ao crescimento e engorda.Os Custos Variveis Totais da Produo (CVT) so aqueles que variam de acordo com o

    nvel de produo da propriedade, sendo representados pela mo-de-obra e servioscontratados e pelos insumos, como sementes, fertilizantes, defensivos, alimentao animalcomprada, sais minerais, sal comum, vacinas, medicamentos, combustvel, etc.A Margem Bruta (MB) foi calculada, subtraindo-se da Renda Bruta (RB) os CustosVariveis Totais da Produo (CVT).

    Devido a semelhana do trabalho desenvolvido por PEREIRA (2000) com esta pesquisa, uso-se

    a mesma justificativa de uso da margem bruta e no da renda liquida e lucro. Por entender que ascondies sociais, polticas, econmicas, ambientais das pequenas unidades familiares so parecidas

    com as condies apresentadas numa rea de assentamento de reforma agrria. Para Pereira (2000,

    p.52) o pequeno produtor no costuma acumular reservas para repor seus meios de produo, da a

    deciso de produzir ou no estar fundamentada, principalmente, no montante dos custos variveis,

    que define a condio dele continuar produzindo, mesmo que seja a curto prazo.

    Pereira (2000, p.53), considerou os referidos conceitos e adotou as seguintes equaes parao clculo da Renda Familiar (RF):

    n

    RB = (Qi.Pi) + RAA + RVRAi = 1

    onde:RB: renda bruta da produo agropecuria;Qi: quantidade produzida do produto;Pi: preo de mercado do produto;I = 1, 2, 3,.... n produtos;

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    Pj: preo do insumo j;J = 1, 2, 3,..... r insumos.

    MB = RB CVT

    Em que:MB: margem bruta de renda da produo agropecuriaRB: renda bruta da produo agropecuriaCVT: custos variveis totais da produo agropecuria.

    Portanto, a Renda Familiar (RF) foi calculada atravs da seguinte equao:RF = MB + RA + RTA + RAC + RD + ROG + ROF

    em que:RF: renda familiar do assentado;MB: margem bruta de renda da produo agropecuriaRA: renda de aposentadoriaRTA: renda do trabalho assalariadoRAC: renda de atividade comercial

    RD: renda originada de doaes;ROG: renda de origem governamental, proveniente de subsdios ou de situaoemergencial;ROF: renda de todas as outras fontes disponveis

    Neste estudo, haver apenas a mudana na nomenclatura da Renda Familiar (RF), que, ao

    invs de clculo da renda familiar do assentado, ser calculada a renda familiar do agricultor adepto

    do sistema agroflorestal e do agricultor convencional.A pesquisa tomou o ano de 2002 como base para o estudo, levantou a renda gerada para

    produo agropecuria e as receitas originadas de outras fontes de recursos de todas as pessoas que

    constituam a unidade familiar e residiam no domiclio, no momento da realizao do estudo. A

    pesquisa de campo foi realizada entre os meses de maro e maio de 2003.

    Sero analisadas as variveis renda familiar per capita e a renda familiar por setor/atividade,fazendo-se as devidas comparaes entre o sistema agroflorestal e o sistema convencional.

    b) As Variveis Sociais A abordagem social um aspecto muito importante para a consolidao

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    2. Capacitao Buscou-se verificar a presena dos agricultores pesquisados em atividade decapacitao como Cursos, Oficinas, Encontros, Seminrios, Dias de Campo, Visitas a outrasunidades, recepo de outros trabalhadores e tcnicos, que so fundamentais para o

    entendimento e execuo da proposta de implantao dos sistemas agroflorestais.

    3. Educao No tocante s questes educacionais, se deu nfase identificao do grau deinstruo, relao de identidade com a profisso e/ou ocupao assumida pelo agricultor

    pesquisado.4. Sade O trabalho procurou identificar o acesso dos agricultores pesquisados a servios de

    sade pblica, oferecidos para a comunidade ou a ausncia destes. Tambm se pesquisou as

    enfermidades mais freqentes na famlia, a procura por atendimento mdico e o uso de

    remdios naturais.

    5.

    Habitao Verificou-se as condies e caractersticas da habitao como: regime deocupao, tipo de cobertura, reas e nmero de dependncias, tipo de piso e parede, recursos

    de saneamento ambiental.

    6. Acesso a utenslios domsticos observou-se a presena nas residncias de utensliosdomsticos que facilitam a vida e so tidos como indispensveis para o bem estar das

    famlias. Os utenslios so o fogo a gs, geladeira, televiso, rdio, filtro, cama, ferro de

    passar, guarda roupa, cama, mesa, redes, cadeiras, bancos, bicicleta, moto.

    7. Lazer Considerou-se as condies de lazer em nmero de horas/ms dos agricultorespesquisados em atividades como visitas a balnerios, a cidade, assistindo televiso,

    freqentando festas e praticando esportes e outro tipo de lazer.

    c) As Variveis Ambientais Para anlise ambiental foi usada a metodologia do Guia do Meio

    Ambiente para o Produtor Rural desenvolvido pelo BNB - Banco do Nordeste do Brasil e pela

    Fundao CEPEMA (Fundao Cultural Educacional Popular em Defesa do Meio Ambiente). Os

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    Identificar aspectos crticos no mbito da propriedade que representem riscospotenciais atividade agrcola, oferecendo ao produtor rural um instrumento capaz de

    identificar os pontos fracos e aproveitar os pontos fortes no ambiente da propriedade; Sugerir tcnicas de manejo de solo, gua, vegetao, tratos culturais, soluesalternativas para adubao e combate a doenas e pragas, cuidados com o rebanho e outrasindicaes sobre como se produzir sem prejudicar o meio ambiente. (BNB, 1999, p.15)

    Na coleta de dados so usados sete questionrios temticos, que abordam questes

    relacionadas a:

    1.Uso do Solo A gua que escorre no solo de sua propriedade durante as fortes chuvas muito barrenta? Existem claros sinais de salinizao nas reas agrcolas? H muitos sulcos, grotas

    ou voorocas em reas de sua propriedade? Existem fortes sinais de endurecimento da camada

    superficial dos solos agrcolas? A quantidade de animais colocada nas reas de pastagem vem

    obedecendo capacidade de suporte dessas reas? O acesso indiscriminado do rebanho s margens

    dos cursos dgua normalmente impedido? Em suas atividades comum a adoo de medidas de

    proteo do solo, tais como curvas de nvel, cordes de contorno, drenagem ou quebra-vento? So

    utilizadas com freqncia tcnicas de conservao de solos, tais como pousio de reas, rotao de

    cultivos, cobertura morta ou plantio de leguminosas?

    2. Uso de Adubos - So feitas anlises de solos para fins de avaliao de necessidade de

    adubao qumica ou orgnica? Normalmente so plantadas leguminosas para melhorar a fertilidade

    do solo? Tm sido usado adubos orgnicos ou a tcnica de plantio direto para elevar o teor de

    matria orgnica do solo? As recomendaes tcnicas de aplicao de adubo tm sido observadas?

    Sempre so anotados os tipos de adubos qumicos, volumes, areias, e tipos de culturas em que

    foram aplicados? Todos os adubos qumicos so armazenados em locais apropriados e protegidos

    contra acidentes e perdas?

    3. Uso de Agrotxicos - O uso de agrotxicos em suas culturas s ocorre quando no h

    outros meios de combate de pragas? Antes de utilizar um veneno, procura orientao tcnica e

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    4. Uso da gua - Para uso de gua na irrigao na sua propriedade, foi requerida a licena

    competente (OUTORGA DGUA)? Na poca de estiagem h gua suficiente para consumohumano e animal? Tem havido perdas ou reduo de produtividade das culturas irrigadas por falta

    dgua? Usa medidas preventivas para evitar o escoamento de resduo de produtos contaminantes

    para os cursos dgua? permitido o acesso sem controle de rebanho s guas existentes em sua

    propriedade? A irrigao tem sido planejada e executada de acordo com as necessidades das

    culturas e caractersticas do solo? A gua utilizada para irrigao em sua propriedade salobra? Sonotados sinais de contaminao da gua por materiais como leos (agrotxicos ou plantas

    poluentes)? As guas de lavagem dos criatrios so despejadas prximas aos reservatrios ou

    cursos dgua?

    5. Qualidade do Ar- Quando usa agrotxico, escolhe horrios menos quentes e com menos

    ventos? Animais mortos, carcaas ou restos deles so abandonados ao ar livre? permitida a

    queima indiscriminada de materiais plsticos, pneus velhos e embalagens? Adota a queima com

    freqncia? Tem substitudo combustveis mais poluentes como leo diesel e gasolina por fontes de

    energia mais limpas: biogs, energia elica e energia solar? Tem usado na sua propriedade filtros ou

    outros equipamentos para controle da poluio do ar?

    6. Uso da Energia e do Lixo - Vm sendo empregadas medidas para reduo de

    desperdcios de energia em sua propriedade? No desenvolvimento de suas atividades utilizado

    algum tipo de energia alternativa? Sua propriedade dispe de estoque de florestas plantadas para

    fins energticos? Reutiliza ou recicla materiais como plsticos, papis, restos de plantaes e

    outros?

    7. Tratamento da Vida Selvagem e o Ambiente Natural As reas de reserva legal e de

    preservao permanente so rigorosamente observadas em sua propriedade? Existem corredores

    para facilitar o movimento de animais silvestres entre as reas preservadas? A caa de animais

    silvestres protegidos por lei permitida dentro de sua propriedade? A poca de reproduo de

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    Questionrio Ambiental

    Questionrio Temtico 1.

    Como o solo tem sido tratado na sua propriedade:

    Sim No No se

    aplica

    A gua que escorre no solo de sua propriedade durante as fortes chuvas

    muito barrenta?

    X

    Existem claros sinais de salinizao nas reas agrcolas? X

    Orientaes de preenchimento:

    - Inicialmente, verificada se a pergunta adequada a realidade da rea estudada,caso no seja, ser marcada com um X, o quadro no se aplica do questionrio.

    - Caso a pergunta seja adequada a realidade da rea estudada, ser marcado um X noquadro sim ou no do questionrio.

    - Em seguida conta-se o nmero de quadros verdes e amarelos marcados para arealizao do clculo da performance ambiental.

    COMO FAZER O CLCULO DA PERFORMANCE AMBIENTAL:1 - Comece preenchendo o quadro abaixo com valores transferidos de cada Questionrio

    Temtico inserido ao longo do guia.

    Quadro de Pontuao

    Questionrio temtico Quadros verdes Quadros Amarelos

    1

  • 7/31/2019 ANLISE DA SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA AGROFLORESTAL

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    Fonte: Guia do meio Ambiente para o Produtor Rural/BNB (1999)

    2 Deduza do nmero total de quesitos (50), o nmero de questionrios no aplicveis ao seu caso

    (Total de Quadros Amarelos)

    3 Divida o total de Quadros Verdes assinalados pelo nmero obtido no procedimento anterior,multiplicando o resultado por 100.

    CLCULO DA PERFORMANCE AMBIENTAL

    PERFORMANCE AMBIENTAL = __TOTAL DE QUADROS VERDES X 100__

    (50 TOTAL DE QUADROS AMARELOS)

    4 O nmero resultante dos passos acima representa sua Performance Ambiental dada empercentagem, que deve ser conferida na tabela abaixo.

    TABELA 1. Faixas de Performance Ambiental

    FAIXAS PERFORMANCE

    INFERIOR a 30 % CRTICA

    ENTRE 30 e 50 % BAIXA

    ENTRE 50 e 70 % MDIA

    ENTRE 70 e 90 % BOA

    SUPERIOR a 90 % IDEAL

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    na rea de estudo, atravs de aplicao de questionrios e entrevistas, junto aos agricultores

    pesquisados e assessores da Associao Crist de Base ACB, que realiza um acompanhamentosistemtico da implantao da proposta.

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    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 Anlise econmica

    A anlise econmica da pesquisa ser feita discutindo a varivel Renda Familiar Per Capita

    Mensal e Renda Percentual Familiar por Atividade/ocupao do agricultor do sistema agroflorestal

    e do sistema convencional. Seguir a mesma metodologia, analisando as duas reas pesquisadas

    separadamente.

    Como a mudana salarial no pas no ocorre no inicio do ano, h necessidade de se

    estabelecer um salrio mnimo mdio para o ano. No caso do ano de 2002, houve de janeiro a

    maro de 2002 um salrio mnimo no valor de R$ 180,00. De abril a dezembro de 2002, o salrio

    mnimo teve o valor de R$ 200,00. O SMM Salrio Mnimo Mdio considerado para efeito da

    pesquisa foi no valor de R$ 195,00.

    O clculo da renda familiar de cada agricultor feito considerando os diferentes tipos de

    rendas apresentados pela famlia pesquisada. Por isso, verifica-se uma variao na quantidade e no

    tipo de renda em cada caso estudado.

    4.1.1 Anlise da Renda Familiar - Taboleiro Nova Olinda

    4.1.1.1 Analise da Renda Familiar Agricultor Agroflorestal

    Para a composio da renda familiar do agricultor agroflorestal foram consideradas quatro

    fontes de renda, so elas: renda da produo agropecuria, renda de aposentadoria, renda de

    trabalho assalariado e a renda de atividade comercial. Todas as fontes sero melhor detalhadas logo

    abaixo.

    a) Renda da produo agropecuria: Diz respeito renda gerada pela produo agrcola e pela

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    b) Renda de aposentadoria: No caso em estudo havia duas pessoas aposentadas, contribuindo narenda familiar per capita mensal com 0,2 SMM, equivalente a R$ 39,00 e correspondente a17,64% da renda familiar.

    c) Renda de trabalho assalariado: Na pesquisa este componente se caracterizou como muitoimportante na definio da renda total, havia uma filha do agricultor pesquisado que exercia a

    profisso de auxiliar administrativa, contribuindo na renda familiar per capita mensal com 0,5

    SMM, equivalente a R$ 97,50 e correspondente a 44,10 % da renda familiar.

    d) Renda de atividade comercial: No caso do agricultor agroflorestal pesquisado, o filho destepossui um estabelecimento comercial na sede do municpio de Nova Olinda. Trata-se de uma

    pequena quitanda onde so comercializados tanto os produtos da propriedade estudada, como

    produtos comprados no mercado local e regional. Neste caso, h uma relao comercial entre oagricultor pesquisado e o estabelecimento, sendo este um espao direto de comercializao dos

    produtos da propriedade agroflorestal. Esta atividade contribui na renda familiar per capita

    mensal com 0,2 SMM, equivalente a R$ 39,00 e correspondente a 17,64% da renda familiar.

    TABELA 2. Renda Familiar Per Capita Mensal e Percentual da Renda Familiar por

    atividade/ocupao do Agricultor Agroflorestal de Taboleiro -Nova Olinda/CE 2002

    Fonte de RendaRenda brutaanual (R$)

    Nmero depessoas

    Renda familiarper capita mensal

    Percentual da renda poratividade/ocupao (%)

    (R$) (SMM) R$ (%) SMM (%)Produo

    Agropecuria

    2.734,64 5 45,58 0,2336 20,61 20,61

    ProgramasGovernamentais

    - - - - - -

    Aposentadoria 2.340,00 5 39,00 0,2000 17,64 17,64Trabalho

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    4.1.1.2 - Anlise da Renda Familiar Agricultor Convencional

    Para a composio da renda familiar do agricultor convencional foram consideradas cincofontes de renda, so elas: renda da produo agropecuria, renda de aposentadoria, renda de

    doaes de parentes, renda de programas governamentais e outras fontes de renda. Todas as fontes

    sero melhor detalhadas logo abaixo.

    a) Renda da produo agropecuria: Diz respeito renda gerada pela produo agrcola e pelaproduo animal, acrescido da variao do rebanho. Outras fontes de renda como aluguis de

    mquinas, equipamentos, venda de pasto, no foram consideradas por no constarem nas

    atividades pesquisadas, no ano de 2002. De acordo com a pesquisa, o diferencial entre o sistema

    convencional do sistema agroflorestal a diversificao da produo, claramente percebida

    neste estudo. O sistema convencional, em estudo, apresentou a produo de quatro culturas em

    especial: arroz, milho, feijo e andu (feijo guandu), sendo estas responsveis pela produo

    agrcola da propriedade. A renda familiar per capita mensal da produo agropecuria foi de

    0,1279 SMM, equivalente a R$ 24,95 e correspondente a 26,67% da renda familiar.

    b) Renda de programas governamentais: No estudo houve renda oriunda de ProgramaGovernamental Bolsa Escola, pela participao de uma filha do agricultor pesquisado no

    Programa. A participao da renda de Programa Governamental na renda familiar per capita

    mensal foi 0,0109 SMM, equivalente a R$ 2,14 e correspondente a 2,28% da renda familiar.

    c) Renda de aposentadoria: A renda de aposentadoria foi constatada pela presena de umaaposentada, que contribuiu para a renda familiar per capita mensal com 0,1428 SMM,

    equivalente a R$ 27,85 e correspondente a 29,77% da renda familiar.

    d) Renda de doaes de parentes: Foi constatado na pesquisa a presena de doao mensal de

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    TABELA 3. Renda Familiar Per Capita Mensal e Renda Percentual Familiar porAtividade/ocupao do Agricultor Convencional de Taboleiro - Nova Olinda/CE 2002.

    Fonte de RendaRenda brutaanual (R$)

    Nmero depessoas

    Renda familiar Percapita Mensal

    Renda percentual poratividade/ocupao (%)

    (R$) SMM R$ (%) SMM (%)Produo

    Agropecuria2.096,56 7 24,95 0,1279 26,67 26,67

    ProgramasGovernamentais

    180,00 7 2,14 0,0109 2,28 2,28

    Aposentadoria 2.340,00 7 27,85 0,1428 29,77 29,77TrabalhoAssalariado

    - - - - - -

    AtividadeComercial

    - - - - - -

    Doaes deParentes

    1.200,00 7 14,28 0,0732 15,26 15,26

    Outras fontes de

    renda

    2.040,00 7 24,28 0,1245 25,95 25,95

    Totais 7.856,56 7 93,53 0,4796 100 100

    4.1.2 Anlise da Renda Familiar - Catol Santana do Cariri

    Para a composio da renda familiar do agricultor agroflorestal foram consideradas apenas

    duas fontes de renda, so elas: renda da produo agropecuria e renda de aposentadoria.

    4.1.2.1 Anlise da Renda Familiar Agricultor Agroflorestal

    a) Renda da produo agropecuria: A renda familiar per capita mensal da produoagropecuria foi de 0,1478 SMM, equivalente a R$ 28,83 e correspondente a 30,72% da renda

    familiar.

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    encontra o agricultor pes