Resenha de Naturalizando o Comportamento e a Cultura

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  • 8/17/2019 Resenha de Naturalizando o Comportamento e a Cultura

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    Trata-se o presente texto de uma resenha de um artigo/capítulo escrito pelo

    filósofo Gustavo Leal Toledo, entitulado  Naturalizando o Comportamento e a

    Cultura, cujo enfoque é introduir as diversas a!ordagens que !uscam compreender o

    comportamento humano e que, para isso, se utiliam de conhecimentos da !iologia"

    Logo ao início, o filósofo adverte que essa empreitada, espécie de cruamento entre

    ci#ncias humanas e !iológicas, sempre teve seus riscos e, ao longo do tempo, rece!eudiversas acusa$%es, dentre elas a de racista, eugenista e sexista" &pesar dos conflitos,

    nada a impediu de avan$ar e hoje se esta!elecer nas suas diversas campos de

     pesquisa" 'ara melhor compreend#-las, s(o divididas em tr#s grandes !locos) as que

    tratam o comportamento ou cultura como dependente dos genes e as que tratam os

    dois de forma independente* estas +ltimas, por sua ve, s(o divididas entre aquelas

    que utiliam modelos da !iologia para compreender o comportamento e as que

    analisam os dois campos de forma distinta e !uscam relacion-los" &s a!ordagens

    analisadas no texto s(o denominadas) fenótipo estendido, socio!iologia, ecologia

    comportamental e efeito ald.in"

    teoria do fenótipo estendido foi primeiramente formulada pelo !iólogo

    0ichard 1a.2ins e sua ideia central é que o comportamento é apenas fruto de umaintera$(o entre os genes e o am!iente, daí o conceito de fenótipo estendido" 1essa

    forma, o comportamento e a cultura seriam totalmente determinados pelo genótipo de

    um indivíduo ou de um grupo de indivíduos" 3este +ltimo caso, por exemplo, um

    cupineiro, o qual é o am!iente transformado pelo comportamento coletivo de cupins,

    constituiria o fenótipo estendido do grupo" 3esse sentido, a teoria possui sutilidades

    impressionantes, como o fato de que o fenótipo estendido de certo organismo poderia

    influenciar o de outro, como é o caso de certo vírus que afeta o comportamento de

    uma espécie de formiga ao faer com que ela permane$a na parte alta da grama para

    que se exponha 4 alimenta$(o por parte de ovelhas, permitindo assim a perpetua$(o

    do vírus" 3o entanto, como a gama de comportamento dos animais, em especial dos

    seres humanos, n(o se resume ao campo do geneticamente determinado, outros

    modelos se faem necessrios para complementa$(o"

    1entre estes, temos a socio!iologia, que é uma parte específica da etologia, e

    cuja defini$(o é o estudo das !ases !iológicas do comportamento social" 'ela

    defini$(o nota-se que ainda se trata de uma perspectiva que trata o comportamento

    como dependente dos genes e, portanto, parte do mesmo grande !loco da teoria

    anterior" s estudos mais destacados deste campo diem respeito ao altruísmo, o qual

    n(o possuia, até ent(o, compati!ilidade com a defini$(o clssica de sele$(o natural"

    5ssa tens(o se dava pelo comportamento altruísta verdadeiro ser, por defini$(o,

    quando um organismo diminui a sua possi!ilidade de reprodu$(o e so!reviv#ncia em

     !enefício de um outro organismo, o que é incompatível com o necessrio sucessoreprodutivo maior do mesmo através da sele$(o natural" 1ar.in, para tentar resolver 

    essa pro!lemtica, sugerira a ideia de sele$(o de grupo, postulando que grupos

    altruístas possuíram um sucesso reprodutivo superior ao de grupos egoístas" 3o

    entanto, a verdadeira solu$(o se deu quando desco!riu-se que a sele$(o natural n(o se

    dava ao nível do organismo, nem do grupo, mas ao nível dos genes" 1essa forma, o

    altruísmo só se justificaria se satisfiesse a equa$(o segundo a qual o custo da a$(o

    altruísta fosse menor do que o !enefício e a chance de que o gene responsvel por 

    esse comportamento estivesse tam!ém presente no organismo por ele !eneficiado"

    que era um pro!lema até ent(o, transformou-se num dos grandes sucessos

    explicativos da !iologia e da evolu$(o natural"

    &demais, na tentativa de aprofundar a explica$(o do comportamento,introdu-se com a socio!iologia a no$(o de 5stratégias 5volutivamente 5stveis

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    65557, que seriam selecionadas conforme sua capacidade de o!ter sucesso ao

    competir com cópias de si mesmas" 1essa proposta surgiram modelos matemticos

     para explica$(o de diversas situa$%es de conflito, coopera$(o, compartilhamento de

    informa$(o e estratégias sexuais entre os animais, que, no entanto, tiveram ampla

    resist#ncia ao serem aplicadas ao comportamento humano" 8ma das formas de se

    estudar as !ases !iológicas do comportamento humano vieram do estudo de g#meosmonoigóticos separados no nascimento, cujos resultados forneceram, pela

    semelhan$a entre os comportamentos, uma !ase genética para essas coincid#ncias,

    confirmadas pela estatística" 3ada disso, porém, implica algum tipo de determinismo

    genético 9 ideia de que os seres humanos seriam totalmente controlados pelos genes 9 

    ou serve de !ase a qualquer tipo de racismo, mas apenas demonstra a influ#ncia da

    constitui$(o genética do indivíduo so!re o seu comportamento"

    terceiro dentre os modelos a!ordados pelo autor j seria capa de propor 

    experimentos que analisam o papel da evolu$(o cultural por si mesma, advogando que

    a sele$(o natural sempre prioria comportamentos que maximiam ganhos

    adaptativos" & esse modelo é dado o nome de ecologia comportamental e diferente das

    a!ordagens anteriores, o foco principal dos seus estudos é a estratégia adaptativa doorganismo e se ela pode ser explicada pelos modelos ótimos e de maximia$(o de

    adapta$(o, indepedente se ela diga respeito 4 cultura ou aos genes ou se ela explique

    comportamento de humanos ou outros animais" u seja, possui a vantagem de a!arcar 

    todos os animais e se preocupar apenas com a capacidade de previsi!ilidade do

    comportamento de acordo com modelos formais" 5ssa mudan$a de foco permitiu que

    os pesquisadores passassem a estudar a import:ncia da aprendiagem, da imita$(o e

    da cultura na adapta!ilidade de um animal e, através dela, foi desco!riram-se

    comportamentos culturalmente adaptativos que n(o s(o transmitidos geneticamente"

    +ltimo dos modelos descritos chama-se efeito ald.in e, diferente dos

    anteriores, apresenta a cultura como am!iente de sele$(o dos genes, sendo o que mais

    se aproxima do terceiro !loco de a!ordagens" 5m termos específicos, esse modelo

    sugere que uma plasticidade na capacidade dos organismos em adaptar os seus

    comportamentos a am!ientes novos seria um fator de adaptati!ilidade que forneceria

    uma vantagem em rela$(o aos organismo menos flexíveis" 5ssa popula$(o assim

    adaptada a um am!iente novo teria, ent(o, chance de produir muta$%es que permitam

    esses perfis de comportamento de forma inata" 1essa forma, haveria uma transi$(o de

    uma popula$(o que exi!iria o comportamento adaptado de forma aprendida para uma

    que possuiria esse perfil inatamente" nome desse processo é constru$(o de nicho e

     pode ser usado para compreens(o da comunica$(o sim!ólica, ou linguagem, entre os

    seres humanos" ;onforme essa teoria, o emprego extensivo desse tipo de

    comunica$(o teria criado um novo am!iente para os seres humanos que imporia press%es seletivas so!re a cogni$(o e o sistema vocal" 'or fim, através desse efeito é

     possível notar que a flexi!ilidade comportamental do indivíduo ou grupo pode ter um

     papel determinante no sucesso adaptativo de sua espécie"

    &lém dos modelos apresentados, outros como etologia, coevolu$(o gene-

    cultura, psicologia evolutiva e a memética, poderiam tam!ém ser introduidos como

    exemplos de tentativas de explica$(o do comportamento e da cultura através de

     perspectivas oriundas das ci#ncias !iológicas" 'or mais que essas a!ordagens tenham

    sido fonte de grandes críticas, por vees raoveis e por outras, desca!idas, a recusa a

    qualquer a!ordagem dar.inista ao comportamento tam!ém pode ser um excesso"