Prosa romântica

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Uma prosa romântica O Romantismo nacional dos folhetins cria grandes escritores

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Uma prosa românticaO Romantismo nacional dos folhetins cria grandes escritores

Contexto histórico e cultural

• Urbanização da cidade do Rio de Janeiro.• A capital era também a “corte” do Império.• Sociedade consumidora: aristocracia rural, profissionais liberais e

jovens estudantes.• Surgimento do jornalismo brasileiro.• Desejo de entretenimento com a “cor local”, influenciada pelo

espírito nacionalista.

A publicação de folhetins diários fez sucesso no Brasil. A estratégia aumentou a tiragem dos periódicos, com uma nova narrativa, envolvente, de

linguagem acessível, sem complicações intelectuais, de acontecimentos rápidos e de emoções fortes.

O público leitor desses folhetins era tipicamente urbano, apesar das raízes rurais: • mulheres e estudantes

que se estabeleceram na corte após a Independência em busca de ascensão econômica ou política;

• filhos de senhores rurais que vinham completar os estudos.

• Os folhetins modernizam uma sociedade incomodada com ideias intolerantes que refletiam a visão agrária e atrasada destoando dos valores urbanos apregoados pela burguesia.

• Isso colabora com a construção de uma identidade nacional urbana.

• A literatura brasileira abandona as cópias simples e versões meramente traduzidas, inaugurando a era do romance nacional.

Cenário de O Guarani – Teatro Alla Scala de Milão

Estrutura do folhetim• Caráter conservador das narrativas.• Situação inicial de ordem burguesa.• Perturbação na ordem burguesa:

• ruptura com preceitos familiares ou institucionais• Crise nos valores burgueses, rejeição e desaprovação de ações.

• Busca pelo mérito e pela superação dos rejeitados.• Decadência ou equívoco do planejamento inicial.

• Superação das dificuldades.• Revelação de atitudes e personalidades com retratação e reaproximação.

• A felicidade se restabelece com a reordenação da ordem burguesa, reafirmando os seus valores.

ALMEIDA JR., JOSÉ FERRAZ – Leitura, 1892.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PROSA ROMÂNTICA

• Sentimentalismo• Impasse amoroso• Idealização amorosa ou nacional• Personagens planas• Modelo de herói clássico• Uso constante de flash backs• Cor local – valorização dos aspectos nacionais ou regionais• Linguagem "brasileira"

Norma Blum como Aurélia, em Senhora, novela exibida pela Rede Globo em 1975

TIPOS DE ROMANCES ROMÂNTICOSRegionalista

• Visão romântica e idealizada do país sobre sobre si mesmo.

• Valorização da diversidade étnica, linguística, social e cultural.

• Experiência nova na literatura nacional, fez os escritores observarem a realidade nacional.

• Afirmação da identidade nacional.

Indianista• Exaltação do índio e da natureza

nacional.• Celebra a pureza do índio e a formação

mestiça da raça brasileira.• Idealização de personagens e relações.

Histórico• Busca o passado “glorioso” do país

• Visão ufanista e exagerada.

Urbano• Comunicação direta com o público

burguês. • Retrata as relações cotidianas.• Personagens comuns e de fácil

identificação.• Idealização amorosa.

• Retrato dos valores e ideais burgueses.

JOAQUIM MANUEL MACEDO• Pioneiro na formulação do romance• Adaptação do folhetim aos cenários brasileiros com conservação do estilo

das narrativas europeias. • Reflete os ideais do romantismo europeu somados aos valores morais da

sociedade patriarcal brasileira. • Escrita simples e descritiva, de histórias sem grandes surpresas. • Identificação dos leitores com os locais reais da cidade que eram descritos. • Em lugar das grandes paixões, namoros respeitáveis que seguem o padrão

da sociedade, com a sequência de noivado e casamento. • O afeto era apresentado pelos olhos do decoro, sem revoltas ou tragédias.• Retrata o cotidiano da burguesia e, por que não dizer, a mediocridade de

seus valores.

Itaboraí (RJ) - 1820 / Rio de Janeiro (RJ)- 1882

Manuel Antônio de Almeida• Apesar de situar-se no período romântico, seu estilo difere

de todo o modelo do Romantismo.• Estilo direto e coloquial, característico do jornalismo.• Humor e ironia quanto aos costumes da sociedade carioca.• É um autor que apresenta características do realismo em

sua obra.• Retrata personagens da classe média e baixa.• Publicado em folhetim, a crítica não lhe deu importância à

época.

Rio de Janeiro (RJ) - 1831 / Macaé (RJ)- 1861

JOSÉ DE ALENCAR• Filho de família tradicional.• Escravocrata, monarquista e conservador.• Considerado o patriarca da literatura nacional• Buscou fazer em suas obras um painel do país, mostrando a diversidade de aspectos geográficos,

sociais e étnicos do Brasil. • Sua ideia de construção do romance brasileiro é um projeto abrangente, buscando histórias

gloriosas e idealizando mitos dos fundadores da raça.• Inovador quanto à linguagem, decidiu-se que, se o romance deveria ser o retrato do país, não

bastava somente a temática brasileira, mas uma linguagem nacional. • Rompe com o estilo literário lusitano, usando períodos curtos e sintéticos, valendo-se de

comparações e metáforas• Busca analogias na natureza para descrever as expressões do índio, do qual se utiliza da

linguagem, usando por muitas vezes vocábulos indígenas.

Mecejana (CE) - 1829 / Rio de Janeiro (RJ)- 1877

• Idealização da realidade humana e social do país, passando ao largo dos problemas sociais como a escravidão, por exemplo. • Personagens exemplares que devem ser imitados, correspondendo às

necessidades das classes elitizadas do país na formação de uma boa imagem da nação.• Os romances urbanos idealizam a própria sociedade• Caráter inverossímil ao tentar retratar os conflitos entre a realidade e o universo

sublimado. • Introdução de novidades temáticas, como em seus “perfis femininos”, nas quais

apresenta análises psicológicas mais desenvolvidas e mistura as questões financeiras aos relacionamentos amorosos. • O drama das personagens liga-se às questões da organização social em seus

romances urbanos. Lucíola, a prostituta que se apaixona – um amor impossível frente à diferença dos grupos sociais –; e Senhora – o casamento por interesse –, são bons exemplos disso.

• Nítida idealização do índio e sua colocação como herói nacional, alçando-o como um dos pilares – junto ao europeu – de formação do povo brasileiro, ignorando por completo o papel do negro na gênese brasileira.

• O índio em Alencar é inspirado no cavaleiro medieval europeu, possuindo características épicas de um herói clássico.

• Romances históricos ambientados no passado colonial, buscando representar a formação da nação como povo.

• Não há fidelidade nos relatos históricos, deixando os fatos em segundo plano, servindo como pano de fundo para as mais idealizadas e inverossímeis aventuras.

• Dá início aos romances regionalistas na literatura brasileira. • Retratam a condição do país da forma mais pura, localizando-as no mundo rural.• Busca revelar o país em sua extensão geográfica, demonstrando os típicos brasileiros da

região, com a finalidade de integrá-los a um projeto de unidade, como desejo das elites imperiais e que encontra em Alencar seu porta-voz.

• Sua escrita ideológica representa coerentemente seu pensamento e seu discurso de classe.

Obras de Alencar• Romances indianistas

• O guarani, 1857• Iracema, 1865• Ubirajara, 1874

• Romances regionalistas• O gaúcho, 1870• O tronco do ipê, 1871• O sertanejo, 1875• Til, 1871

• Romances históricos• As minas de prata - 1º vol., 1865• As minas de prata - 2.º vol., 1866

• Guerra dos mascates - 1º vol., 1871• Guerra dos mascates - 2º vol.,• 1873Alfarrábios, 1873

• Romances urbanos• Cinco Minutos, 1856• A viuvinha, 1857• Lucíola, 1862• Diva, 1864• A pata da gazela, 1870• Sonhos d'ouro, 1872• Senhora, 1875• Encarnação, 1877